Acesso a Medicamentos no Brasil
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O artigo abaixo foi escrito e publicado como encarte nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia e no Guia da Farmácia, em Abril de 2010, considerando a atualidade do tema, o repetimos nesta seção do website.
ADESÃO A TRATAMENTOS, FÁRMACO-ECONOMIA E ACESSO A MEDICAMENTOS – ABORDAGENS INOVADORAS E MUDANÇAS NO MERCADO BRASILEIRO DE MEDICAMENTOS NOS ÚLTIMOS 11 ANOS.
Sumário Executivo
A não adesão a tratamentos é um dos principais problemas no mundo atualmente, como visto em capítulos anteriores, e nos Estados Unidos, o impacto econômico deste problema chega a US$ 100 bilhões por ano, apenas em hospitalizações decorrentes da não adesão correta a tratamentos. A isto se soma o impacto na qualidade de vida, estimando-se que uma grande quantidade de mortes poderiam ser evitadas pela correta adesão ao tratamento da hipertensão arterial, apenas para mencionar uma patologia. O assunto tem sido exaustivamente estudado e inúmeras pesquisas tem sido realizadas, com conclusões importantes sobre medidas que podem ser adotadas para melhorar a adesão a tratamentos de doenças, em especial as crônicas, com soluções que passam pela necessidade básica do acesso econômico, mas que vão além, como a discussão da integração das informações dos pacientes, o rastreamento do seguimento dos tratamentos pelos pacientes e até mesmo o estímulo financeiro ao cumprimento correto do tratamento. Nesta busca pelo acesso e pela adesão, o Brasil teve como marco legal e histórico importante a promulgação da Lei 9787/99, a chamada Lei dos Genéricos, que completa 11 anos de existência este ano. A partir desta lei, houve o estímulo à entrada no mercado de medicamentos mais baratos, genéricos e similares, que hoje representam grande parcela do consumo de medicamentos no Brasil. Apesar da grande oferta e variedade de produtos disponíveis, pesquisas recentes demonstram que a população segue depositando sua confiança na prescrição médica e que esta prescrição é respeitada na farmácia. Isto faz aumentar ainda mais a contribuição dos profissionais de saúde, em especial o médico e o farmacêutico, para o maior acesso e a maior adesão a tratamentos medicamentosos, e seu consequente impacto nos custos de saúde e na qualidade de vida da população.
1. Introdução
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revisão das mudanças no mercado de medicamentos após a formalização dos genéricos no Brasil nos últimos 11 anos, e da percepção atual do mercado por parte dos principais personagens desta conjuntura: médicos, farmacêuticos e pacientes.
2. Acesso a Medicamentos e Adesão a Tratamentos – Algumas Abordagens “Fora da Caixa”
ganhando espaço: pagar dinheiro às pessoas para tomarem seus remédios” (1). O artigo informa que um programa de saúde no estado da Filadélfia, as pessoas para as quais foi receitado um anticoagulante sanguíneo ganham US$ 10 ou US$ 100 por dia em que tomam o remédio, por meio de um tipo de loteria. Uma caixa de comprimidos computadorizada registra se elas tomaram a droga e se ganharam o prêmio (1). Mas o artigo também ressalta as controversas geradas: para muitos médicos e especialistas, os pagamentos podem prejudicar a relação médico-paciente. "Por que se deveria pagar pessoas que se recusam a tomar medicamentos, enquanto não se premia quem toma?", indaga o professor de psiquiatria George Szmukler, do King's College Londres. Para outros especialistas, o efeito psicológico é mais importante que o valor financeiro (1). Enfim, são abordagens e iniciativas de diferentes escopos sempre num mesmo sentido – melhorar o acesso e incentivar a adesão.
3. 11 Anos da Lei 9787/99 e Mudanças de Cenário de Acesso Farmacêutico no Período.
