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ORIGINAL ARTICLE SELF-INJECTION OF INSULIN: ATTITUDES OF A GROUP OF INDIVIDUALS WITH DIABETES

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Academic year: 2021

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Barros AE, Souza EN de. Self-injection of insulin: attitudes of a group of…

SELF-INJECTION OF INSULIN: ATTITUDES OF A GROUP OF INDIVIDUALS WITH

DIABETES

AUTOAPLICAÇÃO DE INSULINA: ATITUDES DE UM GRUPO DE DIABÉTICOS

AUTO-APLICACIÓN DE INSULINA: ACTITUDES DE UN GRUPO DE DIABÉTICOS

Alexandra Ezoraide Barros, Emiliane Nogueira de Souza2 ABSTRACT

Objective: to verify the preparation of diabetic users for self administration of insulin. Method: this is a cross-sectional study carried out with diabetic users of insulin registered at two Basic Health Units (BHU) one with Family Health Strategy the other without. A questionnaire with open and closed questions was used. Data were analyzed using descriptive and analytical statistic. The study was approved by the committee of ethical in investigation of the Associação Cultural e Científica Nossa Senhora de Fátima under the protocol nº 020/09. Results: women (67,5%), average age 61,40±11,99. Most were suffering from type 2 diabetes (95%), and were under treatment with insulin for an average time of about 6,33±6,92 years. Signs and symptoms of decompensated diabetes were recognized by 62,5% of users, 67,5% perform self administration of insulin. Most have some type of questions regarding site rotation for the injection. Alcohol swabs are used as an antiseptic in preparation of the skin prior to insulin injection by most respondents (73,7%). Regarding the reuse of syringes and needles, most users carry out this practice. Conclusion: the results suggest that users need professional monitoring, aiming to reinforce guidance on diabetes and insulin therapy. Descriptors: diabetes mellitus; primary health care; insulin; community health nursing.

RESUMO

Objetivo: verificar o preparo do usuário diabético para a autoaplicação de insulina. Método: estudo transversal, realizado com usuários diabéticos, cadastrados em duas unidades básicas de saúde (UBS), uma com Estratégia da Saúde da Família e, a outra, sem. Utilizou-se um questionário com perguntas abertas e fechadas, os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e analítica. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Associação Cultural e Científica Nossa Senhora de Fátima, sob o número 020/09. Resultados: mulheres (67,5%), idade média de 61,40±11,99 anos. A maioria era portadora de diabetes tipo 2 (95%), com uma média de tempo de tratamento com insulina de 6,33±6,92 anos. Os sinais e sintomas de descompensação da diabetes são reconhecidos por 62,5% dos usuários, e 67,5% realizam a autoaplicação de insulina. A maioria apresenta algum tipo de dúvida em relação ao rodízio e locais de aplicação de insulina. A antissepsia é realizada com algodão e álcool para a limpeza local (73,7%). Em relação à reutilização de seringas e agulhas, grande parte dos usuários realiza essa prática. Conclusão: os resultados evidenciam a necessidade de acompanhamento profissional dos usuários, com o intuito de reforçar as orientações acerca da DM e da insulinoterapia. Descritores: diabetes mellitus; atenção primária à saúde; insulina; enfermagem em saúde comunitária. RESUMEN

Objetivo: verificar el preparo del usuario diabético para la autoaplicación de insulina. Método: estudio transversal, realizado con usuarios diabéticos registrados en dos unidades básicas de salud (UBS), una de ellas con Estrategia de Salud de la Familia. Se utilizo un cuestionario con preguntas abiertas y cerradas. Los datos fueron analizados utilizando estadística descriptiva y analítica. El estudio fue aprobado por el comité de ética en investigación de la Associação Cultural e Científica Nossa Senhora de Fátima bajo el protocolo nº 020/09. Resultados: media de edad de 61,4±11,99 años, 67% mujeres. La mayoría portador de diabetes tipo 2 (95%), con media de tiempo de tratamiento con insulina de 6,33±6,92 años. Las señales y síntomas de descompensación de diabetes son reconocidos por 62,5% de los usuarios, 67,5% realiza autoaplicación de insulina. La mayoría de los entrevistados (73,7%) realiza la desinfección local con algodón con alcohol. En relación a la reutilización de jeringas y agujas, gran parte de los usuarios realiza esta práctica. Conclusión: los resultados ponen en evidencia la necesidad de asesoramiento profesional de los usuarios, reforzando las orientaciones acerca de Diabetes Mellitus e insulinoterapia. Descriptores: diabetes mellitus; atención primaria de la salud, insulina; enfermería en salud comunitaria.

