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GESTÃO DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E GESTÃO DO CONHECIMENTO – EGC/UFSC

ALESSANDRA DUARTE BATISTA

SISTEMÁTICA PARA ADOÇÃO DE OBSERVATÓRIOS TECNOLÓGICOS DE CONHECIMENTO COMO PRÁTICAS DE

GESTÃO DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL

FLORIANÓPOLIS (SC) 2019

Alessandra Duarte Batista

(2)

2 SISTEMÁTICA PARA ADOÇÃO DE OBSERVATÓRIOS

TECNOLÓGICOS DE CONHECIMENTO COMO PRÁTICAS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento.

Orientador: Prof. Dr. Roberto Carlos Pacheco, Coorientador: Prof. Dr. Denilson Sell

Florianópolis

2019

(3)

3 Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,

através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária

da UFSC.

(4)

4 Alessandra Duarte Batista

Sistemática para Adoção de Observatórios Tecnológicos de Conhecimento como Práticos de Gestão do Conhecimento Organizacional

O presente trabalho em nível de mestrado foi avaliado e aprovado por banca examinadora composta pelos seguintes membros:

Prof. Neri dos Santos, Dr.

Universidade Federal de Santa Catarina

Prof. José Leomar Todesco, Dr.

Universidade Federal de Santa Catarina

Prof.(a) Juan Carlos Sotuyo, Dr(a).

Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE

Certificamos que esta é a versão original e final do trabalho de conclusão que foi julgado adequado para obtenção do título de mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento.

_________________________________________

Prof. Dr. Roberto Carlos dos Santos Pacheco Coordenador do Programa

___________________________________________

Prof. Roberto Carlos dos Santos Pacheco, Dr.

Orientador

_______________________________________

Prof. Denilson Sell, Dr.

Co-Orientador

Florianópolis, 30 de Agosto de 2019.

ROBERTO CARLOS DOS SANTOS PACHECO

Assinado de forma digital por ROBERTO CARLOS DOS SANTOS PACHECO Dados: 2019.11.29 14:12:48 -03'00'

ROBERTO CARLOS DOS SANTOS PACHECO

Assinado de forma digital por ROBERTO CARLOS DOS SANTOS PACHECO

Dados: 2019.11.29 14:13:14 -03'00'

(5)

5 Dedico este trabalho primeiramente a Deus, que me deu a oportunidade da vida! A minha família, que muito me incentivou e esteve do meu lado! Pela oportunidade de realizar esse curso e de compartilhar momentos de conhecimento! A todas as pessoas que, de alguma forma, contribuíram para que o trabalho fosse concluído.

Na vida, não vale tanto o que temos, nem tanto importa o que somos. Vale o que realizamos com aquilo que possuímos e, acima de tudo importa o que fazemos de nós!

(Chico Xavier)

Deus nos concede, a cada dia, uma página de vida nova no livro do tempo. Aquilo que colocarmos nela, corre por nossa conta.

(Chico Xavier)

(6)

6 AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar eu gostaria de agradecer a Deus, que me deu a oportunidade da vida e que me ensinou que a vida é um simples gesto de amar, e que basta fazermos para o outro o que gostaríamos que fizessem para nós.

A minha família, que é meu esteio, que apesar de tudo me ajudou nos momentos mais difíceis. Obrigado a todos que acreditaram que este meu sonho seria possível, a minha mãe e meu pai, ao meu esposo e a minha filha, a violeta (nosso pet) que em momentos de dificuldades sentia e estava ao meu lado!

Uma dedicação especial, a minha filha, Amanda, que me ensinou que o amar sempre vale a pena! Obrigada por vocês fazerem parte da minha vida.

Ao meu orientador Roberto Pacheco, que me acolheu e sempre me apoiou em tudo.

Obrigado pelas orientações acadêmicas, pela sua amizade e seu companheirismo! Minha gratidão também vai ao professor Denilson Sell, meu Coorientador, que me auxiliou na direção deste trabalho.

Uma homenagem especial, a minha amiga Maria Angélica Jung Marques, que nunca mediu esforções para me ajudar, meus sinceros agradecimentos, sem você, nada seria possível!

Ao Instituto Stela, que me possibilitou a prática e a experiência para que esse trabalho fosse capaz.

Meu agradecimento também a todos os colegas do EGC, pelo apoio. Agradeço a todos

os professores do EGC e aos integrantes da minha banca. A UFSC pela excelência acadêmica

e apoio técnico oferecido.

(7)

7 RESUMO

Observatórios de conhecimento, na forma tecnológica, são instrumentos de apoio ao planejamento e à gestão em diversos domínios de atividade socioeconômica. Este estudo tem como objetivo estabelecer uma sistemática para a adoção de Observatórios Tecnológicos de Conhecimento (OTCs) como prática de Gestão do Conhecimento Organizacional (GCO). A partir da compreensão do contexto organizacional, propõe-se uma sistemática de apoio à definição e implantação de OTCs em ambientes de inovação. Reconhecendo a falta de consenso na literatura para o conceito de “Observatórios”, este trabalho partiu da caracterização desses instrumentos e da identificação e classificação de seus benefícios no apoio em processos de tomada de decisão estratégicos a uma organização, em diferentes áreas de geração de valor.

Entre esses, um dos mais relevantes é o apoio à gestão organizacional, principal protagonista na geração de valor baseado em conhecimentos. Neste trabalho, OTCs são compreendidos como instrumentos tecnológicos de apoio à criação e gestão de competências em redes de indivíduos, grupos, organizações ou regiões, em diferentes domínios socioeconômicos. A partir da aplicação da Metodologia CommonKADS, modelo da organização e do método Design Science Research (DSR), foi desenvolvida e aplicada uma sistemática para desenvolvimento de OTCs. A sistemática foi aplicada em um Projeto de Referência no setor de energia. Como resultados, obteve-se o apoio às etapas de concepção, especificação, desenvolvimento e implantação do Observatório, com inclusão de atributos que o potencializam a se transformar em prática de gestão do conhecimento na organização.

Palavras-chave: conhecimento; construção do conhecimento; observatório; observatórios de

conhecimento tecnológicos; coprodução.

(8)

8 ABSTRACT

Knowledge observatories, in the technological form, are instruments to support planning and management in various domains of socioeconomic activity. This study aims to establish a systematic for the adoption of Technological Knowledge Observatories (OTCs) as Organizational Knowledge Management (GCO) practice. From the understanding of the organizational context, we propose a systematic support for the definition and implementation of OTCs in innovation environments. Recognizing the lack of consensus in the literature on the concept of “Observatories”, this work started from the characterization of these instruments and the identification and classification of their benefits in supporting strategic decision-making processes for an organization in different areas of value generation. . Among these, one of the most relevant is the support to organizational management, the main protagonist in the generation of value based on knowledge. In this paper, OTCs are understood as technological tools to support the creation and management of competences in networks of individuals, groups, organizations or regions, in different socioeconomic domains. From the application of the CommonKADS Methodology, organization model and Design Science Research (DSR) method, a system for the development of OTCs was developed and applied. The systematic was applied in Project Reference in the energy sector. As a result, we obtained support for the design, specification, development and implementation of the Observatory, including attributes that make it possible to become a knowledge management practice in the organization.

Keywords: knowledge; knowledge building; observatory; technological knowledge

observatories; co-production.

