DISSERTAÇÃO
X» SOBRE AOVARIOTOMIA
EAS MOLÉSTIAS
PARA
ALLIVIOOU
CIRA
DAS
QUAES ESTA
OPERAÇÃO
É RIAISPARTIC1LARMEMTE
ADAPTADA
THESE
PARA
VERIFICAÇÃO
DE
TITULO
PERANTE
g
"
"Iimi
m
iniraii 11
mim
EM
MAIO
DE
1868/
PORALEXANDER
PATEIíSON, A
.M.,M.
B.f€.M., L. M.,M. li.C.8.E.TYPOGRAPIIIA
DE
TOUÍINHO
&
COMP.
Rua Nova ilo Cominercio n.° II.
FACULDADE DE
MEDICINA
DA
BAHIA.
ii ITiiÇuTri 11
DIRECTOR
1P jEjc.noiSfttr,
Conselheiro
•Woão
Baptista
«tosAnjos.
O
Ex.moSnr. Conselheiro Dr. Vicente Ferreira do Magalhães.ossns.DOUTOnns !.*ANNO. matemiasquileccionam
. r- «H„mi„„«ii.^«c "í Physica emgeral, eparticularmenteem suas
Cons. Vicente Ferreirade Magalhães . .5
apolicaçõesáMedicina. FranciscoRodriguesdaSilva ChimicacMineralogia.
AdrianoAlvesdeLimaGordilho . . . Anatomiadescriptiva.
ANNO.
Antoniodo Cerqueira Pinlo Chimicaorgânica. jeronyrno Sodré Pereira Physiologia.
AntonioMarianodoltomfim BotânicaeZoologia.
AdrianoAlvesdeLimaGordilho. . . . Repetiçãode Anatomiadescriptiva.
3.'ANNO.
Cons. EliasJoséPcdroza Anatomiageral cpathologica. Joséde GoesSequeira Pathologiageral.
Jeronyrno Sodré Pereira Physiologia. 4.'ANNO.
Cons.ManoelLadislàoAranhaDantas. . Palhologia externa.
Pathologia interna.
„„,,,.„m„mI,„c,mn,iA \ Partos, moléstiasde mulherespejadascde meninos
MatinasMorenaSampaio
j rccciimascidos.
5.°ANNO.
Continuação de Pathologiainterna.
JoaquimAntoniod'OIiveiraBotelho . . Matériamedicaetherapeuticn. JoséAntonio deFreitas
J
^p^VoT*™^'
*******°Peralor,a- ft
G.° ANNO,
Pharmacia.
Salusliano Ferreira Souto Medicinaiegal.
DomingosRodrigues Seixas llygicne, eHistoriadaMedicina.
Clinicaexternado3.*ei° anno.
AntonioJanuáriode Faria Clinicainternado5.*e6." anuo.
flozcridoAprígio PereiraGuimarães. A
Ignacio JosedaCunha f
PedroRibeiro de Araujo >Secção Acccssoria.
José IgnaciodeBarrosPimentel. . .\
VirgilioClymaco Damazio / José Alfonso Paraizode Moura. . . .\
Aususlo Gonçalves Martins V
DomingosCarlosdaSilva > Secção Cirúrgica.
DemétrioCyriacoTourinhn
Luiz Alvares dos Santos .
João PedrodaCunhaValle
O
SSr.Sir.Ciiiciimato fi*iitío daSilva.O
S»r. B>r. Thoninz <l'Aqitiiio (bispar,Secção Medica.
PREFACIO
Escolhi paraassumpto d'esta thesca ovariolomia, c as moléstias para allivio
ou cura das quaes esta operação é mais particularmente adaptada, na espe-rança de que o interesse inherente ás questões aqui discutidas compense, de
alguma
sorte, o imperfeitodesempenho
que poude dar-lhequem,
ámingua
de experiência própria, nãotem
a pretcnção de accrescentar cousa novaem
qual-quer dosramos da sciencia medica, e é obrigado a contentar-secom
recapi-tularaquilloque outros jádisseram muito melhor, e queé,
sem
duvida, mui-to mais familiar áquelles que tiverem de ler este resumo, do que ao próprio author.Darei primeiro
um
curto esboço da anatomia e physiologia do ovário, e da pathologia geral e therapeutica dos kystos ovaricos. Tratarei depois dealgu-mas
das moléstias para as quaes é principalmente aconselhada a ovariotomia, da comparaçãod'este meio operatóriocom
os outrosmodos
de tratamento queteem
sidopropostos, e dos casosmais appropriados paracadaum;
e,finalmen-te, da historia da operação e
modo
de a praticar, dos seus perigos,difficulda-des, causas de
maus
resultados e meios de os evitar, assimcomo
dotrata-mento
após a sua execução.DISSERTAÇÃO
SOBRE A
OVARIOTQMIA
EAS
MOLÉSTIAS PARA
ALLIVIOOU CURA DAS QUAES ESTA
OPERAÇÃO
ÉMAIS
PARTICULARMENTE
ADAPTADA.
Aei&íohíííi
dos
ovaa*ios«
1M
9orma
dos ovários.Os
ovários constituem duas glândulasfol-í^^rjí^^
liculares perfeitamente fechadas, providas cadauma
deum
TfC ) duelo (a (rompa de Fallopio). Desenvolvem-se unicamente
^faxEiL-
^
^
depoisde estabelecidaa puberdade. São ovaes, achatadosla-teralmente.
A
sua superfície anterior émenos
extensae mais convexa do quea posterior, aqual é geralmente arredondada egibosa, detal sortequepor
um
exame
attento se pode distinguir o ovário direito do esquerdo.A
extremidade externaé arredondada c bulbosa, ao passoque a interna se vac gradualmente attenuando atéconfundir-secom
o ligamento queo prendeao útero.O
bordo superior é convexo, c forniaum
segmento de circulo cujo diâmetro vaeem
continua diminuição
com
o correr da edade.O
bordo inferior é direito ouli-geiramente concavo, econstituo a basedo ovário, ou a linha que o prende á dobra posterior do ligamentolargo.
Dimensõese peso.
O
ovário deuma
mulher
adulta csadia (em de i a 2pol-legadas de comprimento, de G a 12 linhasde espessura ou diâmetro
perpen-dicular, e de 3 a 0 linhas de largura ou diâmetro transversal;
mas
é sugeito a variar de volumee de configuração nas diversas epoehas da vida. Outrolhodo, e mais exacto, de avaliar o
volume
do ovário consisteem
pc-sal-o.
Os
seguintes são os pesos extremos e médios de5
ovários extrahidos de mulheres adultas e sadias, a saber:máximo
peso135
grãos,mínimo
00
grãos, e o
médio
(dos 5)87
grãos.Posição e relações.
É
tão intima a relação dos ovárioscom
o úteroque pode dizer-se não terem elles posição lixa. Estão ordinariamente situados mais oumenos
profundamente na parte lateral e posterior da cavidade dabacia, por detrazdos intestinosdelgados, e cobertos
em
parte pelastrompas deFallopio, cada
uma
do lado respectivo.Em
relaçãoao útero, os ovários estão collocados aos lados deste órgão, cada qual auma
distancia que varia de4
a18
linhas, e alraz eum
tanto abaixo donivel da entrada das trompas deFal-lopio.
Ambos
elles são cobertos poruma
folhade peritoneu derivada dala-mina
posterior do ligamento largo, ao qual íicarn assim ligados poruma
es-péciede mesenterio.
Alem
d'estas relações indirectascom
o útero, a favor da intervenção dos ligamentos largos, os ovários prendem-se aindaa elie maisdi-rectamente peloseu próprio ligamento (ligamentam ovariij, o qual serve para
unil os mais solidamente ao útero.
Alem
d'issoprendem-se ainda, pelasua ex-tremidadeexterna, ásaberturasdastrompasdeFallopioporum
dos prolongamen-tos do seu pavilhão, o qual serve paramanter oórgãona próximavisinhançade seu canal excretorio.A
distancia entre o ovário e o úterovaria muitoem
mu-lheres diversas, e até nosdous ladosn'uma
mesma
mulher.0
direito,segundo
o Dr. ArthurFarre,émaisafastado doqueoesquerdonaproporçãode\)para 12casos.