1Enfermeira. E-mail: barros.ale@pop.com.br; 2Enfermeira. Mestre em Ciências da Saúde: cardiologia pelo ICFUC. Professora assistente da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre/RS. Porto Alegre (RS), Brasil. E-mail: enogsouza@hotmail.com

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Barros AE, Souza EN de. Self-injection of insulin: attitudes of a group of…

O Diabetes Mellitus (DM) está entre as condições crônicas de saúde responsáveis por 60% de todo o ônus decorrente da doença pelo mundo e apresenta uma elevada taxa de morbimortalidade, bem como uma tendência crescente à incidência, tendo em vista a explosão da terceira idade, maus hábitos alimentares, sedentarismo, má qualidade de vida e questões socioculturais.1

Sabe-se que o tratamento ideal é realizado pelos pacientes altamente motivados, que mantêm o controle rígido da glicemia e reconhecem o progresso e as complicações da doença. O tratamento para DM tipo 1 exige

regimes terapêuticos rígidos, múltiplas

injeções diárias de insulina e frequente monitoramento da glicemia. Já para DM tipo 2, são utilizados agentes hipoglicemiantes orais que são limitados em sua capacidade de manter a glicemia normal ou quase normal, na grande maioria dos usuários diabéticos tipo 2.2 Um dos marcos na terapêutica em diabetes ocorreu a partir do estudo Diabetes Control

and Complication Trial, demonstrando que

níveis de glicemia próximos da normalidade diminuem drasticamente ou até previnem as complicações decorrentes do DM, quando o portador da doença é submetido ao

tratamento insulínico intensivo, sob

acompanhamento da equipe de educadores em diabetes.3 A terapia com insulina visa mimetizar, tanto quanto possível, o perfil fisiológico da secreção pancreática de insulina. Dessa forma, múltiplas doses diárias desse hormônio, no tecido subcutâneo, são necessárias no sentido de proporcionar um controle glicêmico adequado.4

O Diabetes Mellitus requer cuidado clínico e educação continuada para a prevenção das

complicações agudas e crônicas.4 As

complicações decorrentes do DM

comprometem a produtividade, a qualidade de vida e a sobrevida dos indivíduos, acarretando altos custos para seu controle

metabólico e tratamento de suas

complicações. Em decorrência do não tratamento ou do tratamento irregular do diabetes, há aumento do número de consultas, exames, internações, cirurgias e procedimentos médicos. Associada a isso, a

incapacidade laborativa provisória ou

permanente da pessoa com diabetes, é causadora de um enorme impacto econômico e social em nosso meio. Assim, torna-se fundamental que o enfermeiro, como profissional da área da saúde, auxilie na

terapêutica medicamentosa e não

medicamentosa do diabetes, a fim de que as complicações possam ser evitadas.

Nesse sentido, o desafio diário do enfermeiro é orientar os pacientes diabéticos de modo inovador e motivador, a fim de que se possam transformar seus hábitos de vida, em busca de um controle glicêmico adequado para uma redução significativa da incidência de possíveis complicações da patologia. A educação terapêutica é fundamental para informar, motivar e fortalecer a pessoa e a família para conviver com a condição crônica em que, a cada atendimento, deve ser reforçada a percepção de risco à saúde, o desenvolvimento de habilidades e a motivação para superar esse risco.4

Torna-se importante mencionar que a limitação da autonomia no tratamento pode estar atrelada à idade, escolaridade, medos, isolamento familiar, limitações culturais e falhas na comunicação entre o educador e o paciente. Em virtude disso, o educador deve conhecer as origens e culturas de cada paciente, a fim de poder identificar o grau de dificuldade individual, para que se possa trabalhar de forma clara e objetiva, impedindo lacunas no tratamento.

A assistência de enfermagem a pacientes, com ênfase no autocuidado, tem sido uma alternativa encontrada no sentido de maximizar a adesão ao tratamento, melhorar a qualidade de vida e reduzir os elevados encargos à família, à sociedade e ao sistema público de saúde. Face ao exposto, justifica-se a realização deste estudo, que tem por objetivo verificar o conhecimento dos usuários sobre a insulinoterapia, bem como identificar as práticas relacionadas à utilização de seringas e agulhas para a administração de insulina. A partir dos resultados obtidos, espera-se contribuir para a discussão e readequação das práticas de cuidado educativas de enfermagem junto aos diabéticos, no âmbito da saúde coletiva.

Estudo com delineamento transversal, realizado em duas Unidades Básicas de Saúde (UBS), localizadas em um município da região serrana do Rio Grande do Sul: UBS 1 (sem Estratégia da Saúde da Família (ESF)); estavam cadastrados no Programa Hiperdia, 192 usuários, porém apenas 92 (47,9%) usuários retiravam insulina na UBS; UBS 2 (com ESF), onde estavam cadastrados no Programa Hiperdia, 217 usuários, sendo que apenas 115 (53,0%) usuários retiravam insulina na UBS.

MÉTODO

INTRODUÇÃO

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Barros AE, Souza EN de. Self-injection of insulin: attitudes of a group of…

A população do estudo foram usuários de ambos os sexos, portadores de DM, cadastrados no Hiperdia da rede básica de saúde do município. As UBS foram definidas por conveniência, por perfil de interesse à pesquisa, em reunião realizada com membros da Secretaria Municipal de Saúde. Foram definidos os seguintes critérios de inclusão:

usuários portadores de DM

insulinodependente, idade igual ou superior a 18 anos, cadastrados nas UBS 1 (sem ESF) e UBS 2 (com ESF). Foram excluídos os pacientes que apresentavam barreiras de comunicação como: disartria, acuidade auditiva diminuída, afasia ou não concordância com o termo de consentimento. A amostra foi do tipo não probabilística (por conveniência), de acordo

com a disponibilidade dos usuários

cadastrados no Programa Hiperdia, de cada UBS, durante o período de coleta de dados.

