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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL MESTRADO EM PRODUÇÃO ANIMAL NAYANE VALENTE BATISTA

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL

MESTRADO EM PRODUÇÃO ANIMAL

NAYANE VALENTE BATISTA

AVALIAÇÃO DE DIETA ALTO GRÃO E DA INCLUSÃO DE ÓLEO RESIDUAL DE FRITURA NA ALIMENTAÇÃO DE CORDEIROS

MOSSORÓ-RN

2020

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NAYANE VALENTE BATISTA

AVALIAÇÃO DE DIETA ALTO GRÃO E DA INCLUSÃO DE ÓLEO RESIDUAL DE FRITURA NA ALIMENTAÇÃO DE CORDEIROS

Dissertação apresentada ao Mestrado em Produção Animal do Programa de Pós- Graduação em Produção Animal da Universidade Federal Rural do Semi-Árido como requisito para obtenção do título de Mestre em Produção Animal.

Linha de Pesquisa: Produção de Ruminantes e Forragicultura.

Orientador: Profª. Drª. Patrícia de Oliveira Lima.

Co-orientador: Prof. Dr. Josemir de Souza Gonçalves.

MOSSORÓ-RN

2020

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B333a BATISTA, NAYANE VALENTE.

AVALIAÇÃO DE DIETA ALTO GRÃO E DA INCLUSÃO DE ÓLEO RESIDUAL DE FRITURA NA ALIMENTAÇÃO DE CORDEIROS / NAYANE VALENTE BATISTA. - 2020.

52 f. : il.

Orientadora: PATRICIA DE OLIVEIRA LIMA.

Coorientador: JOSEMIR DE SOUZA GONÇALVES.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal Rural do Semi-árido, Programa de Pós-graduação em Produção Animal, 2020.

1. custos de produção. 2. dieta sem volumoso.

3. engorda de cordeiros. 4. fontes alternativas de lipídeos. 5. produção de cordeiros. I. LIMA, PATRICIA DE OLIVEIRA , orient. II. GONÇALVES, JOSEMIR DE SOUZA, co-orient. III. Título.

© Todos os direitos estão reservados a Universidade Federal Rural do Semi-Árido. O conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade do (a) autor (a), sendo o mesmo, passível de sanções administrativas ou penais, caso sejam infringidas as leis que regulamentam a Propriedade Intelectual, respectivamente, Patentes: Lei n° 9.279/1996 e Direitos Autorais: Lei n°

9.610/1998. O conteúdo desta obra tomar-se-á de domínio público após a data de defesa e homologação da sua respectiva ata. A mesma poderá servir de base literária para novas pesquisas, desde que a obra e seu (a) respectivo (a) autor (a) sejam devidamente citados e mencionados os seus créditos bibliográficos.

O serviço de Geração Automática de Ficha Catalográfica para Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC´s) foi desenvolvido pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP) e gentilmente cedido para o Sistema de Bibliotecas

da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (SISBI-UFERSA), sendo customizado pela Superintendência de Tecnologia da Informação e Comunicação (SUTIC) sob orientação dos bibliotecários da instituição para ser adaptado às necessidades dos alunos dos Cursos de Graduação e Programas de Pós-Graduação da Universidade.

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NAYANE VALENTE BATISTA

AVALIAÇÃO DE DIETA ALTO GRÃO E DA INCLUSÃO DE ÓLEO RESIDUAL DE FRITURA NA ALIMENTAÇÃO DE CORDEIROS

Dissertação apresentada ao Mestrado em Produção Animal do Programa de Pós- Graduação em Produção Animal da Universidade Federal Rural do Semi-Árido como requisito para obtenção do título de Mestre em Produção Animal.

Linha de Pesquisa: Produção de Ruminantes e Forragicultura.

Defendida em: 10 / 02 / 2020.

BANCA EXAMINADORA

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DADOS CURRICULARES DO AUTOR

NAYANE VALENTE BATISTA – Nascida em 25 de abril de 1993 natural da cidade de

Jaguaruana-CE, filha de Francisco Batista Leite e Aurileide Valente de Lima Batista. Formou-

se em Zootecnia no ano de 2017 pela Universidade Federal Rural do Semiárido, Campus

Mossoró-RN, realizando durante sua formação acadêmica pesquisas na área de nutrição de

pequenos ruminantes. Participou da diretoria do Centro Acadêmico de Zootecnia (CAZOO),

do Programa de Educação Tutorial de Zootecnia (PET) e foi bolsista de Iniciação Cientifica

do CNPq. Ingressou no Programa de Pós-Graduação em Produção Animal – UFERSA em

janeiro de 2018 sob a orientação da professora Dra. Patrícia de Oliveira Lima, desenvolvendo

a presente dissertação com terminação de cordeiros utilizando óleo residual de fritura e dieta

de alto grão, avaliando desempenho, caracteristicas de carcaça e qualidade da carne.

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Aos meus pais, Francisco Batista Leite e Aurileide Batista, minhas fontes de inspiração!

Dedico

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AGRADECIMENTOS

A Deus pelo seu infinito e ousado amor, que mesmo nas mais difíceis circunstâncias não permitiu que eu desanimasse.

Aos meus pais Francisco Batista Leite e Aurileide Batista por toda a dedicação, orações e pela assistência que me permitiu concluir mais essa etapa.

A minha avó, Maria Luiza, sempre me incentivando a lutar por meus sonhos, por seus conselhos tão sábios e por suas orações.

As minhas irmãs, Fernanda Batista e Scarlett Batista, pelos momentos compartilhados e pelo companheirismo.

A Profª. Drª. Patrícia de Oliveira Lima, pela orientação, pela confiança depositada em mim e pela paciência ao longo desses anos.

Ao Profº. Drº. Josemir de Souza Gonçalves, pela co-orientação e disponibilidade sempre que busquei sua ajuda.

A Drª Maria Vivianne Freitas Gomes de Miranda, por ter aceito o convite para participar da banca defesa dessa dissertação e pelas contribuições.

A Sérgio e Camila por terem cedido os animais e a propriedade para a execução dessa pesquisa. Obrigada também pela receptividade dispensada a minha equipe e a mim.

A Lindomar, funcionário da fazenda, que sempre esteve de prontidão pra ajudar.

A Nicolas Silva, Nayanne dos Santos, Vítor Melo, Palloma de Oliveira, André Silva, Marília Fernandes e Mateus Medeiros, pela ajuda na execução da pesquisa e pelos momentos de descontração, vocês tornaram tudo mais fácil.

Aos técnicos de laboratório, Luiz Odonil Gomes dos Santos e Antônia Vilma de Andrade Ferreira Amâncio pela ajuda essencial nas análises laboratoriais e por me ensinarem sempre com tanta paciência.

A Jéssica Taiomara Oliveira a quem sempre eu recorria nos momentos de dúvida. Obrigada por sua amizade.

Aos amigos que conquistei ao longo desses anos, Nayanne dos Santos, Débora Xaxá, Ana Indira Bezerra, Nicolas Silva, Elaine Soares, Laís Aryel, Claudionor dos Santos, e aos recém chegados, mas que já amo muito, Márcia Marcila Fernandes Pinto e Vitor Melo. Obrigada pelo apoio, pelas palavras de otimismo, pelos conselhos e por torcerem por mim. Amo todos vocês!

A CAPES pelo auxílio financeiro.

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Lembre-se da minha ordem: “Seja forte e corajoso! Não fique desanimado, nem tenha medo, porque eu, o Senhor, seu Deus, estarei com você em qualquer lugar para onde você for!”