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dúvidas a respeito da qualidade do medicamento. Estas conclusões foram resultado dos seguintes números: 95,4% dos balconistas ouvidos confiam nos genéricos, mas somente 48,9% têm o hábito de oferecer o medicamento aos clientes com frequência; o próprio consumidor não tem o hábito de perguntar sobre a disponibilidade do genérico - apenas 37,2% solicitam; no que se refere ao receituário médico, em sua maioria consta apenas o nome do medicamento de marca e não do princípio ativo (77%). Ainda segundo a pesquisa, apenas uma pequena parcela dos profissionais médicos entrevistados afirma receitar o princípio ativo com frequência (6). A segunda pesquisa, mais recente, realizada pelo Datafolha para o CREMESP (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), quatro em cada cinco médicos recebem visita de fabricantes; desses, 48% indicam remédios sugeridos pela indústria. Genéricos ou simulares fica evidente a grande influência dos profissionais de saúde na redução do custo do medicamento para o paciente, quer seja pela grande confiança que o paciente deposita na prescrição médica, quer seja no cuidado que a farmácia tem em oferecer o genérico ao paciente (traduzido pela diferença de percentual entre o conhecimento do genérico e a sua oferta), demandando que ambos, farmacêuticos e médicos, conheçam cada vez mais os custos da medicação que está sendo prescrita e aviada, e sua adequação à condição econômica do paciente. Isto, conforme visto anteriormente, é um dos pontos importantes na correta adesão aos tratamentos prescritos.
4. Conclusões
Como temos sempre enfatizado, dentre as diversas interpretações possíveis às análises acima, alguns pontos merecem ser ressaltados para reflexão e maior aprofundamento em análises futuras:
• A correta adesão a tratamentos farmacológicos tem impacto importante comprovado tanto na qualidade de vida quanto nos custos com saúde da população em diferentes partes do mundo. • A questão financeira é um dos pontos principais nas discussões sobre a melhor adesão a tratamentos medicamentosos, assumindo uma importância tal que já se discute, não apenas a redução dos custos de medicamentos e tratamentos, mas inclusive o estímulo financeiro para o paciente que apresenta uma melhor adesão.
• A integração de informações sobre os pacientes e seus tratamentos pelos diferentes serviços de saúde envolvidos em seu tratamento, e a melhor gestão desta informação, será no futuro, outra importante arma para otimização de recursos e redução de custos de tratamento, com consequência positiva nas taxas de adesão.
• No Brasil, a partir da Lei 9787/99, a chamada lei dos genéricos, houve intensa movimentação de mercado acarretando em crescente numero de medicamentos genéricos e similares, com crescente competitividade econômica, gerando benefícios ao paciente pela redução de preços de medicamentos ocasionada pelo aumento da oferta.
Referências e Fontes:
1. Pam Belluck, jornalista do The New York Times – “Nos EUA, pessoas são pagas para tomar seus remédios” – Folha de São Paulo, 16/06/2010 – acessado em: 30/06/2010 – link:
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/751823-nos-eua-pessoas-sao-pagas-para-tomar-seus-remedios.shtml 2. New England Healthcare Institute - A NEHI Research Brief – Thinking Outside the Pillbox: A System-wide Approach to Improving Patient Medication Adherence for Chronic Disease – August 2009 – acessado em: 30/06/2010 – link:
http://www.nehi.net/publications/44/thinking_outside_the_pillbox_a_systemwide_approach_to_improving_patient_medica tion_adherence_for_chronic_disease
3. Célia Chaves – Dez anos de genéricos no Brasil: avanços e desafios para o acesso aos medicamentos – Portal de Internet da Fenafar (Federação Nacional de Farmacêuticos) – publicado em 09/02/2010 – acessado em 30/06/2010 – link: http://www.fenafar.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=219:dez-anos-de-genericos-no-brasil-avancos-e-desafios-para-o-acesso-aos-medicamentos&catid=38:publicados
4. Mauri König - Brasileiro discrimina genéricos – Gazeta do Povo, Curitiba, Paraná – publicado em 11/02/2009 – acessado em 30/06/2010 – link: http://www.progenericos.org.br/noticia1.php?id_noticia=46
5. Gazeta do Povo, Curitiba, Paraná – Pacientes têm 2,6 mil opções – Gazeta do Povo – publicado em 11/02/2009 – acessado em 30/06/2010 – link:
http://www.crfsp.org.br/joomla/index.php?option=com_content&view=article&id=1200:clipping-11022009&catid=42:clipping&Itemid=168
6. Paula Laboissière – População ainda duvida da qualidade dos genéricos - Agência Brasil – publicado em 10/02/2009 – acessado em 30/06/2010 – link: http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=populacao-ainda-duvida-da-qualidade-dos-genericos&id=3773
7. CREMESP (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) – Pesquisa Inédita do Cremesp – publicada em 01/06 2010 – acessada em 30/06/2010 – links: http://www.cremesp.org.br/pdfs/pesquisa.pdf Abril, 2010.
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