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Comissão de Controlo de Infeção e Resistência aos Antimicrobianos (CCIRA)

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Manual CCIRA

Norma 5- Prevenção da Infeção Urinária - Revisão nº 3 Pág. 1 de 19 Comissão de Controlo de Infeção e Resistência

aos Antimicrobianos (CCIRA)

NORMA Nº 5

PREVENÇÃO DA INFEÇÃO URINÁRIA ASSOCIADO A CATETER VESICAL Revisão nº 3

Revista por CCIRA em 9 de maio de 2019

Aprovada por C.A.

15 de maio de 2019

1 – OBJETIVOS

Estas orientações integram o programa de prevenção e controlo de infeção nosocomial relacionado com a introdução e manutenção dos cateteres urinários, tendo como objetivos:

 Uniformizar procedimentos;

 Promover recomendações para prevenir as infeções urinárias;

 Implementar precauções específicas.

2 – PREVENÇÃO

Pretende-se com a aplicação da Norma prevenir e reduzir as infeções urinárias relacionadas com a introdução e manipulação dos cateteres urinários.

As Recomendações para a Prevenção das Infeções do trato urinário (ITU) têm várias categorias de intervenção, destacando-se as seguintes:

 Educar os profissionais de saúde e doentes;

 Avaliar sistematicamente a possibilidade de evitar o cateterismo vesical (Categoria IB) e documentar sistematicamente a razão que o torna necessária no processo clínico (Categoria IC);

 Cumprir a técnica assética no procedimento de cateterismo vesical e de conexão ao sistema de drenagem (Categoria IB);

 Cumprir a técnica limpa, nomeadamente com correta higiene das mãos e uso de luvas e avental, no manuseamento do sistema de drenagem, de forma individualizada, doente a doente, mantendo constantemente a conexão do cateter vesical ao sistema de drenagem (Categoria IB);

 Realizar a higiene diária do meato uretral, pelo doente (sempre que possível) ou pelos profissionais de saúde (Categoria IB) com ação de educação para a saúde ao

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Norma 5- Prevenção da Infeção Urinária - Revisão nº 3 Pág. 2 de 19 doente e família sobre cuidados de prevenção de infeção urinária associada a cateter vesical (Categoria IIaC);

 Verificar diariamente a necessidade de manter cateter vesical, retirando-o logo que possível e registando diariamente no processo clínico as razões para a sua manutenção (Categoria IB)

Qualquer exceção à Norma é fundamentada clinicamente, com registo no processo clínico.

3 – DOMÍNIO DE APLICAÇÃO

Todos os Serviços de Internamento e Ambulatório onde se introduzem e manipulam cateteres urinários.

4 – DESTINATÁRIOS Médicos e Enfermeiros.

5 – INTRODUÇÃO

As vias urinárias são a porta de entrada mais frequente de sépsis por gram-negativos nos doentes hospitalizados.

Existem três mecanismos que podem levar ao desencadeamento de uma ITU; a colonização através do lúmen do cateter quando o mesmo é removido do saco coletor, a colonização do meato urinário por bactérias do tracto gastrointestinal e a colonização a partir de um local remoto, ocorrendo este último nas infecções da corrente sanguínea por Staphylococcus aureus.

Sendo a infeção do trato urinário, uma das mais frequentes IACS, a presença de cateter urinário surge como o principal fator de risco para o desenvolvimento da referida infeção. Deste modo, a infeção associada ao cateter urinário, ocorre pela migração de microrganismos através do interior do dispositivo (via intraluminal) ou através do meato ao longo da uretra (via

extraluminal), colonizando as vias urinárias, bexiga e rins.

Via extraluminal – decorrente da inoculação direta das bactérias na bexiga, aquando da colocação do cateter urinário, ou posteriormente ocorrendo uma ascensão da região perineal por ação capilar da mucosa adjacente à parede externa do cateter urinário.

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Norma 5- Prevenção da Infeção Urinária - Revisão nº 3 Pág. 3 de 19 Via intraluminal - ascensão dos microrganismos ao lúmen do cateter, sendo os mais comuns associados ao despejo inadequado dos sacos coletores ou contaminação dos mesmos e falhas na manutenção do circuito fechado de drenagem de urina.