(Josué 1:9)

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RESUMO

Objetivou-se avaliar o efeito da dieta de alto grão e dieta com inclusão de 6% de óleo de fritura sobre o desempenho, características de carcaça, qualidade da carne e custos de produção de cordeiros confinados. As dietas controle e com óleo residual de fritura foram balanceadas para ganho de 200 gramas diários (NRC 2007), mantendo a relação volumoso:

concentrado de 40:60, e a dieta alto grão consistiu em concentrado comercial farelado utilizado na terminação de ovinos. Foram utilizados 15 cordeiros mestiços de Dorper x Santa Inês, não castrados, com seis meses de idade, confinados e distribuídos em delineamento inteiramente casualizado (DIC). Após 40 dias de confinamentos os animais foram abatidos.

Não houve diferença estatística (P>0,05) entre as dietas controle e com óleo residual de fritura, expressos em gramas/dia (g/dia) e percentual de peso vivo (% PV) para consumo diário de matéria seca (CMS), proteína bruta (CPB), matéria mineral (CMM), fibra insolúvel em detergente neutro (CFDN), carboidratos totais (CCT) e carboidratos não fibrosos (CCNF), sendo observadas as menores médias para estas variáveis com a dieta alto grão. As maiores médias para peso final (PF), ganho de peso total (GPT) e ganho de peso diário (GPD) foram observadas com as dietas controle e com inclusão de óleo residual, que não diferiram entre si (P>0,05). Não houve efeito (P>0,05) dos tratamentos sobre os rendimentos de carcaça quente (RCQ), carcaça fria (RCF) e verdadeiro (RV). Os parâmetros físicos da carne (P>0,05) não foram influenciados pelas dietas. Os valores de proteína bruta e lipídios da carne foram superiores para o tratamento com 6% de óleo residual, não diferindo (P>0,05) para esses parâmetros da dieta controle. Com relação ao teor de umidade, a média da carne dos animais da dieta alto grão foi superior e diferente (P<0,05) dos outros tratamentos. Obteve-se maior peso adicional de carcaça e lucro adicional por animal na dieta com inclusão de óleo residual de fritura, observando-se valores negativos com a dieta alto grão para esses indicadores econômicos. O uso de dieta com 6% de óleo residual de fritura mostrou-se vantajosa do ponto de vista produtivo e econômico, ao proporcionar melhor desempenho produtivo, sem alterar as características físico-químicas da carne.

Palavras-chave: custos de produção, dieta sem volumoso, engorda de cordeiros, fontes alternativas de lipídeos, produção de cordeiros.

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ABSTRACT

The objective was to evaluate the effect of high grain diet and diet with the inclusion of 6% of frying oil on performance, carcass characteristics, meat quality and production costs of confined lambs. Control and with with residual frying oil diets were balanced for gain of 200g daily (NRC 2007), maintaining the bulky:concentrated in the ratio 40:60, and the high grain diet consisted of commercial bran concentrate used on finishing in sheep. Fifteen crossbreed Dorper x Santa Inês lambs from were used, six-month-old, confined and distributed in a completely randomized design (DIC). After 40 days of confinement, the animals were slaughtered. There was no statistical difference (P> 0.05) between the control diets and with residual frying oil, expressed in grams / day (g/day) and percentage of live weight (% PV) for daily consumption of dry matter (CMS), crude protein (CPB), mineral matter (CMM), neutral detergent insoluble fiber (CFDN) and total carbohydrates (CCT), with the lowest averages for these variables being observed with the high grain diet. The highest averages for final weight (PF), total weight gain (GPT) and daily weight gain (GPD) were observed with the control diets and with the inclusion of residual oil, which did not differ between them (P> 0.05) . There was no effect (P> 0.05) of treatments on hot carcass (RCQ), cold carcass (RCF) and true (RV) yields. The physical parameters of the meat (P> 0.05) were not influenced by the diets. The values of crude protein and meat lipids were higher for treatment with 6% residual oil, not differing (P> 0.05) for these parameters of the control diet. Regarding the moisture content, the meat of the animals of the high grain diet was superior and statistically different (P <0.05) from the other treatments. Higher carcass weight and additional profit per animal were obtained in the diet with the inclusion of residual frying oil, observing negative values with the high grain diet for these economic indicators. The use of diet with 6% of residual frying oil proved to be advantageous from a productive and economic point of view, by providing better productive performance, without altering the physical and chemical characteristics of the meat.

Keywords: production costs, roughage-free diet, fattening lambs, alternative sources of

lipids, lamb production.

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LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO II- EFEITO DE DIETA ALTO GRÃO E DIETA COM INCLUSÃO DE ÓLEO RESIDUAL DE FRITURA NO DESEMPENHO, CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E INDÍCES ECONÔMICOS DE CORDEIROS CONFINADOS

Tabela 1. Composição percentual e nutricional das dietas experimentais...28 Tabela 2. Consumo de nutrientes absoluto (g/dia) e relativo ao peso vivo (% PV) de cordeiros terminados com dieta alto grão e dieta com inclusão de óleo residual de fritura...30 Tabela 3. Desempenho de cordeiros terminados com dieta alto grão e dieta com inclusão de óleo residual de fritura...34 Tabela 4. Características de carcaça de cordeiros terminados com dieta alto grão e dieta com inclusão de óleo residual de fritura...35 Tabela 5. Avaliação econômica de dietas de cordeiros em terminação...36

CAPITULO III- QUALIDADE DA CARNE DE CORDEIROS ALIMENTADOS COM DIETA ALTO GRÃO E DIETA COM INCLUSÃO DE ÓLEO RESIDUAL DE FRITURA.

Tabela 1. Composição percentual e nutricional das dietas experimentais...46

Tabela 2. Características físicas da carne de cordeiros terminados com dieta alto grão e dieta

com inclusão de óleo residual de fritura...48

Tabela 3. Composição química da carne de cordeiros terminados com dieta alto grão e dieta

com inclusão de óleo residual de fritura...49

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 13

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 14

1.1 OVINOCULTURA DE CORTE NO BRASIL ... 14

1.2 DIETA DE ALTO GRÃO... 15

1.3 ÓLEO RESIDUAL DE FRITURA NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL ... 17

REFERÊNCIAS ... 19

2. OBJETIVOS... 22

2.1 GERAL... 22

2.2 ESPECÍFICOS ... 22

CAPÍTULO II - EFEITO DE DIETA ALTO GRÃO E DIETA COM INCLUSÃO DE ÓLEO RESIDUAL DE FRITURA NO DESEMPENHO, CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E INDÍCES ECONÔMICOS DE CORDEIROS CONFINADOS ... 23

RESUMO ... 24

ABSTRACT ... 25

INTRODUÇÃO ... 26

MATERIAL E MÉTODOS ... 27

RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 30

CONCLUSÃO ... 37

REFERÊNCIAS ... 38

CAPITULO III - QUALIDADE DA CARNE DE CORDEIROS ALIMENTADOS COM DIETA ALTO GRÃO E DIETA COM INCLUSÃO DE ÓLEO RESIDUAL DE FRITURA ... 41

RESUMO ... 42

ABSTRACT ... 43

INTRODUÇÃO ... 44

MATERIAL E MÉTODOS ... 45

RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 48

CONCLUSÃO ... 50

REFERÊNCIAS ... 51

(13)

CAPÍTULO I

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 OVINOCULTURA DE CORTE NO BRASIL

A produção de carne ovina no Brasil, de acordo com dados divulgados pela FAO referentes ao primeiro semestre de 2018, ainda é discreta, constituindo 0,45% de toda a carne produzida em território nacional (FAO, 2018).

Da mesma forma, o consumo de carne ovina também é baixo quando comparado com o consumo de outras carnes, em torno de 0,6 kg/habitante/ano (EMBRAPA, 2018). Contudo, nos últimos anos o mercado interno desse produto tem crescido, o que Viana et al. (2015) atribuem ao aumento de renda da população, ao maior número de nichos sociais que a carne ovina tem conseguido alcançar e a utilização dessa carne como substituto de outras carnes consumidas tradicionalmente, como a bovina e a de aves.

