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Palavras-chave: Novas tecnologias; WebQuest; Ensino de História.

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500 A WEBQUEST E A EDUCAÇÃO HISTÓRICA: COMO OS ALUNOS APRENDEM

HISTÓRIA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS?

Adaiane Giovanni Fábio André Hahn (UNESPAR, Campo Mourão)

Resumo: A pesquisa investiga a metodologia WebQuest que neste estudo será

aplicada a disciplina de História. A presente ferramenta é uma plataforma elaborada na internet, na qual o aluno empreende investigação orientada de temáticas definidas pelos docentes, em que a maior parte das informações com as quais os jovens alunos interagem são originadas da Internet. A investigação pauta-se na perspectiva teórica da Educação Histórica que compreende que a História é uma ciência que não se limita a considerar a existência de uma só explicação ou narrativa sobre o passado, mas, pelo contrário, possui uma natureza multiperspectivada e que entende que há uma utilidade e um sentido social no conhecimento histórico. A pesquisa tem natureza mista, ou seja, qualitativa e quantitativa, tendo por público alvo os alunos do 3º ano do Ensino Médio da rede pública de cinco escolas de cidades de pequeno porte (entre 10.000 e 15.000 habitantes) da Mesorregião Centro Ocidental do Paraná. Pretende-se por meio da pesquisa avaliar a contribuição dessa ferramenta no que se refere a aprendizagem histórica com o auxílio das novas tecnologias. Os alunos desenvolverão atividade com a temática de História do Paraná, tendo contato com esta proposta na plataforma WebQuest, realizando as pesquisas com as fontes disponibilizadas, para então construírem uma narrativa que será avaliada na perspectiva dos quadros da consciência histórica (tradicional, exemplar, crítica e genética) concebida por Rüsen (2001; 2010). Será utilizado também, questionário socioeconômico e educacional, no qual pretende-se mapear o perfil dos envolvidos na investigação. Por fim, visa-se com esta pesquisa contribuir com os debates referentes ao campo do ensino de História, bem como apontar possibilidades para se repensar a formação humana a partir das concepções inerentes aos alunos por meio da reflexão própria de si por eles concebida.

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O campo do ensino de História desde as últimas décadas do século XX passou a debater as diferenças do passado dentro das perspectivas: passado vivido, passado contado e um passado ensinado, ou seja, diferenças entre a produção do conhecimento histórico e o ensinar a História (SCHMIDT, 2011). O que se sinalizava era uma preocupação em fazer desse passado um objeto de estudo para o ensino, mas como a mesma autora afirma, “se é importante tomar o passado como objeto do ensino e da aprendizagem da História, é mais importante ainda reinventar as formas de ir ao passado, de dotá-lo de significância a partir do presente e do futuro” (SCHMIDT, 2011, p.89).

Na esteira dessa análise do vasto campo de investigação do ensino de História, objetivamos entre inúmeras possibilidades de trabalho, estudar a relação ensino-aprendizagem a partir da aplicação da metodologia WebQuest como alternativa aos materiais didáticos convencionais. A metodologia possibilita uma aproximação com a realidade desses jovens alunos que vivem em meio à sociedade da informação, como definiu um dos seus mentores, March (1998), a “geração.com”, e objetiva incentivar o desenvolvimento das habilidades dos mesmos, e consequentemente a formação de uma consciência histórica que venha contribuir com a assimilação de outras áreas do conhecimento também na aprendizagem, por meio do uso consciente dos materiais disponíveis na rede. “A WebQuest visa desenvolver nos alunos a habilidade de, com ajuda da internet, pensar com refinamento”. (DODGE, 1995).

No Brasil à luz de autores de Portugal, país este em que as pesquisas sobre a metodologia já são consideravelmente amplas, observa-se um aumento significativo de estudos baseados na utilização dessa ferramenta (JUNIOR; COUTINHO, 2008), mas, como apontam os próprios autores, estão concentrados quase que em sua totalidade na Região Sudeste do país, tendo poucas experiências na Região Norte e Sul, o que nos levou a propor a inserção dessa proposta nessa região em que ainda não foi difundida.

A pesquisa investiga em que medida a aplicação de uma metodologia com base na tecnologia pode contribuir no processo de aprendizagem histórica e

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consequentemente permitir uma análise do nível de consciência histórica dos alunos envolvidos.

Os aspectos interdisciplinares que são conferidos à ferramenta WebQuest segundo o que já fora observado em outros estudos (MARTINS, 2007; MOREIRA, 2011) possibilitam uma interação do aluno com o conteúdo a ponto de estimularem suas habilidades cognitivas de maneira analítica, atribuindo valores aos fatos e os incorporando significativamente, fator este, relevante para a consolidação da aprendizagem (SCHMIDT, 2009).

