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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E SECRETARIADO EXECUTIVO CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA,

CONTABILIDADE E SECRETARIADO EXECUTIVO

CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

DIEGO ALBERT JUSTINO CORREIA

EFEITO DELETÉRIO DA VISÃO CARTESIANO-NEWTONIANA

(CAPITALISTA): ASPECTOS ECONÔMICOS

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DIEGO ALBERT JUSTINO CORREIA

EFEITO DELETÉRIO DA VISÃO CARTESIANO-NEWTONIANA

(CAPITALISTA): ASPECTOS ECONÔMICOS.

Monografia apresentada à Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas.

Orientador: Professor Fabio Sobral

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DIEGO ALBERT JUSTINO CORREIA

EFEITO DELETÉRIO DA VISÃO CARTESIANO-NEWTONIANA

(CAPITALISTA): ASPECTOS ECONÔMICOS.

Monografia apresentada à Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas.

Orientador: Professor Fabio Sobral

Aprovado em 09 / 12 / 2014

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Fabio Maia Sobral (orientador) Universidade Federal do Ceará (UFC)

Prof. Dr. Aécio Alves de Oliveira Universidade Federal do Ceará (UFC)

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AGRADECIMENTOS

Ao professor Fabio Maia Sobral, orientador desta monografia, pelas boas indicações de leituras, reflexões, discussões e ideias. E também pela atenção, formatação e apoio.

A Deborah Monte Medeiros, amiga e companheira, pelo incentivo, paciência, atenção, orientação e apoio no que diz respeito à clareza e objetividade deste trabalho.

Ao amigo Denys Silva Nogueira, pelo incentivo, correção, formatação e apoio para a conclusão deste trabalho.

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RESUMO

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ABSTRACT

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

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SUMÁRIO

Apresentação Resumo

1 INTRODUÇÃO ... 10

2 VISÃO CARTESIANA (MECANICISTA) DA REALIDADE ... 12

2.1 A crítica de Capra ... 12

2.2 A Crítica de Holloway ... 14

2.3 Reflexões críticas sobre a crise da percepção: perspectivas relevantes ... 16

3 ACONTECIMENTOS RELEVANTES PARA O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO ECOLÓGICO ... 20

4 VISÃO SISTÊMICA (ECOLÓGICA) ... 25

4.1 Conceito de transdisciplinaridade ... 25

4.2 Jornada para além do mecanicismo ... 28

5 EM BUSCA DE UM MUNDO MELHOR ... 31

5.1 – Capra e a passagem para A Idade Solar ... 31

5.2 –A ideia de Holloway- Abandonar o modelo cartesiano (capitalismo) ... 33

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 36

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1 INTRODUÇÃO

A visão influenciada pelo pensamento filosófico de René Descartes (Cartesius) pode ser definida como forma de levar em consideração um fenômeno ou conceito de maneira isolada, desconsiderando o cenário geral em que aparecem e que confia plenamente na capacidade cognitiva da razão, de modo irrestrito e exclusivo. Essa visão limita-se a explicações mecânicas, simplificadoras que não conseguem abarcar uma compreensão da realidade como um todo. Este pensamento cartesiano influenciou não só as ciências, como também a cultura ocidental.

A ênfase dada ao pensamento racional em nossa cultura está sintetizada no célebre enunciado de Descartes “Cogito, ergo sum” – “Penso logo existo” –, o que encorajou eficazmente os indivíduos ocidentais a equiparem sua identidade com sua mente racional e não com seu organismo total. Veremos que os efeitos dessa divisão entre mente e corpo são sentidos em toda nossa cultura (CAPRA, 1982. p. 38).

É possível perceber que as ideias que permitiram ao homem começar a descrever fenômenos de forma científica, explicando-os através da análise de suas partes, subestimou a complexidade dos seres vivos e suas interconexões com a natureza. (CAPRA, 1982)

Essa visão também é responsável pela ideia de que o homem deve controlar a natureza e obrigá-la a trabalhar para satisfazer as suas necessidades, compreendendo e dominando a natureza como se fosse ferramenta, simples e externa a ele próprio. (CAPRA, 1982)

E essa visão é a base da sociedade capitalista que busca o crescimento como forma de resolver todos os problemas, incentiva o consumismo desenfreado e o apego à lógica do crescimento do lucro incessante. Uma tentativa insana de reproduzir um sistema infinito, em um sistema finito. Negligencia os limites naturais do planeta. O que também entra em contradição com a reprodução da vida em sociedade provocando: crises, extinções, desastres naturais, aumento da violência, desigualdades sociais e perda de valores culturais. E por isso, é preciso discutir maneiras de mudar essa visão.

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11 nos fundamentarmos em autores como John Holloway, Annie Leonard, Hazel Henderson, entre outros que corroboraram com as conclusões que chegamos com este trabalho. Serão abordados os seguintes assuntos: crítica de Capra à crise da percepção e a crítica de Holloway, contrapondo com a visão sistêmica de interligações e transdisciplinaridades. Aborda também o efeito negativo causado pela visão limitada, cartesiana, sobre o meio ambiente e a qualidade de vida levando em consideração que a economia está inserida num sistema maior não isolado.

O que é visto como efeitos deletérios da visão cartesiana é que as consequências desencadeadas ao longo do tempo foram se agravando e mesmo enfrentando crises que se apresentam em um intervalo de tempo cada vez menor, há ainda uma resistência inercial à mudança de pensamento e, por isso, é importante entender a “crise de percepção”, termo usado por Capra para definir a atual visão mecanicista ligada ao paradigma capitalista.

Pois quando a lógica se torna contraditória e incompleta se faz necessário uma mudança de visão na qual a natureza e a vida humana possam ser o foco da organização da sociedade, ou seja, é necessário compreender a vida como algo maior do que a mera restrição aos números.

O universo deixa de ser visto como uma máquina, composta por uma infinidade de objetos, para ser descrito como um todo dinâmico, indivisível, cujas partes estão essencialmente inter-relacionadas e só podem ser entendidas como modelo de um processo cósmico (CAPRA, 1982, p.72).

A visão sistêmica tem por objetivo construir o conhecimento por meio da transdisciplinaridade e, entende que o homem faz parte da natureza. E com isso, busca compreender o mundo de modo mais realista, um emaranhado de conexões complexas onde cada ação ou fenômeno pode desencadear consequências em todo um ambiente.

Organizamos nossa monografia em seis seções, com a intenção de dividir os assuntos de modo a promover a discursão sobre as críticas, evoluções e possibilidades.

Dessa forma, o capítulo 2 busca entender os principais problemas da visão cartesiana, bem como explicar de maneira sucinta a origem do termo visão cartesiana “crise da percepção”, e dessa forma visualizar as limitações de sua ótica.

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O capítulo 4 busca explicar a “visão sistêmica” ou holística e exibe seus pontos fortes, alarmando sobre as vantagens para a economia, assim como para todas as áreas do conhecimento. Enxergando sua importância de modo interdisciplinar.