A
posiçãodosováriosmuda
frequentes vezes durante prenhez.Á
propor-ção que o útero se expande leva-os comsigo para a cavidade abdominal,le-vantando-se
também
o fundo d'aquelle órgão até alem do nivel d'elles, que sevão
também
fixando cada vez mais aos lados do útero, até que,no termo
da gravidez,vem
elles a ficar abaixo do centro d'esta entranha.Partes componentes.
O
ováriocompoem-se:
I ode partes protectoras ou tú-nicas; 2° deparenchyma
ou stroma,no qual seacham
encorporadas,3
oas
par-tes sccrelorias propriamente ditas,
em
forma de sacos fechados ou vesículas,contendo os óvulos; 4o osvasos
e osnervos.
i.° Partes protectoras outímidas; são
em
numero
de duas, ecorrespondem
exactamente, assim
em
estructuracomo
cm
origem, ao análogo envoltório dotesliculo.
A
cobertura peritoneal conslitue a mais externa d'estas túnicas, cconsta da folha de peritoneu derivada da lamina posterior do ligamentolargo,
o qual serve para prender o ovário ásparles adjacentes. Excepto
na
sua base, o ovário é intimamente revestido por esta lamina peritoneal,que
nenhuma
diligenciacom
o escalpelo pode separar da túnica subjacente.Esta estreita união das duas túnicas inlerrompe-se, comtudo, na Base do
ovário, onde
uma
linha branca irregular, eum
tantolevantada, senola deum
e de outro lado, seguindo a direcção horisontal, subindo mais na superfície
anterior da glândula do que naposterior.
Na
sua estructura intima esta co-bertura não se dilíerenca demodo
algum
do peritoneu que forra as demaisvísceras.
A
limica ãlbuginea, ou túnicaprópria, constituo a coberturaespecialou própria do ovário. Servepara dar forma e solidez, ao órgão, epara proteger os óvulos e as vesículas contra as violências.
Tem
a espessura quasi uniforme de 1/3 de linha, cforma
um
envoltório completo ao ovário, excepto no seu bor-do inferior, onde as fibras estãomenos
densamente dispostas e entrelaçadas,ou faltam inteiramente, deixando
um
espaço longitudinaldenominado
o kiloou fenda vascular, pela qual entram no órgãoos vasosc osnervos. Este espa-ço 6de
3
a4
linhas de largura, e corre ao longo (fe toda a base do ovário.Esta túnica é de coralva clara, e de consistência rija, quasi cartilaginosa.
Examinando-se
um
fragmento d'ellacom
o microscópio, vêem-se-lhe nasmargens
numerosasfibrasdetecido connexivo desenvolvido, bastaeirregular-mente
dispostas,emmergentes
deuma
substancia-mãe, densa, amorpha,se-meada
de granulaçõesque servem para ligar as fibras entre si, e ás quaes pa-rece devida,cm
grandeparle, a rijeza peculiar d'cstamembrana,
entretan-to quea sua brancura se explica pelo muito
menor
numero
de vasos que cilacontem,
em
comparação doparenchyma
geral do ovário..2.°
O
parenchyma
ou slromaconslitue o tecido próprio do ovário. Estási-tuado
immediatamente
por baixo da túnica albuginca, e enche todo o espaço intermediário entre as vesículas, ás quaes serve de cama, e de protecção aosóvulos, pre&lando-se a levar o sangue ás vesículas. Este tecido é algumas
ve-zes de
um
vermelho desmaiado,mas tem
geralmenteuma
cor vermelha viva por causado avultadonumero
de vasos sanguíneosque
contem, cujadistribui-ção procedendo de dentro, e irradiandose
em
todasasdirecções, dá a estete-cido,
quando examinado
avista desarmada, ou a favor de urna lenteordina*ria, apparencias de ser formado
em
feixes ou laminas.O
microscópiomos-tra, entretanto, ser a sua verdadeira estructura composta principalmente de vasos sanguíneos, aos quaes é devida
uma
grande parte da sua resistência e flexibilidade, sendo os espaços intermediários oceupados poruma
substanciafibrosa não separável
em
feixes,como
o tecido connexivo ordinário, não tendo disposição íibrillar dietincla, e tendo por principaes elementos simples fibrasbrancas de tecido connexivo ordinário,
numerosas
fibras embryonariasfusi-formes, e ccllulas elliplicas e redondas ougranulações, tudo coherente e
3.°
As
vesículas de Graaf, as quaes,sem
entrar nas variadas differençasde
opinião aque cilas teem dadologar, cu posso aqui descreversimplesmente
co-mo
de forma espherica, não tendosido sugeitas a pressão, c consistindoem
certas túnicas e conteúdos.
Nas
creancas e nas pessoasmoças
as vesículas são encontradas unicamente na circumferencia ou peripheria do órgão, ondefor-mam
uma
crosta espessa, sendo o interior d'cste ocoupado unicamente por vasos sanguíneos cslroma.Mas
depois da puberdade torna-semenos
pronun-ciada esta dislincção entre
uma
parlecortical e outra central, e as vesículascncontranvse por toda a glândula, posto que
sempre
em
maiornumero
na circumferencia.O
numero
de vesículas desenvolvidas, perceptíveis á vista de-sarmada, varia muito segundo os indivíduos. Pensava-se ainda até ha poucotempo
queo seunumero
se limitava a 12 ou20
cm
cadaovário, e que,quan-do»exhaustas por gestações ou abortos, cessava a faculdade de procrear. Hoje, porem, é demonstrado que
em
órgãos sãos elle sobe a30,50,
100
e até200,
entretanto que
em
meninas
demui
terna idade oseunumero
passa alem de todo cqualquer calculo. Consiste a vesícula, não fatiando senão d'aquellastú-nicas
em
que se manifestammudanças
de estructura, ou de relações duranteas phases.de desenvolvimento e decadência que cila soffre,
em uma
túnicafibrosa externa vascular,.
chamada
a túnica da vesícula, túnica fibrosa,ou íheca(ollieuli; outra internaque é a própria vesícula, e mais
uma
terceirachamada
túnica granulosa, immediatamenlc per jura do ovulo, e formada simplesmente porum
aggregado mais denso das granulações circumvisinhas.4.° O. OVÁRIO DERIVA O SEU FORNECIMENTO DE SANGUE (loS V3SOS OVaríCOS C
uterinos, entre os quaes existe
uma
anastomose das mais intimas.Os
vasos terminaeschegam
ao bordo inferiordo ovarioy entreas dobras do ligamentolargo, onde se deitam
em
linhasparallelas, edistinguem- se facilmente pela sua forma tortuosa c espiral. Entrando nabasedo órgãoexpandem-se
em
todoo
stroma, e dam-lhe o seuaspecto fibroso peculiar.
Dos
seus ramúsculosextre-mos
o sangue regressa por veiasquevão para abase do ovarioT que sãomui-to numerosas,
eque formam
perto- delia,, entre as dobras do ligamentolar-go,
um
plexochamado
«Ovarico»ou
«Pampini forme»que
vaecommunicar
com
o plexo uterino. Sóem
casos excepcionaes seencontram
válvulasnas
veias o vyricas.Os
seus nervos derivam-se dos plexos renal e aórtico inferior, centram
acompanhando
os vasos.O
Dr. Rousjet descobriu fibras musculares nas dobras do ligamento larço, especialmente ao longo dos vasos ovaricos, asquaes, diz elle,soba
influenciao verdadeiro duelo excretorio do ovário, a trompa de Fallopio, explicando assim aquelle
phenomeno.
Elie não conseguiu de
modo
algumdescobrir vestígiosde tecido eréctil nas trompas de Fallopio,mas
admitte a sua existência no ovário e no útero.Historia
ancaiiea
cioovário.
Na
mulher
é o ovário o primeiroórgão ligado ás suas funcçõesreproducto-ras.
É
clle (piea conslilue mulher, assimcomo
o seu análogo nohomem,
otestículo, é o que o faz
homem.
Ao
observador superficial pareceráque o útero, peloseutamanho
eimpor-tância, é o órgão distinclivo do sexo feminino; tal, porem, não acontece, pois
que elle é apenas o receptáculoondese acolhe e desenvolve o producto do
ová-rio.
