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A cidade de São Paulo, nos últimos anos, foi um dos depositários das mais concorridas exacerbações em termos de excessos no seu espaço urbano.

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Ética já na paisagem urbana... São Paulo melhorou com

a retirada de outdoors e fachadas do comércio, porém,

é preciso agora, de design e soluções inovadoras.

Issao Minami

A cidade de São Paulo, nos últimos a nos , foi um dos depositá rios das mais conco rrid as e xace rbações e m termos de e xcessos no seu espaço urbano .

Espaço público é o lu ga r, acessíve l a todos os cidadãos, onde um público se reúne para fo rmu la r u ma opinião publica ou um intercâmbio d iscu rsivo de posiçõe s (racionais ou n ão) sob re problema de interesse genera liza do que perm ite identificar publicamente uma opinião . Este modo de fazer -se conhece r, manifestar-se, declarar -se, pub licar (d o lat. publica re ) é então, um meio de pressão à disposição dos cid adãos para conter o poder do Estado. Ora, o espaço público significou sempre o coração do funcionamento democrático , porém, em São Paulo é o lu gar onde ocorreu o e xce sso , inclusive da publicidade (do fr. publicité ) , e o que é p io r.

Compreender o pape l do espaço pú blico numa d emocracia de massas, um espa ço muito mais va sto do que antes, com um número muito maior de temas debatidos, um número muito maior de agentes inte rvindo publicamente, uma onipre sença da informação, das so ndagens, do marke ting e da comunica ção. Trata-se, pois, de um espa ço com forte simbologia onde se processam os d iscursos dos agente s (político s, so cia is, religioso s, cultu rais, inte lectu ais) que constituem uma sociedade. É, então, um espaço simbó lico onde simplesmente se constata a sua existên cia, simbo liza , simplesmente , a realidade de uma democracia em a ção, ou a e xpre ssão das informa ções, das opiniões, dos inte resses e das ideo logia s. Constitui o lu ga r das ocorrência s para os cidadãos , onde se dá artificialmente a sensação de participação efetiva, o nde se in stitu i a liberdade de

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opinião, a liberdad e de imprensa, a pu blicidade das de cisões de toda ordem, enfim, um espaço público.

Com certe za, esta visibilida de provocada pelo espaç o público é responsá vel pela sua ocupação ostensiva em todo s o s sentido s.

O espaço público é um espaço físico: da rua, da praça, do

comércio e das tro cas. Fo i só a partir dos século s XVI e XVII que este espaço físico se tornou simbólico, com a separação entre o sagrado e o temporal, e o p ro gre ssivo reconhecimento do estatuto da pessoa e do indiv íduo face à monarqu ia e ao clero. Este movimento abran ge facilmente do is sécu los. É, com efeito, a redefinição do privado que permite , em contraponto, ao espaço público desenha r -se e afirmar -se. A pala vra púb lico a parece no século XIV, do lat. publicu; o que é do uso de todos, passeio público. Púb lico re mete para tornar público , para publicar, do lat.

publica re. Isto p re ssupõe um a larga mento do espaço comum e a

atribu ição de um valor no rmativo à qu ilo que é acessíve l a todos. Na passa gem do comum ao público , algo que se tornou, mais tarde, uma caracte rística da democra cia, a sabe r, a va lo riza ção do número, o complemento, de algu ma maneira, do princípio de libe rdade.

No Bra sil, sob retu do, em São Paulo , após o s écu lo XX, o d ito intercâmbio cultu ra l com a Europa (In glaterra, França e Alemanha) pro voca o u so inte nso das referência s espaciais do público para o discu rso mercadoló gico.

As fachadas das casas ocupadas por tipo grafias mod estamente inscritas cedem lugar aos tapumes de ob ras de e difícios já conotam a publicid ade. Em 1929, Co nde Martine lli na construção do seu maio r ed ifício já u tiliza va a s empenas para sobrepuja r publicidade. A casa comercial Mapp im sempre ostentou liqu idação

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após a sua mudança para o outro la do da cidade no va , saindo do centro ve lho.

Portanto, o espaço central da cidade como a rua São Bento e r ua XI de No vembro já fervilham como espaço público já na década de trinta.