O capítulo 5 apresenta as ideias dos autores Capra e Holloway e busca explicar como ocorre a mudança de pensamento mecanicista para algo mais amplo, para Capra a visão holística e para Holloway a ruptura do capitalismo. As abordagens possuem semelhanças.

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2 VISÃO CARTESIANA (MECANICISTA) DA REALIDADE

Capra fez uma análise sobre a visão de mundo influenciada pelos cientistas mecanicistas, que revelam os problemas e limitações dessa visão (capitalista), discutiu sobre a necessidade de mudanças profundas de paradigmas, como houve na física quântica, para conseguir compreender os fenômenos que compõem a realidade complexa, as demais disciplinas devem buscar mudanças de paradigmas para corrigir erros e limitações da visão cartesiana.

2.1 A Crítica de Capra

A Crítica de Capra, apresentada em seu livro, O ponto de mutação, é uma análise da visão de mundo das pessoas, e para explicar suas ideias utilizou termos e definições, como por exemplo o termo “crise da percepção”.

2.1.1 – A “crise da percepção”

A crise da percepção está relacionada a uma forma de ver e entender o mundo através de uma visão influenciada pela ciência de Descartes e Newton, nela o homem pode controlar a natureza como se fosse uma máquina, e a compreensão desta máquina surge da análise de suas partes. Essa visão originou a sociedade atual, na qual a própria postura do homem, seus valores materialistas, ávidos por controle e ludibriados pela busca de poder, passou a ser nocivo à natureza (CAPRA, 1982). A crise da percepção:

Deriva do fato de que a maioria de nós, e em especial as nossas instituições sociais, concordam com os conceitos de uma visão de mundo obsoleta, uma percepção da realidade inadequada para lidarmos com o nosso mundo superpovoado e globalmente interligado e que algumas soluções requerem uma mudança radical em nossas percepções, no nosso pensamento e nos nossos valores (CAPRA, 1982, p. 23).

Entendendo, assim, a crise da percepção é a miopia de enxergar a natureza como ferramenta, desconsiderando suas limitações e sem lembrar que o próprio homem é parte dela.

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A natureza é o corpo inorgânico do homem – isto é, a natureza, na medida em que ela própria não é o corpo humano. ‘O homem vive na natureza’ significa que a natureza é o seu corpo, com o qual ele deve permanecer em continuo intercurso se não quiser morrer. Que a vida física e espiritual do homem está vinculada à natureza significa, simplesmente, que a natureza está vinculada a si mesma, pois o homem é parte da natureza.(MARX, apud CAPRA, 1982, p. 201):

A aceitação de que o homem faz parte da Natureza é de grande relevância para entender que não se pode explorar a Natureza de maneira irresponsável sem que essa exploração seja danosa à vida humana. Nessa perspectiva não seria inteligente continuar repetindo os mesmos erros.

Para alcançar o harmonioso estado de inter-relacionamento que observamos na natureza, será “necessária uma estrutura social e econômica radicalmente diferente: uma revolução cultural na verdadeira acepção da palavra. A sobrevivência de toda nossa civilização pode depender de sermos ou não capazes de realizar tal mudança”. (CAPRA (1982, p. 16).

O problema em enfrentar os paradigmas do sistema atual é a dificuldade de abandonar velhos conceitos. E por causa disso, é importante que se perceba o conjunto de características que compõem o sistema que se pretende mudar, dessa forma pode-se dimensionar os problemas e discutir maneiras de se evitar as consequências mais graves. A visão mecanicista está em declínio, não adianta tentar fazer pequenos ajustes, o processo natural já está mostrando uma nova forma de ver o mundo, uma visão sistêmica (CAPRA,1982).

2.1.2 – Enfoque Econômico

A economia, por ser uma ciência social, foi afetada pela intenção de adquirir respeitabilidade aderindo ao paradigma cartesiano e aos métodos newtonianos, o que resultou em modelos cada vez mais distantes da realidade. E segundo Capra:

A economia atual caracteriza-se pelo enfoque reducionista e fragmentário típico da maioria das ciências sociais. De um modo geral, os economistas não reconhecem que a economia é meramente um dos aspectos de todo um contexto ecológico e social: um sistema vivo composto de seres humanos em contínua interação e com seus recursos naturais, a maioria dos quais, por seu turno, constituída de organismos vivos. (CAPRA, 1982, p. 183)

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15 uma tecnologia em que o habitat natural, orgânico, de seres humanos complexos é substituído por um meio ambiente simplificado, sintético e pré-fabricado” (CAPRA, 1982, p.41). A essa mesma concepção mecanicista pode-se ainda apresentar um componente mais profundo que é a lógica capitalista.

A lógica capitalista busca o lucro incessante, não se preocupa com o objetivo econômico de satisfazer as necessidades humanas, procura formas de criar mais “necessidades” com o intuito de se expandir. Há uma verdadeira exclusão daqueles que não podem demandar ou consumir. E a concepção mecanicista continua a exercer uma enorme influência em muitos aspectos da vida, os valores culturais, por exemplo (LATOUCHE, 2009).

A fragmentação em disciplinas acadêmicas e entidades governamentais, por exemplo, serve para tratar o meio ambiente natural “como se ele fosse formado de peças separadas a serem exploradas por diferentes grupos de interesses”. (CAPRA, 1982, p. 38).

Segundo Capra (1982), na medida em que enfrenta uma profunda crise conceitual, a Ciência Econômica tem a oportunidade de reavaliar uma estrutura baseada em conceitos e variáveis criados a centenas de anos e que já foram superados pelas mudanças sociais e tecnológicas. Essa reavaliação deve criar modelos e teorias, pois a abordagem fragmentária dos economistas contemporâneos, e a preferência por modelos quantitativos abstratos gerou uma imensa defasagem entre teoria e realidade econômica.

2.2 A Crítica de Holloway

Holloway analisou a mesma visão de mundo que Capra e percebeu as contradições da visão cartesiana, em seu livro, apresentou como proposta “fissurar o capitalismo” abandonar a visão mecanicista, romper realmente com as relações capitalistas. Holloway explicou que o processo de mudança já começou e depende da ação de cada um.

A crítica de Holloway é pautada em uma análise cuidadosa, abordou uma perspectiva histórica de modo a fundamentar seu pensamento.

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um processo passado que criou uma sociedade da identidade, uma sociedade unidimensional, uma sociedade dominada pelo relógio. As formas capitalistas de relações sociais não necessariamente existirão para sempre, mas por enquanto elas dominam (HOLLOWAY, 2013).

Nas culturas pré e não capitalistas, dentro e fora da Europa, o tempo de atividade de produção diária ou anual era muito menor do que hoje, para os “ocupados” modernos em fábricas e escritórios. Aquela produção estava longe de ser intensificada como na sociedade do trabalho, pois estava permeada por uma nítida cultura de ócio e de “lentidão” relativa. Excetuando-se catástrofes naturais, as necessidades básicas materiais estavam bem mais asseguradas do que em muitos períodos da modernização (HOLLOWAY, 2013).