A presença de um cateter urinário facilita o desenvolvimento de biofilme (acumulação de microrganismos e respetivos produtos celulares, formando uma comunidade estruturada numa superfície sólida) entre o cateter e a mucosa uretral, tornando o ambiente propício à invasão e proliferação de microrganismos, que se encontram protegidos dos mecanismos de defesa do hospedeiro, da ação de antimicrobianos e da ação mecânica do fluxo de urina.

A frequência com que os doentes são cateterizados e o tempo de permanência do cateter urinário são os principais determinantes do risco de infeções associadas a cateter urinário, sendo que a prática de colocação, manutenção e remoção do cateter urinário são também determinantes a considerar do ponto de vista de prevenção e controlo das ITU.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) através do programa Patient Safety e sob o lema

“Clean Care is Safer Care” aposta na implementação e sistematização de medidas que permitam a redução das Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde (IACS) em pelo menos 30%, tendo como objetivo garantir que o controlo da infeção é reconhecido universalmente como uma base sólida e fundamental para a segurança do doente, apoiando a redução das IACS e das suas consequências. (WHO, 2012).

As infeções do trato urinário (ITU) representam uma das localizações mais frequentes quer das infeções nosocomiais (24%), quer das adquiridas na comunidade, com uma ponderação de 15,5% (DGS, 2009).

A ITU no doente algaliado é a segunda causa mais frequente de bacteriemia nosocomial, e estudos apontam para um crescente índice de mortalidade relacionado com o desenvolvimento de urosépsis e agravamento das resistências aos antibióticos.

Segundo o estudo de prevalência de infecção adquirida no hospital e do uso de antibióticos nos hospitais portugueses em 2012 os mais frequentes são a Escherichia coli(31,4%), Klebsiella sp(16,3%). pseudomonas aeruginosa(11,6%) , Enterococcus spp(10,2 %).

Neste estudo a infeção das vias urinárias foi de 9,7% em doentes não algaliados e de 32,9% nos doentes algaliados, sendo a segunda infeção hospitalar mais frequente (21,1%).

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Norma 5- Prevenção da Infeção Urinária - Revisão nº 3 Pág. 4 de 19 A prevenção da infecção urinária em doente algaliado assenta essencialmente em quatro níveis de intervenção, todos eles igualmente importantes e que são os seguintes:

 Avaliação da necessidade de algaliação (com base na avaliação de risco individual do doente);

 Seleção do tipo de algália (de acordo com a duração prevista da algaliação);

 Inserção e manutenção asséptica da algália e sistema e remoção correcta da mesma.

 Avaliação da necessidade de manutenção de cateter vesical.

Segundo Pina et al (2002) deve ser utilizada a algália de menor diâmetro. O material (látex, silicone) e o tipo devem estar de acordo com a situação clínica do doente, e ainda o

cumprimento das instruções do fabricante, são fatores a ter em conta. As especificações das algálias referem- se à composição (material), diâmetro, comprimento, volume do balão e à duração da permanência da algália. Estas especificações servem para orientar as decisões na escolha da algália, contudo, é importante ter em conta que os doentes podem reagir a qualquer material pondo em causa a escolha efetuada, devendo-se atender à clínica de cada doente e a sua individualidade.

Os fabricantes recomendam habitualmente que os sacos de drenagem sejam substituídos com intervalos de cinco a sete dias. Esta decisão, sem violar o circuito fechado, deve ser objetiva, baseada na acumulação de sedimento, presença de coágulos, cheiro ou fugas de líquidos ou outros aspetos relativos à situação individual de cada utente, ou exteriorização acidental do saco (Pina et al, 2004).

6 – PRINCÍPIOS GERAIS

Infeção urinária associada a cateter urinário é uma das mais frequentes infeções hospitalares e é o mais importante evento adverso associado ao uso do cateter urinário.

