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um território comum Pág. 8-9

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1€ QUINZENárIo | 13 DE JUNHO DE 2014 | Nº 1567 | ANo XLIII | DIrEctorA: ELsA GUErrEIro cEpA | www.JOrNalc.pt | prEço ANUAL: 30€

1971 - 2014

PUB.

Um rio… Dois países…

Uma ponte… a mesma paisagem…

a mesma gente…

TERRA

RIO

MAR

Pág. 2/6 Pág. 7

Cerveira e tomiño

apostam em

projetos ConjUntos

potenCiaDores

V.N. DE CERVEIRA -TOMIÑO Fernando nogueira

Sandra Alvarez é presidente da câmara de Tomiño há sete anos. Quando foi eleita, a ponte já estava a funcionar. Segundo a autarca a ligação tornou-se num instrumento de união que vai sendo comprovado de dia para dia. Em entrevista ao Jornal C, Sandra Alvarez deu a conhecer um pouco mais do concelho que dirige, um concelho “muito Jovem” que tem na agricultura um dos seus grandes potenciais.

temos qUe

FUnCionar Como

Um território

ComUm

Pág. 8-9 sandra alvarez

“Uma bagatela,

Uma migalha”

Câmara De Caminha

prepara verão

“5 estrelas”

DispUta De liDerança

Do ps DiviDe soCialistas

De Caminha

Os vereadores do PSD consideraram “uma bagatela” ou mesmo “uma migalha” os valores que a câmara de Caminha pretende transferir para as juntas de freguesia para limpeza de espaços verdes, caminhos e valetas, e cuja proposta foi apresentada na última reunião do executivo. Segundo as contas dos sociais democratas são 55 mil e 800 euros que a câmara pretende transferir pelas catorze freguesias, um valor que vai ser absorvido por algumas delas, considerando que não vai chegar para todas.

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Pág. 10-11

transFerênCias para as jUntas De FregUesia:

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O CAMINHENSE, sexta-feira, 13 de junho de 2014

JORNAL

TERRARIO

MAR

VILA NOVA DE CERVEIRA

A ponte internacional sobre o rio Minho, que liga Vila Nova de cerveira à localidade ga-lega de Goyan, foi construída há 10 anos.

Batizada como “ponte da Ami-zade”, a ligação começou a ser construída em 2004 após con-vénio estabelecido entre os dois países e assinado em Madrid a 19 de Novembro de 1997, pelo então Ministro do Equipamento, planeamento e Administração do território, João cravinho e rafael Montalvo, Ministro do Fomento de Espanha.

o documento, que estabelecia os termos para a construção da ponte, foi aprovado em

conse-Um rio…

Dois países…

Uma ponte…

a mesma

paisagem…

a mesma

gente…

07

o qUe mUDoU

Com a ConstrUção

Da ponte?

Dez anos depois, o Jornal c foi tentar perceber o que mudou com a construção desta pon-te. Até que ponto esta ligação contribui para o desenvolvi-mento e dinâmica da econo-mia local.

Do ponto de vista do comércio, dizem os comerciantes, quem mais ganhou com a nova liga-ção foram os cafés e os restau-rantes locais.

Glória Martins, comerciante naquela vila há 28 anos, tem acompanhado a evolução do comércio local e não tem dúv-idas que a construção da pon-te trouxe benefícios, principal-mente para a restauração.

“Houve uma evolução grande principalmente para a restau-ração, mas para o resto do co-mércio não teve grande impac-to. É verdade que trouxe mais gente, a feira também ajuda mas lho de Ministros a 8 de janeiro

de 1998, era então presidente da república Jorge sampaio e primeiro-Ministro António Guterres.

Ao abrigo do convénio, pu-blicado em Diário da repúbli-ca de 13 de Fevereiro de 1998, cabia ao Governo português a elaboração do projeto da pon-te, bem como a adjudicação e direção das obras.

os gastos correspondentes seriam suportados em partes iguais, podendo os dois gover-nos solicitar apoio financeiro à União Europeia tanto para a elaboração do projeto como para a própria obra.

Foram apresentadas a concurso 16 propostas de empresas es-panholas com orçamentos que variaram entre 1,1 milhões de contos (5,4 milhões de euros) e 1,9 milhões de contos (9,4 milhões de euros).

A ponte, orçada em 6,4 mi-lhões de euros foi comparti-cipada em 75% pelo INtEr-rEG, cabendo os restantes 25% ao governo português e à Jun-ta da Galiza em partes iguais.

começou a ser construída em 2002 e o prazo de execução, 18 meses, foi cumprido.

com uma extensão de 430 me-tros e assente em vários pila-res construídos sobre o rio Mi-nho, a travessia, a quinta a ser construída sobre aquele curso de água, foi inaugurada a 9 de Junho de 2004, dando assim descanso ao ferry que até ali assegurou a ligação entre as duas localidades.

concluída a construção pon-te, faltava fazer os acessos do lado português à mesma, uma situação que só se viria a re-solver 6 anos mais tarde e de-pois de muitas reivindicações por parte dos autarcas locais que, sem os acessos construí-dos, consideravam que aque-la era uma obra “inacabada”. com os acessos do lado espa-nhol concluídos desde o mo-mento em que a ponte ficou pronta, em Vila Nova de cervei-ra foi preciso especervei-rar até 2009 para que a obra finalmente ar-rancasse.

A empreitada, que custou qua-se tanto como a própria ponte,

5 milhões de euros, envolveu a construção de uma ligação aérea sobre o caminho de ferro e estrada nacional 13. o aces-so à ponte da Amizade ficou concluído em 2010 e entrou em funcionamento a 5 de Agosto do mesmo ano.

Foi o culminar de um longo processo iniciado 20 anos antes pelas autarquias de Vila Nova de cerveira e tomiño, que sem-pre se bateram por uma liga-ção entre as duas localidades que cruzasse o Minho.

com a entrada em funciona-mento dos acessos, Vila Nova de cerveira ganhou uma nova dimensão.

José Manuel carpinteira, na altura presidente da câmara de Vila Nova de cerveira, consi-derou o reforço das comuni-cações entre portugal e a Ga-liza “vitais para o esforço de integração social e económica deste espaço que é o Vale do Minho transfronteiriço, sendo que daí esperamos um maior grau de desenvolvimento em todo o nosso território”, refe-riu na altura o autarca.

para falar a verdade o resto do comércio não beneficiou assim tanto como isso””

Apesar dos espanhóis não serem o forte da sua cliente-la, Glória Martins admite que a ponte “foi uma mais valia” para Vila Nova de cerveira.

Fernanda Duro é proprietária de uma loja de decoração no centro da vila há dez anos e, tal como Glória Martins, também ela considera não ter lucrado as-sim tanto com os espanhóis que visitam a vila, principalmente ao sábado, dia de feira semanal. Apesar disso, considera que a construção da ponte foi uma boa decisão. “É bom para os restaurantes e cafés mas para o resto do comércio isso não se nota tanto. É verdade que lá se vai vendendo uma ou outra coisa de vez em quando mas muito pouco porque eles

tam-Esta rubrica fará a descrição da identidade regional do Alto Minho recorrendo a estes 3 elementos. Daremos grande visibilidade ao sector primário como vector fundamental para um desenvolvimento sustentável, que gera oportunidades de negócios e permite, acima de tudo, preservar a nossa identidade.

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JORNAL

TERRARIO

MAR

bém já não compram como an-tigamente. Mas é bom porque traz gente e sempre anima a vila e isso já é muito bom”

Amante das caminhadas, esta cerveirense lembra que os es-panhóis, principalmente os que habitam do outro lado do rio, não vêm a cerveira apenas por causa do comércio, vem tam-bém atraídos pelos bons equi-pamentos que cerveira possui como é o caso da piscinas e da ecovia que diariamente é cruza-da por dezenas e dezenas de ga-legos. “Nós costumamos fazer caminhadas e é frequente cru-zarmo-nos com espanhóis. Até lhe digo mais, tenho a sensa-ção que eles utilizam os equi-pamentos mais do que nós. É engraçado que eles vêm para cá e nós vamos para lá, atraves-samos a ponte e lá vamos até ao outro lado caminhar. se for-mos a ver, Goyan, comparado com cerveira, não tem nada, é muito mais pobre. cervei-ra é muito mais bonito e eles são os primeiros a admitir isso mesmo”, explica a cerveirense que lembra que até para tomar

o pequeno almoço os vizinhos galegos atravessam a ponte, tal é a proximidade.

