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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

ANÁLISE DE INVESTIMENTOS NO MERCADO ACIONÁRIO:

UMA DISCIPLINA NA GRADUAÇÃO

Por: Aloisio Villeth Lemos

Orientador

Prof. Ms. Marco A . Larosa

Rio de Janeiro 2003

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II

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

ANÁLISE DE INVESTIMENTOS NO MERCADO ACIONÁRIO:

UMA DISCIPLINA NA GRADUAÇÃO

Apresentação de monografia ao Conjunto Universitário Cândido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Docência do Ensino Superior.

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III

AGRADECIMENTOS

A todos os novos amigos conquistados durante o período do curso no ambiente da Universidade, tanto os colegas de turma quanto o Corpo Docente.

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IV

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha mãe, que com toda a sua humildade soube me ensinar que o caminho da educação é o mais adequado para levar uma pessoa a evoluir, em todos os sentidos.

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V

RESUMO

Uma questão inicial e básica que se levanta nesta monografia é a seguinte: os cursos de graduação ligados às Ciências Econômicas preparam os alunos para terem um entendimento adequado do que vem a ser o mercado de capitais, em especial o mercado de ações?

De fato, percebe-se nos currículos dos cursos de graduação todo um conteúdo acadêmico de valor inquestionável, com a apresentação de conceitos consagrados através da história do pensamento econômico. Porém, o desafio lançado nesta monografia é desenvolver, em paralelo à visão acadêmica, uma disciplina que vise a formação de analistas do mercado acionário, não sendo este tema específico um fator inibidor para a abertura em novas frentes de estudo, muito ao contrário, pois há uma forte e natural interdisciplinaridade no assunto em foco.

O objetivo do trabalho não está circunscrito à utilização dos conceitos a este respeito simplesmente pelo próprio aluno em sua vida futura pessoal, mas sim trazer a possibilidade de construção de novas carreiras profissionais voltadas para um segmento que deverá ter demanda expressiva por parte de instituições financeiras, consultorias, dentre outros segmentos do meio empresarial, como um todo, e não somente do setor financeiro, como poderia se supor numa primeira observação.

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VI

METODOLOGIA

Tendo em vista o objetivo principal deste trabalho, qual seja, a proposição de uma disciplina voltada para a análise e bom entendimento do mercado acionário, a metodologia tem como foco permanente a definição de uma ementa e conteúdo programático para a análise do mercado acionário e precificação de ações, utilizando para tal recursos bibliográficos disponíveis, assim como explorando a experiência profissional do autor na área de análise do mercado de capitais, objetivando então a proposta de um curso que tenha sempre presente o conhecimento acadêmico, aliado à prática profissional.

Assim é possível estimular o desenvolvimento individual do educando, dentro de um mercado de trabalho promissor, através da utilização das melhores ferramentas e provocando a descoberta de novas técnicas. Tudo isso se apóia no tripé que deve guiar o ensino superior: Ensino, Pesquisa e Extensão.

Como embasamento para o problema exposto, foram consultadas as grades curriculares de três importantes instituições brasileiras de ensino superior, todas com notório reconhecimento público quanto à qualidade do ensino no curso de graduação em Ciências Econômicas. São elas a Universidade Federal do Rio de Janeiro, a Pontifícia Universidade Católica (PUC) e o Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais – Faculdades IBMEC. Tais grades curriculares encontram-se anexas a esta monografia (Anexos 1,2 e 3), onde fica comprovada a inexistência de uma disciplina voltada especificamente para a Análise do Mercado Acionário e Precificação de Ações.

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VII

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I 10 CAPÍTULO II 14 CAPÍTULO III 38 CONCLUSÃO 60 BIBLIOGRAFIA 62 ANEXOS 63 ÍNDICE 70 FOLHA DE AVALIAÇÃO 72

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VIII

INTRODUÇÃO

Do ponto de vista societário, uma ação representa a menor parcela do capital de uma sociedade anônima. Por trás desta simples afirmação, há um rico conteúdo a ser estudado, que começa pelo entendimento do que representa o mercado acionário para o

desenvolvimento de um País. Do ponto de vista dos investidores, trata-se de uma preciosa ferramenta para a formação de objetivos de longo prazo, tendo em vista a importância fundamental que a formação de poupança representa para o progresso da sociedade, como um todo. Do ponto de vista das empresas, o mercado acionário representa uma possibilidade de buscar capital de risco para financiar seus projetos, admitindo assim novos sócios no negócio, ainda que sejam

minoritários, ou seja, não participem diretamente das decisões estratégicas corporativas.

O perfeito entendimento do que representa o mercado

acionário para a sociedade se reveste de importância capital no campo da moderna teoria de finanças, daí se justificando a proposta desta monografia em apresentar uma ementa e um conteúdo programático destinados aos cursos de graduação ligados às Ciências Econômicas.

Mais do que apresentar aos educandos as Bolsas de Valores e suas formas de funcionamento, a proposta aqui trazida é de ensinar as principais metodologias conhecidas para avaliação de empresas, cujo valor como ensinamento seguramente não se esgota no ambiente do mercado financeiro, estendendo-se a todos os campos onde se fizer necessário algum estudo de viabilidade para determinado negócio, seja ele de pequeno, médio ou grande porte.

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IX

Os três capítulos apresentados a seguir oferecem o conteúdo programático necessário para desenvolver a disciplina proposta, que poderá, a critério da coordenação de cada curso, apresentá-la de forma dividida entre dois períodos (exemplo: Análise do Investimento em Ações I e II). Nesse caso, para a unidade I sugerimos o aproveitamento do conteúdo dos capítulos I e II, e para a unidade II se enquadraria adequadamente o conteúdo do capítulo III.

Merece ainda ressalva que o sub-item 3.2 do capítulo III (Análise de Balanços) poderia ser excluído da ementa, na medida em que é naturalmente oferecido como disciplina isolada nas grades curriculares dos cursos ligados às Ciências Econômicas. Todavia é indispensável que esta disciplina seja solicitada como pré-requisito, assim como a disciplina Contabilidade Introdutória (ou título

equivalente).

Por outro lado, sempre será possível acrescentar e aperfeiçoar o conteúdo sugerido, seja a partir do conhecimento específico do professor titular da disciplina, seja pelo constante enriquecimento com relação ao assunto, fato natural em qualquer disciplina de qualquer curso, em consonância com a dinâmica inerente ao estudo científico, de uma maneira geral.

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X

CAPÍTULO I

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XI

AS BOLSAS DE VALORES E O SISTEMA FINANCEIRO

Tendo em vista a proposta de inserir nos cursos de graduação em Economia a disciplina de Análise de Investimentos no Mercado Acionário, se faz fundamental o entendimento mínimo do Sistema Financeiro Nacional e como as Bolsas de Valores se inserem neste contexto. Como ilustração, temos dentre os anexos desta monografia (Anexo 4) um organograma do Sistema Financeiro Nacional.

As Bolsas de Valores estão incluídas no que é chamado de Sub-Sistema de Intermediação, do qual fazem parte também outras instituições, como Bancos, Caixas Econômicas Federal e Estaduais, Sociedades de Crédito, dentre outras.

1.1 – BOLSAS DE VALORES – PEQUENO HISTÓRICO

A origem das Bolsas de Valores é bastante remota. Alguns escritores a localizam nos emporium dos gregos, outros nos collegium

mercatorum dos romanos, ou nos funduks (bazares) dos palestinos. A evolução através dos tempos é notável, inclusive no que se refere às cifras.

“Quando uma Bolsa de Valores foi inaugurada em Amsterdan, em 1631, a palavra bilhão talvez não existisse. Algumas poucas iniciativas de associação de capitais, como a de Thomas Gresham em Londres, movimentavam recursos financeiros na Costa Oeste da Europa. Formavam-se as primeiras Companhias das Índias ... Hoje, a Bolsa de Amsterdan negocia um bilhão de dólares a cada dois dias...” (RUDGE, 1996, p.171)

No Brasil existiam várias Bolsas de Valores regionais, até que em janeiro de 2000 houve a unificação destas entidades, com a concentração de

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XII

todos os negócios na Bolsa de Valores de São Paulo, conhecida como Bovespa.