Com base na cognição histórica situada, perspectiva do campo do ensino de História que vê a aprendizagem “comprometida com a sociabilidade humana, com a preparação para o conhecimento, além do mero adestramento ao exercício do trabalho material” (POCHMANN, 2008 p.4), a pesquisa tem estabelecido uma relação entre o ensino e a aprendizagem, e nesse sentido a WebQuest entra com o papel de opção de uma nova metodologia de ensino que procura colaborar com esse processo educacional e também de formação humana.

Essa necessidade de mudança que podemos denominar segundo a historiadora Maria Auxiliadora Schmidt de “nova demanda cognitiva”, recoloca o significado da aprendizagem escolar, a qual, historicamente, baseou-se na “didatização do conhecimento de referência para a sua forma escolar, pautado, sobretudo, nas mediações da psicologia em suas interfaces com a educação” (SCHMIDT, 2009, p.32). É um novo repensar, para um novo momento.

Ao ressignificar a aprendizagem via cognição histórica situada, a referida historiadora, sinaliza para uma didática da História necessária à observação da relação de jovens e crianças com o conhecimento histórico, partindo do “pressuposto de que tanto um como o outro, muitas vezes têm experiências de fracasso com a aprendizagem escolar” (p.34), possibilitando a observação das particularidades dos atores envolvidos no processo de ensino, bem como do meio no qual estão inseridos.

Rüsen (2012, p.70) aponta ainda questões como subjetividade, processos de recepção da história e interesses dos alunos “como temas essenciais das reflexões didáticas” uma vez que essa didática, “tem, finalmente, como seu objeto principal, a consciência histórica e seu papel na vida prática humana”.

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Ao pensar sobre essas reflexões, devemos nos orientar segundo o que Zamboni (2005, p.37 apud GERMINARI, 2012, p.742), nos sinaliza, de que “as pesquisas realizadas na área do ensino de História são multidisciplinares, pois entrecruzam diferentes saberes, diferentes áreas do conhecimento, como História, Educação, Antropologia, Comunicação, Geografia, entre outras”, o que implica em situar o aluno neste meio em suas variadas dimensões, social, política, educacional e correlatas.

O que se pretende é fornecer uma interação entre a História e as demais áreas do conhecimento, utilizando a perspectiva de ensino da Didática da História, pois,

este modelo de investigação qualitativa expôs, para o ensino de História, o pensar dos sujeitos sobre questões como: o sentido da História, o sentido do passado, as verdades históricas, a provisoriedade do conhecimento. Tais conceitos são categorias centrais para a Educação Histórica (CAINELLI, 2009, p.119 - 120).

Portanto, pensar uma nova proposta não implica simplesmente em sua aplicação, mas no que pretendemos a partir dela. O uso da metodologia WebQuest neste estudo tem por objetivo não apenas a apresentação de uma nova ferramenta para o ensino, mas busca superar o enrijecimento da prática de ensino tradicional tão presente no cotidiano escolar, no qual a verticalização do saber tem sufocado as possibilidades de aprendizagem efetiva, e neste caso, de uma aprendizagem histórica, que, para além do acesso a informação, necessita da assimilação e apropriação dos fatos por parte do aluno, de maneira que se possa contribuir para a sua própria formação.

Uma realidade distante do cotidiano escolar são as inovações metodológicas, pois há uma inclinação quase que natural ao uso do livro didático, de questionários, de memorização e uma exploração limitada das variadas fontes históricas, que enriquece, sobremaneira, as narrativas e as interpretações da história (LEE, 2006). Ainda sobre o acesso às fontes Gallo e Tuma (2009, p.205) corroboram a importância desse contato ao afirmarem que “auxilia no desenvolvimento da imaginação histórica por parte dos alunos, pois estes têm a oportunidade para a formulação e reformulação de variadas suposições”, e esse contexto de construção-reconstrução é considerado uma competência fundamental para a interpretação do passado.

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Neste sentido, o uso dos meios tecnológicos deve contribuir para que o aluno desenvolva suas habilidades, mas, segundo Mercado (2002 apud MARTINS, 2007 p.5), “as novas tecnologias, por si só, não são veículos para a aquisição de conhecimentos, desenvolvimento de competências e atitudes”. Contudo, o mesmo autor alerta para o fato de que “se estiverem integradas em ambiente de ensino-aprendizagem, proporcionam processos de aprendizagem necessários para os alunos atingirem os objetivos educacionais desejados”.