Bundles ou “feixes”, são um conjunto de intervenções (geralmente 3 a 5) que, quando agrupadas e implementadas de forma integrada, promovem melhor resultado, com maior impacto, do que a mera adição do efeito de cada uma das intervenções individualmente. Os

“Feixes de intervenções” têm como objetivo assegurar que os doentes recebam tratamentos e cuidados recomendados e baseados na evidência, de uma forma consistente.

São assim bundles, bem mais do que uma lista, já que todas as intervenções são necessárias e se alguma delas não for aplicada o resultado não será o mesmo, tratando-se de um conjunto

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Norma 5- Prevenção da Infeção Urinária - Revisão nº 3 Pág. 5 de 19 coeso de medidas que têm de ser implementadas em conjunto para o sucesso ser atingido e portanto sendo a auditoria do tipo “tudo-ou-nada” (“sim” significa que todas as medidas foram implementadas e “não” significa que nem todas as medidas foram implementadas).

O diagnóstico de ITU baseia-se em critérios clínicos e no estudo microbiológico da urina, necessitando de uma interpretação cuidadosa.

Grabe et al (2012), em nome da Associação Europeia de Urologia, apontam um conjunto de medidas que devem ser implementadas em conjunto para prevenção de ITU:

 Ponderar a inserção ou a manutenção do cateter urinário, tendo em conta as situações recomendadas e durante apenas o tempo mínimo necessário (IB):

 Retenção urinária;

 Monitorização rigorosa do débito urinário;

 Ferida aberta na região sagrada ou perineal em doentes com incontinência urinária;

 Doentes críticos e/ou com necessidade de imobilização prolongada no leito;

 Período perioperatório de alguns tipos de cirurgia;

 Realização de exames complementares de diagnóstico;

 Promoção de conforto em cuidados paliativos.

 Cumprir as recomendações de higiene das mãos antes da inserção ou manipulação do cateter urinário, cumprindo os 5 momentos da higienização das mãos (IB);

Selecionar o dispositivo/cateter mais indicado para cada situação clínica, utilizando sempre o de menor calibre possível (e que permita uma boa drenagem) minimizando situações de trauma da bexiga e uretra (II);

 Garantir a lavagem perineal com água e sabão imediatamente antes da inserção do cateter. A utilização de soluções antisséticas não tem nenhuma vantagem devidamente comprovada;

 Utilizar lubrificante em embalagens estéreis de uso único de forma a minimizar desconforto, traumatismos e risco de infeção associada a cateter urinário (CAUTI);

 Garantir a técnica assética na inserção do cateter urinário;

 Não é recomendado o uso de antissépticos ou antibióticos tópicos na algália, uretra ou meato.

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Norma 5- Prevenção da Infeção Urinária - Revisão nº 3 Pág. 6 de 19

 Utilizar dispositivos médicos esterilizados durante o procedimento;

 Aplicar todos os procedimentos corretos e técnica assética na inserção de cateteres;

 Utilizar sistemas estéreis em circuito fechado e proceder à sua substituição em caso de desconexão com o cateter (IB);

 Evitar manipulações desnecessárias do cateter urinário e do sistema de drenagem de urina;

 Evitar movimentos de torção e tração do cateter urinário, garantindo o correto posicionamento e fixação do cateter (IB);

 Manter sempre o sistema de drenagem de urina num nível inferior à bexiga, de forma a evitar o retorno da urina (nunca em contacto com o chão) (IB);

 Esvaziar o saco de recolha de urina regularmente para manter o fluxo de urina e prevenir o refluxo, utilizando recipiente limpo e de recolha individual. Evitar o contacto entre a torneira de drenagem e o recipiente (IB);

 A torneira/ponto de drenagem não deverá ter qualquer contacto com outros objetos, mãos, superfícies, etc., durante o esvaziamento do sistema de drenagem de urina;

 Não administrar antibióticos sistémicos profilaticamente e por rotina na prevenção da infeção associada a cateter urinário (CAUTI);

 Avaliar diariamente a necessidade de manutenção do cateter e remover logo que não seja necessário;