Que
isto assim é, facilmente se comprehende, considerando que asmulhe-res privadas dosovários congenitamente, oupor operação, eque assim
perdem
consideravelmente as feições características do seu sexo, tornam-se mais ou
menos
masculinas.Muitaseextraordináriasteem sido, desde
amais
remota antiguidade, as con-jecturas acerca da natureza e serventia doovário. Assim, desde otempo
de
Hippocrales até ode Vesalio foi elle considerado
como
análogo ao testículo, e egual a elleem
estructura, diíferindo apenasem
posição. Yesalio doscre-vcu-ocomo
um
compostode pequenas vesículas recurvadas terminandocm
um
canal dcfferenle amodo
do testículo.Como
este, suppunha-se que ellesegregava sémen, ao qual se deu o
nome
deSémen
Femininum,em
contrapo-siçãoao
Sémen
Masculinum.É
curioso notarcomo
os velhos paes da medicina disputavam acerca da serventiado supposto—
Sémen
Femininum,como
pu-nham cm
acção a sua ingenuidade, e a força d'imaginação, paracomprehende-rem
o uso d'aquillo que não existia. Assim, julgavam- no alguns osim
qua non do acto da concepção, ao pssso que o consideraram outrosum
liquidome-ramente
fertilisador, que serviapara fertilisaro útero, e tornal-o apto para arecepção efíicaz do
sémen
masculino. Pelo meiado do séculoXY1I
Harvey, na sua obraDe
generaiione exercitaliones,derribouasideas até então existen-tes sobre este assumpto, epor seumodo
de pensar deumargem
a largadis-cussão.
Conhecendo
Hippocrales que, tanto nohomem
como
nas espécies in^feriores,a prole surgiade
um
ovo, acereditava, comtudo, que esteera formado no útero,querpelosémen
masculinosó, quer conjunctamentecom
o feminino. SlcnoeDe
Graaf, provocadosacampo
peias obras deHarvey,affirtnaram entãoque as vesículasovarieascram ospróprios ovos, e que produzil-os, c não
um
fluido imaginário, tal era a funeção dos ovários. Considerava
Harvey formado
o feto, não pelo
sémen
masculino levado ao ulcro,mas
por virtude de haver toda amassa
do sangue,como
por injecção, recebido dosémen
uma
forcaplástica, a qual,
communicada
aos óvulos cabidos no útero, alli os tornava fecundos.Em
1G71
publicouDe
Graaf a sua grande obra, na qual substituiu o termo ovários ao de testículos, atéentão empregado, elambem
descreveu asvesículas, que trouxeram o seu
nome
á posteridade. AppareceuentãoBarba-tus dizendo que estas vesículas não
eram
óvulos e sim hydatides. Veio depois Barlholin, c procurou mostrar a dislineção entre os óvulosdeDe
Graafe ashydatides de Barbatus.
Em
1677
um
jovem
medico de Dantzig moslrou aex-istência de animalculos espermalicos. Isto deu causa a outra revolução
que
poz inteiramenleá
margem
a ideia de ser ocmbryão
formado no ovário, por quanto ahi estavam animalculos distinctos, aos quaes bastava só a influenciafertilisadora do útero, solo propiciopara desenvolvel-osaté o estado de seres
perfeitos.
Houve
atéquem
chegasse a persuadir-se de ler podido reconhecer parecenças entre estes animalculos e ohomem,
lmaginou-se depoisque
se havia descoberlo a dislineção cnlre o animalculomacho
c a fêmea, os quaessejulgou até haver surprehendido
em
acto de copula, posto que o descobrir qualquer prole,como
produelodaquellcacto, foi cousaque mallogrou osmaio-res esforços, o observação e a phantasia dos investigadores.
Sem
em-bargo da apparente plausibilidade da sualheoria,não
poderam
elles, com-ludo, pôr deparle a existência do ovulo, que devia servir paraalguma
cousa.A
viveza da imaginação suppriu-lhes ainda aqui o que a observação lhes negava, e decidiu-se, por tanto,que
estes ovoseram
para alimentar os ani-malculos. Mas,com
o correrdo tempo, revive outra vezatheoria deDe
Graaf, e Morgagni, não podendo esquecer o lado fraco da lheoria d'este, isto é, as grandes dimensões das vesículas comparadascom
os óvulos encontrados na trompa de Fallopio, advinhou a verdade de que cilaseram
glândulas se-cretoras deum
liquido destinado á conservaçãodo
ovo, o a favorecer a su» migraçãoem
tempo
opporluno. Maistarde Baar descobriu o verdadeiro ovo, e assim ficou aplainada a difíiculdade da lheoria deDe
Graaf. Seguiu-se depois adescoberta deCostee
Wharton
Jones davesículagerminal,da macula germinal, e docorpo luteo, cuja naturezatem
sido,como
de factoainda hoje é, matéria para larga discussão. Tal é,em
resumo, a historiamedicado
ovário.Foram
descriptos ja noXVII
século os tumores deste órgão.Mas
a hydropisiaI
By<lroi>isio
«loovstrio.
A
HYDiionsiA do ovário consisteno (lescnvolvimoiito e crescimentoprogres-sivo do
um
ou mais kystos nascidos doovário,com
poder de reproduzirou-trossimilhantes endogenicamente, e de segregar da
membrana
que forra o seu interioruma
quantidade quasi illimitada de liquido. Enconlra-se algumas vezesum
sókyslo,sem nenhuns
outros secundários que lhe pertençam.A
essedá-se o
nome
do kyslo simples, unilocular ou estéril.Quando
existe mais deum
chama-se multiloeular. Este pode ser, entretanto, de duas espécies,se-gundo
que os kystos coexistentes e contíguosnasceramcomo
outras lautas ex-crescências mórbidas separadas dentro domesmo
ovário, ou quesão produc-ções secundarias deum
kysto primitivo.Os
da primeira variedade sãoconhe-cidos pelo
nome
de múltiplos, e osda segunda pelo de prolíferos oucompos-tos.
Os
kystos simples, múltiplos c prolíferos, que euacabo dedescrever, con-stituem,cm
grande parte, a moléstia conhecida por hydropisia do ovurio, econtra a qual principalmente se tem lançado
mão
de recursos operatórios.Existem ainda outras affecções que dão causa ao crescimento dos ovários, e
que
sãoacompanhadas
de mais oumenos
elíusão enkystada,porém menos
ao alcance da interferência ciruroica. Taes são os tumores hydaticos dos ovários, os dennoides, contendo cabellos, dentes c outras substancias, e os colloides,acerescendo ainda, alem destes tumores,
uma
forma de hydropisia ovarica de-vida á occlusão da trompa de Fallopio, e muitosimilhante áquella.Pathologia da hydropisia do ovário. Para maior facilidade da descripção,
Jividirei os kystos do ovário
em
simples, múltiplos e compostos.A.
Kystos simples. Cornoo indica onome,
kysto simplesdoovário é aquelleque
tem
um
saco deuma
cellula única, ou unilocular, o qual pode ser tãope-queno
quepermaneça
inclusonasubstanciadoovário,onde,como
ébem
de ver,soo exame
necroscopico venha a revelar asuaexistência; ou chegar ásdimen-sões da cabeça de
uma
pessoa adulta. É, todavia, raro, queum
kysto simples chegue a tal grau de crescimento, ao passoque., pelo contrario, oskystoscom-postos ordinariamente o excedem. Poucas vezes poderão elles ser descobertos antes que
tenham
adquiridoum
tamanho
talquechame
a attençãocomo
um
tumor
pelviano, quando, muito provavelmente, no seuinteriortenhacomeçado
jáo crescimento endogenico, e o haja convertidoem
kysto composto.Quando
otumor lem
chegado aum
tamanho
considerável, o ovário é apenas perceptí-velcomo
um
pequeno
appendiee ao seu lado inferior, e pode ou não entrar naformação da pelliculaou cobertura do kysto.
A
trompa do Fallopio do ladoaf-fectado torna-se tensa])or cima dosaco distendido; alongam-se os ligamentos
largos do útero, e este eleva-se, inclina se para diante, e alonga-se por tal
modo
quechega, muitas vezes, ao dobro das dimensões normaes, e acha-sc geralmenteem
um
estado frouxo.Em
virtude doseupequeno tamanho
produ-zir diminuta pressão, raras vezes se encontra ifelles adherencias
como
nos kystos compostos, esão achados muitas vezes por detraz do útero, na cavida-de peritoneal retro-uterina. Posto que, ábem
dizer,quando
odesenvolvi-mento
do kysto édevido a ovarite, possa haver effusão de lympba,donde
pro-venham
adherenciaseuma
posição mais lateral do tumor, os kystos simples não offerecem omesmo
contorno irregular dos compostos, sendo,em
geral, globulosos, de supcríieie lisa, e dando maispromptamente
signaes certos defluctuação doque estes, nos quaeso liquido está encerrado
em
numerosos
epe-quenos compartimentos agglomerados.
