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O PAPEL DA MULHER NA DIVISÃO SEXUAL E SOCIAL DO TRABALHO RESUMO

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Academic year: 2022

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Anais do I Encontro Norte Mineiro de Serviço Social

O PAPEL DA MULHER NA DIVISÃO SEXUAL E SOCIAL DO TRABALHO

OLIVEIRA, Paola Antunes1 RODRIGUES, Marcielly Mendes 2 RESUMO

Esse artigo tem como objetivo analisar o papel da mulher na divisão sexual e social do trabalho, compreendendo que ainda existe uma divisão sexista que separa homens e mulheres no trabalho. O papel da mulher na história da sociedade sempre foi pré-determinado. Ela era o sexo frágil, o homem saia de casa para trabalhar e a mulher ficava responsável pelos serviços domésticos. Com o passar do tempo, a mulher foi conquistando o seu espaço de direitos em todas as dimensões. Será feito um resgate mostrando como através do movimento feminista, e a conquista em todos os espaços, a mulher foi se empoderando e buscando conquistar cada vez mais o seu espaço na divisão do trabalho posto que além dessa divisão produzir as desigualdades entre o gênero, e a mulher ainda vive em uma sociedade historicamente machista.

Palavras-Chave: Mulher; Trabalho; Gênero; Serviço Social ABSTRACT

This article aims to analyze the role of women in the sexual and social division of labor, understanding that there is still a sexist division that separates men and women at work. The role of women in the history of society has always been predetermined. She was the fragile sex, the man left the house to work and the woman was responsible for the domestic services. Over time, the woman has conquered her space of rights in all dimensions. A rescue will be made showing how through the feminist movement, and conquest in all spaces, women have been empowered and seeking to conquer their space more and more in the division of labor, since beyond this division produce inequalities between gender, and the woman still lives in a historically sexist society.

Keywords: Woman; Labor; Gender; Social Service

1 Graduanda do 6° período do curso de Serviço Social, Universidade Estadual de Montes Claros. E-mail:

paolaantunes1@yahoo.com

2 Graduanda do 6° período do curso de Serviço Social, Universidade Estadual de Montes Claros. E-mail:

marciellymendes8@gmail.com

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INTRODUÇÃO

O trabalho é o fundamento ontológico do ser social. Sendo assim, é a forma como o homem garante a sua sobrevivência na sociedade, através da mediação entre o ser social e a natureza por meio do desenvolvimento de forças produtivas em um processo coletivo. Assim, o trabalho tem um importante papel na organização da vida social (ANTUNES 2007).

A inserção da mulher no trabalho teve inicio na I e II guerras mundiais, enquanto os homens estavam nas batalhas, a mulher cuidava dos negócios da família. Muitos desses homens no final ou estavam mortos, ou incapacitados de fazer atividades laborais, a mulher então deixavam suas casas e iam exercer o trabalho dos maridos. Só que ainda enfrentavam muitos preconceitos no mercado de trabalho. (ASSIS 2009).

Com o passar dos anos e as leis que beneficiavam as mulheres foram buscando o seu meio de se inserirem no trabalho, buscarem sua independência e liberdade visto que essa liberdade é uma pseudo liberdade, pois além de buscar o seu espaço ela ainda exerce o papel de mãe e mulher de família, do seu lar. A mulher, buscando o seu espaço encontra-se em uma esfera onde é inferiorizada social e sexualmente e, muitas vezes, tem a sua condição inferiorizada diferente do homem que mesmo tendo um cargo inferior ainda recebe mais e melhor do que a mulher.

Segundo pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2010, mesmo a população feminina tendo maior nível de escolaridade que a masculina, a mulher ainda se encontra em desvantagem no mercado de trabalho. Sendo assim, a porcentagem de mulheres com ensino superior completo é de 12,5%, já a porcentagem masculina é somente de 9,9%.

Sobre a divisão sexual e social do trabalho:

A divisão sexual do trabalho tem por características a designação prioritária dos homens á esfera produtiva e das mulheres á esfera reprodutiva, como também, simultaneamente, a captação pelos homens das funções com forte valor social agregado (políticos, religiosos, militares etc.). Esta forma de divisão social tem dois princípios organizadores: o principio da separação (há trabalhos de homem e trabalhos de mulher) e o principio hierárquico (um trabalho de homem 'vale' mais que um trabalho de mulher) (KERGOAT, 2001, P.89).