Nesse sentido, Holloway (2013) comenta como resultado: mais trabalho é racionalizado do que o que pode ser absorvido pela expansão dos mercados. Na continuação da lógica da racionalização, a robótica eletrônica substitui a energia humana, ou as novas tecnologias de comunicação, tornando o trabalho humano supérfluo. Dentro das fábricas setores inteiros são excluídos, como os setores de corte, montagem e pacote de muitas empresas vão sendo gradativamente substituídos por máquinas, gerando desemprego. A participação do trabalho humano vai diminuindo e a automatização da produção faz com que se possa produzir mais e a cada dia em menor tempo. Milhões de mercadorias poderão ser produzidas, mas, no entanto, para serem vendidas é necessário que haja pessoas que possuam renda suficiente e sejam consumistas para sustentar o ritmo de crescimento. A contradição capitalista causa seu fim como efeito de sua incompatibilidade de reproduzir sua lógica de produção indefinidamente. E não ser capaz de se renovar sem afetar o ciclo do planeta.

A sociedade mundial do trabalho alcançou seu limite histórico absoluto na terceira revolução industrial da microeletrônica. O que era logicamente previsível é que esse limite seria alcançado mais cedo ou mais tarde. Pois o sistema sofre de uma autocontradição incurável. De um lado, ele vive do fato de sugar maciçamente energia humana através do gasto do trabalho para sua maquinaria: quanto mais, melhor. De outro, contudo, impõem, pela lei da concorrência empresarial, um aumento de produtividade, no qual a força de trabalho humano é substituída por capital objetivado “cientifizado”. (HOLLOWAY, 2013, p. 187).

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17 mesmo tempo buscar ações simples que neguem a lógica do capital. Mesmo que, como disse Holloway (2013), frequentemente pareça que não há esperança. Tantas revoluções que falharam. Tantos experimentos emocionantes anticapitalistas que acabaram em frustação e recriminação, que hoje é mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo. Atingiu-se um estágio em que é mais fácil pensar na aniquilação total da humanidade do que imaginar uma mudança na organização de uma sociedade manifestadamente injusta e destrutiva.

É necessário avaliar os valores dessa sociedade e verificar o que realmente é necessário à vida e o que de fato não faz sentido manter, e neste sentido, buscar enxergar formas mais justas de se relacionar homem, sociedade e natureza.

A mudança de paradigmas é uma barreira muito difícil, e é importante que seja superada para que se alcance uma mudança efetiva, que rompa com o sistema capitalista, para que seja possível pensar em uma nova forma de se organizar, mais justa, mais humana. Qualquer tentativa de se fazer pequenas mudanças que não afetem a estrutura do sistema capitalista, termina sendo novas formas de acordos de servidão (HOLLOWAY, 2013).

O peso dessa responsabilidade recai sobre os ombros de cada indivíduo. Cada um deve questionar se a estrutura da sociedade faz sentido, se é racional e se valorizam realmente a vida de seus membros. Do contrário, se o capitalismo foi criado pelo homem, ele pode deixar de criá-lo e é criar outra coisa (HOLLOWAY, 2013).

2.3 Reflexões críticas sobre a crise da percepção: perspectivas relevantes

A visão cartesiana é limitada e fragmentada, negligencia as forças econômicas básicas, deixando de fora as realidades sociais e políticas. E a economia, por ser claramente uma disciplina dependente de valores, precisa refletir sobre o “padrão de vida” medido pelo montante de consumo anual, e a busca de um máximo de consumo. Ela pode, ainda, ser encarada de outra forma, menos consumista, como um sistema com o foco nas pessoas baseado no “modo de vida correto” e de “caminho do meio”, mais preocupado com o bem-estar humano, procurando um padrão ótimo de produção sem exageros. Uma forma de uma economia que leva em conta as pessoas sem desprezar a natureza como um todo.

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Se o que foi modelado pela tecnologia, e continua a ser, parece esta doente, seria talvez prudente da uma olhada na própria tecnologia. Se a tecnologia é vista como cada vez mais desumana, talvez fosse preferível examinarmos se não é possível ter alguma coisa melhor – uma tecnologia com fisionomia humana. (SCHUMACHER, 1977, p. 130)

É importante pensar em tecnologias diferentes para evoluir de maneira harmônica e realmente sustentável. Pois o foco dado ao crescimento do PIB e da renda per capita bem como a aproximação dos patrões de consumo ao estilo dos países desenvolvidos mostram quão limitada é a visão do desenvolvimento.

Mas o simples crescimento não basta. Uma grande atividade produtiva pode coexistir com a pobreza disseminada, e isto constitui um risco para o meio ambiente. Por isso, o desenvolvimento sustentável exige que as sociedades atendam as necessidades humanas, tanto aumentando o potencial de produção, quanto assegurando a todos as mesmas oportunidades (EM DISCUSSÃO, 2014).

Sobre este assunto Resende (2013) disse que mesmo depois de décadas de rápido crescimento da renda mundial, as desigualdades não foram resolvidas, mas, pelo contrário, exacerbadas até mesmo nos países mais desenvolvidos, e isso levanta uma série de dúvidas sobre a hipótese de que o problema venha a ser resolvido pelo mero crescimento.

[...] O efeito deletério do crescimento econômico sobre a qualidade de vida, com seu impacto sobre o trânsito particular. Pode-se sempre argumentar que o problema não é o crescimento propriamente dito, e sim o automóvel, as grandes aglomerações urbanas, o estilo de vida – mais que o enriquecimento diretamente –, que reduz a qualidade de vida. Correto, mas crescimento e enriquecimento são hoje indissociáveis do estilo consumista que, a partir de um certo ponto, contribui para redução do bem-estar (RESENDE, 2013, p. 25).

E por isso é necessário ter cuidado com as armadilhas de decisões que envolvem o desenvolvimento. O crescimento por si só não deve ser sempre aceito como desenvolvimento. Existem formas de se desenvolver qualitativamente muito diferentes do simples aumentar do PIB, como por exemplo, acabar com a pobreza, diminuir as desigualdades sociais, preservar a cultura, lazer e melhorar as condições de vida.

[...] Argumentou-se que o desenvolvimento econômico, do modo como o conhecemos, pode na realidade, ser danoso a um país, já que pode conduzir à eliminação de suas tradições e herança cultural. Objeções desse tipo são com frequência, sumariamente descartadas com o argumento de que é melhor ser rico e feliz do que pobre e tradicional. Esse pode ser um lema persuasivo, mas não uma resposta adequada à crítica em discussão. Tampouco reflete um empenho sério na crucial questão valorativa que está sendo levantada pelos céticos do desenvolvimento (SEN, 2008, p. 47).

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19 natureza, abundante em beleza e diversidades. Perde-se raízes culturais, a identidade local e os valores humanos foram invertidos.

[...] Acontece que este mesmo capitalismo moderno é incapaz de resolver de forma automática a questão das desigualdades e da exclusão social. Pelo menos transitoriamente as agrava. A redução da desigualdade depende essencialmente da vida pública, da política e da cidadania (RESENDE, 2013, p. 236-237).

Percebe-se a ineficiência, ao se seguir a lógica do capital. Evidencia-se a não preocupação com problemas econômico-sociais e que na verdade só os aumentam. E isso gera efeitos prejudiciais às sociedades.