Na
maioria dos casosde kystosdoová-rio este
orgam
atrophia-se, posto quecm
alguns elleaugmente
dc volume, adquirindo consistência quasi cartilaginosa, tanto quetem
sido descriptocomo
producção scirrhosa,quando
não haviasignalnenhum
evidente da existência de moléstia maligna.Segundo
o Dr. R. Lee os nervos ganglionares dasim-mediações doútero e dosovários
augmentam
devolume
quando
estes últimos seacham
affectadosde hydropisia.B. Kystos múltiplos. Estes são apenas
uma
variedade dos kystos simples, devida á formação comeomiltante de dous ou mais d'estes últimosno
mesmo
ovário, os quaesse vão conchegando no correr do seu crescimento, de
modo
que
formem
um
tumor apparentemente multilocular.O
Sr. Paget nas suas prelecções sobre os tumores, descreve destemodo
a sua formação: «não éra-ro enconlrarem-se muitos kystos pequenos formados, ao
que
parece, pelo coincidente crescimento das vesículasde Graaf.Jazem acamados
cmutuamen-te comprimidos, e á proporção que todos se desenvolvem conjunctamente, absorvendo-se ás vezes os seus tabiques divisórios,
chegam
acommunicar
unscom
os outros,podem
parecerum
simples kysto mullicellular, tendo parede própria formada pela túnica fibrosado ovário destendido. Muitos kystosmul-tiloeulares,
como
elles sãodenominados, não passam de grupos de kystossim-ples estreitamente empacotados; posto que examinados
em
periodo adiantado de seu desenvolvimento, e particularmentequando
ura dos do grupo cresce mais do que os outros, possa haver difnculdadeem
diíferençal-os de alguns kystos prolíferos.»Porem
no seu ensaio sobre os tumores elle acerescenta que estes kystos múltiplospodem
estremar-se dos prolíferos, pois que «em
las suns paredes adjacentes; c no outro algunsestão inclusos
cm
outrosoubro-tam
do suns paredes» Todavia a distincção não é geralmente fácil,nem
muito importante na pratica.
C.
Os
Ityslos compostos,chamados
lambem
mnUiloculares, prolíferos, oucysfoides, são formados pelo crescimento de
uma
ordem
secundaria outerciá-ria de kyslos procedentes do kysto ovarico primitivo. Este
tumor
podeseren-dógeno, islo é, <pic brotou do interiordokystomaterno, ou exógeno,istoé,
nas-cido do seu exterior. Qualquer que seja, porem, a direcção do crescimento,
elles
nascem
da parede fibrosa do saco materno, c adquiremum
forro simi-lhante ao do seu interior, e,mormente
aquellcsque surdem do interior doan-tigo kysto, levam adeante de si a
membrana
que forra este, e que lhes ficasendo ainda envoltório addicional.
Os
kyslos secundários desenvolvem-se, or-dinariamente, muitos aomesmo
tempo,embora
possaum
d'ellcs sobrepujares demais, c atéampliar-se tão rapidamente quese rompa, ederrame
oseu con-teúdo no kysto materno.O
mesmo
succedecom
oskyslos terciários,em
rela-ção aos secundários.E
quando se dá estemodo
de multiplicação, o tumor, jácomplexo c multilocular, torna-sc desigual
em
sua superfície á proporção do crescimento dos kyslos no sentido exterior, os quaes,em
verdade,podem
al-gumas
vezes seragitadoscomo
se foram tumoresappensos; c,quando
desen-volvidos apenas parcialmente, contem pouco liquido, e teem paredes espessas,dão pelo tacto a ideia detumores sólidos.
Camadas
d'ellespodem
successiva-mente
brotarno interiordo saco primitivo, até o distenderem tantoqueocca-sionem a sua espontânea ruptura. D' esta variedade de kyslos terciários, que
Icem
base larga,devemos
distinguiruma
ordem
de tumoresinhos avelludados, verrucosos ou pedunculados, dos quaes o Dr. Farre nosdá aseguinte excellen*te descripção: «Estas excrescências pedunculadas brotam, algumas vezes, das paredes de
um
kysto principal, e, na verdade, quasi todas as vezesque asle-nho
examinado depois de havero saco adquiridoum
certo volume, gruposd'es-les saquinhos pedunculados
podiam
ser vistos espalhados no interiorem
vá-rios logarcs;
porem
ellesnascem
mais constantemente no interior dokystose-cundário. Estes saquinhos apparecem primeiro
em
grupos dispersos, sobafor-ma
degrãos redondos, cobrindoem
camada
espessa amembrana
que oforra, cque elles
erguem,
c tãobem
acamados que se pode contaruns200
ou300
no espaço deuma
pollegada quadrada.Quando
elles se alongam, obriga-osamu-tua pressão a tomar
uma
forma filamentosa.Mas
se cressemcom
maisliber-dade, assuas extremidades deordinário dilatam-se,a
modo
de pequenos bolsosou botões de outra ordem, que brotaram doslados ou da extremidade dos
tu-mores
primitivos, c convcrtcm-n'oscm uma
multiplicidadede pequenas—
10-crescériciasdendriticas,que tornam áspera a superfície interna dos kystos
maio-res, ou
enchem
mais oumenos
completamente as cavidades dos maispeque-nos. Fazendo-se
um
corte n'estasexcrescênciasdendriticas, vê-seque
ellas são ordinariamente solidasem
sua base, sendo o tecido fibroso branco da paredeào
kyslo materno, d'onde ellas nascem,fácil de reconhecernas suas hastes éra-mos.Porem
nas suas extremidades expandem-seem
pequenos bolsos cheios deum
liquido, similhantes a pequenos kystcs pedunculados,com
os quaes seacham
abundantemente intermeados. Estes pequenos kystos e excrescências são cobertos de epithelio, e é provável que sejam os laboriosos agentes daeli-minação
dos diversos fluidos queenchem
ordinariamenteos kystos do ovário,de qualquer
ordem
que elles sejam.Os
kystos multilocuhres são muito maiscommuns
doque
os simples, echegam
a muito maiores dimensões.Ha
exem-plosde tumores ovaricos pesarem,com
o seuconteúdo liquido, de50
a100
li-bras: e é provável que o único limitedoseu crescimento, depois que seelevam
fora da bacia, seja a pressão que lhe
oppoem
as paredes abdominaes, aespi-nha
dorsal eo diaphragma,em
quanto que a faculdade secretora das paredes do kystoparece iHimitàdà.Examinando
um
tumorextrahido pelo Sr. Péan,em
Paris, oSr. Ordonez encontrou muitos vasos ramificados sobre as paredes do
kysto,penelrando-as depoisde
um
modo
queparece dignodenota;porquantoellepensa estar ahi a verdadeira origemdoskystos,e aexplicaçãodosváriosaspectos que oíTcrcce o liquido contido
em
sua cavidade.De
factov estes vasossanguí-neos, reduzidos ásproporções de capillares da segunda e terceira variedade, penetram nas cavidades dos kystos,
em
cuja superfície internaterminam
em
pincéis soltos, e oííerecem
uma
parede única delgada, elástica, e intumecida aqui e alli. Estes pequenos pincéis vasculares fluctuam no interior do kysto,e cercam-sede
um
leito quevem
a sermais tarde origem denovo
kysto.Em
alguns pontos de suas paredes estes capillares estão cheios de granulações cal -careas compostas de carbonato e phosphato de cal e de magnesia.Na
super-fície oííerecem grande inabilidade, e até roturas que
parecem
mostrar que por alli houve extravasação sangninea.Origem dos kystos.