O instrumento de coleta foi elaborado com base nos objetivos do estudo e nas informações obtidas na literatura,5-8 incluindo

dados sociodemográficos, aspectos

relacionados ao DM e à insulinoterapia.

A coleta de dados foi realizada nas UBS 1 e 2, de acordo com as seguintes etapas:

1ª Etapa: identificação dos usuários pelos arquivos do Hiperdia das referidas UBS, onde foram definidos usuários, conforme critérios de inclusão citados acima.

2ª Etapa: realizado contato telefônico com os pacientes definidos previamente na primeira etapa, convidando-os a comparecer na UBS para participar do estudo, no mesmo dia ou no seguinte. Quando não era possível o seu comparecimento na UBS, perguntava-se se poderia ser realizada uma visita domiciliar, explicando-se o objetivo do estudo. Esta etapa incluiu também a abordagem direta aos usuários que compareciam nas UBS 1 e 2 para

atendimento médico, de enfermagem,

odontológico, realização de procedimentos ou retirada de medicamentos.

3ª Etapa: Diante do usuário, foram apresentados os objetivos do estudo e realizado o convite para participar; uma vez aceito, foi solicitada a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido.

4ª Etapa: Deu-se início à aplicação do questionário; esse processo ocorreu em uma sala reservada na UBS ou no domicílio, em caso de visitas domiciliares, com duração de 20 a 30 minutos.

5º Etapa: Realizaram-se visitas

domiciliares, devido ao insucesso das

tentativas de contato prévias. Na presença do usuário, foram realizadas as etapas três e quatro.

Os dados foram armazenados, inicialmente, em planilha do Excel for Windows; para análise dos dados, foi realizada estatística descritiva e analítica. As variáveis categóricas foram expressas com valores absolutos (n) e relativos (percentual), e as variáveis contínuas foram descritas como média ± desvio padrão ou mediana e percentis 25 e 75, conforme seguissem ou não a distribuição normal. As análises foram realizadas, utilizando o programa spss 12.0. As comparações de dados categóricos foram realizadas com o teste de qui-quadrado. As variáveis contínuas foram analisadas com os testes t de student, conforme respeitassem ou não os pressupostos paramétricos.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Associação Cultural e Científica Nossa Senhora de Fátima, da instituição de origem, sob o número 020/09, e pelo Núcleo de Estudos e Pesquisa em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde. Todos os participantes estiveram cientes dos propósitos desta pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

No bairro da UBS sem ESF, foram incluídos 19 usuários por meio de visitas domiciliares e 21 usuários incluídos na UBS, totalizando 40 entrevistas. Já no bairro da UBS com ESF, foram realizadas 15 visitas domiciliares e 25 coletas na UBS, totalizando 40 entrevistas. Ao total, foram incluídos 80 diabéticos, usuários da rede de atenção básica, sendo 54 (67,5%) do sexo feminino, com idade média de 61,40±11,99 anos. Em relação à situação conjugal, 55 (68,5%) eram casados, e 68 (85,0%) residiam em moradia própria. A mediana de tempo de escolaridade foi de 4,0(2,0-6,0) anos de estudo, sendo que 43 (53,75%) usuários sabiam ler e escrever. Quanto à situação profissional, 51 (63,7%) estavam aposentados, afastados pelo Instituto Nacional de Seguridade Social ou eram autônomos informais. Esses e outros dados estão demonstrados na Tabela 1.

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Barros AE, Souza EN de. Self-injection of insulin: attitudes of a group of… Tabela 1. Dados sociodemográficos da amostra estudada (n=80). Caxias

do Sul, RS, 2009. Variáveis N (%) Sexo Feminino 54 67,5 Idade* 61,40 ± 11,99 Escolaridade* 4,0 (2,0-6,0) Situação conjugal Casado 55 68,5 Viúvo 16 20,0 Solteiro 05 6,25 Divorciado 04 5,0 Situação profissional Trabalhador ativo 09 11,2 Desempregado 20 25,0

Outros (aposentado, afastado pela

seguridade social ou autônomo informal) 51 63,8 Variável apresentada com média e desvio padrão. **Variável apresentada com mediana e percentis 25-75

Na Tabela 2, estão descritos os dados relacionados ao DM, sendo que 76 (95,0%) da amostra são diabéticos do tipo 2, com uma mediana de tempo de tratamento com insulina de 4,0(2,0-8,7) anos; já a mediana de tempo de inserção no programa Hiperdia foi de 4,0(2,0-6,0) anos. Vinte e um usuários participam de algum grupo educativo na UBS (26,2%).

