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Aglomerados Globulares Ricos em Metais:

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Academic year: 2021

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Departamento de Astronomia

Aglomerados Globulares Ricos em Metais:

Tra¸ cadores da Evolu¸ c˜ ao Qu´ımica da Gal´ axia

Alan Alves Brito

Supervisora: Professora Doutora Beatriz Barbuy

Tese de Doutorado submetida ao Instituto de Astronomia, Geof´ısica e Ciˆencias Atmosf´ericas da Universidade de S˜ao Paulo, como requisito parcial `a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Doutor em Ciˆencias. Sub-´area de concentra¸c˜ao: Astrof´ısica Estelar.

S˜ao Paulo, 7 de Abril de 2008

(2)

Alves-Brito, Alan

Aglomerados globulares ricos em metais: tra¸cadores da evolu¸c˜ao qu´ımica da Gal´axia/Alan Alves-Brito. – S˜ao Paulo: [s.n.], 2008.

226f.

Tese (doutorado) - Universidade de S˜ao Paulo, Instituto de Astronomia, Geof´ısica e Ciˆencias Atmosf´ericas

Orientador: Beatriz Leonor Silveira Barbuy

1. Abundˆancia estelar 2. Atmosferas estelares 3. Evolu¸c˜ao estelar 4. Gal´axias 5. S´ıntese espectral I. T´ıtulo

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meus dois maiores exemplos de disciplina, trabalho, determina¸c~ao e sucesso na vida.

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Agradecimentos

Ao concluir uma etapa importante da minha carreira cient´ıfica, eu gostaria de agradecer a muitas pessoas e institui¸c˜oes que me ajudaram a implementar este importante Projeto de Vida. Certamente n˜ao foi f´acil chegar at´e aqui, mas como j´a dizia o fil´osofo e escritor Albert Camus, na profundeza do inverno, finalmente aprendi que dentro de mim repousava um ver˜ao invenc´ıvel.

A Professora Dra. Beatriz Barbuy, pela orienta¸c˜ao deste trabalho, pelas palavras de incentivo e pelas v´arias cr´ıticas ao longo destes anos. Muito obrigado por todos os de- safios propostos, pelas oportunidades e situa¸c˜oes ´ımpares que foram cruciais para o meu amadurecimento na vida cient´ıfica. Foram anos de muito aprendizado.

A Dra. Dinah Moreira Allen, pela paciˆencia, pelo suporte, pelos ouvidos atentos, pelo respeito. Eu nunca terei como agradecˆe-la pela dedica¸c˜ao e amizade. Vocˆe foi fundamental para que eu conseguisse chegar at´e aqui. Muito obrigado, Dinah!

Eu gostaria de especialmente agradecer ao Dr. Jorge Mel´endez pela ajuda incondicional durante todo o meu programa de p´os-gradua¸c˜ao [mestrado e doutorado] e pelo suporte du- rante meu Doutorado Sandu´ıche na Australian National University. Dr. Jorge Mel´endez

´e um exemplo a ser seguido e uma das minhas mais claras referˆencias cient´ıficas.

I would like to express my sincere gratitude to Dr. Manuela Zoccali, Professor Dante Min- niti and Professor Martin Asplund for their personableness, support, advice and guidance. I would like to thank them for the valuable assistance they provided to me and their strong moral support that assisted my achievements with this work.

Mis mas sinceros agradecimientos a todas las personas del Departamento de Astronom´ıa y Astrof´ısica de la Pontificia Universidad Cat´olica de Chile por la acogida que me dieron en las dos oportunidades que estube all´a. Muchas gracias!

I am also grateful to all the people from the Research School of Astronomy and Astro- physics [RSAA] at the Australian National University [ANU, Australia] and from the Department of Astronomy at the University of Virginia [USA] for making me feel very welcome when I was undertaking a period of doctoral studies there.

Meus agradecimentos aos colegas do Grupo de Popula¸c˜oes Estelares do IAG/USP, aos

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Aos Professores do IAG com os quais convivi ao longo de todos estes anos e tanto aprendi. Em especial aos meus professores em cursos de P´os-Gradua¸c˜ao: Amˆancio Fria¸ca, Antˆonio M´ario Magalh˜aes, Gast˜ao Lima Neto, Ronaldo Eust´aquio, Walter Maciel e Zulema Abra- ham. Meus cumprimentos especiais `as professoras Cla´udia Mendes [pela ajuda e suporte em todos os momentos], Silvia Rossi [valeu por tudo!] e Tha´ıs Idiart [minha relatora durante o mestrado].

A Painho [Daniel da Silva Brito], Mainha [Janice Alves Brito] e aos meus irm˜aos [Adriano, Aline e Alison] pelo amor e amizade e por compreenderem a minha ausˆencia. Eu os amo muito.

I would like to specially thank Mr. Michael Mowat for his company and friendship while I was studing at the RSAA/ANU in Australia [Oz]. Canberra will forever be in my mind and in my heart now. Thank you very much, Michael [BAA], for being with me during all great and unforgettable moments in Oz. [LCBFF]. :)

Aos meus amigos de l´a, da minha Bahia: Luciana de Matos [minha irm˜a, minha grande amiga, minha colega de profiss˜ao; sonhamos juntos], Iraildes Sales [amiga, corajosa, de- terminada, inteligente — uma pequena grande not´avel], Dissinho, Leide, Marcio Santana e Marcelo Santana. A Ozana Barreto, Paula R´ubia, Gal e Bel, quatro mulheres ex- traordin´arias!

Aos meus amigos de c´a, da cidade que me fez olhar a vida por um outro prisma: Claudio Melioli [meu grande amigo, desde o primeiro instante. Como esquecˆe-lo?] e Rhowena Jane [eu quero uma casa no campus]. A Manuelle [Manu] e Eduardo [Edu] minhas lembran¸cas di´arias da Bahia.

Aos Drs. Denise Gon¸calves, Isaura Fuentes e Ign´acio de la Rosa por momentos agrad´aveis em Sampa e por v´arias discuss˜oes cient´ıficas, seja atrav´es de propostas de observa¸c˜ao em astrof´ısica, seja no Folhetim.

Aos meus colegas de Departamento: a Tatiana Lagan´a [unidos para destruir o exame de qualifica¸c˜ao ”com farinha”] e a S´ergio Scarano e Pˆamela Piovezan pelas discuss˜oes cient´ıficas em torno dos dados GMOS@GEMINI.

A Professora Dra. Vera Aparecida Fernandes Martin, minha orientadora de IC por 3 anos atrav´es do Programa PIBIC/CNPq. Muito obrigado por iniciar-me no mundo da ciˆencia profissional.

Aos Drs. Paulo Poppe, Selma Rozane e Roc´ıo Melgarejo. Vocˆes foram fundamentais em

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A Marco, Ulysses, Patr´ıcia e Luiz pelas v´arias ajudas e suporte nos momentos de pˆanico com este admir´avel mundo novo da informa¸c˜ao.

Ao pessoal da secretaria do Departamento de Astronomia, da secretaria de P´os-Gradua¸c˜ao e da gr´afica do IAG/USP: Marina, Concei¸c˜ao, Rose, Andr´e, Marcel, L´elis e Lucimara. Ao povo Brasileiro e ao povo do Mundo afora que atrav´es da Funda¸c˜ao de Amparo `a Pesquisa do Estado de S˜ao Paulo [FAPESP], da Coordena¸c˜ao de Aperfei¸coamento de Pessoal de N´ıvel Superior [CAPES], do Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvi- mento Cient´ıfico e Tecnol´ogico [CNPq] e pelo Latin-American European Network for Astrophysics [Alfa/LENAC] financiaram os meus estudos em n´ıvel de gradua¸c˜ao e p´os- gradua¸c˜ao ao longo destes anos.

Muito obrigado aos cientistas e cidad˜aos comuns da Bahia [Feira de Santana], de S˜ao Paulo e do mundo que n˜ao est˜ao listados acima, mas que individualmente sabem o quanto con- tribuiram para a minha forma¸c˜ao, n˜ao apenas como cientista mas tamb´em como cidad˜ao brasileiro e do mundo.

A Deus, t˜ao presente em minha vida, com o melhor de mim e com o que h´a de melhor no outro.

—————————–

O presente trabalho de pesquisa fez uso das seguintes fontes, softwares e/ou banco de dados em Astrof´ısica:

• NASA’s Astrophysical Data System Bibliographic Services (ADS)

• Very Large Telescope

• Gemini North Observatory

• 2MASS - Two Micron All Sky Survey

• IRAF, DAOSPEC, Skycat, DAOImage DS9, Supermongo, Latex 2

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Viver - n~ao ´e? - ´e muito perigoso.

Porque ainda n~ao se sabe. Porque aprender-a-viver ´e que ´e o viver, mesmo. O sert˜ao me produz, depois me engoliu, depois me cuspiu do quente da boca... O senhor cr^e minha narra¸c~ao?”

Jos´e Guimar~aes Rosa (1908-1967) em Grande Sert˜ao: Veredas.

