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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA ETEC PROFESSOR MÁRIO ANTÔNIO VERZA Curso Técnico em Serviços Jurídicos

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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA

ETEC PROFESSOR MÁRIO ANTÔNIO VERZA Curso Técnico em Serviços Jurídicos

ANA REBECA NOGUEIRA DE OLIVEIRA ANGÉLICA UMBELINA MESSIAS GONÇALVES

LARISSA MARIANE MORAIS NUNES SABRINA APARECIDA DE PAULO SILVA

VALÉRIA CRISTINA DOS SANTOS

UM ESTUDO SOBRE O CONHECIMENTO E APLICABILIDADE DA LEI DO FEMINICÍDIO

Palmital - SP

2016

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ANA REBECA NOGUEIRA DE OLIVEIRA ANGÉLICA UMBELINA MESSIAS GONÇALVES

LARISSA MARIANE MORAIS NUNES SABRINA APARECIDA DE PAULO SILVA

VALÉRIA CRISTINA DOS SANTOS

UM ESTUDO SOBRE O CONHECIMENTO E APLICABILIDADE DA LEI DO FEMINICÍDIO

Trabalho de conclusão de curso apresentado à ETEC Professor Mário Antônio Verza, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Técnico em Serviços Jurídicos

Orientadora: Professora Valdiza Maria do Nascimento Fadel

Palmital - SP

2016

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“A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota.”

JEAN-PAUL SARTRE

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RESUMO

A violência contra a mulher tem sido alvo de muitas discussões ao longo dos anos, e o feminicídio, que se caracteriza pela violência extrema contra mulher, de forma a levar ao óbito tem sido um crime crescente no Brasil. Desta forma, este estudo visa discorrer sobre o tema, analisando a Lei do Feminicídio e a Maria da Penha, as quais regulamentam este tipo de delito no país. Tal levantamento se apresenta a partir de pesquisas bibliográficas, em artigos e na internet, bem como na legislação pertinente. Também se fez necessário a realização de uma pesquisa de campo para identificar o conhecimento da população palmitalense sobre os conceitos ligados ao feminicídio, bem como sobre as penalidades previstas. Os resultados obtidos poderão ser utilizados como fonte de consulta por toda sociedade, o que pode contribuir para a redução e até mesmo para o aumento do número de denúncias para este tipo de crime.

Palavras-chave: Feminicídio. Mulheres. Legislação. Conscientização.

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ABSTRACT

The violence against women has been the subject of many discussions over the years, and feminicide, which is characterized by extreme violence against women, in order to lead to death has been a growing crime in Brazil. In this way, this study aims to discuss the subject, analyzing the Law of the Feminicide and to Maria da Penha, which regulates this type of crime in the country. This survey is based on bibliographical research, articles the internet, as well as on the relevant legislation. It was also necessary to carry out a field research to identify the knowledge of the Palmital an population about the concepts related to feminicide, as well as about the penalties foreseen. The results obtained can be used as a source of consultation throughout society, which can contribute to the reduction and even to the increase in the number of complaints for this type of crime.

Keywords: Feminicide. Women. Legislation. Awareness

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Conhecimento sobre a Lei do Feminicídio ...16 Figura 2 – Dados mais recentes de feminicídio no Brasil...16

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...

09

2.1 VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E FEMINICÍDIO: CONCEITOS ... 09 2.1.1 História e evolução ... 11

2.2 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA ... 12

2.3 DESAFIOS DA APLICABILIDADE DA LEI... 14

3 RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO ...

16

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...

17

REFERÊNCIAS ...

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APÊNDICE ...

20

ANEXO ...