(9)

9 LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Contexto da dissertação no domínio de Observatórios. ... 19

Figura 2 – Áreas do conhecimento relacionadas a Observatório de Conhecimento ... 22

Figura 3 – Estrutura do trabalho ... 23

Figura 4 – Espiral do conhecimento ... 37

Figura 5 – Representação esquemática dos processos do ciclo do conhecimento ... 38

Figura 6 - Visão geral da metodologia CommonKADS ... 46

Figura 7 – Tabelas do Modelo Organizacional do CommonsKads ... 48

Figura 8 – Framework de análise e desenvolvimento para bens comuns ... 50

Figura 9 – Pesquisas em GC ... 54

Figura 10 – Metodologia em pesquisas de sistemas de informação (Pimentel) ... 57

Figura 11 - Etapas da Design Science Research ... 58

Figura 12 - DRS ... 58

Figura 13 – Programa de ação da Rede do Projeto Experimental ... 63

Figura 14 – PEC para inserção de Observatórios Tecnológicos ... 66

Figura 15 – Compreensão do espaço da solução ... 69

Figura 16– Procedimentos realizados para coleta dos dados ... 86

Figura 17 – Reunião com os coordenadores de projetos ... 86

Figura 18 -Atores envolvidos nas Oficinas ... 88

Figura 19 - Primeira Oficina do Projeto Referência ... 88

Figura 20 – Dinâmica realizada no projeto referência ... 89

Figura 21 – Modelo Canvas ... 90

Figura 22 - Dados do Primeiro Canvas da Dinâmica 1 ... 91

Figura 23 - Segunda Dinâmica - Oficina 1 do Projeto Referência ... 92

Figura 24 - Canvas da dinâmica 3 - oficina 1 do projeto referência ... 93

Figura 25 -– Funcionalidades do Observatório Tecnológico de Conhecimento ... 94

Figura 26 – Interface de acesso aos recursos do OTC ... 95

Figura 27 – Listagem de especialistas ... 96

Figura 28 - Opções de filtros de titulação máxima por ano ... 97

Figura 29 – Opções de filtros de formação acadêmica por nível de formação ... 98

Figura 30 – Listagem de produção ... 99

Figura 31 – Opções de filtro sobre titulação máxima, formação, tipo e área da produção ... 99

Figura 32 – Opções de filtro de formação acadêmica, instituição de formação ... 100

Figura 33 – Qual o perfil dos especialistas ... 101

Figura 34 - Distribuição de especialistas por área da formação acadêmica e nível da titulação acadêmica ... 101

Figura 35 - Atualização da base de currículos Lattes ... 102

Figura 36 - Inclusão da Ontologia no Observatório Tecnológico de Conhecimento ... 102

Figura 37 - Taxonomia de Desenvolvimento Sustentável do NAMA (ONU). ... 104

Figura 38 – Serviços de localização do Observatório de Conhecimento ... 106

(10)

10

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Teses e Dissertação do EGC parcialmente relacionadas sobre o Tema ... 20

Quadro 3 – Definições de observatórios e definições que compartilham a visão sobre o termo “Observatório” ... 26

Quadro 4 – Tipos de observatórios segundo sua natureza ... 29

Quadro 5 - Tipos de observatórios segundo a missão que realizam ... 29

Quadro 6 - Classificações e análise das diversas definições de observatório... 30

Quadro 7 – Natureza e missão dos observatórios ... 31

(11)

11 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas DSR – Design Science Research

EC – Engenharia de Conhecimento

FPTI - Fundação Parque Tecnológico Itaipu-Brasil GC – Gestão do Conhecimento

GCO - Gestão do Conhecimento Organizacional

PPGEGC – Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento ICTI - Instituição de Ciência, Tecnologia e Inovação

OC - Observatório de Conhecimento

OTCs - Observatórios Tecnológicos de Conhecimento PGC - Prática de Gestão do Conhecimento

SBC - Sistemas Baseados em Conhecimento TICs - Tecnologias de Inovação e Conhecimento UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina

UNIOESTE – Universidade Estadual do Oeste do Paraná

(12)

12

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 14

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMA DE PESQUISA ... 14

1.2 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA ... 16

1.2.1 Motivação ... 16

1.2.2 Relevância da pesquisa... 17

1.3 OBJETIVOS ... 18

1.3.1. Objetivo geral... 18

1.3.2. Objetivos específicos ... 18

1.4. DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ... 18

1.5. ADERÊNCIA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EGC ... 18

1.6. ESTRUTURA DO TRABALHO ... 23

2. FUNDAMENTAÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA ... 25

2.1 OBSERVATÓRIOS ... 25

2.1.1 Origem e conceitos de observatórios ... 25

2.1.2 Classificação dos observatórios ... 28

2.1.3 Observatórios Tecnológicos de Conhecimento (OTCs) ... 33

2.2 GESTÃO DO CONHECIMENTO ... 33

2.2.1 Conhecimento ... 34

2.2.2 Criação do conhecimento ... 35

2.2.3 Processos do ciclo do conhecimento ... 37

2.2.5 Práticas, métodos e técnicas de gestão do conhecimento ... 40

2.2.6 Definição de Engenharia do conhecimento ... 44

2.2.7 Metodologia CommonKADS ... 44

2.3 COPRODUÇÃO ... 49

2.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 52

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 53

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ... 53

54 54 54 3.1.1 Quanto ao paradigma: pluralismo pragmático ... 54

3.1.2 Quanto ao método: quali-quantitativo ... 55

3.1.3 Quanto a abordagem: Design Science Research (DSR) e Exploratória ... 55

3.2.2 Quanto à natureza: pesquisa aplicada ... 55

3.2.3 Quanto a abordagem: exploratória ... 56

3.3 DESIGN SCIENCE RESEARCH (DSR) ... 56

3.3.1 Etapa I – Identificação do problema e motivação ... 59

3.3.2 Etapa II – Definição dos objetivos da solução ... 61

3.3.3 Etapa III – Projeção e desenvolvimento ... 61

3.3.4 Etapa IV – Demonstração ... 62

3.3.5 Etapa V – Avaliação ... 64

3.3.6 Etapa VI – Comunicação / Divulgação ... 65

3.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 65

4. SISTEMÁTICA PARA ADOÇÃO DE OTCs COMO PGCs ... 66

4.1. SISTEMÁTICA DE DESENVOLVIMENTO DE OTC ... 67

4.1.1. Passo 1 - Compreensão do Espaço Problema ... 67

4.1.2. Passo 2 – Compreensão do espaço da solução (OTC) ... 69

(13)

13

4.1.3. Passo 3 – Produção da solução ... 72

4.2.4. Passo 4 – Implantação do Observatório ... 73

4.2.5. Passo 5 – Acompanhamento da solução (OTC) ... 74

5. CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS ... 76

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 78

ANEXO A ... 86

APLICAÇÃO DA SISTEMÁTICA NO PROJETO DE REFERÊNCIA ... 86

Passo 1 - Compreensão do Espaço Problema ... 86

Passo 2 – Compreensão do espaço da solução (OTC) ... 94

Passo 3 – Produção da solução (OTC) ... 95

Passo 4 – Implantação do Observatório ... 105

Passo 5 – Acompanhamento da solução (OTC) ... 107

Considerações Finais ... 107

(14)

14

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMA DE PESQUISA

Nas últimas décadas, a globalização e as rápidas mudanças tecnológicas proporcionaram o acentuado aumento de interesse das organizações pelo processo de aprendizagem organizacional e pela busca do conhecimento (PERIN et al, 2006). As organizações da era do conhecimento utilizam fatores determinantes do desempenho organizacional sustentável, como uma forma de desenvolver competências essenciais que melhorem o seu desempenho por meio da criação de novos conhecimentos. Nesse ambiente, a aprendizagem organizacional, a renovação estratégica e a mudança tecnológica são fatores de impacto à melhoria do desempenho organizacional (NOGUEIRA E ODELIUS, 2015).

