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UNIVESIDADE FEDERAL DO CEARÁ- UFC Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo- FEAACS Curso de Ciências Econômicas KAMILA FERREIRA GOMES

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UNIVESIDADE FEDERAL DO CEARÁ- UFC

Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo- FEAACS

Curso de Ciências Econômicas

KAMILA FERREIRA GOMES

DESERTIFICAÇÃO: UMA ANÁLISE SOCIOECONÔMICA DO MUNICÍPIO DE JAGUARUANA

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KAMILA FERREIRA GOMES

DESERTIFICAÇÃO: UMA ANÁLISE SOCIOECONÔMICA DO MUNICÍPIO DE JAGUARUANA

Monografia apresentada à Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo, como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Ciências Econômicas.

Orientador: Prof. José de Jesus Sousa Lemos

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KAMILA FERREIRA GOMES

DESERTIFICAÇÃO: UMA ANÁLISE SOCIOECONÔMICA DO MUNICÍPIO DE JAGUARUANA

Monografia apresentada ao Curso de Ciências Econômicas, da Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo (FEAACS) da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Ciências Econômicas.

Data da Aprovação ___/___/_____

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________ Prof(a). Dr. José de Jesus Sousa Lemos (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________ Prof(a). Dr. Fábio Maia Sobral Universidade Federal do Ceará (UFC)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus por ter me concedido o dom da vida, por ter me dado força e a coragem para enfrentar todos os obstáculos que surgem diariamente no meu caminho, e a capacidade de desenvolver meus conhecimentos para continuar a caminhada em busca dos meus sonhos e objetivos

Á toda a minha família, em especial à minha mãe, pelo amor, educação, compreensão e apoio necessário para que eu conseguisse chegar até aqui, sempre me ensinando a não temer os desafios e a superar todas as adversidades da vida com dignidade e, sobretudo, humildade

Ao Paulo Jorge, pelo carinho e compreensão. Um parceiro nos momentos decisivos deste trabalho.

Ao professor Lemos, que me direcionou durante todo o processo deste trabalho com sua dedicação, atenção e orientação, pois, sem o seu incentivo e sua a ajuda não teria sido concretizado.

Aos professores Fábio Sobral e Lydia Fernandes, por fazerem parte da banca

examinadora.

Á Enésia e à Lydia, pelo contato com o Secretário de Agricultura e com o técnico responsável pelo escritório da EMATERCE em Jaguaruana.

Ao delegado do MDA no Estado do Ceará, O Sr. Francisco Nelsieudes Sombra Oliveira, pelos contatos com os responsáveis em Jaguaruana.

Á equipe da EMATERCE do escritório regional em Jaguaruana, na pessoa do Sr. Luís Santiago e as agentes rurais Fabiana e Idalete, pelo acolhimento, que foi de fundamental ajuda durante a pesquisa de campo.

A todos os meus amigos que comemoram comigo esta vitória e que sem eles eu não seria nem metade da pessoa que sou hoje.

Aos meus amigos da faculdade, que foram verdadeiros companheiros ao longo de todos esses anos. Passamos por dificuldades, inseguranças, erros, acertos, vitórias e alegrias. Espero que nossa amizade esteja sempre além dos muros da Universidade.

Agradeço a todos os professores que contribuíram para o meu aprendizado e aos demais responsáveis pelo meu sucesso enquanto estudante.

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“Viver é acalentar sonhos e esperanças,

Fazendo da fé, a nossa inspiração maior. É buscar nas pequenas coisas, um grande

motivo para ser feliz!”

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RESUMO

O meio ambiente vem sofrendo com as fortes interferências antrópicas, desde os primórdios da existência humana. As diferentes formas de exploração sobre a natureza intensificam a degradação ambiental, causando impactos muitas vezes irreversíveis, que afetam o equilíbrio ecológico do planeta. Ações como: queimadas, desmatamento, poluição dos rios e do ar, pecuária, erosão dos solos, dentre outras, podem culminar com um grave problema, a desertificação. Esse fenômeno começou a ser discutido e ganhou notoriedade internacional a partir da década de 30, quando os Estados Unidos e posteriormente a África sofreram os fortes impactos desse processo, vitimando milhões de pessoas e animais, trazendo com isso, enormes prejuízos econômicos. É sob essa perspectiva que o presente trabalho se apresenta, com objetivo de identificar e analisar os impactos sociais e econômicos decorrentes da desertificação no município de Jaguaruana. A justificativa para a escolha desse a localidade é por estar inserido no semiárido nordestino, apresentando um índice de aridez de 0,40 portanto, susceptível ao processo de desertificação. O procedimento metodológico utilizado para a pesquisa foi um questionário semielaborado, aplicado aleatoriamente a 60 moradores das comunidades rurais mais afetadas pela seca e falta de água que castiga a região, buscando aferir os principais problemas ambientais, sociais e econômicos existentes nessa localidade. Os resultados da pesquisa mostram que o processo de desertificação está em andamento no município de Jaguaruana e há uma lacuna no campo das políticas públicas para garantir a redução e o avanço da desertificação no município.

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ABSTRACT

The environment has suffered from the strong anthropogenic interference since the dawn of human existence. The different forms of exploitation of the nature intensify environmental degradation, impacting often irreversible, affecting the ecological balance of the planet. Actions such as fires, deforestation, pollution of rivers and air, livestock, soil erosion, among others, may culminate with a major problem, desertification. This phenomenon began to be discussed and gained international notoriety from the 30s, when the United States and later to Africa suffered the strong impact of this process, killing millions of people and animals, bringing with it huge economic losses. It is from this perspective that the present work presents, in order to identify and analyze the social and economic impacts of desertification in the municipality of Jaguaruana. The rationale for choosing such a location is to be inserted into the semi-arid northeast, with a dryness index of 0.40 therefore susceptible to desertification process. The methodological procedure used for the research was a semielaborado questionnaire randomly applied to 60 residents of rural communities most affected by drought and water shortage afflicting the region, seeking to assess the major environmental, social and economic problems existing in that locality. The survey results show that the desertification process is underway in the city of Jaguaruana and there is a gap in the field of public policies to ensure the reduction and advancing desertification in the city.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01- Áreas vulneráveis à desertificação no mundo... 30 Figura 02- Áreas susceptíveis à desertificação no Brasil e área de incidência

de secas... 36 Figura 03- Índice de aridez do Estado do Ceará... 37

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01- Índice de Aridez... 25

Tabela 02- Desertificação no semiárido; área e população afetada... 33

Tabela 03- Número de municípios das áreas susceptíveis à de desertificação, por Estado... 35

Tabela 04- Índice de Desenvolvimento do Município de Jaguaruana... 40

Tabela 05- Fonte de energia para cozer os alimentos... 43

Tabela 06- O domicílio possui banheiro privado... 43

Tabela 07- Formas de armazenamento de água no município de Jaguaruana.. 44

Tabela 08- Principais atividades da agricultura em Jaguaruana... 46

Tabela 09- Principais atividades da pecuária em Jaguaruana... 47

Tabela 10- Queda na produção nos últimos anos em Jaguaruana... 47

Tabela 11- Principais fontes de renda dos entrevistados em Jaguaruana... 48

Tabela 12- Renda total mensal em Jaguaruana... 49

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01- Dados dos prejuízos econômicos na visão dos diversos autores.. 29 Quadro 02- Tipo e total de terras desertificadas em km²... 31

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LISTA DE GRÁFICOS

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SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO... 14

1.1- Antecedentes... 14

1.2- Estrutura da Monografia... 19

2- OBJETIVOS... 20

2.1- Objetivo Geral... 20

2.2- Objetivo Específico... 20

3- REFERENCIAL TEÓRICO... 21

4- DESERTIFICAÇÃO NO MUNDO... 29

4.1- Desertificação no Brasil... 33

4.2- Caracterização da Área Pesquisada... 38

5- METODOLOGIA... 41

6- RESULTADOS... 43

6.1- Aspectos Ambientais e Hídricos... 43

6.2- Aspectos da Produção... 46

6.3- Aspectos Sociais... 48

7- CONSIDERAÇÕES FINAIS... 51

REFERÊNCIAS... 53

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Antecedentes

O meio ambiente vem sofrendo fortes interferências antrópicas, desde os primórdios da existência humana. As diferentes formas de exploração sobre a natureza intensificam a degradação ambiental, causando impactos muitas vezes irreversíveis, que afetam o equilíbrio ecológico do planeta. Ações como: queimadas, desmatamento, poluição dos rios e do ar, pecuária intensiva, erosão dos solos, dentre outras, podem culminar em graves problemas de degradação dos recursos naturais e, no limite, em desertificação.