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1 INTRODUÇÃO

A condição da mulher sempre foi inferior a do homem na sociedade, o que é atribuído a questões culturais intrínsecos aos modelos sociais antigos, no qual a mulher era vista como sob uma perspectiva discriminatória. Essa visão discriminadora de inferioridade do gênero feminino de certa forma serve como estimulo à violência contra a mulher, as quais podem ocorrer de diversas formas, das quais é possível citar a física, a psicológica, a moral, a patrimonial, de cárcere privado e a sexual. Quando a prática extrema de qualquer uma dessas violências leva a vítima ao óbito, o crime é denominado feminicídio.

Todos esses crimes estão previstos na legislação brasileira, entretanto, pesquisas demonstram que a ocorrência da violência contra a mulher e do feminicídio é recorrente na sociedade atual, e é exatamente esta a problemática identificada por este estudo, que pretende analisar sob uma perspectiva teórica e prática a visão das pessoas com relação ao assunto, bem como sobre a aplicabilidade da lei.

Por fim, os resultados obtido certamente irão contribuir significativamente para informar a sociedade, também podendo ser utilizado como material de conscientização.

1.1 OBJETIVOS

O objetivo geral do presente estudo é oferecer informações sobre as consequências da violência contra a mulher com foco no feminicídio para que a sociedade em geral possa conhecer sobre a definição e relevância do tema de forma sistêmica, tanto na prevenção, quanto nas diretrizes previstas na legislação Brasileira.

Constituem objetivos específicos:

a) Apresentar os conceitos pertinentes ao tema, esclarecendo o enquadramento do feminicídio na Lei Maria da Penha;

b) Verificar o conhecimento dos cidadãos sobre a violência contra a mulher e suas consequências, principalmente o feminicídio;

c) Analisar todas as informações obtidas por meio do presente estudo e organizá-las de forma que possam ser utilizadas para conscientizar a sociedade.

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1.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Primeiramente foram feitas pesquisas bibliográficas e em artigos específicos sobre o tema para ampliar o conhecimento sobre o assunto. Paralelamente foi realizada uma pesquisa documental na legislação brasileira vigente, principalmente na Lei Maria da Penha e também uma verificação sobre as penas previstas para esse tipo de crime. Em seguida, para que fosse verificado o conhecimento dos cidadãos sobre o feminicídio, foi feita uma pesquisa de campo com os alunos dos cursos técnico do período noturno da Etec Professor Mário Antônio Verza, localizada na cidade de Palmital, SP. Para a coleta de dados desta pesquisa foi utilizado um questionário quantitativo (APÊNDICE A). Por fim, os resultados obtidos foram analisados e organizados de forma simples a fim de informar a sociedade.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo serão apresentados conceitos pertinentes ao tema, os quais foram propostos por autores específicos, tais como, Alves, Galdino Pereira, Mello, Gasman, Galvão, Messias, Passianato, Lagarde, Oliveira e Penalva.

2.1 VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E FEMINICÍDIO: CONCEITOS

A violência contra a mulher é um problema social e cultural da atualidade, a qual deve ser amplamente conhecida e discutida, toda ação que use da agressividade para ameaçar ou cometer algum dano ao próximo é considerado uma forma de violência. Isso pode ocorrer de várias formas, qualquer ação ou conduta ligada ao gênero, que leve a morte, sofrimento físico, sexual ou psicológico, seja no âmbito público ou privado.

Neste sentido, o art. 7º da Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006: “Existem muitas formas de violência doméstica e familiar contra a mulher: violência psicológica, violência física, violência sexual, violência patrimonial e violência moral”.

(BRASIL, 2006).

Galdino Pereira (2010, p.59), afirma que:

A culpa da violência contra a mulher é da sociedade machista em que vivemos e da falta de leis mais severas para esses tipos de crime. Mas não podemos deixar de citar os comportamentos inadequados de ambos os sexos que incitam essa prática de crime.

Essas condutas inadequadas são frutos da ausência de uma boa formação familiar, educacional e social.

O Feminicídio é o assassinato da mulher pela condição de ser mulher, esse crime é movido pelo ódio e sentimento de controle do homem sobre a mulher, quando ele começa a perder o controle sobre ela decide pelo assassinato. O homem que acredita ter a posse da mulher não aceita que ela tome suas próprias decisões ou que vá contra suas vontades.