Quanto às orientações de profissionais da saúde sobre o DM e o tratamento, 59 (73,7%)

usuários receberam orientações; porém, apenas nove (11,2%) foram orientados por enfermeiros, sendo que 28 (35,0%) receberam a última orientação há, aproximadamente, 1 a 3 anos. Em relação aos sinais e sintomas de descompensação do DM, 50 (62,5%) usuários sabem reconhecer a hiperglicemia e 45 (56,2%) a hipoglicemia. No que se refere ao controle glicêmico, 15 (18,8%) realizam o teste glicêmico uma vez por mês, conforme mostra a Tabela 2.

Tabela 2. Dados relacionados ao Diabetes Mellitus (n=80). Caxias do Sul, RS, 2009

Variáveis N (%)

DM tipo 1 04 5,0

DM tipo 2 76 95,0

Tempo tratamento insulina (anos)* 4,0 2,0-8,7 Tempo de inserção no programa Hiperdia (anos)* 4,0 2,0-6,0 Participa de grupos educativos na UBS 21 26,2 Orientações de profissionais da saúde sobre DM 59 73,7

Médico 44 55,0

Enfermeiro 09 11,2

Agente comunitário 01 1,2

Técnico de enfermagem 3 3,7

Outros 23 28,7

Última orientação sobre a DM

Menos de um ano 10 12,5

Entre 1 e 3 anos 28 35,0

Entre 4 e 6 anos 6 7,5

Entre 7 e 10 anos 6 7,5

Há mais de 10 anos 5 6,2

Não sabe/não lembra 6 7,5

Reconhece sinais e sintomas

Hiperglicemia 50 62,5

Hipoglicemia 45 56,2

*Variável apresentada com mediana e percentis 25-75. DM: Diabetes Mellitus, UBS: Unidade Básica de Saúde.

Em relação ao conhecimento sobre insulinoterapia, o estudo aponta que 41 (51,2%) usuários receberam orientações específicas sobre o uso de insulina; porém, apenas 12 (15,0%) receberam orientações de enfermeiros. A última orientação ocorreu há,

aproximadamente, um ano para 14 (17,5%) usuários. No que diz respeito às orientações sobre armazenamento e transporte de insulina, 44 (55,0%) afirmaram receber orientações, conforme mostra a Tabela 3.

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Barros AE, Souza EN de. Self-injection of insulin: attitudes of a group of…

Tabela 3. Conhecimento sobre insulinoterapia (n=80). Caxias do Sul, RS, 2009.

Variáveis N (%)

Recebeu orientação sobre uso da insulina 41 51,2 Quem orientou Médico 26 32,5 Enfermeiro 12 15,0 Técnico de enfermagem 03 3,7 Não lembro 05 6,25 Ninguém 34 42,5

Última vez que recebeu orientação

Menos de 30 dias 01 1,25 Em torno de 1 ano 14 17,5 Entre 1 e 3 anos 13 16,2 Entre 4 e 7 anos 09 11,2 Há mais de 10 anos 04 5,0 Não lembra 05 6,25 Não recebeu 34 42,5

Orientação sobre armazenamento e transporte de insulina 44 55,0

Em relação à autoaplicação de insulina, 54 (67,5%) usuários a realizam, 12 (15,0%) não a realizam por medo/insegurança, 25 (31,2%) aprenderam a técnica da aplicação de insulina com o enfermeiro. No que tange à limpeza na pele antes de aplicar a insulina, 64 (80,0%) usuários realizam, sendo que a técnica mais utilizada é algodão com álcool para a limpeza local 59 (73,7%). Em relação às aplicações e dosagens da insulina, 57 (71,2%) usuários

realizavam conforme a prescrição médica, porém 41 (51,2%) não realizavam o rodízio da aplicação de insulina. Quanto à presença de

alterações e complicações locais em

decorrência da aplicação de insulina, 57 (71,2%) usuários notaram algum tipo de alteração ou complicação local, sendo que 40 (50,0%) apresentavam hematomas locais. Dados descritos na Tabela 4.

Tabela 4. Dados relacionados à aplicação de insulina (n=80). Caxias do Sul, RS, 2009.

Variáveis N (%)

Aplicação de insulina

Autoaplicação 54 67,5

Familiar aplica a insulina 24 30,0

Vizinho/Amigo aplica a insulina 02 2,5

Motivo para não realizar a autoaplicação

Medo/insegurança 12 15,0

Dificuldade visual 11 13,7

Dificuldade motora 04 5,0

Acamado 01 1,2

Aprendizagem da técnica de aplicação de insulina

Com o médico 14 17,5

Com vizinho 10 12,5

Sozinho 16 20,0

Com enfermeira 25 31,5

Com estagiário de enfermagem 01 1,25

Com familiar 06 7,5

Com balconista da farmácia 02 2,5

Com auxiliar/técnico de enfermagem 05 6,2

Com agente comunitário de saúde 01 1,2

Realização de limpeza antes da aplicação

Sim 64 80,0

Não 12 15,0

Às vezes 04 5,0

Como

Algodão e álcool 59 73,7

Pano úmido em água 01 1,2

Soro fisiológico 01 1,2

Algodão e água da torneira 01 1,2

Água oxigenada com algodão 01 1,2

Algodão com água da torneira ou água boricada 01 1,2

Algodão seco 01 1,2

Água e sabão 01 1,2

Pano seco 01 1,2

Aplicações de insulina

Conforme a prescrição médica 57 71,2

Em desacordo com a prescrição médica 19 23,7

Conforme a prescrição médica, com autoajuste, quando necessário 04 5,0 Rodízio de aplicação de insulina