E foi assim que Sã o Paulo do s imigra ntes e migrantes internos se fez nas décadas de 50, 60, 70 e 80. Pro viso riedade e pressa . Tapumes e tapumes, obras e mais o bras. A construção do Metrô denota esta mudança na feição de muitos bairros que perdem as suas ca racte rística s de típ ico s bairro s residenciais pa ra um uso mais dive rsificad o. O aparecime nto sistemá tico de novos condicionantes so ciais, o comércio qu e sai às ruas, o s a mbulantes, camelôs e toda so rte de pa rafernália de néons e lu ze s dão lu ga r aos outdoors , ban ners, bandeiras, carta zes enfeitando liqu idações e produtos de não muita qua lidade. Produ zem o s d itos calçadões em detrimento de um comércio mais organ izado e a s ruas são sistematicamente tomadas.

São Paulo entra n a década de 90 lu dibriando o lu gar comum e o luga r púb lico, tudo é efêmero na pro dução e consumo do espaço socia l.É a p ressa da moderni dade e m busca de no vos atores de midea que vende de tudo: desde ca lcinha s Hope, cue ca s Mash, lojas pe rnambucan as a dental gaú ch o . Fecha a décad a onde se institui o va le tudo nas no vas mideas digitais que tra zem pro gresso na parafernália e letro-e letrônico de ocupação aérea do nosso

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sofrido espaço p úblico e comum. Centenas e ce ntenas de elementos maléfico s soçob rando e con correndo o céu paulistano. Vem o ano 2000 e a tal da lei Zé Ín dio do Nascimento tradu zindo uma legisla ção frankstein : mara vilh osa na exp r essã o de um preâmbulo muito bem conceituado define com exatid ão e com belas pala vras o que seja cada um dos elementos en volvido s na questão da paisagem urbana , mas peca na exce ssiva permissividade. Ma is tarde, em 2003, num belo passe de mágica, a gestão da então prefeita Marta Suplicy com o então secretário de planejamento Jorge W ilheim , que tinha tudo na mão para efetuar uma legítima defesa da paisa gem u rbana e ficar para a histó ria. Mas... Que pena, secretá rio . De ixou passar a le i Mirya m Ath iê e

sepultou a nossa grande esperan ça de termos u ma b ele zura de cidade que sofreu o ma ior desca labro ! Os no ssos co rred ores como

exemplo, a rua da Conso lação, a a venida Rebouças e a a ven ida Bandeirantes ganham os contornos com elementos backlights,

frontlights, te steira s e empenas tomadas por elementos publicitá rios de to do tamanho e de toda so rte. São milhare s e milhare s de elementos publicitá rio s in vadindo o nosso espaço aéreo.

R u a d a C o n s o la ç ã o j a n . 2 0 0 7

Neste me io tempo ,i ntervimos sim, a sociedade se organi zou em algun s segmentos , a AMAPPH - Associação de Moradores e Amigos de Pacaem bu, Perdizes e Higienópolis , por e xemplo, deu o pontapé inicia l qu e juntamente com o Ministério Público e a interveniência do meio acadêmico da USP, demos um exemplo de como é possíve l d iminuir o e xcesso da publicidade a o in vé s de aumentar. In voca mos a Constitu ição na busca de uma jurisp rudência ma is justa: Ora, é o direito de ver e de não ver . O espaço público n ão pode ser abarrotado de tantas peça s que possam pre judica r a visão de minha jane la que antes se descortina va pa ra uma praça, pa ra u ma área ve rde e d e repente, não mais que de repente, da noite para o dia, instala -se, sem me pergunta r, uma co isa que p isca 24 ho ras por d ia e me tira a visão

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ou me torp edeia. Instaura -se o cao s, a fadiga , o stress visual. Males e males sacodem o nosso já m altratado cotidiano paulistano. Mas outros vêm no encalço desta vitó ria e o rganizam -se rua s comercia is, centros de bairro s , mas a luta é grande para diminuir o excesso. A conse qüência do ex cesso é que pro voca o tal da poluição visual.

A cidade não agüe nta mais a falta de estética e de ética. Ética de não se leva r tudo no espaço da cidade como se o espaço público fosse terra de nin guém e como se alguém fosse o dono do espaço aéreo. Ora , o es paço aéreo a tod os pertence , d iria o bra vo promotor público João Lopes Guimarã es Filho.

Na era do Prefeito José Se rra (2005 ), inau gura -se uma nova fase nesta e xcessiva permissividade. Pudemos presencia r a lgumas medidas de conte nção. Há a pro ibição de ca va letes e anúncios temporário s, retirada do excesso de irre gu lare s elementos mastodontes. São ainda medidas de pequena monta , porém organiza um n ovo pensamento: é preciso diminuir a excessivida de , a c idade nã o mais a güenta tanto exage ro .