Para Lagarde (2008), a categoria feminicídio é parte do ensinamento teórico feminista introduzido por autoras estadunidenses sob a denominação femicide que, traduzida no nosso idioma é femicídio, termo homólogo ao homicídio, que significa assassinato de mulheres. No entanto, para diferenciar

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desta expressão, Lagarde escolheu um conceito de significação política para falar do genocídio contra as mulheres, qual seja feminicídio.

Já Mello (2015), define o feminicídio íntimo como sendo é uma continuação da violência. Antes de ser assassinada a mulher já passou por todo o ciclo de violência, na maior parte das vezes, e já vinha sofrendo muito tempo antes.

Sobretudo, a maioria dos crimes ocorre quando a mulher quer deixar o relacionamento e o homem não aceita a sua não subserviência, o que é um problema muito sério.

Ainda, o feminicídio nem sempre é detectado em um assassinato, muitas vezes passa despercebido e julgado como um homicídio comum, o crime começa a partir do momento em que a mulher decide denunciar o parceiro ou vai contra alguma orientação do mesmo.

“O feminicídio é o crime de assassinato de uma mulher pela condição de ser mulher, seus motivos mais corriqueiros são o ódio, o desprezo ou o sentimento de perda.” (GALVÃO, 2014, p.7).

Segundo a socióloga Passinato (2015), a expressão femicídios ou –

‘femicide’ como formula originalmente em inglês – é atribuída a Diana Russel, que a teria utilizado pela primeira vez em 1976, durante um depoimento perante o Tribunal Internacional de Crimes contra as Mulheres, em Bruxelas. Posteriormente, em parceria com Jill Radford, Russel escreveu um livro sobre o tema.

De acordo com a literatura consultada, Russel e Radford utilizaram a expressão para designar os assassinatos de mulheres que teriam sido provocados pelo fato de serem mulheres.

Gasman (2015), o primeiro passo para enfrentar o feminicídio é falar sobre ele. Uma Lei recente e desconhecida por muitos, porém se trata de um crime que sempre ocorreu e que não recebia a devida atenção e punição.

A legislação tem o poder de fazer as pessoas pensarem sobre os diversos tipos de violência contra a mulher, mas somente a postura da sociedade é capaz de mudar isso. (MESSIAS, 2015).

Desta forma, é fundamental que sejam promovidos debates ou outras ações que possam aumentar o maior conhecimento das pessoas sobre este tipo de crime, e quais os motivos que levam o homem a cometer tamanha crueldade contra a mulher.

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2.1.1 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO

A violência contra a mulher está presente na sociedade há décadas, principalmente no Brasil, onde há uma cultura machista pertinente até nos dias atuais.

Antigamente, quando uma mulher era agredida fisicamente era mantido em segredo entre ela e para o seu companheiro, e não havia uma lei que a defendesse. Então as vitimas tinham medo de se defender, pois muitas eram dependentes do agressor, tanto emocionalmente como economicamente. (ALVES, 1985, p. 2).

A desigualdade entre homens e mulheres é um problema que sempre esteve presente na história da sociedade, a violência praticada contra as mulheres é decorrência de toda dominação e descriminação contra a mulher que passou de geração em geração e que hoje se tornou um crime que ocorre diariamente. Para muitos isso é uma questão de costume, de o homem sempre estar a frente de tudo, proibindo as mulheres de tomarem suas próprias decisões, mantendo-as menores que o homem perante a sociedade.

A violência contra as mulheres pode ser entendida como uma manifestação de relações de poder historicamente desiguais entre homens e mulheres que conduziram à dominação e à discriminação contra as mulheres pelos homens e impedem o pleno avanço das mulheres. (YAROCHEWSKY, 2015, p.3).