Não 41 51,2

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Desconhece 9 11,2

Presença de alteração/complicação nos locais de aplicação 57 71,2)

Hematomas 40 50,0

Endurecimento local 28 35,0

Sangramento fácil ou seguido 19 23,7

Caroços 19 23,7

Dor local persistente 02 2,5

Manchas ou vermelhidão 02 2,5

Ardência 01 1,2

Em relação à reutilização de seringas e agulhas, 25 (31,2%) usuários as reutilizavam, em média, de uma a três dias, sendo que 21 (26,2%) relataram que limpam a seringa e agulha com algodão e álcool, e 44 (55%) armazenam a seringa na porta da geladeira, junto com a insulina.

As dúvidas sobre autoaplicação de insulina foram mencionadas por 60 (75,0%) usuários, sendo que 14 (17,5%) mencionaram dúvidas sobre rodízio e locais corretos para aplicação,

conforme mostra a Tabela 5.

Tabela 5. Dados relacionados à reutilização de seringas e agulhas (n=80). Caxias do Sul, RS. 2009.

Variáveis N (%)

Reutilização de seringas e agulhas

1 a 3 dias (inclusive) 25 31,2

4 a 5 dias 17 21,2

6 a 7 dias 13 16,2

8 a 10 dias 11 13,7

7 a 10 dias a seringa e 2 a 7 dias a agulha 07 8,75

7 dias a seringa e 1 dia a agulha 02 2,5

10 a 15 dias 02 2,5

30 dias a seringa e 3 dias a agulha 01 1,2

30 dias 01 1,2

60 dias 01 1,2

Limpeza do material (seringa e agulha)

Não realiza limpeza 32 40,0

Com algodão e álcool 21 26,2

Lava com água corrente sem sabão 07 8,7

Lava com álcool 04 5,0

Lava com soro fisiológico 03 3,7

Mantém a seringa cheia de insulina e, após o término, lava com água corrente e repete o

processo 03 3,7

Água morna e sabão 03 3,7

Algodão seco 03 3,7

Lava com álcool e depois com água morna 02 2,5

Pano embebido em álcool 01 1,2

Algodão e água 01 1,2

Armazenagem do material Na geladeira

Na porta 44 55,0

Dentro de caixa de isopor 14 17,5

Dentro de caixa plástica 04 5,0

Embalagem original 02 2,5

Caixa de papel 02 2,5

Dentro de uma lata 01 1,2

No ambiente

Fora da embalagem original 05 6,2

Dentro de uma caixa plástica com a insulina 02 2,5

Dentro de um pote plástico 02 2,5

Dentro de um armário na embalagem original 01 1,2

Não armazena/despreza 03 3,7

Dúvidas sobre aplicação de insulina 60 75,0

Rodízio e locais corretos para aplicação 14 17,5

Como limpar a seringa e agulha 07 8,7

Ação da insulina no organismo 07 8,7

Limpeza da pele 03 3,7

O que é DM e qual diferença do tipo 1 e 2 06 7,5

Como transportar e armazenar a insulina 13 16,2

Dieta e o porquê da ocorrência de caroços na barriga 01 1,2

Técnicas de aplicação da insulina 04 5,0

Se o que faço está certo e os cuidados com a pele para evitar complicações 05 6,2 Compartilhamento do frasco de insulina com familiares diabéticos 01 1,2

Quando comparados os usuários da UBS com ESF e sem ESF, pode-se observar que não houve diferença significativa em relação à idade, ao tempo de tratamento com insulina, ao recebimento de orientação sobre DM e sobre aplicação de insulina por profissionais, à realização de rodízio e presença de

complicações locais, ao armazenamento correto da insulina e materiais, bem como à presença de dúvidas. Porém, quando comparados em relação ao tempo de acompanhamento no Programa Hiperdia, os usuários da UBS com ESF apresentam um tempo maior (5,56±2,87 vs. 3,75±2,82;

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p=0,006). Da mesma forma, em relação à escolaridade: a UBS sem ESF apresenta usuários com maior escolaridade, quando comparada à UBS com ESF (5,7±3,9 vs. 3,23±2,5; p<0,001). A UBS com ESF destacou-se em relação à UBS destacou-sem ESF, quando os

usuários foram questionados sobre a

orientação fornecida pelo enfermeiro sobre a doença (8 (20,0%) vs. 1 (2,5%); p=0,013), bem como em relação ao questionamento sobre a participação em grupos para DM (20 (50,0%) vs. 1 (2,5%); p < 0,001). Em relação às orientações fornecidas pelo enfermeiro sobre a aplicação de insulina, os usuários da UBS com ESF apresentaram maior frequência (9 (22,5%) vs. 3 (7,5%); p=0,018).

Este estudo permitiu avaliar as atitudes de um grupo de portadores de DM, usuários da rede básica de atenção à saúde de um município da região nordeste do Rio Grande do Sul, relacionadas à aplicação de insulina, bem como aos cuidados requeridos.