Segundo a definição adotada pela Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (CCD,1994), este fenômeno se caracteriza como a

degradação da terra nas zonas áridas, semiáridas e subúmida secas do planeta, sendo resultado de diversos fatores, entre eles as variações climáticas como as secas e as atividades humanas, através do manejo inadequado do solo, queimadas, entre outros. Convencionou-se enquadrar as áreas desertificadas ou em processo de desertificação e degradação do solo de acordo com o índice de aridez (IA) que foi formulado em 1948 por Thornthwaite, que relaciona a razão da quantidade de água advinda das chuvas pela quantidade perdida através da evapotranspiração potencial, que varia. De acordo com o IA, as regiões são classificadas em hiper-aridas, áridas, semiáridas, subúmidas e secas, subúmidas e úmidas e úmidas (Lemos, 2015).

A degradação da terra pode ser considerada como a degradação dos recursos hídricos e dos solos, da vegetação e da biodiversidade e a redução da qualidade de vida das populações afetadas. Significando o empobrecimento ou a destruição da base dos recursos naturais provocado pelas variações climáticas ou pelas atividades humanas, tornando aquele ambiente ecologicamente frágil, reduzindo a capacidade biológica ou econômica e podendo, em muitos casos, limitar a permanência da população naquele local.

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economia do país e à população local, que foi forçada a migrar para os grandes centros, principalmente para a Califórnia em busca de sobrevivência. O Dust Bowl,

como ficou conhecido esse fenômeno, foi provocado pela trágica combinação de desmatamentos e intensa exploração dos solos, por meio da pecuária e da agricultura, através de práticas agrícolas irregulares e o inadequado manejo do solo, aliado às extremas variações climáticas, afetando e reduzindo substancialmente a produção de alimentos.

Posteriormente, entre os anos 1960 e 1970, ocorreu uma seca de proporções superiores na região de Sahel, na África Subsaariana. O continente africano foi marcado pela trajetória de um desenfreado processo de colonização, que explorou intensivamente os recursos naturais, agravados pelos fatores climáticos com secas bastante severas, onde foi mostrado ao mundo os impactos socioeconômicos e ambientais do problema. Segundo dados do Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Efeitos da Seca (PAN BRASIL, 2005), cerca de 200 milhões de pessoas e milhões de animais morreram de fome durante esse período. Houve uma maciça migração das já diminutas populações locais, pois o processo de desertificação nessas áreas tornou mais escassos os recursos naturais, que as populações necessitavam para a sua sobrevivência. Como consequência, ocorreu uma redução brusca na produção de alimentos, aumentando o número de famintos e uma queda na então, já debilitada riqueza do país.

De acordo com estudos conduzidos por Rêgo, na região do Sahel na África subsaariana (2012, p. 105)

A desertificação é o maior problema ambiental da região, agravado pelo desmatamento, pela variabilidade climática, pelas circunstâncias econômicas e pela pobreza. Merecem destaque, nesse contexto, as dificuldades econômicas: como existe uma forte ligação entre economia e ambiente na região, que tem a agricultura e a pecuária como atividades principais, a população tem uma grande vulnerabilidade; a degradação dos recursos, necessária para a sobrevivência imediata dessa população, torna esse equilíbrio cada vez mais instável, levando a crises de repercussão internacional

Diante desses drásticos eventos ocorridos, a desertificação passou a ganhar mais notoriedade e ser encarada como um problema global, que necessita de uma ação conjunta da comunidade internacional.

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um Plano de Ação de Combate à Desertificação (PACD) e incluindo as áreas susceptíveis à desertificação no centro de discussões da comunidade internacional, evidenciando que os problemas de pobreza, meio ambiente e segurança alimentar podem afetar as populações de todo o mundo e devem ser combatidos em conjunto.

Entretanto, os resultados daquele encontro foram pífios, pois não houve consenso entre os países envolvidos, como afirma o MMA (1998, p. 7):

Considerando que a partir da Conferência de Nairobi foi criado o plano de Ação de Combate à Desertificação- PACD, que visava desenvolver ações em âmbito mundial, com a adesão voluntária dos países que participaram da Conferência. Considerando as avaliações do PACD, feitas pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente- PNUMA mostram que os resultados obtidos foram mais do que modestos. Os recursos necessários não foram investidos, a maioria dos países com graves problemas de desertificação não assumiram compromissos com ações nacionais, e programas consistentes de capacitação e formação de recursos humanos não foram desenvolvidos

Passada quase duas décadas sem resultados concretos, em janeiro de 1992 foi realizada em Fortaleza-CE a Conferência Internacional sobre os Impactos de Variações Climáticas e Desenvolvimento Sustentável em Regiões Semiáridas (ICID) onde foram elaborados estudos que serviriam de base para a conferência que iria acontecer naquele mesmo ano na cidade do Rio de Janeiro: A Convenção das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (RIO-92) a qual culminou com a criação de um importante documento, a Agenda 21, cujo capítulo 12 trata especificamente dos aspectos relacionados à desertificação e à seca nos ecossistemas frágeis.

Após vários encontros e conferências, foi recomendada a necessidade da elaboração de uma convenção para tratar especificamente sobre a desertificação. Em 1994, foi concluída a Convenção de Combate à desertificação e de Mitigação dos Efeitos da Seca (CCD).

Segundo Rêgo (2012, p.115)

A Conferência de Combate à Desertificação e de Mitigação dos Efeitos da Seca (CCD) dispõe, assim, do maior número de partes entre todos os acordos multilaterais ambientais. E segundo alguns autores, ela tem uma perspectiva inovadora ao vincular a desertificação e o direito ambiental internacional, com o objetivo de formar um novo pacto entre os governos, a comunidade internacional e as comunidades locais.

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terra é afetada pela desertificação, estando localizadas em 3,8 bilhões de hectares, representando 70% (setenta por cento) de todas as terras secas do planeta, por aquela época em que o documento foi produzido.

Ainda de acordo com a Agenda 21,

O resultado mais evidente da desertificação, em acréscimo à pobreza generalizada, é a degradação de 3,3 bilhões de hectares de pastagens, constituindo 73 por cento da área total dessas terras, caracterizadas por baixo potencial de sustento para homens e animais; o declínio da fertilidade do solo e da estrutura do solo em cerca de 47 por cento das terras secas, que constituem terras marginais de cultivo irrigadas pelas chuvas; e a degradação de terras de cultivo irrigadas artificialmente, atingindo 30 por cento das áreas de terras secas com alta densidade populacional e elevado potencial agrícola.

No caso brasileiro, grande parte das Áreas Susceptíveis à Desertificação (ASD), atualmente reconhecidas pelo Governo Federal, estão localizadas na Região Nordeste, na sub-região dos sertões e em parte dos estados de Minas Gerais e Espirito Santo. A partir dos estudos apresentados no Plano de Ação Nacional de Combate à Desertificação (PAN-BRASIL, 2005, p. 04) as ASDs representam 15% do território nacional cerca de 1.338.076 km² de terras e habitam nessa região 31,6 milhões de pessoas (18,65% da população residente no Brasil). Aproximadamente 18.000 km² apresentam um estado grave ou muito grave de desertificação, detectados principalmente nos estados do Nordeste que tem 55% do território atingido pela degradação ambiental. Desse total, quatro áreas são de alto risco à desertificação, sendo chamadas de núcleos de desertificação: Cabrobó (Pernambuco), Gilbués (Piauí), Irauçuba (Ceará) e Seridó (Paraíba).