É preciso considerar que toda mulher é digna de respeito, segurança em sua vida pessoal, e também na área profissional, a mulher não deveria sentir medo da sociedade, se preocupar com os males que podem a afetar por ser do gênero feminino, o direito a preservação da vida é de todos, igualmente perante a lei, o respeito deve estar presente em qualquer ambiente e circunstância.

Alguns estudiosos do tema alegam que o termo feminicídio se originou a partir da expressão “generocídio”, que significa o assassinato massivo de um determinado tipo de gênero sexual. De forma geral, o feminicídio pode ser considerado uma forma extrema de misoginia ou contra tudo que seja ligado ao

“feminino”, é realmente um ato machista por achar que tem posse ou poder sobre uma mulher inferior fisicamente ao homem.

Em função do grande número de ocorrências de violência contra a mulher, inclusive o feminicídio, os legisladores perceberam a necessidade de criar mecanismos que pudessem punir os agressores, por meio da Lei Maria da Penha,

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que tem como objetivo proteger e zelar a segurança das mulheres que sofrem algum tipo de violência.

O feminicídio já existe há décadas, mas só em março de 2015 que este crime passou a ser considerado como hediondo perante a legislação brasileira, o que anteriormente era julgado como assassinato simples.

Yarochewsky (1993, p.7), cita que:

A violência contra as mulheres é uma manifestação de relações de poder historicamente desiguais entre homens e mulheres que conduziram à dominação e à discriminação contra as mulheres pelos homens e impedem o pleno avanço das mulheres.

Por fim pode-se perceber que violência de mulheres é uma manifestação que vem historicamente da desigualdade entre homens e mulheres que denomina a discriminação contra as mulheres pelos homens que veem a mulher como um objeto e que não podem se ingressar na sociedade por serem do sexo feminino.

Uma pesquisa feita pelo Datapopular (2013), aponta que mais da metade das brasileiras entre dezesseis e vinte e quatro anos já sofreu algum tipo de agressão em decorrência do término de um relacionamento, e 43% dos jovens já viram a mãe sendo atacada ou sofrendo violência física ou verbal.

Atualmente, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), uma mulher é agredida e morta a cada uma hora e meia no Brasil e um terço dos crimes acontecem dentro de casa.

Desta forma, é possível perceber que mesmo existindo legislação voltada a punição de crimes ligados à violência contra a mulher, os registros demonstram que esta prática continua sendo recorrente na sociedade atual. Portanto, esta é uma questão repleta de contradição, implicando uma mudança na forma que as mulheres são vistas pela sociedade.

2.2 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

É fundamental ampliar o conhecimento sobre a legislação brasileira que contempla a questão da violência contra a mulher, e a seguir serão expostas breves abordagens sobre o assunto.

O art. 1º da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, propondo que:

Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos

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direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, assegurando sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social. (BRASIL,2006).

Esta é uma lei escrita por mulheres, a qual define que a violência doméstica contra a mulher é crime e aponta formas de evitar, enfrentar e punir a agressão. A lei indica a responsabilidade que cada órgão público tem para ajudar a mulher que está sofrendo a violência.

Contudo, de acordo com a defensoria pública nacional, poucas pessoas têm conhecimento que não é só o marido ou companheiro que comete violência doméstica contra a esposa. Qualquer pessoa com quem a mulher conviva (homem ou mulher), ou com quem tenha convivido na sua casa, alguém cujo tenha ou já tenha tido vínculo amoroso podem ser punidos por violência doméstica.

A violência contra as mulheres, em especial a violência doméstica, acontece porque muita gente ainda acredita que os homens são superiores às mulheres.