Em relação às características

sociodemográficas, a amostra foi constituída majoritariamente por idosos, mulheres, indivíduos casados e com baixa escolaridade. Nesse sentido, sabe-se que o baixo nível escolar torna-se uma lacuna no acesso às informações, obrigando assim os profissionais a realizarem estratégias mais dinâmicas e de linguagem simples, com sequência de raciocínio até chegar à compreensão do assunto em questão. Em algumas situações, a baixa escolaridade retarda o tratamento, pela pouca importância que se dá à assistência, o que leva certo tempo para que o usuário assimile a doença e o tratamento, ficando exposto, nesse período, às complicações e riscos da patologia. Ainda sob esse ponto de vista, deve-se levar em consideração a influência das crenças e estilo de vida do usuário no seu contexto familiar.

Em relação ao DM, a maioria era do tipo 2, cujo tempo de inclusão e acompanhamento no Programa Hiperdia era maior do que cinco anos. No entanto, a participação em grupos educativos nas UBS ficou restrita a um pequeno número de usuários da UBS com ESF. Sabe-se que os grupos educativos aplicam estratégias facilitadoras que auxiliam o usuário e família no aprendizado do enfrentamento da doença, estabelecendo intervenções de forma integral, baseadas nos aspectos psicossociais e culturais do usuário.

Com relação às orientações de profissionais da saúde sobre o DM e o seu tratamento, a maioria dos usuários afirma que recebeu orientações; porém, apenas uma pequena

parte foi orientada por enfermeiros. Ainda em relação às orientações recebidas, foi observado, neste estudo, que a última orientação ocorreu entre um e três anos. A enfermagem deve interagir continuamente com as pessoas em diversas situações, para estabelecer e executar suas funções, de forma a atender às necessidades do paciente.9

No que se refere ao

reconhecimento/identificação dos sinais e sintomas de hiperglicemia, 62,5% dos usuários afirmam que sabem reconhecê-los, e 56,3%

reconhecem as manifestações de

hipoglicemia. O reconhecimento dos sinais e sintomas citados acima são fundamentais para o automonitoramento domiciliar. Tanto a hipoglicemia quanto a hiperglicemia podem estar associadas ao uso inadequado da insulinoterapia ou terapia nutricional.3,9-11

Quanto às orientações sobre o uso de insulina, cerca da metade dos pesquisados afirma que recebeu. Porém, apenas um terço

da amostra recebeu orientações de

enfermeiros. Nesse sentido, fica explícita a importância do vínculo do profissional enfermeiro com o usuário e sua família, pois é por meio desse vínculo que serão captadas as

informações e experiências prévias

fundamentais para o planejamento individual. Ainda nessa perspectiva, a última orientação sobre aplicação de insulina ocorreu em torno de um ano. A educação continuada visa manter os conhecimentos, habilidades dos usuários e de seus familiares, rever conceitos básicos e transmitir os últimos avanços em diabetes. Além disso, busca encorajar um comportamento que minimizará os riscos de

complicações e visa promover o

relacionamento entre os diabéticos, que servirá de fonte de motivação continuada.12

Quanto à maneira adequada de

armazenamento e transporte da insulina, seringa e agulha, 55,0% afirmam ter recebido orientações. Estudos recentes divulgam que, quando a insulina for armazenada em refrigeração, ela deve ficar longe do congelador ou placas de resfriamento. A porta não é uma opção adequada, uma vez que existe maior variação de temperatura e mobilidade do frasco a cada abertura. Portanto, o local ideal para armazenagem é a gaveta dos legumes ou na primeira prateleira mais próxima da gaveta de legumes.4

No que se refere à autoaplicação de insulina, nossos resultados mostram que essa prática é realizada pela maioria da amostra, mas que ainda estão presentes fatores como o

sentimento de medo/insegurança,

dificuldades visuais e motoras que impedem a autoaplicação. É preciso trabalhar junto ao

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usuário os sentimentos que interferem na autoaplicação de insulina e que o tornam dependente de terceiros. Acredita-se que, dentre as vantagens da autoaplicação, esteja a autonomia no tratamento, caracterizando o autocuidado dinâmico. A autoaplicação encoraja o usuário a ser independente, levando ao autocuidado integral e melhor controle metabólico.13 Sabe-se que o sucesso terapêutico com a utilização de insulina não depende somente do tipo e da dose prescrita desse medicamento, mas da sua forma de aplicação.4

Em relação ao aprendizado da técnica de aplicação da insulina, um terço dos usuários

aprendeu com o enfermeiro. Ainda no

processo da técnica da autoaplicação de insulina, 80,0% dos usuários realizam antissepsia na pele antes de aplicar a insulina, sendo o algodão com álcool o mais utilizado. Na literatura, antissepsia com algodão e álcool também é defendida como a maneira mais correta, para a qual se deve assegurar a secagem da pele por evaporação para realizar a introdução da agulha, evitando a dor na aplicação e garantindo a estabilidade da insulina.4,8

Trabalhar com famílias, mostra-se, hoje, aos profissionais das mais diferentes áreas, como a “saída” possível para que melhores resultados, a médio e longo prazo, sejam alcançados, o que está em consonância com os objetivos da Estratégia da Saúde da Família.