Nesse sentido, as organizações precisam agir de forma rápida e precisa para obterem sucesso. Por isso, o conhecimento e a informação são fatores chaves para o aumento da competitividade. Isso significa dizer que as organizações que utilizam ferramentas tecnológicas de gestão do conhecimento e, especialmente, adotam boas práticas nas relações humanas e socioeconômicas conseguem alcançar de forma eficaz o sucesso.

Com o advento da sociedade do conhecimento, informação e conhecimento tornaram- se fatores de desenvolvimento social, político, cultural e econômico de um país. Entre os instrumentos decorrentes estão os chamados Observatórios de informação e conhecimento, que têm papel fundamental na tomada de decisões, na concepção, e avaliação de políticas públicas (ORTEGA E VALLE, 2010).

Esta relevância contemporânea, no entanto, possui precedentes. No final do século XX, como consequência da ampla visão proporcionada pelos observatórios na evolução dos fenômenos e acontecimentos culturais, surgem principalmente na Europa, diversos observatórios culturais, influenciados por universidades, instituições públicas e organizações internacionais. A presente proliferação dos observatórios deve-se à demanda pela sistematização das várias fontes de informação em uma fonte de informação referencial.

Observatórios respondem a essa crescente demanda por fontes integradas, provendo dados acessíveis e confiáveis e facilitando o acesso à informação e ao conhecimento (ORTEGA E VALLE, 2010).

As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) proporcionaram muitas

mudanças nos processos nas organizações, levando-as a buscarem a compreensão dos novos

(15)

15 posicionamentos estratégicos e mudanças, assim como a identificar novas oportunidades e obstáculos a serem enfrentados pelas organizações.

Essa missão integradora distingue o papel central de observatórios, que não definem as políticas e sim ofertam dados e informações para subsidiar a tomada de decisão por parte de seus responsáveis (FILHO, 2010, p. 108).

A demanda por informações estruturadas em processos de tomada de decisão ocorre em diversos contextos de referência, incluindo setores econômicos, perfil organizacional, área de geração de valor. Por outro lado, a resposta à demanda também é variada, podendo ser tratada por novos processos, setores ou instrumentos organizacionais. Como resultado, observatórios encontraram variabilidade na demanda e na oferta de suas soluções e, com isso, não dispõem de um referencial de consenso na literatura (ZERVAS; SAMPSON, 2007).

Entre as áreas de tomada de decisão mais relevantes está a gestão por competências organizacionais. Esse processo é responsável por gerir o principal protagonista de geração de valor em organizações da sociedade do conhecimento. Nesse contexto decisório, surgem os chamados “Observatórios de conhecimento”. A exemplo do que ocorre para o conceito geral de observatórios, não há uma definição de consenso para Observatório de conhecimento.

Nesse sentido, um Observatório de Conhecimento (OC) pode apoiar as tomadas de decisão para que as competências da organização possam fornecer benefícios importantes para os indivíduos e as organizações. Para o indivíduo, observatórios podem ajudar na identificação de competências que precisam ser desenvolvidas a fim de melhorar os padrões de desempenho ou no alinhamento de comportamento dos indivíduos com as estratégias organizacionais (ZERVAS; SAMPSON, 2007).

Além de ajudar os processos de GC e da aprendizagem, observatórios podem ajudar na identificação de lacunas de competência da unidade de negócios, na elaboração de programas de desenvolvimento de competências para melhorar o desempenho dos colaboradores no apoio à gestão de talentos, bem como, na melhoria efetiva utilização do potencial global de recursos humanos (ZERVAS; SAMPSON, 2007).

Em que pese essa gama de possibilidades, poucos estudos específicos diferenciam

observatórios de conhecimento de bancos de talentos ou de outras práticas de GC relacionadas

à gestão da informação. A literatura ainda não apresenta trabalhos com sistemática de

implantação de um Observatório de Conhecimento como elemento estratégico ao cumprimento

de metas empresariais. O que caracteriza o problema de saber como promover o alinhamento

de um observatório tecnológico de conhecimento e à estratégia organizacional.

(16)

16 Entre os modelos de observatórios pesquisados na literatura e, também, em vários casos concretos de desenvolvimento desses instrumentos, percebe-se que os observatórios, quando bem alinhados à estratégia, podem trazer resultados de impacto à efetividade organizacional. Para tal, um observatório deve inserir-se entre as práticas de gestão do conhecimento organizacional.

Além disso, a literatura permite identificar três tipos de observatórios (unidades organizacionais, processos ou instrumentos tecnológicos), com diferentes missões organizacionais. Neste trabalho, focamos mais especificamente nos Observatórios de conhecimento instrumentais – aqui denominados OTCs (Observatórios Tecnológicos de Conhecimento) – que são plataformas tecnológicas, que acessam repositórios de dados e informações, podem incluir recursos ontológicos e inferências de conhecimento, para dar suporte à tomada de decisão.

Assim, nesta dissertação, buscou-se responder a seguinte questão de pesquisa: “Como uma organização pode adotar um Observatório Tecnológico de Conhecimento (OTC) como uma Prática de Gestão do Conhecimento (PGC)?”.

1.2 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

1.2.1 Motivação

A motivação deste trabalho alicerça-se em dois eixos: na contribuição científica e no potencial tecnológico desse trabalho. Não se trata de um mestrado profissional, mas sim de um mestrado acadêmico, em que o mestre deve demonstrar sua capacidade de compreender e contribuir com o conhecimento científico, incorporando-o a uma técnica/tecnologia. A justificativa científica expõe a lacuna de conhecimento do tema, a fase crescente de produção científica sobre OTCs e a busca de uma literatura consistente sobre o assunto, que não só que conceitualize e diferencie, mas também que oriente como levar isso para uma realidade organizacional (ZERVAS; SAMPSON, 2007).

No segundo eixo a motivação pessoal para realizar tal pesquisa, que apresenta a

trajetória e a experiência da pesquisadora na área de Engenharia e Gestão do Conhecimento

especificamente em OTCs no Instituto Stela, resultando em melhor qualificação para melhor

atuação na área de Pesquisadora, e no meio acadêmico, especificamente no curso de Mestrado

de EGC da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ponto fundamental em pesquisas

qualitativas, como aponta Creswell (2010).

(17)

17 Outrossim, na medida em que a revisão de literatura indica a ausência de estudos sobre o alinhamento entre o propósito de um OTC e a estratégia organizacional em que se insere, bem como sobre métodos de implantação desses instrumentos como uma das estratégias de gestão do conhecimento organizacional (ZERVAS; SAMPSON, 2007).

Neste cenário, acredita-se que OTCs podem auxiliar de forma substancial no fornecimento de informações, no apoio à tomada de decisão, na proposição e identificação de novos negócios, na integração e no compartilhamento das informações nas organizações. Para tal, a tarefa de identificar a melhor maneira de tratá-lo consiste em um processo estratégico para a organização, em que se estabelecem procedimentos para inserção do OTC de acordo com sua realidade, com os propósitos específicos, com a missão do instrumento e sua relação com as demais ações de gestão do conhecimento na organização (COSTA et al., 2008).

Não existe uma fórmula sobre como buscar esse alinhamento e a melhor configuração de um OTC, o que pressupõe um conjunto de desafios e demandas para essa pesquisa. Nesse sentido, propõe-se, a partir da literatura e da aplicação em um projeto referência real, definir uma sistemática que possa ser seguida para alinhamento de um OTC à estratégia da organização que o adota como instrumento de apoio à decisão.