“O álcool, as drogas e o ciúme, são apenas fatores que podem desencadear uma crise de violência, não são as causas, e não servem como justificativa.” (SPM, 2015, p.4)

É possível perceber que com a Lei Maria da Penha, o juiz passou a ter poderes para conceder as chamadas medidas protetivas de urgência. Essas medidas servem para proteger a mulher que está sofrendo violência. Algumas medidas são voltadas para a pessoa que pratica a violência, como afastamento do lar, proibição de chegar perto da vítima e suspensão de porte de armas. Ainda, outras medidas são voltadas para a mulher que sofre a violência, como, programas de assistência promovidos pelo governo, atendimento médico, serviços que promovam sua capacitação, geração de trabalho, emprego e renda e, caso a mulher precise se afastar do trabalho por causa da violência, ela não poderá ser demitida pelo período de até seis meses.

Como muitas vezes a mulher depende economicamente da pessoa que a agride, o juiz pode determinar, como medida protetiva, o pagamento de pensão alimentícia. Além disso, quando a violência é conjugal, o juiz pode tomar providências para evitar que a pessoa que agride se desfaça do patrimônio do casal e prejudique a divisão de bens em caso de separação. A pessoa que comete a violência também pode ser presa preventivamente, se houver necessidade. Caso a

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pessoa que cometeu a violência seja condenada, vai ser aplicada a pena correspondente ao crime cometido, de acordo com o que prevê o Código Penal e o juiz pode obrigar a pessoa que cometeu a agressão a frequentar programas de reeducação.

Contudo, mesmo a legislação garantindo proteção para as mulheres, muitas vezes as denúncias não são registradas contra o agressor. Isso devido a muitos fatores, dos quais se destaca a vergonha da sociedade, e de acordo com Campolina (2015, p. 2): “Não existe mulher que gosta de apanhar. O que existe é mulher humilhada demais para denunciar, machucada demais para reagir, com medo demais para acusar e pobre demais para ir embora”.

A Lei nº 13.104/15, de 09 de março de 2015, alterou o código penal para prever o feminicídio como um tipo de homicídio qualificado e incluí-lo no rol dos crimes hediondos. Na prática, isso quer dizer que casos de violência doméstica e familiar ou menosprezo e discriminação contra a condição de mulher passam a ser vistos como qualificadores do crime. Os homicídios qualificados têm penas que vão de 12 a 30 anos, enquanto os homicídios simples preveem reclusão de 6 a 12 anos.

“Muitas vezes a violência que as mulheres sofrem não é investigada e punida e a lei do feminicídio é uma tentativa de fortalecer os direitos das mulheres.”

(PENALVA, 2016, p.3).

2.3 DESAFIOS DA APLICABILIDADE DA LEI

Todo tipo de violência, independente de gênero, deve ser punida com o rigor necessário, e legislação do feminicídio traz esta proposta em sua essência.

Entretanto, existem muitos fatores que impedem que ela seja aplicada efetivamente em todos os casos, como por exemplo a falta de registro da denúncia, por parte das vítimas, além da lentidão da justiça brasileira que também dificulta este processo.

Contudo, o principal problema diz respeito a cultura inerente a sociedade, a qual continua colocando a mulher de forma inferior ao homem.

Neste sentido, é preciso que hajam mudanças, nas quais a mulher seja vista de forma igualitária, sendo respeitada, o que só é possível por meio da educação.

De acordo com Oliveira (2016, p. 1):

São necessárias também políticas de prevenção e reeducação, porque a Lei sozinha não extingue o crime. Nesse sentido, a responsabilidade do Estado, e também da sociedade, é trabalhar na implementação dos serviços que a Lei Maria da Penha propõe, como

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políticas de educação, uma rede intersetorial de atendimento em Saúde, Assistência Social, Segurança Pública e Justiça. Precisamos que sejam implementadas em todo o País as Defensorias das Mulheres, as Varas de Enfrentamento à Violência Intrafamiliar e contra as Mulheres, casas abrigo e serviços de atenção psicossocial.

Embora exista legislação vigente no Brasil que estabeleça penalidades para os crimes contra a mulher, ainda há muitos desafios com relação ao cumprimento integral das punições legais.