(8)

Sum´ ario

Lista de Siglas e Abreviaturas xv

Grandezas F´ısicas Usadas xviii

Resumo xxi

Abstract xxiii

1 Introdu¸c˜ao Geral 1

1.1 O sistema de aglomerados globulares da Gal´axia . . . 4

1.1.1 Sobre a origem dos aglomerados globulares . . . 6

1.1.2 Abundˆancias qu´ımicas . . . 7

1.1.3 Aglomerados globulares ricos em metais da Gal´axia: halo interno, bojo ou disco espesso? . . . 8

1.2 Escopo da tese . . . 9

2 Observa¸c˜oes e redu¸c˜ao de dados 12 2.1 NGC 6553: amostra UVES@VLT . . . 12

2.1.1 Fotometria e identifica¸c˜ao das estrelas . . . 12

2.1.2 Espectroscopia . . . 14

2.2 NGC 6553 : amostra FLAMES@VLT . . . 17

2.2.1 Espectroscopia e fotometria . . . 17

2.2.2 Delimita¸c˜ao da amostra . . . 18 i

(9)

2.3.1 Fotometria e identifica¸c˜ao das estrelas . . . 21

2.3.2 Espectroscopia . . . 22

2.3.3 Redu¸c˜ao de dados . . . 30

3 NGC 6553: aglomerado globular tra¸cador do bojo da Gal´axia 40 3.1 Introdu¸c˜ao — o bojo Gal´actico . . . 40

3.2 Parˆametros estelares . . . 44

3.2.1 Velocidades radiais . . . 44

3.2.2 Larguras equivalentes . . . 46

3.3 Parˆametros atmosf´ericos . . . 51

3.3.1 Velocidade de microturbulˆencia . . . 52

3.3.2 Temperaturas efetivas . . . 53

3.3.3 As gravidades superficiais . . . 58

3.3.4 Metalicidade . . . 60

3.3.5 Incertezas na metalicidade . . . 62

3.3.6 ETL versus n˜ao-ETL para a amostra . . . 63

3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸c˜oes e interpreta¸c˜ao 63 3.4.1 S´ıntese espectral . . . 63

3.4.2 Lista de linhas e abundˆancia solar . . . 64

3.4.3 Metalicidade: [Fe/H] . . . 68

3.4.4 Elementos α: [O/Fe], [Mg/Fe], [Si/Fe], [Ca/Fe], [Ti/Fe] . . . 74

3.4.5 Elementos Z-´ımpar: [Na/Fe], [Al/Fe] . . . 83

3.4.6 Elementos do pico do ferro: [Mn/Fe], [Cu/Fe], [Zn/Fe] . . . 85

3.4.7 Elementos pesados: [Zr/Fe], [Ba/Fe], [La/Fe], [Eu/Fe] . . . 92

3.4.8 Incertezas nas abundˆancias . . . 94

3.5 Hist´orico de enriquecimento qu´ımico em NGC 6553 e aglomerados globu- lares ricos em metais da Gal´axia . . . 96

ii

(10)

4.1 Introdu¸c˜ao . . . 104

4.2 Velocidades radiais . . . 106

4.3 Espectro combinado . . . 108

4.3.1 C´alculo das Wλ e normaliza¸c˜ao do cont´ınuo . . . 111

4.3.2 A raz˜ao sinal-ru´ıdo dos espectros . . . 115

4.4 Parˆametros atmosf´ericos . . . 117

4.5 S´ıntese espectral e resultados . . . 119

4.5.1 Elementos α . . . 119

4.5.2 Elementos de Z-´ımpar . . . 121

4.5.3 Elementos pesados . . . 124

4.6 Incertezas . . . 124

4.7 Interpreta¸c˜ao dos resultados . . . 125

5 Anomalias qu´ımicas em M71 131 5.1 Introdu¸c˜ao . . . 131

5.2 An´alise . . . 135

5.2.1 Velocidades radiais observadas e heliocˆentricas . . . 135

5.2.2 Temperaturas . . . 137

5.2.3 Gravidades superficiais . . . 139

5.2.4 ´Indices espectrais . . . 143

5.3 Resultados . . . 146

5.3.1 CN e CH . . . 146

5.3.2 ´Indices de ferro . . . 151

5.3.3 Ca4227 . . . 152

5.3.4 Hβ . . . 154

5.3.5 NaD e Al3953 . . . 157 iii

(11)

5.3.7 S´ıntese espectral de CN e CH . . . 160

5.4 Discuss˜oes . . . 161

6 Conclus˜oes e perspectivas 166 6.1 Sinopse . . . 166

6.2 Perspectivas . . . 169

A S´ıntese espectral 171 A.1 Linhas atˆomicas e moleculares . . . 171

A.2 Modelos de atmosferas . . . 171

A.3 Opacidades . . . 173

A.4 Constante de alargamento colisional . . . 174

A.5 Estrutura hiperfina . . . 175

B ´Indices espectrais medidos 176

Referˆencias 183

iv

(12)

Lista de Figuras

2.1 Proje¸c˜ao de Aittof em coordenadas gal´acticas (l,b) dos 150 aglomerados globulares da Gal´axia catalogados em Harris (1996). C´ırculos cheios: aglo- merados globulares pobres em metais com [Fe/H] < -1.00. C´ırculos abertos: aglomerados globulares ricos em metais com [Fe/H] ≥ -1.00. Os aglomera- dos globulares ricos em metais NGC 6553 [l = +5.25; b = −3.03], NGC 6838 (M71)[l = 56.74; b = −4.56], NGC 6528 [l = +1.14; b = −4.17] e 47 Tucanae [l = 305.90; b = −44.89] est˜ao identificados na figura. . . 13 2.2 Superior: Identifica¸c˜ao das estrelas observadas no campo WFI de NGC

6553 UVES@VLT. Inferior: Mapa de identifica¸c˜ao das observa¸c˜oes com a grade de coordenadas equatoriais. Os eixos Norte, Sul, Leste e Oeste de orienta¸c˜ao do campo s˜ao mostrados nas imagens. . . 14 2.3 Superior: espectros das estrelas de NGC 6553 UVES@VLT analisadas com

as suas respectivas velocidades radiais heliocˆentricas deteminadas. Infe- rior: diagrama cor-magnitude (V:V − I) de NGC 6553 com fotometria de Ortolani et al. (1995), mostrando os est´agios evolutivos das estrelas em estudo (triˆangulos azuis). . . 16 2.4 (a) Diagrama [Fe/H]-vr para o n´umero total de estrelas (N ∼ 200, c´ırculos

abertos) e para as estrelas selecionadas da amostra (N = 22, c´ırculos fecha- dos) com −0.25 ≤ [Fe/H]≤ −0.05 e −15 ≤ vhr ≤ +15 kms−1. Os pain´eis (b) e (c) apresentam, respectivamente, as distribui¸c˜oes de [Fe/H] e vr para o total de estrelas. (d) Mesmo que painel (a), numa escala ampliada. . . . 19 2.5 Mapas de identifica¸c˜ao para a amostra M71 mostrando a parte superior

do campo original de 5’ x 5’ de arco. Os eixos vetoriais Norte e Leste em cada mapa de identifica¸c˜ao est˜ao, respectivamente, `a direita e no sentido para cima nas figuras. . . 23

v

(13)

de identifica¸c˜ao est˜ao, respectivamente, `a direita e no sentido para cima nas figuras. . . 24 2.7 Diagrama cor-magnitude (V,B-V)0 de M71. (a): pontos pequenos: fotome-

tria de Cudworth (1985) e atualiza¸c˜ao; pontos grandes: estrelas do pro- grama; quadrados abertos: estrelas do programa identificadas em Geffert & Maintz (2000). (b): apenas as estrelas com probabilidade P de pertinˆencia

≥ 80%. Os s´ımbolos s˜ao como dados acima. Os parˆametros da is´ocrona Yonsei-Yale ajustada aos dados est˜ao indicados na figura. . . 25 2.8 Imagem de calibra¸c˜ao de bias nos trˆes diferentes CCDs adotada para cor-

rigir as imagens cient´ıficas (superior) e a estrela padr˜ao (inferior). . . 32 2.9 (a): flat-field normalizado e (b): flat-field combinado, na M´ascara 2 do

programa observacional. . . 33 2.10 Imagem cient´ıfica de M71 na m´ascara 2. Pode-se notar as separa¸c˜oes ou

gaps entre os trˆes CCDs (linhas escuras verticais na imagem). Mais detalhes s˜ao explicados no corpo do texto. . . 34 2.11 Exemplo de uma imagem de lˆampada usada para calibrar os espectros em

comprimento de onda. . . 35 2.12 Exemplo de uma imagem subtra´ıda de c´eu para uma das m´ascaras de

M71. Nota-se que h´a ainda alguns res´ıduos de c´eu, sobretudo as linhas mais intensas. . . 36 2.13 Fun¸c˜ao de sensibilidade obtida para a estrela EG 131 aplicada a todos os

espectros de M71. . . 38 2.14 Exemplo de espectros calibrados em fluxo. Superior: espectro da estrela

padr˜ao EG 131. Inferior: espectro da estrela 484 (1-55, V = 14.26) obser- vada com a m´ascara 2. Nota-se alguns ´ındices espectrais de interesse e os gaps devido `a separa¸c˜ao dos 3 CCDS. . . 39

3.1 NGC 6553 267092 (a) Espectro observado. (b) Polinˆomio de Legendre usado na normaliza¸c˜ao do continuum. (c) Espectro dos res´ıduos. (d) Uma pequena regi˜ao espectral (5852 ≤λ ≤ 5864 ˚A) do espectro observado com algumas linhas em absor¸c˜ao identificadas. . . 45

vi

(14)

velocidade de microturbulˆencia e metalicidade para a estrela NGC6553 II-64 com dados obtidos por fotometria (esquerda) e por espectroscopia (direita). Na figura, a constante a refere-se ao coeficiente angular do ajuste linear aos dados. Alto: FeI vs. χ. Meio: FeI vs. Wλ. Baixo: Fe I (c´ırculos) e Fe II (quadrados) vs. Wλ. As linhas tracejadas correspondem aos valores m´edios encontrados usando somente as medidas dentro de 1σ do valor m´edio. 61 3.3 Ajustes de HFS para linhas de Mn no Sol e em Arcturus: espectro obser-

vado (linha s´olida); espectro sint´etico (linha pontilhada); espectro sint´etico usando o loggf total de VALD para a linha 6016 ˚A (linha tracejada). . . 65 3.4 Diferentes valores de metalicidade encontrados na literatura para NGC

6553 atrav´es dos anos. Os quadrados abertos s˜ao para os trabalhos real- izados utilizando fotometria, enquanto que os quadrados fechados s˜ao para aqueles baseados em espectroscopia. . . 71 3.5 Espectro da estrela gigante II-85: compara¸c˜ao entre o espectro estudado

em Barbuy et al. (1999b), obtido com telesc´opio de 3.6m e espectr´ografo CASPEC de R ∼ 20000 (a) e o do presente estudo obtido com o VLT de 8.2m e espectr´ografo UVES de R∼55000. . . 73 3.6 Diagrama de diagn´ostico qu´ımico: varia¸c˜ao da abundˆancia dos elementos-α

com a metalicidade com base na figura 1 de McWilliam (1997). . . 75 3.7 Painel superior: S´ıntese espectral do tripleto de magn´esio em 6318.7 ˚A,