O clima semiárido está presente em quase todo o sertão nordestino, com temperatura variando entre 26º e 30º centígrados. Apresenta um regime pluviométrico com média de chuva em torno, e muitas vezes abaixo, de 800 milímetros anuais, a estação chuvosa ocorre nos três primeiros meses do ano. Sua posição geográfica é mais próxima à linha do equador, caracterizando-se por ter um clima mais tropical do que equatorial, com duas estações: uma seca, com estiagens, e a outra chuvosa. Tem um bioma exclusivamente brasileiro, a caatinga, com grande diversidade geomorfológica e ecológica (FUNCEME, 2014).

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clima semiárido, apresenta o índice de aridez correspondente a 0,40, calculado a partir da CCD (1994), com uma evapotranspiração de referência média anual de 1.844,10 e apresenta uma precipitação média anual de 738 mm, abaixo da média do estado, que está em torno de 800 mm anuais (FUNCEME, 2014).

O sertão nordestino é a região semiárida mais povoada do mundo, o que acarreta dois graves problemas: a fome que afeta diretamente as atividades das pequenas e médias propriedades rurais provocando diversos problemas socioeconômicos e, em consequência do ambiente instável, o êxodo rural (Lemos, 2015).

A relação entre degradação ambiental e pobreza é axiomática quando se trata de ecossistemas frágeis, como as áreas áridas, semiáridas ou subsumidas, pois estão mais susceptíveis ao processo de desertificação, LEMOS (2012, p.85).

A crescente demanda dos mercados por conta do aumento populacional faz com que a degradação ambiental aumente de forma expressiva. A fome e a pobreza levam a uma indiscriminada exploração dos recursos naturais, provocando a degradação do meio, acentuando o processo de desertificação o qual se traduz em conflitos e migrações populacionais em massa. Revelando-se um problema não somente ambiental mas social, político e econômico.

A desigualdade social associada às políticas públicas ineficazes e ao equilíbrio instável do ecossistema frágil da caatinga faz com que a população rural migre para as cidades, na esperança de encontrar uma vida melhor, encontrando uma realidade diferente daquela que foi idealizada e acabam, na sua grande maioria, tornando-se marginalizados. Os sertões são grandes fornecedores de mão de obra barata para os grandes polos econômicos do Brasil, como exemplo, se pode citar: no final do século XIX, no clico da borracha, houve uma maciça migração para os seringais da Amazônia. Na década de 1930, foram as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo os grandes receptadores dos emigrantes nordestinos, já na década de 1950, Brasília absorveu uma um grande número de migrantes para o setor da construção civil.

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1.2 Estrutura da monografia

A monografia está dividida em sete seções. A primeira seção inclui a introdução que mostra a contextualização e importância da pesquisa.

Na segunda seção estão os objetivos geral e específicos do presente trabalho e sua estrutura.

Na terceira seção é apresentado o referencial teórico, onde são expostos o marco da discussão sobre o tema e os conceitos da desertificação na visão de diversos autores e os impactos econômicos, sociais e ambientais deste fenômeno. A quarta seção expõe a evolução histórica do processo de desertificação no mundo e no Brasil juntamente com a caracterização da área pesquisada.

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Analisar a influência e os avanços do processo de desertificação, de um ponto de vista socioeconômico no município de Jaguaruana no Estado do Ceará.

2.2 Objetivos Específicos

A) Caracterizar a área de Jaguaruana-CE nos aspectos naturais, sociais, econômicos e demográficos.

B) Analisar a evolução do processo de degradação ambiental

C) Aferir os indicadores sociais e econômicos no município de Jaguaruana-CE

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3. REFERENCIAL TEÓRICO

O termo desertificação foi sendo trabalhado e evoluiu ao longo do tempo, de modo a atender as necessidades de todos as populações envolvidas nesse processo.

Alguns autores apontam que o pioneiro no termo foi o cientista francês Louis Lavaudeau, que em 1927 teve um artigo intitulado de “Le Forêst du Sahara”, onde foi observado que o processo de desertificação seria extremamente artificial e causado exclusivamente pela ação do homem e foi apontado que se a degradação fosse recente, ela poderia ser interrompida e combatida.

Mas, a popularização do termo se deu com o também francês André

Aubréville, que em 1949 no seu livro “Climate, Forêst et desertification de L’Afrique

Tropicalé”, designou que as atividades humanas tinham consequências predatórias, principalmente nas florestas tropicais africanas, através do desmatamento indiscriminado e abusivo das árvores, que tem como efeito a degradação do solo. Os incêndios provocados no intuito de transformarem aquelas áreas em pastagens e em campos de cultivo estavam provocando a transformação das florestas tropicais africanas em savanas. Ele foi um dos propulsores da Teoria do Deserto que Avança. De acordo com esta teoria, determinadas áreas estavam virando desertos e os desertos já existentes estavam avançando.

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Por recomendação da conferência de Estocolmo (1992), a Assembleia Geral da ONU criou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Esse programa é um dos principais responsáveis pela elaboração de políticas sobre a temática ambiental de combate à desertificação. Juntamente com o PNUMA, outros organismos foram criados para tratar do tema, como o Clube do Sahel, o Comitê Permanente Internacional contra a seca do Sahel, entre outros.

A primeira definição do termo foi elaborada na Conferência das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCOD), realizada em Nairóbi, Quênia em 1977:

Desertificação é a diminuição ou a destruição do potencial biológico da terra e pode conduzir, no seu limite, às condições semelhantes a desertos. Se constitui numa deterioração em larga escala dos ecossistemas e destrói ou diminui o seu potencial biológico, ou seja, é a diminuição ou destruição do cultivo de plantas e da criação de animais para diferentes propósitos, em um tempo em que um incremento de produtividade da terra é necessário para suportar o crescimento das populações, para satisfazer os requisitos de desenvolvimento. (UNCOD, 1997 apud RIBEIRO, 2010, P.15)

A esta conferência pode ser dada uma importância com relação à abordagem e à divulgação em todo o mundo quanto aos impactos da degradação e da desertificação, pois:

A) Houve uma consolidação em âmbito mundial do tema, fazendo com que muitos dos países que são diretamente afetados por esse processo passassem a voltar suas atenções para os aspetos ambientais.

B) As áreas susceptíveis à desertificação caracterizadas por serem regiões áridas e semiáridas passaram a ser estudadas e introduzidas nas discussões dos pesquisadores e especialistas na área, mostrando que esses lugares sofrem com a pobreza e com os recorrentes problemas ambientais e que não são problemas isolados, mas podem afetar as mais diversas áreas e por isso precisam da ajuda da comunidade internacional.

C) Foi elaborado um Plano de Ação de Combate à Desertificação (PACD), que possuía vinte e oito recomendações e cujo objetivo era prevenir e interromper os processos de desertificação.

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Apesar de ter promovido a divulgação do tema a nível mundial, os resultados concretos foram bastante modestos, pois não houve os investimentos necessários conforme ficou previsto no PACD, para promover o combate e a reversão do processo de desertificação que já estava ocorrendo com mais intensidade em algumas áreas apontadas no estudo.

Em 1992, foi realizada em Fortaleza a I Conferência Internacional sobre Impactos de Variações Climáticas e Desenvolvimento Sustentável em Regiões Áridas (ICID). O evento contou com a participação de delegações de 45 países. Foi aprovada a Declaração de Fortaleza, cuja recomendação era que o desenvolvimento econômico, social e ambiental sustentável das regiões semiáridas deveriam receber maior atenção da comunidade internacional. Esta conferência serviu de preparação para outra a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED) que seria realizada neste mesmo ano, na cidade do Rio de Janeiro.