Tem
sido assumpto de longa discussão a origem doskystos,
bem
queagoraconcordem
muitos pathologistasserem
elles motivados poruma
dilatação mórbida deuma
vericula, ou folliculo de Graaf. Sustentamalguns, comíudo, que
um
kysto ovarico procede,como
nova formação, deum
blastema pathologico por crescimento endogenico de cellulas ou núcleos, ou, no dizer de Piokitansky, procede de
um
granulo elementar, o qual cresce por in:ussuscepção até chegar a tornar se núcleo, e este até se converterem uma
-
11-vesícula
sem
eslructura; ou que, segundoWedl,
o kysto consisteem
um
au-gmento
excessivo de volume das malhasdo tecido areolar.Diz oDr. Farre que «estas formações cysticas são limitadas ao período davida no qual o folliculo de Graafse acha
em
estadode actividade.Não
seencontram,
como
novas formações, depoisda epochausualem
queos folliculoscessam de se tornarvisíveisnosovários,
como
produclos organisados naturaes,nem
apparecem antes do períododa puberdade, senãoem
casos muito maisraros do que os de
um
desenvolvimento antecipado d'esles folliculos, ou deuma
puberdade precoce.» Estes argumentos, acerescentaelle, «são mais par-ticularmente applicaveis aos kystos deconteúdo liquido. Até que ponto ellespossam
também
explicar os que encerram productosde mais elevadaorgani-sação, é mais duvidoso.
Mas convém
ainda terem
lembrança que, formações cysticas de todas as espécies ocecorrem mais frequentes vezesno ováriodo queem
qualquer outraparte; entretanto não ha nada particular na textura do ovário, ou n^quella porçãoque éexterior aos folliculos, que o torne mais especialmente sujeito a
formações cysticasprocedentes detecido areolardilatado, doquepartes fibrosas
análogas encontradas
em
outraspartesdo
corpo onde apparecemkystos.»Mas
se é verdadeira esta explicação da origem do kysto primitivo, os secundários ou outrossubsequentementedesenvolvidosnoseu interior,são,com
todaapro-babilidade,
como presume
o Sr. Paget, derivados «degermens
desenvolvidos nas paredesdo
kysto materno, e depois, á proporçãoque dão origem a kystos secundários, desenvolvendo-se paradentro dacavidade d'este,ou apartando ascamadas parietaes, ficando intreiramente involtos n'ellas,ou, mais raras vezes,
tornando-se prominentes para a cavidadade de peritoneu.
»
Invólucros.
Ou
seja simplesou composto,um
tumor
ovarico tem porco-bertura externa o peritoneu, que élevado adeante d'elle, de
modo
que oinvol-ve porfim: por baixod'estaestá a túnicaprópria, oucoberturado saco, a quale de
uma
cor branca amarcllada, ou amarella escura, e deconsistência fibro-sa; eforrando esta enconlra-se
uma
membrana
epithelial delicada.Alem
(Testas encontra-sc, algumas vezes, outratúnicaderivada do sfroma doovário,o(jual
tem
sido impellido adeante da vesícula crescente, expansãoe desenvol-vimento domesmo
sfroma, que se cfíectuatambém
aomesmo
tempo, e par-ticularmente na variedade unilocular damoléstia, originada deuma
vesículaprofundamente situadano ovário.
Na
túnica media é que seencontram vasos.Estes
podem
ser pequenos e poucos,ou
grandes e numerosos,mas provem
sempre
dos vasos próprios doovário, di(ferindo assim deum
kystohy
d atiçacm
derivarem directamente o seu sangue da partedonde
procedem,cem
não terem amesma
existência independente,nem
aeephalocystosno
seu conteúdo.É
muito variável aespessura de suas paredes.Ha
memoria d'um
caso,em
quea hydropisia do ovário durava por tres annos, e a punctura foi feitauma
só vez, no qual a parede anterior do kysto era de
uma
pollegada e meia de grossura, ea posterior pouco menos. Esla espessidão pode provir de byper-trophia, inflammação, raras vezes de depositode matéria tuberculosa, e aindamenos
cancerosa.Em
todos os casosem
que o kysto sc prende ao ovário,ou
por pedículo ou por base larga, são mais espessas as suas paredes.
Algu-mas
vezes, pelo contrario, as paredes sãomui
delgadas e flexíveis, deum
aspecto esbranquiçado brilhanle ouluzidio.A
inflammação pode amol-lecel-as, gastal-as, ou tornara sua consistência molle, quebradiça, laceravel;pode
sobrevir ulceração, gangrena, seguida de perfuração; ou ellaspodem
passar á degeneração calcarea.
A
espessidão do saco faz -se geralmentena
sua túnicamedia; a peritoneal, todavia, torna-se muitas vezes espessa c opaca,
e a interna divide-se
em
varias camadas de epithelio, de misturacom
tecidoeounexivo, ou, pelo contrario,
como
succede nos kystos antigos, torna-se completamante indislincta.A membrana
interna frequentes vezes mostra resultados de trabalho mórbi-do por inflammação gcraLou parcial, c injecção, porfragmentos adherenles de lympha, por exsudação de pus, poruma
superfície granulosa ou enrugada, por amollccimeulo, e por varias manebas.Pode
formar-scno
interior do sacoum
forro íibrinoso, ouepilhclial espesso, tornar se eventualmentevascu-lar, c dar ocensião a liernorrhasua no interior do saco.
Uma
vez abertoum
kysto, parece effeituar-se
uma
alteração de suamembrana
interna, visto que,em
regra, o liquido segregado subsequentementeé de qualidade diversa. Mas, abstrahindo d'estas ulterioresmudanças
de qualidade, vê-se algumas vezesum
precipitado proveniente do conteúdo do kysto, constituídoprinci-palmente por cholesterina lançada sobre a parede interna. Por ultimo, a
es-pessidão das túnicas de
um
kysto ovarico é por vezes complicada de grande endurecimento, chegando até á consistência íibro-cartilaginosa.Com
eífeito,existem ásvezes nas paredes laminasósseas, a tal ponto que pode reputar-se completamente ossificado o saco. Isto succede, comludo,
unicamente
nos kystosantigos de pequenas dimensões, eparece Iimitar-se ás mulheres idosas.A
inflammação,quando
invadeum
kysto ovarico, frequentemente se passa á sua túnica peritoneal, tornando-a opaca e espessa,dando
occasiãoa effusãode
lympha
c a adherencias aos órgãos visinhos.A
inflammação podeegual-mente
eommunicar-se do kysto aos tecidos contiguospode atear a íuffammação nos
mesmos
tecidos, e nao raio se produzderrame
no peritoneu.
A
adherencia lis partes próximas, ainda que seoppouha
á sua extirparão, favorece algumas vezes a cura natural pela ruptura dosaco.O
rá-pido crescimento dos kystos égeralmentedevido á inflammação aguda, ousub-aguda originada n'elles, da qual
também
resulta romperem-se,perturarem-se, ou ulcerarem-se os septos queos separam, e d'ella
podem
resultar o rom-per-se o tumor, eífusão delympha
e pus, ou gangrena,como
em
cavidades serosas naturaes.As
adherencias dasuperíicie posterior deum
kysto ovaricosão raríssimas, e não
podem
ser descobertas porexame
prévio.A
direcção do tumor é principalmente para onde hamenor
resistência.Os
tumorespela maior parte
comprimem
para cima e para deante noabdómen,
mas
algumas vezes sentem-se mais prominentes no fundo recto-vaginal do peritoneu. Por se desenvolverem os kystos no sentido damenor
resistência,, è que se encontram o maior, ou os maiores d'elles,em
uma
massa geralmentesituada, senão sempre, na parte superior do tumor,
em
primeiro logar. eem
segundo, na parte anterior do tumor abdominal, antes do que na lateral ou
posterior.
O
kystoou kystosque crescem no sentido anterior fazem-n'ocom
maisrapidez,porque encontram
menos
resistêncianaparede abdominaladeante, do que okysto ou kystos situados ao lado e atraz do tumor, pois que estesúltimos são reprimidospela mais solida construcção das paredes lateral e
pos-teriorda cavidade abdominal.
É
também
por esta razão que [na paracentesc abdominalpodemos
evacuar o maior kysto ou kystos, etambém
porque émais fácil de evacuaro seu conteúdo por meio cio trocote e cânula, do queos
dos mais condensados kystos do tumor.