6319.2 ˚A, 6319.4 ˚A na estrela II-85, calculada com [Mg/Fe] = +0.27 (linha pontilhada, melhor ajuste), [Mg/Fe] = +0.37 (linha curta tracejada) e [Mg/Fe] = +0.17 (linha longa tracejada). Painel inferior: S´ıntese espec- tral da linha de sil´ıcio 5948.548 ˚A na estrela II-85 calculada com [Si/Fe]

= +0.20 (linha pontilhada, melhor ajuste), [Si/Fe] = +0.30 (linha curta tracejada) e [Si/Fe] = +0.10 (linha longa tracejada). . . 78 3.8 Raz˜oes [Ca/Fe] em aglomerados globulares do bojo (c´ırculos fechados)

comparadas com estrelas de campo do bojo (c´ırculos abertos) e estre- las de campo do disco espesso (quadrados). Na nota¸c˜ao espec´ıfica para NGC6528, NGC6528:G1 corresponde a an´alise feita por Zoccali et al. (2004) e NGC6528:G2 em Origlia et al. (2005a). . . 79

vii

(15)

(estrelas) e (ii) abundˆancias m´edias com base em 4 estrelas de Cohen et al. (1999) (quadrados). . . 80

3.10 Padr˜ao [α/Fe] de abundˆancias nas quatro estrelas de NGC 6553 (c´ırculos fechados) comparado com as estrelas de campo do bojo (c´ırculos abertos) de Lecureur et al. (2007) e em estrelas de campo do disco espesso (cruzes) de Reddy et al. (2006). . . 82

3.11 Painel superior: Raz˜ao [O/Fe] para gigantes do bojo (triˆangulos em ver- melho), do disco espesso (c´ırculos cheios em azul), do disco fino (c´ırculos abertos em verde) e do halo (estrelas). Painel inferior: Raz˜ao [(C+N)/Fe] de abundˆancia para gigantes do bojo (triˆangulos em vermelho), do disco espesso (c´ırculos cheios em azul), do disco fino (c´ırculos abertos em verde) e do halo (estrelas). Barras t´ıpicas de erro s˜ao apresentadas na figura. . . . 84

3.12 [Mn/Fe] versus [Fe/H] para diferentes amostras de estrelas: (i) abundˆancia m´edia para os aglomerados globulares ricos em metais neste trabalho e em M71 com dados de Ram´ırez & Cohen (2002) (c´ırculos fechados). As barras de erro correspondem `a dispers˜ao dos dados. (ii) Aglomerados abertos analisados por Carretta et al. (2005) e Bragaglia et al. (2006) (c´ırculos abertos). (iii) Estrelas de campo do disco com dados de Reddy et al. (2003, 2006) (cruzes). (iv) Gal´axia an˜a Sagittarius com dados de Bonifacio et al. (2000) (pent´agonos) e McWilliam et al. (2003a,b) (quadrados), e (v) estrelas de campo do bojo de McWilliam et al. (2003a,b) (triˆangulos). A linha pontilhada na figura corresponde ao comportamento esperado para a vizinhan¸ca solar, equanto que a linha cheia corresponde ao que se espera para o bojo da Gal´axia. Ambas previs˜oes te´oricas foram fornecidas pela Dra. Gabriele Cescutti. . . 90

3.13 [Cu/Fe] versus [Fe/H]. Exceto para Sagittarius, cujas raz˜oes foram obtidas por McWilliam et al. (2005), os s´ımbolos e referˆencias s˜ao como dados na figura 3.12. . . 91

3.14 [Zn/Fe] em fun¸c˜ao da metalicidade [Fe/H]. S´ımbolos e referˆencias s˜ao como dados na figura 3.12. . . 93

viii

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47 Tucanae e NGC 6528 (c´ırculos fechados) comparadas ao padr˜ao de abundˆancias qu´ımicas das estrelas de campo do bojo (c´ırculos abertos) de Lecureur et al. (2007) e estrelas de campo do disco espesso (cruzes) de Reddy et al. (2006) com base em linhas de alto potencial de excita¸c˜ao OI em 7771 ˚A. As raz˜oes [Mg/Fe], [Na/Fe] e [Al/Fe] s˜ao apresentadas nos pain´eis (b), (c) e (d), respectivamente. . . 100 3.16 Raz˜oes m´edias de [Ba/Fe] (painel a), [Eu/Fe] (painel b) e [Ba/Eu] (painel

c) para NGC 6553, HP-1, NGC 6558, 47 Tucanae e NGC 6528 (c´ırculos fechados) comparadas ao padr˜ao de abundˆancias qu´ımicas das estrelas de campo do disco espesso (cruzes) de Reddy et al. (2006). No painel c a linha cheia marca a raz˜ao [Ba/Eu] = −0.70, onde a contribui¸c˜ao na produ¸c˜ao dos elementos pesados seria apenas pelo processo r. . . 101

4.1 Histograma mostrando a distribui¸c˜ao das velocidades radiais observadas nas 22 estrelas selecionadas de NGC 6553@FLAMES nas 3 redes de difra¸c˜ao: HR11 (linha cheia em azul), HR13 (regi˜ao sombreada, linha pontilhada em verde) e HR15 (linha tracejada em vermelho). . . 107 4.2 Compara¸c˜ao entre os espectros individuais (linha cheia) e o espectro com-

binado (linha pontilhada) de NGC 6553 FLAMES@VLT. As temperaturas efetivas das estrelas individuais crescem na figura do painel (a)-(e) variando de 4350 ≤ Teff ≤ 4900 K. . . 110 4.3 Espectro combinado nas trˆes diferentes redes usadas: (a) HR11, (b) HR13 e

(c) HR15. No painel (d) apresentamos uma por¸c˜ao do espectro combinado da ordem HR13 na regi˜ao [OI] 6300 ˚A. . . 111 4.4 Espectro combinado e normalizado de NGC 6553 na ordem HR13, com

linhas atˆomicas (superior) e moleculares (inferior) identificadas na regi˜ao. O espectro equivale a cerca de 22 horas de observa¸c˜ao no VLT. . . 118 4.5 Determina¸c˜ao dos parˆametros atmosf´ericos espectrosc´opicos usando o Abonj:

(a) [FeI/H] vs χ; (b) [FeI/H] vs Wλ; (c) [FeII/H] vs χ e (d) [FeII/H] vs Wλ. 120 4.6 S´ıntese espectral do magn´esio. (a): Linha de MgI 5711.080 ˚A. (b): Regi˜ao

sintetizada do tripleto de magn´esio. Os valores e s´ımbolos s˜ao explicados na figura. . . 121

ix

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abundˆancias obtidos s˜ao apresentados na figura. . . 122 4.8 Exemplo da s´ıntese espectral (linha pontilhada) para a linha Ti I 6336

˚A comparada ao espectro combinado (linha cheia). Obtivemos para esta linha uma sobreabundˆancia [Ti/Fe] = +0.38. A linha mais grossa no canto esquerdo inferior da figura marca a presen¸ca de linhas moleculares no espectro.123 4.9 Exemplo de s´ıntese espectral para a linha de BaII 6141.700 ˚A, da qual

obtemos [Ba/Fe] = −0.38. . . 124 4.10 Padr˜ao de abundˆancias de NGC 6553 obtido com espectros individuais

UVES@VLT (triˆangulos) e no espectro combinado com espectros FLAMES@VLT (c´ırculos). . . 126 4.11 [O/Mg] em fun¸c˜ao da metalicidade para NGC 6553 e para aglomerados

globulares pobres e ricos em metais estudados em nosso Grupo de Pesquisa (c´ırculos cheios) e em estrelas de campo do bojo (c´ırculos abertos) de Lecureur et al. (2007). Barras de erro t´ıpicas s˜ao apresentadas na figura. . 128 4.12 [Na/O] em fun¸c˜ao da raz˜ao [Fe/H] para NGC 6553 e para aglomerados

globulares pobres e ricos em metais estudados em nosso Grupo de Pesquisa (c´ırculos cheios) e em estrelas de campo (c´ırculos abertos) de Lecureur et al. (2007). As barras de erro t´ıpicas s˜ao apresentadas na figura. . . 129 4.13 Compara¸c˜ao entre os espectros observados combinados de NGC 6553 (linha

cheia) e para o campo Blanco -6 (linha pontilhada) na regi˜ao 6350-6370 ˚A. 130

5.1 Rea¸c˜oes nucleares envolvidas no ciclo CNO. Figura apresentada em Arnould et al. (1999). . . 133 5.2 Rea¸c˜oes nucleares envolvidas nos ciclos Ne:Na e Mg:Al. Figura apresentada

em Arnould et al. (1999). . . 133 5.3 Distribui¸c˜ao das velocidades radiais heliocˆentricas de M71 obtidas atrav´es

do m´etodo de correla¸c˜ao cruzada de Fourier. . . 136 5.4 Calibra¸c˜oes de temperatura para estrelas gigantes (Alonso et al. 1999, 2001,

c´ırculos e quadrados) e para estrelas an˜as (Alonso et al. 1996, triˆangulos) entre 0 ≤ (B-V)o ≤ 1.5 e [Fe/H] = −0.73. . . 138

x

(18)

ferior: demonstra¸c˜ao de como ´e feito o c´alculo de um ´ındice espectral usando o ´ındice de Hβ para um dos espectros de M71. A banda central (regi˜ao sombreada em verde com linhas horizontais) e os pseudo-cont´ınuos no azul (regi˜ao sombreada em azul com linhas inclinadas) e no vermelho (regi˜ao sombreada em vermelho com linhas inclinadas) s˜ao apresentados. O fluxo m´edio em cada pseudo-cont´ınuo ´e usado para linearmente interpolar o pseudo-cont´ınuo atrav´es da banda central. O ´ındice ´e calculado atrav´es da raz˜ao de fluxos no cont´ınuo (Fc) e na banda central (Find) integrados entre λ1 e λ2. . . 145 5.6 (a): CN1 versus magnitude V e (b) CN1 versus (B-V)0 para a amostra de

M71, destacando o locus CN-forte (c´ırculos cheios) e CN-fraco (c´ırculos abertos). As barras de erro correspondem ao desvio padr˜ao das medidas. . 148 5.7 Diagrama cor-magnitude (V,B-V) de M71 mostrando o grupo CN-forte