Isso mesmo é confirmado por José Fernandes, proprietário da pastelaria “Velha rosa” insta-lada na vila há mais ou menos vinte anos. “A construção da ponte veio de facto aproximar muito mais e a verdade é que isso contribuiu para que oiten-ta por cento da nossa clientela sejam espanhóis. Aliás se não fossem eles a maioria dos co-mércios já tinham fechado”, avança.

“tenho clientes espanhóis que vêm aqui 3 vezes ao dia. Vêm de manhã tomar o pequeno al-moço, vêm tomar café depois do almoço e à tarde vêm lanchar. Isso só é possível porque esta ponte existe”, refere.

José Fernandes lembra que an-tes da construção da ponte as ruas de cerveira estavam prati-camente desertas, “mas hoje em dia não é assim e mesmo sem ser ao sábado que é o dia mais forte, à semana também se vêem muitos espanhóis por aí”, garante”.

terminamos a conversa com José Fernandes e, à saída, cha-ma-nos a atenção um casal sen-tado na esplanada. percebemos que são galegos e se preparam para lanchar. José Fernandes diz-nos que são clientes habit-uais. pedimos licença para in-terromper e com uma simpa-tia contagiante dizem-nos que a meia de leite e as torradas até podem esperar um pouco.

Depois de algum minutos de conversa ficamos a saber que são naturais de Vigo, cidade onde sempre viveram e tra-balharam até se reformarem. Há 16 anos decidiram trocar o ambiente urbano por um lo-cal mais lo-calmo para viverem e gozarem a sua reforma. Viv-iam num apartamento demasi-ado pequeno é o sonho deste casal era uma casa com um quintal para poderem plantar “umas coisinhas” e viverem em comunhão com um ambiente mais calmo.

Vieram parar a tomiño e o sonho tornou-se realidade. Hoje moram numa casa com quin-tal onde vão plantando as tais

“coisinhas” que tanto gostam. os dias são passados entre tomiño e cerveira local onde José Manuel costa e conceição Garcia, se sentem como se es-tivessem em casa. “Vimos aqui todos os dias. Fazemos a nossa vida social aqui em Vila Nova de cerveira e também algumas compras. E sou montanheiro e conheço esses montes todos de Viana até Valença.

“Vimos sempre faça sol ou faça chuva”, explica conceição Garcia que garante que estas idas e vindas a cerveira con-tribuíram para fazer muitas ami-zades nos últimos 16 anos.

“conhecemos aqui muita gente e temos alguns amigos com quem gostamos de con-versar. sentimo-nos bem aqui é por isso vimos todos os dias”.

As torradas e o leite estão a ficar frias e por isso despedir-nos deste simpático casal.

continuamos a visita aos

co-merciantes da vila, a próxima paragem é na loja de artesan-ato e bijuteria de Fátima pal-ha-res. conta-nos que chegou a cerveira alguns anos após a inauguração da ponte mas daquilo que ouviu falar, não tem dúvidas que a travessia só trouxe coisas boas à vila. “As pessoas dizem-me que antes da construção da ponte o co-mércio era mais fraco, havia menos espanhóis porque es-tavam condicionados ao horári-os do ferry”.

Fátima palhares explica que o forte da clientela são os espan-hóis que, apesar de tudo, ain-da vão conseguindo comprar mais do que os portugueses. “Eu costumo dizer que no outro lado só está mau para quem está desempregado. Aqui não é bem assim, as pessoas estão a sentir muito na pele os efei-tos da crise e, a juntar a tudo isto, temos ainda o problema

das scut que afastaram mui-tas pessoas que vinham pas-sar os fins-de-semana.

ouvir falar espanhol nas ruas de cerveira é algo co-mum naquela vila. “os es-panhóis vêm aqui com muita frequência. cerveira é uma vila pequenina, pacata, bem cuida-da e com muito para oferec-er a quem a vista. temos boa gastronomia, bom artesanato, um bom café e tudo isso cati-va os estrangeiros. se não fos-sem os espanhóis coitadinhos de nós, tínhamos que fechar as portas. Eles têm um pod-er de compra que nós não te-mos e até outra mentalidade, são mais consumistas enquan-to que os portugueses, mes-mo os que podem, se retraem um pouco mais”, sublinha a artesã que não tem dúvidas que a construção da ponte mudou “radicalmente” Vila Nova de cerveira.

Glória Martins: Foi bom para

a restauração, mas para o res-to do comércio a ponte não teve grande impacto.

Fernanda Duro: É bom porque

traz gente e sempre anima a vila o que já é muito bom. Tenho al-guns clientes espanhóis.

José Fernandes: “Tenho

clien-tes espanhóis que vêm aqui várias vezes ao dia: de manhã, ao al-moço e à tarde.

Fátima palhares: Antes da

construção da ponte o comér-cio era mais fraco, havia me-nos espanhóis

José Manuel costa e conceição Garcia: Vimos sempre a

Cerveira faça sol ou faça chuva. Conhecemos aqui muita gente e temos alguns amigos com quem gostamos de conversar. Sen-timo-nos bem aqui…

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O CAMINHENSE, sexta-feira, 13 de junho de 2014

JORNAL

TERRARIO

MAR

continuamos o périplo por aquela que é também conhe-cida pela “Vila das Artes” gra-ças à Bienal que ali se realiza desde 1978.

Descobrimos que não é ape-nas ao nível do comércio e da restauração que a construção da ponte veio reforçar o inter-câmbio que sempre existiu en-tre portugueses e galegos des-ta zona.

A cultura, as artes e o ensino também têm tirado partido desta proximidade e atualmente são muitos os estudantes e artistas galegos que, usufruindo

des-arte e eDUCação também Unem

portUgUeses e espanhóis

Miguel Mexido: Trabalho como

freelancer e por isso a Gallecia era uma boa oportunidade para eu conseguir tirar o curso de ar-quitetura. Fica perto de Vigo

Noélia Gonzales: Eu sempre quis

seguir arquitetura e como na Gal-iza a escola mais perto que tinha era na Corunha decidi vir para Cerveira por ser mais perto

Goreti Sousa: Eu não lhe sei se a

construção da ponte fez com que o número de alunos espanhóis tenha aumentado agora não tenho dúv-idas que isso lhes veio facilitar.

sa proximidade, vêm até Vila Nova de cerveira para mostrar a sua arte ou para estudar.

Na Escola superior Gallae-cia, escola de arquitetura, ur-banismo e design sediada em Vila Nova de cerveira, estu-dam cerca de 200 alunos sen-do que cerca de 40 por cento são oriundos da vizinha Gali-za. para além do número con-siderável de alunos espanhóis que ali tiram as suas licencia-turas, também se contam al-guns docentes que diariamente atravessam a ponte para dar aulas naquela escola.

A ponte contribuiu para uma melhoria da mobilidade daqueles que diariamente pre-cisam de se deslocar entre uma e a outra margem e disso nin-guém dúvida.

criada há vinte anos, a Es-cola superior Gallaecia tam-bém ganhou com esta

prox-VILA NOVA DE CERVEIRA

imidade, como explica Goreti sousa, professora e membro do conselho da direção daquela escola.

“Eu não lhe sei dizer se a cons-trução da ponte fez com que o número de alunos es-panhóis tenha aumentado, agora não tenho dúvidas que isso lhes veio facilitar muito a vida. Desde o início que a escola sempre recebeu alunos estrangeiros e neste momento posso dizer-lhe que o núme-ro núme-ronda os quarenta por cen-to sendo que a grande maio-ria são espanhóis e sobretudo galegos, à volta de 80”.

A preferência dos alunos ga-legos tem a ver com a proxi-midade e com as acessibili-dades que são “excelentes”, refere Goreti sousa.

“É uma questão geográfica. por exemplo a faculdade de arquite-tura da Galiza mais perto é na

corunha e no caso do design só há em Barcelona. cerveira oferece tudo mais perto e por isso também a preferência”, ex-plica a professora.

Mas foram sem dúvida os tra-balhadores estudantes que mais beneficiaram com a construção da ponte, revela a professora. “A ponte veio permitir que es-ses alunos possam tirar o seu curso em horário pós laboral sem terem que estar condicio-nados a horários”.