1.2

– BOLSAS DE VALORES – ESTRUTURA E

FUNCIONAMENTO

A Bolsa de Valores é o lugar onde compradores e vendedores de ações efetuam seus negócios, utilizando para isso intermediários, que são as Corretoras de Valores. É a reunião destas corretoras que forma a Bolsa de Valores. A Corretora de Valores, por sua vez, é uma instituição financeira fiscalizada pelo Banco Central, que pode estar ou não ligada a um Banco.

A Bolsa de Valores se caracteriza como uma associação sem fins lucrativos, cujo objetivo é promover todas as condições necessárias para o funcionamento do mercado de ações. Lá os corretores executam ordens de compra e venda dadas pelos seus clientes: os investidores. O pregão, sessão durante a qual se negociam as ações, pode ser realizado tanto num espaço físico da própria Bolsa de Valores como por meio de transações eletrônicas (pregão eletrônico).

As Bolsas de Valores são importantes nas diversas economias ao redor do mundo porque permitem uma canalização rápida das poupanças para transformação em investimentos. No Brasil, o Governo do Presidente Luís Inácio Lula da Silva tem como política para esta área o chamado “Plano Diretor do Mercado de Capitais”, que foi desenvolvido por instituições reconhecidas como as mais representativas no País sobre o assunto, como a Abamec (Associação Brasileira dos Analistas do Mercado de Capitais), o Ibmec (Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais), dentre várias outras entidades.

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XIII

Podemos concluir este Capítulo salientando que, para que tudo funcione adequadamente, é necessário que as Bolsas de Valores propiciem um ambiente de transparência para a formação de preços, a partir de práticas eqüitativas de mercado, segundo as quais todos os que compram e vendem ações tenham o mesmo tratamento e obedeçam aos mesmos procedimentos, tendo ainda acesso idêntico às mesmas informações, o que nos remete aos assuntos tratados nos dois próximos Capítulos desta monografia.

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XIV

CAPÍTULO II

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XV

MERCADO ACIONÁRIO: PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO

As sociedades anônimas podem ter o capital fechado ou aberto. Diz-se que uma empresa tem capital aberto quando suas ações são negociadas na Bolsa de Valores. Conforme sua estrutura, o mercado acionário pode ser dividido em duas etapas:

mercado primário – mercado utilizado pelas empresas para se capitalizarem, através de emissão de novas ações. Para lançar novas ações no mercado, as empresas fazem emissões públicas de ações, conhecidas como operações de underwriting.

mercado secundário – quando o detentor de uma ação de uma empresa deseja se desfazer de sua posição, ele busca no mercado secundário, por intermédio de um corretor, um outro investidor que deseje comprar suas ações. Esta transferência dos títulos entre investidores se dá através das Bolsas de Valores ou do mercado de balcão.

A diferença básica entre os dois mercados é que o mercado primário tem por finalidade capitalizar as empresas. Já o mercado secundário busca dar liquidez aos títulos, através da compra e venda de ações já existentes.

2.1 - AÇÕES: PRINCIPAIS CONCEITOS

Ações são títulos de renda variável, emitidos por sociedades anônimas, que representam a menor fração do capital da empresa emitente. Uma ação está para uma sociedade anônima, assim como uma cota para uma empresa limitada. Desta forma, quando um ou mais empresários montam uma loja em um shopping center, normalmente o fazem na forma de uma empresa sob cotas de responsabilidade limitada. Ele(s) é(são) o(s) dono(s) da empresa, detendo x% do capital da loja.

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XVI

O mesmo se dá com ações. Quando um investidor decide comprar ações da Petrobras, ele se torna acionista da empresa, ou seja, ele passa a ser dono de um pedaço da companhia, mesmo que este pedaço seja pequeno. Assim, um acionista não é um credor da companhia, mas um co-proprietário, com direito aos lucros e com responsabilidade junto aos prejuízos. As ações podem ser de dois tipos:

ações ordinárias – conferem ao acionista o direito de voto em assembléias gerais. Aos acionistas minoritários de ações ordinárias foi assegurado pela Lei 10.303/2001 o direito de retirada quando da ocorrência de alteração no controle acionário da companhia. Neste caso, deve ser oferecido o valor correspondente a 80% do preço pago pelo novo controlador.

ações preferenciais – garantem ao acionista a prioridade no recebimento de dividendos e no reembolso de capital, no caso de dissolução da sociedade. Entretanto, não dão direito a voto.

Necessariamente devem existir ações ordinárias no capital de uma empresa (pode ser 100% formado por ordinárias). Quanto às ações preferenciais, são limitadas a 50% do capital total para as empresas que abriram o capital desde a publicação da Lei 10.303, de 31/10/2001. Esta Lei alterou e complementou a Lei das Sociedades Anônimas (Lei 6.404/76), que determinava um máximo de dois terços de ações preferenciais no capital total das sociedades anônimas. As ações podem ser, ainda, de duas formas:

Nominativas - neste caso há a emissão de cautelas ou certificados que apresentam o nome do acionista, cuja transferência é feita com a entrega da cautela e a averbação de termo, em livro próprio da empresa emitente, identificando o novo acionista.

Escriturais – neste caso não há emissão de cautelas ou movimentação física dos documentos. É como se fosse uma conta corrente. Hoje em dia,

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XVII

quase a totalidade das ações é do tipo escritural, controlada por meios eletrônicos.

Se uma ação é um título de propriedade de uma empresa, ela deve conter alguns direitos. Vejamos, a seguir, quais os direitos e proventos de uma ação:

Dividendos – quando a empresa gera lucro, parte deste lucro é distribuído para seus acionistas na forma de dividendos. O restante é utilizado para reinvestimentos e para constituição de reservas. A distribuição de dividendos, percentual a ser distribuído e datas de pagamento dos dividendos, é definida em assembléia dos acionistas, após o fechamento dos demonstrativos financeiros anuais.

Bonificação – as bonificações podem ser em ações ou em dinheiro. A bonificação na forma de ações é o resultado do aumento de capital de uma empresa, mediante a incorporação de reservas e lucros, ocasionando a distribuição gratuita de novas ações a seus acionistas, em número proporcional às já possuídas. Uma empresa pode, também, distribuir bonificações em dinheiro. Isto ocorre excepcionalmente, quando a empresa concede a seus acionistas uma participação adicional nos lucros.

Direitos de subscrição – ao emitir novas ações, para o aumento do capital da empresa, os acionistas têm a preferência na aquisição destas novas ações, de forma a manter a mesma proporção na participação que detêm na empresa. Caso não haja interesse por parte do acionista em adquirir as novas ações oriundas da subscrição, o mesmo poderá vender a terceiros, em bolsa, este direito.

Bônus de subscrição - são vendidos aos acionistas da empresa, dando aos seus portadores o direito de subscrever novas ações dentro de um prazo futuro, por um preço pré-determinado. Neste caso, o acionista que não efetuar

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XVIII

a subscrição dentro do prazo estipulado perde seu direito e não tem a restituição do valor pago pelo bônus.

Split ou desdobramento – ocorre um split quando uma ação se divide em outras ações. Suponhamos, por exemplo, que o preço de uma ação da empresa X seja R$ 50,00 e a empresa decida fazer um split de 1 para 5. Desta forma, o detentor desta ação, passaria a ter 5 vezes a mesma quantidade de ações, com o preço de 1/5 por ação. Num primeiro momento, seu resultado financeiro é nulo.

Agrupamento ou inplit – o inplit é o contrário do split. Neste caso, há o agrupamento de uma quantidade de ações para formar uma nova ação. Assim como no split, o resultado financeiro da operação é nulo, no primeiro momento.

Todas as transações em Bolsa de Valores são realizadas por investidores que, por diferentes motivos, buscam retornos acima da média de um título de renda fixa. Observam-se tipos diferentes de aplicadores no mercado de ações, a saber:

Investidor de longo prazo – compreende que no longo prazo deve obter retornos maiores que na renda fixa;

Especulador – apesar de criticado por muitos, o especulador é uma figura fundamental para garantir a liquidez dos mercados;

Especialista – especialista em determinado papel ou grupo de papéis, que compra e vende contra o mercado, quando o preço está se movendo em uma direção. Ele não tem como função controlar preços, mas buscar manter o preço do papel de forma mais ordenada. De certa forma, aumenta a liquidez dos títulos;

Insider – se caracteriza por possuir informações privilegiadas sobre a empresa, podendo se antecipar ao mercado nas compras e vendas de ações.