(estrelas) e CN-fraco (c´ırculos cheios). As estrelas an˜as e subgigantes apre- sentadas (quadrados cheios) n˜ao permitem qualifica¸c˜ao de grupo com base em suas respectivas intensidades de CN. . . 149 5.8 ´Indice CN1 em fun¸c˜ao da gravidade superficial. V´e-se que, em decorrˆencia

da baixa raz˜ao S/N, as estrelas com V > 15.5 (logg & 2.4) n˜ao apresen- tam uma clara separa¸c˜ao CN-forte:CN-fraco. As barras de erro s˜ao como discutidas no texto. . . 150 5.9 Banda G4300 em fun¸c˜ao da magnitude, onde os grupos CN-forte (c´ırculos

cheios) e CN-fraco (c´ırculos abertos) est˜ao apresentados separadamente. As barras de erro s˜ao como discutidas no texto. . . 151 5.10 Estrelas 390 (linha cheia, CN-forte) e 399 (linha pontilhada, CN-fraco) de

M71 mostrando a regi˜ao das bandas moleculares de CN e CH. . . 152 5.11 Painel superior: ´ındice Mg2 versus CN1. Painel inferior: ´ındice Mg2 versus

Teff. As barras de erro s˜ao como discutidas no texto. . . 153 5.12 ´Indice de Ca4227 como uma fun¸c˜ao da tempertaura efetiva. As barras de

erro s˜ao como discutidas no texto. . . 154 5.13 Painel superior: Ca4227 versus <Fe>, com hFei = (Fe4383 + Fe5270 +

Fe5335 + Fe5406)/4. Painel inferior: Ca4227 versus Mg2. As barras de erro s˜ao como discutidas no texto. . . 155

xi

(19)

5.15 Painel superior: NaD versus CN1. Painel inferior: Al3953 versus CN1. As barras de erro apresentadas nas figuras s˜ao como explicadas ao longo do texto. . . 158 5.16 Painel superior: Al3953 versus NaD. Painel inferior: Mg2 versus Al3953.

As barras de erro apresentadas nas figuras s˜ao como explicadas no texto. . 159 5.17 Espectro observado (linha pontilhada) e espectro sint´etico (linha s´olida)

na regi˜ao das bandas moleculares de CN e CH. Superior: Estrela 390 (CN-forte): (Teff, logg, vt) = (4434 K, 1.54, 1.5 kms−1) com c´alculo para [C/Fe]=0.0 e [N/Fe]=+1.0; Inferior: Estrela 399 (CN-fraco): (4419 K, 1.8, 1.5 kms−1) com c´alculo realizado para [C/Fe]=0.0 e [N/Fe]=+0.50. . . 162

xii

(20)

Lista de Tabelas

2.1 Jornal das observa¸c˜oes NGC 6553 UVES@VLT. . . 17 2.2 Jornal das observa¸c˜oes NGC 6553 FLAMES@VLT. . . 20 2.3 Estrelas do programa M71 GMOS@GEMINI: identifica¸c˜ao das estrelas (1,

como dada nas m´ascaras GMOS e em Cudworth (1985)), coordenadas equa- toriais (2)-(3), velocidade radial [km/s] (4), probabilidade P de pertinˆencia (5, como dada em Cudworth (1985) e em comunica¸c˜ao privada de 2006), magnitude V (6), cores (7)-(8). . . 26 2.4 Descri¸c˜ao dos dados M71 GEMINI-GMOS, sob Projeto GN2002B-Q42. . . 31

3.1 Larguras equivalentes medidas e respectivas incertezas: Wλ ± σWλ [m˚A].

Os valores de loggf adotados na coluna (4) s˜ao do NIST (Martin et al. 2002; Fuhr & Wiese 2006)para as linhas de Fe I e de Mel´endez & Barbuy (2008) para as linhas de Fe II. . . 48 3.2 Temperaturas fotom´etricas Teff derivadas usando V −I, V −K e J −K com

base nas rela¸c˜oes de AAM99. Abaixo, (V − I)C0 e (V − I)J0 faz referˆencia

`as cores j´a corrigidas da extin¸c˜ao interestelar nos sistemas fotom´etricos Johnson e Cousins, respectivamente. . . 57 3.3 Parˆametros estelares e atmosf´ericos finais . . . 62 3.4 Lista de linhas atˆomicas usada para a s´ıntese espectral: (1) esp´ecie atˆomica,

(2) comprimento de onda, (3) potencial de excita¸c˜ao, (4) constante de amortecimento C6 e (5) loggf. . . 66 3.5 HFS para linhas de Mn I. . . 69 3.6 HFS para linhas de Cu I. . . 70 3.7 Compara¸c˜ao das Wλ das linhas de FeI usadas neste trabalho em comum

com o trabalho de Barbuy et al. (1999b). . . 73 xiii

(21)

3.9 Raz˜oes de abundˆancia m´edia para Mn, Cu, e Zn para estrelas em NGC

6553, 47 Tuc e NGC 6528. . . 86

3.10 Abundˆancias m´edias obtidas. . . 95

3.11 Erros estimados sobre as abundˆancias variando ∆Teff = ±100 K, ∆log g = ±+0.3 e ∆vt = ±0.2 km s−1. O erro total ´e dado na ´ultima coluna. . . . 97

3.12 Raz˜oes m´edias de abundˆancias nos aglomerados globulares ricos em metais analisados pelo Grupo de Popula¸c˜oes Estelares do IAG/USP. . . 98

4.1 Velocidades radiais observadas em cada rede de difra¸c˜ao com respectivas FWHM [p´ıxel] calculadas. A velocidade radial heliocˆentrica ´e dada na ´ ultima coluna. . . 108

4.2 Parˆametros atmosf´ericos para as 22 estrelas individuais de NGC 6553 . . . 109

4.3 Lista de linhas e larguras equivalentes medidas com respectivas incertezas. 112 5.1 Magnitude, cores e parˆametros atmosf´ericos para as estrelas do programa: identifica¸c˜ao das estrelas (1, como dado em Cudworth (1985)), coordenadas das estrelas J2000 (2)-(3), magnitude V (4), cores das estrelas (5)-(6), mag- nitude bolom´etrica (7), gravidades superficiais [dex] (8) e temperaturas [K] (9). . . 139

5.2 Defini¸c˜ao dos ´ındices . . . 144

5.3 Compila¸c˜ao dos valores de metalicidade para M71 . . . 161

B.1 ´Indices espectrais medidos e respectivas incertezas associadas. . . 176

B.2 ´Indices espectrais medidos e respectivas incertezas associadas. . . 179

B.3 ´Indices espectrais medidos e respectivas incertezas associadas. . . 181

xiv

(22)

Lista de Siglas e Abreviaturas

2MASS Two Micron All Sky Survey

AAM99 Alonso et al. 1999, 2001

AGB Asymptotic Giant Branch

BSS Blue Stragglers

CCD Charge Coupled Device

CDM Cold Dark Matter

CIT California Institute of Technology

DAOSPEC Dunlop Astrophysical Observatory Spectroscopy

DCM Diagrama Cor-Magnitude

DN Data Number

ELS62 Eggen, Lynden-Bell & Sandage (1962)

ELT Extremely Large Telescope

ESO European Southern Observatory

ETL Equil´ıbrio Termodin^amico Local

FITS Flexible Image Transport System

FWHM Full Width at Half Maximum

FLAMES Fibre Large Array Multi Element Spectrograph FORS2 FOcal Reducer and low dispersion Spectrograph

FORTRAN FORmula TRANslation

GLIMPSE Galactic Legacy Infrared Mid-Plane Survey Extraordinaire

GMOS Gemini Multi-Object Spectrograph

xv

(23)

HFS Hyperfine Structure

HST Hubble Space Telescope

HR Hertzsprung-Russell

IMF Initial Mass Function

IRAF Image Reduction Analysis Facility

MACHO Massive Compact Halo Objects

MARCS Model Atmosphere in a Radiative Convective Scheme

MDF Metallicity Distribution Function

MIDAS Munich Image Data Analysis Systems

MFIV M´etodo do Fluxo do Infravermelho

MS Main Sequence

NIST National Institute of Standards & Technology

RGB Red Giant Branch

SDSS Sloan Digital Sky Survey

SFR Star Formation Rate

SNs Supernovas

SSP Simple Stellar Populations

SGB Subgiant Branch

SZ78 Searle & Zinn (1978)

TCS Telesc´opio Carlos S´anchez

UT Universal Time

UVES Ultraviolet Visual Echelle Spectrograph

VALD Vienna Atomic Line Database

VLT Very Large Telescope

WFI Wide-Field Imager

WMAP Wilkinson Microwave Anisotropy Probe

xvi

(24)

Wλ Largura(s) Equivalente(s)

xvii

(25)

Nesta se¸c˜ao algumas das vari´aveis usadas na tese, bem como suas respectivas unidades (`as vezes dadas no Sistema Internacional e outras vezes no sistema CGS), s˜ao listadas. Para mais detalhes recomenda-se ao leitor uma busca na literatura cient´ıfica especializada.

1. Quantidades Cinem´aticas, Espaciais, Temporais, Dinˆamicas e Adimension- ais:

• αJ2000J2000: coordenadas equatoriais [hora,minuto,segundo].

• l,b: coordenadas gal´acticas [grau]. 1grau = 3600” de arco.

• h: altura [m]

• vr: velocidade radial observada [kms−1].

• vhr: velocidade radial helioc^entrica [kms−1].

• z: redshift (z > 0) ou blueshift (z <0).

• c: velocidade da luz. c = 2.99792458 x 105 kms−1.

• (m-M)V: odulo de dist^ancia.

• tql: tempo de queda livre.

• tdin: tempo din^amico.

• Rgal : raio galactoc^entrico [kpc]. 1pc = 3.086 × 1013 km.

• UA: unidade astron^omica. 1UA = 1.496×1011 m.

• X, Y, Z: coordenadas gal´acticas retangulares [kpc].

• c: par^ametro de concentra¸c~ao de um aglomerado globular. xviii

(26)

• R: poder resolutor. R = λ/∆λ.

2. Quantidades Fotom´etricas:

• B,V: magnitudes ´opticas nas bandas B e V.

• J, H, KS: bandas J,H,KS 2MASS no infravermelho.