Noélia Gonzales é natural do porrinho e é finalista de arquitetura na Escola supe-rior Gallaecia. À semelhan-ça de muitos galegos, esta jo-vem também cruza diariamente a ponte da Amizade para vir assistir às aulas. Decidiu vir estudar para cerveira por ser mais perto.

“Eu sempre quis tirar o cur-so de arquitetura e como na

Galiza a escola mais próxima que tinha era na corunha de-cidi vir para cerveira por ser mais perto. posso ir e vir to-dos os dias de carro e isso pe-sou muito na minha decisão” terminada a licenciatura Noe-lia não põe de parte a hipótese de ficar a trabalhar em portu-gal caso lhe surja uma opor-tunidade. o estágio foi feito no porto, uma cidade que tam-bém lhe agrada.

“sinceramente ainda não pen-sei muito bem no que vou fazer mas se me aparecer uma opor-tunidade para trabalhar aqui em portugal não vou desperdiçar. Estou pronta para ir para um lado ou para o outro, a distân-cia não me preocupa”.

Noelia gostou muito de estu-dar em portugal porque isso lhe deu oportunidade de conhecer pessoas e outra cultura. “tam-bém foi interessante perceber que ao nível académico existem tradições diferentes e em ger-al muito interessantes”.

As aulas ainda não acabaram e Noelia já começa a sentir sau-dades, principalmente dos co-legas de curso. “Guardo muito boas recordações desta vila e principalmente das pessoas que são muito amáveis. o curso é muito bom, vamos ver o que me reserva o futuro”.

Miguel Mexido tem 30 anos e é natural de Vigo. trabalha num gabinete de arquitetura naquela cidade galega e está a tirar o curso de arquitetura em regime pós laboral na Gallae-cia. Vem a Vila Nova de cer-veira duas vezes por semana. Decidiu vir para cerveira por causa da facilidade de horário, pela proximidade e facilidade de acesso.

“trabalho como freelancer e por isso a Gallaecia era uma boa oportunidade para eu con-seguir tirar o curso de arquite-tura. Fica perto de Vigo e como só tenho que vir duas vezes por

semana, isso facilita as coisas. sou trabalhador estudante”.

Miguel está no terceiro ano, ainda lhe faltam dois para com-pletar o curso. Gosta de cer-veira, um local que considera “agradável” e da escola que “é muito boa”.

Às voltas com a cadeira de história da arquitetura, o seu calcanhar de Aquiles, Miguel, que também é músico, faz um balanço positivo de mais um ano letivo prestes a concluir. se tudo correr bem e se con-seguir passar a história, cadeira da professora Goreti, este es-tudante trabalhador acaba den-tro de dois anos.

para além da escola o alu-no gosta da vila e das pes-soas, “mais amáveis e com uma mentalidade mais aber-ta”, considera.

E da escola damos um salto ao Fórum cultural, sede da mais antiga e prestigiada bienal de arte do país. trata-se de outro dos exemplos fortes deste inter-câmbio, não só no que toca ao número de artistas espanhóis representados, mas também no que diz respeito ao número de visitantes que ali acorrem de dois em dois anos para visitar o certame.

segundo Ana Vale e costa, da Fundação Bienal, o núme-ro de visitantes estrangeinúme-ros é liderado por Espanha, princi-palmente galegos que, face à facilidade de acesso através da ponte internacional, visitam o certame.

Um estudo realizado em 2011, revela que 23,40% dos visi-tantes da Bienal eram oriun-dos de Espanha.

“Não temos dúvidas que o facto de existir em cerveira uma ponte, que facilita a circu-lação de um lado para o outro, tem contribuído muito para o aumento do público, princi-palmente da Galiza”, explica Ana Vale.

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JORNAL

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Não é possível falar de Vila Nova de cerveira e de rela-ções comerciais sem falar da feira que ali acontece todos os sábados e que atrai milhares de espanhóis, principalmente ga-legos. começam a chegar bem cedo, atraídos pelo passeio e pelo que a feira oferece.

“Vimos pelos produtos de qualidade a bom preço e pela boa gastro-nomia que os restaurantes ofe-recem” confessa-nos um gru-po acabado de chegar. Vieram todos: pais, filhos e até a mas-cote, um pacato labrador que, bem treinado, aguarda paciente-mente ordem de marcha. per-guntamos se o animal não se aborrece. “Já está habituado e se não o trazemos faz asneira de certeza”, explica o dono di-vertido. o bicho, que nos olha atentamente, parece perceber que estamos a falar dele.

Descemos ao recinto da fei-ra. o dia amanheceu com sol o que faz adivinhar uma autênti-ca avalanche. Não nos engana-mos e no recinto ouve-se falar mais espanhol que português.

E ainda bem confessa paulo Alves que há nove anos se des-loca de Barcelos a Vila Nova de cerveira para fazer a feira.

para este feirante a construção da ponte veio revolucionar a fei-ra que hoje é considefei-rada uma das melhores no Alto Minho.

“por acaso quando a ponte foi inaugurada eu ainda não fazia esta feira mas tinha familiares que faziam e eles dizem que na altura se notou uma dife-rença bastante grande logo nos primeiros anos. É sempre mui-to mais fácil as pessoas virem quando os acessos são bons. se não é fácil chegar as pes-soas pensam duas vezes antes de virem”.

o forte da feira são os espan-hóis, “cerca de 70 a 80 por cen-to”, arrisca paulo Alves.

“Antes desta crise tínhamos muitos clientes portugueses da

o qUe nos vale

ainDa

são os espanhóis

lurdes Oliveira: Atigamente

os-espanhóis só queriam o que era bom, mas agora já vao ao barato.

Fernando loureiro: Se não

fos-sem os espanhóis, cerca de 90% dos clientes, já aqui não estava.

José cardoso: A ponte foi

mui-to importante porque trouxe mais gente, principalmente espanhóis.

paulo alves: O forte desta

fei-ra são os espanhóis. Represen-ta entre 70 a 80% dos clientes.

Os espanhóis compram menos do que antigamente mas mes-mo assim continuam a ser o garante desta feira. Uma feira que os feirantes consideram “muito cara” para o que se vende.

zona centro: porto, coimbra e até Lisboa, que vinham pratica-mente todos os fins-de-sema-na, principalmente os do por-to. Ultimamente essas pessoas vêm muito menos por causa da crise e também por causa das portagens”.

A ponte traz muita gente é um facto, e se não fosse isso, com a crise que o país atraves-sa, “muitos de nós não se teri-am aguentado”, garante pau-lo Alves.

Lurdes oliveira é feirante em cerveira há 24 anos e garan-te que a construção da pongaran-te trouxe mais gente a cerveira. segundo esta feirante o

negó-cio já não é o que era, mas a maioria dos seus clientes ainda continuam a ser os espanhóis.

“Antigamente eles vinham e só compravam o que era bom, não se importavam de pagar mais, atualmente as coisas também mudaram para eles e já pro-curam preços mais económi-cos”, revela.

A crise afeta toda a gente e os galegos não são exceção. “compram muito menos do que antes, nota-se que tam-bém estão em baixo”.

Quanto aos portugueses que vinham principalmente do por-to, vêm muito menos garan-te Lurdes oliveira que nos

úl-timos tempos deixou de ver muitos dos seus clientes ha-bituais. “As portagens vieram estragar tudo. Eu tinha clien-tes que vinham todas as sema-nas e agora só vêm de longe a longe. os espanhóis é que vão aguentando isto”.

Fernando Loureiro vende na feira há mais de vinte anos. A construção da ponte trouxe muito mais gente, “mais do dobro”, o que para este fei-rante foi muito bom”.

“repare que 90% do pessoal que anda na feira são espan-hóis e é o que nos vai valendo porque se não fossem eles já tínhamos morrido de fome”.

Antes da construção da pon-te, Fernando Loureiro garante que vinha muito menos gente. “As pessoas estavam muito condicionadas aos horários do ferry coisa que agora não acontece. Antigamente havia horas em que andava aí muita gente, coincidia com os horári-os do barco, e outras em que não se via ninguém. Agora é diferente, anda sempre gente porque as pessoas chegam a toda a hora pela ponte”..

Apesar dos espanhóis ter-em perdido muito do poder de compra que tinham, ain-da são eles que continuam a dar vida à feira.