Portanto, pensar a História por meio da cognição histórica situada implica em colocar o aluno frente as suas próprias convicções e definições dos fatos históricos, não limitando a observação dos mesmos a partir de narrativas prontas e “impostas” verticalmente, mas ampliando seu campo de observação a partir da exposição de que a História é multiperspectivada, bem como suas possibilidades de aprendizagem.

Neste aspecto, buscamos apontar alternativas ao modelo tradicional das aulas e avançar em busca de uma formação histórica e humana pertinente, na qual os alunos construam a sua própria narrativa, a partir de seu contato com fatos ocorridos e automaticamente se formem nesse processo. Desta forma, sugerimos que a inserção da nova metodologia para a aplicação dos conteúdos tende a contribuir para o autoconhecimento e desenvolvimento de habilidades que são inibidas quando se utiliza apenas o livro didático como uma fonte em que está depositado um saber acabado.

Segundo Cainelli (2011, p. 131), para se compreender as relações com o saber, há uma necessidade de se observar e considerar a postura do ser humano com o meio no qual está inserido, pois

a relação com o saber ocorre via sensibilidade e ao conter dimensão social é ato de compartilhamento, que implica relação com os lugares, com a escola, com os professores, com os alunos, com os pais. Contendo relações com o passado, com o presente e o futuro, tem dinâmica temporal que torna fonte de embasamento, o conhecimento, que no contexto se configura como fundamental. Não sendo um processo acumulativo, mas um conjunto de relações valorativas entre pessoas, grupos sociais e com os processos e produtos do saber, o desejo será ponto de partida fundamental para a criação de relações com o saber. Nessa perspectiva, essa relação será determinada pelo próprio sujeito, na medida em que aprende a se apropriar do mundo e nele constituir-se como sujeito. (CAINELLI, 2011, p. 131)

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O desafio dessa proposta está atrelado imediatamente à postura dos alunos frente à metodologia e, principalmente, pela avaliação dos graus de consciência histórica que serão observados por meio dos fatos históricos aos quais eles terão contato em estudo. Desta forma, optamos por um novo modelo de abordagem no ensino, priorizando as variadas visões existentes na sala de aula, o que contribuirá para o debate acerca das diferenças dessas juventudes, compreendendo o momento de transição em que vivem saindo do ensino médio e com as perspectivas em muitos casos, de adentrarem a universidade e por outras, o mercado de trabalho.

Questão elementar para o presente estudo, que deve ser ressaltada, é o enfoque dado ao diálogo da História com outras áreas do conhecimento, visando desta forma a concretização de uma verdadeira literacia histórica, utilizando-se dessa interdisciplinaridade inerente ao campo da História não para fazer do aluno um pequeno historiador, mas para “ensinar a pensar historicamente” (LEE, 2006; BARCA, 2006).

Nesse processo, não se pode deixar de observar que “o sujeito se move, e isso enquanto factor relevante da aprendizagem tem sugerido fortemente que a criança ou jovem aprenderá melhor quando as tarefas que lhes são propostas fazem sentido em termos de vivência humana” (BARCA; GAGO, 2001, p. 240).

O estudo se insere dentro de um campo de debate ao sinalizar uma proposta nova sobre o modelo de ensino de História pautado na cognição situada que tem sido objeto de vastos debates e estudos em Portugal, Inglaterra, Alemanha, Brasil, entre outros lugares. Nestes países os resultados positivos podem ser observados e comprovados, por meios de estudos, como os de Cooper (2012) sobre o ensino de História na educação infantil; Schmidt e Cainelli (2004, 2011) sobre a perspectiva de ensinar história e de suas implicações teóricas; Rüsen (2001; 2007; 2012), Peter Lee (2001, 2003, 2006), Bittencourt (1993, 2004) e Isabel Barca (2006) no que tange ao ensino e letramento em História.

Entre tantas propostas e debates neste campo, observamos um perfil arrojado e dinâmico sobre como ensinar, mas, sobretudo, como aprender História de maneira a compreender o contexto do qual se aplica e as inúmeras variáveis que nele se encerram.

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Embora o pano de fundo da pesquisa esteja pautado no ensino de História, vale ressaltar a existência de algumas das interfaces nela existentes, a saber: questões referentes a tecnologia, ao espaço, as identidades, educação, bem como outros campos com os quais a História por si só dialoga automaticamente.

