D e s e j o s d e s v e l a d o s : E r o t i s m o e p o r n o g r a f i a
n u m a p e r s p e c t i v a m a c r o s s o c i o l ó g i c a
Desejos Desvelados: Erotismo e
Pornografia Numa Perspectiva
Macrossociológica
Copyright 2013 Sebah Andrade Ficha
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Andrade, Sebah,Desejos Desvelados:Erotismo e Pornografia numa perspectiva macrossociológica
/Sebah Andrade-São Paulo:Editora Per si,2013 arte/ capa:Sebah Andrade
Arte:Da Vince Revisão:
Diagramação: Sebah Andrade EDITORA PER SI/SÃO PAULO
_____________________________________________________ Conselho editorial:
José Victor Silvestre / Amália Rosa Silva / Carlos José Fonseca
“ O que se passa na cama” ( O que se passa na cama é segredo de quem ama)
É segredo de quem não conhecer pela rama gozo que seja profundo, elaborado na terra
e tão fora deste mundo
que o corpo, encontrando o corpo e por ele navegando,
atinge a paz de outro horto, noutro mundo: paz de morto,
nirvana, sono do pênis. Ai, cama, canção de cuna, dorme, menina, nanana, dorme a onça suçuarana, dorme a cândida vagina, dorme a última sirena ou a penúltima... O pênis dorme, puma americana fera exausta. Dorme, fulva grinalda da de tua vulva. E silenciem os que amam, entre lençol e cortina ainda úmidos de sêmen, estes segredos de cama
Para Angélica por tudo e pelo tesouro que me deu: Minha filha Mairy. Para Simone Carneiro Maldonado
A todos meus familiares , em particular minha mãe Dona Dôra,uma mulher com letra maiúscula .
A minha sempre professora Cristina Marin, que fecundou a antropologia na minh ’alma.
SUM ÁRIO
AP RESENTAÇ ÃO ...13
iNTRODUÇ ÃO : Duelando Senso Comum e Análise Sociológica ...21
1 – UM OLH AR HERMENEÚTICO ...30
1.1 Abordagem do Sentido...30
1.2 Texto e Ação: Ricoeur e Weber... 39
2 – AMO R: MÚLTIPLOS OLHARES...49
2.1 Eros Platônico : Um “Banquete” de Amores...52
2.2 O amor Cortez... 60
2.3 O amor outros dizeres...67
3 – EROTISMO : UM A ARTE DE AM AR ...82
3.1 Erotismo Movediço: Seus Disfarces e Flexibilidade ...82
3.2 Erotismo e Repressão: A interdição dos Poderes de Eros ...89
4 – SEGREDOS PÚBLICOS: AS MÚLTIPL AS FACES D A PORNOGRAFI A...102
4.1 Pornograf ia dá o que Pensar...102
4.2 A Estética da Mercadoria : Pornograf ia e o Prazer Fetichizado ...121
4.3 Pornograf ia e Se xualidade ...140
5 – FANTAS I AS E DESEJOS DESVEL ADOS...147
5.1 Rizoma e Internet: Rompendo as Fronteiras da Comunicação ...147
5.2 Exercício Etnográfico: Re vista Private...157
5.3 Desejos e Fantasias: Entre o Normal , o Patológico e o Medo... 169
5.4 Corpo: Identif icação e Sedução...177
6 – CONCLUS ÃO : Abre -se um Novo Círculo Hermenêutico...196
APRESENTAÇÃO
“Eu tive uma vez um tema Mas não soube merecê-lo Pois o temor de perdê-lo O transformou em mau poema...” (, poeta Horacio REGA MOLINA Agentino))
Prefaciar um livro é ato ousado. Mergulho fundo, se se quiser merecer o prefácio. O pré-fazer. O escrever antes, depois do que já está escrito. Esta é a função do prefaciador.Merecer o que lhe é confiado.Como Tirésias, o vidente cego que recebeu Édipo às portas do reino de seu pai de volta de um exílio longa-vida, o prefaciador não pode errar. E nem há como errar. O leitor irá, após a ansiedade rápida do prefácio, mergulhar no factum, no
feito, no escrito.
O livro de Sebastião Costa Andrade é um pouco o seu próprio prefácio. Interpretar sociologicamente a intimidade das pessoas, no caso do homem e da mulher, não deixa de ser uma promessa que cria como toda ela o faz, expectativas, curiosidade, ansiedades quem sabe, que na verdade o grande questionamento de quem lê: “será que eu também estou aí ?”A intimidade, o
segredo, o que todo véu recobre e todo desejo encobre, atraem a gente inelutavelmente. Não adianta resistir. Atraem. Eu tive medo. Confesso. Posso dizer que sempre fui orientadora de Costa Andrade, o nosso Sebah, o meu Bastião a quem conheci aluno, orientando e hoje abraço como professor. Agora, doutor. Desfibrilando o amor doído e anoturnado das canções de Roberta Miranda, por ocasião da sua dissertação de mestrado também publicada em livro, vi-me também solidária e cúmplice, elaborando esta análise. A inclinação do fascínio do secreto, que é a vertigem da sua revelação. Entramos juntos aí por duas vias na empreitada sociológica de desvelar camadas de significado no texto pornográfico: o método de organizar o pensamento na busca da compreenssão hermenêutica, e as linguagens possíveis de ser lidas e enunciadas, sejam as mídias. As revistas, os jornais, seus chamados e ousadias já são nossos conhecidos de há muito. O novo no livro de Costa Andrade é a inclusão da Internet como meio de comunicação daquilo que se deseja veicular, que se precisa compartilhar para que se cumpra a missão da sociologia de desvendar os artifícios possíveis das relações humanas, suas grandezas e seus rasgos de transgressão.Menos do que referir-me diretamente às inquietas discussões e versões existentes sobre o erotismo e a pornografia, farei do meu prefácio
uma breve incursão sobre o ser desses fenômenos que a tudo preside, o segredo. Sob cujo ser modo de ser oculto, as fantasias, os desejos desesperados muitas vezes de tanto que são desejos e os atos e habituações são recobertos tanto em termos societários como no que diz respeito à já bem vasta literatura sobre o assunto. Também confesso que
não ousaria faze-lo...
Falávamos há pouco dos artifícios possíveis às relações humanas. O segredo é um desses artifícios. O problema com essa noção é o peso valorativo negativo e injusto que se coloca sobre ela. É como se fosse ilegal, indecente, imundo, tudo aquilo que se esconde. Mas tudo o que se pode dizer é que aquilo que se esconde, no entanto, tende a ser legal, ilícito ou sedicioso.Um círculo muito estreito para que se façam de maneira profícua
as distinções.
Na verdade trata-se aqui de registrar a existência de um repertório de possibilidades comunicativas de um determinado nó de traços humanos, o erotismo, o desejo, a pornografia, que insistimos em fazer dançar juntos pelas ruas da vida. na medida em que o segredo e a revelação nada mais são do que formas e intensidades sociais de distribuição da informação e do conhecimento. Como afirma Georg Simmel, o sociólogo que à maneira formalista abordou o segredo e suas implicações sociais assim como as