“sabe os espanhóis são um povo consumista por nature-za, gostam de comprar e isso é o que nos vai aguentando”, sustenta.

A ronda pelos comerciantes continua. todos têm a mesma opinião: “o negócio está fra-co mas os espanhóis vão aju-dando a compor. A ponte, essa ninguém dúvida dos benefí-cios que trouxe para a feira. Mesmo não comprando tan-to como antigamente, os es-panhóis habituaram-se a vir, a dar uma volta pela feira, al-moçar nos restaurantes e de-pois usufruirem do que a vila tem para dar.

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JORNAL

TERRARIO

MAR

Depois da confusão da fei-ra e de um almoço num dos muitos restaurantes da vila, a passagem por cerveira termi-na quase sempre com um pas-seio pelo “parque do castelin-ho” na zona ribeirinha da vila. É obrigatório visitar o local que desde 2007 está ao serviço dos cerveirenses e dos muitos galegos que o frequentam as-siduamente.

crianças e adultos não re-sistem a uma passagem por aquele que é um dos espaços mais agradáveis da vila, quer de verão quer de inverno. o local oferece a possibilidade da prática de exercício físico, descanso ou contemplação.

por ali passa a ecovia que vem da vizinha Gondarém e termina na aprazível praia da lenta, outro dos locais privile-giados desta vila alto minhota. o parque, pensado para pequenos e adultos engloba diversas propostas desportivas e recreativas com uma compo-nente pedagógica ligada à na-tureza e aos recursos hídricos.

E neste mesmo local que está também instalado o Aquamu-seu do rio Minho, outro lo-cal de interesse.

sentado num banco mesmo por baixo de uma sombra con-vidativa, um jovem casal dá atenção às duas filhas que lu-tam para apertar os patins. são espanhóis e vêm muitas vezes a Vila Nova de cerveira com as miúdas que adoram brin-car no castelinho.

“Isto aqui é maravilhoso, as crianças podem andar à von-tade e nós também porque não passam carros”.

Entretanto os patins já estão nos pés e as irmãs preparam-se para uma corrida sobre ro-das na ecovia.

continuamos ao sabor da brisa que vai correndo de for-ma agradável para bem de to-dos nós pois o sol aperta.

Mais à frente, um grupo de jo-vens instalou umas espreguiça-deiras mesmo junto a rio que se preparam para contemplar.

parqUe Do

Castelinho

Um

loCal De visita

obrigatória

“Vamos descansar um boca-do e ler um livro. Isto é muito agradável e às vezes costuma-mos vir para aqui. No verão até costumamos tomar banho”.

Um banho no rio é o que um grupo de crianças faz mesmo junto à margem. De toalha na mão o pai chama um deles que não está disposto a ceder. per-guntamos se a água está boa ao que respondem afirmativa-mente. “pai só mais um bo-cadinho…” suplica. E o pai lá cede, “que remédio…”.

Grupos de adultos conversam à sombra das muitas espécies que habitam o parque, num trilho botânico que alberga espécies autóctones da bac-ia hidrográfica do Minho, en-tre elas o choupo, salgueiro, amieiro, loureiro, vidoeiro ou sabugueiro.

Quem visitar o parque do castelinho depara-se com uma réplica do rio Minho, uma es-pécie de parque aquático, cujo percurso é constituído por ca-nais e comportas, que no verão fazem as delícias de miúdos e graúdos.

para os amantes do desporto existem ainda campos de fute-bol, basquetebol e voleifute-bol, um mini golfe, um ginásio ao ar livre com diversos equipa-mentos e para os mais arroja-dos, um parque radical onde as paredes de escaladas são um verdadeiro desafio aos mais audazes.

razões para visitar o parque são mais do que muitas e os galegos sabem bem disso.

“Ao fim de semana não se rompe aqui com tanta gente”, conta um cerveirense que ali costuma parar.

“Muitos fazem picnic e pas-sam aqui o dia todo. As crian-ças brincam à vontade e é por isso que eles vêm aqui”, ex-plica.

No parque infantil disputam-se os baloiços. Dezenas de crianças acompanhadas dos pais brincam por entre risos e gritaria própria de quem se está a divertir, “e muito”

con-fessa com ar apressado um pequeno que aguarda vez para o baloiço.

os adultos, esses, dividem-se entre a conversa e o olh-ar atento que é preciso pois não vá o diabo fazer das suas e acontecer alguma coisa à pequenada.

A câmara de cerveira está neste momento a desenvol-ver um projeto para aumentar a área do parque do castelinho.

Do outro lado, segundo nos garantem alguns comer-ciantes, o ganho foi pouco ou nenhum.

“os portugueses só passam a ponte para virem pôr gasolina e pouco mais. Antigamente ainda vinham buscar tabaco mas agora acho que já nem isso fazem porque já não compensa”.

Na bomba de gasolina garantem-nos que quem lucrou foi Vila Nova de cerveira porque “nós vamos muito mais para lá do que os portugueses vêm para cá. se você an-dar nas ruas de cerveira ouve frequentemente falar es-panhol coisa que aqui não acontece. só os que vêm aqui pôr gasolina. Depois do depósito do carro cheio dão meia volta e lá vão eles embora”.

Um espanhol que parou para abastecer e que habita em tomiño confirma o que relata a sua conterrânea.

“se a senhora for lá acima à vila aposto que dificilmente se cruza com um português, é raro. Não têm o hábito de vir e os que vêm são os que vêm à gasolina ou fazer caminha-da pela ponte mas chegam à rotuncaminha-da e voltam para trás”.

Mas os espanhóis não se queixam desta pouca afluência de portugueses ao outro lado, e até entendem.

“A verdade é que cerveira tem muito mais interesse do que o lado de cá. têm bons equipamentos, a vila é bonita e isso faz com que nós próprios acabemos por nos render e passemos a vida a atravessar a ponte para o outro lado, nem que seja só para tomar um café”.

Enquanto a conversa decorre a funcionária da bomba não tem mãos a medir. “É sábado e muitos portugueses aprovei-tam a vinda à feira para encher o depósito”.

o quadro marca o peço da gasolina sem chumbo a um 1,44 €. “são cerca de 20 cêntimos de diferença, ainda vale a pena”, garante um português que ali foi abastecer. “Normalmente venho uma vez por semana ou de quinze em quinze dias, depende. A minha mulher fica na feira e eu aproveito e venho pôr gasolina. Agora vou buscá-la e vou para casa”.

E não leva mais nada perguntamos?

“Não, porque não compensa. Antigamente também levá-vamos uma garrafita ou duas de gás que aqui é muito mais barato mas agora não levamos porque as multas são mui-to pesadas e eles andam em cima do pessoal”.

De regresso cruzamo-nos com muitos carros de matrícu-la portuguesa. segundo a funcionária da bomba vai ser um corridinho durante o dia todo…

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O CAMINHENSE, sexta-feira, 13 de junho de 2014

JORNAL

TERRARIO

MAR

a propósito do 10º aniversário da entrada em funcionamento da ponte de amizade que liga vila nova de Cerveira e tomiño, o jornal C entrevistou os autarcas das

duas margens que nos deram o seu testemunho sobre a importância desta ligação para ambas as margens.

Com os olhos postos no futuro e no próximo quadro comunitário de apoio que aí vem e vai privilegiar iniciativas transfronteiriças, os dois presidentes estão já a trabalhar em conjunto para apresentar projetos comuns que possam beneficiar as duas comunidades. não revelaram os projetos mas garantem que o objetivo é potenciar ambas as margens.

Jornal c (Jc) - presiden-te, é legítimo falar-se de uma vila antes e uma vila depois da construção da ponte da amizade sobe o rio Minho?

Fernando Nogueira (FN) - Eu não diria uma vila antes e uma vila depois da construção da ponte, mas sim de uma vivên-cia antes e uma vivênvivên-cia depois da sua construção. Vila Nova de cerveira (VNc) antes da ponte já tinha o ferry que dava um contributo muito interessan-te para o desenvolvimento da vila. o ferry transportou mui-tos milhares de passageiros, eu lembro-me que em anos bons chegou a fazer mais de 300 mil travessias, o que é muito considerável.