 Em doentes submetidos a cirurgia e caso não exista nenhuma contra

indicação, o cateter deve ser removido preferencialmente antes das 24 h (IB);

 Promover a higiene perineal diária e em caso de necessidade;

 A higiene diária durante o banho é suficiente e fundamental para prevenção da CAUTI;

 Se necessário realizar colheita de urina para análise (urocultura):

 Doentes cateterizados - desinfeção com clorexidina a 2 % do local específico (ou da porção do cateter vesical) antes da punção e aspiração da amostra;

Doentes sem cateterização urinária - urina do jato médio (IB);

 A irrigação da bexiga está recomendada apenas quando existe risco de obstrução devido ao sangramento (p. ex. após cirurgia urológica);

 A clampagem antes da remoção não está recomendada;

 Informar doentes, familiares e outras pessoas significativas, do motivo da

cateterização, dos cuidados a ter e se possível, da data de remoção do dispositivo;

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Norma 5- Prevenção da Infeção Urinária - Revisão nº 3 Pág. 7 de 19

 O silicone é o material preferencial para a composição dos cateteres, de forma a reduzir o risco de incrustação em doentes com algaliação de longa duração;

 Não se recomenda a execução, por rotina, de uroculturas em doentes com cateterização urinária;

Devem ser sempre avaliados métodos não invasivos alternativos ao dispositivo urinário, de acordo com a situação clínica do doente e sempre que possível,

nomeadamente: a fralda, dispositivos do tipo "penrose", cateterização suprapúbica, drenagem vesical intermitente, entre outras;

 A algália deve manter-se em sistema fechado;

7 – ALGALIAÇÃO /INSERÇÃO DE CATETER URINÁRIO

Com base nas definições dos Centers for Disease Control (CDC), a algaliação pode ser

considerada de curta duração quando dura entre 7-10 dias, de média duração quando dura até cerca de 28-30 dias e de longa duração quando dura mais de 28-30 dias.

A cateterização urinária está totalmente contraindicada:

 Doentes com incontinência urinária como forma de minimização de cuidados de enfermagem;

 Realização de colheita de urina (urocultura, etc.) quando existe capacidade de colaboração voluntária;

 Durante o período de pós-operatório prolongado quando não existe indicação.

A algália deve ser seleccionada de acordo com a duração prevista da algaliação e a avaliação clínica do doente. Na escolha do tipo de algália, é necessário inquirir o doente e/ou pessoas significativas, acerca de possível alergia ao látex.

O material de que é composta a algália e a selecção da mesma de acordo com a situação clínica do doente e ainda o cumprimento das instruções do fabricante, são factores a ter em conta. As especificações de algálias referem-se à composição (material), diâmetro, comprimento, volume do balão e a duração da permanência de algálias, feitas de materiais diferentes.

Deve utilizar-se o calibre mais pequeno que permita uma boa drenagem. O calibre

recomendado é de 12-14 unidades de Charrière (Ch) na mulher e de 14-16 Ch no homem. O

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Norma 5- Prevenção da Infeção Urinária - Revisão nº 3 Pág. 8 de 19 comprimento da algália depende do sexo do doente. A literatura refere que o comprimento padrão da algália deve ser de 40cm no homem e de 25cm na mulher.

Se é previsível uma irrigação contínua ou regular deve ser selecionada uma algália de três vias.

O procedimento de introdução de cateter vesical é realizado com técnica assética (Categoria IB) O profissional que vai inserir a algália, deve proceder à desinfeção higiénica das mãos, antes de calçar as luvas estéreis a fim de manter a técnica asséptica durante a inserção (Categoria IA).

Manter sempre um sistema de drenagem fechado e estéril.

7.1 MANUTENÇÃO DO CATETER URINÁRIO

 Revisão diária da indicação de permanência do cateter vesical;

Higiene das mãos e uso de luvas;

 Higiene do meato urinário;

 A higiene do meato deve ser efectuada com soro fisiológico a intervalos apropriados de modo a mantê-lo livre de incrustações e contaminação. Não é recomendável usar anti-sépticos na higiene diária do meato urinário como forma de prevenir a IU associada à algaliação (Categoria IB).