1.2.2 Relevância da pesquisa

OTCs apoiam as organizações que necessitam: 1) encontrar e localizar pessoas; 2) instrumentalizar as organizações; 3) contextualizar uma área ou função quanto a uma temática de interesse a um determinado grupo de indivíduos; 4) promover trabalho colaborativo; 5) integrar dados de especialistas e conteúdos às várias facetas de seu OTC (INSTITUTO STELA, 2017).

De forma geral, os observatórios não se restringem ao ambiente organizacional em que são inseridos. No âmbito social, um observatório pode contribuir também na oferta de inovações às organizações, buscando favorecer a integração e a interação de seus atores.

A relevância da presente pesquisa está em seu potencial de apoio às organizações em

realizar o plano e a implementação de um OTC de modo a facilitar sua inserção como mais uma

de suas práticas de gestão do conhecimento, demanda de gestão organizacional aplicável tanto

em organizações empresariais como sociais ou governamentais.

(18)

18

1.3 OBJETIVOS

1.3.1. Objetivo geral

O objetivo geral da pesquisa é propor uma sistemática para a adoção de Observatórios de Tecnológicos de Conhecimento (OTCs) como Prática de Gestão do Conhecimento (PGC) organizacional.

1.3.2. Objetivos específicos

Para tal, esta pesquisa possui os seguintes objetivos específicos:

1. Caracterizar as relações entre OTC e outras Práticas da Gestão do Conhecimento - PGC;

2. Identificar os elementos que devem ser considerados na estruturação de um OTC e de boas práticas/desafios/oportunidades para a implementação de Observatórios;

3. Verificar a aplicabilidade da sistemática por meio da estruturação de um OTC.

1.4. DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

O escopo da presente pesquisa compreende a proposição de sistemática para a adoção de OTCs com a caracterização de sua estrutura, suas funcionalidades e seu modo de operacionalização.

1.5. ADERÊNCIA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EGC

O Programa de Pós-Graduação e Engenharia de Gestão do Conhecimento - PPGEGC tem por escopo a pesquisa e formação em que conhecimento é percebido como “produto, processo e resultado de interações sociais e tecnológicas entre agentes humanos e tecnológicos”

(UFSC, 2014).

No PPGEGC, concebido por visão inter e multidisciplinar, conhecimento é conteúdo ou

processo efetivado por agentes humanos ou artificiais em atividades de geração de valor

científico, tecnológico, econômico, social ou cultural (PACHECO, 2014). Entende-se que o

trabalho ocorre na interface entre a Engenharia do Conhecimento - EC e Gestão do

(19)

19 Conhecimento - GC, pois tratamos “Observatórios” como tecnologias de conhecimento (EC) que devem apoiar a missão organizacional (GC).

Como ilustrado na Figura 1, esta dissertação contextualiza-se no domínio de estudos sobre Observatórios, como meios de apoio à gestão organizacional. Importante salientar que Observatório, enquanto prática de IC está focado em Informação, já Observatório, enquanto prática de GC está focado em Conhecimento.

Figura 1 – Contexto da dissertação no domínio de Observatórios.

Fonte: Elaborada pela autora

Das três concepções presentes na literatura, esta dissertação trata de Observatórios como tecnologias de conhecimento (OTCs). Das três atividades principais no desenvolvimento de um Observatório, o trabalho está focado na Modelagem. Espera-se contribuir para que os grupos responsáveis por criar OTCs modelem estas tecnologias com maior possibilidade para que se tornem futuras práticas de gestão do conhecimento organizacional.

Assim, especificamente em relação à aderência ao PPGEGC, esta dissertação guarda

relação tanto com estudos realizados sobre Observatório como sobre Práticas de Gestão do

Conhecimento Organizacional.

(20)

20 No Banco de Teses e Dissertações do EGC, a busca referente ao tema Observatório resultou em uma tese sobre o modelo de gestão pública por indicadores de sustentabilidade em associação com observatórios urbanos (AMIN, 2010), uma tese sobre modelo de observatório para arranjos produtivos locais (TRZECIAK, 2009). Os trabalhos constam no Quadro 1.

Quadro 1 – Teses e Dissertação do EGC parcialmente relacionadas sobre o Tema

Autor/Tema Ano T/D

Amin, Esperidião H. F. Um modelo de gestão pública por indicadores de sustentabilidade em associação com observatórios urbanos.

2010 T

Trzeciak, Dorzeli S. Modelo de observatório para arranjos

produtivos locais. 2009 T

Fonte: Dados do Banco de Teses e Dissertações do EGC/UFSC

Foram encontradas outras Teses e Dissertações do EGC, referentes aos temas de Sistemática, diretrizes e práticas de GC da pesquisa que constam listadas a seguir.

• ALARCON, Dafne Fonseca. Diretrizes para práticas de gestão do conhecimento na educação à distância. Tese, 2015. Este capítulo deve ser ampliado, com a retomada dos objetivos, procedimentos metodológicos adotados (como o DSR deu vida às diretrizes), relação das principais diretrizes e, principalmente, discussão das limitações e delimitações do trabalho para ensejar trabalhos futuros.

• DÁVILA, Guillermo Antonio. Relações entre práticas de gestão do conhecimento, capacidade absortiva e desempenho: Evidências do Sul do Brasil. Tese, 2016.

• JUNIOR, Egon Sewald. Sistemática para Representação de Conhecimento Judicial baseado em Colaboração, Consenso e Reputação. Tese, 2017

• KRAUSE, Micheline Guerreiro. Marketing interno em apoio às práticas de

gestão do conhecimento em organizações de base tecnológica. Dissertação,

2014.

(21)

21

• MAFRA, Priscilla Martins Ramos. Proposta de uma sistemática para a modelagem de risco de crédito sob a perspectiva da teoria da resposta ao item. Tese, 2010.

• MARTINS, Pablo Procópio. Identificação de ferramentas e técnicas da gestão do conhecimento para a promoção do sucesso de projetos de governo eletrônico. Dissertação, 2018.

• SANTOS, Paloma Maria. Framework de apoio à democracia eletrônica em portais de governo com base nas práticas de gestão do conhecimento. Tese, 2014.

Além dos trabalhos que tratam de práticas de gestão do conhecimento, pois a proposta desse trabalho é ver Observatório de Conhecimento como instrumento/prática de gestão do conhecimento, nesse sentido, seguem alguns trabalhos que definiram prática de GC e como as diretrizes se classificam neste universo de recursos.

• BENÍTEZ HURTADO, Segundo Raymundo. Práticas de Gestão do Conhecimento no Processo de Formação de Docentes em uma Universidade Privada do Equador. Dissertação, 2012.

• CARREIRA, Suely da Silva. Diretrizes para Práticas de Gestão do Conhecimento nas Organizações de Economia de Comunhão à Luz do Perfil do Empreendedor Social. Tese, 2017.

• DE SÁ, Mohana Faria. Avaliação de Práticas de Gestão do Conhecimento de Parques Tecnológicos: Uma Proposta para apoio à Gestão Pública. Tese, 2011.

• NUNES, Israel Honorino. Diretrizes estratégicas para o desenvolvimento de comunidades de prática na área comercial de uma empresa de distribuição de energia elétrica. Tese, 2012.

• SOUZA, Gabriela Mattei de. Indicações geográficas: práticas de gestão do conhecimento aplicáveis no processo de organização dos produtores para reconhecimento de indicações de procedência. Dissertação, 2013.