As escolhas metodológicas dessa investigação são mistas, ou seja, advêm da pesquisa qualitativa e da quantitativa, uma vez que estão sendo observadas escolas de diferentes locais e com realidades que poderão ser consideradas similares ou destoantes de acordo com essas análises. Como nos alerta Martins (2004, p.293), o envolvimento do pesquisador em aspectos teóricos metodológicos é fundamental dentro da perspectiva qualitativa, sendo necessária a utilização da experiência, intuição e imaginação daquele que investiga. A mesma autora ainda ressalta essa competência é também necessária na abordagem quantitativa, mas neste caso em especial “a formalização técnica acaba dominando o pesquisador”, fazendo com que haja uma outra escala de prioridades dentro da análise. Portanto, a competência do pesquisador será o fator de relevada importância para transitar entre as duas diferentes abordagens, conscientes dos potenciais e dos problemas de cada uma delas.

Este estudo está inserido na proposta de utilização de tecnologias para o ensino e na teoria da cognição histórica situada que

tem a preocupação de investigar quais seriam os mecanismos de uma aprendizagem criativa e autônoma, que possam contribuir para que os alunos transformem informações em conhecimentos, apropriando-se das ideias históricas de forma mais complexa. O pressuposto é buscar a construção de uma literacia histórica, ou seja, da realização do processo de alfabetização histórica de cada um (SCHMIDT, 2009, p.38).

Optou-se desta maneira, pela utilização da metodologia WebQuest, e avaliação desta como recurso possível ao ensino. Esta ferramenta foi criada no ano de 1995, pelo professor Bernie Dodge da Universidade de São Diego nos Estados Unidos, com apoio de Tom March. Pensada como alternativa aos maus resultados dos trabalhos dos alunos, a metodologia tem por objetivo incentivar o bom uso das informações constantes na internet ao passo que incentiva o desenvolvimento cognitivo ao propor o contato direto com a fonte, sua interpretação e transformação (DODGE, 1995).

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Elaborada pelo professor, a WebQuest possibilita o trabalho colaborativo entre os alunos uma vez que pode vir a ser desenvolvida individual ou coletivamente, propiciando uma aprendizagem pautada no contato com outras áreas do conhecimento, pois a investigação remete os alunos à compreensão de outros campos de estudo, como o da linguagem, que possibilita a transmissão do que foi pesquisado em diversos gêneros de narrativa.

Neste sentido em que se deve observar a interação dos alunos com a proposta, com o professor e com o meio, concordamos com Jantsch e Bianchetti (2011, p.26), quando afirmam que “o sujeito coletivo é capaz de viver a interdisciplinaridade em qualquer espaço de atuação, não se diferenciando no ensino, na pesquisa e na extensão” e completam “o sujeito pensante coletivo é capaz de curar qualquer mal e qualquer grau de enfermidade relativa ao conhecimento. Vale ressaltar que nesta pesquisa a temática da atividade será História do Paraná e os alunos a desenvolverão em grupos, daí a importância dada ao trabalho coletivo.

“O uso da WebQuest constitui uma investigação orientada, por apresentar uma performance organizacional de atividades envolvendo novas tecnologias, que pode ser desenvolvida em qualquer área ou nível de ensino” (MERCADO; VIANA, 2003 p.2), e como pode ser observado em estudos como os de Cruz e Carvalho (2005), Guimarães (2005), Cruz (2006) e Barros (2006), saturados com o modelo de ensino proposto pela escola, os alunos recebem entusiasmados as novidades existentes na WebQuest, não tão somente do ponto de vista metodológico, mas pelas possibilidades da utilização das tecnologias e de outros espaços de formação que não os limitam às “verdades acabadas” e prescritivas dos manuais escolares.

No entanto, March (2003 apud COSTA e CARVALHO, 2006 p. 11) aponta que para ser considerada uma WebQuest bem concebida, esta tem que respeitar os quatro componentes propostos por (KELLER, 1983; 1987), que são os (ARCS) Atenção, Relevância, Confiança e Satisfação, isto é, que “a) seja uma atividade que capte a atenção dos alunos; b) tenha como base um assunto relevante e próximo dos seus interesses; c) os alunos sintam confiança no apoio disponibilizado e d) sintam satisfação com a missão cumprida com sucesso”.

Portanto, pensar a WebQuest como uma ferramenta para o ensino de História é também compreender que as mudanças existentes no meio devem ser

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assimiladas pela disciplina, como forma de contribuir para a aprendizagem dos alunos de maneira sistêmica.

O projeto está sendo desenvolvido em cinco escolas de cinco cidades da Mesorregião Centro Ocidental do Paraná (Barbosa Ferraz, Campina da Lagoa Iretama, Moreira Sales e Terra Boa).

O instrumento escolhido como fonte são questionários com perguntas abertas e fechadas, que serão aplicados para todos alunos do 3º ano do ensino médio do período matutino e vespertino e noturno por meio da plataforma Survey Monkey e como forma de complementar a investigação considera-se a utilização do diário de campo1.