Apesar do baixo consumo da carne ovina, de acordo com Esturrani (2017), o Brasil importa mais de 7.000 toneladas desse tipo de carne para atender a demanda interna do produto. O mesmo autor aponta que a preferência dada pelo consumidor brasileiro à carne oriunda de importação se deve a melhor qualidade do produto, bem como pela oferta em diversos pontos de venda, facilitando o acesso ao produto.

No ano de 2017 foi registrado aumento de 10,1% no volume de importações de produtos da ovinocaprinocultura, e na mesma proporção diminuíram-se as exportações desses produtos, com destaque para a carne ovina não desossada congelada, que representou 58,2%

das importações (BRASIL, 2017).

Diante do cenário atual da carne ovina no mercado nacional, questiona-se o motivo pelo qual os produtores ainda não conseguem atender a lacuna do mercado que consome a carne importada de países vizinhos, atribuindo-se esse problema à fatores culturais e aspectos organizacionais da cadeia produtiva. Alencar e Rosa (2006) destacam que dessa falta de organização da cadeia, derivam problemas como a falta de frigoríficos, baixo consumo, alto preço de reprodutores, abate clandestino, entre outros.

Além disso, as características do atual modelo de produção de pequenos ruminantes

adotado no Brasil, principalmente na região Nordeste, que detêm a maior parcela do rebanho

nacional, não condiz com o crescente aumento do consumo de carne ovina. Essa criação é

fundamentada na utilização de pastagens nativas, em uma região onde a irregularidade hídrica

e as variações climáticas acarretam em estagnação em um determinado período na produção

de pastagens, tanto qualitativamente como quantitativamente, resultando em baixo ganho de

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peso e um longo período necessário para que os animais atinjam o peso ideal de abate (SILVA et al., 2010).

A implantação de sistema de produção em confinamento ou semiconfinamento tornou- se uma alternativa para contornar esse problema, principalmente pela indisponibilidade de alimento volumoso durante o período de escassez, diminuindo assim a quantidade de volumoso fornecido e aumentando a qualidade nutricional da dieta (GOMES et al., 2018).

Assim, diante da perspectiva de crescimento da demanda da carne ovina no mercado nacional, torna-se necessário a intensificação do processo de terminação de cordeiros, visando obter melhores índices produtivos, diminuindo o ciclo de produção e melhorando a qualidade da carcaça (SÓRIO et al., 2010).

Apesar do confinamento de ovinos não ser uma prática usual dos ovinocultores brasileiros, segundo Andrade et al. (2014), o confinamento de animais para terminação, proporcionaria um maior ganho de peso aos animais em menor tempo de engorda, promovendo assim uma maior rotatividade do sistema produtivo, além da possibilidade de produção em grande escala utilizando áreas menores quando comparada ao sistema extensivo (MEDEIROS et al., 2009), e possibilitaria a produção de ovinos no período de entressafra (LAGE et al., 2010).

O confinamento de animais para terminação exige investimentos em instalações, mão de obra e, principalmente, alimentação, tendo em vista a necessidade de suplementação com alimentos concentrados e o alto custo dos insumos (ANDRADE et al., 2014; BERNARDES et al., 2015). Nesse contexto, Ortiz et al. (2005), ressaltam a importância da utilização de dietas que possibilitem máxima eficiência na produção de carne e custo mínimo de produção dentro dos sistemas.

Assim, o abate de animais ainda jovens através da terminação em confinamento com dietas balanceadas e de densidade energética adequada, permite que o consumidor tenha acesso a um produto de qualidade superior e padronizado (BORGES et al., 2011).

1.2 DIETA DE ALTO GRÃO

Dietas com pouca participação ou isentas de volumoso tem sido adotadas nos últimos

anos nos sistemas de terminação de animais para a produção de carne visando, entre outros

aspectos, diminuir o tempo de confinamento dos animais e substituir o volumoso

(BELTRAME; UENO, 2011). Nesse sentindo, ao avaliar dietas com diferentes níveis de

concentrado (20, 40, 60 e 80%), Medeiros et al. (2009) relataram que houve redução no

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período de confinamento, favorecendo ainda as características de carcaça e proporcionando maior rotatividade de animais em confinamento durante o ano.

Nesse contexto, levando em consideração as vantagens de dietas ricas em grãos, surgiu o conceito de dietas de alto grão, usada na terminação de bovinos, e em menor escala empregada na terminação de ovinos.

Dietas como estas, além de proporcionar a redução na idade de abate permite ao produtor elevar o ganho de peso dos seus animais, menor custo com mão de obra, obter carcaças de melhor qualidade sem a necessidade de grandes áreas e maquinário para produção e armazenamento dos alimentos (CARVALHO et al., 2007; LIMA et al., 2012; VECHIATO;

ORTOLANI, 2008).

A adesão de dietas com altos teores de concentrados energéticos é vantajosa, pois ingredientes concentrados dificilmente apresentam variações em sua composição nutricional, devido ao seu processamento de secagem ocorrer em nível industrial (BERNARDES et al., 2015). Leme et al. (2002), destacam ainda como vantagem do fornecimento de dietas com elevada quantidade de concentrado para animais jovens, um acabamento de gordura na carcaça adequado em menor tempo, sem causar danos à qualidade da carne.

Apesar das citadas vantagens de dietas com elevada quantidade de ingredientes concentrados, o emprego de dietas com pouca ou sem a participação de volumoso na terminação de ruminantes exige que os animais passem por um período de adaptação a nova dieta, a fim de evitar distúrbios metabólicos, pois anterior à fase de terminação esses animais se alimentam quase que exclusivamente de volumosos (TEIXEIRA, 2015).

A adaptação dos animais se faz necessária tendo em vista que, a flora ruminal, responsável pela metabolização dos alimentos, necessita de faixas ótimas de pH para o seu desenvolvimento, normalmente com limitações em condições de acidez, tendo a alimentação forte influência sobre a concentração e distribuição dos gêneros de protozoários ruminais (REIS, 2015).

Dentre os principais distúrbios em ruminantes associados a reduzida ingestão de fibra em confinamentos cuja principal fonte de alimentos é o concentrado, destacam-se a acidose ruminal, laminite e o timpanismo, que comprometem o desempenho do animal (PANIAGO, 2009).

A acidose ruminal caracteriza-se pelo acúmulo de ácido lático no rúmen, em

decorrência da ingestão de grande quantidade de dietas com alto teor de carboidratos não

fibrosos (CNF) (SABES et al. 2016). Animais com acidose ruminal lática reduzem o consumo

de matéria seca e, consequentemente, a ingestão de energia, ocorrendo queda no desempenho

(17)

do animal (SANTANA NETO et al., 2014). Além disso, a laminite, doença associada a quadros de acidose ruminal, provocam claudicação discreta a severa e deformidades no casco, dificultando a movimentação dos animais (SANTOS, 2006). Já o timpanismo, distúrbio também associado à alta ingestão de alimentos concentrado, ocorre com o acúmulo de gases no rúmen, que reduz a ação fermentativa microbiana e o fluxo de alimentos pelo sistema digestivo, podendo, neste caso, o animal chegar à óbito (SANTANA NETO et al., 2014).

Portanto, deve-se estabelecer através da avaliação do desempenho produtivo de ovinos com dietas com altos níveis de concentrado, aquela que irá proporcionar melhor ganho de peso, caracteristicas de carcaça superiores e melhor retorno econômico, sem prejuízos para o animal (MARQUES et al., 2016).