• SILVEIRA, Roberto Martins da. Diretrizes para implantação da gestão do

conhecimento no centro de ensino da polícia militar do Estado de Santa

Catarina – CEPM. Tese, 2013.

(22)

22 Outrossim, a presente pesquisa está aderente ao programa de Engenharia e Gestão do Conhecimento ( Figura 2 ), pois está relacionada com as diversas temáticas tratadas no Programa, tais como: Estratégias de GC (gestão por competências, memória organizacional e inteligência competitiva); Práticas de GC (redes sociais corporativas, banco de talentos, mapas de conhecimento e ontologias organizacionais); Disciplinas de Gestão do Conhecimento (engenharia do conhecimento, gestão do conhecimento, planejamento de sistemas de informações).

Figura 2 – Áreas do conhecimento relacionadas a Observatório de Conhecimento

Fonte: Elaborada pela autora

Em termos distintivos aos trabalhos previamente realizados, esta dissertação busca

combinar aprendizados das áreas de estudo sobre Observatórios, modelagem de sistemas de

conhecimento e inserção de práticas de gestão do conhecimento organizacional. Espera-se,

assim, contribuir com o PPGEGC agregando mais um estudo no domínio de interface entre as

áreas de concentração de Engenharia e Gestão do Conhecimento.

(23)

23

1.6. ESTRUTURA DO TRABALHO

Na Figura 3 , a seguir, está apresentada a estrutura do documento desta dissertação.

Figura 3 – Estrutura do trabalho

Fonte: Elaborado pela Autora.

Neste primeiro capítulo, foram apresentadas a introdução e a contextualização da pesquisa, a sua justificativa e relevância, assim como a aderência ao PPEGC.

O segundo capítulo refere-se à fundamentação teórica sobre os temas que embasam a pesquisa: Observatórios (conceituação e surgimento dos observatórios, classificação e delimitação da dissertação em OTCs); Gestão do Conhecimento (conceitos básicos sobre conhecimento, gestão do conhecimento e práticas, métodos e técnicas de GC); Engenharia do Conhecimento (contextualização, áreas de contribuição de EGC, metodologia CommonKADS) e a Coprodução (como processo de facilitação do engajamento organizacional).

O terceiro capítulo está relacionado à abordagem metodológica adotada, assim como a delimitação da pesquisa e sua classificação. Apresenta-se o método Design Science Research (DSR) e a estratégia de participação em projetos de referência para elaboração da proposta do trabalho.

O quarto capítulo apresenta o desenvolvimento experimental no qual foi identificada a sistemática para implantação de um OTC como prática de GC organizacional. Ao final, são

• Introdução e a contextualização da pesquisa,

• Justificativa e Relevância

• Aderência ao PPEGC

Capítulo I

• Fundamentação teórica

• Observatórios e OCTs

• GC e PGC

Capítulo II

• Abordagem metodológica adotada

• Design Science Research (DSR)

Capítulo III

• Desenvolvimento Experimental

• Sistemática para adoção de OCTs

Capítulo IV

• Conclusões

• Futuros trabalhos

Capítulo V

(24)

24 listadas as considerações finais, as referências bibliográficas consultadas durante a construção da pesquisa, apêndices e anexos.

E por último o quinto capítulo que trata das considerações finais e dos trabalhos futuros.

(25)

25

2. FUNDAMENTAÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA

Este capítulo visa apresentar os principais temas que envolvem a pesquisa, bem como, os principais trabalhos disponíveis na literatura que guardam relação com o contexto e objetivos da dissertação.

Para tal, inicialmente, são apresentados os conceitos, classificação e tipos de observatórios.

Na seção seguinte, abordam-se a gestão do conhecimento (GC) e os macroprocessos referentes ao ciclo do conhecimento organizacional, incluindo os processos de criação do conhecimento, armazenamento, transferência e disseminação do conhecimento. Também são discutidas as práticas de GC, construto de referência para esta dissertação.

Além disso, também é abordada a engenharia do conhecimento e, mais especificamente nas interfaces de contribuição da engenharia à gestão do conhecimento e a metodologia CommonKADS, como contribuição às fases de planejamento, concepção e projeto de sistemas de conhecimento.

Por fim, a coprodução como meio de interação entre os agentes para a formação do conhecimento compartilhado.

2.1 OBSERVATÓRIOS

2.1.1 Origem e conceitos de observatórios

Historicamente, o termo “observatório” tem gênese no exercício da ciência astronômica, sendo utilizado para designar uma instituição ou prédio que é projetado e equipado com o fim específico de realizar observações de fenômenos meteorológicos e astronômicos. Dessa designação gênese, o termo também passou, com o tempo, a identificar qualquer prédio ou estrutura que permita visualizar a sua vizinhança (HEMMINGS; WILKINSON, 2003).

O advento da sociedade da informação trouxe a demanda por monitorar setores, fatores,

mecanismos e atores em diversos segmentos da atividade econômica. Com isso, o termo

observatório deixou de ser uma definição exclusiva da ciência da Astronomia para designar

unidades organizacionais, processos ou mesmo ferramentas criadas para apoiar as organizações

e os tomadores de decisão em suas atividades de planejamento e gestão.

(26)

26 No Quadro 2 há um conjunto de definições de Observatórios disponíveis na literatura.

Como se pode verificar, há diferentes formas de conceber o que se entende por um observatório.

Assim, há dificuldade de se obter uma definição de consenso sobre o termo “Observatório”.

Quadro 2– Definições de observatórios e definições que compartilham a visão sobre o termo

“Observatório”.

Autores Definição Como vêm

Observatórios

Maioriano

(2003)

“Organismos auxiliares, colegiados e de integração plural, que

devem facilitar uma melhor informação à opinião pública e propiciar a tomada de ações concretas por parte das autoridades responsáveis”.

Estrutura com missão voltada ao apoio à tomada de decisão.

Köptcke (2007)

“Dispositivos de reunião, produção e compartilhamento de

informação e conhecimento que permitem aos diferentes atores sociais, melhor compreender, avaliar e participar da transformação

e do debate acerca de um certo fenômeno ou dimensão da cultura”.

Dispositivos para melhor compreender e atuar sobre um fenômeno.

Patiño (2007)

Local ou instância que serve para fazer observações por meio do estudo e aplicação de indicadores de medição de situações e contextos específicos; é um mecanismo que serve para estudar – a partir de observações sistemáticas – o comportamento e a evolução de fatos ou atos, com vista a influenciá-los de alguma maneira no futuro. Também é concebido como uma instância que examina e avalia o desenvolvimento de determinadas ações, visando a sua comparação com expectativas, finalidades ou padrões definidos para tal questão.

Tanto local como mecanismo ou instância de análise e observação de fatos ou atos.

Phelan (2007)

“Unidade encarregada de seguir, de maneira permanente e ampla, a

evolução do território, cidade, município ou comunidade, com o objetivo de oferecer informação e conhecimento, tanto aos atores que tomam decisões como àqueles que estão envolvidos no

desenvolvimento local”.

Unidade organizacional que monitora território, cidade, município ou comunidade e oferece informação para tomada de decisão.

Walteros

Ruiz (2008)

“Instrumentos que abordam o caráter complexo e multifacetado dos

fenômenos sociais. Concentram-se na análise, acompanhamento e fiscalização de situações políticas e públicas”.

Instrumento de análise de fenômenos sociais.

Odam

(2009)

“Interação e interesse de reflexão entre os atores estratégicos, com a

finalidade de executarem ações ou apoiarem as políticas públicas em uma área do desenvolvimento”.

Sistemática de interação e reflexão entre atores (coprodução).