Outra problemática é em relação às aplicações e dosagens da insulina. A maioria dos usuários realiza conforme a prescrição médica, porém 23,75% a realizam em desacordo com a prescrição. Ainda, alguns usuários seguem parcialmente a prescrição médica, pois realizam ajustes tanto na dosagem quanto na frequência das aplicações,

quando julgam necessários, além do

esquecimento. A ocorrência de erros de medicação no domicílio tem relação com o trabalho do enfermeiro, uma vez que é de competência desse profissional educar o

paciente para o uso correto dos

medicamentos.14 Nesse cenário, qualquer erro no processo de administração da medicação,

incluindo erros na prescrição, na

transcrição/comunicação da prescrição, na

dispensação, na administração e no

monitoramento ou na orientação sobre o uso

adequado, também fazem parte das

responsabilidades da equipe de saúde e,

consequentemente, da enfermagem.9

Nossos resultados evidenciam que metade dos usuários não realiza o rodízio da aplicação de insulina. Relacionada a isso, a fragilidade

da técnica colabora para possíveis

complicações cutâneas locais. O rodízio sistemático dos locais de injeção dentro de uma área anatômica não deve ocorrer no mesmo local mais de uma vez em duas e três 3 semanas.3,9,15 Além disso, quando o paciente está planejando exercitar-se, a insulina não deve ser injetada no membro que irá ser exercitado, porque ela será absorvida mais rapidamente e isso poderá resultar em hipoglicemia.16

No que tange às complicações cutâneas locais, grande parte dos usuários da amostra estudada já notaram algum tipo de alteração ou complicação local em decorrência da aplicação de insulina, sendo a mais citada, o hematoma local. Essas alterações costumam afetar de 10 a 50% dos pacientes insulino-dependentes, que são acometidos por lipodistrofias, dor, nódulos endurecidos, equimose, hematoma, hiperemia, ardência e alergias.10,16

Os profissionais da área da saúde estão frente a uma problemática real encontrada em várias partes do país: a reutilização de seringas e agulhas na administração de insulina. Essa prática acontece na tentativa de reduzir os elevados custos do tratamento, em que a maioria dos portadores de diabetes reutiliza a seringa descartável e agulha, em discordância com a orientação da Portaria nº.

4/86 da Vigilância Sanitária de

Medicamentos.3 É mencionada, na literatura, que a prática de reutilização pode ter surgido na década de 60, época em que apareceram as seringas descartáveis.17 Como os pacientes já estavam acostumados a aplicar a insulina com seringa de vidro e desinfetá-la de forma caseira, por meio de fervura ou desinfetante químico, posteriormente, continuou-se a executar a mesma prática em seringas descartáveis.

Frente a esta problemática, observou-se que as maiores frequências no reuso da seringa e agulha, concentram-se em torno de um a cinco dias, mas com uma variação de 1 até 60 dias. Na literatura, existem

controvérsias quanto ao número de

reutilização desse instrumental, não havendo um padrão preestabelecido, fragilizando, ainda mais, essa prática. Autores nacionais mencionam publicações de diversos países, em que a frequência média é de quatro a sete

reutilizações, enquanto os trabalhos

nacionais, especificamente, destacaram um índice de duas a quatro reutilizações.7-8 Essa prática inquietante chama a atenção de profissionais da saúde para a deteriorização do instrumental em questão, sendo que, possivelmente, possa acarretar complicações

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Barros AE, Souza EN de. Self-injection of insulin: attitudes of a group of…

cutâneas locais e aumentar o risco de infecções. A prática da reutilização mostrou que os usuários trocam de seringas descartáveis, porque a agulha torna-se danificada e rombuda, dificultando a aplicação, em decorrência do reuso. Em consonância, estudos mostram que, após certo período de uso, a agulha acumula detritos em seu lúmem, há o acúmulo de resquícios de metal que obstruem a agulha, alterações microscópias no bisel e aparecimento de microtraumas, formação de cristais de insulina e perda do lubrificante ou camada de silicone do corpo da agulha comprometem o conforto e facilitam a quebra desse material.7-8

Já em relação ao armazenamento desse material reutilizado, surge outra polêmica, visto que 26,25% relataram que limpam a seringa e agulha com algodão e álcool, e a grande maioria (45%), armazenam a seringa reutilizada na porta da geladeira, com o frasco de insulina, e uma minoria, (6,25%) guardam no ambiente, sem a embalagem original. A discussão sobre esse aspecto, em específico, é controversa. Quando as seringas e agulhas reutilizadas são acondicionadas na

geladeira, há proliferação de vários

microrganismos; no congelador, também há o crescimento de microrganismos, embora em pouca quantidade e, fora da geladeira, do mesmo modo, também há este crescimento.7 O armazenamento de seringas e agulhas na

geladeira seria prejudicial, pois as

temperaturas variam muito a cada abertura da porta, e fora da geladeira há o surgimento imediato de colônias de bactérias.8