1.3 ÓLEO RESIDUAL DE FRITURA NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL

No Brasil, o óleo de cozinha residual é utilizado, principalmente, na produção de biodiesel, sendo reutilizado em menor escala como matéria prima para produção de sabão ou tinta (ANTUNES, 2018), ressaltando a importância pesquisas com objetivo de aproveitar esse resíduo que se descartado de maneira incorreta pode trazer grandes prejuízos ao meio ambiente.

Como relatado por Santos et al. (2018), quando o óleo utilizado é descartado diretamente na pia, acarreta entupimentos na rede coletora de esgoto ao formar uma película que retém os sólidos. Quando está película se forma em rios ou córregos, dificulta a troca de gases e, consequentemente, diminuição dos níveis de oxigênio na água, causando a morte dos peixes.

A utilização de óleo residual de fritura em dietas de animais de produção tem se tornado tema recorrente de pesquisas visando a padronização de qualidade e regulamentação específica para seu uso na alimentação animal (VAN CLEEF et al., 2016), porém, os poucos estudos referentes ao uso desse subproduto na alimentação de ovinos não permite o entendimento da influência exercida pela adição do óleo residual na dieta sobre a produção e a nutrição desses (PEIXOTO et al., 2018).

Nesse aspecto, a complexidade em se empregar um subproduto na alimentação de animais ruminantes, exige que seja realizada uma avaliação criteriosa quanto aos seus valores nutricionais e efeitos no ambiente ruminal (SANTOS, 2016), uma vez que a quebra da homeostase reduz o desempenho zootécnico, além de acarretar doenças (GONZÁLEZ, 2000;

SCARPINO et al., 2014).

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Para identificar transtornos metabólicos em ovinos recebendo ração com inclusão de óleo de soja residual, Scarpino et al. (2014) avaliaram os parâmetros bioquímicos séricos desses animais e concluíram que apesar da adição de 6% de óleo residual aumentar as concentrações de colesterol e da enzima AST (Aspartato-aminotransferase), estas não são suficientes para causarem prejuízos à saúde do animal.

Van Cleef et al. (2016) ao estudar os efeitos da substituição parcial do milho e da casca de soja por óleo de fritura, destacaram que a adição de 6% de óleo na dieta de cordeiros aumentou a eficiência alimentar, porém diminui a digestibilidade da matéria seca (MS), fibra solúvel em detergente neutro (FDN) e fibra solúvel em detergente ácido (FDA), e aumentou a gordura intramuscular, ressaltando que a utilização desse subproduto pode ser viável economicamente, principalmente para pequenos produtores, por minimizar o custo com alimentação.

Vale ressaltar, que o uso de óleo residual de fritura na alimentação animal deve seguir

o que diz o artigo 1º da instrução normativa nº 8, de 25 de março de 2004, do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2004) que proíbe o uso de alimentos de

origem animal para ruminantes, devendo o óleo residual ter sido utilizado exclusivamente no

preparo de alimentos de origem vegetal.

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REFERÊNCIAS

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Uberaba: Agropecuária Tropical. 2006.

ANDRADE, I.R.A. et al. Desempenho produtivo e econômico do confinamento de ovinos utilizando diferentes fontes proteicas na ração concentrada. Revista Brasileira de Saúde Produção Animal, Salvador, v.15, n.3, p.717-730, 2014.

ANTUNES, M. C. Cadeia Reversa do Óleo de Cozinha Residual: o papel do Ponto de Entrega Voluntária (PEV). Dignidade Re-Vista, v.3, n.5, 2018.

BELTRAME, J. M.; UENO, R. K. Dieta 100% concentrada com grão de milho inteiro para terminação de bovinos de corte em confinamento. Monografia- Universidade Tuiuti do Paraná, Guarapuava. 40p. 2011.

BERNARDES, G.M.C. et al. Consumo, desempenho e análise econômica da alimentação de cordeiros terminados em confinamento com o uso de dietas de alto grão. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.67, n.6, p.1684-1692, 2015.

BORGES, C. A. A., et al. Substituição de milho grão inteiro por aveia preta grão no desempenho de cordeiros confinados recebendo dietas com alto grão. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v.32, suplemento 1, p.2011-2020, 2011.

BRASIL. Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Aliceweb – Consultas.

Brasília, DF, 2017.

CARVALHO, S. et al. Desempenho e avaliação econômica da alimentação de cordeiros confinados com dietas contendo diferentes relações volumoso:concentrado. Ciência Rural, v.37, p.1411-1417, 2007.

EMBRAPA. Boletim do Centro de Inteligência e Mercado de Caprinos e Ovinos [recursos eletrônicos]- Dados eletrônicos. Sobral, CE Embrapa Caprinos e Ovinos. n.8, 2018.

ESTURRARI, E. F. Oferta e demanda do mercado de ovinos de corte: um panorama nacional de perspectivas, tendências e oportunidades. Mestrado (Administração de Negócios; MBA em Gestão do Agronegócio) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba. 31 f. 2017.

FAO. Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação. Estatísticas FAO, 2018. Disponível em: http://www.fao.org/3/CA0239EN/ca0239en.pdf. Acesso em:

junho de 2018.

GOMES, F.H.T., et al. Viabilidade econômico-financeira do confinamento de ovinos

alimentados com rações contendo torta de mamona. Revista de Ciências Agroveterinárias,

v. 17, n. 3, pag.383-395, 2018.

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GONZÁLEZ, F.H.D. Uso de perfil metabólico para determinar o status nutricional em gado de corte. In: González, F.H.D.; Barcellos, J.; Patiño H.O. e Ribeiro, L.A. (Eds.). Perfil metabólico em ruminantes: seu uso em nutrição e doenças nutricionais. Gráfica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. pp. 63-74. 2000.

LAGE, J.F., et al. Glicerina bruta na dieta de cordeiros terminados em confinamento.

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LIMA, M. C., et al. Características de carcaça de cordeiros nativos de Mato Grosso do Sul terminados em confinamento. Revista Agrarian, v.5, n.18, p.384-392, 2012.

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MAPA. Ministério de agricultura, pecuária e abastecimento. Instrução normativa nº 8, de 25 de março de 2004. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/. Acesso em: junho de 2019.

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2. OBJETIVOS

2.1 GERAL

Comparar os efeitos de dieta de alto grão e dieta contendo óleo residual de fritura sobre o desempenho produtivo, características de carcaça e qualidade da carne de cordeiros.

2.2 ESPECÍFICOS

• Avaliar a influência das dietas propostas sobre o consumo e ganho de peso de cordeiros confinados;

• Comparar as características da carcaça de cordeiros alimentados com dieta alto grão e dieta com 6% de óleo residual de fritura;

• Verificar se as dietas interferem nas características físico-química da carne de cordeiros;

• Calcular a viabilidade econômica do uso de dieta alto grão e da utilização de óleo residual

de fritura na dieta de cordeiros.