A UNCED, também conhecida como RIO-92 ou ECO-92, foi guiada pela necessidade de promoção do desenvolvimento sustentável, onde a desertificação seria tratada como uma das prioridades. Reunindo representantes de 108 países, o objetivo da UNCED seria decidir quais medidas deveriam ser tomadas para garantir um modelo de crescimento sustentável que proporcionasse um crescimento econômico alinhado ao equilíbrio ecológico que diminuísse a degradação ambiental e garantisse a existência das futuras gerações.

Como resultado, a RIO-92 teve importantes documentos elaborados e serviu de base para outras Conferências e Convenções, como: A Carta da Terra, a Convenção das Nações Unidas para sobre a Biodiversidade, a Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas e a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação e a Mitigação dos Efeitos da Seca, a Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento e o Principal documento dela emanado, a Agenda 21.

A Agenda 21 é composta por um plano de ação em busca do desenvolvimento ambiental racional. Ela concilia a justiça social e eficiência econômica com a proteção ambiental que estimula os governos, os meios acadêmicos e as sociedades civis a participar, planejar e executar diversos programas capazes de fazer mudar a realidade e promover o desenvolvimento econômico de regiões

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pois a desertificação extrapola o limite ambiental e transforma-se em uma preocupação não só econômica, mas também social. Ela é estruturada em 4 grandes seções, totalizando 40 capítulos, englobando os mais variados temas, dentre eles: a erradicação da pobreza, políticas de desenvolvimento sustentável, padrões de consumo e produção, crescimento demográfico, uso racional e adequado da terra, saúde, saneamento básico, proteção das áreas de ecossistemas frágeis, eficiência energética, poluição, proteção aos grupos desfavorecidos, transferência de tecnologias, habitação e tratamento de resíduos.

No capítulo 12 da Agenda 21, intitulado de “Manejo de ecossistemas frágeis: combate à desertificação e à seca” foi definido que o conceito de desertificação é

A degradação da terra nas zonas áridas, semiáridas e subúmidas secas resultantes de fatores diversos tais como as variações climáticas e as atividades humanas, sendo que por degradação da terra se entende o seguinte:

A) degradação dos solos e recursos hídricos; B) degradação da vegetação e da biodiversidade; C) redução da qualidade de vida da população afetada

As áreas susceptíveis à degradação são definidas a partir do grau de aridez apresentado. Esse grau de aridez depende da quantidade da água advinda da chuva e da perda máxima de água ocorrida por meio da evaporação e transpiração ou evapotranspiração potencial.

Thornthwaite elaborou a fórmula do índice de aridez em 1941, que posteriormente foi ajustado por Pennam em 1953, sendo esta classificação adotada até os dias atuais.

O grau de aridez foi aplicado no Plano de Ação de Combate à Desertificação das Nações Unidas ocorrido em 1977 e, dois anos após, foi publicado no trabalho “Map of the World Distribution of Arid Regions (UNESCO, 1979).

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Tabela 01- Índice de aridez

CLIMA ÍNDICE DE ARIDEZ

Hiperárido < 0,05

Árido 0,05 a 0,20

Semiárido 0,21 a 0,50

Subúmido Seco 0,51 a 0,65 Subúmido e Úmido > 0,65 Fonte: UNESCO, 2003.

As regiões hiperáridas representam os desertos com aridez inferior a 0,05. As Áreas Susceptíveis a Desertificação são aquelas que estão entre os índices de 0,05 a 0,65, pois quanto mais seco maior é a susceptibilidade à desertificação.

Além do índice de aridez, está associado também ao processo de desertificação e à degradação da terra a pobreza, pois “a pobreza e a fome conduzem à exploração indiscriminada dos recursos, que por sua vez provoca a degradação geral do sistema e acentua a desertificação, a qual conduz às

migrações e aos conflitos” (REGO, 2012, p.11). A desertificação é um fator que

desencadeia um agravamento da pobreza, pois as populações que vivem em situação de extrema miséria tem na terra o principal meio de produção dos produtos para a subsistência, e se verifica o emprego inadequado do manejo do solo através de práticas agrícolas, pecuária e extrativista, na grande maioria dos casos essas práticas são resultados de processos tradicionais, da falta de conhecimento por parte da população carente e excluída socialmente.

De acordo com LEMOS (2012, P.85), “A relação entre pobreza e degradação

ambiental se mostra mais acentuada e evidente em regiões de ecossistemas mais

frágeis”. O processo de desertificação proporciona condições desfavoráveis para a produção de alimentos e para a sobrevivência, o resultado é a exclusão social e o empobrecimento de significativa parcela da população que habita nessas regiões e por consequência provoca a migração em massa para os grandes centros em busca de condições de vida mais digna.

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Para o PANBRASIL (2005, p.05), as causas e as consequências da desertificação da terra são a insegurança alimentar e a pobreza associadas às oscilações no ciclo hidrológico, como as secas e as enchentes.

Segundo o MMA (1998, p.06), a pobreza está associada a degradação das terras nas zonas áridas, semiáridas e subúmidas secas sendo reconhecida como um dos principais fatores responsáveis pelo processo de desertificação no mundo. Na visão de Matallo e Vasconcelos (2003, p.27),

O processo de desertificação refere-se a degradação dos recursos naturais, o que implica em mudanças das características físicas e ambientais destes recursos (solo, vegetação, ar e água) em decorrência de sua exploração pelo homem. Essa degradação ambiental assume, nas terras secas, proporções mais significativas em função de suas próprias características gerais: Solos pouco profundos, particularmente susceptíveis a processos erosivos, vegetação pouco densa e rasteira, regime climático particular com presença constante de períodos secos, chuvas torrenciais e irregulares etc.

A Convenção de Combate à Desertificação e de Mitigação dos Efeitos da Seca (UNCCD), cujo objetivo é combater a desertificação e os seus efeitos de acordo com os princípios da Agenda 21, visa sobremaneira o desenvolvimento sustentável. Foi concluída em 17 de junho de 1994, em Paris e desde então, esse dia é celebrado como o dia mundial da luta contra a desertificação. Em 26 de dezembro de 1996 a convenção entrou em vigor e 191 países são signatários, sendo denominados de países parte. O Brasil tornou-se parte da UNCCD em 25 de junho de 1997.

Os principais órgãos que dão todo suporte para a implementação da UNCCD, são:

1) A Conferência das partes: considerado como o órgão máximo de decisão é responsável pelo programa de trabalho e toda a sua implementação;

2) O Comitê de Ciência de Tecnologia: órgão que auxilia no assessoramento técnico e científico;

3) O Secretariado permanente: responsável pela administração da implementação da convenção e pela organização das Conferências das Partes.

(28)

Entre outras obrigações, estão a abordagem de temas considerando os aspectos físicos, biológicos e socioeconômicos dos problemas de forma a promover a erradicação da pobreza juntamente com o combate à desertificação e a mitigação dos efeitos da seca.

A UNCCD recomenda também a criação de planos de contingência para o enfrentamento das secas, incluindo o fortalecimento da segurança alimentar nas áreas susceptíveis à desertificação.

De acordo com estudos realizados por Matallo e Schenkel (2003, p.10), a

desertificação é “a degradação dos recursos naturais, o que implica em mudanças das características físicas e ambientais destes recursos (solo, vegetação, ar e água)

em decorrência de sua exploração pelo homem”, nas terras de ecossistemas mais

frágeis, essa degradação toma maiores proporções, pois essas áreas apresentam características, como: regime de chuvas irregulares, presença de grandes períodos de seca, bacias cristalinas que tem pouca profundidade de solo, os lençóis freáticos são raros e de baixo volume o que dificulta na retenção de água, apresentam altas temperaturas anuais. Ainda de acordo com Matallo e Schenkel (2003, p.16):

As estas características ambientais e físicas, soma-se um processo histórico de ocupação cuja estrutura tem se reproduzido em todo o mundo, ou seja: alta concentração de uma população mais pobre e descapitalizada, baixa urbanização, baixo nível de renda e educação da população, alta dependência da produção de subsistência da grande maioria das famílias rurais, altos níveis de emigração da população produtiva implicando distorções da pirâmide demográfica em favor de população dependente, utilização de práticas agrícolas com baixo nível tecnológico e relativamente isoladas dos mercados.