 Manutenção do sistema fechado.

7.2 SISTEMA DE DRENAGEM FECHADO

A manutenção do sistema de drenagem da urina fechado, introduzido em 1960, constitui uma das medidas mais importantes na prevenção da infecção associada à algaliação. O risco de um doente algaliado adquirir uma ITU reduz-se desde 97% (com um sistema aberto) para 8-15%

quando é utilizado um sistema fechado.

Segundo Pina et al (2004) os sacos drenagem devem cumprir alguns requisitos:

 Ser de encerramento seguro;

 Possuir válvula anti-refluxo;

 Torneira de despejo (preferencialmente em forma de bisel);

 Simples manuseamento com uma só mão;

Deve-se manter o saco de urina sempre abaixo do nível da bexiga para manter o fluxo urinário desobstruído e colocado em suporte que previna o contacto com o chão e a contaminação subsequente da válvula de despejo (Pina et al, 2004).

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Norma 5- Prevenção da Infeção Urinária - Revisão nº 3 Pág. 9 de 19 O saco de drenagem deve ser despejado quando estiver a meio da sua capacidade; em cada despejo deve ser utilizado um recipiente limpo e individualizado, evitando o contato entre a torneira do saco de drenagem e o recipiente de despejo, usando se luvas limpas e estas devem ser mudadas entre os doentes. Após o despejo da urina, a torneira deve-se ser limpa com um toalhete, para evitar o gotejamento para o chão de urina residual (Pina et al, 2004).

O saco de drenagem deve ser despejado e a torneira fechada antes do doente entrar no banho.

Os doentes algaliados devem tomar banho acompanhados, porque o saco de drenagem pode ficar obstruído ou preso, levando à deslocação/remoção da algália. Se ocorrer uma destas situações, deve substituir-se todo o sistema após o banho.

A substituição do saco de drenagem realiza-se na altura de substituição do cateter urinário ou quando estiver danificado ou com fugas; quando se verificar acumulação de sedimento e/ou coágulos; quando se verificar cheiro desagradável; se houver saída acidental do saco e/ou sistema (Pina et al, 2004).

O sistema de drenagem deve funcionar em circuito fechado com um sistema de esvaziamento concebido de modo a evitar a contaminação. Este sistema deve ter um local que permita a colheita asséptica de urina. No caso do não cumprimento da técnica asséptica ou desconexão do sistema de drenagem, este deve ser substituído, utilizando técnica asséptica após desinfetar a junção algália-saco com álcool a 70º (Pina et al, 2004).

7.3 IRRIGAÇÃO

As lavagens/irrigações/instilações da bexiga não previnem a infeção associada à algaliação, pelo que devem ser efetuadas apenas por razões clínicas específicas e não como prática de rotina (Pina et al, 2004).

No caso de haver necessidade de irrigação contínua deve-se inserir uma algália de três vias para manter o circuito fechado. Para efetuar irrigação intermitente deve utilizar-se uma seringa de 50ml ou 100ml estéril e de uso único, bem como solução para a irrigação estéril, com técnica asséptica. No caso de a algália permanecer obstruída, esta deve ser substituída (Pina et al, 2004).

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Norma 5- Prevenção da Infeção Urinária - Revisão nº 3 Pág. 10 de 19 7.4 PERIODICIDADE DE REALGALIAÇÃO

A substituição da algália deve ser fundamentada nas necessidades clínicas de cada doente, tendo em conta as recomendações do fabricante, não deve ser realizada por períodos fixos ou arbitrários ou estabelecidos por rotina de serviço (Pina et al, 2004).

Segundo Pina (2002) deve ser utilizada a algália de menor diâmetro e não deve ser substituída por uma de maior calibre.