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XIX

Existem regras para controlar tais situações e a CVM está atenta a este tipo de aproveitador de ocasiões, aplicando punições quando é caracterizado um procedimento irregular;

Manipulador – atividade totalmente irregular e exercida por quem procura orientar as variações de preço da ação de acordo com seus objetivos de ganho. As normas do mercado impõem punições severas para situações como estas.

2.2 – O VALOR DAS AÇÕES

As ações se caracterizam como títulos de renda variável, o que significa que não há um valor consagrado por todos os agentes econômicos como o mais correto para cada ação, daí a existência das Bolsas de Valores, onde há um confronto entre estes agentes para a determinação do valor da ação no mercado. Teoricamente, uma ação pode ter várias referências de valor, a saber:

Valor Nominal – estabelecido pelo estatuto da companhia. Uma ação pode ser emitida com ou sem valor nominal.

Valor Patrimonial – tem por base o valor do patrimônio líquido da empresa, de acordo com seu balanço patrimonial. Para se chegar ao valor patrimonial de uma ação, basta dividir o patrimônio líquido da empresa pelo seu número de ações total.

Valor Intrínseco – valor estabelecido tendo por base a análise fundamentalista, que considera, entre outros itens, a saúde da empresa e seu fluxo de caixa futuro descontado.

Valor de Liquidação – determinado no encerramento das atividades da companhia.

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XX

Valor de Subscrição (ou de emissão) – preço definido nas subscrições para aumento de capital.

Valor de Mercado – é o valor pago no mercado pela ação, resultante da interação de forças dos agentes envolvidos nas transações efetuadas nas Bolsas de Valores. Depende de uma série de variáveis, envolvendo questões específicas da empresa e outras ligadas às condições gerais do próprio mercado.

2.3 – ÍNDICES DO MERCADO ACIONÁRIO

Um índice de ações é um indicador de desempenho que serve para avaliar a performance do mercado durante determinado período. Os principais índices da bolsa de valores brasileira são:

Ibovespa Índice Brasil – IBX Índice Brasil 50 – IBX50 IEE

ITEL IGC IVBX-2 FGV-100

Cada índice tem sua metodologia de cálculo, conforme veremos a seguir. Entretanto, todos são formados por uma carteira teórica de ações, carteira esta agrupada segundo algum critério.

2.3.1 - IBOVESPA

O Índice Bovespa, ou simplesmente IBOVESPA, é o mais importante indicador do desempenho médio das cotações do mercado de ações brasileiro.

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XXI

Além de retratar o comportamento dos principais papéis negociados na Bolsa de Valores de São Paulo, é um índice com tradição, pois não sofreu modificações metodológicas desde sua implementação em 1968.

O Ibovespa é uma carteira teórica de ações, que busca reproduzir o comportamento das principais ações negociadas na Bovespa, com base em volume financeiro. Para uma ação ser incluída no índice, ela tem que atender cumulativamente aos seguintes critérios, com relação aos doze meses anteriores à formação da carteira:

estar incluída em uma relação de ações cujos índices de negociabilidade somados representem 80% do valor acumulado de todos os índices individuais;

apresentar participação, em termos de volume, superior a 0,1% do total; ter sido negociada em mais de 80% do total de pregões do período.

A participação de cada ação na carteira teórica tem relação direta com a representatividade desse título no mercado à vista – em termos de número de negócios e volume financeiro – ajustada ao tamanho da amostra. Essa representatividade é obtida pelo índice de negociabilidade da ação, calculado pela seguinte fórmula:

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XXII

IN = onde:

IN = índice de negociabilidade

ni = número de negócios com a ação "i" no mercado à vista (lote-padrão) N = número total de negócios no mercado à vista da Bovespa (lote-padrão)

vi = volume financeiro gerado pelos negócios com a ação "i" no mercado à vista (lote-padrão)

V = volume financeiro total do mercado à vista da Bovespa (lote-padrão)

O Ibovespa é um índice que reflete liquidez, transparência, segurança, confiabilidade e independência, além de representar aproximadamente 70% do somatório da capitalização de mercado de todas as empresas com ações negociáveis na Bovespa.

De forma a manter a sua representatividade ao longo do tempo, a carteira do Ibovespa é reavaliada ao final de cada quadrimestre, utilizando-se os critérios e procedimentos de sua metodologia. Desta forma, as alterações necessárias são feitas em início de janeiro, maio e setembro.

Portanto, o Ibovespa nada mais é do que o somatório dos pesos (quantidade teórica da ação multiplicada pelo último preço da mesma) das ações integrantes de sua carteira teórica. Assim sendo, pode ser apurado, a qualquer momento, através da seguinte fórmula:

n

Ibovespa T= Σ Pi.t Qi.t

i=1 onde:

Ibovespa T = Índice Bovespa no instante T

n = número total de ações componentes da carteira teórica P = último preço da ação i no instante T

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XXIII

Sempre que necessário, a carteira teórica do índice de ações passa por um ajuste na quantidade de determinada ação, em função de proventos recebidos. O mecanismo de alteração é semelhante ao utilizado para o ajuste da carteira como um todo, ou seja, considerando-se que o investidor realizou (vendeu) as ações ao último preço de fechamento anterior ao início da distribuição de provento e utilizou os recursos na compra das mesmas ações sem o provento distribuído (“ex” provento).

Fórmula de Alteração na Quantidade Teórica

Qo . Po Qn = --- Pex onde: Qn = quantidade nova Qo = quantidade antiga

Po = último preço de fechamento anterior ao início da distribuição do provento Pex = preço ex-teórico, calculado com base em P

Fórmula Geral de Cálculo do Preço Ex-Teórico Pc + ( % S.Z ) - Div

Pex = --- 1 + % B + % S onde:

Pex = preço ex- teórico

Pc = último preço de fechamento anterior ao início da distribuição do provento %S = percentual de subscrição

Z = valor em moeda corrente de emissão de cada ação a ser subscrita Div = valor em moeda corrente recebido por ação a título de dividendo %B = percentual de bonificação

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XXIV

Carteira teórica do Ibovespa para o quadrimestre janeiro-abril 2003:

Código Ação Tipo Qtde. Teórica Part. (%)

ACES4 ACESITA PN * 66,47385228525 0,543 AMBV4 AMBEV PN * 0,36230122636 1,736 ARCZ6 ARACRUZ PNB 11,60377045365 0,696 BBDC4 BRADESCO PN * EJ 62,80686959031 5,902 BRAP4 BRADESPAR PN * 109,51133891614 0,564 BBAS3 BRASIL ON * 21,49860944899 1,870 BRTP3 BRASIL T PAR ON * 4,23945102249 0,519 BRTP4 BRASIL T PAR PN * 16,38839325473 2,647

BRTO4 BRASIL TELEC PN * 22,78566580977 2,374

BRKM5 BRASKEM PNA* 0,14184503327 0,277

CLSC6 CELESC PNB 113,16075523915 0,542

CMIG3 CEMIG ON * EJ 0,63443801318 0,132

CMIG4 CEMIG PN * EJ 12,40701956252 2,912

CESP4 CESP PN * 8,05613512350 0,511

CGAS5 COMGAS PNA* 0,58067816776 0,274

CPLE6 COPEL PNB* 17,08329588682 1,516 CRTP5 CRT CELULAR PNA* EJ 0,24081088822 0,656 ELET3 ELETROBRAS ON * 5,87012462329 1,229 ELET6 ELETROBRAS PNB* 17,82684896634 3,708 ELPL4 ELETROPAULO PN * 3,71494523188 0,857 EMBR3 EMBRAER ON EJ 6,81283831643 0,774 EMBR4 EMBRAER PN EJ 21,42362165553 2,662