O pro jeto Cidade L i mpo vem em boa hora e lu ga r. Não é momento de desobediência civil para tamanho bene fício ao meio ambiente que é o lu ga r público tão desgraçado e mal cu idado. É p or isso que ele é ge rador de espaço não amist oso, violento, o nde impera violên cia u rbana.

Um resultado de enquête em São Paulo, tornado público no jornal Estado de São Paulo (www.estadao.com.br) de domingo, dia 8 de abril de 2007, caderno Aliás, p.J7 mostra que 69,36% dos entrevistados acham que São Paulo m elhorou com a retirada de outdoors e fachadas do comércio e que os estabelecimentos, em sua maioria aderiram à medida e retiraram as placas onde em muitos casos o mau estado de conservação das fachadas e dos prédios foi revelada, porém, em outros, a beleza escondida sob o anúncio indicativo surpreendeu.

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Av e n i d a H e l i o P e l le g r i n o ja n . 2 0 0 7 – janelas que er am obs tr uídas por painel s ã o r e v e l a d a s

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Av e n i d a C o r i f e u d e A z e v e d o M a r q u e s - 2 4 ja n . 2 0 0 7

R u a A m a r a l G u r g e l - 9 f e v . 2 0 0 7

“A cidade respira mais, está mais limpa, está mais belezura ”

A cidade de São Paulo não agüenta mais a falta de estética e de ética do meio publicitário. Tratam o espaço público como se fosse terra de ninguém. A era do prefeito José Serra inaugu ra uma fase de combate ao excesso de permissividade com algumas medidas de contenção, como a proibição de cavaletes e anúncios temporários. Eram ainda medidas pequenas, mas organizaram um novo pensamento. Quando Kassab ascendeu à Prefeitura, ele assumiu o projeto de despoluição visual. Os anúncios eram irregulares e ilegais em sua maior parte e, portanto, foi preciso radicalizar para não legislar o ilegal. Retirou -se na totalidade para depois sucessivamente trabalhar a permissividade, consolidando muitas questões de uso e ocupação do solo e dando uma esperança à melhoria da qualidade de vida, tão prejudicada pela poluição visual. O projeto Cidade Limpa vem em boa hora e lugar e significa, sobretudo, mudança comportamental. Uma semana depois do dia 31 de março de

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2007, a cidade respira mais, está mais limpa, está mais bonita, está mais belezura “ Issao Minami in: O Estado de São Paulo 8 de abril de 2007

Cadernos Aliás, p.J7 C i d a d e L i m p a s i g n i f i c a , s o b r e t u d o , m u d a n ç a c o m p o r t a m e n t a l . A l g u n s d i a s p ó s 3 1 d e m a r ç o d e 2 0 0 7 , a c i d a d e r e s p i r a m a i s , e s t á m a i s l i m p a , e s t á m a i s b o n i ta , e s t á m a i s , a g o r a d e f a t o m a i s , b e l e z u r a , n o e n ta n t o , é p r e c i s o s o l u ç õ e s i n o v a d o r e s q u e n ã o p r o v o q u e o r e t o r n o d a p o l u i ç ã o v i s u a l e b u s c a r s o l u ç õ e s e s t é t i c a s d a m e n s a g e m v i s u a l , r e s ta u r a r a a r t e p u b l i c i t á r i a , v a l o r i z a n d o a i n t r a t e x t u a l i d a d e p r e s e n t e , a u m e n ta r a i m a g i n a b i l i d a d e d a s s i g n i f i c â n c i a d o r e f e r e n c i a l e d o c o n t e x t o u r b a n o , e n f i m , c o n f o r m e D o n d i s , m a i o r i n t e l i g ê n c i a v i s u a l q u e s i g n i f i q u e c o m p r e e n s ã o m a i s f á c i l d e t o d o s o s s i g n i f i c a d o s a s s u m i d o s p e l a f o r m a v i s u a l . É h o r a d e s e p a r a r d e l a m e n ta r o c i n z a q u e s e d e s n u d o u e c u i d a r d a e m p e n a m a l c u i d a d a , d a s f a c h a d a s m a n c h a d a s , m a l a c a b a d a s , p o i s , o d e t a l h e e a a r q u i t e t u r a q u e s e p ô s , f i n a l m e n t e , à m o s t r a , p e r m i t i r á a c o n s t r u ç ã o d e u m n o v o e s p a ç o , u m a n o v a p a i s a g e m m a i s e n v o l v e n t e , c o n s t r u í d a a p a r t i r d a s r u a s , p r a ç a s , p a s s e i o s , e d i f í c i o s , m o n u m e n t o s . . . I s s a o M i n a m i J u n h o d e 2 0 0 8

Referências

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