Leonard (2010) relata que o desenvolvimento tem um alto custo, e muito erroneamente, é negligenciado por líderes do mundo inteiro, por isso, é importante perceber a evolução do pensamento, que reavalia as prioridades da sociedade, tendo em vista que os problemas que a ação do homem tem causado à natureza e a ele próprio estão cada vez mais próximas de um colapso, e que além de irreversível, poderá ser fatal.

Outros trabalhos apontam na mesma direção, como os “Limites do Crescimento”, (MEADOWS, 1972) formulado no Relatório do Clube de Roma. E uma pesquisa interessante de Annie Leonard (2010), em "A História das Coisas", dentre outras, que contribuem no alerta sobre o risco de um futuro nefasto.

A Global Footprint Network (GFN) calcula a pegada ecológica de vários países e até do planeta. Após medir o uso dos recursos naturais e de serviços oferecidos pelo ecossistema, como regulação do clima e ciclo de agua, chega à área necessária para sustentar esse uso. Segundo a GFN, o mundo hoje consome os recursos produzidos pelo equivalente a 1,4 Terras por ano... O primeiro ano em que usamos mais do que o planeta poderia sustentar foi 1986 (LEONARD, 2010, p. 166).

O homem enfrenta problemas de escassez de recursos por não conseguir utilizar os recursos de forma eficiente e sustentável. Uma grande parte do problema é que o sistema econômico dominante valoriza o crescimento como um objetivo em si mesmo, Além disso, os verdadeiros custos ecológicos e sociais do crescimento não são incluídos no PIB.

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É o resultado por se ter como foco a reprodução da sociedade através da busca dos lucros incessantes, quando o mais coerente seria priorizar o bem estar e as necessidades humanas que se encontram em relativa desvalorização, obscurecidas ao ponto de não se perceber a gravidade da situação:

A dura verdade é esta: se somarmos as medidas fáceis, econômicas e ecoeficientes, que todos deveríamos abraçar, conseguiríamos, no máximo, uma redução no crescimento do dano ambiental. Ser obcecado por reciclagem e instalar algumas lâmpadas especiais não basta. Precisamos promover uma virada radical em nossos sistemas energéticos, de transporte e agrícolas, em vez de fazer ajustes tecnológicos marginais, e isso implica mudanças e custos que nossos líderes atuais parecem temerosos em discutir. (LEONARD, 2010, p. 241)

De fato, existe uma conexão forte entre políticas do meio ambiente, economia, relações sociais, desigualdades e miséria. Por isso não se deve subestimar a complexidade de cada problema e suas interconexões. Ao abordar a economia, por exemplo, é preciso entender bem como esses assuntos se relacionam. O posicionamento acadêmico, politico ou moral encontra uma confluência, mesmo vinda de origens diferentes, de ideias sobre as necessidades de mudanças genuínas.

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3 ACONTECIMENTOS RELEVANTES PARA O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO ECOLÓGICO

Se a terra tiver de perder a maior parte de sua beleza pelos danos provocados por um crescimento ilimitado da riqueza e da população [...] então pelo bem da posterioridade, desejo sinceramente que nos contentemos em ficar onde estamos nas condições atuais, antes que sejamos obrigados a fazê-lo por necessidade. John Stuart Mill

3.1- Dados cronológicos

Para melhor entender o processo histórico em que as ideias que deram origem à visão ecológica surgiram, é necessário, observar os fatos ocorridos ao longo dos anos. O problema de como extrair matéria-prima, produzir e descartar os resíduos não era compreendido como uma ameaça de colapso da atividade humana. A preocupação mundial com os limites do crescimento no planeta, datam da década de 60, quando começaram as discussões sobre os riscos de degradação do meio ambiente. A ONU promoveu uma Conferência sobre o Meio Ambiente em Estocolmo (1972). No mesmo ano os pesquisadores do “Clube de Roma” publicaram o estudo “Limites do Crescimento”, estudo que concluiu que se mantivermos os níveis de industrialização, poluição, produção de alimentos e exploração dos recursos naturais, o limite do desenvolvimento do planeta seria atingido em, no máximo, 100 anos, provocando uma repentina diminuição da população mundial e da capacidade industrial. O estudo recorria ao neo-malthusianismo como solução para a iminente catástrofe (MEADOWS, 1972).

Houveram outras iniciativas e discussões sobre como tratar a questão ambiental e no ano de 1987 a Comissão Mundial da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED) apresentou um documento conhecido por Relatório Brundtland que diz que o desenvolvimento sustentável é desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades. O relatório foi bem aceito por não apresentar as críticas à sociedade industrial.

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Em 1992, no Rio de Janeiro foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento mostrando o aumento do interesse mundial pelo futuro do planeta. Muitos países deixaram de ignorar as relações entre desenvolvimento socioeconômico e modificações no meio ambiente (EM DISCUSSÃO, 2014).

Em 1997, foi discutido o Protocolo de Kyoto ratificado no ano seguinte, com o objetivo de diminuir a emissão de gases poluentes, para minimizar os efeitos do aquecimento global. O Protocolo também incentiva e estabelece medidas com intuito de substituir produtos oriundos do petróleo por outros que provocam menos impacto. Diante das metas estabelecidas, o maior emissor de gases do mundo, Estados Unidos, desligou-se em 2001 do protocolo, alegando que a redução iria comprometer o desenvolvimento econômico do país (PROTOCOLO DE KYOTO, 2014).

As principais conferências sobre o meio ambiente ratificam a preocupação mundial com o futuro da humanidade, resta agora apresentar de quais formas se pode realmente gerar mudanças sem que hajam impedimentos vindos de interesses pessoais.

Os acontecimentos recentes não superam os paradigmas mecanicistas, mas demostraram que existem preocupações com o rumo que a sociedade está seguindo. E a visão ecológica veio se formulando ao longo desses acontecimentos, não obstante, coexiste pensamentos distintos que tentam apenas camuflar o verdadeiro problema, apresentando soluções temporárias, mecânicas sem realmente se comprometer com uma mudança verdadeira de perspectiva (LAYRARGUES,1997).

A visão ecológica surgiu com as discussões realizados nesse período com a participação não só de ambientalistas como de profissionais com posicionamento bem ortodoxos como é o caso de Georgescu Roegen.

3.2- Contribuição de Georgescu Roegen

Na década de 70 houve a apresentação do trabalho de um economista romeno Georgescu Roegen que ficou conhecido, e pagou um alto preço por suas ideias por aplicar à economia o conceito de entropia, emprestado da termodinâmica, ao mostrar que as concepções tradicionais da economia pecavam pelo extremo mecanicismo (CECHIN, 2008).

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23 [...] a entropia havia sido redefinida como medida do grau de desordem de um sistema. E a Lei da Entropia adquirido o seguinte significado: Na natureza há uma tendência constante da ordem se tornar desordem. (CECHIN, 2008, p. 61)

Existe um desgaste natural do sistema, a entropia do processo das atividades humanas não estava sendo considerada na visão mecanicista. Tanto que em alguns livros de introdução à economia, como o de Troster e Mochón (1994), começam com o diagrama do fluxo circular de renda, que mostra como o dinheiro, mercadorias e insumos circulam entre famílias e empresas.