8 – REMOÇÃO DA ALGÁLIA

Deve ser feita o mais cedo possível (assim que deixe de ter indicação clínica) - (Categoria IA)

9 – PREPARAÇÃO DO DOENTE ALGALIADO PARA A ALTA:

Além da informação verbal, deve ser fornecido aos doentes, aos familiares ou pessoas

significativas, informação escrita com linguagem clara e apropriada que permita a manutenção do circuito fechado após a alta dos doentes algaliados, o despiste precoce de sinais de infecção urinária e a mudança da algália (data e local). Isto é especialmente relevante nos cuidados domiciliários.

Deve constar da carta de alta que os profissionais do Serviço de Internamento enviam ao Centro de Saúde, informação que permita a manutenção do sistema de drenagem e a continuidade de cuidados, devendo no mínimo, incluir:

 Data de inserção;

 Tipo e Calibre da algália;

 Volume da água no balão;

 Sinais/suspeita de infecção;

 Antibioticoterapia dirigida ou empírica se o doente estiver a fazer (e se sim, qual a terapêutica instituída);

 Isolamento de estirpe(s) multi-resistente(s) (se houver resultado microbiológico) e enviar cópia dos resultados da bacteriologia.

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Norma 5- Prevenção da Infeção Urinária - Revisão nº 3 Pág. 11 de 19 10 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 Centers of Disease Control (2010). Recuperado em 8 Junho, 2012, de http://www.cdc.gov/HAI/ca_uti/uti.html.

 Comissão de Controlo de Infeção do Instituto Português de Oncologia do Porto EPE. (s/d).

Manual CCIRAI [Manual]. Porto, Instituto Português de Oncologia do Porto EPE.

 Grabe, M. et al (2012) Guidelines on Urological Infections. Recuperado em 7 Junho, 2012, de http://www.uroweb.org/gls/pdf/Urological%20Infections%202010.pdf

 Health Care Infection Control Practice Advisory Committee (2009) Guideline for Prevention of Catheter Associated Urinary Tract Infections 2009. Recuperado em 8 Junho, 2012, de http://www.cdc.gov/hicpac/pdf/CAUTI/CAUTIguideline2009final.pdf

 Macieira, J. (2009). Infeções do Tracto Urinário. OMNIFERIUS.

 Oliveira, M. (2009). Infeção Urinária. Recuperado em 6 Junho, 2012, de http://www.conhecersaude.com/adultos/3058-infeccao-urinaria.html

 Pina, E. (2002). Prevenção de infeções adquiridas no hospital - Um Guia Prático. 2ª Edição.

Lisboa: Ministério da Saúde - Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.

 Pina, E., Costa, A., Lito, L., Silva, E., Gabriel, L., & Silva, M. (2004). Recomendações para a Prevenção da Infeção do Trato Urinário - Algaliação de Curta Duração. Lisboa: Ministério da Saúde - Instituto Nacional da Saúde Dr. Ricardo Jorge.

 Pratt, R. et al (s/d). Guidelines for Preventing Healthcare-Associated Infections in NHS Hospitals. The Journal of Hospital Infection.

 World Health Organization (2012). Recuperado em 11 Junho, 2012, de http://www.who.int/gpsc/en/. Obtido a 11 de Junho de 2012

 Prevalência de Infeção adquirida no Hospital e do uso de Antimicrobianos nos hospitais Portugueses Inquérito 2012, relatório de abril 2013, recuperado em22 de abril 2016 de http://www.dgs.pt/upload/membro.id/ficheiros/i019020.pdf

 DGS “Feixe de intervenções”de Prevenção de Infeção Urinária Associada a Cateter Vesical

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Norma 5- Prevenção da Infeção Urinária - Revisão nº 3 Pág. 12 de 19 Anexo I

1 - Introdução Cateter Urinário

- Recursos

Material para a higiene:

 Bacia com água morna

 Sabão líquido

 Toalhete

 Toalha

 Luvas

 Resguardo descartável

Carro de apoio com:

 Kit de algaliação

 Algália de tipo e calibre adequados à situação clínica do doente

 Luvas esterilizadas

 Ampola de água bidestilada

 Seringa esterilizada

 Cloreto de sódio isotónico

 Lubrificante hidrossolúvel esterilizado, dose unitária

 Saco coletor de urina com dispositivo de saída e válvula anti-refluxo

 Adesivo

 Suporte adequado para saco coletor

 Recipiente de acordo com as normas de triagem de resíduos hospitalares

 Resguardo descartável

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Norma 5- Prevenção da Infeção Urinária - Revisão nº 3 Pág. 13 de 19 2 - Procedimentos