• (B-V)o: cor intr´ınseca.

• E(B-V)o: extin¸c~ao interestelar.

• BC: corre¸c~ao bolom´etrica.

• MV: magnitude visual da estrela.

• Mbol, : magnitude bolom´etrica do Sol. Mbol, = 4.75.

• Mbol: magnitude bolom´etrica da estrela.

• L : luminosidade do Sol. L = 3.8515 x 1026 Js−1.

• L: luminosidade da estrela.

• Fλ : fluxo de uma estrela.

• Fc : fluxo definido pelo pseudo-cont´ınuo.

3. Quantidades F´ısicas Estelares:

• logg : gravidade superficial g [cms−2] parametrizada [dex].

• logg : gravidade superficial do Sol [dex]. logg = 4.44 dex.

• vt: velocidade de microturbul^encia [kms−1].

• M : massa do Sol [SI,CGS]. 1M = 1.99 × 1030 kg.

• M: massa da estrela [SI,CGS].

• Teff: temperatura efetiva da estrela [K]. xix

(27)

• θ: inverso da temperatura efetiva. θ = 5040/Teff.

• Wλ : largura(s) equivalente(s) [m˚A]. 1˚A = 10−10m.

4. Quantidades Atˆomicas e Moleculares:

• λ: comprimento de onda da radia¸c~ao eletromagn´etica [˚A].

• χ: potencial de excita¸c~ao de uma transi¸c~ao at^omica-molecular [eV].

• loggf: for¸ca de oscilador.

• C6: constante de amortecimento.

• A: massa at^omica.

• Z: n´umero at^omico.

5. Quantidades Estat´ısticas:

• P: probabilidade P de pertin^encia das estrelas individuais de um aglomerado.

• S/N: raz~ao sinal-ru´ıdo dos espectros [pixel−1].

• N: n´umero total de uma certa medida.

• σ: desvio padr~ao das medidas.

• σwλ: incerteza sobre as larguras equivalentes.

xx

(28)

Resumo

Aglomerados globulares ricos em metais desenvolvem papel fundamental como tra¸cadores do hist´orico de forma¸c˜ao estelar e enriquecimento qu´ımico da Gal´axia. Abundˆancias qu´ımicas de elementos chave nestes objetos nos permite inferir sobre as escalas de tempo de forma¸c˜ao do disco espesso e do bojo onde muito deles s˜ao encontrados.

O objetivo do presente trabalho ´e determinar a metalicidade ([Fe/H]) e raz˜oes elementais de abundˆancias (elementos α, Z-´ımpar, pico do ferro, processos s e r) em estrelas indivi- duais de NGC 6553, aglomerado globular rico em metais do bojo da Gal´axia, elementos do pico do ferro (Mn, Cu e Zn) em NGC 6528 e 47 Tucanae, al´em de ´ındices espectrais (CN, CH, Na, Fe, Mg e Al) de 89 estrelas em M71, aglomerado globular considerado referˆencia no estudo de popula¸c˜oes ricas em metais. Nossos resultados trazem v´ınculos observacionais importantes sobre o hist´orico de forma¸c˜ao estelar e enriquecimento qu´ımico no regime de mais alta metalicidade de nossa Gal´axia, al´em de ajudar a entender a origem nucleossint´etica dos v´arios elementos estudados.

Os espectros ´opticos de estrelas gigantes de NGC 6553, NGC 6528 e 47 Tucanae foram obtidos atrav´es dos espectr´ografos UVES e FLAMES do Very Large Telescope. A an´alise destes espectros baseia-se nos modelos MARCS de atmosferas estelares usando um con- junto de parˆametros estelares obtidos por fotometria e por espectroscopia. As abundˆancias qu´ımicas foram obtidas por s´ıntese espectral de linhas individuais. No que tange M71, foram observadas estrelas do Turn-off ao topo do Ramo das Gigantes (0.87 < log g < 4.65) do aglomerado, usando o espectr´ografo multi-objeto GMOS do Observat´orio Gem- ini Norte. Foram obtidas velocidades radiais, cores, temperaturas efetivas, gravidades superficiais e ´ındices espectrais para a amostra.

Obtivemos metalicidade [Fe/H]= −0.20 para NGC 6553, al´em de sobreabundˆancia nos elementos α de Mg e Si ([Mg/Fe]=+0.28, [Si/Fe]=+0.21), abundˆancia solar de Ca e Ti ([Ca/Fe]=+0.05, [Ti/Fe]=−0.01) e sobreabundˆancia moderada para o elemento Eu do processo r, com [Eu/Fe] = +0.10. Os elementos do pico do ferro nas amostras de NGC 6553, NGC 6528 e 47 Tucanae apresentam valores m´edios de −0.44 ≤ [Mn/Fe]

≤ −0.35, −0.10 ≤ [Cu/Fe] ≤ +0.00 e −0.05 ≤ [Zn/Fe] ≤ +0.18. Apresentamos ainda xxi

(29)

anteriores no que concerne a bimodalidade de CN e anticorrela¸c˜ao CN-CH em estrelas de M71. Encontramos uma correla¸c˜ao CN-Na e Al-Na, al´em de uma anticorrela¸c˜ao Mg- Al. Fizemos uma compara¸c˜ao de nossos resultados de abundˆancias com os dispon´ıveis na literatura, n˜ao apenas para estrelas de aglomerados globulares ricos em metais, mas tamb´em para estrelas de campo.

As raz˜oes elementais de abundˆancias em NGC 6553 parecem muito similar `as raz˜oes elementais de NGC 6528. O padr˜ao de abundˆancias qu´ımicas de NGC 6553 fortalece a id´eia de que este aglomerado pertence de fato ao bojo da Gal´axia e pode ainda indicar um hist´orico r´apido de evolu¸c˜ao qu´ımica no bojo da Gal´axia dominado por SNs do Tipo II. No caso de M71, uma combina¸c˜ao do mixing convectivo e polui¸c˜ao primordial por estrelas AGBs ou massivas nos est´agios iniciais do aglomerado s˜ao requisitados para explicar as observa¸c˜oes. Encontramos evidˆencias de que os aglomerados globulares ricos em metais foram formados a partir de um material pr´e-enriquecido em metais.

xxii

(30)

Abstract

Metal-rich globular clusters play an important role as tracers of the history of star forma- tion and chemical enrichment of the Galaxy. Abundances of key elements in these objects allow us to constrain the formation timescale of the Galactic thick disk and bulge, where many of them are found.

The purpose of this study is to determine the metallicity ([Fe/H]) and elemental ratios (α-, odd-Z, iron-peak, s- and r-process elements) in individual stars of the metal-rich bulge globular cluster NGC 6553, the iron peak-elements (Mn, Cu and Zn) in NGC 6528 and 47 Tucanae, as well as CN, CH, Na, Fe, Mg and Al indices in spectra of 89 stars of the template metal-rich globular cluster M71. Our results will draw important information about the star formation and chemical enrichment of our Galaxy in the highest metallicity regime, besides constraining the nucleosynthetic origin of all elements studied.

Optical spectra of giant stars in NGC 6553, NGC 6528 and 47 Tucanae are recorded by using the high-resolution UVES and FLAMES spectrographs on the Very Large Tele- scope. The analysis is based upon one-dimension, MARCS’s local thermal equilibrium (LTE) model atmospheres using a set of photometric and spectroscopic stellar parameters. The chemical abundances are derived by spectral synthesis of individual lines. Concern- ing M71, stars from the Turn-off up to the Red Giant Branch (0.87 < log g < 4.65) observed with the GMOS multi-object spectrograph at the Gemini-North telescope are analyzed. Radial velocities, colours, effective temperatures, gravities and spectral indices are determined for the sample.

A metallicity [Fe/H]= −0.20 dex is derived for NGC 6553, together with α-element en- hancement of Mg and Si ([Mg/Fe]=+0.28, [Si/Fe]=+0.21), solar Ca and Ti ([Ca/Fe]=+0.05, [Ti/Fe]=−0.01), and a mild enhancement of the r-process element Eu with [Eu/Fe] = +0.10. The sample stars of three metal-rich globular clusters (NGC 6553, NGC 6528 and 47 Tucanae) show mean values of −0.44 ≤ [Mn/Fe] ≤ −0.35, −0.10 ≤ [Cu/Fe] ≤ +0.00, and −0.05 ≤ [Zn/Fe] ≤ +0.18. We present a very high S/N and high-resolution com- posite spectrum of NGC 6553 by coadding 22 spectra of red giant stars in this cluster. Previous findings related to the CN bimodality and CN-CH anticorrelation in stars of

xxiii

(31)

not only for stars in metal-rich globular clusters but also for field stars is done.

NGC 6553 appears to be very similar in its element abundance ratios to NGC 6528. The chemical abundance pattern of NGC 6553 supports the idea that this cluster belongs to the Galactic bulge and might indicate a rapid chemical evolution history dominated by Type II Supernovae in the Galactic bulge. A combination of convective mixing and a primordial pollution by AGB or massive stars in the early stages of the globular cluster formation is required to explain the M71 observations. We find evidence that the metal- rich globular clusters were formed from a pre-enrichment material.

xxiv

(32)

Cap´ıtulo 1

Introdu¸c˜ ao Geral

Desde o trabalho cl´assico do astrˆonomo E. Hubble sobre a sistematiza¸c˜ao de 400 nebulosas extragal´acticas (Hubble 1926), tentar entender como as gal´axias se formam tem sido uma das quest˜oes fundamentais da astrof´ısica e, neste s´eculo XXI, da cosmologia observacional. Embora a nossa compreens˜ao geral sobre a forma¸c˜ao das gal´axias no universo tenha ex- perimentado avan¸cos significativos nos ´ultimos anos, devido principalmente `a constru¸c˜ao de grandes telesc´opios (8-10 metros) e ao desenvolvimento de novas t´ecnicas de detec¸c˜ao e an´alise de dados observacionais, n˜ao h´a ainda um modelo ´unico capaz de descrever, em detalhes, como se deu a forma¸c˜ao e evolu¸c˜ao das gal´axias.