EBTP3 EMBRATEL PAR ON * 23,47365564619 0,871

EBTP4 EMBRATEL PAR PN * 143,14190820521 4,751

GGBR4 GERDAU PN * EJ 4,69999821554 1,371

PTIP4 IPIRANGA PET PN * 2,97524669417 0,207

ITAU4 ITAUBANCO PN * EJ 2,62196010883 3,922 ITSA4 ITAUSA PN 93,42237039622 1,559 KLBN4 KLABIN S/A PN 20,86068330288 0,191 LIGH3 LIGHT ON * 0,48600615970 0,202 PLIM4 NET PN 537,48258580198 2,003 PETR3 PETROBRAS ON 6,66793029271 3,124 PETR4 PETROBRAS PN 21,62961120383 8,906 BRDT4 PETROBRAS BR PN * EJ 1,50791297792 0,535 SBSP3 SABESP ON * 1,51709937323 1,239

CSNA3 SID NACIONAL ON * 3,79134532863 1,721

CSTB4 SID TUBARAO PN * 1,75426023219 0,623

CRUZ3 SOUZA CRUZ ON EJ 4,76820376217 0,754

TCSL3 TELE CL SUL ON * EJ 19,91127859159 0,338

TCSL4 TELE CL SUL PN * EJ 45,67934009431 1,091

TCOC4 TELE CTR OES PN * EJ 47,17710288552 1,932

TLCP4 TELE LEST CL PN * 131,69566442536 0,514

TNEP4 TELE NORD CL PN * 52,58601496710 1,265

(25)

XXV

TNLP4 TELEMAR PN * EJ 57,57803189934 13,268

TMAR5 TELEMAR N L PNA* EJ 5,29354097308 1,942

TMCP4 TELEMIG PART PN * 51,49757908360 1,362

TLPP4 TELESP PN * EJ 2,86577252844 0,872

TSPP4 TELESP CL PA PN * 128,00514086272 4,828

TBLE3 TRACTEBEL ON * 9,50764667889 0,295

TRPL4 TRAN PAULIST PN * EJ 9,00413408320 0,448

USIM5 USIMINAS PNA 24,29105313909 1,414

VCPA4 V C P PN * 0,53965762363 0,575

VALE3 VALE R DOCE ON 1,34119960002 1,225

VALE5 VALE R DOCE PNA 3,15866644834 2,736

Quantidade Teórica Total 1.990,69879934664 100,000

Fonte: BOVESPA

2.3.2 - ÍNDICE BRASIL – IBX

O IBX – Índice Brasil é um índice que mede o retorno de uma carteira teórica composta por 100 ações negociadas na Bovespa e selecionadas de acordo com o critério de capitalização de mercado. Criado em final de dezembro de 1995, o IBX teve sua divulgação iniciada em início de janeiro de 1997.

Assim como o Ibovespa, o IBX tem sua carteira reavaliada a cada quatro meses. vigorando para os períodos de janeiro a abril, maio a agosto e setembro a dezembro.

Para fazer parte da carteira do IBX, as ações têm que atender cumulativamente aos seguintes critérios:

Estar entre as 100 melhores ações classificadas quanto ao seu índice de negociabilidade, apurados nos doze meses anteriores à reavaliação (mesmo cálculo já mostrado para o Ibovespa);

A ação tem que ter sido negociada em pelo menos 70% dos pregões ocorridos nos doze meses anteriores à formação da carteira do índice;

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XXVI

Não podem estar sob regime de concordata preventiva, processo falimentar, situação especial, ou ainda sujeitas a prolongado período de suspensão de negociação.

Para o cálculo do IBX, utiliza-se a fórmula abaixo:

IBX(t) = IBX(t-1) * n Σ Qit-1 * Pit i=1 --- n Σ Qit-1 * Pit-1 i=1 onde:

IBX(t) = valor do índice no dia t

IBX(t-1) = valor do índice no dia t-1

n = número de ações integrantes da carteira teórica do índice (100).

Qit-1 = quantidade teórica da ação i disponível à negociação no dia t - 1. Na

ocorrência da distribuição de proventos em ações do mesmo tipo, pela

empresa, refere-se à quantidade teórica da ação i disponível à negociação no dia t - 1, recalculada em função deste provento.

Pit = preço da ação i no fechamento do dia t.

Pit-1 = preço de fechamento da ação i no dia t - 1, ou seu preço ex-teórico, no

caso da distribuição de proventos nesse dia.

2.3.3 - DEMAIS ÍNDICES NO BRASIL

Além do Ibovespa e do IBX, vários outros índices são calculados, procurando refletir, a partir de determinados critérios, a performance da Bolsa de Valores. Quase todos eles são também calculados pela área técnica da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

IBX-50 (Índice Brasil 50): O IBX-50 é um índice que mede o retorno total de uma carteira teórica composta por 50 ações selecionadas entre as mais negociadas na Bovespa em termos de liquidez, ponderadas na carteira pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação. Ele foi desenhado para

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XXVII

ser um referencial para os investidores e administradores de carteira, e também para possibilitar o lançamento de derivativos (futuros, opções sobre futuro e opções sobre índice). O IBX-50 tem as mesmas características do IBX – Índice Brasil, que é composto por 100 ações, mas apresenta a vantagem operacional de ser mais facilmente reproduzido pelo mercado. Integram a carteira do IBX-50 as ações que atendam cumulativamente aos seguintes critérios:

a) ser uma das 50 ações com maior índice de negociabilidade apurado nos doze meses anteriores à reavaliação;

b) ter sido negociada em pelo menos 80% dos pregões ocorridos nos doze meses anteriores à formação da carteira.

Companhias que estejam sob regime de concordata preventiva, processo falimentar, situação especial, ou ainda que tenham sofrido ou estejam sob prolongado período de suspensão de negociação não integrarão o IBX-50.

IEE (Índice de Energia Elétrica): tem como objetivo espelhar o comportamento da lucratividade das empresas ligadas ao setor de energia elétrica (geração, transmissão e distribuição, ou holdings do setor). Na carteira teórica do IEE, cada empresa está representada pelo ativo de sua emissão que tenha maior liquidez em bolsa.

Além disso, a quantidade de cada ação integrante do índice é equivalente ao lote-padrão do papel, ou seus múltiplos, e todas as empresas têm igual participação na composição da carteira. Por haver disparidades no padrão de negociabilidade das diferentes ações que integram o setor, optou-se por abandonar a utilização do parâmetro de liquidez como fator de ponderação, pois isto restringiria a abrangência do indicador.

O índice é composto pelas ações do setor que registraram presença em pelo menos 80% dos pregões e que em 80% desses pregões tenham registrado pelo menos dois negócios. Este parâmetro visa assegurar que a

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XXVIII

medida de tendência dos preços das ações do setor esteja sustentada sobre uma base de dados representativa. Ao mesmo tempo, visa também evitar a inclusão de ativos com liquidez rarefeita. Dado o objetivo do índice setorial de refletir a tendência dos preços médios das ações do setor, somente um tipo de papel de cada empresa pode integrar sua carteira.

ITEL (Índice Setorial de Telecomunicações): busca representar o desempenho das empresas de telecomunicações, limitando a participação de cada empresa a 20% da capitalização da sua carteira teórica. Serão incluídas na carteira do ITEL as ações que atenderem aos seguintes critérios:

a) participação, em termos de volume financeiro, superior a 0,01% do volume do mercado à vista (lote-padrão) da Bovespa nos últimos doze meses; b) participação em termos de presença em pregão superior a 80% nos últimos doze meses;

c) valor mínimo de free float1 de R$ 20 milhões.

A mesma empresa pode ter mais de uma ação participando do índice, desde que cada uma atenda isoladamente aos critérios de inclusão.

IGC (Índice de Ações com Governança Corporativa2 Diferenciada):

procura medir o desempenho de uma carteira teórica composta por ações de empresas que apresentem bons níveis de governança corporativa. São elegíveis para participar do índice todas as empresas negociadas no Novo Mercado ou classificadas nos Níveis 1 e 2 da Bovespa.

As ações constituintes da carteira do índice IGC serão ponderadas pela multiplicação de seu respectivo valor de mercado (considerando as ações disponíveis para negociação) por um fator de governança. Esse fator será igual

1

Free Float: refere-se à parcela do número de ações que compõe o capital da empresa, mas não se encontra em poder dos acionistas controladores.

2

Governança Corporativa: refere-se ao conjunto de procedimentos adotado pela administração da empresa e que oferece o maior nível possível de transparência a todos os acionistas, incluindo a definição de direitos societários por vezes similares aos possuídos pelos acionistas controladores da companhia.

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XXIX

a 2 para os papéis do Novo Mercado; 1,5 para os papéis do Nível 2; e 1 para os títulos do Nível 1.