Trzeciak

(2009a)

“Dispositivo de observação criado por um ou vários organismos,

para acompanhar a evolução de um fenômeno, de um domínio ou de um tema estratégico, no tempo e no espaço”

Dispositivos para acompanhar fenômenos ou setores.

Trzeciak

(2009b)

“Mecanismo que fornece informações estratégicas para auxiliar na

identificação de ameaças, oportunidades e tendências, além de oferecer subsídios à tomada de decisão de um determinado setor”.

Mecanismo de oferta de informações.

Botero e Quiroz (2010)

“Espaços, instrumentos, meios, formas de organização ou técnicas

cuja finalidade é observar, registrar, analisar um fenômeno da realidade, seja social, político ou econômico de um território nacional, regional ou local, com a finalidade de produzir informação para que seja levada em conta ou discutida em um cenário de

incidência em políticas públicas.”.

Tanto instrumentos como espaços ou unidades organizacionais que analisam e geram informações de apoio à decisão.

Enjuto

(2010)

“Processo de construção de informação e conhecimento sobre a própria realidade e campo de ação“.

Processo de informação e

conhecimento.

(27)

27 Silva et. al.

(2013)

“Centros de observação, monitoramento e análise da realidade de

um tema, reunindo informações, produzindo conhecimentos, reflexão crítica e disseminado o resultado de tais ações para um

determinado público.”.

Unidade organizacional de monitoramento.

Fonte: (PACHECO E BATISTA, 2016).

Desse estudo conclui-se que, apesar de não haver consenso sobre a definição de observatório, a maioria dos autores compartilha a visão de que um observatório deve dedicar- se à missão de apoiar a tomada de decisão, com mecanismos que alteram desde a coleta e o tratamento de informações até ambientes de reflexão e coprodução com atores interessados.

Além disso, percebe-se que há três classes de concepções de Observatórios, que podem ser percebidos como uma unidade organizacional, um processo ou uma ferramenta ou tecnologia de apoio estratégico à decisão.

Seguindo a concepção de unidades organizacionais existem os centros de conhecimento que, tanto no Brasil como em outros países, têm recebido a denominação “observatórios”. Esses observatórios são centros de monitoramento, observação e análise de realidade de um tema, reunindo informações, produzindo conhecimentos e reflexão crítica, e disseminando o resultado das ações para um público determinado (SILVA ET AL., 2013a; 2013b).

Ainda na concepção como unidade organizacional, segundo COSTA et al. (2008), um Observatório é uma “estrutura destinada à observação, sistematização e difusão de conhecimento sobre os diversos aspectos da realidade que se propõe a examinar” (p.18). Os autores salientam a diversidade tipológica e operacional dessas unidades organizacionais, de acordo com ações que desenvolvem, metodologia que empregam, e os papéis que realizam.

Para Gusmão (2005, p.1031), a principal missão de um observatório é “viabilizar a agregação, sistematização e tratamento ‘inteligente’ e coordenado de uma enorme gama de dados, oriundos de fontes diversas (nacionais e internacionais), de forma a garantir um maior grau de compatibilidade, complementaridade e comparabilidade entre eles”.

Silva et al. (2013a) mostram que o conceito de observatório se posiciona em torno das seguintes práticas e aspectos: informação, dados e conhecimento; análise, produção e difusão;

coordenação, integração e intermediação; debate, diálogo e consenso; educação, construção e facilitação; técnico, político e social; referência, excelência e inovação; ideia, reflexão e ação.

Entretanto, observatórios precisam superar a “síndrome do repositório”, onde se limita

à adoção de um perfil de registro, reprodução e armazenamento de informações. É importante

(28)

28 que os observatórios atuem como bancos ou bases de dados, informações e conhecimentos, com acesso fácil, mas não somente se identifiquem com esse enfoque (SILVA et al., 2013a).

Em sistemas de inovação, observatórios têm a função de coletar e analisar informação para conhecer a prestação de serviços de informação com valor agregado, a capacidade do país em períodos determinados e a produção de indicadores que auxiliem na tomada de decisão dos diferentes atores envolvidos (universidades, governos, empresas etc.) (DE LA VEJA, 2002).

Os observatórios podem ser informativos, passivos, analíticos e disseminar informação mais detalhada, para ser um local de referência, por isso, devem ser cautelosos, já que não há informação imparcial (TRZECIAK, 2009).

Segundo Albornoz e Herschmann (2006), a função do observatório está ligada às seguintes atividades:

• aplicar metodologias para classificar, codificar e categorizar informações;

• elaborar e compilar bases de dados;

• conectar organizações e pessoas que trabalham em áreas similares;

• analisar tendências e publicações;

• aplicar novas ferramentas técnicas específicas.

A pesquisa sobre estudos tratando de observatórios permite concluir que esse termo tem sido utilizado para designar três construtos: (i) unidades organizacionais responsáveis por suporte à tomada de decisão; (ii) ferramentas criadas para apoiar a tomada de decisão, a partir da demanda de monitorar atores; e (iii) processos e mecanismos dedicados à análise estratégica de informação sobre diversos segmentos da atividade econômica, conforme descrito na seção a seguir.

2.1.2 Classificação dos observatórios

A natureza dos observatórios é entendida como a forma com que se materializa para efetivar a sua missão (PACHECO E BATISTA, 2016). Em pesquisas anteriores verificam-se que há três tipos de observatórios, de acordo com a natureza e com a missão que devem cumprir em uma organização, conforme podemos observar no Quadro 3 a seguir.

Nesse sentido, observatórios podem ser: Unidades Organizacionais, Mecanismos ou

Processos na Organização ou, ainda, Instrumento, tecnologia ou ferramenta de apoio à tomada

de decisão organizacional, conforme Quadro 3 a seguir (BATISTA, et al, 2016).

(29)

29 Quadro 3 – Tipos de observatórios segundo sua natureza

Fonte: (PACHECO E BATISTA, 2016)

Como podemos observar no quadro acima, Observatórios podem ser processos ou mecanismos, estruturas organizacionais, ou, instrumentos que efetivam a sua missão (PACHECO E BATISTA, 2016). A missão dos diferentes tipos de observatório pode variar, conforme Pacheco e Batista (2016), eles possuem três tipos de missão que se complementam nas funções exercidas. Existe uma relação crescente de acréscimo de funções entre os tipos A até C.

Conforme Quadro 4 o Tipo A realizam estudos e análises de potencial uso para tomadores de decisão, o Tipo B realizam estudos, análises e monitoramento setorial por meio de indicadores, enquanto os do Tipo C é o observatório que tem a missão mais completa, ou seja, realiza estudos e análises para apoiar a tomada de decisão (Tipo A), e possui indicadores e sistemas de monitoramento e acompanhamento (Tipo B), assumindo o compromisso da comunicação com os atores interessados (BATISTA et al, 2016).

Quadro 4 - Tipos de observatórios segundo a missão que realizam

(30)

30 Fonte: Batista et al, 2016

De acordo com as definições de observatórios encontradas na literatura por Batista et al (2016), existem diferentes classificações quanto à natureza e ao tipo de missão, conforme Quadro 5 a seguir.

Quadro 5 - Classificações e análise das diversas definições de observatório

Autores Público-alvo Missão Tipo Natureza Tipo

MAIORIANO

(2003) Opinião pública e autoridades responsáveis

Facilitar informação e

propiciar tomada de decisão. A Organismo auxiliar, Colegiado.

1

KÖPTCKE

(2007) Diferentes

atores sociais Facilitar compreensão, avaliação e participação em debates.