A relação tridimensional (ambiental, social e econômica) com práticas agrícolas inadequadas e predatórias ampliam os impactos da degradação ambiental e da desertificação implicando em perdas econômicas consideráveis.

De acordo com MMA (1998),

O crescimento da população e da densidade populacional contribuem para a exploração dos recursos naturais para além de sua capacidade de suporte. O aumento da população, assim como as demandas por alimentos, energia e outros recursos naturais, vem provocando importantes impactos na base de recursos naturais das regiões semiáridas.

(29)

Por problemas econômicos causados pela degradação e desertificação pode-se citar, dentre outros: a diminuição da renda e do consumo das famílias; a queda na produção agrícola, comprometendo o nível e a qualidade da produção, tornando evidente a lei da oferta e da procura, pois a escassez pode levar ao aumento dos preços dos alimentos, causando prejuízos à população mais carente, já que o mercado tem que abastecer uma quantidade cada vez maior, devido ao crescimento populacional; a desorganização do mercado agrícola regional. Muitas vezes torna-se inviável economicamente recuperar uma área degradada que apresenta um avançado nível de degradação.

Os problemas sociais estão ligados intimamente aos econômicos, pois como a terra representa a mais importante e muitas vezes o único recurso de sobrevivências das famílias carentes que vivem em áreas susceptíveis a desertificação, a baixa produtividade agrícola acarreta na desestruturação familiar já que membros, geralmente os homens por volta da idade adulta, migram para as zonas urbanas, tornando ainda mais escassa a mão de obra local, e inchando as grandes cidades que não apresentam infraestrutura nem empregos suficientes para atender a esta demanda, causando o abandono da terra. Estes migrantes acabam tornando-se vulneráveis aos fatores sociais, como a violência e a criminalidade; aumento da mortalidade devido às diversas doenças causadas pela falta de alimentação adequada e redução da ingestão de substâncias vitais ao organismo que estão presentes nos alimentos; diminuição da expectativa e da qualidade de vida das populações.

(30)

4. DESERTIFICAÇÃO NO MUNDO

A desertificação é um problema que atinge a população global. Segundo os dados publicados pela FAO intitulado de Issues Brief on Desertification, Land Degradation and Drought (DLDD, 2010), a percentagem de degradação total

cresceu de 15% em 1991 para 24% em 2008, o processo de degradação do solo, desertificação e a seca tem se intensificado com uma rapidez incrível. Com a elevação da taxa populacional, a demanda por alimentos tem crescido, pressionando a utilização dos recursos ambientais. Estima-se que entre os anos de 1985 a 2005 houve um crescimento de 154 milhões de hectares de lavouras e pastagens, sendo a agricultura apontada como responsável por 80% do desmatamento que ocorre ao redor do planeta. Ainda de acordo com os estudos do DLDD, há cada ano, ocorre uma perda de 24 bilhões de toneladas de solo fértil em terras agrícolas devido ao manejo inadequado dos recursos naturais afetando diretamente cerca de 1,5 bilhões de pessoas ao redor do mundo. Estima-se que em 2030 ocorra um aumento na demanda por alimentos, energia e água em 50%, 45% e 30%, respectivamente.

Os dados do Quadro 1 abaixo são referentes a diversas publicações resumidas na Segunda Conferência Científica realizada pela UNCC em 2013 na Alemanha, que estimam os valores das perdas econômicas em alguns países:

Quadro 01- Dados dos prejuízos econômicos na visão de diversos autores.

DADOS FONTE:

Na China, a desertificação afeta mais de 400 milhões de pessoas diretamente, os prejuízos econômicos são estipulados em torno 10 bilhões de dólares.

Wang et al., 2012

No Continente Africano, estima-se que a perda econômica devido a

degradação do meio ambiente varie entre 4 a 12 por cento do PIB. Olsen e barry, 2003 No Paraguai, a perda do PIB agrícola gira em torno de 6,6%. Na

Guatemala esse valor sobe para 24%. Morales, Dascal, Morera, 2012

Na Rússia somente em 2010, houve uma perda na colheita de grãos

de U$15 bilhões de dólares representando 1% do PIB. Barriopedro et al., 2011

(31)

A United Nations Environment Programme (UNEP, 2010) declarou que existem cerca de 3,6 bilhões de hectares desertificados em todo o mundo. Isso simboliza 25 por cento da massa terrestre do planeta, atingindo diretamente cerca de um bilhão de pessoas em mais 100 países, representando perdas econômicas em torno de U$ 42 bilhões de dólares anualmente.

A figura 01- Áreas vulneráveis à desertificação no mundo.

Fonte: Departments of Agriculture of the United States, 1998.

(32)

De acordo com os estudos publicados pelo MMA (1998, p. 01),

As regiões semiáridas representam cerca de 1/3 da superfície emersa do planeta, abrigando mais de 1 bilhão de pessoas e sendo responsáveis aproximadamente por 22% da produção mundial de alimentos. São áreas importantes pela extensão de terras, pelo contingente populacional e potencial econômico envolvidos, assim como pelos equilíbrios que podem estar sujeitas quando mal manejadas, com reflexos no clima e na biodiversidade globais.

Para o MMA (1998, p.07), as perdas econômicas devido à desertificação giram em torno de U$ 26 bilhões de dólares anuais e o custo para recuperar essas áreas são estimados em U$ 90 bilhões de dólares entre um período de vinte anos. Matallo e Schenkel (2003, p.10), afirmam, que as regiões semiáridas e subúmidas secas no mundo representam 1/3 da superfície do planeta. Conforme o quadro 2, desse total, retiram-se as áreas hiperáridas, que são os desertos, o qual correspondem a 16% da superfície terrestre com 9.780.000 Km² na sua totalidade. Sendo cerca de 5 bilhões de hectares ou mais precisamente 51.720.000 km² que abrangem 100 países que podem ser afetados direta ou indiretamente pela desertificação.

Quadro 02- Tipo e Total de terras desertificadas em Km²

Fonte: Atlas mundial times (1995) apud Matallo e Schenkel (2003).

Hiperárido Árido Semi-árido

Subúmido-seco TOTAL Área total do continente

África 6.720.000 5.040.000 5.140.000 2.690.000 19.590.000 30.335.000

Ásia 2.770.000 6.260.000 6.930.000 3.530.000 19.490.000 43.508.000

Austrália 0 3.030.000 3.090.000 510.000 6.630.000 8.923.000

Europa 0 100.000 1.050.000 1.840.000 3.000.000 10.498.000

América

do Norte 30.000 820.000 4.190.000 3.320.000 7.360.000 25.498.000

América

do Sul 260.000 450.000 2.650.000 2.070.000 5.430.000 17.611.000

Antártida 0 0 0 0 0 13.340.000

(33)

O Quadro 3, abaixo mostra as áreas degradadas por conta da utilização para a agricultura.

Quadro 03- Áreas Afetadas pela desertificação.

Km²

% do Total de Terras

Secas

1- Áreas degradadas por irrigação 430.000 0,8

2- Áreas degradadas por agricultura de sequeiro 2.160.000 4,1

3- Áreas degradadas por pecuária (solos e vegetação degradados) 7.570.000 14,6

4- Áreas secas com degradação de solos induzidos pelo homem (ISRIC, 1+2+3)

10.160.000 19,5

5- Degradação das terras de pastoreio (degradação de vegetação sem degradação de solos)- ICASALS

25.760.000 50,0

6- Total das áreas degradadas (4+5) 35.920.000 69,0

Fonte: UNEP (1992) apud Matallo e Schenkel (2003).