A participação de uma empresa (considerando todos os papéis de sua emissão inclusos na carteira teórica) no IGC não poderá ser superior a 20% quando de sua inclusão ou nas reavaliações periódicas. Caso isso ocorra, serão efetuados ajustes para adequar o peso do papel a esse limite.

Ações de novas empresas serão incluídas após o encerramento do primeiro pregão regular de negociação. Ações de empresas já negociadas na Bovespa serão incluídas após o encerramento do pregão anterior ao seu início de negociação no Novo Mercado ou Níveis 1 ou 2.

IVBX-2 (Índice Valor Bovespa - 2ª Linha): foi desenvolvido em conjunto pela Bovespa e pelo jornal Valor Econômico, visando mensurar o retorno de uma carteira hipotética constituída por ações de 50 empresas, que preencham os seguintes requisitos:

a) estarem classificadas a partir da 11ª posição, em termos de índice de negociabilidade medido nos últimos doze meses;

b) não apresentarem os 10 maiores valores de mercado da amostra; c) não possuírem outro tipo classificado entre os 10 primeiros índices de negociabilidade;

d) terem presença em pregão acima de 70%;

e) uma empresa participará da carteira do IVBX–2 somente com seu tipo mais líquido (aquele que apresentar o maior índice de negociabilidade no período).

As carteiras teóricas de todos estes índices calculados pela Bovespa têm vigência de quatro meses, vigorando para os períodos de janeiro a abril, maio a agosto e setembro a dezembro. Ao final de cada quadrimestre as carteiras são recalculadas, utilizando-se os procedimentos e critérios específicos de cada metodologia.

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XXX

Os cálculos de ajustes dos proventos são realizados de maneira similar ao modelo demonstrado para o Ibovespa, de modo a não distorcer a carteira quando da ocorrência de novos eventos e benefícios.

Além dos índices citados, todos calculados pela Bovespa, há um outro que também mede a performance do mercado acionário no Brasil e merece menção. Trata-se do FGV-100, calculado pela Fundação Getúlio Vargas, importante instituição ligada ao ensino e à pesquisa no segmento do mercado financeiro.

FGV-100 – Este índice, calculado pela Fundação Getúlio Vargas, exclui as ações de empresas estatais e instituições financeiras, sendo composto por 100 ações de empresas privadas, selecionadas de acordo com sua qualidade (peso 60%) e liquidez ou volume financeiro negociado em Bolsa (peso 40%), sendo que a participação máxima de uma empresa no índice não pode ultrapassar 10%. Sua carteira é reavaliada anualmente.

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XXXI

2.3.4 - ÍNDICES DE OUTROS PAÍSES

Nos Estados Unidos, o principal índice é o Dow Jones Industrial, que é composto por empresas industriais e calculado utilizando-se a média aritmética das cotações das 30 empresas que o integram. Muito popular, também é o S&P 500 (Standard & Poor’s 500), composto por uma carteira de 500 ações de empresas de primeira linha.

O NYSE é composto por todas as ações inscritas na Bolsa de Valores de Nova York. O índice NASDAQ Composite, por sua vez, inclui uma carteira diversificada de ações negociadas naquela bolsa eletrônica, também situada em Nova York.

O índice Nikkei é o mais conhecido da bolsa de valores de Tóquio. O Financial Times Index é o índice mais antigo adotado na bolsa de valores de Londres e o Merval é o índice da bolsa de Buenos Aires.

2.4 - MODALIDADES OPERACIONAIS

2.4.1 - MERCADO À VISTA

No mercado à vista ocorre a compra ou venda de uma determinada quantidade de ações, a um preço estabelecido em pregão. Os preços das ações são formados em pregão, pela dinâmica das forças de oferta e demanda de cada papel.

A maior ou menor procura por determinada companhia é função de variáveis como comportamento histórico dos preços e, sobretudo, das perspectivas da empresa emissora, incluindo política de dividendos, prognósticos de expansão de seu mercado e dos seus lucros e influências da política macroeconômica sobre os seus resultados.

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XXXII

A realização de negócios no mercado à vista requer a intermediação de uma sociedade corretora credenciada pela bolsa. Na Bovespa as ações podem ser negociadas de duas formas:

Viva voz – onde os representantes das corretoras apregoam suas ofertas de viva voz, especificando o nome da empresa, o tipo da ação e a quantidade e preço de compra ou venda. No pregão Viva Voz são negociadas apenas as ações de maior liquidez.

Sistema eletrônico de negociação – as ações são negociadas através de terminais de computadores, sem necessidade de presença física dos corretores nos pregões das bolsas.

O pregão da Bovespa pára para almoço. Entretanto, o sistema eletrônico funciona ininterruptamente. O horário da bolsa varia algumas vezes por ano, em função de alterações de horário de verão nos Estados Unidos. Desta forma, pode-se acompanhar as negociações lá e aqui no Brasil. Ao dar uma ordem de compra ou venda para seu corretor, podemos fazê-lo das seguintes formas:

Ordem a mercado – o investidor especifica somente a quantidade e as características dos valores mobiliários ou direitos que deseja comprar ou vender. A corretora deverá executar a ordem a partir do momento que recebê-la.

Ordem administrada – o investidor especifica somente a quantidade e as características dos valores mobiliários ou direitos que deseja comprar ou vender. A execução da ordem ficará a critério da corretora.

Ordem discricionária – pessoa física ou jurídica que administra carteira de títulos e valores mobiliários ou um representante de mais de um cliente estabelecem as condições de execução da ordem.

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XXXIII

Ordem limitada – a operação será executada por um preço igual ou melhor que o indicado pelo investidor.

Ordem casada – o investidor define a ordem de venda de um valor mobiliário ou direito de compra de outro, escolhendo qual operação deseja ver executada em primeiro lugar. Os negócios somente serão efetivados se executadas as duas ordens.

Ordem de financiamento – o investidor determina uma ordem de compra

ou venda de um valor mobiliário ou direito em determinado mercado e, simultaneamente, a venda ou compra do mesmo valor mobiliário ou direito no mesmo ou em outro mercado, com prazo de vencimento distinto.

Ordem on-stop – o investidor determina o preço mínimo pelo qual a

ordem deve ser executada.

A liquidação dos títulos, ou processo de transferência da propriedade dos títulos e do pagamento e recebimento do valor financeiro envolvido na transação de compra e venda de ações, abrange duas etapas:

Liquidação física – é a entrega dos títulos à bolsa, pela corretora intermediária do vendedor e ocorre no segundo dia útil (D2) após a realização do negócio em pregão (D0).

Liquidação financeira – pelas regras atuais, o pagamento e recebimento de valores que envolvem a transação ocorre no terceiro dia útil (D3), após a realização do negócio em pregão.

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XXXIV

2.4.2 - MERCADO A TERMO

Uma operação a termo é a compra ou venda, em mercado, de uma determinada quantidade de ações, a um preço fixado, para liquidação em prazo determinado, a contar da data de sua realização em pregão, resultando em um contrato entre as partes.

Os prazos permitidos pela Bovespa para negociação a termo são de 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias. Todas as ações negociáveis na Bovespa podem ser objeto de um contrato a termo. A precificação da ação no mercado a termo é função das seguintes variáveis:

valor cotado no mercado à vista; e

parcela correspondente aos juros do mercado para o prazo até o vencimento.

Uma vez que ao comprar uma ação a termo, o investidor está contraindo uma obrigação, toda transação neste mercado requer um depósito de garantia na Bovespa. As garantias podem ser de duas formas:

Cobertura – neste caso, a garantia é dada em títulos-objeto, dispensando o vendedor de oferecer outras garantias adicionais.

Margem – neste caso exige-se um depósito em dinheiro, a ser calculado pela Bovespa, que é igual à diferença entre o preço à vista e o preço a termo do papel, mais o montante que represente a diferença entre o preço à vista e o menor preço à vista possível no pregão seguinte, estimado pela Bovespa, com base na volatilidade histórica do título.

Caso haja uma oscilação acentuada na cotação dos títulos depositados como margem, bem como dos títulos-objeto da negociação, a Bovespa solicitará o depósito de uma garantia adicional.