Além disso, um outro desafio é a questão da caracterização deste tipo de crime. É necessário que os investigadores tenham conhecimento amplo, pois caracteriza-se de um crime que pode não ter sido só cometido pelo conjugue e sim por um homem que a possa ter a cobiçado por muito tempo. Portanto é preciso que os investigadores estejam realmente preparados e confiantes para tratar os desafios com mais clareza.

Para Gonçalves (2016), não basta fazer a lei e soltar para os investigadores.

É preciso que os investigadores saibam quais são os elementos que irão caracterizar o crime de feminicídio. A caracterização do feminicídio requer o detalhamento de uma série de elementos que caracterizam o crime de gênero.

Muitas vezes os processos investigativos não dão conta deste detalhamento.

Além dos citados, é certo que existem inúmeros desafios que podem dificultar a aplicabilidade da legislação, os quais precisam ser conhecidos e combatidos pela sociedade, e principalmente, por meio de ações educativas, as quais devem ser propostas pelo poder público.

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3 RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO

A pesquisa demonstrou que mais da metade dos alunos entrevistados não tinham qualquer conhecimento sobre a Lei do Feminicídio, bem como sobre as causas que levam o agressor a cometer este tipo de crime, conforme é possível observar na figura 1.

Figura 1 – Conhecimento sobre a Lei do Feminicídio

Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

A figura 2 mostra um laudo mais recente de casos feminicídio no país, indicando que por ano morrem cerca de 5.664 (cinco mil e seiscentos e sessenta e quatro).

Figura 2 – Dados mais recentes de feminicídio no Brasil

Fonte: IPEA (2013).

Pessoas que não conhecem

57%

Pessoas que conhecem

43%

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo permitiu entender melhor do que se trata esse crime, pelos conceitos, história e evolução expostos. Também pode-se conhecer melhor e entender a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, que altera o código penal para prever este tipo de crime como um homicídio qualificado e incluí-lo no rol dos crimes hediondos. Nesse trabalho também são apresentados os desafios para a aplicabilidade da Lei, uma vez que a sociedade apresenta atitudes extremamente machistas, com desigualdade de gêneros e que tem forte resistência à Leis que vão contra os “costumes” da sociedade.

Ficou claro que a violência contra mulheres se tornou cada vez mais presente com o passar das décadas, de forma que com o tempo novas Leis precisam ser criadas para que se possa proteger o sexo feminino de fatores de violência que colocam suas vidas em risco e em muitos casos levam ao homicídio.

Esse homicídio cometido contra mulheres apenas pela condição de gênero, ou seja, mata-se a mulher por ela ser mulher, é o chamado feminicídio, sendo que a motivação mais comum é a perda do controle sobre a mulher e a perda da posse sobre a mesma.

Contudo, ficou evidente que, ainda que exista legislação vigente no Brasil que estabeleçam penalidades para os crimes contra a mulher, há muitos desafios com relação ao cumprimento integral das punições legais, e o principal deles diz respeito à cultura de gênero voltada para a visão de que a mulher e inferior e deve ser submissa aos homens.

Ademais, a legislação jamais será eficiente se não for aplicada com rigor, e se não for conhecida, compreendida e respeitada por todos, ou seja, e fundamental que sejam promovidas ações educativas a fim de delinear a visão da sociedade para a igualdade e respeito com relação a mulher.

Por fim, este estudo é apenas o primeiro passo de um extenso caminho a ser percorrido pelas futuras gerações na busca de uma sociedade mais justa.

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REFERÊNCIAS

BANDEIRA, Lourdes. Feminicídio: a última etapa do ciclo de violência contra a mulher. In Revista do Observatório Brasil da Desigualdade de Gênero. p.76.

BRASIL, Portal. Lei do Feminicídio completa um ano com condenações ao assassinato de mulheres. Cidadania e Justiça. 2016. Disponível em:

http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2016/03/lei-do-feminicidio-completa-um- ano-com-condenacoes-ao-assassinato-de-mulheres/. Acesso em: 20 out. 2016.