E
tal o crescimento delles para cimae para deante,que não raro
chegam
a contrahiradherenciascom
o fígado, es-tômago, ecólon transverso.O
conteúdo dos kystos do ovário varia muitoem
caracteres physicos echi-micos, segundo os casos, e até nosdisversos kystos do
mesmo
tumor.O
liqui-do contidoé frequentemente similhante ao soro do sangue, de
um
amarello desmaiado, ou cor de palha, tendo, porem, apenas vestígios de albumina. Este liquido descorado pode serlímpido, ou misturadocom
maisou
menos
matéria
mucosa
ou propriamente gordurosa, ásvezesem
quantidadesuffici-ente para dar-lhe consistência gelatinosaouviscosa;outrasvezes oliquido é cor decafé, espesso
como
se estivesse misturadocom
polme
de café, o que al-guns consideram signal caracterisco demoléstia do ovário. Esta cor peculiarpode ser attribuida ápresença de sangue.
O
liquido escurogelatiniforme, eva-cuado algumas vezes, é dirivado ou de amolleeimento gangrenoso dos septos internos do kysto, ouprincipalmente desangue pulrcíaclo. Tern-se encontrado—
14
—
um
conteúdo opaco, de cor branca amarellada, que, debaixo domicroscópio, parece compor-sc quasi inteiramente de glóbulosde gordura, o qual,quando
deixado
em
repouso, formauma
massa gordurosa semi-solida. Taes kystospa-recém
ser acompanhados,em
sua formação, de grande dor e perturbação daeconomia.
Tem
-se achadotambém
um
liquido negrocomo
tinta, ou de con-sistência de papa ou mingao, ouuma
mistura de liquido e de matériasemi-solida,
como
a massa cerebral. Depois da punciura pode resultar alterar-sc osaco, e evacuar
um
liquido ichorosoou pútrido, ou Ibrmar-se pusque
saecom
mau
cheiro ou não, ccom
gazes provenientes de decomposição.Mas
em
sacos não abertostambém
se encontra pus resultante de inflammação espontânea, assimcomo
da formação de glóbulos de pus nos conteúdos gelatinosos.Um
kysto, depois de evacuado, não segrega outroliquido domesmo
caracter; este é differente nacorou
na consistência, oucm
ambas.O
simples facto deesva-siar okysto parece
mudar
o caracter da suamembrana
secretora.A
puncturâ pode seguir-se hemorrhagia no saco, proveniente ou de perfuração dealgum
vaso, ou da naturalvascularidadegeral do seu interior; estaperdatem
até pro-duzido a morte por anemia.Mudança
noliquido émenos
frequente emenos
grave, de ordinário, nos kystos simples do que nos compostos, depoisde eva-cuadoo kystopela puncturâ, sendo o liquido reproduzido nos primeiros, muitasvezes, similhante ao conteúdo primitivo, e até
menos
abundanteem
materia orgânica.Dou
em
seguidaum
quadro da analyse chimica dos conteúdos de kystos ovaricos, mostrando as suassubstancias componentes, e aproporção de cadauma
d'ellas, segundo o Dr. Arthur Farre, etambém
uma
analysedo soro do sangueem
cadacaso, para servir de comparação:—
15—
N. 1 N. 2 N. 3 N. 4 i 1 D6U-017 ^© — 1i
san-ição. e s.o o
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:— es CS t> o ?Õ
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© 3 ©y- — s ©; 100,9 190,70 195,2 187,7 181,2 .\iimi111lii.l (.111 ítDUçlUn lllalL ria i 4,1 4,2o 1,8 7,0 10,5Alhiiitiitvi Pin Im)1ii<"~ím iwpiiii m]_
l )11
m
íiiato do soda 3,7 0,0.2 l 1 4,0 0 h 1 Chlomreto alcalino e salphato com N a 0, C 02 de albami -1 nato decomposto 0,8 0,78 1,2 1,6j Matcria extractiva solrncl
em
0,4 0,4o 0,0 0,5 0,3
|
Na,
Cl. com carbonatoprove-nientes delactato decomposto
0,1 0,20 0,2 0,2
200 SOO 200 200 200
Vemos,
pois, que o liquido ovarico, alem tle albumina,contem
vários saes alcalinos, especialmente albuminato de soda;pode-sé affiríiidr,em
geral, <jue oaugmcnto
de densidade do liquido proveniente da hydropisía, associado,como
é, ao
augmento
de componentes ahimaes e salinos, a mais abundante produc-ção de matéria nocculenta, amodo
de mingau, mel. ou substancia cerebral, indicaum
estadode maior alteração e ruina, tanto do kysto,como também
da saúdegeral; estado, por consequência,menos
susceptível de cura. Isto poderesultar,segundoBaker
Brown,
doseffeitosdedistensão considerável,pressão,ou pnracenteses repetidas;eperdido,em
grandeparte ou detodo, o podersecretordo Kysto, pode este ficar a
modo
de massa inerte noabdómen.
A
quantidade do liquido que se pode accumularem
um
kysto ó enorme; ha exemplos de se haver extraindo120
ouHO
libras de liquido deum
únicosaco; e
como
exemplo da rápida c repetida força de reproducção do liquido ovarico, mencionareium
caso no qual o Sr. Martineau—
« extrahiu cerca de625
librasem
um
anuo, e damesma
doente, e para mais de8,250
librasem
80
operações no espaço de25
annos. »Formam-se,
as vezes, tumores sólidosconjunctamenle
com
os kvstos, quer foraquer dentrod'elles; productosfia-ros exemplos tem havido de se encontrar matéria sebueea, dcabeílos compri-dosno
mesmo
ovário que continha grandes kystos hydropicos, e até nomes-mo
kysto,juntamentecom
a collecção aquosa, por esla se haver formado no kystò onde já existiam aquellesproductos orgânicos.Quanto
ás hydatidesdireique são muito rarasno ovário.
Um
ouambos
os ováriospodem
ser affectados,sendo rara, todavia, a ultimacircunstancia, ao
menos
pelo querespeita á producção de grandes kystos,po-rém
não é raro que existindo hydropisia enkystada deum
ovário, se encon-trem kystos incipientes no outro.Os
dous ovários não são igualmentesugei-tos á moléstia; odireito é-o mais do que o esquerdo.
Causas.
Em
regraa formação de kystos não occorre antes que as funeções sexuacs doovário entremem
exercício na puberdade,mas
pode apparecer só depois de cessar o fluxo menstrual.Comtudo,
rarasvezes se ebserva ein idade muitosuperiora50
annos.Ha
memoria
de casosde hydropisia do ovárioaos 13, 14 e 15 annos, e antes de estabelecida a menstruação, e na puberdadetambém.
Segundo
a experiência doSr. BakerBrown
« a moleslia appareceuem
grande maioria dos casos entre os 21 c os40
annos.A
media
da idadeem
que ella foi reconhecida foi de26
annos. Por consequência, tanto quanto amemoria
dosmeus
casos authorisa esladeducção, omáximo
da tendência á moléstia é durante o período da maior actividade funccionaldos ovários, enão
occorre tãofrequentemente
em
epocha mais adiantada., ou media da vida,co-mo
geralmente o pretendem os autores.Não
é rara nas mulheressolteiras, e,pela maior parte, as casadasque a sofíreram, conforme resulta da
minha
expe-riência, não tiveram filhos, aindaque o casamento datasse de alguns annos. »
Mas
o Dr. Churchill crê quesão mais propensasa ella as mulheres quetive-ram
filhos, do que as solteiras.Pouco
se podedizercom
certezaarespeito das causas dos kystosdo ovário.As
causas predisponentes geralmente admiltidas são, a dialheseescrophu-losa, ascausas debilitantes
cm
geral, c a menstruaçãoexcessiva ou demasiado frequente. « So otempo
dopuerperio, e oda menstruação, diz Kiewich,pare-.
cem
augmenlar, até certo ponto, a disposição á hydropisia ovarica,porque
n'essas epochas estão collocados os ovários
em
condições que ostornam
maissensíveis, por assim dizer, a influencias nocivas internas e externas. »
Causasdeterminantes. Estas não são
bem
comprehendidas ainda;nenhuma
causa
bem
definida pode ser indicada pela doente, porser a invasãoda
mo-léstia tão gradual e insidiosa.
Enumeram
-se entre as causas determinantes asviolências exteriores, demasiado exercício, excessos venéreos,
maus
tratosno
causa, irritação uterina ou rôetrite, o effeito de emoçues, taes
como
susto, an ciedade, ele.A
ovante parecetambém
seruma
das causas,mas
isto não estábem
ave* riguado.Tem-se
manilestado a doença dos ováriosapôs o nascimento deuma
criança, porque, n'este caso,
como
succede na menstruação, acham-se estesór-gãos
em
estado de excitação, e, portanto, mais aptos a cahir sob a acçãomór-bida provocada por qualquer causa externa.