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XXXV

2.4.3 - MERCADO DE OPÇÕES

Opção é um direito de optar por comprar ou vender algum ativo em determinada data, por um preço pré-estabelecido. Existem dois tipos de opções:

opção de compra (call) – é o direito de comprar o ativo, por um determinado preço, se assim desejar o investidor.

opção de venda (put) – é o direito de vender o ativo, por um determinado preço, se assim desejar o investidor.

Existem várias estratégias possíveis para a operação no mercado de opções.

comprar opção de compra comprar opção de venda vender opção de compra vender opção de venda

combinar opções de compra com opções de venda

2.4.4 - MERCADO DE BALCÃO

Mercado de títulos, sem local físico determinado para a realização das transações, que são realizadas por telefone, entre as instituições financeiras. Este mercado normalmente negocia ações de empresas não registradas nas bolsas de valores, bem como outros títulos. O mercado de balcão pode ser organizado, na medida em que se estrutura como um sistema de negociação de títulos e valores mobiliários administrado por entidade autorizada pela CVM.

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A SOMA – Sociedade Operadora do Mercado de Ativos - é um exemplo de mercado de balcão organizado, tendo sido criado por iniciativa das bolsas de valores do Rio de Janeiro e do Paraná, inspirado no modelo da NASDAQ. Seu horário de funcionamento coincide com o do pregão nacional. Todas as operações realizadas na SOMA são liquidadas na CLC em D+3. Além de ações, a SOMA negocia Certificados a Termo de Energia Elétrica e cotas de fundos fechados.

2.4.5 - O SISTEMA HOME BROKER

A evolução tecnológica e o avanço da Internet têm proporcionado um grande avanço no campo dos negócios, destacando-se na negociação de ações a criação do home broker.

De forma semelhante aos serviços de Home Banking, oferecidos pela rede bancária, os Home Brokers das corretoras estão interligados ao sistema de negociação da Bovespa e permitem que o investidor envie, automaticamente, através da Internet, ordens de compra e venda de ações.

Isso significa que, da mesma forma que já acontece em outros mercados do mundo, o investidor também pode contar com todas as facilidades dessa nova tecnologia que coloca o mercado acionário junto ao investidor individual, não importando onde ele esteja.

Além da praticidade e rapidez nas negociações, o Home Broker oferece outras vantagens. Confira algumas delas:

agilidade no cadastramento e no trâmite de documentos; consulta, pelo investidor, a posições financeiras e de custódia; acompanhamento de sua carteira de ações;

acesso às cotações (algumas corretoras poderão oferecer também notícias e análises sobre o mercado);

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envio de ordens imediatas, ou programadas, de compra e venda de ações, no mercado à vista (lote-padrão e fracionário) e no mercado de opções (compra e venda de opções);

recebimento da confirmação de ordens executadas e resumo financeiro (nota de corretagem), etc.

Para investir em ações via Internet é necessário que o investidor seja cliente de uma corretora da Bovespa que disponha dessa facilidade. Para segurança do investidor, o site da Bovespa informa quais são as corretoras que oferecem este serviço.

2.5 - RESUMO

O conhecimento apropriado do mercado de ações e de seus detalhes, como os vários tipos de eventos e benefícios que alteram a quantidade de ações do capital de uma empresa ou as várias modalidades operacionais da Bolsa de Valores, são aspectos fundamentais para evoluirmos no entendimento do que representa este segmento do mercado financeiro.

Esta foi a proposta deste Capítulo, o que nos leva agora à necessidade de compreender como se dá a precificação das ações pelos técnicos e analistas do mercado financeiro, o que veremos no Capítulo III, onde estão destacadas as principais definições para o que podemos entender como sendo o valor justo para uma ação.

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CAPÍTULO III

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METODOLOGIAS PARA ANÁLISE E PRECIFICAÇÃO DE AÇÕES

Para que possamos definir o que seriam os preços considerados adequados (ou justos) para se comprar ou vender uma ação nas Bolsas de Valores, devemos recorrer às metodologias já desenvolvidas pelo mundo acadêmico ao longo dos anos e consagradas pelo próprio mercado financeiro. Existem duas escolas de análise de investimento em ações

3.1 - AS ESCOLAS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO EM AÇÕES

3.1.1 – ESCOLA DE ANÁLISE GRÁFICA (OU TÉCNICA)

Para os técnicos que se utilizam deste sistema de análise, tudo pode ser resumido no preço das ações. Toda expectativa, boa ou má, dos investidores com relação a determinado ativo se reflete no preço diário daquele ativo. Utilizando fórmulas, definindo tendências, verificando o fluxo e refluxo de recursos, o analista gráfico (ou técnico) tem condições de tentar avaliar o comportamento futuro do ativo e indicar os melhores momentos de compra e venda.

Tal técnica é amplamente difundida nos mercados mais evoluídos, existindo uma enorme gama de métodos e modelos técnicos de avaliação. Procurando sempre se antecipar às mudanças de tendência dos mercados, ao analista técnico não importa a situação da empresa, mas sim a expectativa dos investidores em relação à ação daquela empresa.

O analista técnico acredita que no preço pago por determinado ativo estão embutidas todas as informações disponíveis ao mercado, assim como

aquelas só de conhecimento dos insiders3. Em resumo, preço e volume

3

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XL

traduzem tudo e cabe ao analista técnico interpretar e tentar antecipar suas variações.

É comum o uso de gráficos de barras, que se baseiam na plotagem diária das cotações mínimas e máximas da ação, assim como dos volumes negociados, gerando séries históricas. Através desta base, são traçadas linhas de tendência

Principais linhas de tendência: Suporte

Resistência Pá de Ventilador

Algumas formações gráficas: Triângulos, Diamante, Retângulo Bandeiras e Flâmulas

Ombro-Cabeça-Ombro

3.1.2 – ESCOLA DE ANÁLISE FUNDAMENTALISTA

A análise fundamentalista tem o objetivo de avaliar alternativas de investimento a partir do processamento de informações obtidas junto às empresas, aliadas ao entendimento da conjuntura macroeconômica e do panorama setorial nos quais a companhia se insere, passando pela análise retrospectiva de suas demonstrações financeiras e estabelecendo previsões para o seu desempenho.

Cabe à análise fundamentalista estabelecer o valor justo para uma ação, respaldando decisões de compra ou venda. A premissa básica da análise fundamentalista é de que o valor justo para uma empresa se dá pela definição da sua capacidade de gerar lucros no futuro.

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XLI

3.2 - ANÁLISE DE BALANÇOS

A análise retrospectiva das demonstrações financeiras permite ao analista conhecer em detalhes a estrutura de capitais da empresa analisada, observando a evolução dos principais dados contábeis, como as contas a receber de clientes, nível de estoques, contas a pagar a fornecedores, faturamento, custo de produtos vendidos, estrutura financeira, etc.

Vamos tomar como referência a Demonstração de Resultados da empresa fictícia XYZ S.A., mostrada a seguir:

Empresa XYZ S.A.

(+) Receita Operacional Bruta 1.000

(-) Impostos Incidentes sobre Vendas (80)

(-) Devoluções e Abatimentos (20)

(=) Receita Operacional Líquida 900

(-) Custo dos Produtos Vendidos (400)

(=) Lucro Bruto 500 (-) Despesas Operacionais (220) . Vendas (90) . Administrativas (60) . Financeiras (líquidas) (80) . Equivalência Patrimonial 30 . Outras (20) (=) Lucro Operacional 280

(-) Saldo Não Operacional (10)

(=) Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR) 270

(-) Imposto de Renda (70)

(-) Participações Estatutárias (20)

(=) Lucro Líquido 180

É comum quando da análise dos balanços a reclassificação de algumas contas por parte dos analistas, com o objetivo de obter um padrão mais adequado para o trabalho. Um bom exemplo é a separação das despesas financeiras e da equivalência patrimonial do lucro operacional, criando-se o chamado Lucro da Atividade.

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Seguindo com a empresa XYZ S.A., vejamos quais alterações poderíamos fazer ao iniciar a análise da sua Demonstração de Resultados, observando ainda os cálculos da Análise Vertical e da Análise Horizontal.