A Dispositivos de reunião, produção, compartilhamento de informação e conhecimento (Coprodução).

2

PATIÑO (2007)

Analista de domínio

implícito

Fazer observações e estudo do comportamento e evolução de fatos ou atos ou examinar e avaliações ações

comparativamente a padrões definidos.

A Local, instância ou mecanismo.

1

PHELAN

(2007) Atores que tomam decisões sobre desenvolvimen to local

Seguir evolução de território, cidade ou comunidade para oferecer informação e conhecimento.

B Unidade

organizacional 1

COSTA et. al.

(2008)

Analista (implícito)

Observar, sistematizar e difundir Conhecimento.

C Estrutura 1

(31)

31 WALTEROS

RUIZ (2008) Interessados em governança pública

implítico

Abordar fenômenos sociais por meio da análise,

acompanhamento e fiscalização pública.

B Instrumento 3

ODAM (2009) Atores estratégicos em políticas públicas

Abrir espaço para reflexão e discussão para apoiar a execução de políticas públicas em áreas temáticas.

C Instância de reflexão e discussão

1

TRZECIAK

(2009a) Uma ou várias

organizações Acompanhar a evolução de um fenômeno, domínio ou tema estratégico no tempo e no espaço.

B Dispositivo de

observação 3

TRZECIAK (2009b)

Tomadores de decisão em desenvolvimen to e

competitividad e (implícito)

Fornecer informações estratégicas para a identificação de ameaças, oportunidades e tendências e para tomada de decisões setoriais para melhoria da competitividade.

A Mecanismo 2

BOTERO E QUIROZ (2010)

Gestores públicos (implícito)

Observar, registrar, analisar fenômeno da realidade social, política ou econômica de um território, região no apoio a políticas públicas.

A Espaço, instrumento, meios, técnicas ou forma

organizacional.

1, 2 e 3

ENJUTO (2010)

Gestores públicos (implícito)

Compilar informação setorial, diagnosticar situações, prever evolução e produzir

informações (comunicação) para tomada de decisão.

C Estrutura 1

Fonte: Batista et al, 2016.

O Quadro 6 a seguir representa as diversas naturezas e missões dos observatórios, partindo das suas características e explicitação dos seus objetivos, especialistas projetam suas escolhas previamente ao projeto (PACHECO E BATISTA, 2016).

Para esclarecer melhor essa natureza e missão dos observatórios classificamos no Quadro 6 a seguir.

Quadro 6 – Natureza e missão dos observatórios

Natureza Missão

UNIDADE ORGANIZACIONAL APOIO À TOMADA DE DECISÃO

PROCESSO APOIO AO MONITORAMENTO

TECNOLOGIA APOIO À COMUNICAÇÃO E À COPRODUÇÃO

Fonte: Batista et al, 2016

(32)

32 Neste tópico foram tratados aspectos referentes aos observatórios, tais como conceitos, surgimento, função, classificação de acordo com sua natureza e missão.

Em relação à definição, em que pese a diversidade de conceitos, pode-se definir observatório como “um mecanismo que fornece informações estratégicas para auxiliar na identificação de ameaças, oportunidades e tendências, além de oferecer subsídios à tomada de decisão, de um determinado setor, seja em nível regional, nacional ou internacional.”

(TRZECIAK, 2009, p.42).

A análise de literatura permite concluir, também, que observatório de conhecimento é um tema ainda pouco explorado, que as diferentes definições compartilham a visão de que um observatório deve dedicar-se à missão de apoiar a tomada de decisão, com mecanismos que alteram desde a coleta e o tratamento de informações até ambientes de reflexão e coprodução com atores interessados. Os diferentes tipos de observatórios comunicam externamente os resultados através de metodologias de investigação para alcançar informações, conhecimento, e reflexão crítica. Além disso, eles têm em comum espaços para desenvolvimento de processos de observação e análise da realidade de um tema.

Com relação ao surgimento dos observatórios, as experiências mais relevantes são estrangeiras e mostram avanços e resultados positivos em relação à ação destes observatórios, na integração e fornecimento de informação para os sistemas, e estão relacionadas à área de ciência, tecnologia e inovação (TRZECIAK, 2009).

Observatórios possuem inúmeros benefícios, destacando-se: conhecer melhor os sistemas de P&D de determinada região, medir e avaliar os esforços de C,T&I, oferecer elementos para a proposição de diagnósticos, identificar as tendências de determinado setor, monitorar novas oportunidades, gerar conhecimento novo, contribuir para a elaboração de indicadores, promover a interação entre universidade-empresa, apoiar a formação de redes de especialistas em temas específicos, dentre outros (COSTA et al., 2008).

Pelas definições e missões dos observatórios de conhecimento encontrados, podemos

dizer que ele pode ser: um instrumento tecnológico de apoio à criação e gestão de redes de

indivíduos; grupos e organizações nos domínios do conhecimento, com a função de armazenar

e monitorar as competências profissionais e acadêmicas; fornecer mecanismos interoperáveis

para expressar e trocar as competências das empresas ou organizações (ZERVAS; SAMPSON,

2007).

(33)

33

2.1.3 Observatórios Tecnológicos de Conhecimento (OTCs)

Entende-se por Observatórios Tecnológicos (OT), os que foram concebidos como instrumentos ou plataformas tecnológicas que acessam repositórios de dados e informações e têm por objetivo o apoio à tomada de decisão setorial nas organizações.

Observatórios Tecnológicos podem ser tanto informacionais como de conhecimento.

No primeiro caso (i.e., nos Observatórios Tecnológicos de Informação OTI), tratam-se de sistemas de apoio à decisão que recolhem dados internos ou externos à organização, realizam complementação e transformação em informações de interesse estratégico e apresentam interfaces gráficas, simulação de cenários, indicadores de tendências, análises histórias e outros recursos de apoio à tomada de decisão estratégica da organização.

Os Observatórios Tecnológicos de Conhecimento (OTCs) incluem recursos ontológicos ou sistemas de inteligência que permitem inferências automatizadas sobre um domínio de conhecimento.

2.2 GESTÃO DO CONHECIMENTO

A gestão do conhecimento (GC) objetiva tornar as organizações mais competitivas por meio de seu capital intelectual. O capital intelectual tem relação entre o conhecimento e a participação ativa dos indivíduos no processo de geração de valor (BATISTA, 2016).

A gestão do conhecimento tem como artefato o conhecimento organizacional e sua relação com os conhecimentos individuais e coletivos. Seu foco está nos processos e atividades desempenhadas por indivíduos na busca pela melhoria do desempenho organizacional (PACHECO, 2004).

A GC é fundamental na interação das pessoas e organizações, e consiste em combinar o conhecimento tácito e o conhecimento explícito nos processos para a criação de valor. Esse processo consiste em combinar as competências individuais e o conhecimento, implantar uma nova cultura de compartilhamento de boas práticas, e direcionar o conhecimento para a organização, valorizando o capital intelectual (ROSSETTI et al, 2008).

A definição de GC não há um consenso na literatura (SUN; HAO, 2006; STEIL, 2007).

Porém, três conceitos são aderentes ao presente trabalho:

1) “Gestão do Conhecimento é a gestão de atividades e processos para alavancar

o conhecimento, visando aumentar a competividade por meio de uma melhor

(34)

34 utilização e criação de recursos individuais e coletivos de conhecimento”

(CEN, 2004a, p.6);

2) Gestão do Conhecimento é definida como os esforços destinados a capturar conhecimento; converter o conhecimento pessoal em conhecimento disponível ao grupo; conectar pessoas com pessoas, o conhecimento às pessoas, as pessoas ao conhecimento e o conhecimento ao conhecimento (O’LEARY, 2002);

3) “Gestão do Conhecimento eficaz é a criação de processos de gestão e infraestrutura para reunir conhecimento e comunidades em uma ecologia comum que irá sustentar a criação, utilização e retenção do conhecimento”

(SUN; HAO, 2006, p.542).