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CAPÍTULO II

EFEITO DE DIETA ALTO GRÃO E DIETA COM INCLUSÃO DE ÓLEO

RESIDUAL DE FRITURA NO DESEMPENHO, CARACTERÍSTICAS DE

CARCAÇA E INDÍCES ECONÔMICOS DE CORDEIROS CONFINADOS

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CAPÍTULO II- EFEITO DE DIETA ALTO GRÃO E DIETA COM INCLUSÃO DE ÓLEO RESIDUAL DE FRITURA NO DESEMPENHO, CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E INDÍCES ECONÔMICOS DE CORDEIROS CONFINADOS

RESUMO: Objetivou-se avaliar os efeitos de dieta de alto grão e dieta com inclusão de 6%

de óleo residual de fritura sobre o desempenho produtivo, características de carcaça e custos com alimentação de cordeiros em confinamento. As dietas controle e com óleo residual de fritura foram balanceadas para ganho de 200 gramas diários (NRC 2007), mantendo a relação volumoso:concentrado de 40:60, e a dieta alto grão consistia em concentrado comercial farelado utilizado na terminação de ovinos. Foram utilizados 15 cordeiros mestiços de Dorper x Santa Inês, não castrados, com seis meses de idade, confinados e distribuídos em delineamento inteiramente casualizado (DIC). Após 40 dias de confinamentos os animais foram abatidos. Não houve diferença (P>0,05) entre as dietas controle e com óleo residual de fritura para consumo diário de matéria seca (CMS), proteína bruta (CPB), matéria mineral (CMM), fibra insolúvel em detergente neutro (CFDN) e carboidratos totais (CCT), as menores médias para estas variáveis foram obtidas com a dieta alto grão. Os valores obtidos para peso final (PF), ganho de peso total (GPT) e ganho de peso diário (GPD) não diferiram (P>0,05) entre as dietas controle e com inclusão de óleo de fritura, sendo que a dieta alto grão apresentou o menor desempenho com base nestas variáveis. Não houve efeito (P>0,05) dos tratamentos sobre os rendimentos de carcaça. A dieta com óleo residual de fritura, quando comparada às demais dietas, apresentou lucro adicional de 10,29 R$/animal. A dieta com inclusão de 6% de óleo residual de fritura apresentou o melhor desempenho produtivo e econômico, tornando-se a alternativa mais viável neste estudo.

Palavras-chave: avaliação de dietas, confinamento de cordeiros, nutrição de cordeiros,

alimentação energética

(25)

CHAPTER II- EFFECT OF HIGH GRAIN DIET AND DIET WHIT INCLUSION OF RESIDUAL FRYING OIL IN PERFORMANCE, CARCASS CHARACTERISTICS AND ECONOMIC INDEXES OF LAMB CONFINED

ABSTRACT: The objective of this study was to evaluate the effects of high-grain diet and diet with the inclusion of 6% residual frying oil on productive performance, carcass characteristics and feed costs of feedlot lambs. Control and with with residual frying oil diets were balanced for gain of 200g daily (NRC 2007), maintaining the bulky:concentrated in the ratio 40:60, and the high grain diet consisted of commercial bran concentrate used on finishing in sheep. Fifteen crossbreed Dorper x Santa Inês lambs from were used, six-month- old, confined and distributed in a completely randomized design (DIC). After 40 days of confinement, the animals were slaughtered. There was no difference (P> 0.05) between the control diets and with residual frying oil for daily consumption of dry matter (CMS), crude protein (CPB), mineral matter (CMM), neutral detergent insoluble fiber (CFDN) ) and total carbohydrates (CCT), the lowest averages for these variables were obtained with the high grain diet. The values obtained for final weight (PF), total weight gain (GPT) and daily weight gain (GPD) did not differ (P> 0.05) between the control diets and with the inclusion of frying oil, being that high grain diet the showed lowest performance based on these variables.

There was no effect (P> 0.05) of treatments on carcass yields. The diet with residual frying oil, when compared to the other diets, showed an additional profit of 10.29 R $ / animal. The diet with the inclusion of 6% of residual frying oil showed the best productive and economic performance, making it the most viable alternative in this study.

Keywords: evaluation of diets, lambs confinement, lamb nutrition, energy supply

(26)

INTRODUÇÃO

Diante do aumento na demanda por carne ovina no Brasil, vem se buscando formas de produção mais eficientes, destacando-se a introdução da desmama precoce e a terminação de cordeiros em sistema de confinamento total (BERNARDES et al., 2015).

Sabendo-se das vantagens da terminação de ovinos para abate em confinamento e do incremento nos custos de produção que esse sistema pode representar, meios para minimizar os custos com a alimentação nos confinamentos vem se tornando objeto de estudos, tendo em vista que esse é um dos principais fatores responsáveis pela elevação das despesas nesse tipo de produção, como destacam Almeida (2017), Ledo et al. (2016) e Romão et al. (2017).

A adoção de dietas com grande quantidade de alimentos concentrados na ovinocultura vem ganhando destaque nas pesquisas desenvolvidas nesse âmbito. De acordo com Carvalho et al. (2007) a utilização desse tipo de dieta na terminação de cordeiros confinados, possibilita diminuir o tempo de permanência dos animais em confinamento, obtendo-se ao fim do confinamento animais com peso de abate ideal e adequado grau de acabamento de carcaça para a comercialização.

Cardoso et al. (2006), comentam que o uso de dietas com alto grão permite o abate precoce dos animais, ao prover os nutrientes necessários para atender as exigências nutricionais, garantindo o retorno rápido de investimento do produtor.

No entanto, o uso de dietas com alto teor de grãos aumenta a possibilidade de ocorrência de doenças de ordem metabólica, como a acidose ruminal, que deprime o consumo de alimento, ocasiona o surgimento de laminite e promove alterações na microbiota ruminal e na mucosa do rúmen (STEELE et al., 2009), devendo seu empregado estar condicionado ao fornecimento de uma concentração mínima de fibra suficiente para atender as necessidades do animal, aliado ao adequado tamanho de partícula, objetivando a prevenção dessas doenças.

Além disso, a utilização de dietas com alta demanda por grãos, tendem a elevar os custos com a alimentação, o que é compensado, como destacam Bulle et al. (2002), ao se reduzir custos com mão-de-obra, depreciação de equipamentos, custo com volumoso e custo de oportunidade da terra.

Outra possibilidade para minimizar custos de produção em confinamento de ovinos é o

aproveitamento de resíduos da indústria, como o óleo de fritura em dietas para bovinos e

ovinos, alternativa que tem se mostrado promissora pelos estudos realizados na área nos

últimos anos (OLIVEIRA et al., 2017; PEIXOTO et al., 2018).

(27)

A inclusão do óleo de fritura na dieta de ruminantes traz inúmeros benefícios além da reciclagem de um possível poluente ambiental, o incremento no teor energético da ração e redução dos custos, principalmente com alimentação (OLIVEIRA et al., 2017).

Outra vantagem oriunda da inclusão de fontes de lipídeos na ração de animais, é a melhora na eficiência da conversão alimentar, diminuindo a exigência de matéria seca para ganho de peso, como destacam Peixoto et al. (2017). Além disso, óleos vegetais quando utilizados na dieta animal, servem como portadores de vitaminas e ácidos graxos essenciais, facilitando o processo de digestão e melhorando a natureza física da ração (PALMIQUIST, 1987).

Neste sentido, o objetivo nesse trabalho foi avaliar o desempenho, características de carcaça e os índices econômicos do uso de dieta alto grão e dieta com óleo residual de fritura na terminação de cordeiros.

MATERIAL E MÉTODOS

A utilização dos animais e os procedimentos experimentais foram aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais – CEUA, da Universidade Federal Rural do Semi- árido (Protocolo nº 23091.014462/2018-50).

O experimento foi realizado na propriedade Lagoa de Pau, Município de Governador Dix-Sept Rosado, Rio Grande do Norte, utilizando 15 cordeiros machos, não castrados, mestiços de Dorper x Santa Inês, com seis meses de idade, com peso inicial 23,1 ± 1,9 kg, confinados em baias coletivas de 17m², dotadas de comedouro linear (0,30 m/animal), bebedouros e saleiros coletivos e distribuídos em delineamento inteiramente casualizado (DIC), com três tratamentos e cinco repetições.

As composições percentual e nutricional das dietas estão descritas na Tabela 1. Os tratamentos foram: dieta controle (feno de tifton + concentrado, 40:60), dieta alto grão (dieta de alto grão comercial farelada utilizada na terminação de ovinos) e dieta com inclusão de 6%

de óleo residual de fritura (feno de tifton + concentrado com inclusão de 6% de óleo de fritura, 40:60).