Em relação à técnica de armazenamento de seringas e agulhas, é consenso, até o

momento, que seringas esterilizadas

preenchidas com insulina, estocadas dentro da

geladeira, acusam a presença de

microrganismos somente na quarta e sexta semanas, e seringas esterilizadas preenchidas com insulina, se estocadas fora da geladeira,

apresentam colônias de bactérias

imediatamente, e na primeira, segunda, quarta, quinta e décima semanas.7,9

No que concerne às dúvidas sobre a autoaplicação de insulina, a maioria dos usuários apresentou algum tipo de dúvida, sendo a mais citada os locais certos para aplicação. Esses dados apontam um aspecto intrigante, pois as mais diversas dúvidas estão presentes na vida dos portadores de diabetes, apesar da média de tempo de insulina estar em torno de seis anos. Mais uma vez, esse dado reforça a necessidade de orientação contínua por parte dos profissionais junto aos usuários. Neste sentido, a enfermeira deve continuar a avaliar as habilidades dos usuários

que têm diabetes por muitos anos, porque se calcula que até 50% dos usuários podem

cometer erros nas habilidades de

autocuidado.18 Vale destacar que muitas dessas dúvidas são “esclarecidas” entre os próprios usuários e familiares, o que pode acarretar em conhecimentos e atitudes inadequadas, prejudicando a terapêutica e, também, causando algum dano ao usuário.

Na UBS com ESF, notou-se que há maior participação nos grupos e orientações por enfermeiros. A UBS que possui ESF tem o apoio de uma equipe multidisciplinar, tendo uma visão mais ampla das necessidades do usuário, tornando-se um grande facilitador e desafio para a assistência da população de sua abrangência.

Os dados do estudo mostram que a problemática da reutilização de seringas e agulhas não se revolverá apenas com a distribuição gratuita de um número reduzido de seringas, baseada no uso único, mas sim na capacitação dos profissionais da área da saúde, com o propósito de norteá-los quanto à identificação de estratégias baseadas na realidade e no contexto sociofamiliar dos usuários, que possam ser divulgadas e implementadas, com vistas a promover o armazenamento correto de instrumentais para a aplicação de insulina, as quais devem estar fundamentadas em evidências científicas. Ainda nesse contexto, é necessário mais estudo para avaliar essa prática no cenário

brasileiro, considerando os aspectos

socioeconômicos da população portadora de DM. É premente a necessidade de uniformizar as orientações dispensadas por profissionais dos serviços de saúde aos usuários e familiares, a fim de promover a segurança dessa prática, amplamente difundida em nossa realidade.

A educação continuada do usuário da rede básica torna-se fundamental ao longo do

tratamento do diabetes, cabendo ao

profissional enfermeiro, que tem a

responsabilidade de educar e cuidar dos indivíduos, programar estratégias viáveis para o serviço. Acredita-se que, a partir do diálogo e da troca de saberes, profissionais e usuários podem implementar de forma compartilhada um conhecimento acerca do processo saúde-doença, de maneira que os usuários fortaleçam a confiança nos serviços de saúde19.

Alguns pontos devem ser considerados, como os custos, a disponibilidade de recursos humanos e materiais que sejam interessantes para os usuários, no intuito de promover o autocuidado, aprimorando o conhecimento e

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Barros AE, Souza EN de. Self-injection of insulin: attitudes of a group of…

as atitudes em relação à doença e a sua terapêutica.

O preparo do usuário para a autoaplicação de insulina apresenta várias lacunas, tanto no que concerne à aplicação da insulina, quanto a sua armazenagem. O perfil sociodemográfico dos usuários mostra pessoas idosas, com baixa escolaridade e profissionalmente inativas. As orientações recebidas pelo usuário sobre DM, e o tratamento com insulina não foram suficientes, refletindo um conhecimento deficiente sobre ambos os assuntos. A prática de reutilização de seringas e agulhas para a administração de insulina se faz presente nesta população, de modo intenso e sem acompanhamento dos serviços de saúde.

Frente a essas constatações, salienta-se a

necessidade de orientações e

acompanhamento contínuo pelo serviço de saúde no qual os usuários estão cadastrados, com o objetivo de promover a saúde, por meio de boas práticas de autocuidado. Há a necessidade da equipe multiprofissional de saúde, em especial, a enfermagem, pensar estratégias para prover orientações sobre insulinoterapia e reuso de materiais, evitando, com isso, complicações locais e sistêmicas, bem como gastos elevados aos cofres públicos. Este trabalho tem como intenção, a partir do reconhecimento da realidade dos usuários, servir de base para futuras reformulações nas orientações, bem como subsidiar discussões para a elaboração de um protocolo de orientações e condutas sobre a utilização de materiais descartáveis.

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REFERÊNCIAS

CONCLUSÕES

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Barros AE, Souza EN de. Self-injection of insulin: attitudes of a group of…

Sources of funding: No Conflict of interest: No

Date of first submission: 2010/08/15 Last received: 2011/04/22

Accepted: 2011/04/24 Publishing: 2011/05/01

Address for correspondence

Emiliane Nogueira de Souza Rua: Sarmento Leite, 245

Referências

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