A necessidade das organizações de se posicionarem estrategicamente no mercado, dá início à ideia de gestão do conhecimento, tornando o conhecimento um dos fatores mais importantes para a competitividade das organizações. Conhecimento aplicado envolvendo a gestão dos valores tangíveis e intangíveis da organização (FILHO, 2010).

A memória organizacional, neste contexto, sendo preservada, contribui para que os procedimentos de experiências que deram certo possam ser retomados, acrescentando novos conhecimentos e, o mais importante, evitando e aprendendo com os erros já cometidos (FREIRE et al., 2009).

Observatórios do Conhecimento, naturalmente, têm como objeto-alvo principal a cadeia de valor dados-informação-conhecimento. Como tal, inserem-se no contexto de pesquisa da GC, nesta dissertação concebida como um macroprocesso organizacional, composto por processos essenciais que formam o seguinte ciclo do conhecimento: identificação, aquisição, criação, compartilhamento, uso e armazenamento de conhecimento organizacional (NONAKA E TAKEUCHI, 1997). A seguir, cada um dos elementos será caracterizado, mostrando seu papel e a importância para as fases que constituem o modelo.

2.2.1 Conhecimento

Para o Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento

(PPEGC) da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, o termo “conhecimento” é

entendido como: “conteúdo ou processo efetivado por agentes humanos ou artificiais em

(35)

35 atividades de geração de valor científico, tecnológico, econômico, social ou cultural”

(EGC/UFSC, 2015).

Tendo como principal objeto de estudo o conhecimento enquanto fator produtivo, o PPEGC possui três áreas de concentração: (i) engenharia do conhecimento; (ii) gestão do conhecimento e (iii) mídia e conhecimento. O conhecimento é caracterizado como fator de produção estratégico no gerenciamento de negócios relacionados à economia baseada no conhecimento (EGC/UFSC; 2015).

A área de Engenharia do conhecimento (EC) nasceu na área da Inteligência Aplicada para sua subárea dedicada à concepção, desenvolvimento e implantação de sistemas especialistas (PACHECO, 2013). A EC tem por objetivo, transformar o processo ad hoc de construir sistemas baseados em conhecimento em uma disciplina da engenharia (SCHREIBER.

et al, 2002).

Em relação à Gestão do Conhecimento (GC), esta área considera o conhecimento como o elemento central à tomada de decisão em uma organização, sendo que sua preocupação está em ações gerenciais para promover o conhecimento organizacional. Por isso EC e GC têm muitos pontos em comum (SCHREIBER. et al, 2002).

Por sua vez, a área de Mídia e Conhecimento teve origem no ano de 1995, e está fundamentada na convicção de que as tecnologias podem catalisar melhorias e transformações no aprendizado, e que o estudo de tais ferramentas deve ser inserido no contexto dos fins educacionais a que se propõe satisfazer (EGC/UFSC; 2015).

No eixo central de estudos está o conhecimento, que também faz parte dos processos de inovação, e é aceito como um de seus dados principais. Assim, a condição para o sucesso de qualquer esforço de inovação é a geração de novos conhecimentos ou, a combinação de conhecimentos já existentes (VARIS; LITTUNEN, 2010).

Nesse sentido, entende-se que a EC, a GC e a MC constituem uma vertente de estudos interdisciplinares, tendo como objeto comum o conhecimento. Ambas as áreas são complementares e necessitam de contexto estratégico da organização. Enquanto a EC se encarrega das estruturas que suportam o conhecimento, a GC apoia a gestão dessas estruturas e a MC trata da difusão do conhecimento.

2.2.2 Criação do conhecimento

(36)

36 A criação do conhecimento é um processo pelo qual as organizações adquirem, organizam e processam a informação gerando novos conhecimentos (ALVARENGA NETO;

BARBOSA; PEREIRA, 2007).

A teoria da criação do conhecimento apresenta de forma especial um processo que facilita a criação, o armazenamento e a disseminação de novos conhecimentos por meio de transformação do conhecimento explícito e tácito e na interação entre eles. Assim, a teoria de Nonaka é de grande relevância para o tema gestão do conhecimento e traz contribuições referentes à criação e à disseminação do conhecimento organizacional de uma forma inovadora e singular (ESCRIVAO; SILVA, 2011).

Na organização da teoria da criação do conhecimento, dois elementos foram fundamentais, a epistemologia e a conversão do conhecimento. A conversão é a interação dos dois conhecimentos tácito e explícito. Nesse sentido, o indivíduo tem um papel fundamental na partilha do conhecimento tácito e explícito com outros indivíduos na organização, isso faz com que a resolução de problemas seja facilitada (NONAKA; KROGH E VOELPEL, 2006).

Segundo Nonaka e Takeuchi (1997) a conversão do conhecimento é um processo contínuo e dinâmico de interação do conhecimento tácito e explícito, proporcionando a criação e expansão do conhecimento humano. Existem quatro modos de conversão do conhecimento:

a socialização, a externalização ou explicitação, a combinação e a internalização ou incorporação.

A socialização do conhecimento aborda a conversão de conhecimento tácito através da interação entre indivíduos, ocorrendo através da observação, prática e imitação, formando o conhecimento compartilhado. A externalização ou explicitação do conhecimento é um processo de criação do conhecimento, buscando converter o conhecimento tácito em explícito de forma eficiente e eficaz, através da utilização de metáforas, analogias, conceitos, hipóteses ou modelos.

A combinação do conhecimento abrange o uso de processos sociais, como conversas,

reuniões, documentos e redes de comunicação (NONAKA, 1994), gerando o conhecimento

sistêmico. A internalização ou incorporação, é o processo de conversão do conhecimento

explícito em tácito, se relaciona com o processo de aprendizagem (NONAKA & TAKEUCHI,

1997). Este último processo produz o conhecimento operacional. Os processos de conversão de

conhecimento não devem ocorrer de forma separada, pois através das transformações nos

(37)

37 diferentes processos é que a interação do conhecimento tácito e do explícito acontece. ( Figura 4 ).

Figura 4 – Espiral do conhecimento

Fonte: Adaptado de Nonaka e Takeuchi (1997).

A Figura 4 demonstra como a expansão da “espiral do conhecimento” ocorre dentro dos processos de conversão do conhecimento. A teoria de Nonaka não levou em consideração as diferentes naturezas das organizações e os diferentes ambientes em que elas podem estar inseridas, os diferentes contextos, requisitos importantes à criação do conhecimento, que podem não se aplicar a qualquer tipo de organização (ESCRIVAO; SILVA, 2011).

Nesse sentido, conclui-se que o conhecimento organizacional é um importante insumo do processo de busca pela inovação e aprendizagem organizacional. O aprendizado organizacional nas três formas auxilia o aprendizado para a melhoria do conhecimento organizacional, a aprendizagem voltada para a criação de um novo conhecimento organizacional (inovação) e a disseminação do conhecimento para todas as áreas da organização (GARVIN; 1998).

2.2.3 Processos do ciclo do conhecimento

Segundo Silva (2014), os processos do ciclo do conhecimento são seis: identificação, aquisição, criação, compartilhamento, uso e armazenamento conforme ilustra a Figura 5 Erro!

Fonte de referência não encontrada. a representação esquemática destes processos.

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