No que se refere ao caso disponibilizado via plataforma da WebQuest será igualmente aplicado para todos os alunos aos quais os questionários foram submetidos.

A seleção das cidades deu-se pelo fato de estarem distribuídas espacialmente na Mesorregião Centro Ocidental Paranaense de maneira que se pudesse observar os alunos de um extremo ao outro desse espaço territorial. Outro elemento foi a escolha de cidades com população entre 10.000 e 15.000 habitantes, ou seja, cidades de pequeno porte, o que nos sugere uma possibilidade de análise no que se refere a proximidade ou não, no perfil dos alunos que serão investigados.

Importante ressaltar que a opção em ter por amostra alunos em fase de conclusão do ensino médio se dá pelo fato de representarem melhor a noção de juventude em fase de mudança com suas particularidades, anseios, angústias. Outra variável é o processo de transição para a universidade ou mercado de trabalho e as perspectivas de futuro existentes nesse período, o que propicia o debate em voga sobre a aproximação do nível básico de ensino com o superior.

No entanto, é necessário compreender que a “etapa juventude em sua complexidade implica reconhecer que aquilo que é denominado juventude adquiriu sentidos diferentes ao longo da história” (GIL, 2011, p.26), o que faz com que a abordagem dessa pesquisa respeite as diferenças e, a partir destas, busque compreender o processo de aprendizagem e apropriação histórica de cada um, pois

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No que se refere a fonte, importante ressaltar que parte das perguntas que serão utilizadas no questionários sobre o Ensino de História são provenientes do estudo realizado pelo Prof. Dr. Luiz Fernando Cerri da Universidade Estadual de Ponta Grossa, intitulado “Jovens Brasileiros e Argentinos diante da História” no ano de 2012.

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como a mesma autora nos aponta, não existe “a juventude”, mas “juventudes” e essa variável deve ser considerada desde o princípio como uma forma de repensar o modelo de ensino.

Uma forma de melhor conhecer a realidade desses jovens de múltiplas características, é observar o ambiente no qual os interagem, buscando expandir o campo de visão para além da escola de maneira a poder compreender o perfil do município em que a escola está inserida. A necessidade dessa compreensão do espaço ocupado pelos alunos e de sua realidade individual se dá devido ao fato de que, como Rüsen (2010, p.91) expõe, “os processos de aprendizado histórico não ocorrem apenas no ensino de história, mas nos mais diversos e complexos contextos da vida concreta dos aprendizes [...]”.

Para além do contexto socioeconômico, não se pode deixar à margem a observação referente a complexidade do meio em que vivemos, com as mais variadas tecnologias e, sobretudo, com o processo de mudança provocado por elas, Isabel Barca (2011) nos alerta acerca da postura que deve ser tomada pela escola frente às mudanças deste tempo, que não podem mais ser negligenciadas e ignoradas pelas instituições de ensino.

A afirmativa da historiadora corrobora a decisão de se utilizar uma metodologia ancorada em preceitos tecnológicos, com vistas à compreensão do processo de aprendizagem histórica desses alunos, por analisar sistematicamente o meio no qual estão inseridos, pois,

neste quadro de uma Sociedade de Informação que se importe com o desenvolvimento social e não apenas com o desenvolvimento econômico, não faz sentido falar de ensino no campo da História dentro de paradigmas que assentam numa visão estática do mundo, ou até mesmo numa visão dinâmica, mas de contornos voluntaristas ou impressionistas. As complexidades do mundo actual exigem uma resposta educacional também complexa e, sobretudo consistente, não meramente prescritiva. Por isso, defende-se uma educação histórica que se fundamente na reflexão sistemática sobre: a) os processos e os níveis da apropriação cognitiva de conceitos específicos, que ocorrem dentro e fora da escola, e b) a natureza intrínseca da produção histórica que, de forma disciplinar ou mesmo interdisciplinar, convive com uma multiplicidade de modelos conceptuais e metodológicos (BARCA, 2011, p. 38-39).

Por fim, o que se pode relatar – mesmo que de maneira repetitiva - é que no caminhar da pesquisa, variados caminhos se colocam a frente daquele que investiga, dando novos rumos e olhares. Neste estudo, isso não está sendo diferente e como nos alerta Vasconcelos (2007, p.139) “um projeto não pode constituir uma

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camisa-de-força para o processo de investigação! A implementação da pesquisa sempre exige „transgredir‟ o projeto original!”.

Ao fim desse trajeto o que se espera é a possibilidade de ver na prática, a teoria acontecendo, por um ensino de História que venha a apontar novas possibilidades na vida prática daquele que o assimila.

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