E
de observaçãocommum
que asmulheres casadas, que não Icem filhos, são maisparticularmente sugeitas á doença dos ovários provavelmente por eausadeser parcial c insuííiciente a
ex-citação d'cstes órgãos, isto é, porque o estimuloque os exeila pode servir
de-pois unicamente para despertar
algum
trabalho mórbido ou anormal. Estemodo
de pensar deriva algum apoio d'aquelles casos de bydropisia enkystada, nos quaes se encontra no saco não só cabellos,como
outras parles orga-nisadas.aíi|»t«iii5ií9
c
marrlfi;*
<lailaycirofiisia
«loovário.
A
invasão da bydropisia doovário 6 tão lenta e imperceptível (pie a doente não tem consciênciadecousaalguma
anormal,antes que oaugmenlo
do ventre despeite a sua altenção. Só então é que ella, geralmente, procura conselho medico, de sorte que são, realmente, muito escassos os meios de averiguar ossymptomas
imeiaesd'esía moléstia.Em
muitos casos asdoentes aceusamdo-res lancinantes
em
paroxismos,porem, na maior parted'elles,nenhum
symplo-mã
faz, sequer, suspeitar a moléstia.Não
é provável que ella nocomeço
não produza mais oumenos
dor, c sim que esta seja attribuida a qualquer outra causa mais plausível, e que, não sendonem
muito notávelnem
muitoconstan-te, seja pouco depois inteiramente esquecida.
A
maioria dos casosem
quene-nhuma
dor existiaeram
de mulherescasadas, de edade madura, nas quaes não era de espciar queo trabalho mórbido causasse omesmo
soffrimento que nas jovens solteiras, ou n'aquellasem
(piem a prenhez ou o parto parecem actuarcomo
causa predisponente.Em
geral,podemos
presumir que a dor será na lazão directa da actividade do processo mórbido.Em
quanto otumor
conser-va dimensões moderadas, e está encerrado na bacia, dará origem asympto-mas
occasionados principalmente pela pressão(pie elle exerce sobre os órgãos circumvisínhos,taescomo
irregularidade naemissão,ou retenção da urina,cons-tipação do ventre, hemorrhoidas; ou,
em
vezd'estasdesordensmechanieas.d'af-II
—
fecção ovariea,
mormente
se dia não invadeambos
os ovários, o qjtie é raro,não se
oppoem
á concepção. Depoistioparlo occorre,muitasvezes,notávelaug-mento,
e, até, irritação iníbmmatoria do kysto ovarico.É
commum
observar-se no primeiro período cfesla moléstia a irregularidadeda menstruação, oIre-quente ou demasiadoíluxo do menstruo, ou a dysmenorrhea; a sua suppressao
é, todavia,, rara.
As
glândulasmam
mariassympathizam
com
odesenvolvimen-to do tumor.
O
curso da moléstia varia muito nos diversos casos. Unias vezescila occasio*na
amortecm
18 mezes, a contar dotempo
em
que foi reconhecida; ao passoque,
cm
outras, asdoentes tcem vivido 25, 39, e mais annos.A
proporção dopugmeato
do kvsto variatambém
muito, enenhuma
relação parece existiren-tre a rapidezdo seu crescimento c a sua natureza, isto é, unilocukr ou
mui-tilocular.
Porem,
quanto mais sadia for a constituição da doente,menor
se-rá aexhalação do liquido no kysto; d'ahi a
vantagem
do tratamento tónico.0
tamanho, a rapidezdocrescimento, c, de facto, as circumstancias ligadas ao
tu-mor, dão a
medida
do grau de saúde da doente. Antes que otumor
chegue agrande volume, as principaes queixasprocedem doseupeso,
uma
sensaçãocomo
dearrancamentonos lombos, plenitudeedor nascostas.
Vem
egualmenleaquel-lcs
incommodos
quu são effeitodasua acção meehanica e sympathica sobre as víscerascontíguas, alguns dos quaesjáficam ennumerados, c aos quaescumpre
acerescentar obslrucção,
ou
congestãolocal devidaá pressão, ediarrhea, osrinspodem
segregarmenos do
que no estado normal, tornarem-se congestos, ouser invadidos por moléstia orgânica.
Um
dos peioresincommodos
queacom-panham
a doença é a irritabilidade do estômago,com
vómitos constantesque
enfraquecem a doente, e que não
cedem
senão á evacuação do kysto.Se o
tu-mor
comprime
de baixo para cima, o coração funeciona irregularmente, e arespiração é mais ou
menos
embaraçada. Entre os efíeitos do progresso da doença, nota-scoedema
das extremidades inferiores, e até, ainda mais rara-mente, a ascite. Existe nas mulheres mais oumenos
tolerância para amo-léstia, conformeas variadas susceptibilidades nervosas.
Em
vez de ircm
au«gmento
até causar a morte, cila pode desapparecer pormeio
da rupturaes-pontânea, evacuação atravez de
algum
órgão, ou, segundopensam
algunsau-tores, por evacuação espontânea, fiaillie refere
um
caso de desaparecimento espontâneo dcum
tumor ovarico no fim de30
annos de duração,gozando
adoente de boa saúde dahi
em
diante.Não
é rara a ruptura do hysto,mas
appressa, muitas vezes,
uma
inflammaçãofatal.Os
elíeitos da evacuação parao periloneu
dependem
muito da natureza do conteúdo. SirJ. Y.Simpson
re-fereum
casoem
que c saco serompeu
por effeito deuma
queda, depois daw-
19
—
qualnão fui mais reclamadaa punclura que, ale essaepOcha, se fazia
com
inter-vallos de poucas semanas. Poralgum tempo
o liquidofoi derramadoevidente-mente
no periloneu, de onde foi absorvido: mais tarde, entretanto,nenhuma
porção apreciável d'elle se podiaahi perceber; sobreveio
uma
diaphoresecons-tante, resultado lanto mais para notar, quanto não se linha podido
anterior-mente
exilar amenor
transpiração por meio algum; e a secreção da urina,(Tantes
mui
diminuta, desembaraçou-se, e continuousem
interrupção.O
perigo após aruptura depende muito docaminho
de sabida que procura o con-teúdodo kysto.Ha
exemplos de ter sido evacuado pela vagina, pelosintesti-nos, pelo recto, pelas trompas de Fallopio &c. Baker
Brown
não consideraaevacuação do liquido para o periloneu tão perigosa
como
se tem supposto. Outra terminação do kysto do ovário éamelamorphose
das suas paredes, aqual é mais marcada
cm
casos de ossilicação,havendo
então considerável con-vicção das paredes, e diminuição da cavidade do kysto.Quando
aossifica-ção é perfeita, o
tumor
nãotem
desenvolvimento ulterior.As
probabilidades de cura espontânea após qualquer dosmodos
de terminação da hydropisiado
ovário, sãomenos
em
favor dos kystos compostos do que dos kystossim-ples.
A
mais favorável e mais perfeita cura espontânea após a punclura ou aeiíusão espontânea de
um
kysto, équando
a inflammação se manifesta nosa-co vasio, cconduz adegenerações que
produzam
taesmelamorphoses
noskys-tos visinhos ainda cheios, que venha a absorver-se gradualmente o seu con-teúdo, ca encolher se o
tumor
cm
sua totalidade.E
este resultado parece que não éraronos kystospequenos; é tão favorável, ás vezes, que,poucotempo
de-pois da perfuração, acha-screstabelecida a docnle.^
Mencionarei aqui algumas das outras formas de moléstias íi que são
sugei-tos os ovários, sem, comtudo, discorrer sobre ellas:
—
Kystos hydalicos dos ovairios, envoltos
em
sacos procedentesdo tecido ovarico, e tão raros quesão ape-nas curiosidades pa-lhologicas.—
Kystos dermoidesísão osquecontem
matéria-solida organisada, taeseomo
cabellos, ossos, dentes, esubstancia gordurosa, eque algumas vezes são,
como
já tive occasião de dizer, complicações da hydrQflpisiaovarica
Bem
pouco se sabe a respeito da sua origem, se são productode desenvolvimento embryonario nos ovários, ou-congénitos-, ou oque.—
Turno-, res colloides dos ovários, que são,em
geral,porem
não necessariamente,acorn,-panhados de evolução kvstica, e tcem, provavelmente,a sua origem no tecido
connexivoou
areolar do ovário,e não nasvesículas de-(iraaf, as quacs parecemser destruídaspor seu crescimento
anormal.—
Cystosarcoma, que éuma
espé-ciede alíecção cancroide, consistindo
em
um
tumor
mais oumenos
solido, ou,28
—
podem
affecfar o ovário, posto que não sejam Ião frequentescomo
outrorase pensava. Dassuas formas é a mais rara a meduilar, sendo raríssimas as va
-riedades melanoide e seirrhosa.