Quando em 2004 a nova ponte entrou em funcionamento, no-tou-se um salto muito grande em termos de convivência en-tre os habitantes das duas mar-gens. Houve também um grande incremento no comércio local e um grande reforço ao nível da cultura. os nossos vizinhos galegos adoram vir a cerveira não só ao fim-de-semana mas também à semana. Na verda-de a ponte veio dar também um grande incremento à feira e a verdade é que a vila ao sábado se transfigura. Mas à semana também temos cá muitos gale-gos que vem usufruir dos

nos-Cerveira e tomiño

apostam em

projetos ConjUntos

potenCiaDores

sos equipamentos. Jc - Que equipamentos? FN - como sabe temos exce-lentes infra-estruturas que ga-nharam vida com a ponte. É o caso da piscina municipal que tem à volta de 1700 utilizado-res, dos quais mais de 50 por cento são galegos não só de to-miño, mas também de A Guar-da, rosal e alguns até de tui. Algumas dessas pessoas já vi-nham antes, de ferry, mas esta-vam condicionadas aos horá-rios coisa que com a ponte já não acontece. Há uma maior mobilidade.

A piscina é apenas um exem-plo mas temos outros: é o caso do parque do castelinho onde se ouve falar mais galego que português. Isto quer dizer que eles vêm para cá, geram movi-mento e contribuem para a re-vitalização económica da vila, que bem falta faz. Apesar de Espanha também se ressentir da crise, a verdade é que o poder de compra dos espanhóis ain-da é superior ao nosso.

os preços na restauração tam-bém são atrativos e é frequente ver grupos de pessoas que vêm fazer a sua caminhada e apro-veitam para tomar um café ou lanchar. Há de facto uma

gran-de convivência entre portugue-ses e galegos.

Jc - acha que os galegos aproveitam mais os equipa-mentos do que os próprios cerveirenses?

FN - A verdade é que os gale-gos têm uma cultura diferente. são um povo mais extroverti-do, mais alegre e por isso aca-bam por aproveitar mais todos os momentos livres. Gostam de vir até VNc conviver no so parque ou passear na nos-sa ecovia, equipamentos que não existem do outro lado. os portugueses também fazem o

mesmo mas são mais discre-tos, é uma questão de cultura. Jc - Mas essa partilha de equipamentos também pode ser uma mais valia...

FN - E é. Quando constru-ímos os equipamentos foi a pensar em primeiro lugar nos cerveirenses mas fica-mos muito satisfeitos que pos-sam ser utilizados por outras pessoas, nomeadamente pe-los nossos vizinhos galegos. Ao virem cá, essas pessoas geram movimento e sempre deixam uns euros que bem falta fazem.

Jc - podemos então con-cluir que a construção des-ta ponte foi uma mais valia para esta vila.

FN - Eu disse há uns anos, numa conversa com o enge-nheiro carpinteira, que a pon-te, apesar de não ser uma obra da câmara, tinha muito esfor-ço do município.

Jc - a câmara lutou muito para conseguir esta ponte?

FN - Muito, e posso dizer-lhe que foi uma obra conse-guida graças a muita insistên-cia. VNc deu um passo muito importante ao mandar executar e pagar um projeto que depois de pronto possibilitou a con-cretização de um velho sonho que era ligar as duas margens através de uma ponte.

Este sonho já era anterior a 1989 e de facto levou o seu tempo a concretizar. Foi pos-sível graças aos muitos amigos que VNc tinha e ainda tem.

Jc - Quem foram essas pes-soas?

FN - por exemplo o engenhei-ro Braga da cruz da comissão de coordenação que sempre foi um grande amigo da região do Minho e em particular de VNc. Eu até costumo dizer que ele foi o padrinho da ponte, ele e o antigo presidente da Junta da Galiza, Fraga Iribarne. Foi uma obra bem conseguida e muito importante para VNc.

Jc - Quando os acessos à ponte ficaram concluídos, o então autarca José carpintei-ra disse que estavam lança-dos os dalança-dos para que VNc pudesse crescer economica-mente. Isso aconteceu?

FN - Não tenho dúvidas ne-nhumas em relação a isso e acho que nenhum dos nossos comerciantes tem. Eu sei que eles se queixam mas, se pen-sarmos bem, se não existisse a ponte as razões de queixa se-riam muito maiores.

Jc - presidente, sei que em conjunto com o municí-pio vizinho de tomiño estão a preparar algumas iniciati-vas para assinalar os 10 anos da ponte…

FN - o que nós queremos, fun-damentalmente, é assinalar a data. Eu acho que dez anos na vida de um equipamento des-tes é muito importante para as

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duas margens. Não estamos a falar apenas do lado português, no lado galego também lhe dão muita importância.

Eu penso que em termos de transações económicas a ponte é mais importante, neste mo-mento, para nós porque eles vêm mais a portugal do que nós vamos à Galiza. Mas eles valorizam muito esta ligação porque gostam muito de vir cá.

Jc – Na sua opinião quem lucrou mais com esta ponte? cerveira ou tomiño?

FN – Eu penso que nós não ficámos a perder em nada, pelo contrário até ganhámos muito. Agora comparativamente, es-sas contas são sempre difíceis de fazer. No contexto que es-tamos cerveira ganhou mais movimento e mais atrativida-de para os galegos, mas nós não sabemos o futuro, não sa-bemos se daqui a 4 ou 5 anos os papéis não se podem inver-ter. De qualquer forma a ponte é sempre importante para am-bas as partes.

Jc – Mas os comerciantes do outro lado queixam-se que os portugueses só atravessam a ponte para abastecer os car-ros com gasolina.

FN –É verdade mas já hou-ve tempos em que assim não foi. Eu recordo-me

perfeita-mente que no tempo do escudo nós, portugueses, invadíamos a Galiza, especialmente tui e A Guarda para fazer compras. são ciclos e provavelmente as coisas irão inverter-se nova-mente, não sabemos daqui a quanto tempo mas é possível que aconteça.

o importante é que a ponte existe e que esta livre circula-ção e convivência perdurem. Jc – E ao nível cultural? FN – também ganhamos mui-to quer nós quer eles. Fazemos excelentes intercâmbios cultu-rais, programação desportiva, queremos fazer um intercâm-bio em termos de projetos co-muns. todos temos a ganhar e isso é muito bom. Digamos que é um bom negócio para as populações de ambos os la-dos do rio.

Jc – Voltemos às comemo-rações.

FN – como lhe dizia o im-portante é assinalar a data e nós no dia 11, dia em que se comemora a data da entrada em funcionamento da ponte, em conjunto com o município de tomiño, vamos fazer uma celebração às 19 horas, sim-bolicamente a meio da ponte. Vamos ter trovoadas do lado galego e bombos do nosso lado, que é a mesma coisa,

prova-velmente um racho folclórico e alguns convidados, nomeada-mente pessoas que foram im-portantes para que a ponte hoje seja uma realidade e que gos-taríamos que pudessem estar presentes.

Vamos também celebrar um protocolo com tomiño a que va-mos chamar a carta da Amizade. Jc – Em que consiste essa carta da amizade?

FN – De certa forma vamos passar para o papel aquilo que já fazemos, ou seja, passar do informal para o formal este re-lacionamento cultural e despor-tivo que temos vindo a desen-volver. Queremos aprofundar o que já temos e fazer uma co-laboração muito mais estrei-ta em vários domínios, mas fundamentalmente, no domí-nio ambiental.

como sabe o nosso rio tem um grande potencial mas tam-bém temos que olhar para ele e para as nossas margens com uma preocupação ambiental. Vamos tentar conciliar o que nós queremos desenvolver na margem portuguesa com o que os nossos vizinhos querem fa-zer na margem galega e se pos-sível interligar projetos.

Jc – Neste momento já se pensam projetos conjuntos?

FN – É verdade e isso já não

é novidade. para lhe dar um exemplo, já foi assumido por tomiño que não fará uma pis-cina. Isso já foi um sonho de-les mas chegaram à conclusão que havendo um equipamento tão perto que satisfazia as ne-cessidades da sua população, não fazia sentido estar a fazer esse investimento que pode ser aplicado noutras necessidades. Neste momento cerveira está a trabalhar num projeto de re-qualificação da piscina e eles aplaudem.

cá está, quando há pouco nos questionávamos quem ganhou mais eu disse-lhe: são contas difíceis de fazer e é verdade porque se uns ganham de uma maneira, outros ganham de ou-tra. Ganhamos todos de certeza. Já agora deixe-me acrescentar e ainda falando nas comemo-rações dos 10 anos, que nesse dia vamos também fazer o lan-çamento de mais um troço da nossa ecovia. Vamos iniciar as obras da ligação ao concelho de Valença, freguesia de cam-pos/Vila Meã, a norte do con-celho de Vila Nova de cervei-ra. Este troço vai ligar ao que vem de Valença o que quer di-zer que vamos ficar com esta frente ribeirinha ligada por eco-via. A intenção é, de futuro, li-gar Melgaço, Monção, Valen-ça, Vila Nova de cerveira e caminha, por ecovia.