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Essa divisão é tema antigo e muito se tem a discutir. A mulher com a nova ordem capitalista foi inserida na relação produção e reprodução de trabalho. Essa divisão também fez com que surgissem configurações na esfera do público e do privado, onde o homem tornou-se responsável pela produção, apto para a esfera público sendo o único provedor da sua família. Já a mulher era responsável pela reprodução, pela esfera privada, sendo ela a única responsável pelo bem-estar do seu lar, do seu marido e pelos cuidados com os filhos.

Nessa direção, a relevância desse trabalho é desconstruir a idéia de que a mulher ainda é incapaz de fazer trabalhos tidos como masculinos. A discussão torna-se importante porque a mulher ainda vive em uma sociedade patriarcal, onde é inferiorizada, sendo tomada como frágil. No trabalho mesmo quando tem um cargo superior ao do homem, ou tem formação superior, ainda recebe menos e têm poucas condições de trabalho. Esse caso tem agravamento quando se trata da mulher negra que recebe um valor inferior ao salário da mulher branca. Procura-se relatar como desde a década de 1970 até os dias atuais, a mulher vem conquistando o seu espaço no trabalho, como os movimentos feministas foram importantes nesse processo e ainda desconstruir a imagem moral que a mulher tem na sociedade como sendo o sexo frágil, a única responsável pelos afazeres domésticos, vista como sendo submissa ao homem e incapaz de fazer trabalhos "pesados".

O artigo será feito através de pesquisa bibliográfica para a melhor compreensão desse tema. Através de dados será mostrado como a divisão do trabalho ainda é desigual para as mulheres.

FEMINISMO E GÊNERO

Muito se tem a falar sobre a divisão sexual e social do trabalho, as mulheres vem buscando o seu espaço desde os tempos antigos, buscam a sua emancipação através do trabalho, emancipação essa que pode até possibilitar a saída das mulheres de casa, onde dependiam dos seus parceiros para ajuda econômica. Todo esse movimento foi possível através do movimento feminista, onde as mulheres se mobilizaram em busca do seu espaço, sua liberdade, o movimento por si só já deixa claro que a busca de igualdade entre homens e mulheres.

Para GURGEL (2010) o feminismo tem história marcada pelo projeto de ruptura estrutral-simbólica dos mecanismos que perpetuam as desigualdades

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sociais, com ações centralizadas contra o patriarcado, racismo e o capitalismo que são caracterizados como elementos das desigualdades que as mulheres sofrem todos os dias. Esse debate está vinculado á construção de uma proposta das demandas das mulheres por igualdade e liberdade e a emancipação humana, que são bandeiras do feminismo.

O processo de revolução francesa foi o primeiro cenário da expressão do feminismo como sujeito político [...] Existem registros que indicam manifestações de mulheres pelo direito ao alistamento militar e acesso ás armas. Pois apesar da presença massiva delas na luta contra o poder real e o da Igreja, nas ruas e em levantes populares, as armas até então eram restritas aos homens (GURGEL, 2010, p.126).

No século XIX ocorreu a primeira onda feminista quando as mulheres se juntaram na Inglaterra para lutarem pelos seus direitos, sendo o primeiro conquistado direito ao voto, no Brasil os manifestos feministas também se deram ao direito ao voto (PINTO, p.15). Com as décadas de 1970e 1980 surgiram fatores importantes para o movimento feminista em razão de transformações sociais, econômicas e políticas: Na Europa e Estados Unidos o cenário era de movimentos libertários, as mulheres buscam o seu espaço nas indústrias, o feminismo começa a analisar sobre a divisão sexual também nos espaços acadêmicos, tem-se no Brasil a luta efervescente pelos direitos das mulheres. Outros fatores foram:

A permanência das mulheres como responsáveis pelo trabalho doméstico mesmo tendo um trabalho assalariado; os problemas que enfrentam para responder as exigências e necessidades das duas esferas, produtiva e reprodutiva, a socialização da dificuldades da vida cotidiana foram transitando dos dilemas pessoais para os problemas dos coletivos de trabalhadoras, das impossibilidades profissionais criadas pela sobrecarga de responsabilidades para a construção de um problema político e sociólogo (ALVES, 2015. P.30-31).