Figura 1 - Fluxo circular de renda, visão cartesiana clássica TROSTER, 1994, p. 21).

Como podemos ver na figura, esse fluxo circular de renda está incompleto, pois não enxerga que os agentes econômicos, empresas, famílias, estão inseridos num sistema maior, o ecossistema. Pela forma apresentada o sistema econômico parece ser isolado inexistindo preocupações ambientais, cria-se uma ideia de auto-organização perpétua da atividade humana. Para confrontar esse erro Georgescu propôs uma visão metabólica do processo, mostrou que o sistema econômico não era um motor-perpétuo, que alimenta a si mesmo de forma circular, sem perdas. Ao contrário, é um sistema que transforma recursos

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naturais em rejeitos que não podem mais ser utilizados. Ao desenvolver uma nova representação do processo, destacou que ele não é circular e isolado, mas linear e aberto.

E analisando o fluxo com o conceito de entropia, Georgescu permitiu a reflexão sobre os fatores interligados nesse processo. Suas ideias e questionamentos foram valiosas para elaboração de um novo fluxo de circulação de renda na visão ecológica. Esse novo fluxo leva em consideração as inter-relações do homem com a natureza e enxerga o sistema econômico como uma parte do sistema biofísico (CECHIN, 2008).

Figura 2 – Fluxo de matéria e energia – visão ecológica sistêmica (CAVALCANTI, 2010.)

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25 do circulatório imaginado pela economia convencional. É essa também a compreensão biofísica do processo econômico (CAVALCANTI, 2010).

Essa visão é termodinâmica pois toda atividade significa uma transformação de energia, e encarando o processo econômico com tal óptica, a economia ecológica implica uma mudança fundamental na percepção dos problemas de alocação de recursos e de como eles devem ser tratados, do mesmo modo que uma revisão da dinâmica do crescimento econômico (CAVALCANTI, 2010).

A contribuição da perspectiva da termodinâmica, com essa confluência de ideias e novas formas de enxergar a economia e o mundo, foi precursor da visão sistêmica na Economia Ecológica e a formação desse novo campo de estudo (Economia Ecológica) se mostrou relevantemente promissor no processo de quebras de paradigmas cartesianos. (CECHIN, 2008).

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4 VISÃO SISTÊMICA (ECOLÓGICA)

O crescimento terá que ser limitado e a noção de escala desempenhará um papel crucial na reestruturação de nossa sociedade. (CAPRA, 1982, p. 215)

A nova visão da realidade baseia-se na consciência do estado de inter-relação e interdependência essencial de todos os fenômenos – físicos, biológico, psicológicos, sociais e culturais. Não existe uma estrutura bem estabelecida que acomode a formulação do novo paradigma, mas muitos indivíduos, comunidades e organizações estão desenvolvendo novas formas de pensar que se estabelecem de acordo com os novos princípios. Nenhuma teoria ou modelo será mais fundamental do que o outro, e todos terão de ser compatíveis (CAPRA, 1982).

A nova abordagem considera as interconexões entre as diversas áreas de conhecimento, e um aspecto relevante é o conceito de transdisciplinaridade.

4.1 – Conceito de transdisciplinaridade

Por transdisciplinaridade entende-se que a visão ecológica vai além das formas de conceituações normais das disciplinas científicas e tenta integrar e sintetizar muitas perspectivas disciplinares diferentes. Pois apesar de as universidades ensinarem as disciplinas separadamente (abordagem unidimensional) o mundo real tem problemas concretos (multidimensionais). O que exige uma abordagem conceitual mais ampla, mais interdisciplinar, para tratar os problemas, considerando suas interconexões e complexidade (CAVALCANTI, 2010).

A transdisciplinaridade busca a integração entre os conhecimentos, de forma a conseguir analisar um todo complexo. E as partes: meio ambiente, seres vivos e sociedades são tratados como subsistemas de um único sistema vivo. A dinâmica dessa nova abordagem permite que se enxergue que o todo é bem maior que a soma das partes. Ao considerar os impactos desencadeados ao interagir com os subsistemas, atinge-se um grau de compreensão mais concreto e profundo da realidade.

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Figura 3 - Uma Cosmovisão Científica Pós-Cartesiana (HENDERSON, 1980, p. 62).

(Baseada numa visão global, nas ciências biológicas e sistêmicas, e não em modelos inorgânicos, estáticos, de equilíbrio ou mecânicos).

PRINCÍPIOS

INTERCONEXÃO Em todos os níveis sistêmicos

REDISTRIBUIÇÃO Reciclagem de todos os elementos e estruturas

HETERARQUIA Redes e teias, intercomunicações em vez de hierarquias; muitas variáveis sistêmicas interativas; autopoiese, causalidade mútua.

COMPLEMENTARIDADE Substitui a lógica dicotômica do “ou isto ou aquilo” pela metalógica do “yin yang”; todos ganham em vez de jogos de soma zero.

INCERTEZA

Dos modelos estatísticos, e baseados no equilíbrio mecanicista para os modelos probabilísticos, morfogenéticos, oscilantes e cíclicos. Visão biológica de sistemas vivos auto organizadores, auto reprodutores e auto referências.

MUDANÇA Enfoque sobre fenômenos irreversíveis, bem como os tradicionais modelos reversíveis; visão evolucionária, espaço-tempo macroscópico, mudança como algo fundamental, a certeza como algo limitado.

A nova visão apresenta uma estrutura bem diferente e, ao contrapor a visão isolada e estática, propõem interconexão entre todos os níveis sistêmicos passando a considerar o todo, e não só as suas partes, para compreender os mais diversos fenômenos.

A redistribuição considera a questão de manutenção dos sistemas, para buscar se reproduzir com o mínimo de entropia possível.

A heterarquia considera o processo de interconexão e intercomunicação como meio autogerador e auto organizador. Uma estrutura horizontal, interativa que se relaciona de forma dinâmica e complexa.

A complementaridade refere-se a atitudes que busquem melhorias com impactos coletivos, o melhor para a natureza é também o melhor para homem, harmonizar as relações, o que é bom para o homem que prejudique a natureza acaba sendo paradoxalmente prejudicial ao homem.

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A mudança é necessária e natural, faz parte do processo evolutivo. Análises estáticas podem levar a erros, visto que os fenômenos reais são dinâmicos e, por isso, são incapazes de retratar toda a complexidade dos fenômenos (HENDERSON, 1980).

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4.2- A visão ecológica e a economia

Segundo Capra (1982) a economia para ser descrita apropriadamente tem que relacionar os conceitos básicos e as variáveis econômicas com os sistemas sociais e ecológicos, o que exige uma abordagem multidisciplinar.

A incapacidade do pensamento cientifico cartesiano para entender a crise da sociedade moderna ocidental, vem motivando mudanças de paradigmas em todos os campos da ciência, que passam a adotar uma visão mais holística e ecológica, não menos cientifica, contudo, mais próxima da realidade (CAPRA, 1982, p. 185).