Jc – costuma encontrar-se com a sua homóloga de to-miño para discutir e falar so-bre projetos comuns.

FN –sim é frequente reunir-mos. temos um excelente re-lacionamento que já vinha do passado e que queremos que continue, se possível reforça-do e aprofundareforça-do. sinto que reforça-do outro lado há o mesmo entu-siasmo, principalmente da parte de tominño com que já temos trabalhado e feito algumas reu-niões. Neste momentos temos inclusive uma equipa de traba-lho conjunta a desenvolver al-guns projetos comuns que a seu tempo apresentaremos. Estamos a falar de projetos de coopera-ção transfronteiriça que dare-mos a conhecer futuramente. Jc – podemos dizer que esta ponte, a última a ser construí-da no rio Minho, chegou em boa hora.

FN – Eu acho que sim e se tivéssemos demorado dois ou três meses mais se calhar não tínhamos conseguido. Foi no momento certo.

Jornal c (Jc) – presidente considera que esta ponte foi uma mais valia para tomiño e Vila Nova de cerveira?

sandra Alvarez (sA) – Eu creio que a grande mais va-lia desta ponte foi o facto de ela nos ter permitido conhe-cermo-nos melhor mutuamente, de termos percebido que somos dois povos irmãos, muito parecidos, com uma cul-tura e tradições muito similares.

Esta ponte também contribui para estarmos cada vez mais perto e portanto a sua construção foi muito positiva.

Jc – Do ponto de vista económico cerveira lucrou muito com esta ponte, há muitos espanhóis que visi-tam aquela vila diariamente.

Sa – De facto nós gostamos muito de ir a Vila Nova de cerveira. Gostamos de ir tomar o nosso cafezinho e pas-sear na vila que é muito simpática. Mas olhe que os por-tugueses também nos visitam. cada vez mais vemos gente de cerveira em tomiño, nos nossos restaurantes e também na vila. Eu creio que o benefício foi sem dúvida mútuo.

Jc – O seu homólogo de Vila Nova de cerveira fala inclusive numa grande partilha de equipamentos en-tre os dois municípios como é o caso da piscina. Faz sentido este intercâmbio?

Sa – Faz todo o sentido sobretudo neste momento económico. tanto o presidente da câmara de cervei-ra como o governo do concelho de tomiño estamos a trabalhar nessa colaboração e na sua institucionaliza-ção. o que eu quero dizer é que os tominhenses são um suporte importante para o sustento económico da piscina de Vila Nova de cerveira, e nós queremos ins-titucionalizar isso.

Da mesma maneira que nós utilizamos a piscina, os cerveirenses podem por exemplo utilizar a nossa esco-la de música ou a nossa escoesco-la de teatro. É importan-te estabelecer laços de união não só de forma espontâ-nea, com a ida de gente de lá para cá e vice-versa, mas também de uma forma mais institucional para que as pessoas saibam o que existe e do que podem usufruir. sandra alvarez é presidente da

câmara de tomiño há sete anos. quando foi eleita, a ponte já estava a funcionar. segundo a autarca a ligação tornou-se num instrumento de união que vai sendo comprovado de dia para dia. em entrevista ao jornal C, sandra alvarez deu a conhecer um pouco mais do

concelho que dirige, um concelho “muito jovem” que tem na agricultura um dos seus grandes potenciais.

temos qUe

FUnCionar

Como

Um

território

ComUm

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Depois do aniversário da ponte vamos começar a traba-lhar forte nesse sentido.

Jc – Já estão a desenvolver alguns projetos conjuntos? Sa – Estamos e ultimamente temos vindo a trabalhar mui-to nesse sentido. creio que vai ser muimui-to interessante o que vai acontecer a partir de agora. De qualquer das formas esses projetos conjuntos, alguns deles, já vêm de trás. É o caso do Filminho ou o triatlo da Amizade, iniciativas que fomos de-senvolvendo nos últimos tempos e que se tornaram experiên-cias muito interessantes,

Jc – Quer revelar alguns desses projetos?

sA – Eu acho que os projetos devem ser anunciados quando estiverem bem trabalhados e desenvolvidos. Estamos a traba-lhar há vários meses nessas matérias, desde que o presidente da câmara tomou posse. Ele e a sua equipa mostraram interesse em aprofundar esta colaboração e é o que temos vindo a fazer. Quanto aos projetos eles serão dados a conhecer na altura certa, mas já não falta muito para se ficar a saber o que vai acontecer.

Jc – Este relacionamento e intercâmbio entra as duas localidades não é recente, é algo histórico que se tem vin-do a intensificar…

Sa – De facto não é uma novidade. Desde sempre que cer-veirenses e tominhenses, mesmo quando não existia ponte, an-davam de um lado para o outro nas barcas e depois de ferry. sempre houve muita comunicação que foi intensificada pela ponte. É importante apagar de uma vez por todas as frontei-ras existentes na União Europeia e fazer com que este rio não nos separe mas antes nos una. Queremos que o rio Minho pas-se pelos dois lados de um território que é irmão, apesar de pas- se-rem dois estados diferentes. somos um território que trabalha e colabora junto pelo interesse dos seus munícipes.

Jc – Somos no fundo a mesma gente?

Sa – Eu acho que sim e não só ao nível cultural, mas tam-bém linguisticamente, ao nível das tradições e de muitas ou-tras coisas. Nesta ponte, reconhecemo-nos como um povo cuja cultura é irmã.

Isto tem muito valor na Europa e os fundos europeus, os únicos que na próxima candidatura vão aumentar, são preci-samente aqueles que estão diretamente ligados a esta ques-tão transfronteiriça porque precisamente a Europa quer apa-gar as fronteiras.

Nós também temos que estar aí com um projeto integrador, é muito importante que assim seja.

Jc – tomiño e cerveira vão estar atentos a essas opor-tunidades?

Sa – Já estamos atentos há algum tempo e temos vindo, como lhe disse, a trabalhar nisso mesmo. É a nossa obrigação.

Jc – Quem está no castelinho em Vila Nova de cerveira e olha em frente para a outra margem, percebe que está ali a nascer algo. O que vai nascer ali?

Sa – trata-se do denominado Espaço Fortaleza que foi premiado com um prémio de arquitetura. trata-se de uma recuperação que engloba um parque de 60 mil metros qua-drados e que pretende ser o início da recuperação da ribeira Minho. É um projeto que queremos que cresça e neste mo-mento, do lado direito, já conseguimos chegar até à praia das Eiras. Futuramente queremos continuar para o lado da ponte internacional. É um espaço de lazer e ócio e é muito curioso que mesmo em frente exista um outro parque que é o do castelinho. Já pensou que interessante seria podermos unir esses dois parques?

Jc – É um desafio para o futuro?

Sa – É. como vê, sem revelar, vou dando algumas pistas. Jc – costuma visitar muitas vezes Vila Nova de cerveira? Sa – sim, vou muitas vezes. por acaso ainda na semana pas-sada lá estive a almoçar com o presidente da câmara. Vou mui-tas vezes tanto no plano pessoal como institucional.

Jc – Vamos falar agora um pouco do concelho de to-miño. Quais são as principais características desta região? Sa – tomiño é um espaço natural muito importante. somos o concelho que tem o maior troço de rio do lado galego, que estamos a tentar valorizar. temos vindo a criar ecovias e zo-nas de passeio ao longo da margem, como já fizemos desde a fortaleza de Goyan até à praia de seres.

somos um concelho agrícola que aposta numa agricultura moderna. para ter uma ideia somos o concelho da Galiza com o maior número de viveiros de plantas ornamentais, o que faz de nós uma zona pujante e termos agrícolas. Mas estamos a falar de uma agricultura internacionalizada, moderna, de ino-vação, que gera emprego

somos um concelho novo cuja franja de população mais im-portante se situa entre os 25 e os 45 anos de idade. Um con-celho com muito potencial.