Finalmente na constituição de 1988 no art° 5 tem-se a garantia de que homens e mulheres são iguais perante a lei em direitos e obrigações, apesar de garantido e de conhecimento que na prática não é exatamente assim, os cargos são mal distribuídos, as mulheres são inferiorizadas e tidas como incapazes de ocupar cargos maiores. Uma outra questão importante buscada pelo movimento feminista é o fim da violência contra o gênero, conceito ou tema que tem sido responsável por muitos debates e estudos.

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Segundo Cisne (2015) os estudos de gênero surgem no século 1920 com influência de acadêmicas feministas com objetivo de desnaturalizar as diferenças entre homens e mulheres postas historicamente, onde naquela época, os homens eram tratados de forma diferenciada em relação às mulheres, situação que se repete até os dias atuais.

Os estudos de gênero surgem principalmente sob a influência de feministas acadêmicas, no final do século 20, entre as décadas de 1970 e 1980. Seu objetivo advém da necessidade de desnaturalizar e historicizar as desigualdades entre homens e mulheres, analisadas, pois, como construções sociais, determinadas pelas e nas relações sociais (CISNE, 2015, p.85).

Para Cisne (2015) foram a partir das concepções da autora Gayle Rubin (1949) que o conceito de gênero começou a ganhar força tornando-se uma referencia obrigatória na literatura feminista, Gayle Rubin restabelece uma dicotomia entre sexo/gênero, onde gênero seria a construção social de sexo, e sexo seria o que é determinado biologicamente. Ainda há uma falsa idéia de que as mulheres já atingiram um patamar de igualdade social com os homens, se libertaram e adquiriram independência, ressaltando ainda mais que a masculinidade precisa ser trabalhada, e infelizmente muitas mulheres não tem consciência de sua condição social, e ainda se submetem a jornadas intensas e extensas de trabalho, ganhando bem menos que o homem com o mesmo cargo.

São as mulheres trabalhadoras de baixa renda, as mais atingidas por esse modelo econômico e cultural da sociedade, pois elas são exploradas, oprimidas e descriminadas pelo sexo e pela classe, vivendo no limite da sobrevivência com relação as suas necessidades básicas, inclusive de alimentação. As mulheres pobres, em geral, priorizam a limitação do marido e dos filhos só permitindo-se a alimentação quando sobra algo sempre em acesso menor e em pior qualidade que os homens pertencentes à mesma classe (CISNE, 2015, p. 93).

A autora demonstra que as mulheres de baixa renda são as que mais são atingidas pela extensa jornada de trabalho, pois além de muitas não terem conhecimento da exploração presente no trabalho, as mesmas ainda precisam garantir a sobrevivência dos seus filhos e condições mínimas para viver.

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ÉTICA E DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO

A divisão sexual do trabalho é um dos meios de exploração do capital sobre o trabalho, divisão essa que separa os trabalhos de homens e mulheres e categoriza os trabalhos de forma que classifica o trabalho feminino e os masculinos. A divisão sexual do trabalho não é fruto da existência de uma essência masculina ou feminina, pois onde uma atividade é exclusivamente feminina, em outra pode ser puramente masculina - Tomemos como exemplo o Serviço Social, que segundo Iamamoto (2000) é histórica e predominantemente feminina. O resultado de um sistema patriarcal capitalista a divisão sexual do trabalho, através da divisão hierárquica entre os sexos atribui às mulheres um pequeno prestigio social e as submetem aos trabalhos mais precarizados e conseguinte, desvalorizados.

Para Hirata e Kergoat (2007) a divisão sexual do trabalho é fator principal para a sobrevivência da relação social presente entre sexos, o homem é designado à esfera produtiva e a mulher a reprodutiva. O homem então se apropria de coisas que tem maior valor social, essa divisão estando presente desde os tempos antigos.

Ainda segundo as autoras a divisão social do trabalho separa o “trabalho de homem e trabalho de mulher”, e tem principio hierárquico, pois estabelece que o trabalho do homem vale mais que o trabalho da mulher.

A escolha de um trabalho ou de uma carreira pelas mulheres está diretamente ligada com a orientação e valores sociais historicamente determinados pela sociedade em que vivem, as mulheres tendem a escolher trabalhos com a

"essência" feminina, pois foi passado para elas que não teriam capacidade para exercer um trabalho com "essência" masculina.