BRASIL. LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006. Disponível em:

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm/. Acesso em: 29 set. 2016.

BRASIL. LEI Nº 13.104, DE 9 DE MARÇO DE 2015. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/lei/L13104.htm/.Acesso em: 29 set. 2016.

CARAMIGO, Denis. Direito Net. Feminicídio. Breves considerações acerca do novo tipo penal estabelecido pela Lei 13.104, de 9 de março de 2015. 2015. Disponível em: http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/9217/Feminicidio/ .Acesso em: 15 out.

2016.

DAMASCENO, Gabriela Garcia. Canal Ciências Criminais. Feminicídio, sociedade e violência de gênero 2016. Disponível em: https://canalcienciascriminais.com.br/

Acesso em: 15 out. 2016.

GALVÃO, Patrícia. Dossiê Violência contra Mulheres. 2015. Disponível em:

http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossie/violencias/feminicidio/. Acesso em:

25 out. 2016.

GASMAN, Nadine. Impactos e Importância da Lei do Feminicídio, 2015.

Disponível em: http://www.agenciapatriciagalvao.org.br. Acesso em: 19 out. 2016.

LEI MARIA DA PENHA, Compromisso e Atitude. Feminicídio: desafios e recomendações para enfrentar a mais extrema violência contra as mulheres. 2013.

Disponível em:

http://www.compromissoeatitude.org.br/feminicidio-desafios-e-recomendacoes-para- enfrentar-a-mais-extrema-violencia-contra-as-mulheres/. Acesso em: 20 out. 2016.

MELLO, Adriana Ramos. Feminicídio Intimo. 2015, Disponível em:

http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossie/violencias/feminicidio/. Acesso em:

19 out. 2016.

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19

MULHERES, Onu. Seminário sediado no Brasil investiga as causas da cultura da violência contra as mulheres. 2015. Disponível em:

http://www.onumulheres.org.br/noticias/seminario-sediado-no-brasil-investiga-as- causas-da-cultura-da-violencia-contra-as-mulheres/. Acesso em: 01 nov. 2016.

SALIBA II, José Carlos Maia. Jus Navigandi. O que é feminicídio? 2014. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/31359/o-que-e-feminicidio/. Acesso em: 02 out. 2016.

PEREIRA, Herbert Alexandre Galdino. O Livro dos Pensamentos. Rio de Janeiro:

Ministério da Cultura, 2010.

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APÊNDICE

APÊNDICE A – Modelo de questionário utilizado na pesquisa de campo:

1 - Qual é sua idade?

a) ( ) de 15 a 18 anos b) ( ) de 19 a 24 anos c) ( ) Acima de 25 anos 2 - Qual o seu gênero?

a) ( ) Feminino b) ( ) Masculino

3 - Em qual curso você está matriculado?

a) ( ) Serviços Jurídicos b) ( ) Administração

c) ( ) Informática para internet d) ( ) Enfermagem

e) ( ) Contabilidade

4 - Na sua opinião, o que é Feminicídio?

a) ( ) Violência contra animais felinos b) ( ) Violência sexual contra as mulheres c) ( ) Homicídio contra as mulheres

d) ( ) Homicídio contra idosos

e) ( ) Outro. Especifique: _____________________________

5 - Em sua opinião, qual seria a principal causa que motiva esse crime?

a) ( ) Raiva b) ( ) Ciúmes

c) ( ) Desigualdade de gênero

d) ( ) Outros: ___________________

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ANEXO

ANEXO A – Lei nº 13.104, de 9 de março de 2015.

Homicídio qualificado

§ 2º ...

Feminicídio

VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:

§ 2º A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:

I - violência doméstica e familiar;

II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

Aumento de pena

§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:

I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;

II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência;

III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.” (NR)

Art. 2º O art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, passa a vigorar com a seguinte alteração:

“Art. 1º ...

I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV, V e VI);...” (NR)

Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação.

Referências

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