As dietas controle e com óleo residual de fritura foram balanceadas segundo as recomendações do NRC (2007) para ganho de 200g diários (Oliveira, 2018).

As dietas controle e com óleo residual de fritura utilizadas nessa pesquisa foram

obtidas de trabalho realizado por Oliveira (2018), com o objetivo de se comparar o

desempenho produtivo de animais alimentados com a dieta com inclusão de 6% de óleo

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residual de fritura, dieta que obteve melhores resultados pelo autor, com a dieta alto grão, explicando-se assim o fato das dietas testes não serem isoproteicas.

Tabela 1. Composição percentual e nutricional das dietas experimentais Composição percentual (%MN)

Dietas

Controle Alto grão Óleo de Fritura

Feno 40,0 - 37,5

Milho 36,2 - 34,0

Farelo de soja 22,0 - 20,7

Núcleo mineral para ovinos¹ 1,8 - 1,8

Óleo de Soja residual 0,0 - 6,0

Composição química (%MS)

Matéria seca (%) 89,42 86,34 89,46

Matéria orgânica 94,04 95,29 93,68

Matéria mineral 5,96 4,71 6,32

Proteína bruta 20,91 16,95 19,25

Extrato etéreo 3,30 3,15 4,16

Fibra em detergente neutro 33,56 24,79 34,14

Fibra em detergente ácido 13,89 13,26 13,73

Hemicelulose 19,67 11,53 27,66

Lignina 1,69 0,19 1,59

Celulose 12,20 13,07 10,93

Carboidratos totais 69,83 75,19 70,27

Carboidratos não fibrosos 36,28 50,40 36,13

Nutrientes digestíveis totais 71,22 71,49 71,29

¹Níveis de garantia/kg (Ca, máx.300 g, mín.200 g; P, 50 g; Mg, 16,5 g; Na, 40 g; S, 18 g; Se, 11 mg;

Cu, 122 mg; Co, 60 mg; Fe, 3.960 mg; I, 85 mg; Mn, 2.000 mg; Z, 2.100 mg; F, 1000 mg; vitamina A, 112.000 UI; vitamina D3, 22.000 UI; vitamina E, 830 UI.

Foram utilizados 10 dias para adaptação dos animais às dietas experimentais, seguidos por 40 dias de coleta de dados. Para adaptação dos animais da dieta de alto grão seguiu-se protocolo sugerido pelo fabricante, com substituição crescente de alimento volumoso pela dieta de alto grão até a retirada total do volumoso da dieta.

As dietas foram ofertadas ad libitum diariamente às 8 e às 16 horas, exceto a dieta alto grão que teve o fornecimento limitado a 3,5% do peso vivo (PV), de acordo com a recomendação do fabricante. As quantidades ofertadas das dietas foram ajustadas diariamente pelo método de oferta/sobra permitindo, no máximo, 10% destas últimas no cocho.

De acordo com informações da indústria fabricante a dieta alto grão era composta por:

farelo de soja, Soy Pass (farelo de soja de alta PNDR), milho, casca de soja, amido de milho, ureia, núcleo mineral e vitamínico, tamponante e monensina sódica.

O desempenho dos animais foi avaliado com base no ganho de peso total (GPT),

calculado pela diferença entre o peso corporal de abate (PCA) e o peso inicial (PI) e no ganho

de peso diário (GPD), determinado pela relação entre o GPT e o período experimental.

(29)

Para cada tratamento constituíram-se amostras compostas semanalmente das sobras e dos alimentos fornecidos as quais foram homogeneizadas e congeladas para posteriores análises. No Laboratório de Nutrição Animal da Universidade Federal Rural do Semi-Árido as amostras colhidas foram pré-secas em estufa com circulação forçada de ar, regulada à temperatura de 65 ºC por 72 horas e posteriormente trituradas em moinho tipo Willey, com peneira com malha de 1 mm. Foram determinados os teores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina e extrato etéreo (EE), seguindo metodologias descritas por Silva e Queiroz (2002) e matéria orgânica (MO) estimada pela diferença entre MS e MM. Os teores de carboidratos totais (CT) foram calculados de acordo com Sniffen et al. (1992), em que CT% = 100 - (%PB + %EE + %MM), e os teores de carboidratos não fibrosos (CNF) foram calculados segundo equação proposta por Berchielli et al. (2006), onde CNF% = 100 – (%PB + %MM + %EE + %FDN). Para determinar os teores de nutrientes digestíveis totais (NDT), foi utilizada a equação NDT% = 77,13-0,4250FDA, proposta por Cappelle et al. (2001).

Ao final do período experimental, os animais foram submetidos à 12 horas de jejum de sólidos, posteriormente pesados para obtenção do peso corporal ao abate (PCA) e então abatidos em abatedouro sob inspeção municipal na cidade de Mossoró-RN. Os animais foram insensibilizados pelo método de concussão percussivo não penetrativo, seguido de sangria, com corte da carótida e jugular, de acordo com as exigências do Ministério da Agricultura (RIISPOA, 1997).

Após o abate, foi realizada a esfola, evisceração e retirada da cabeça e das extremidades dos membros, e obtido o peso da carcaça quente (PCQ), rendimento da carcaça quente (RCQ% = (PCQ/PCA) x 100) e mensuração do comprimento interno da carcaça (CIC), distância máxima entre o bordo interior da sínfise do ísquio-pubiana e o bordo interior da primeira costela. O peso de corpo vazio (PCV) foi obtido por diferença entre peso corporal ao abate (PCA) e conteúdo gastrintestinal (CIG).

Após identificadas, as carcaças foram resfriadas em câmara fria por 24h à temperatura média de 4 ± 0,5 ºC, com proteção plástica, penduradas pela articulação tarso-metatarsiana em ganchos próprios, distanciados 17 cm, para estabelecimento do rigor mortis.

Após o resfriamento, foi registrado o peso da carcaça fria (PCF), calculado o rendimento de carcaça fria (RCF% = (PCF/PCA)x100), o rendimento verdadeiro (RV% = (PCQ/PCV)x100) e o índice de compacidade da carcaça (ICC = PCF/CIC).

A análise econômica das dietas foi realizada considerando-se apenas os custos com

alimentação, de acordo com os indicadores de custos, receitas e de medidas de resultados

(30)

econômicos descritos por Deleco (2007). A dieta controle foi utilizada como referência, assim o custo total adicional e receita total adicional de cada dieta correspondem ao valor que excede ao custo total e a receita total, respectivamente, da dieta referência. O lucro adicional foi obtido através da relação entre a receita liquida adicional de cada tratamento e a dieta referência.

Os valores dos ingredientes das dietas e da carcaça utilizados foram os referentes aos praticados no município de Mossoró-RN no período de realização do estudo: 1,40 R$/kg feno de tifton; 1,10 R$/kg milho em grão; 1,90 R$/kg farelo de soja; 2,40 R$/kg núcleo mineral para ovinos; 1,00 R$/litro de óleo de soja de fritura; 1,25 R$/kg da dieta de alto grão (preço informado pelo fornecedor) e 15,00 R$/kg de carne ovina.

Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo Teste Tukey, com probabilidade de 5% (P<0,05) utilizando o programa SISVAR, versão 5.6 (FERREIRA, 2008).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve efeito (P>0,05) da dieta com inclusão de 6% de óleo residual de fritura sobre o consumo de matéria seca (CMS), proteína bruta (CPB), matéria mineral (CMM), fibra insolúvel em detergente neutro (CFDN), fibra insolúvel em detergente ácido (CFDA), carboidratos totais (CCT) e carboidratos não fibrosos (CCNF), expressos em gramas/dia (g/dia) e percentual de peso vivo (% PV), sendo os valores semelhantes aos observados com a dieta controle. O CMS em gramas/dia (g/dia) e percentual de peso vivo (% PV) diminuiu com a dieta alto grão, diferindo (P<0,05) das outras dietas (Tabela 2).