A divisão sexual do trabalho resulta de um sistema patriarcal capitalista que por meio da divisão hierárquica entre os sexos, confere as mulheres um baixo prestigio social e as submete aos trabalhos mais precarizados e desvalorizados (CISNE, 2015, p. 177).

Com a obrigação de cuidar dos filhos e dos serviços de casa, a mulher enfrenta dificuldades para a sua inserção do mercado de trabalho dificuldade essa

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por causa da sua posição e moral3 na sociedade, as tarefas domésticas impedem que as mulheres busquem tarefas importantes e qualificantes para o trabalho, como dito anteriormente fazendo a mulher ficar na posição privada e o homem na esfera pública. A falta de valorização do trabalho faz com que muitas mulheres não se identifiquem como trabalhadoras e assim não constrói a identidade com sua classe.

E com isso algumas mulheres se acomodam não se organizam e nem participam politicamente das lutas da classe trabalhadora, isso faz com que o capitalismo explore cada vez mais e essa exploração passa despercebida devido à “natureza”

de submissão da mulher e do papel desempenhado por ela.

No espaço da moral da mulher é necessária uma reflexão ética dos seus valores. A moral sendo um sistema de normas e valores que regulamentam as relações entre os indivíduos, à ética então é a teoria do comportamento dessa moral. É necessário desconstruir o valor moral da mulher na sociedade, pois com a visão da mulher apenas como submissa ao homem ela é questionada no ambiente de trabalho, por causa das “relações de sexo” o trabalho acaba sendo desigual e a mulher acaba sofrendo opressão por parte do homem.

Com essa moral questionada acaba por ser feito sobre a mulher um juízo de valor, já julgam a mulher sem conhecer o seu histórico, tudo isso porque o seu papel social na sociedade foi pré-determinado, a moral dela construída acaba por favorecer ao grupo masculino, comentários como “ela é incapaz de fazer esse serviço”, “isso é serviço de homem”, “ela é fraca para isso”, “seu serviço é dentro de casa”, só reforçam como ela vive em uma sociedade machista, contribuindo conseqüentemente em um dos vários desafios que a mulher tem quando se insere no mercado de trabalho. Para Chauí (2000) o senso e a consciência moral não podem ser separados da vida cultural, uma vez que definem para os indivíduos valores positivos e negativos. A moral do homem sobre a mulher então se torna uma moral conservadora.

Um dos fundamentos centrais da ética é a liberdade, liberdade essa que é buscada pela mulher e é uma capacidade humana, através dessa liberdade o individuo pode escolher conscientemente e ter condições de criar alternativas e escolhas, é um valor de importância na vida humana, pois é tida como positiva.

3 Seu valor moral é questionado por ser tida como submissa ao homem, incapaz de exercer funções historicamente masculinas, seus valores também questionados.

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Infelizmente apesar de buscar a liberdade a mulher não tem uma liberdade absoluta, pois acaba sendo inserida na esfera pública e privada, o que acaba sendo uma pseudo liberdade, não foi escolha da mulher viver assim, foi imposto por uma sociedade que é machista e que divide sexualmente o trabalho, além disso para conseguir sobreviver na sociedade a mulher é obrigada a se qualificar, mesmo sendo uma educação de qualidade ou não, sua educação se torna mercantilizada para atender as necessidades do capital.

De acordo com Cisne (2015) há uma desresponsabilização do Estado para com as mulheres, pois não garante a elas direitos fundamentais, as mulheres desempenham funções que são fundamentais para o funcionamento do capitalismo, a naturalização dos trabalhos domésticos como obrigação da mulher e a não remuneração deste trabalho, determina o exercito industrial de reserva fazendo com que o salário mínimo seja sempre inferior do que deveria ser.

Sem o trabalho doméstico não remunerado o estado capitalista teria que arcar, por exemplo, com restaurantes, lavanderias e escolas públicas em tempo integral em grande escala, de modo a atender a classe trabalhadora, outra opção seria aumentar o salário mínimo, de tal forma que o trabalhador pudesse pagar por alguns serviços necessários á reprodução de sua força de trabalho. Ambas as alternativas implicariam em um ônus significativos que afetaria diretamente os lucros do capital (CISNE, 2015, p.124)

Segundo o IBGE, nos agrupamentos de Indústria, Construção, Comércio, Serviços prestados a empresas, entre outros serviços, a mulher ainda ocupa pouca posição, diferente do trabalho doméstico onde ela ocupa 94,8%.