Neste sentido, a astrof´ısica contemporˆanea tem procurado interpretar resultados obser- vacionais `a luz da teoria f´ısica para compreender a forma¸c˜ao e as interconex˜oes entre as principais componentes gal´acticas. Para a gal´axia melhor estudada — a nossa pr´opria, a Via L´actea—, seguindo o conceito de popula¸c˜oes estelares de Baade (1944), isso tem sido implementado atrav´es da determina¸c˜ao da idade e das propriedades cinem´aticas, dinˆamicas e qu´ımicas das popula¸c˜oes estelares de suas quatro sub-estruturas: o halo, o bojo e os discos fino e espesso (Majewski 1993; Freeman & Bland-Hawthorn 2002, para uma revis˜ao).

Ao buscar responder algumas das muitas perguntas b´asicas sobre o que determina a taxonomia (tipos), a morfologia, o ambiente e a evolu¸c˜ao das gal´axias, al´em de como se deu a distribui¸c˜ao e a forma¸c˜ao das estrelas e por que as estrelas tendem a concentrar-se em aglomerados, Eggen et al. (1962, ELS62) e Searle & Zinn (1978, SZ78) propuseram os modelos cl´assicos mais discutidos na literatura sobre a forma¸c˜ao da Gal´axia.

No modelo do colapso monol´ıtico de ELS62 a forma¸c˜ao da Gal´axia de deu de forma r´apida e ordenada, com o tempo de colapso da nuvem protogal´actica (M ∼ 108M ) da ordem do

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tempo de queda-livre1. Neste cen´ario, durante o colapso r´apido, as condensa¸c˜oes origina- das e a energia irradiada do g´as quente (processo dissipativo) foram suficientes para gerar os aglomerados globulares e as estrelas pobres em metais do halo da Gal´axia. O modelo de ELS62 foi proposto a partir das observa¸c˜oes de 221 estrelas an˜as de campo do halo. Eles notaram que o aumento do excesso de cor no ultravioleta das estrelas, interpretado como a assinatura para baixas abundˆancias met´alicas, era acompanhado por um aumento na energia, ou seja, na excentricidade da ´orbita destas estrelas e por uma diminui¸c˜ao no momento angular orbital. No cen´ario ELS62, a escala de tempo para transformar o g´as da nuvem em estrelas e o momento angular da nuvem protogal´actica s˜ao os dois parˆametros principais que controlam a morfologia da gal´axia resultante (Lynden-Bell 1967). Segundo ELS62, no regime de alto momento angular, se a escala de tempo de transforma¸c˜ao do g´as em estrelas for superior a escala de tempo dinˆamico (tdin > 108 anos) da nuvem, as gal´axias resultantes ser˜ao preferencialmente tipo disco e processos dissipativos continuar˜ao aquecendo o disco para formar outras gera¸c˜oes de estrelas. Por outro lado, se a forma¸c˜ao da gal´axia for acompanhada por uma baixa taxa de momento angular em escalas de tempo inferiores `a escala de tempo dinˆamico, necessariamente as gal´axias resultantes do processo ser˜ao do tipo esferoidais. Numa interpreta¸c˜ao deste cen´ario, as estrelas de gal´axias early type formam-se muito cedo, a redshift z≥ 2, o que corresponde a uma idade do universo de cerca de 1.3 bilh˜oes de anos, sendo que as estruturas mais massivas formam-se primeiro. Do ponto de vista das abundˆancias qu´ımicas, espera-se no cen´ario ELS62 que os sistemas estelares de uma gal´axia apresentem, por exemplo, excesso de elementos α e um gradiente de abundˆancias.

Todavia, ao analisarem uma amostra de 177 gigantes vermelhas de 19 aglomerados glo- bulares do halo da Via-L´actea, Searle & Zinn (1978) conclu´ıram n˜ao existir quaisquer gradientes de abundˆancias no halo da Gal´axia, o que era inconsistente com o cen´ario do colapso r´apido e ordenado de ELS62. SZ78 relataram ainda a existˆencia de uma dis- crepˆancia idade-metalicidade nos aglomerados globulares. Desta forma, como alternativa, SZ78 sugeriram que a forma¸c˜ao do halo deu-se por fragmenta¸c˜ao da nuvem protogal´actica, onde cada fragmento individualmente poderia dar origem a outros objetos num tempo superior `aquele do modelo de ELS62. A inexistˆencia de gradientes qu´ımicos mais as dis- crepˆancias na rela¸c˜ao idade-metalicidade nos objetos estudados explicariam a forma¸c˜ao da Gal´axia num processo lento e ca´otico pelo acr´escimo hier´arquico destes fragmentos da nuvem primordial.

1Fisicamente, o tempo de queda-livre (tql ∼ 108 anos) est´a associado ao intervalo de tempo necess´ario para que aconte¸ca o colapso de um sistema sem a contribui¸c~ao da press~ao de radia¸c~ao, sendo inversamente proporcional `a raiz quadrada do n´umero de part´ıculas que comp~oem o sistema f´ısico.

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Do ponto de vista observacional o modelo SZ78 ganhou ´ımpeto com a descoberta da gal´axia an˜a esferoidal Sagittarius no centro da nossa Gal´axia (Ibata et al. 1994). Dentro das id´eias apresentadas por SZ78, a intera¸c˜ao (merging) observada entre a Via-L´actea e a gal´axia an˜a Sagittarius, bem como seu pr´oprio sistema de aglomerados globulares — Terzan 7, Terzan 8, Arp 2 e M54—, ´e um ind´ıcio de que a gal´axia an˜a Sagittarius pode ter sido formada a partir de um dos fragmentos da nuvem primordial que deu origem `a Gal´axia.

No final do s´eculo XX, devido principalmente ao surgimento dos primeiros modelos de forma¸c˜ao de estruturas no universo com a inclus˜ao da mat´eria escura fria (CDM, Cold Dark Matter) e da observa¸c˜ao de gal´axias em altos redshifts, os cen´arios cl´assicos de forma¸c˜ao de gal´axias passaram a ser desafiados. Muitas das propriedades gal´acticas des- critas com os novos modelos semi-anal´ıticos (por exemplo, White & Rees 1978; White & Frenk 1991; Kauffmann et al. 1993) bem como observadas nos grandes surveys de gal´axias (por exemplo, The Hubble Deep Field) n˜ao podem mais ser explicadas apenas no contexto dos modelos cl´assicos.

Sendo assim, no cen´ario hier´arquico as gal´axias early-type s˜ao formadas a partir de eventos de fus˜ao (mergings) ou acres¸c˜ao de pequenas estruturas numa escala de tempo da ordem da idade do universo. Neste cen´ario as primeiras estruturas a se formar s˜ao os halos de baixa massa, constitu´ıdos basicamente de mat´eria escura dinamicamente fria — tipo de mat´eria que n˜ao absorve nem emite radia¸c˜ao e que ´e constitu´ıda por part´ıculas n˜ao-relativ´ısticas (v << c)—, e de b´arions (pr´otons e nˆeutrons). Neste cen´ario, a morfologia da gal´axia resultante ser´a ent˜ao determinada pelo nu ´mero de eventos de fus˜ao/acres¸c˜ao ocorrendo nos halos de mat´eria escura: um ou mais eventos de fus˜ao de halos de mat´eria escura resultar˜ao na forma¸c˜ao de gal´axias esferoidais em seu centro; os halos mais massivos de mat´eria escura ir˜ao gerar as gal´axias el´ıpticas gigantes, enquanto que as gal´axias tipo disco ser˜ao formadas a partir de processos mais lentos de fus˜ao onde o g´as da intera¸c˜ao ter´a tempo de se resfriar e se condensar no disco. As observa¸c˜oes atuais da fus˜ao da gal´axia Antennae (Whitmore & Schweizer 1995) e da acres¸c˜ao da gal´axia an˜a esferoidal Sagittarius pela Via-L´actea (Ibata et al. 1994) s˜ao evidˆencias observacionais em favor do cen´ario hier´arquico de forma¸c˜ao das gal´axias. No entanto, embora constitua o paradigma atual mais aceito para explicar a forma¸c˜ao das gal´axias, o modelo hier´arquico ainda enfrenta problemas em explicar o alto n´umero de gal´axias sat´elites previstas para as gal´axias tipo disco, a observa¸c˜ao de um grande n´umero de gal´axias massivas em redshifts 1 ≤ z ≤ 3, bem como a alta taxa de momento angular prevista para as gal´axias espirais e, do ponto de vista qu´ımico, a baixa raz˜ao [α/Fe] prevista para gal´axias el´ıpticas massivas.

Simula¸c˜oes num´ericas (por exemplo, Moore et al. 1999) auxiliadas pelos resultados re-

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centes da cosmologia, sugerem que a forma¸c˜ao da Gal´axia se d´a de forma hier´arquica a partir da intera¸c˜ao de pequenas estruturas cuja contrapartida observacional seriam as gal´axias an˜as. Em outras palavras, as gal´axias an˜as funcionam como os tijolos funda- mentais de forma¸c˜ao das gal´axias no Universo. Desde que os aglomerados globulares da nossa Gal´axia est˜ao entre os objetos mais velhos do universo, estudar a conex˜ao entre as gal´axias an˜as e aglomerados globulares ser´a certamente um dos campos mais excitantes da Astrof´ısica das pr´oximas d´ecadas.