Dessa forma, a falha do pensamento linear cartesiano, ao se limitar a conceitos mecânicos, abre precedente para a mudança de postura e de visão de mundo que irá romper com a estrutura convencional mecanicista, em busca de uma análise mais completa. Apresentando transdisciplinaridade para avaliar o comportamento racional, valores socioculturais e seus impactos em todo um ambiente interconectado.

A nova teoria deve envolver uma abordagem sistêmica que integrará a biologia, a filosofia politica, entre outros ramos do conhecimento humano, em conjunto com a economia. Sua abordagem ainda é cientifica, mas vai muito além da imagem cartesiana-newtoniana de ciência. Sua base empírica inclui, além de dados ecológicos, um referencia clara aos valores culturais. Partindo dessa base, esses cientistas estarão aptos a construir modelos dos fenômenos econômicos mais realistas e confiáveis (CAPRA, 1982, p. 224).

A reavaliação da ciência econômica deve incorporar a ideia de considerar a estrutura do pensamento econômico atual, tão profundamente enraizada no paradigma cartesiano, como um modelo científico obsoleto. Para Capra ela pode perfeitamente continuar a ser útil para limitadas analises microeconômicas, mas precisará ser modificada e ampliada.

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29 processo econômico é um processo também físico, as relações físicas não podem deixar de fazer parte da análise do sistema econômico (CAVALCANTI, 2010).

A Economia Ecológica compreende a importância da conexão entre o sistema econômico e o ambiente natural, e possui o propósito de integrar os componentes do sistema econômico com os do sistema ambiental, procurando assim entender seu funcionamento comum. A Economia Ecológica é um campo transdisciplinar que visa a integração entre as disciplinas da economia e ecologia, e demais disciplinas correlacionadas, para uma análise integrada dos dois sistemas (CAPRA, 1982).

A economia ecológica atribui à natureza a condição de suporte insubstituível de tudo o que a sociedade pode fazer. Isto é, dá uma importância bem maior do que os pensamentos ambientais que discutem uma taxação ou precificação para destruição de recursos naturais. A economia ecológica defende uma sociedade que se desenvolva em harmonia com a natureza, respeitando seus ciclos biológicos (CAVALCANTI, 2010).

4.3 – Jornada para além do mecanicismo

A nova visão traz a ideia de ação longe da ótica do capital visando o que é realmente necessário e desejável. E no que diz respeito à Economia Ecológica, não sabemos se o que está acontecendo aponta para uma futura mudança de paradigma, ou simplesmente para a solução de uma anomalia nas ciências econômicas. Neste caso, a anomalia seria a crise ambiental, ou melhor, a incorporação da natureza como elemento central nas análises e decisões da teoria econômica. (PONTES, 2000)

Uma grande quantidade de respostas ao capitalismo mecanicista, já foi formulada. E segundo Latouche (2009) para se viver melhor é preciso viver de outra maneira, fazer melhor e mais com menos, eliminar as fontes de desperdícios e aumentando a durabilidade dos produtos. Pode-se usar mais dos meios de transporte coletivo e aumentar a eficiência da estrutura de produção de modo e minimizar o descarte.

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comunidades, tanto pelas possibilidades de compartilhamento de utensílio, ferramentas e favores quanto pelo fortalecimento das relações sociais.(LEONARD, 2010)

A ambientalista Annie Leonard (2010) aponta uma tendência animadora em projetos verdadeiramente revolucionários através da biomimética, onde as soluções em design são inspiradas nos princípios fundamentais da natureza. A natureza funciona por energia solar e usa apenas a energia de que necessita; usa uma química a base de água; adapta a forma à função; recicla tudo; investe na diversidade; exige especialização local; detém os excessos internamente, utiliza o poder dos limites. A biomimética busca descobrir como fazer com que tecnologias, infraestruturas e produtos sigam esses mesmos princípios da natureza. O problema do gerenciamento adequado do lixo com a apresentação da proposta do descarte zero:

O descarte zero é uma filosofia, uma estratégia e um conjunto de ferramentas práticas. Desafia a própria ideia de que o lixo é inevitável. Ao tentar eliminá-lo, e não simplesmente gerenciá-lo. A revista Newsweek incluiu o descarte zero em sua lista de “dez soluções para o planeta” (LEONARD, 2010, p. 112).

A Global Alliance for Incinerator Alternatives (GAIA) apresenta nove componentes-chaves dos programas de descarte zero que podem ser adaptados em diferentes lugares, desde escolas e bairros até estados ou países inteiros, sendo eles:

1. Reduzir o consumo e o descarte; 2. Reutilizar os descartados;

3. Responsabilidade estendida do produtor; 4. Reciclagem abrangente;

5. Compostagem abrangente ou biodigestão de materiais orgânicos; 6. Participação do cidadão;

7. Proibição de incineração de dejetos; 8. Melhoria do projeto industrial; e

9. Apoio político, legal e financeiro ao programa (LEONARD, 2010, p.235).

Paralelamente, podemos perceber iniciativas que visam diminuir a pobreza, serve de exemplo a criação de uma modalidade de empréstimo feita para grupo de baixa renda em caráter de aval solidário (ou seja, todos do grupo respondem pela dívida de qualquer um dos membros que por algum motivo não consiga honrar a divida) esta iniciativa surgiu primeiramente em Bangladesh e nas palavras do “Banqueiro dos Pobres” Muhammad Yunus: “No Grameen nós procuramos gerar não apenas mudanças econômicas, mas também mudanças sociais. Queremos que as mulheres, cidadãs de segunda categoria, tornem-se pessoas responsáveis, capazes de resolver sua vida e de seus filhos” (YUNUS, 2000, p. 155).

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31 desaparecer o que ameaça as bases naturais da vida, de que fazem parte o nuclear e, em parte, o automóvel para uso particular. O ideal é apoiar a racionalidade ecológica, com a famosa estratégia win-win (ganha-ganha), em substituição à racionalidade econômica (capitalista) de jogo de soma zero (LATOUCHE, 2008).

No longo prazo, o que é ecologicamente irracional não pode ser economicamente racional. As necessidades ecológicas devem se tornar princípios básicos da atividade econômica. Uma nação poderá se desenvolver sem necessariamente crescer, se, por exemplo, buscar o fim do analfabetismo, melhoria do sistema de saúde, opções de lazer, transporte, educação de qualidade, incentivo aos esportes e cuidados à natureza conduzindo a uma consequente elevação dos padrões de vida e elevação da expectativa de vida.

A qualidade de vida pode ser em muito melhorada, a despeito dos baixos níveis de renda, mediante um programa adequado de serviços sociais. O fato de a educação e os serviços de saúde também serem produtivos para o aumento do crescimento econômico corrobora o argumento em favor de dar-se mais ênfase a essas disposições sociais nas economias pobres sem ter de esperar “ficar rico” primeiro (SEN, 2008, p. 66).