A United Nations Environment Programme (UNEP, 1992) apud Matallo e

Schenkel (2003, p.12), afirmam que o processo de desertificação estava nessa época, colocando fora de produção 6 milhões de hectares ou seja 60.000 km² por conta de práticas de manejo irregular. O prejuízo econômico então girava já em torno de U$ 1 bilhão de dólares anuais e o custo para recuperar essas áreas já eram estimados em U$ 2 bilhões de dólares anuais.

(34)

4.1- Desertificação no Brasil

Em 1936, o Governo Federal delimitou a área de ocorrência das secas no Nordeste brasileiro. A faixa territorial abrangia 672.281,98 km², considerada na época como o polígono das secas. Depois, em 1989, foi ampliada a área de ocorrência das secas para 1.085.187,00 km².

Atualmente, a região semiárida nordestina brasileira abrange uma área de 895.254,40 km², compreendendo 1.031 munícipios e abrigando 19.326.007 habitantes, sendo 56,5% residentes nas áreas urbanas e 43,5% em áreas rurais e caracteriza-se por apresentar precipitações pluviométricas anuais abaixo de 800mm PANBRASIL (2005, p.09), conforme mostram os dados da tabela 2.

As Áreas Susceptíveis a Desertificação (ASD) no Brasil foram demarcadas de acordo com a CCD e com o índice de aridez de Thornthwaite e em 2005 abrangiam uma área de 1.338.076 km² ou seja 15,72% de todo o território brasileiro. Nessa região viviam então mais de 31,6 milhões de pessoas ou 18,65% dos habitantes do país (PANBRASIL, 2005, p.XXIII).

Tabela 02- Desertificação no Semiárido; Área e população afetada

GRAU DE

COMPROMETIMENTO ÁREA (km²) POPULAÇÃO EM 1991 (hab)

% DO SEMI-ÁRIDO ÁREA POPULAÇÃO

Muito grave 52.425,00 1.378.064 5,86 7,72

Grave 247.831,00 7.835.171 27,68 43,90

Moderado 365.287,00 6.535.534 40,80 36,62

Semi-árido total atingido 665.543,00 15.748.769 74,34 88,24

Nordeste Semi-árido (*) 895.254,40 17.847.287 - -

(35)

As secas ocorrem no Nordeste brasileiro e em partes dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo por apresentarem clima semiárido e subúmido seco e não ocorrem de forma uniforme em todas as regiões dos estados e, ao longo do tempo, este fenômeno depende da ação da zona de convergência intertropical, que costuma afetar com maior gravidade algumas áreas do Nordeste, pois as condições meteorológicas, morfológicas e geológicas são fatores fundamentais que determinam a ocorrência das modificações climáticas nessas áreas. O conhecido miolão do semiárido é a região onde as secas são mais severas. Nessa região, a incidência das secas variam entre 81% a 100%, conforme pode ser observado na Figura 2.

(36)

Tabela 03- Número de Municípios das Áreas susceptíveis à Desertificação, por Estado

ESTADO

NÚMERO DE MUNICÍPIOS DAS ÁREAS SUSCEPTÍVEIS À DESERTIFICAÇÃO- ASD ÁREAS SEMI-ÁRIDAS ÁREAS SUBÚMIDAS SECAS ÁREAS DO ENTORNO

TOTAL DAS ASD

Maranhão - 01 26 27

Piauí 96 48 71 215

Ceará 105 41 38 184

Rio Grande do Norte 143 12 03 158

Paraíba 150 47 11 208

Pernambuco 90 39 06 135

Alagoas 33 13 07 53

Sergipe 06 28 14 48

Bahia 159 107 23 289

Minas Gerais 22 61 59 142

Espírito Santo - - 23 23

Total 804 397 281 1.482

Fonte: PANBRASIL (2005, p. 36)

A vegetação no Nordeste é bastante diversificada, variando nas quatro subdivisões do estado: Agreste, Cerrado, Sertão e Zona da Mata. As Áreas brasileiras afetadas pela desertificação estão incluídas dentro de dois biomas, sendo a Caatinga e o Cerrado.

(37)

alterações por conta das interferências antrópicas e hoje esse bioma encontra-se bastante degradado.

Mesmo com todas as adversidades impostas pelo ambiente inóspito, as populações das Áreas Susceptíveis à Desertificação aprenderam, com o passar do tempo, a conviver com a seca e com a falta de água. Uma grande contradição dos considerados sertões Nordestinos é que grande parte da caatinga abriga a mais densa população vivendo em regiões semiáridas do mundo, segundo RÊGO (2012, P.62).

Figura 02- Áreas Susceptíveis à Desertificação no Brasil e Área de Incidência de Secas

(38)

Tido como um dos pioneiros no estudo da desertificação no Brasil, Vasconcelos Sobrinho em 1970 iniciou os estudos sobre a degradação do solo e da cobertura vegetal, visando identificar quais seriam as áreas mais afetadas por esse processo nos espaços semiáridos brasileiros. Inicialmente foram selecionadas seis áreas piloto, sendo os Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia os escolhidos. Após estudar essas áreas mais profundamente, quatro delas foram caracterizadas como de alto risco à desertificação pois apresentavam elevado grau de degradação do solo e grandes sinais de antropomismo, sendo definidas como núcleos de desertificação as cidades de Cabrobó, no estado de Pernambuco, Irauçuba, no Ceará, Gilbués, no estado do Piauí e Seridó, localizado na Paraíba.

A figura 3, abaixo, mostra o estado do Ceará de acordo com o índice de aridez e o clima da região. A área de pesquisa do presente estudo se encontra na região semi-árida com índice de aridez de 0,40 e apresenta uma taxa pluviométrica de 738 mm anuais, abaixo da média do estado, cujo percentual é 800 mm anuais.

Figura 03- Índice de Aridez do Estado do Ceará.

(39)

4.2- Caracterização da área pesquisada.

A área do presente estudo compreende o município de Jaguaruana, pertencente ao Estado do Ceará, estando localizado na parte Leste, a 183 km da capital do Estado, a cidade de Fortaleza.

Figura 04- Mapa da divisão política do Ceará

Fonte: IPECE- Divisão política do Ceará. Modificado pela autora.

(40)

sendo 59,36% residentes na área urbana e 40,64% na área rural, possui uma densidade demográfica de 37,16 hab/km².

Jaguaruana faz parte da Microrregião do Baixo Jaguaribe, as suas coordenadas geográficas são: 4º 50' 02" de latitude sul e 37º 46' 52" de latitude oeste, com uma altitude média de 20,0 metros. Limita-se ao Norte com os municípios de Aracati e Itaiçaba, ao Sul com os municípios de Russas, Quixeré e parte do Estado do Rio Grande do Norte, a Oeste faz divisa com os municípios de Palhano, Itaiçaba e Russas e a Leste com Aracati e outra parte do Estado do Rio Grande do Norte.

O município é dividido em cinco distritos: Borges, Jequi, São José do Lagamar, Santa Luzia e Saquinho, além da sede, Jaguaruana. As principais vias de acesso ao município são a CE – 040 e a BR 116.

O clima da região é Tropical Quente Semi-árido Brando ou Tropical Quente Semi-árido Quente. A taxa pluviométrica gira em torno de 752,6 mm anuais com chuvas concentradas nos meses de janeiro a abril. O relevo da região é caracterizado por planícies fluviais, depressões sertanejas e pela chapada do Apodi. A vegetação é composta pela caatinga arbustiva densa e floresta caducifólia espinhosa e floresta mista dicotillo-palmácea. Os solos são aluviais, qurtsozas distróficas, cambissolos, planossolo solódico, podzólico vermelho-amarelo e vertissolo.