Tabela 2. Consumo de nutrientes absoluto (g/dia) e relativo ao peso vivo (% PV) de cordeiros terminados com dieta alto grão e dieta com inclusão de óleo residual de fritura

Variáveis

Dietas

EPM P

Controle Alto grão Óleo de Fritura Consumo de nutrientes em gramas/dia (g/dia)

CMS 1416,12a 774,58b 1423,59a 53,75 <0,0001

CPB 331,61a 131,33b 302,76a 15,99 <0,0001

CMM 81,98a 36,53b 89,37a 3,03 <0,0001

CEE 50,25b 24,45c 66,74a 2,98 <0,0001

CFDN 319,03a 192,03b 329,34a 14,97 <0,0001

CFDA 123,01ab 102,8b 132,26a 7,55 0,04

CCT 952,26a 582,25b 964,70a 32,38 <0,0001

CCNF 681,63a 390,22b 687,62a 35,57 0,0009

(31)

Consumo de nutrientes em percentual de peso vivo (% PV)

CMS 5,07a 3,24b 4,86a 0,15 <0,0001

CPB 1,18a 0,54b 1,03a 0,03 <0,0001

CMM 0,29a 0,15b 0,30a 0,009 <0,0001

CEE 0,17b 0,10c 0,22a 0,007 <0,0001

CFDN 1,16a 0,80b 1,14ab 0,09 0,0001

CFDA 0,45 0,43 0,46 0,04 0,8841

CCT 3,42a 2,43b 3,29a 0,11 <0,0001

CCNF 2,22a 1,63b 2,16a 0,09 0,0005

CMS = Consumo de matéria seca; CPB = Consumo de proteína bruta; CFDN = Consumo de fibra insolúvel em detergente neutro; CFDA = Consumo de fibra insolúvel em detergente ácido; CEE = Consumo de extrato etéreo; CCT = Consumo de carboidratos totais; CCNF= Consumo de carboidratos não fibrosos. EPM = Erro padrão médio; P = Probabilidade de significância. Médias seguidas de letras distintas na mesma linha diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).

De acordo com Mertens (1992) dois fatores influenciam o CMS em ruminantes, a capacidade física do rúmen e a demanda em energia do animal, sendo que a regulação do consumo pelo enchimento do rúmen tem correlação com o consumo de FDN da dieta quando valores iguais ou superiores a 1,2% PV tendem a deprimir o consumo.

Neste contexto e tendo em vista que as dietas testes eram semelhantes energeticamente (Tabela 1), a diferença observada no CMS entre as dietas não pode ser atribuída à regulação química. Considerando, ainda, que o CFDN na dieta de alto grão (0,80% PV) foi inferior ao valor sugerido por Mertens (1992), descarta-se a possibilidade do consumo nessa dieta ter sido regulado pela capacidade física do rúmen, inferindo-se que o menor CMS registrado com a dieta alto grão se deve à outros fatores.

Vale destacar, que apesar do fornecimento da dieta alto grão ter sido limitado a 3,5%

do peso vivo (PV), podemos excluir este fato como causa do menor CMS nessa dieta, tendo em vista que durante todo o período experimental os animais deixaram sobras de alimento no cocho, além disso, o CMS relativo ao peso vivo (% PV) registrado nessa dieta (3,24%) foi inferior à 3,5% PV, assim a limitação no fornecimento não justifica o CMS observado.

Assim, sugere-se que a redução no CMS dos animais da dieta alto grão neste estudo, pode ser atribuída a uma possível desordem metabólica, proporcionada pelo menor teor de FDN e forma física da dieta, sabendo-se que a redução no consumo pode ser um sinal subclínico importante de alteração metabólica.

Mesma hipótese levantada por Mendes (2017) ao avaliar dietas com e sem volumoso

na terminação de ovinos mestiços de Dorper x Santa Inês, e observar queda no CMS e baixo

ganho de peso dos animais alimentados com dieta de alto grão sem volumoso, sugerindo que

o menor consumo de MS foi em decorrência de uma acidose ruminal provocada pela ausência

de fibra na dieta.

(32)

Durante o período experimental neste estudo, foi observado, que em determinados dias os animais da dieta alto grão consumiam quase todo o alimento ofertado no cocho, recusando parte da dieta nos dias seguintes, o que pode ser explicado por um possível quadro inicial de acidose ruminal em alguns momentos que induzia os animais a reduzirem o consumo, tendo em vista que com dietas ricas em amido e açúcar, pode ocorrer o acúmulo de glicose no liquido ruminal que é convertido em ácido lático, alterando o pH do rúmen e promovendo episódios de acidose ruminal (BERCHIELLI et al., 2006) o que ratifica a hipótese de depressão do consumo em função de uma distúrbio metabólico.

Segundo Mobiglia et al. (2013) animais ruminantes possuem a capacidade de associar efeitos metabólicos pós ingestão à alimentos, demonstrando preferência ou evitando tais alimentos, corroborando com a afirmação de que um possível distúrbio metabólico pode ter influenciado negativamente o CMS da dieta alto grão e provocado a oscilação no consumo durante o período experimental.

Destaca-se ainda que a manutenção do metabolismo normal do rúmen foi possivelmente influenciada pela forma física da dieta alto grão, sabendo-se o menor tamanho de partícula da dieta, implica na maior exposição dos carboidratos à microbiota ruminal, com consequente desequilíbrio no processo de fermentação ruminal quando comparados aos grãos inteiros (RADOSTITS et al. 2007), favorecendo o aparecimento de distúrbios metabólicos.

Neste sentido, Carvalho et al. (2015) relatam que animais submetidos à dietas com tamanho de partícula reduzido e com baixo FDN, dedicam menos tempo ao consumo de alimentos e a ruminação, confirmando que o menor teor de FDN e o fato da dieta alto grão ser farelada implicaram no menor CMS observado.

Portanto, a forma física da dieta alto grão, associado ao menor teor de FDN e a maior quantidade de CNF contribuíram com a menor capacidade dos cordeiros na manutenção do metabolismo normal do rúmen, e consequentemente, para o CMS registrado.

O CMS pode ainda ter sido influenciado pelo teor de CNF da dieta alto grão, sabendo- se que a digestão de dietas ricas em alimentos concentrados produzem, no rúmen, maiores quantidades de ácido propiônico, apontado como principal responsável pela saciedade em ruminantes (BERCHIELLI et al., 2006), em função do seu caráter glicogênico.

O CMS em % PV observado com as dietas controle, alto grão e 6% de óleo de fritura

foi de 5,07%, 3,24% e 4,86%, respectivamente. O menor CMS em g/dia e o menor ganho de

peso (Tabela 3) observado com a dieta alto grão, implicou no menor CMS expresso em % PV

dos animais desse tratamento, já que está variável considera ambos os parâmetros no cálculo.

(33)

A partir dos resultados obtidos neste estudo em relação ao CMS e desempenho dos animais (Tabela 3), infere-se ainda, que o uso de aditivos utilizados na dieta de alto grão com o intuito de minimizar a ocorrência de alterações metabólicas e garantir o desempenho satisfatório dos animais, possivelmente não foi efetivo.

O CPB em g/dia e % PV teve efeito (P< 0,05) com a dieta alto grão (131,33 g/dia e 0,54% PV), e as médias foram semelhantes estatisticamente entre as dietas controle (331,61 g/dia e 1,18% PV) e com óleo residual de fritura (302,76 g/dia e 1,03% PV). O menor CPB obtido com a dieta alto grão pode estar atribuído ao seu menor teor de PB associado ao menor CMS dos animais submetidos a esta dieta.