Tabela I. Participação da população ocupada, por grupamentos de atividade, segundo o sexo – 2011.

Fonte: IBGE 64

93,9

57,5 58

35,9

5,2

58,4 36

6,1

42,6 42

64,1

94,8

41,6

Indústria Construção ComércioServiços prestados a empresaAdm. PúblicaServiços domésticos outros serviços Homens Mulheres

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A educação sexista não orienta mulheres e homens apenas de modo diferenciado, mas também desigual, assim levando muitas mulheres a acreditarem que naturalmente são mais aptas para determinados trabalhos. E com isso incute valores e qualidades tidos como feminino para formar um modelo de mulher, adequado á atender aos interesses patriarcais capitalistas, isso mostra que essa divisão é histórica, foi ensinada e pode sim apesar do caminho ser longo ser descontraída, onde homens e mulheres podem estar em um cenário de igualdade (CISNE, 2015). As profissões consideradas de mulheres de alguma forma estão vinculadas ás práticas do cuidado, da ajuda, da caridade.

Cisne (2015) usa Bruschini como exemplo para falar sobre a entrada de mulheres no mercado de trabalho onde, configura-se em uma das mais marcantes transformações ocorridas no Brasil, percebe se então que o capital engendra estratégias ao seu favor aproveitando-se das bandeiras de luta das mulheres, não se trata somente da conquista das mulheres no espaço público do trabalho assalariado, mais sim uma conquista muita maior do capital para adquirir maiores lucros. Apesar de emancipadas elas ainda estão submetidas às condições precárias no trabalho e sobrecarregadas com a família e serviços domésticos, fazendo a mulher exercer uma dupla jornada de trabalho.

A emancipação das mulheres resultaria em conquista de igualdade entre gêneros, eliminação da exploração de mulheres entre gênero e classe social, deve ser dada em uma dimensão de totalidade em uma estrutura macro, apesar do fato de que essa desigualdade entre homem e mulher não poderá deixar de existir um dos desafios para essa emancipação é a desconstrução não somente no núcleo familiar, como também nos espaços sociais em que esses indivíduos estão inseridos, a teoria marxista é indispensável para luta das mulheres, partindo do pressuposto de que a emancipação da mulher esta ligada com a construção de uma nova sociedade.

A divisão entre o sexo masculino e feminino vem sendo colocada abaixo a partir do momento em que as mulheres vêm ocupando cargos tidos como masculinos no mercado de trabalho e no mundo dos negócios, segundo o IBGE com destaque para a construção, uma ocupação majoritamente masculina, de 2003 para 2011 o número de mulheres aumento de 5,7 para 6,1, um crescimento ainda pequeno, mas significativo. O número de mulheres apesar de estar aumentando não

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altera a divisão social do trabalho, pois o trabalho masculino ainda é mais valorizado. As mulheres ainda persistem no mercado de trabalho, o feminismo foi e ainda é de extrema importância, pois, as mulheres reinvidicam debates como igualdade entre os sexos, a luta social que enfrenta dilemas políticos e desafios que exigem uma reflexão e analise critica do seu papel na sociedade, realizam ainda ações e estratégias como coletividade das mulheres.

Uma importante reflexão a ser feita é a de Mary Wollstonecraft (1792) escritora inglesa e que também é vista como uma das fundadoras do feminismo filosófico, ela diz que: “As mulheres não são, por natureza, inferiores ao homem, mas apenas aparentam ser, por falta de educação.” É necessário refletir, pois as mulheres não são inferiores aos homens como muitas pessoas acham que são, elas imaginam ser porque por causa do trabalho em casa e a obrigação com os filhos e o marido muitas vezes não podem buscarem se educarem nos espaços educacionais.