3.2.1 - ANÁLISE VERTICAL E ANÁLISE HORIZONTAL

Empresa XYZ S.A. ANO 1 A.V.(%) ANO 2 A.V.(%) A.H.(%)

(+) Receita Operacional Líquida 900 100,0 1.090 100,0 21

(-) Custo dos Produtos Vendidos (400) 44,4 (460) 42,2 15

(=) Lucro Bruto 500 55,6 630 57,8 26

(-) Despesas ligadas a Atividade (170) 18,9 (190) 17,4 12

(=) Lucro da Atividade 330 36,7 440 40,4 33

(-) Resultado Financeiro (80) 8,9 (60) 5,5 (25)

(-) Saldo Não Operacional (10) 1,1 (5) 0,5 (50)

(=) Lucro Antes do IR (LAIR) 240 26,7 375 34,4 56

(-) Imposto de Renda (70) 7,8 (115) 10,6 64

(-) Participações Estatutárias (20) 2,2 (30) 2,8 50

(+) Equivalência Patrimonial 30 3,3 (10) 0,9

---(=) Lucro Líquido 180 20,0 220 20,2 22

A Análise Vertical (A.V.) indica o peso de cada conta em relação ao total de ativos da empresa (no caso do balanço patrimonial) ou a representatividade de cada linha da demonstração dos resultados em relação à receita líquida.

No nosso exemplo, podemos observar que ocorreram alterações nas “margens” da análise vertical de um ano para o outro. Destacam-se como importantes referenciais para análise a margem bruta (lucro bruto/receita líquida), margem da atividade (lucro da atividade/receita líquida) e margem líquida (lucro líquido/receita líquida).

A Análise Horizontal (A.H.) mostra a evolução de cada conta de um período para outro, ou seja, a variação percentual de cada item das demonstrações financeiras. Em nosso exemplo, notamos que o item que mais cresceu foi o Imposto de Renda (64%) e o que mais se reduziu foi o Saldo Não Operacional, que caiu 50%.

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3.2.2 - INDICADORES DE LIQUIDEZ E ENDIVIDAMENTO

Quanto aos indicadores que medem a performance da empresa, vamos começar mostrando aqueles ligados a uma avaliação estática, que são os Indicadores de Liquidez e de Endividamento. Mais uma vez vamos recorrer às demonstrações financeiras da empresa XYZ S.A., mas agora observando seu Balanço Patrimonial e demonstrando alguns quocientes bastante utilizados.

Empresa XYZ S.A.

-- ATIVO 1.800 Indicadores

. Ativo Circulante 800

- Disponibilidades 180 Liquidez Corrente 1,33

- Clientes 300

- Estoques 200 Liquidez Seca 1,00

- Outros 120

. Realizável a Longo Prazo 100 Liquidez Geral 1,13

. Ativo Permanente 900

Endividamento Geral 0,80

-- PASSIVO 1.800

. Passivo Circulante 600 Endividamento Oneroso 0,35

- Fornecedores 180

- Empréstimos Bancários 150 Grau de Aplic. Financeiras 0,18

- Impostos e Outros 270

. Exigível a Longo Prazo 200 Endivid. Oneroso Líquido 0,17

- Empréstimos Bancários 200

. Result. de Exerc. Futuros 0 Grau de Imobilização 0,90

. Patrimônio Líquido 1.000

➪ Liquidez Corrente = Ativo Circulante / Passivo Circulante

Indica quanto a empresa tem a receber no curto prazo em relação a cada unidade monetária que deve no mesmo período.

➪ Liquidez Seca = (Ativo Circulante - Estoques) / Passivo Circulante

Tem o mesmo significado que a liquidez corrente, com exceção do fato de que os estoques não são considerados como recebíveis, ou seja, não conta com a realização imediata dos estoques.

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XLIV

➪ Liquidez Geral = Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo

Oferece a mesma indicação da liquidez corrente, mas engloba também os ativos e passivos a longo prazo.

➪ Endividamento Geral =Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo

Patrimônio Líquido

Indica quanto a empresa tem captado junto a terceiros em relação ao seu capital próprio.

➪ Endividamento Oneroso = Dívida Onerosa Total / Patrimônio Líquido

Mede especificamente o comprometimento do capital próprio da empresa em relação à sua dívida com bancos e outras que têm custo financeiro embutido (debêntures, desconto de duplicatas, etc.).

➪ Grau de Aplicações Financeiras = Disponibilidades / Patrimônio Líquido

Indica a representatividade das disponibilidades aplicadas pela empresa no mercado financeiro em relação ao seu Patrimônio Líquido.

➪ Endividamento Oneroso Líquido = Dívida Onerosa Total – Disponibilidades

Patrimônio Líquido

Como o nome diz, trata-se do cálculo do endividamento deduzido das disponibilidades aplicadas no mercado financeiro. É bastante útil nos casos de empresas que têm baixo custo de captação de empréstimos e o fazem com intuito de realizar o que chamamos de arbitragem, ou seja, captam de um lado e aplicam do outro, gerando ganhos líquidos.

➪ Grau de Imobilização = Ativo Permanente / Patrimônio Líquido

Indica em que nível os ativos não correntes da empresa são financiados com recursos próprios.

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Aqui vamos tratar dos Indicadores de Rentabilidade e de Cobertura Financeira. Dentre os primeiros, alguns já foram citados quando falamos sobre análise vertical: as margens da demonstração dos resultados. Como complemento, devem ser acrescentados outros dois indicadores. São eles a Rentabilidade do Patrimônio Líquido e a Rentabilidade sobre o Ativo.

➪ Rentabilidade do Patrimônio Líquido = Lucro Líquido / Patrimônio Líquido É a taxa de retorno dos acionistas e mede a performance do lucro em relação ao capital próprio empregado no empreendimento. Normalmente se utiliza o Patrimônio inicial, mas podem ser necessários ajustes, o que nos leva a sugerir, em princípio, o emprego do Patrimônio médio do período de apuração do lucro.

➪ Rentabilidade do Ativo Total = Lucro Líquido / Ativo Total médio

Este indicador mede a eficiência global da administração, ou seja, o retorno obtido em relação ao total de recursos empregados, sejam eles próprios ou de terceiros.

Os indicadores de rentabilidade são habitualmente expressos no formato percentual. Quanto aos índices quem medem a capacidade de cobertura financeira, destacamos alguns bastantes usuais:

➪ Cobertura de Juros (pela ótica do Lucro da Atividade) = Lucro da Atividade / Despesas Financeiras

ou

➪ Cobertura de Juros (pela ótica da Geração de Caixa na Atividade) = EBITDA4/Despesas Financeiras

Estes índices confrontam a capacidade de geração de lucro efetivamente operacional da empresa (no primeiro caso) ou de geração de caixa através das suas atividades próprias (conhecida pela sigla Ebitda e

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aplicada no segundo caso) com as despesas financeiras do período considerado. Quanto maiores estes índices, mais confortável se mostra a situação da empresa, em termos da execução dos seus encargos financeiros.

➪ Cobertura da Dívida = Geração de Caixa na Atividade (Ebitda)/Dívida Líquida

Aqui o confronto se dá entre a capacidade periódica de geração de caixa na atividade (normalmente de um ano) e a dívida propriamente dita (considerando passivos de curto e longo prazo). Tendo em vista a possível existência de disponibilidades expressivas por parte da empresa analisada, é recomendável levar em conta a chamada dívida líquida, ou seja, dívida onerosa de curto e longo prazos deduzida das disponibilidades. Assim como o índice de cobertura de juros, quanto maior ele se mostra, mais confortável é a situação financeira da companhia.

3.2.4 - ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO

Outro ponto fundamental na análise dos balanços é a avaliação das movimentações do capital de giro, representadas pela diferença entre as contas do Ativo Circulante e do Passivo Circulante. No lado do ativo, as principais contas envolvidas são Clientes e Estoques. No passivo, destaques para Fornecedores, Impostos e Salários a Pagar, dentre outras.

Para uma avaliação mais adequada deste assunto é importante destacar que as contas financeiras (Caixa, Bancos, Aplicações em Títulos e Valores Mobiliários, Empréstimos, etc.) não se caracterizam como ativos ou passivos tipicamente cíclicos, devendo, a rigor, ser tratadas em separado.

A variação do capital de giro líquido indica a necessidade adicional de recursos (ou a entrada adicional de caixa) observada a partir da

4

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XLVII

movimentação das contas do Ativo e do Passivo Circulante no período sob análise.