Para mudar as perspectivas de vida no planeta, devemos reduzir radicalmente a demanda dos materiais extraídos, aumentar a eficiência e a produtividade dos recursos usados e estimular o programa de reutilização e reciclagem. Precisamos,

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5. EM BUSCA DE UM MUNDO MELHOR

Através da análise das limitações do sistema mecanicista observasse a necessidade de mudança de paradigmas, e por isso, é importante que, ao se discutir sobre quais valores devem guiar a humanidade, não se objetive escolher uma ideia superior perfeita e sim refletir sobre as possibilidades de equilibrar os interesses e conforto humano com os limites físicos da natureza. O processo de mudança é contínuo e natural, não deve ser visto como um problema a ser resolvido e arquivado. No momento, a preocupação é com a forma de reproduzir os ciclos da sociedade em harmonia com a natureza. Capra e Holloway falam sobre as mudanças dos paradigmas e apresentam uma proposta.

5.1 – Capra e a passagem para “A Idade Solar”

A ideia centrada na teoria da complexidade reúne a ótica da visão sistêmica, ecológica. Interdisciplinaridade, valorização do homem e da natureza como parte importante do processo de reprodução de uma sociedade.

A visão sistêmica da vida é uma base apropriada tanto para as ciências do comportamento e da vida quanto para as ciências sociais e, especialmente, a economia. A aplicação dos conceitos sistêmicos para descrever processos e atividades econômicos é particularmente urgente porque “praticamente todos os nossos problemas econômicos atuais são problemas sistêmicos que já não podem ser entendidos dentro do âmbito da visão do mundo da ciência cartesiana” (CAPRA, 1982, p. 379).

De acordo com a concepção sistêmica, a economia é um sistema vivo composto de seres humanos e organizações sociais em contínua ação entre si e com os ecossistemas circundantes de que a vida humana depende. O estado de interligação dos sistemas vivos possui duas regras importantes para a administração de sistemas sociais e econômicos. Primeiro, existe uma dimensão ótima para cada estrutura, organização e instituição, a maximização de qualquer variável destrói o sistema maior. Segundo, quanto mais uma economia se baseia na reciclagem contínua de seus recursos naturais, mais está em harmonia com o meio ambiente circundante. (CAPRA, 1982)

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33 descentralização das atividades industriais e da população; a redistribuição de riquezas; e criação de tecnologias flexíveis e preservadora de recursos. Para que a estabilidade seja reconquistada é necessária uma mudança na forma de organização e uma profunda mudança de valores (CAPRA, 1982).

A forma de utilizar energias mais brandas, que se baseiam em fontes renováveis e que ocupam pequenas áreas, pequenas escalas, é um importante fator para a ocupação de mão de obra local, além de ser uma forma de utilizar energia limpa, ambientalmente benigna, e economicamente eficientes. Entre esses tipos de energia a solar é amais importante. A Idade Solar diz respeito à fonte de energia que a humanidade utiliza desde os primórdios e é eficiente, limpa, e renovável. Está relacionada a outras fontes de energia (com exceção da nuclear), e tem muito a ver com a visão ecológica que deve ser aproveitada ou planejada para as necessidades presentes e futuras.

Os principais obstáculos para a transição solar não são técnicos, mas políticos. A mudança de recursos não renováveis para recursos renováveis forçará as companhias petrolíferas a abandonar seus papeis dominantes na economia mundial e alterar suas funções de maneira fundamental. Se a sociedade decidir colocar os benefícios sociais a longo prazo de se utilizar energias brandas, renováveis acima dos ganhos particulares a curto prazo, estará se concretizando a passagem para a era solar (CAPRA, 1982).

A transição para a Idade Solar está realmente a caminho, agora, não apenas em termos de novas tecnologias, mas num sentido mais amplo, como transformação profunda de toda a nossa sociedade e cultura. A mudança do paradigma mecanicista para o ecológico está acontecendo neste momento nas ciências, nas atitudes e valores individuais e coletivos, do atual modelo de organização social.

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ideias obsoletas. As instituições sociais dominantes tampouco cederão seus papeis de protagonistas às novas forças culturais. Mas seu declínio continuará inevitavelmente, e elas acabarão por desintegrar-se, ao mesmo tempo em que a cultura nascente continuará ascendendo e assumirá finalmente seu papel de liderança. Ao aproximar-se o ponto de mutação, a compreensão de que mudanças evolutivas dessa magnitude não podem ser impedidas por atividades politicas em curto prazo fornece a nossa mais sólida esperança para o futuro (CAPRA, 1982).

Para Capra a sociedade está em transição para a era solar de modo que a mudança é algo natural. A evolução dessa ideia corrobora com linhas de pensamento das teorias do decrescimento e o principal aqui não é necessariamente decrescer como objetivo, e sim almejar o desenvolvimento qualitativo da sociedade tendo o ser humano como foco.

5.2 - A ideia de Holloway- Abandonar o modelo cartesiano (capitalismo)

Outra abordagem de como se pode fazer para que a sociedade consiga abandonar de vez o sistema capitalista foi proposta por Holloway (2013 p. 14),que afirma que é preciso: “Fissurar o capitalismo. Rompê-lo de tantas formas quanto podermos e tentar expandir e multiplicar as fissuras e promover sua confluência”.

Ele afirma que:

A fissura é uma ruptura com as relações sociais capitalistas. Não existe modelo a ser aplicado, mas a um princípio fundamental de assimetria no que diz respeito às relações sociais capitalistas. O capital é a negação da autodeterminação se a luta não é assimétrica em relação ao capital ela simplesmente reproduz as relações sociais capitalistas (HOLLOWAY, 2013, p. 41-42).

Para Holloway qualquer que seja a revolta contra o sistema capitalista, em que se exija mudanças que não alteram a relação do capital, é mera negociação de novas condições de servidão. Fissuras aqui significam uma mudança de caráter não permanente em que se busque negar a lógica do capital.

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35 software e a música das engrenagens do capitalismo (HOLLOWAY, 2013, p. 30).

O “não” original não é um fechamento, mas uma abertura a uma atividade diferente, o limiar de um contra mundo com uma lógica diferente e uma linguagem diferente. O não abre um espaço-tempo no qual tentamos viver como sujeitos ao invés de objetos. Estes espaços ou tempos nos quais afirmamos a nossa capacidade de decidir por nós mesmos o que deveríamos fazer assumindo a responsabilidade de nossa própria humanidade.

Uma fissura é a criação perfeitamente comum de um espaço ou momento no qual asseguramos um tipo diferente de fazer, “não neste espaço, neste momento, não vamos fazer o que a sociedade capitalista espera de nós. Vamos fazer aquilo que consideramos necessário ou desejável” (HOLLOWAY, 2013, p. 21).

A noção de fissura mantém viva a perspectiva de uma transformação total da sociedade. Ainda que cada rebelião tenha a sua própria validade e não requeira justificativa em termos de contribuição para revolução futura.