1.1 O sistema de aglomerados globulares da Gal´ axia

Dentro do conceito de popula¸c˜oes estelares de Baade (1944), os aglomerados globulares s˜ao representativos da popula¸c˜ao II onde as estrelas gigantes vermelhas dominam a luz integrada do espectro. Eles s˜ao caracterizados por estrelas da sequˆencia principal (MS, Main Sequence), pelas estrelas do ramo das subgigantes (SGB, Subgiant Branch), pelo ramo horizontal (HB, Horizontal Branch), pelas estrelas do ramo das gigantes vermelhas (RGB, Red Giant Branch) e do ramo assint´otico das gigantes (AGB, Asymptotic Giant Branch) e pelas blue stragglers (BSS). Estas caracter´ısticas morfol´ogicas correspondem a c´alculos de evolu¸c˜ao estelar para idades acima de ∼ 8 bilh˜oes de anos (por exemplo, Chiosi et al. 1992) e identificam os aglomerados globulares como as estruturas mais velhas do universo e, consequentemente, fundamentais do ponto de vista qu´ımico e cosmol´ogico. O conjunto de aglomerados globulares de uma gal´axia constitui um sistema de N corpos com cerca de 104 a 107 estrelas fortemente ligadas gravitacionalmente e com massa M ∼ 105M . Embora represente uma fra¸c˜ao desprez´ıvel da massa de uma gal´axia, os aglome- rados globulares s˜ao objetos ideais para estudar a hist´oria de forma¸c˜ao e evolu¸c˜ao estelar. Isso se deve basicamente ao fato de que os aglomerados globulares s˜ao o melhor exemplo do que se denomina em astrof´ısica popula¸c˜ao estelar simples (SSP, Simple Stellar Popu- lations), ou seja, todas as suas estrelas, em primeira aproxima¸c˜ao, apresentam a mesma idade, mesma composi¸c˜ao qu´ımica e est˜ao localizadas `a mesma distˆancia do referencial do observador. O estudo dos aglomerados globulares constitui-se, assim, como uma das mais poderosas ferramentas para tra¸car as propriedades qu´ımio-dinˆamicas das gal´axias que os hospedam. Vale ainda lembrar que os aglomerados globulares podem ser encontrados em todas as gal´axias do tipo de Hubble, desde as irregulares at´e as an˜as e el´ıpticas gigantes (Harris 1991; Brodie & Strader 2006).

Evidˆencias observacionais e te´oricas (ver Krauss & Chaboyer 2003, para uma revis˜ao extensa da literatura) demonstram que os aglomerados globulares da Gal´axia possuem uma idade m´edia de 13 ± 2.5 bilh˜oes de anos, quando resultados do WMAP (Wilkinson

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Microwave Anisotropy Probe) fixam uma idade de 13.7 ± 0.2 bilh˜oes de anos para o universo (Spergel et al. 2003). Este acordo na idade dos aglomerados quando comparada aos resultados WMAP destaca a importˆancia cosmol´ogica dos aglomerados globulares. Como os aglomerados globulares da Gal´axia est˜ao distribu´ıdos num raio galactocˆentrico de 0.6 < Rgal < 123.2 kpc, os estudos concernentes `as an´alises qu´ımicas est˜ao principal- mente focados nas estrelas mais brilhantes, ou seja, nas estrelas do RGB do diagrama Hertzprung-Russell (HR) ou diagrama cor-magnitude (DCM) destes objetos. Estas es- trelas s˜ao tipicamente de baixa massa (M ≤ 1M ), frias e na fase evolutiva da sequˆencia principal elas apresentam um n´ucleo radiativo onde acontece a fus˜ao do hidrogˆenio em h´elio atrav´es das rea¸c˜oes da cadeia p − p e pelo ciclo carbono-nitrogˆenio-oxigˆenio (CNO) (ver Salaris et al. 2002, e referˆencias listadas, para uma discuss˜ao detalhada sobre estrelas no RGB).

Estimativas prevˆeem a existˆencia de aproximadamente 200 aglomerados globulares para a nossa Gal´axia, mas apenas 160 foram observados at´e o momento. Na compila¸c˜ao de Harris (1996) e posterior atualiza¸c˜ao2 h´a 150 aglomerados catalogados. Hurt et al. (2000) identificaram 2MASS-GC01 e 2MASS-GC02 como mais dois novos aglomerados globula- res da Gal´axia. Bica et al. (2006) fizeram uma revis˜ao das propriedades dos aglomera- dos globulares listados em Harris (1996) e incluiram 3 outros recentemente descobertos: GLIMPSE-CO1 (Kobulnicky et al. 2005), Whiting 1 (Carraro 2005) e SDSSJ1049+5103 (Willman et al. 2005). Sakamoto & Hasegawa (2006) descobriram o aglomerado globu- lar SDSSJ1257+3419, enquanto que Ortolani et al. (2006) descobriram AL3, classificado como um aglomerado globular do bojo da Gal´axia. Froebrich et al. (2007) descobriram FSR 1735 na regi˜ao mais interna da Gal´axia, Bica et al. (2007) identificaram o objeto FSR 584 no cat´alogo de Froebrich et al. (2007) como sendo o 159oaglomerado globular da Gal´axia, enquanto que Bonatto et al. (2007) identificaram o aglomerado FSR 1767 como sendo o 160o aglomerado globular da Gal´axia. Apenas para compara¸c˜ao, a gal´axia mais pr´oxima `a nossa — M31 (Andrˆomeda)—, apresenta cerca de 300 aglomerados globula- res enquanto que gal´axias el´ıpticas gigantes podem conter at´e milhares de aglomerados (Brodie & Strader 2006). Presume-se que muitos dos aglomerados da Gal´axia ainda n˜ao catalogados estejam misturados `a poeira nas regi˜oes de baixa latitute da Gal´axia, na denominada zona de avoidance (Kraan-Korteweg & Lahav 2000).

2http://physun.physics.mcmaster.ca/Globular.html

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1.1.1 Sobre a origem dos aglomerados globulares

Como os aglomerados globulares caracterizam-se como as estruturas mais velhas do uni- verso, investigar as suas propriedades globais, origem e evolu¸c˜ao ´e uma quest˜ao funda- mental no estabelecimento de v´ınculos observacionais e te´oricos aos modelos de forma¸c˜ao de gal´axias.

As id´eias gerais acerca da gˆenese dos aglomerados globulares contemplam quatro linhas principais:

(i) Processos de forma¸c˜ao prim´aria: nestas id´eias os aglomerados globulares formam- se imediatamente ap´os a recombina¸c˜ao do universo, antes do colapso da nuvem proto- gal´actica. Peebles & Dicke (1968) argumentam que os aglomerados originam-se a partir de nuvens de g´as gravitacionalmente ligadas, cujas massas correspondem `a massa de Jeans, antes da forma¸c˜ao da Gal´axia. Todavia, h´a alguns problemas pr´aticos nos modelos que se baseiam na forma¸c˜ao dos aglomerados globulares anterior ao colapso de protogal´axias. Primeiro, n˜ao h´a em gal´axias muitos objetos com massas acima de M ≈ 106 M , o que evidencia que os objetos mais massivos ou menos densos foram destru´ıdos por fenˆomenos dinˆamicos. Segundo, os aglomerados tendem a concentrar-se mais no centro das gal´axias em detrimento dos halos.

(ii)Processos de forma¸c˜ao secund´aria ou de acres¸c˜ao: os aglomerados globulares formam- se durante o colapso da nuvem protogal´actica. Searle & Zinn (1978) e Zinn (1985) desta- cam que esta seria a explica¸c˜ao mais plaus´ıvel para o sistema de aglomerados globulares devido a algumas das propriedades em comum observadas entre as estrelas individuais e aglomerados globulares de componentes esferoidais de gal´axias. Fall & Rees (1985) discutem um modelo que se baseia na instabilidade t´ermica. Eles argumentam que os aglomerados formam-se a partir do g´as de uma nuvem protogal´actica em colapso sendo capaz de resfriar no tempo de queda-livre. Harris & Pudritz (1994) acentuam que o modelo da masssa de Jeans n˜ao prevˆe uma fun¸c˜ao de massa em lei de potˆencia e que o modelo de instabilidade t´ermica exige fontes sutis de calor. Eles prop˜oem um cen´ario onde os aglomerados seriam produzidos na fragmenta¸c˜ao de nuvens moleculares gigantes e altamente densas.

(iii) Processos de forma¸c˜ao terci´aria ou fus˜ao: os aglomerados globulares formam-se ap´os o colapso da nuvem protogal´actica ainda nos primeiros est´agios de forma¸c˜ao da gal´axia. Dentro desta id´eia destaca-se o trabalho de Ashman & Zepf (1992), que prevˆe a forma¸c˜ao dos aglomerados a partir do merging de gal´axias tipo disco.

(iv) Processos de forma¸c˜ao hier´arquica: os aglomerados globulares formam-se no con- texto da forma¸c˜ao hier´arquica de estruturas no universo. Eles representam a material-

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iza¸c˜ao dos cen´arios de fus˜ao e acres¸c˜ao para a forma¸c˜ao dos aglomerados (por exemplo, em Beasley et al. 2002; Bekki 2005).

No caso do sistema de aglomerados globulares da Gal´axia, as determina¸c˜oes de idade, al´em de evidˆencias cinem´aticas, dinˆamicas e qu´ımicas parecem evienciar que os aglomerados globulares do halo externo (Rgal > 8 kpc) seriam formados durante a fragmenta¸c˜ao da nuvem protogal´actica (Searle & Zinn 1978), enquanto que os aglomerados globulares do halo interno (Rgal ≤ 8 kpc) e do bojo estariam associados ao processos f´ısicos durante o colapso dissipativo da nuvem primordial (Eggen et al. 1962; Mackey & van den Bergh 2005).

1.1.2 Abundˆ ancias qu´ımicas

Em 1957, F. Hoyle, E. Margaret, G. Burbidge, W. Fowler e, num estudo paralelo e in- dependente, A.G. Cameron, mostraram que praticamente todos os elementos qu´ımicos da Tabela Peri´odica acima do 4He podem ser produzidos em estrelas (Burbidge et al. 1957; Cameron 1957). Mais de meio s´eculo depois, devido principalmente aos eficientes espectr´ografos da atualidade, como por exemplo o UVES (Ultraviolet Visual Echelle Spec- trograph) e FLAMES (Fibre Large Array Multi Element Spectrograph) no Very Large Telescope (VLT), MIKE no MAGELLAN, HIRES no KECK e PHOENIX no GEMINI e, no campo te´orico, aos progressos na teoria de evolu¸c˜ao estelar em diferentes interva- los de massa e metalicidade (ver, por exemplo, Woosley & Weaver 1995; van den Hoek

& Groenewegen 1997; Iwamoto et al. 1999; Umeda & Nomoto 2002), tornou-se poss´ıvel obter, analisar e interpretar espectros de estrelas de aglomerados globulares usando dados de alta resolu¸c˜ao e alta raz˜ao sinal-ru´ıdo (S/N) com o intuito de tra¸car o hist´orico da evolu¸c˜ao qu´ımica da Gal´axia.