O Ciclo Operacional de uma empresa se define pelo tempo decorrido entre a compra das matérias-primas e o recebimento das vendas. O Ciclo Financeiro se define pelo tempo decorrido entre o pagamento aos fornecedores das matérias-primas e o recebimento das vendas.

[ciclo operacional]

---

¿___________è___________¿____________ç

compra pagamento venda recebimento

---

[ciclo financeiro]

Neste diagrama, estão embutidos os prazos médios de recebimento dos clientes, pagamento aos fornecedores e giro dos estoques, que são os chamados indicadores da atividade. Tratam-se de indicadores dinâmicos e mesclam informações do Balanço Patrimonial e da Demonstração dos Resultados.

➪ Prazo Médio de Recebimento de Vendas

= Contas a Receber de Clientes x Período das Vendas Vendas Brutas

Este indicador mostra quantos dias a empresa deverá esperar, em média, para o efetivo recebimento de suas vendas a prazo. As contas a receber são retiradas do ativo circulante e as vendas da demonstração dos resultados. O prazo das vendas é dado em dias e tem que ser compatível com o período utilizado, seja ele mês, trimestre, semestre ou ano.

➪ Prazo Médio de Estocagem = Estoques x Período do CPV

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CPV

Este indicador representa o prazo médio de renovação dos estoques, e o fazemos relacionando o valor dos estoques, retirado do Ativo Circulante, com o Custo dos Produtos Vendidos, sendo o quociente multiplicado pelo período de dias equivalente ao CPV utilizado, assim como fizemos no exemplo anterior.

➪ Prazo Médio de Pagamento aos Fornecedores = Fornecedores x Período das Compras

Compras

Neste caso, é obtido o tempo médio decorrido entre a compra de matérias-primas e o efetivo pagamento aos fornecedores. Como não existe explicitamente nas demonstrações financeiras o valor das compras, podemos utilizar o valor do CPV como denominador, ainda que não seja um modelo perfeito.

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3.3 – COMO REALIZAR PROJEÇÕES DE BALANÇOS

Quanto melhor for conhecido o ambiente de atuação da empresa, melhor ela poderá ser avaliada. Portanto, é imprescindível que a análise tenha início com um estudo macroeconômico, onde devem ser levados em conta os elementos conjunturais que servem como pano de fundo para a performance da empresa analisada.

Indicadores de desenvolvimento da economia do País, como as taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), taxas de juros praticadas pelo Governo na remuneração de títulos públicos de renda fixa, situação cambial, nível de emprego, inflação, dados de comércio exterior, enfim, tudo que diga respeito ao alicerce sobre o qual a economia está sustentada e irá se desenvolver.

O segundo passo é a avaliação do setor no qual se insere a companhia sob análise. Suas potencialidades, estatísticas de evolução dos últimos anos, comparações com outros países, condições de concorrência, barreiras protecionistas internas ou externas, facilidade de obtenção dos insumos de produção, formação de preços e tudo mais que possa interferir nas condições normais de atividade do setor.

Partindo da base macroeconômica e setorial já desenvolvida, e tendo avaliado a condição econômico-financeira passada da empresa, o analista precisa ter informações sobre o futuro. É importante saber sobre seus projetos de investimentos e como isto se refletirá sobre suas vendas e seu fluxo de caixa.

Será necessário avaliar a estratégia da companhia, que pode parecer conservadora ou arrojada, projetar seus volumes físicos de vendas, a provável evolução dos preços dos seus produtos, a tendência para os principais insumos de produção, as despesas operacionais, inclusive as

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financeiras, para o que se faz decisivo tomar conhecimento de novas captações de recursos que estejam sendo realizadas ou por realizar. Além disso é preciso saber da existência de benefícios fiscais, alíquotas dos vários impostos, performance de empresas controladas e uma série de outras informações, a depender de peculiaridades da empresa sob análise.

Do ponto de vista comercial, é necessário ainda saber sobre eventuais mudanças nos prazos de compras e vendas, giro de estoques, dentre outros fatores, de modo a avaliar o impacto sobre o capital de giro da companhia. Caso se trate de uma exportadora, faz-se importante avaliar eventuais interferências de valorizações ou desvalorizações cambiais sobre suas atividades.

Todas as premissas devem ser bem definidas e, apesar de todo o trabalho, deve ficar claro que nenhuma projeção é eterna. Muito pelo contrário, pois a revisão deve ser constante, para o que facilita bastante o uso dos recursos de informática que dispomos e que devem ser utilizados tanto quanto possível.

O mundo globalizado tem exigido cada vez mais das empresas a maximização de esforços no sentido de tornarem-se competitivas. Neste ambiente, não há espaço para atitudes amadoras e despreparadas, sendo notória a existência de um quadro de acirramento da concorrência a nível mundial, guerra de preços, reforço das campanhas de propaganda, etc.

Para sobreviver e para que possam se manter rentáveis, tem sido bastante comum entre as empresas de vários setores a formação de parcerias

com outros players5 (várias vezes com a venda do controle acionário),

atingindo o porte necessário para realizar investimentos de várias maneiras, como em ampliação de capacidade (a escala de produção por vezes tem que ser aumentada para diluir custos fixos e possibilitar redução de preços); em

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Players: no contexto citado, podem ser definidos como agentes econômicos atuantes em setores similares aos da empresa sob análise, com os quais seria possível estabelecer parcerias.

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aperfeiçoamento da mão-de-obra; assim como em tecnologia, tanto ao nível do maquinário mais moderno quanto no que se refere a sistemas de controles gerenciais informatizados e sob medida para as necessidades de cada empresa.

Fica claro, portanto, que a chave para uma boa projeção de resultados está, sobretudo, na boa definição das premissas, pois a montagem do balanço futuro é uma mera transposição das expectativas para os dados contábeis.

3.4 - ANÁLISE DA GERAÇÃO DE CAIXA

Sem dúvida, há um aspecto fundamental a ser salientado na análise de uma empresa. Trata-se da correta avaliação do seu fluxo de caixa. As demonstrações contábeis são elaboradas de acordo com o critério de competência, e não de caixa. Assim, devemos prestar atenção aos efetivos impactos de caixa, o que nos leva a um estudo mais aprofundado do balanço.

3.4.1 - EBITDA

Aqui destacamos a forma mais habitual para o cálculo da geração de caixa, que seria a chamada Geração de Caixa na Atividade, ou EBITDA, sigla em inglês cujas iniciais significam Lucro Antes do Imposto de Renda, Juros, Depreciação e Amortização.

Para chegarmos ao Ebitda basta somarmos ao Lucro da Atividade os valores correspondentes à depreciação e amortização, que se encontram embutidos no CPV (Custo dos Produtos Vendidos) e nas Despesas Operacionais. Devemos saber que a depreciação faz parte do CPV, mas não representa saída de caixa, sendo o reconhecimento contábil da perda de valor por desgaste dos itens que compõem o Ativo Imobilizado da empresa.

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Observando a partir da Receita Líquida, o Ebitda vem a ser o resultado da seguinte seqüência:

(+) Receita Líquida

(-) Custo dos Produtos Vendidos

(-) Despesas da Atividade (c/ vendas, administrativas e outras diretamente ligadas às operações)

(=) Lucro da Atividade (ou EBIT)

(+) Depreciação e Amortização (valor correspondente ao período sob análise, que pode ser encontrado no DOAR – Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos)

(=) EBITDA

3.4.2 - FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL

Um outro conceito muito importante para avaliação da geração de caixa é o de Fluxo de Caixa Operacional. Para chegarmos a ele, deduzimos do Ebitda os encargos da empresa com o Imposto de Renda e os ajustes relacionados ao financiamento das necessidades de capital de giro. Tais ajustes se fazem necessários, de modo a propiciar uma visão adequada do que efetivamente entrou ou saiu do caixa no que se refere às vendas, aos custos e às despesas.

Como já citado, a contabilidade utiliza o critério de competência, e não o de caixa, para o registro das várias contas de resultados. Em outras palavras, em princípio não sabemos quanto da receita líquida foi efetivamente recebido ou quanto dos custos e despesas representou efetiva saída de caixa (exceto pelo conjunto depreciação e amortização, pois sabemos de antemão que não sai do caixa).

Referências

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