Do mesmo modo, o CMM em g/dia e % PV observado com a dieta alto grão (33,53 g/dia e 0,15% PV) foi inferior aos valores das dietas controle (81,98 g/dia e 0,29% PV) e com óleo residual de fritura (89,37 g/dia e 0,30% PV).

O CEE diferiu (P<0,05) entre os tratamentos, o que pode ser explicado pela elevação dos níveis de EE da dieta com 6% óleo de fritura, mesmo comportamento observado por Peixoto et al. (2017) ao estudar diferentes níveis de inclusão de óleo residual (20, 40, 60, 80 g/kg) em dietas para ovinos. Salienta-se que a concentração de EE da dieta alto grão é inferior apenas 0,15 e 1,01 unidades percentuais quando comparada às dietas controle e com óleo residual de fritura, respectivamente, contudo a redução média de 45,4% no CMS da dieta alto grão quando comparada às demais fez com que o CEE dos animais submetidos a esta dieta fosse também reduzido em 58,2%.

Verificou-se superioridade para o CFDN (P<0,05) das dietas controle e com óleo residual de fritura, sendo uma consequência do maior CMS observado e da maior concentração de FDN dessas dietas em relação a dieta alto grão.

O teor de FDA semelhante entre as três dietas (Tabela 1), pode explicar a ausência de diferença (P>0,05) das dietas teste em relação à dieta controle para CFDA. A diferença no CFDA entre as dietas alto grão e com 6% de óleo de fritura deve-se ao maior CMS dos animais da dieta com inclusão do óleo residual de fritura.

Houve efeito (P<0,05) das dietas sobre o CCNF (Tabela 2). Apesar do teor de CNF na dieta de alto grão ser superior às outras dietas, observa-se que em decorrência do menor CMS, o CCNF foi reduzido, explicando também o consumo de CNF superior nas dietas controle e com óleo residual, diante do maior CMS nessas dietas.

Não houve efeito (P>0,05) da dieta com inclusão de óleo residual de fritura sobre o

peso final (PF), ganho de peso total (GPT) e ganho de peso diário (GPD), em comparação à

dieta controle. As menores médias para estas variáveis foram registradas com a utilização da

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dieta alto grão (26,12 kg, 3,02 kg e 0,075 kg, respectivamente) em detrimento das demais (Tabela 3).

Tabela 3. Desempenho de cordeiros terminados com dieta de alto grão e dieta com inclusão de óleo residual de fritura

Variáveis (kg) Dietas

EPM P

Controle Alto grão Óleo de Fritura

PI 23,1 23,1 23,2 1,15 0,99

PF 32,68a 26,12b 33,60a 1,83 0,02

GPT 9,58a 3,02b 10,40a 1,10 0,0009

GPD 0,239a 0,075b 0,260a 0,221 0,0009

PI = Peso inicial; PF= Peso final; GPT= ganho de peso total; GPD= Ganho de peso diário. EPM = Erro padrão médio; P = Probabilidade de significância. Médias seguidas de letras distintas na mesma linha diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).

De acordo com Cabral et al. (2008) o consumo de nutrientes é a variável que mais afeta o desempenho dos animais, o que indica que o menor CMS registrado com a dieta de alto grão, que reduziu, consequentemente, o consumo de nutrientes, influenciou negativamente nos índices de desempenho destes animais. Além disso, a possibilidade de ocorrência de um possível quadro de acidose ruminal nestes animais em determinados momentos do período experimental pode ter contribuído para este resultado que ao depreciar o consumo da dieta, não permitiu que os animais suprissem suas necessidades nutricionais comprometendo o desenvolvimento ponderal.

A ausência de diferença estatística para PF, GPT e GPD entre as dietas controle e com inclusão de 6% óleo residual, permite concluir que o CMS similar nessas dietas, bem como o fato dessas dietas serem isoproteicas e semelhantes em relação a composição nutricional, proporcionou ganhos semelhantes para os animais destes tratamentos.

Na tabela 4 são encontradas as médias referentes aos pesos e rendimentos de carcaça.

As médias de peso corporal ao abate (PCA), peso do corpo vazio (PCV), peso de carcaça

quente (PCQ) e peso de carcaça fria (PCF) das dietas controle e com 6% de óleo residual de

fritura foram semelhantes (P>0,05). De acordo com Kuss et al. (2005) o PCQ e PCF estão

altamente correlacionados com o PCA, assim, a ausência de diferença no PCA entre as dieta

controle e dieta com óleo residual de fritura, proporcionou semelhança entre as médias de

PCQ e PCF, bem como o menor PCA dos animais do tratamento alto grão contribuiu para os

menores valores de PCQ e PCF, neste estudo.

(35)

Tabela 4. Características de carcaça de cordeiros terminados com dieta alto grão e dieta com inclusão de óleo residual de fritura

Variáveis Dietas

EPM P

Controle Alto grão Óleo de Fritura

PCA 30,72a 24,92b 33,04a 1,67 0,0138

PCV 27,54a 21,94b 30,09a 1,37 0,0038

PCQ 15,19a 11,62b 15,94a 0,68 0,0016

PCF 14,91a 11,44b 15,65a 0,666 0,0017

RCQ 49,41 46,62 48,24 1,15 0,2443

RCF 48,53 45,90 47,36 1,15 0,2854

RV 55,15 52,96 52,97 0,75 0,1307

ICC 0,43a 0,35b 0,44a 0,05 0,0022

CGI 3,17 2,97 2,94 0,557 0,9515

PCA = peso corporal ao abate (kg); PCV = peso do corpo vazio (kg); PCQ = peso da carcaça quente (kg); PCF = peso da carcaça fria (kg); RCQ = rendimento de carcaça quente (%); RCF = rendimento da carcaça fria (%); RV = rendimento verdadeiro (%); ICC = índice de compacidade da carcaça (kg/cm); CGI = Conteúdo gastrointestinal (kg). EPM = Erro padrão médio; P = Probabilidade de significância. Médias seguidas de letras distintas na mesma linha diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).

Não houve efeito (P>0,05) das dietas sobre os rendimentos de carcaça quente (RCQ), carcaça fria (RCF) e verdadeiro (RV). De acordo com Queiroz et al. (2015), dentre os cálculos de rendimento de carcaça, para o meio cientifico o que apresenta maior acurácia é o RV, tendo em vista, que diferente do cálculo de RCQ e RCF, este considera o PCV, subtraindo-se o peso do conteúdo gastrintestinal (CGI), que pode ser influenciado pela taxa de passagem do alimento, a qual por sua vez, possui relação com maiores teores de FDN de dietas já que com isso se tem uma menor taxa de passagem e, consequentemente, menor desaparecimento de conteúdo gastrointestinal no jejum pré-abate (BERNARDES et al., 2015).

Contudo, no presente estudo, o peso de CGI não foi alterado pelas dietas (P>0,05), portanto os valores de RCQ e RCF não foram influenciados por tal parâmetro, tornando-se confiáveis.

A partir do índice de compacidade de carcaça (ICC) pode-se realizar uma avaliação

mais precisa da composição muscular da carcaça (OSÓRIO; OSÓRIO, 2005). Considerando a

preferência do mercado por carcaças com maior compacidade (QUEIROZ et al., 2015), e os

resultados obtidos nesse trabalho, é possível concluir que as carcaças dos animais alimentados

com dieta alto grão, que tiveram menor (P<0,05) ICC quando comparado aos obtidos nas

demais carcaças, são menos atrativas ao mercado. Infere-se ainda, que o menor índice é em

decorrência da menor quantidade de tecido muscular na carcaça, pois este mensura a

quantidade de tecido muscular depositado por unidade de comprimento e isto provavelmente

também esteve diretamente relacionado com a redução do CMS observado nos animais

submetidos à dieta alto grão.

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