DIVISÃO DO TRABALHO E O SERVIÇO SOCIAL

O Serviço Social é uma profissão historicamente feminina, onde antes quem atendia a população eram as damas de caridade, por isso a profissão é tida como feminina e acaba por ser desvalorizada na sociedade. Com o movimento de reconceituação e muitos anos depois esse conceito foi “quebrado”, o serviço social é então uma profissão inserida na divisão sócio técnica do trabalho, e o que tem a divisão sexual do trabalho o Serviço Social?

Para Yannoulas (2015), a metamorfose da divisão sexual do trabalho e a permanência da divisão sexual são tendências que levam a recomendar o planejamento e execução de políticas sociais especificas somente para mulheres, visando atender suas necessidades e a radicalizar interesses estratégicos para que essas políticas promovam uma inserção igualitária de homens e mulheres para o mundo do trabalho. O fato de a profissão ser considerada feminina já é resultado do Serviço Social estar inserida na divisão sexual do trabalho.

Para Iamamoto (2000) o Serviço Social tem um claro recorte de gênero: é uma profissão predominantemente feminina e para o público feminino, mas não desconhecendo que existe uma parte masculina. Essa visão feminina do Serviço

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trabalho, principalmente na sua remuneração, que é desvalorizada.

Já Segundo Cisne (2015), o Serviço Social não é uma profissão de essência feminina, torna se mais procurado pelas mulheres devido à ideologia patriarcal que se reflete em uma educação sexista, que educa homens e mulheres de forma diferente, o que torna as mulheres mais aptas para desenvolver determinados trabalhos com valores e qualidades considerados femininos; As Mulheres devem ter consciência de que o sistema patriarcal capitalista se apropria do trabalho feminino.

Na verdade é preciso compreender que o serviço social está inserido não apenas na divisão sócio e técnica do trabalho, mas, também, na divisão sexual do trabalho. Problematizar, portanto, a marca de gênero da profissão exige ter em mente a analise das condições históricas a que são submetidas as mulheres no mercado de trabalho compreendendo como o capital se apropria do trabalho feminino, tanto no âmbito da reprodução como da produção social(...) é entender a divisão sexual do trabalho na sociedade capitalista (CISNE,2015,p.119).

É preciso entender as condições históricas que as mulheres estão inseridas no trabalho e entender a divisão social e técnica do trabalho para compreender o Serviço Social, compreender o significado histórico da profissão é porque a profissão é tida como uma profissão feminina.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar das conquistas alcançadas como o direito ao voto e á educação o caminho ainda é longo, pois a mulher ainda passa por constrangimentos no trabalho por causa das relações de sexo, há um grande caminho a percorrer, não somente para acabar com a divisão do trabalho, também para uma emancipação e liberdade da mulher. A luta pela emancipação da mulher deve ir além dos discursos formais, a igualdade tem que ser um princípio, o feminismo tem parte importante nessa luta das mulheres, através dele as mulheres realizam o movimento da luta de classe em conjunto com as analises de gênero que é fundamental para a conquista de uma sociedade melhor e mais livre. É preciso ainda desconstruir a moral conservadora imposta na sociedade, que faz com que a mulher seja desvalorizada e tida como incapaz.

Apesar de ser um movimento de mulheres para mulheres o feminismo ainda

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enfrenta desafios, existem ainda mulheres que são contra o movimento por causa da sua formação moral, seus valores morais, outras por viverem em uma sociedade patriarcal acabam que são afastadas e não podem lutar pelos seus direitos na sociedade.

Por fim,assim como foi dado é preciso acabar com o discurso que existem profissões masculinas e profissões femininas, a luta contra a educação sexista tem que partir não somente de dentro de casa, tem que vir também dos diversos ambientes na sociedade que os indivíduos estão inseridos todos os dias, seja nas igrejas, nas escolas, nas universidades, a busca pela alteridade já é um passo importante a ser tomado.

REFERÊNCIAS

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ASSIS, ROSIANE HERNANDES DE. A inserção da mulher no mercado de trabalho. Disponivel em: < http://www.convibra.org/2009/artigos/140_0.pdf> Acesso em 08 de março de 2018

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao.htm Acessado em 14 de abril de 2017

CHAUÍ, Marilene. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000

CISNE, Mirla. Gênero, divisão sexual do trabalho e serviço social/ Mirla Cisne – 2° Ed. São Paulo: outras expressões, 2015. 152 p.

GURGEL, Telma. Feminismo e luta de classe: história, movimento e desafios

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