Jc – E de futuro?

sA – Eu julgo que o importante é que as duas câmaras con-tinuem a trabalhar em prol da união e bem estar das pesso-as, fazendo coisas em comum, principalmente nestes tempos difíceis, de modo a maximizar aquilo que temos. se há uma piscina em Vila Nova de cerveira, que precisa dos tominhen-ses para ser sustentável, que sentido faz querermos construir uma em tomiño. o importante é que funcione uma que sirva os dois lados e que funcione bem. temos que funcionar como um território comum e se tomiño tiver algo que possa servir também os cerveirenses, como por exemplo a nossa escola de música ou de teatro, tanto melhor.

tal como a Europa, é nisso que temos que trabalhar a partir de agora. temos que estar na vanguarda da Europa.

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DISTRITO

CAMINHA

CAMINHA

os vereadores do psD consideraram “uma bagatela” ou mesmo “uma migalha” os valores que a câmara de Caminha pretende transferir para as juntas de freguesia para limpeza de espaços verdes, caminhos e valetas, e cuja proposta foi apresentada na última reunião do executivo. segundo as contas dos sociais democratas são 55 mil e 800 euros que a câmara pretende transferir pelas catorze

freguesias, um valor que vai ser absorvido por algumas delas, considerando que não vai chegar para todas.

Na última reunião de câmara a bancada do psD começou por sugerir que a proposta fos-se retirada da ordem de tra-balhos por considerarem que não estava a ser cumprida a lei. A bancada do psD quis sa-ber se o acordo tinha sido de-vidamente discutido com to-dos os presidentes de Junta de Freguesia, e se os valores da proposta tinham sido ne-gociados e aceites pelos pre-sidentes das respetivas juntas. “Entendemos que se assim não foi a lei não está a ser cumprida”, sublinharam os sociais democratas.

transFerênCias

para as jUntas

De FregUesia:

“Uma bagatela,

Uma migalha”

aCUsa psD

A sugestão do psD para que a proposta fosse retirada da or-dem de trabalhos não foi acei-te pelo presidenacei-te do execu-tivo, acabando a mesma por ser discutida e votada.

segundo as contas do psD a proposta de transferência de verbas apresentada pelos so-cialistas é inferior à que foi apresentada em 2012 pelo exe-cutivo liderado por Júlia pau-la (psD), tendo os socais de-mocratas apresentado aquilo a que chamaram “provas”.

“senhor presidente vou-lhe provar que receberão menos 254,5% que as freguesias re-ceberam em 2012. A propos-ta apresenpropos-tada por si prevê a transferência, para todas as fre-guesias de 27.900 euros para garantirem e assegurarem a manutenção de espaços ver-des e 27.900 euros para asse-gurarem a limpeza das vias e espaços públicos, sarjetas

e sumidouros; 83.700 euros para manterem, repararem e substituírem mobiliários urba-no; 30 mil euros para assegu-rarem a realização de peque-nas reparações peque-nas escolas e 15 mil euros para

promove-rem a manutenção dos espa-ços envolventes das escolas.

Deste total de 184.500 eu-ros, 128.500 são atribuições novas que não eram conside-radas nos protocolos dos anos anteriores”.

Feitas as contas, os verea-dores sociais democratas di-zem restar 55.800 euros para comparar com as verbas pro-tocoladas entre executivos an-teriores. “Acha que esta ver-ba, a distribuir por todas as 14 freguesias do concelho, chega para executar um tra-balho eficaz?” questionou o

líder da bancada social demo-crata. Flamiano Martins mos-trou-se “chocado com a fal-ta de sensibilidade em propor às nossas juntas de freguesia estas verbas, ao mesmo tem-po que apela aos presidentes

das juntas união de esforços e lealdade”.

Assim, e considerando que nos termos da lei, é compe-tência da Junta de Freguesia “discutir e preparar com a câ-mara municipal contratos de delegação de competências e acordos de execução”; que o acordo de execução entre o município de caminha e as Juntas de Freguesia do con-celho não foi discutido nem as verbas foram expressamen-te aceiexpressamen-tes pelas Juntas de Fre-guesia; e que os valores en-volvidos são manifestamente

insuficientes para a gestão e a manutenção de espaços ver-des e a limpeza das vias e es-paços públicos, sarjetas e su-midouros, os vereadores do psD decidiram votar contra a proposta.

Na declaração de voto apre-sentada, os sociais democratas recomendam ainda que seja “reforçada” a verba para ges-tão e manutenção de espaços verdes e limpeza das vias e es-paços públicos, em detrimento da manutenção do mobiliário urbano e das pequenas repa-rações de escolas e zona en-volvente, sugerindo que estas competências continuem a ser da câmara municipal.

transferências “mais justas e equilibradas” garante pS

contrariando os argumentos apresentados pela bancada do psD, Miguel Alves, presidente da câmara de caminha, con-siderou que a partir de ago-ra as tago-ransferências de verbas e delegação de competências serão mais “justas” e “equili-bradas”, não compreendendo por isso porque é que a oposi-ção se sentia “chocada” com os montantes atribuídos pelo executivo.

“Eu devo dizer que, em sede de orçamento, nós aprovamos uma dotação para estas trans-ferências que vamos fazer na ordem dos 184 mil euros. E nós tínhamos a possibilidade de fazer como sempre se fez, que era olhar para este montante e atribuir um pouco sem critério, xis para uns e xis para outros. o que acontecia era uma dis-sintonia grande entre aquela que era a vontade de câmara, e o apelo que algumas juntas de freguesia faziam de justi-ça relativa à atribuição destas verbas. Muitas vezes se ouviu dizer que juntas de freguesia que não eram da mesma cor partidária da câmara munici-pal eram prejudicadas”.

segundo Miguel Alves isto acontecia porque não existia um “critério claro” sobre es-sas mesmas atribuições, coisa que segundo o autarca a pa-rir de agora não vai aconte-cer porque “agora existe um critério”.

“É um critério que passa pela avaliação do número de habi-tantes; pela avaliação da área de cada uma das freguesias; pela dinâmica dos equipamentos que existem em cada uma delas e, finalmente, com uma clausula de solidariedade”, explicou.

Miguel Alves considerou que os acordos a fazer com as jun-tas representam “um grande esforço do município”, um es-forço que o presidente da câ-mara considerou “claro, cri-terioso e inatacável”.

o autarca acrescentou ain-As contas do PSD

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o festival de Vilar de Mouros, e mais concretamente a anun-ciada participação do marido da vereadora Ana são João na-quele evento num serviço co-municado na última reunião descentralizada, realizada em Vilar de Mouros, foi um dos temas levado à reunião do exe-cutivo pela oposição.

A vereadora do psD,

Lilia-vereaDora soCialista expliCa envolvimento

Do mariDo em Festival De músiCa

na silva, exigiu esclarecimen-tos e a vereadora Ana são João esclareceu o papel do marido, enfermeiro de profissão, na-quele evento musical.

Ana são João agradeceu que tivessem colocado a questão já que isso lhe iria permitir escla-recer uma situação que estava a ser levantada, inclusive nou-tros locais, o que considerou

até normal ocupando ela o car-go que ocupa.

“o único contrato que o meu marido tem, há 22 anos, é como funcionário público, o segundo trabalho é na clipóvoa há 14 anos e o terceiro vai ser como pai. Estes são os únicos con-tratos que tem.

Aquilo a que o senhor pre-sidente da câmara se referiu

na reunião de Vilar de Mou-ros tem a ver com o cargo de coordenador que desempenha há sete anos e que está relacio-nado com uma área de missão que é intervenção em contex-to recreativo.

ou seja, por inerência do car-go, há seis anos que faz o Fes-tival de paredes de coura com os restantes elementos, como

é o caso da cruz Vermelha e Ars Norte. Vai ser feita tam-bém uma intervenção na rua Di-reita com o intuito de criar em espaço de diversão, segurança e que os consumos que lá exis-tam possam ser minimizados”. o vínculo, explicou Ana são João “é o Instituto da Droga e toxicodependência, que é o co-ordenador da área de missão.

Ana são João disse não se sentir nada incomodada com a questão levantada pela ve-readora Liliana e até a achou “muito normal”.