(41)

Tabela 04- Índice de Desenvolvimento do Município de Jaguaruana

ÍNDICES VALOR POSIÇÃO NO RANKING

Índice de Desenvolvimento Municipal (IDM)-2010 27,62 44 Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)- 2010 0,624 61 Índice de Desenvolvimento Social de Oferta (IDS-O)- 2009 0,366 115 Índice de Desenvolvimento Social de Resultado (IDS-R)-2009 0,497 79

Índice de Exclusão Social (IES- 2010) 47% -

Fonte: IPECE e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Modificado pela autora .

Na área da saúde, Jaguaruana possui dezoito unidades ligadas ao Sistema Único de Saúde (SUS), sendo um hospital geral, uma clínica/ambulatório de especialidades, doze centros/unidades básicas e um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).

Quanto à educação, a Secretaria de Educação do Estado (SEDUC, 2013) afirma que o município conta com três escolas de ensino médio, trinta de ensino fundamental e quatro escolas particulares, seis bibliotecas públicas e vinte e um laboratórios de informática. A taxa de alfabetização de Jaguaruana é de 55,53%. No aspecto da infraestrutura, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE, 2013) totalizou que cerca 98,44% dos domicílios no Munícipio possuem energia elétrica. 74,89% das residências são atendidas pela coleta seletiva de lixo. Com relação ao abastecimento de água, apenas 74,01% tem água encanada, 10,46% contam com os poços e nascentes para o consumo e cerca de 15,52% utilizam outras formas de abastecimento. Referente ao esgotamento sanitário, apenas 7,39% tem esgoto sanitário ligado à rede geral ou pluvial, 6,31% tem fossa séptica, 73,61% utilizam outras formas e 12,69% dos domicílios em Jaguaruana não tem banheiros.

(42)

5- METODOLOGIA

A presente pesquisa é um estudo de caso, portanto trata-se de uma metodologia que procura descrever, explorar e compreender mais profundamente os acontecimentos relacionados à desertificação e os seus efeitos socioeconômicos no município de Jaguaruana.

A tipologia da presente pesquisa também é de caráter bibliográfico, baseado nos materiais já publicados em artigos, dissertações, livros, monografia, periódicos e em sítios eletrônicos como o IBGE, IPECE, MMA e ONU, que identificam o contexto histórico e a evolução do processo de desertificação nas localidades afetadas, tendo em vista a obtenção de dados para embasar a pesquisa.

Os dados utilizados foram de origem primária e secundária. Os dados primários foram coletados através de um questionário semiestruturado elaborado para a pesquisa de campo, contendo 46 questões subjetivas, além de um roteiro de perguntas, sendo aplicado aleatoriamente a 100 moradores, distribuídos pelo município de Jaguaruana, com o intuito de aferir os seguintes aspectos:

 Indicadores de Recursos Hídricos e Ambientais: fontes e formas de armazenamento de água, existência de mata nativa, acesso a fontes de energia, realização de queimadas para atividades agrícolas, diminuição ou extinção de animais ou espécies vegetais.

 Indicadores de produção: Tamanho da propriedade rural, atividades e produção das diversas culturas plantadas, acesso a assistência técnica de órgãos governamentais responsáveis.

 Indicadores Sociais: nível de escolaridade, escolaridade média, taxa de mortalidade, fonte de renda e renda mensal.

Os dados secundários foram coletados dos sites, publicações em livros, periódicos, artigos, monografias e dissertações que tratam sobre o tema da desertificação.

(43)
(44)

6- RESULTADOS

6.1 Aspectos Ambientais e Hídricos

O desmatamento e a degradação ambiental dos recursos naturais são práticas comuns no munícipio de Jaguaruana. Atualmente, o principal motivo que leva uma parte da população a praticar o desmatamento de uma grande área é para dar lugar à carcinicultura, que vem avançando sobre o município. O segundo motivo, relatado pela maioria dos entrevistados, é que a prática da queimada ocorre, principalmente, para limpar a plantação preparando o terreno para o plantio; em seguida, vem a prática de cortar lenha para cozinhar os alimentos, depois vem a queima do lixo, pois a prefeitura municipal não disponibiliza o serviço à população total.

Conforme mostram os resultados apresentados na Tabela 5, pode-se constatar que 73% dos entrevistados utilizam a lenha ou carvão de madeira, como principal fonte de energia para cozinhar os alimentos, em segundo lugar, 27% utilizam o fogão a gás como forma de energia.

Tabela 05- Fonte de energia para cozer os alimentos

Fonte de energia para cozer alimentos Frequência Absoluta Frequência Relativa (%)

Lenha 39 65%

Carvão de madeira 5 8%

Fogão a gás 16 27%

Outras fontes 0 0%

TOTAL 60 100%

Fonte: Resultados da Pesquisa de campo.

Na Tabela 6, se pode observar que 67% das famílias entrevistadas tem banheiro privado na residência. Em contrapartida 33% afirmam não ter banheiro, sendo os dejetos enterrados ou jogados fora da propriedade.

Tabela 06- O domicílio possui banheiro privado.

O domicílio possui banheiro privado Frequência Absoluta Frequência Relativa (%)

Sim 40 67

Não 20 33

Total 60 100

(45)

Os gráficos abaixo mostram os resultados que foram discutidos nas tabelas anteriores.

Gráfico 01- Fonte de energia para cozer Gráfico 02- O domicílio possui banheiro os alimentos privado

Fonte: Resultados da Pesquisa de campo. Fonte: Resultados da Pesquisa de campo.

O principal recurso hídrico da região é o rio Jaguaribe, que está apenas com 1,77% da sua capacidade de volume armazenado, segundo informação do Plano Estadual de Convivência com a Seca- Ações Emergenciais e Estruturantes do Governo do Estado do Ceará, (2015, p.27). De acordo com o relato de alguns

moradores, algumas fontes de água como olhos d’água, açudes e barragens, já secaram devido a esse logo período de quase cinco anos de estiagem. Alguns entrevistados também atribuíram o fato do cultivo de carcinicultura utilizar bastante água para a criação dos camarões e essa água seria proveniente do rio Jaguaribe e de poços profundos, fato que fez com que a maioria dos poços da região secasse. Na Tabela 7 abaixo, observa-se que a maioria dos entrevistados, cerca de 55% do total, afirma utilizar as cisternas de placas distribuídas pelo Governo Federal através do Programa Um Milhão de Cisternas, como principal fonte de armazenamento de água proveniente dos carros pipas e 25% armazena a água em caixas de água.

Tabela 07- Formas de armazenamento de água no Município de Jaguaruana Armazenamento de Água Frequência Absoluta Frequência Relativa (%)

Cisternas 33 55

Caixa de água 15 25

Não armazena 6 10

Outros 6 10

Total 60 100

(46)
(47)

6.2- Aspectos da produção

A principal atividade das pequenas propriedades rurais de Jaguaruana é a agricultura, como mostra a Tabela 8. Apenas 10% não praticam esse tipo de atividade, tendo como motivo a idade avançada e sendo a principal fonte de renda a aposentadoria. 82% praticam o cultivo de feijão e milho em consórcio, 3% plantam somente milho e 5% fazem cultivo de outras culturas como caju, laranja e mandioca.

Tabela 08- Principais atividades da agricultura em Jaguaruana

Principais atividades da agricultura Frequência Absoluta Frequência Relativa (%)

Milho 2 3

Milho e Feijão 49 82

Não plantam 6 10

Outros 3 5

Total 60 100

Fonte: Resultados da Pesquisa de Campo.

Devido ao longo período de seca, os agricultores que continuam plantando na esperança de colher pelo menos o necessário ao consumo da própria família, acabaram perdendo toda a produção novamente esse ano, mesmo após a grande maioria ter reduzido o tamanho da área plantada para somente um hectare. Isto acontece também porque eles não dispõem de um perímetro irrigado, mesmo tendo um rio que é abastecido (recebe água perene) do maior açude do estado, o Castanhão.