Do ponto de vista qu´ımico os aglomerados globulares s˜ao considerados laborat´orios as- trof´ısicos para testar e calibrar a teoria de evolu¸c˜ao estelar e tamb´em para intepretar a trajet´oria qu´ımica e dinˆamica de gal´axias a diferentes redshifts (por exemplo, Searle

& Zinn 1978; Harris 1991) e, neste sentido, os aglomerados globulares ricos em metais desenvolvem papel fundamental, pois s˜ao considerados tra¸cadores de popula¸c˜oes do halo interno, bojo e do disco espesso da Gal´axia.

Algumas das quest˜oes b´asicas que envolvem os estudos de abundˆancias qu´ımicas no sis- tema de aglomerados globulares da Gal´axia s˜ao resumidas a seguir.

(i)As escalas de metalicidade [Fe/H] de aglomerados globulares da Gal´axia estabelecem que estes objetos s˜ao cerca de duas vezes mais ricos em metais do que as estrelas mais pobres em metais do halo, ou seja, os aglomerados da Gal´axia distribuem-se de −2.40 ≤

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[Fe/H] ≤ 0.00 (Zinn & West 1984; Rutledge et al. 1997; Kraft & Ivans 2003).

(ii)Exceto para ω Centauri e NGC 6522 o sistema de aglomerados globulares da Gal´axia

´e quimicamente homogˆeneo em metalicidade [Fe/H].

(iii) Abundˆancias qu´ımicas de Li e Be, elementos tamb´em importantes do ponto de vista cosmol´ogico, tˆem sido usadas como cronˆometros qu´ımicos com o intuito de inferir sobre a ´epoca de forma¸c˜ao de aglomerados globulares (por exemplo, Castilho et al. 2000; Pasquini et al. 2007).

(iv)Em geral, as estrelas de aglomerados globulares apresentam raz˜oes [α/Fe] similar `as estrelas de campo do halo e do bojo.

(v) Elementos do pico do ferro, sobretudo nos aglomerados globulares ricos em metais, ainda n˜ao foram estudados em detalhes.

(vi) Varia¸c˜oes de abundˆancias de elementos leves como Li, C, N, O, Na, Mg e Al s˜ao encontradas em aglomerados. Estrelas an˜as e gigantes de aglomerados com temperaturas efetivas e gravidades superficiais similares apresentam diferentes abundˆancias de carbono e nitrogˆenio, enquanto que as bandas moleculares de CN e CH s˜ao anti-correlacionadas. As estrelas de campo, por sua vez, n˜ao apresentam comportamento similar e n˜ao h´a um cen´ario ´uncio capaz de explicar as anomalias qu´ımicas (correla¸c˜oes e anticorrela¸c˜oes) observadas em estrelas an˜as e gigantes de aglomerados globulares (Kraft 1994; Smith 1987; Gratton et al. 2004).

(vii) H´a poucas determina¸c˜oes de abundˆancias de elementos dos processos s e r em estrelas de aglomerados globulares, sobretudo no regime de mais alta metalicidade. Consequentemente, n˜ao h´a ainda modelos de evolu¸c˜ao qu´ımica detalhados que busquem reproduzir o padr˜ao de abundˆancias qu´ımicas do sistema de aglomerados globulares da Gal´axia.

1.1.3 Aglomerados globulares ricos em metais da Gal´ axia: halo

interno, bojo ou disco espesso?

Por representar a convolu¸c˜ao entre uma poss´ıvel rela¸c˜ao idade-metalicidade e a hist´oria de forma¸c˜ao estelar de um dado sistema, a fun¸c˜ao distribui¸c˜ao de metalicidade (MDF, Metal- licity Distribution Function) ´e considerada um dos mais fortes v´ınculos observacionais aos modelos de evolu¸c˜ao qu´ımica de gal´axias. Para os aglomerados globulares da Gal´axia a figura 2.1 mostra que a distribui¸c˜ao de metalicidades ´e bimodal. Esta bimodalidade na raz˜ao [Fe/H] ´e tamb´em acompanhada por uma bimodalidade nas cores destes objetos, no

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sentido de que os aglomerados globulares ricos em metais s˜ao fotometricamente vermelhos enquanto que os pobres em metais s˜ao azuis. A primeira interpreta¸c˜ao para uma dis- tribui¸c˜ao bimodal em metalicidade e cor seria a premissa de que no m´ınimo dois epis´odios distintos de forma¸c˜ao seriam os respons´aveis pela origem destas estruturas. Al´em disso, trabalhos recentes tˆem mostrado que mesmo em aglomerados globulares extragal´acticos a distribui¸c˜ao de metalicidade e de cores ´e bimodal, o que sugere um mecanismo universal para explicar tais comportamentos (Brodie & Strader 2006).

Para a nossa Gal´axia e, consequentemente, gal´axias similares, Zinn (1985) propˆos que os aglomerados globulares com picos em [Fe/H] = −1.5 estariam quimicamente e cinemati- camente associados ao halo, enquanto que aqueles com [Fe/H] = −0.5 estariam qu´ımica e cinematicamente associados ao disco. Em outras palavras, os aglomerados globulares ver- melhos apresentariam alta velocidade rotacional e pequena dispers˜ao de velocidades, en- quanto que os aglomerados globulares azuis exibiriam uma pequena velocidade de rota¸c˜ao e alta dispers˜ao de velocidades. Por outro lado, Minniti (1995) seguido dos trabalhos par- alelos de Cˆot´e (1999) e Barbuy et al. (1999a), chamam a aten¸c˜ao para o fato de que os aglomerados globulares ricos em metais estejam preferencialmente associados ao bojo da Gal´axia.

Desta forma, em conjunto a m´etodos cinem´aticos (usando velocidades radiais, por ex- emplo) e dinˆamicos (atrav´es das massas), a determina¸c˜ao das abundˆancias qu´ımicas em estrelas an˜as e gigantes de campo e em aglomerados globulares da Gal´axia, sobretudo no regime de mais alta metalicidade, configura-se como um dos melhores m´etodos para decidir sobre a qual estrutura da Gal´axia pertenceriam os aglomerados globulares e, par- ticularmente, os ricos em metais.

1.2 Escopo da tese

Os resultados de an´alises qu´ımicas detalhadas com base em dados de alta resolu¸c˜ao e alta raz˜ao sinal-ru´ıdo (R ≥ 20000 : S/N > 50), bem como a medida e a an´alise de ´ındices espectrais em dados de baixa resolu¸c˜ao (R ≤ 8000) tanto em estrelas pertencentes a aglomerados globulares quanto estrelas de campo, permitem uma interpreta¸c˜ao realista dos processos nucleossint´eticos ocorridos ap´os o cen´ario padr˜ao do Big Bang (Gamow 1948) e fornecem ainda informa¸c˜oes relevantes sobre quais processos contribu´ıram para a forma¸c˜ao dos aglomerados globulares e da gal´axia hospedeira, ao que Freeman & Bland- Hawthorn (2002) referem-se como cosmologia de campo pr´oximo.

No ´optico, uma vez superados problemas de alta extin¸c˜ao e problemas de ac´umulo de

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estrelas numa certa regi˜ao (crowding), o bojo da nossa Gal´axia, o qual compreende uma regi˜ao em latitude gal´actica de cerca de 0 .|b| . 20, ´e uma das regi˜oes mais importantes e interessantes para o estudo da forma¸c˜ao e evolu¸c˜ao de gal´axias no Universo.

Sendo assim, o principal objetivo deste trabalho ´e aprimorar o padr˜ao de abundˆancias qu´ımicas para o bojo e para o halo interno da Gal´axia usando espectros estelares de alta qualidade de NGC 6553 e NGC 6838 (M71), dois aglomerados globulares ricos em metais tra¸cadores da evolu¸c˜ao qu´ımica da Gal´axia. Estes aglomerados s˜ao referˆencia e calibradores no estudo de popula¸c˜oes estelares velhas e ricas e desenvolvem papel funda- mental na interpreta¸c˜ao e na s´ıntese de gal´axias el´ıpticas distantes e bojos de gal´axias espirais. As novas escalas de abundˆancia para NGC 6553, bem como os resultados em torno das anomalias qu´ımicas de M71 s˜ao v´ınculos observacionais importantes para o estabelecimento de modelos de evolu¸c˜ao qu´ımica das subcomponentes da Gal´axia, dos processos f´ısicos respons´aveis pela forma¸c˜ao do seu sistema de aglomerados globulares e da forma¸c˜ao dos elementos qu´ımicos individuais estudados.

Para tanto, contamos com trˆes diferentes amostras de dados:

• 4 espectros de estrelas gigantes de alta resolu¸c˜ao e alta raz˜ao S/N de NGC 6553 obtidos com o espectr´ografo UVES do VLT (R = 55000, NGC 6553 UVES@VLT). S˜ao os melhores dados de estrelas individuais dispon´ıveis para este aglomerado na atualidade.

• 22 espectros de estrelas gigantes de NGC 6553 obtidos com o espectr´ografo FLAMES do VLT (R= 22000, NGC 6553 FLAMES@VLT).

• 145 estrelas, entre an˜as e gigantes, obtidas com o espectr´ografo GMOS do Obser- vat´orio Gemini-Norte (R = 2000, M71 GMOS@GEMINI).

No cap´ıtulo 2 caracterizamos cada amostra e explicamos em detalhes o processo de redu¸c˜ao dos dados da amostra M71 GMOS@GEMINI.

No cap´ıtulo 3 apresentamos para NGC 6553 a mais nova escala de metalicidade [Fe/H]3 e raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas de elementos α (Mg, Ca, Si, Ti), elementos origin´arios de processos ligados `a captura de pr´otons (Na, Al), elementos do pico do ferro (Mn, Cu, Zn)

3Numa escala absoluta a abundˆancia de um elemento A est´a relacionada `a abundˆancia de hidrogˆenio por (A) = log(NA/NH) + 12. Isso implica que dentro de um mesmo elemento de volume podem ser encontrados NA ´atomos do elemento A por NH = 1012 ´atomos de hidrogˆenio. Desta forma, numa escala relativa ao Sol ( ), [A/B] = log(NA/NB) − log(NA/NB) . Analogamente, [Fe/H] = log(NF e/NH)

log(NF e/NH) . Isso quer dizer que uma estrela com [Fe/H] = −5 ser´a 100000 vezes mais deficiente em metais do que o Sol.

Referências

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