Em tom de brincadeira a vereadora disse que até não gostava nada desta função do marido porque o obrigava a passar muitas noites fora de casa.

da que os acordos “são fór-mulas legais para que possa-mos dotar financeiramente as freguesias para cumprirem as competências que nelas são delegadas por lei”.

o presidente lembrou que o Governo atribuiu mais com-petências às Juntas sem o cor-respondente envelope financei-ro e que agora era necessário “resolver esse vazio de modo a encontrar soluções que be-neficiem as Juntas de Fregue-sia no contexto financeiro tão difícil como o que vivemos”.

com a nova legislação apro-vada pelo Governo, estão dele-gadas nas Juntas de Freguesia várias competências, nomea-damente: gerir e assegurar a manutenção de espaços ver-des; assegurar a limpeza das vias e espaços públicos, sarje-tas e sumidouros; manter, re-parar e substituir o mobiliá-rio urbano instalado no espaço público, com exceção daque-le que seja objeto de conces-são; assegurar a realização de pequenas reparações nos es-tabelecimentos de educação pré-escolar e do primeiro ci-clo do ensino básico e promo-ver a manutenção dos espaços envolventes dos já referidos estabelecimentos de ensino.

relativamente ao valor a transferir, 184.500 euros, Miguel Alves garante que re-presenta mais 30% do que foi transferido em 2012 a título de transferências correntes.

segundo as contas da câma-ra, que não coincidem com as que fizeram os vereadores do psD, que garantem que para limpezas de arruamentos e ma-nutenção de espaços verdes as juntas vão receber menos 100 mil euros, o presidente da câmara garante que “esta-mos a transferir mais 13% do que foi transferido em 2009, mais 11% dos que em 2010;

mais 21% do que em 2011; e mais 30% do que se transfe-riu em 2012”.

A título de exemplo, Miguel Alves disse ainda que as trans-ferências para Âncora sobem 83%; para caminha / Vilarelho 81%; para Vila praia de Ân-cora 82% e para seixas 84%”. para além de “aumentar em 30% as transferências para de-legação de competências”, a câmara anunciou que irá du-plicar também o montante cor-respondente à transferência de capital.

“Não se conseguiu só isto, também vamos aumentar as transferências de capital, ape-sar das dificuldades. Em 2014, relativamente ao ano de 2013, vamos transferir mais 125% para Âncora, mais 100% para Argela; mais 60% para cami-nha/Vilarelho; mais 200% para Dem; mais 300% para Gondar/ orbacém; mais 300% para La-nhelas; mais 100% para Mo-ledo/cristelo; mais 25% para riba de Âncora; mais 300% para seixas; mais 100% para Venade/Azevedo; mais 276% para Vila praia de Âncora; mais 50% para Vilar de Mouros e mais 30% para Vile”, expli-cou Miguel Alves.

Depois de aprovadas em reu-nião de câmara, as minutas de acordo vão agora ser envia-das aos presidentes de Jun-ta que irão decidir se aceiJun-tam ou não os valores propostos pela câmara.

Quanto à possibilidade de ter reunido antes com cada Junta, Miguel Alves disse que não o poderia fazer sem que pri-meiro o assunto fosse discu-tido em reunião de câmara. “só agora é que estamos em condições de propor aos se-nhores presidentes que dirão depois se aceitam ou não. An-tes disso não o poderíamos fa-zer”, sublinhou.

Caminha ContinUa à espera qUe

a gUarDa

DeCiDa pagar a DíviDa

A dragagem do canal de naveg-ação do ferry-boat que liga caminha a Espanha tem sido, nos últimos tempos, o cavalo de batalha das autarquias das duas margens da foz do rio Minho, sem sucesso, até à data. A câ-mara de caminha e a congé-nere de A Guarda estão agora a tentar sensibilizar várias en-tidades, como a comissão do Xacobeo, responsável pelos caminhos de santiago, para a importância da dragagem do canal de forma a que o ferry-boat continue a navegar e a unir os dois países.

A dragagem do canal de naveg-ação é apenas um dos vários problemas que afetam aquele meio de transporte. o ferry santa rita de cássia passou na vistoria e está pronto a naveg-ar, mas para além de ter o ca-nal assoreado, também a en-trada no cais de embarque de caminha está cheia de areia e uma dragagem, a avançar, só

lá para o final do mês. o In-stituto de conservação da Na-tureza e das Florestas está a analisar as areias e só depois é que dará parecer, que pode ser positivo ou negativo, à draga-gem. o que, a acontecer, será lá para o final deste mês. Até lá, a embarcação vai ficar para-da à espera.

A informação foi comunica-da pelo presidente comunica-da câmara de caminha aos vereadores da oposição. o social democrata Flamiano Martins interrogou o executivo socialista sobre o futuro da embarcação que liga caminha a Espanha.

“Queremos saber qual é a situação do ferry e do desas-soreamento do canal, o pon-to da situação relativamente à vistoria da embarcação e do cais de acostamento e se há pers-petivas quanto ao re-começo das carreiras. rela-tivamente às cotas do ferry fomos novamente confronta-dos com um novo adiamento de apresentação do plano de pagamentos de que já está com sete meses de atraso. por outro lado queremos sa-ber porque é que o Alcaide de A Guarda reduziu a dív-ida para pouco mais de um milhão de euros”.

para Flamiano Martins o mu-nicípio de A Guarda “está a a-postar claramente na pre-scrição dos valores em dívida para com caminha” e perguntou ao chefe do executivo se este tinha ou não aceite esta redução da dívida. “Qual é a atitude que o município de caminha vai tomar? Lembro que se aceit-ar está a prescindir de verbas que o município de caminha

necessita”, sublinhou. A dívida de A Guarda com caminha, que se prende pre-cisamente com a exploração do ferry-boat, continua sem liqui-dar. os portugueses diziam, no tempo do anterior executivo, que o valor em dívida era de 2,6 milhões de euros. os ga-legos apontam para pouco mais de 1 milhão de euros, mas nem esse montante começou já a ser pago, como prometeu no início do ano em caminha o Alcaide do município da mar-gem espanhola.

confrontado pelos vereadores da oposição, o presidente da câmara de caminha, Miguel Alves, explicou que os vizin-hos galegos ainda não tinham começado a pagar a dívida dev-ido a problemas relacionados com a lei espanhola.

“A Guarda tinha o compro-misso de apresentar, até ao fi-nal do mês de maio, um pla-no de pagamentos a caminha. Esse plano já me chegou mas a verdade é que o mesmo não ia ao encontro dos interesses de caminha. Dei nota disso ao senhor alcaide e neste momen-to já tenho um novo plano em cima da mesa”, adiantou.

o processo judicial para resolv-er a dívida foi entretanto sus-penso por mais 40 dias anun-ciou o presidente da câmara de caminha. Enquanto isso, é pre-ciso esperar pelo visto do tesou-reiro galego para que A Guarda comece finalmente a liquidar a dívida, cujo valor ainda não foi divulgado publicamente.

Miguel Alves explicou que por enquanto não podia divulgar a proposta enviada por A Guar-da, porque a mesma não

pas-sa de uma intenção.

“Enquanto que eu aqui em caminha tenho um tesoureiro e um responsável pelas finanças que pode caucionar as minhas decisões, em A Guarda eles têm um interventor que é nomea-do pelo Governo de Madrid. É esse interventor que vai dar o visto sobre todos os compro-missos ou pagamentos que A Guarda tem. Neste momento o documento que A Guarda me enviou não tem ainda um vis-to do intervenvis-tor e por isso é um documento que vale pou-co. Não passa de mails troca-dos entre nós”, explicou.

relativamente ao processo ele vai ficar suspenso por mais 40 dias, o tempo que A Guarda pediu a caminha para apresentar a documen-tação já com todos os vistos necessários.

“tanto eu como o alcaide de A Guarda fomos notificados pelo tribunal Administrativo para dizermos se queríamos que a instancia continuasse suspen-sa, ou se havia acordo, ou ai-nda se o processo terminava. como entretanto não há ainda uma decisão sobre esta maté-ria e para caminha não é bom que o processo seja suspenso, decidimos pedir a prorrogação por 40 dias do prazo de sus-pensão do processo”.

Assim sendo e enquanto o in-terventor não der o visto, não se sabe se A Guarda vai pagar os tais 2,6 milhões de euros reclamados pelo anterior ex-ecutivo, ou apenas pouco mais de um milhão de euros como temem os vereadores do psD. também não se sabe quando vão começar a pagar.

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