(48)

Tabela 09- Principais atividades da pecuária em Jaguaruana

Principais Atividades da Pecuária Frequência Absoluta Frequência Relativa (%)

Aves 16 27

Suínos 2 3

Bovinos 2 3

Ovinos 2 3

Aves e Suínos 3 5

Aves e Ovinos 2 3

Aves, Suínos e Bovinos 2 3

Aves, Suínos e Ovinos 2 3

Não cria nada 21 35

Outros 8 13

Total 60 100

Fonte: Resultados da Pesquisa de Campo.

Conforme mostra a Tabela 10, cerca de 90% dos entrevistados afirmaram que tiveram perdas na produção nos últimos anos, em contrapartida 10% afirmaram não ter plantado este ano, devido as recorrentes perdas por causa da falta de chuva.

Tabela 10- Queda na produção nos últimos anos em Jaguaruana. Houve Queda na Produção

nos últimos Anos Frequência Absoluta Frequência Relativa (%)

Sim 54 90

Não Plantou 6 10

Total 60 100

(49)

6.3- Aspectos Sociais

O processo de desertificação afeta diretamente os âmbitos econômicos e sociais, pois provoca a perda da biodiversidade e a capacidade produtiva do solo, gerando diminuição na renda e no consumo das famílias que dela dependem.

A terra representa, na maioria dos casos entrevistados, o único recurso de sobrevivência das famílias, que vivem nas áreas rurais do município. A baixa produtividade da terra, causa a desestruturação familiar, como o êxodo rural. Na comunidade rural do Cabeço Branco, que faz parte do presente estudo, percebem-se vários domicílios vazios, onde os moradores tiveram como única solução, diante da seca existente, ir embora em busca de um lugar onde se pudesse sobreviver dignamente.

Na Tabela 11, se pode verificar que a principal fonte de renda das famílias entrevistadas é a agricultura representando 52% do total, seguido da aposentadoria com 25% e do trabalho assalariado com 13%. O programa do governo federal Bolsa Família representa 8% quando se trata da principal fonte de renda dos entrevistados. Complementando os resultados das fontes de rendas dos entrevistados observou-se que 2% afirmaram ter outras fontes de renda como o seguro safra e com a fabricação de varandas para redes de dormir, que é uma atividade econômica bastante disseminada na região.

Tabela 11- Principais fontes de renda dos entrevistados em Jaguaruana

Principal Fonte de Rendimento Frequência Absoluta Frequência Relativa (%)

Agricultura 31 52

Aposentadoria 15 25

Trabalho Assalariado 8 13

Bolsa Família 5 8

Pensão 0 0

Outras Fontes 1 2

Total 60 100

(50)

O Gráfico abaixo mostra o resultado da discussão na tabela anterior.

Gráfico 03- Principais fontes de renda dos entrevistados em Jaguaruana

Fonte: Resultados da Pesquisa de Campo.

Considerando as evidências mostradas na Tabela 12, igualmente como acontece nas regiões consideradas mais pobres do Brasil, onde as populações carentes sobrevivem com uma renda inferior ao um salário mínimo, em Jaguaruana 62% dos entrevistados sobrevivem com até um salário mínimo, sendo que 43% tem uma renda que varia de meio a um salário mínimo, 17% recebem de zero a meio salário e 2% não tem renda alguma. Em contrapartida, 30% recebem de um a dois salários mínimos, 7% tem uma renda que varia de dois a três salários mínimos e 2% dos entrevistados afirmam ter uma renda que varia de três a quatro salários mínimos.

Tabela 12- Renda total mensal em Jaguaruana

Renda Total Mensal Frequência Absoluta Relativa (%) Frequência

Não tem Renda 1 2

De Zero a Meio Salário Mínimo 10 17

De Meio a Um Salário Mínimo 26 43

De Um a Dois Salários Mínimos 18 30

De Dois a Três Salários Mínimos 4 7

De Três a Quatro Salários Mínimos 1 2

Acima de Quatro Salários Mínimos 0 0

Total 60 100

Fonte: Resultados da Pesquisa de Campo.

Agricultura 52% Aposentadoria

25% Trabalho

Assalariado 13%

Bolsa Familia 8%

(51)

O Gráfico 4 abaixo, ilustra graficamente os resultados da Tabela anterior.

Gráfico 04- Renda total mensal em Jaguaruana

Fonte: Resultados da Pesquisa de Campo.

O nível de escolaridade no município de Jaguaruana é preocupante, conforme mostra a Tabela 13, pois dos 209 moradores residentes nos 60 domicílios entrevistados, apenas 15% possui o nível médio completo, sendo que 22% são analfabetos, 36% tem de 1 a 4 anos de estudo e 27% estudou mais de quatro anos. O questionário foi aplicado em 60 domicílios escolhidos aleatoriamente, e cada morador teve que informar a escolaridade dos residentes que moravam no domicílio, sendo aferido o total de 209 pessoas.

Tabela 13- Nível de escolaridade em Jaguaruana

Escolaridade Frequência Absoluta Frequência Relativa (%)

Analfabeto 45 22

1 a 4 anos 75 36

Mais 4 anos 57 27

Nível médio 31 15

Nível superior 1 0

Total 209 100

Fonte: Resultados da Pesquisa de Campo.

Não Tem Renda 1%

De Zero a Meio Salario Minimo

17%

De meio a Um Salario Minimo

43% De UM a Dois

Salarios Minimos 30% De Dois a Três

Salários Mínimos 7%

De Três a Quatro Salários Mínimos

(52)

7- CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de desertificação é intensificado pela ação antrópica em ambientes que apresentam vulnerabilidades climáticas, afetando diretamente e de forma negativa a vida da população mais carente.

Em síntese, o presente trabalho procurou de forma objetiva, diagnosticar os impactos econômicos e sociais que o problema da desertificação causa no município de Jaguaruana, através do embasamento teórico sobre o referido tema juntamente com a aplicação de questionários nas comunidades rurais do município que são mais afetadas com a seca e a falta de chuvas.

O questionário foi aplicado com o intuito de averiguar os aspectos econômicos e sociais dos problemas relacionados com a desertificação no município.

A pesquisa mostrou, nos indicadores sociais, elevados graus de vulnerabilidade, destacando um nível alto de pobreza. A renda da maioria da população é proveniente da terra, através da agricultura com plantação de sequeiro e por causa do longo período de estiagens, que já dura cerca de 5 anos, esses moradores estão sendo bastante castigados, tendo que viver com uma renda mínima necessária para garantir o sustento familiar. Observou-se que os programas de transferência de renda do Governo federal são de fundamental importância para os mais necessitados e se constituem numa forma de garantir uma renda alternativa. Os indicadores ambientais e hídricos mostraram-se bastante afetados, devido à utilização frequente e indiscriminada por parte dos moradores ao praticar as queimadas, com o intuito de limpar o terreno para a plantação ou como forma de queimar o lixo, obtém-se através dessa prática, a degeneração do solo e a perda da biodiversidade. Constatou-se também, o crescente número de criações de camarões vivendo em cativeiro (carcinicultura), em Jaguaruana, vale ressaltar que a grande maioria opera na atividade sem o devido licenciamento dos órgãos responsáveis e consequentemente sem os devidos procedimentos para não degradar o meio ambiente. Muitos agricultores relataram os transtornos que essa atividade desregulamentada vem trazendo para os moradores, como o mau cheiro, a

secagem dos poços, onde as águas profundas estão sendo “sugadas” para as “piscinas dos camarões” e a poluição do rio Jaguaribe, já que os dejetos estariam

Imagem

Tabela 02- Desertificação no Semiárido; Área e população afetada
Tabela  03-  Número  de  Municípios  das  Áreas  susceptíveis  à  Desertificação,  por  Estado
Figura  02-  Áreas  Susceptíveis  à  Desertificação  no  Brasil  e  Área  de  Incidência  de  Secas
Tabela 04- Índice de Desenvolvimento do Município de Jaguaruana
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Referências

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