AÇÕES DE ENFERMAGEM JUSTIFICAÇÃO

1. Providenciar os recursos para junto do doente;

2. Lavar as mãos;

3. Informar o doente sobre o procedimento;

4. Posicionar o doente expondo apenas a região perineal:

 Homem – Decúbito dorsal com membros inferiores em abdução,

 Mulher – Decúbito dorsal com membros inferiores fletidos e em abdução;

5. Aplicar resguardo descartavel;

6. Aplicar luvas;

7. Lavar orgãos genitais com água e sabão e secar;

8. Remover o resguardo;

9. Remover as luvas;

10. Aplicar novo resguardo;

11. Lavar as mãos;

12. Preparar o campo para o esterilizado com:

 Lubrificante de dose única

 Solução estéril na cápsula

 Compressas

 Recipiente para recolha de urina (se necessário)

 Campo esterilizado com janela

 Algália

 Saco coletor de urina

 Luvas esterilizadas

13. Preparar a seringa esterilizada com água bidestilada, de acordo com as indicações do fabricante, para encher o balão da algália;

14. Calçar luvas;

15. Aplicar campo esterilizado:

 No homem – colocar a janela do campo sobre o pénis;

 Na mulher – colocar a janela do campo sobre a região perineal;

16. Limpar o meato urinário com cloreto isotónico (não há evidência de que o meato urinário deva ser estéril):

 No homem – com a mão não

1. Gerir o tempo;

2. Prevenir a contaminação;

3. Encorajar e promover o autocuidado e diminuir a ansiedade;

4. Facilitar a execução do procedimento;

7. Minimizar a contaminação bacteriana da área;

11. Prevenir a contaminação;

14. Manter técnica assética;

16. Diminuir os microrganismos da flora perineal, complementando a lavagem já efetuada e prevenir a contaminação por arrastamento de microorganismos da zona perineal para o meato;

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Norma 5- Prevenção da Infeção Urinária - Revisão nº 3 Pág. 14 de 19 dominante posicionar o pénis

perpendicularmente à zona pélvica retraindo o prepúcio. Com a mão dominante limpar o resto do meato utilizando uma

compressa de cada vez , com movimentos circulares em sentido descendente, do meato para a glande;

 Na mulher – Limpar com cloreto de sódio isotónico, começando pelos grandes lábios e utilizando uma compressa para cada um, num movimento descendente e único, do lado mais afastado para o mais próximo. Com a mão não dominante afastar os grandes lábios e com a outra mão

executar a limpeza dos pequenos lábios, respeitando os passos anteriormente descritos. Por último proceder à limpeza do meato num movimento único;

17. Remover luvas;

18. Calçar par de luvas esterilizadas;

19. Remover o invólucro da algália e fazer a sua adaptação imediata ao saco coletor de urina;

20. Aplicar lubrificante na algália;

21. Executar a algaliação:

 Com a mão não dominante colocar o pénis num ângulo de 90º com a zona pélvica,

exercendo uma ligeira tração, ao mesmo tempo, que se faz a inserção da algália com movimentos circulatórios.

Quando se sentir uma ligeira resistência, baixar o pénis

continuando a introduzir a algália até chegar à bexiga (surge urina no saco coletor);

 Na mulher – com a mão não dominante manter afastados os grandes lábios, ao mesmo tempo que se introduz a algália com a mão dominante em movimentos circulatórios até chegar à bexiga.