Os bens comuns podem ser vistos como a forma embrionária de uma nova sociedade. “Se a forma-célula do capitalismo é a mercadoria, a forma celular de uma sociedade para além do capital é o bem comum” (2007, 28). Se o capital é um movimento de cercamento, os bens comuns são uma comunicação difusa, um movimento na direção oposta, uma recusa destes cercamentos, pelo menos em áreas especificas (HOLLOWAY, 2013, p. 31).

É preciso entender que existem alguns pontos relevantes para se entender como as fissuras permitiram a transformação da sociedade e a proposta é mais uma pergunta do que uma resposta. A resposta é, na verdade, “Revoltemo-nos, da maneira que pudermos” (HOLLOWAY, 2013, p. 75). A expansão das fissuras não é uma questão de número crescente de membros, tampouco se trata de falar ou pregar, ainda que isso possa ter uma função. É provavelmente melhor pensar em contágio, emulação e ressonância. O movimento de centros sociais se expandiu, não com a ida de membros a outra cidade, mas quando os últimos ouviram ou viram o primeiro centro social, se impressionaram e decidiram montar algo parecido em sua própria cidade.

O propósito das fissuras não é criar uma comunidade de santos, mas estabelecer uma forma de relação diferente entre as pessoas. O foco é dado nas pessoas simples porque a luta já está acontecendo.

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de suas atividades pelo dinheiro e opõem àquela lógica outro conceito de fazer, um outro-fazer, que elas mesmas, individual ou coletivamente procura determinar. (HOLLOWAY, 2013, p. 24)

Norteando-nos pela ideia de horizontalidade, em termos de organização, a qual é parte da afirmação da própria subjetividade humana e rejeitando a estrutura vertical opressora, poderemos tentar envolver todos na tomada de decisões em base de igualdade, mesmo que não seja de forma absoluta, mas como uma luta constante contra a verticalidade. A ideia da luta por uma sociedade diferente deve abrir a possibilidade para uma sociedade que encarne a mudança pela qual se luta.

A única maneira de mudar o mundo é fazê-lo nós mesmos. E fazê-lo aqui e agora para criar um mundo diferente, temos que sobreviver fisicamente, isto requer algum tipo de acesso ao dinheiro. O desafio é sempre ver até que ponto podemos usar o dinheiro sem sermos usados por ele, sem permitir que nossas atividades e nossas relações sejam determinadas por ele (HOLLOWAY, 2103, p. 70).

O problema é que existe a pressão universal para conformar-se, que vem da coesão social das relações sociais capitalistas. Podemos fazer um protesto, podemos gritar, podemos atirar pedras, mas então a totalidade das relações sociais capitalistas parece fluir à nossa volta e nos sugar de volta ao sistema. Pois ainda temos que comer, vender nossa força de trabalho para ganhar dinheiro e comprar comida (HOLLOWAY, 2013).

A constituição do trabalho é a constituição de uma nova hierarquia entre o trabalho e outras atividades. A criação do trabalhador é ao mesmo tempo a criação de uma nova hierarquia entre ele e aqueles cuja responsabilidade primaria é o desempenho daquelas outras atividades de reprodução (HOLLOWAY, 2013, p. 116).

Onde Holloway quer chegar é que o impulso correto, o fazer contra o trabalho não está em direção ao individualismo, e sim em direção a uma forma diferente de sociabilidade, uma sociabilidade que não mais seria uma síntese social, um fluxo social de entrelaçamento, com pontas soltas, com a nossa capacidade social de prover as necessidades, numa situação em que o único benefício social direto é a liberdade de fazer a sua própria coisa.

Pense por si mesmo e por si mesmos, usem a sua imaginação, sigam as suas inclinações e façam o que consideram necessário ou prazeroso, sempre com o mote de contra-e-mais-além do capital (HOLLOWAY, 2013, p. 246).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A humanidade tem ao longo da história mostrado uma visão de mundo incompatível com a realidade, o modelo cartesiano negligencia a complexidade da realidade que precisa ser analisada levando em consideração suas interconexões entre todas as coisas e, sobretudo a economia como depende de valores não deve se restringir a mensurações monetárias.

A visão cartesiana não só é incompatível como danosa à vida do planeta, e o capitalismo mostra sua lógica paradoxal e estruturalmente falha. Mesmo que exista uma grande resistência à mudança se faz necessário romper com os valores do atual modelo e não só apresentar pequenas mudanças que mais parecem novos acordos de servidão ao capital.

E esses efeitos geram a persistência da exclusão social, a desvalorização acelerada da vida pública, o descrédito da política e a falência progressiva da cidadania, além da institucionalização do crime e a criminalização da política faz com que se duvidem da possibilidade de mudança genuína. É aceitável que se reavalie os valores do moderno capitalismo de massa, e assim compreender suas consequências e buscar mudanças. Isso deve começar pela reorganização da vida pública. Procurar compartilhar o mundo inevitavelmente cada vez mais interligado e integrado com a valorização das comunidades locais. Deve-se tentar reaproximar os homens públicos de suas comunidades, reverter de forma drástica a influência da publicidade e do marketing na vida pública. Seus efeitos sobre a expectativa de consumo já são penosamente deletérios, mas sobre a vida pública são devastadores.

É notável que como visto no breve histórico as preocupações ambientais não deve se restringir aos tratados, muitas vezes desobedecidos, e políticas capitalistas camufladas. É necessária uma mudança verdadeira nos paradigmas e uma gestão ambiental global para evitar a destruição do planeta e, consequentemente, a do homem.

Observando as imperfeições e injustiças do sistema, e tendo em vista a necessidade de mudança, todo esforço para que essas mudanças venham a acontecer se faz necessário, para decidir como organizar a sociedade de modo que não seja autodestrutiva ou nociva a natureza.

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ser feitas, e podem ser feitas em curto prazo. Colocar crianças de rua nas escolas, oferecer incentivos culturais à sociedade, entre outros.

Ao analisar a essência do pensamento de Capra e Holloway abordados de forma a acreditar e explicar o porquê da necessidade de mudança, fica perceptível que as suas ideias convergem em relação ao andamento das mudanças de valores e paradigmas e a compreensão do papel que cada um tem no processo da mudança.

Entretanto, Holloway acredita numa mudança estrutural radicalmente apartada da ideia de capital e a crítica da lógica do lucro incessante como algo autodestruidor do próprio sistema. Capra não analisa a questão da insustentabilidade estrutural por si e até cogita que as ferramentas de mensuração econômica devem considerar nas tomadas de decisões, custos, riscos ambientais e sociais de modo a quantificar prejuízos de forma monetária. Para Capra nem tudo está perdido em relação à estrutura da sociedade, ele acredita que podem ser feitos ajustes para guiar uma nova sociedade capitalista ambientalista. E que na visão ecológica por mais que quebre com a visão mecanicista suas rupturas se baseiam numa cultura ascendente que passará a governas sobre outros valores com objetivos mais pautados nas necessidades reais do homem, em um desenvolvimento qualitativo.

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REFERÊNCIAS

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Imagem

Figura 1 -  Fluxo circular de renda, visão cartesiana clássica TROSTER, 1994,  p. 21)
Figura 2 – Fluxo de matéria e energia – visão ecológica sistêmica  (CAVALCANTI, 2010.)

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