19. Obter o circuito fechado desde o início do procedimento para prevenir ITU;

20.Facilitar a introdução da algália;

21. Atenuar o ângulo peno-escrotal (1ª curvatura da uretra) facilitando a progressão da algália;

Posicionar adequadamente para ultrapassar a 2ª curvatura da uretra;

22. Prevenir o traumatismo da uretra e

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Norma 5- Prevenção da Infeção Urinária - Revisão nº 3 Pág. 15 de 19 22. Inserir um pouco mais a algália e instilar a

quantidade indicada de água bidestilada para insuflar o balão;

23. Executar um ligeiro movimento de tração;

24. Remover o campo esterilizado e resguardo descartável;

25. Remover luvas;

26. Imobilizar algália utilizando adesivo:

 No homem – região superior da coxa ou na região infra-

abdominal;

 Na mulher – face interna da coxa;

27. Posicionar o saco coletor em suporte próprio;

28. Posicionar ou ajudar o doente a posicionar- se;

29. Apreciar o bem-estar do doente;

30. Assegurar a recolha do material;

31. Proceder à lavagem das mãos.

imobilizar a algália internamente;

26. Evitar a tração da algália;

27. Evitar a drenagem da urina e prevenir a infeção;

28. Providenciar conforto;

29. Facilitar a atualização do processo de enfermagem;

31. Prevenir a transmissão cruzada dos microrganismos.

Fonte: Veiga et al (2011) 3 - Colheita De Urina

Passos a seguir: (para pequenas amostras de urina)

Desinfeção higiénica das mãos;

Calçar luvas;

Desinfetar o local de colheita próprio do saco coletor ou parte distal da algália com álcool a 70º;

Colher urina utilizando agulhas de calibre 23G ou 25G e seringa estéril;

Colocar a urina num recipiente próprio;

Descalçar as luvas;

Lavar as mãos.

4 - Despejo do Saco de Urina

Relativamente ao despejo da urina do saco coletor deve-se:

Lavar as mãos;

Abrir o saco e despejar a urina na sanita sem tocar com a torneira;

Após fechar a torneira limpar com papel;

Lavar novamente as mãos.

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Manual CCIRA

Norma 5- Prevenção da Infeção Urinária - Revisão nº 3 Pág. 16 de 19 5 - Substituição do saco coletor da algália

Deve obedecer aos seguintes passos:

Higienização das mãos;

Fechar a torneira do novo saco coletor;

Retirar a tampa do novo saco coletor;

Desinfetar a terminação do cateter urinário com compressas e álcool a 70º;

 Segurar a terminação da algália com a compressa e com a outra mão puxar o saco coletor para o retirar;

Adaptar o novo saco coletor;

Deitar fora o saco coletor antigo;

Higienizar novamente as mãos.

Material:

Luvas de palhaço;

Recipiente individual;

Papel e lápis (para registo da diurese);

Toalhetes descartáveis.

Procedimento:

Desinfeção higiénica das mãos;

Calçar as luvas de palhaço;

Medir volume de urina;

Colocar recipiente debaixo do saco sem tocar na parte terminal da torneira;

Abrir a torneira e esvaziar o saco;

Fechar a torneira;

Limpar a última gota com toalhete descartável;

Despejar a urina;

Rejeitar as luvas;

Lavar as mãos.

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Manual CCIRA

Norma 5- Prevenção da Infeção Urinária - Revisão nº 3 Pág. 17 de 19 6 - Remoção da algália

Deve obedecer aos seguintes passos:

 Friccionar as mãos com solução anti-séptica alcoólica e calçar luvas limpas (de procedimento)

 Desinsuflar o balão

 Limpar o meato urinário e a região peri-uretral com soro fisiológico antes de remover a algália

 Retirar a algália suavemente

 Limpar novamente o meato urinário e a região peri-uretral

 Vigiar a eliminação vesical espontânea e promover o reforço da ingestão e/ou aporte hídrico

 Registar nas notas médicas e/ou de enfermagem, a data e o motivo da remoção da algália bem como, a eliminação pós desalgaliação (Categoria IC)

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Manual CCIRA

Norma 5- Prevenção da Infeção Urinária - Revisão nº 3 Pág. 18 de 19 Anexo II

(19)

Manual CCIRA

Norma 5- Prevenção da Infeção Urinária - Revisão nº 3 Pág. 19 de 19 Anexo III

Referências

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