A
meduilar occorre exclusivamente nasmu-lheres moças, ao passo que a forma fibrosa encontra-sc
mormente
em
perío-dos adiantaperío-dos da vida.O
cancrodoováriotambém
se encontraem
muitome-nosadiantada edade do
que
o do útero,ec
muitomonos
frequente do quees-te na proporção de i caso do primeiro paia 5 do segundo.
Mencionarei
também
a hydropisia das trompas de Fallopio, pois aindaque
não seja moléstia do ovário propriamente,
com
tudo muitas vezes apode
simular sobremaneira.
E
raríssima; e, supposto a quantidade de liquido se-gregado não exceda geralmente de algumas onças, comtudo, casostem
sido observadosem
que este chegou a 7,13
e até100
libras,embora
se possa pôrem
duvida se este não era contido no ovário, visto não parecer atrompa de
Fallopio capazde tãoconsiderável distensão,
como
se infere de casos de pre-nhez tubaria,que
terminasempreem
ruptura antesdo tempo médio
dages--taçãou
SMagiiosíico
«lalayílropisla
«loovário*
Que
não é cousa fácil o diagnosticoda hydropisia do ovário, prova-o (Tesff*l)raofacto dea ferem tomado, até práticos dos mais rlistrnctos, por quasi
to-(Tas as causas do distensão abdominal,
como
sejam a prenhez, a ascite, a be-xiga urinaria distendida, aecumulação de gazes o de fezes nos intestinos,tu-mores
do útero elo., e, por outrolado, tudoistoselem
eguaímente confundidocom
elta.Que
o diagnosticoexacto,nãosó da hydropisia ovarica, senãotambém
da sua verdadeira natureza, é da mais alta importancra, quasi que fura escu-sado dizei-ff.
Os
symplornas da hydropisia do ováriopodem
dividir-seem
geraes, e es-pociaes ouloeaes.Também
variamcom
o periododa moléstia.Symptomas geraes. Estes dizem respeito unicamente aos rasos
cm
que
se acha tão adiantada a moléstia, que mostre crescimento dc volume doabdó-men,
pois não tendo ainda otumor
subido da pelve, ossymptomas
sãoloeaes,áexcepção
de
alguns poucos que são sympalbicos, taescomo
augmento
das glândulasmammaiias,
com
dores, desenvolvimento das arcolas, c cxsudaçãode
um
liquido leitoso, e, algumas vezeslambem,
vómitos pelamanhã.
Os
symptomas
geraes são o estado da saude e a apparencia da doente, e, juntos ao doaugmeuto
do volume doabdómen,
levam á confirmação da natureza da-
n
—
moléstia. Entre laes
symptomas,
estando esta plenamente desenvolvida, uo-tam-se: amagreza
do pescoço edos hombros, euma
expressão particular do semblante, mais fáceis de reconhecer, depois de vistosuma
vez, do que de descrever, e dos quaesBrakerBrown
faz a descripção seguinte: «A
facetor-na-se atilada, magra, enrugada; o semblante revela, por
modo
muito notável,apprehensão e cuidado; ângulos donariz e da boca puxados para baixo, lábios
adelgaçados, faces sulcadas de rugas, olhos notavelmente definidos, por estar
o espaço entre as pálpebras
ea
margem
ósseada orbita deprimido c cavo, poisque todo o tecido areolar adiposo da face está atrophiado; côr pallida,
sem
aquelle aspecto plúmbeo, ou fulo, c a
modo
de pergaminho, observado na doença cancerosa.0
edema
das extremidades inferiores, e a prominencia das veiasabdomf-íiaes não se encontram geralmente
em
quanto a moléstia não está muito adiantada,com
quantoseobserve, algumas vezes,oedema
daspernas mais ce-do,quando
devidoa compressão das respectivas veias,e, por lauto,sóapparece do lado da sédedo tumor, distinguindo-se assim doedema
geral. Desarranjotios órgãos digestivos, e considerável diminuição na quantidade da urina,
tam-bém
assignalam a moléstia adiantada.Symptomas negativos
lambem
se derivam da ausência de aííecção cardíaca ou renal, pois ahydropisia doovário não causa,em
geral, grande perturbaçãono
systema circulatório,nem
afíecta sensivelmente a respiraçãoem
quanto o seu volume nãoé muito grande. Entre os signaes da molostia adiantada no-lam-setambém
as desordens das víscerascomprimidas e a emaciação.Os
symptomas especiaes ou locaes variam muito conforme otumor
épet-viano ou abdominal, e
devem
ser colhidos dahistoria da doente, da inspecção, da percussão e apalpamento, damudança
deposição, doexame
vaginal crec-tal; mas,antes de osprocurar,
convém
que sejam evacuados o recto e abexi-ga.
Nos
primeiros períodos,quando
otumor
é ainda pclviano, ossymptomas
parecem não pouco os da prenhez, pois eneontram-se, porexemplo, a dore
tu-mefacção
mammarias,
desenvolvimento da areola, e até, algumas vezes, secre-ção de liquido lactiforme, sentimento de peso e plenitude nos lombos,uma
ou
outra vez os vómitos matutinos, e raras vezes a suppressão dos mens-truos.A
irregularidade menstrual,como
ja disse, é a regra.Da
pressão dotumor
sobre o recto segue-se depois constipação ouimpedimento
d descarga de fezes c gazes dos inteslinos, veias dilatadas, ou hemorrhoidas namargem
do anus; a própria pressão sobre o útero pode
também
deslocai-o.Porem
do
exame
rectal e vaginal é que seoblem
evidentes signaes d'es(a moleslia.Para melhor o executar mandar-se-ha deitar a doente de costas,
com
a?/coxas levantadas c dobradas sobre o
abdómen, rccommendando-lhe
que não
reprima a respirarão. Introduzido depois o dedo indicador na vagina,
encon-frar-se lia
um
tumor
na parte inferior da fossa ilíaca, na região do ovário,occupando o fundo pcritoneal entre o recto e a vagina.
Um
expediente ainda melhor é introduziraomesmo
tempo
o dedo ppllegarno
recto, c o indica-dor na vagina, esegurar otumor
entre os dous dedos sentindo-so assimum
corpo elástico, e sendo este bastante volumoso, c de paredes pouco espessas,
como
cilas geralmente o são n'este período, pode ser reconhecida a fluctuação.O
tumor
não é muito doloroso á pressão,nem
immovel
como
sãoos tumores não ovaricos, sólidos ousanguíneos, quese encontram no tecido areolar rcclo-vaginal.A
vagina é, geralmente, desviada para cima, e o útero levantado,ou
pendido para trazsobre orecto, ou curvado para deante, ou impellido para
um
lado,
queé
oopposto áquelle que oceupao tumor. Introduzidoo dedo no rectopara alem do tumor,sentir-se-ha o fundo do úteroalem d'aquelle, evilando-se, deste
modo,
o confundil-ocom
a retro-versâo dYsse órgão.Uma
hérnia podedescer, e formarum
tumor entreo recto e a vagina,mas
o effeito dotos-sir,
ea
impossibilidade de levar o dedo paraalem
do tumor,podem,
na au-sência desyptomas de estrangulamento, seivir para differençar as duas affec-ções.0
próprio ovário podelambem
descere tomar amesma
posição; nestecaso, porem,o
exame
causaincommodo,
c a pressão produzuma
dor intensaUm
kysto do ovário pode, por motivo de suspensão de desenvolvimento,ou
poreste ser muito lento, conservar-sc na pelve por muitos
mezes
ou annos, mas,com
o andar do tempo, sobe ú cavidade abdominal, passando pordean-tedos intestinos, coberto pelo peritoneu; impelle para cima o estômago e o
fígado, conquistanto espaço á custa da cavidade thoracica, produzindo assim
uma
serie desymptomas
devidos á nova posição, e outros cffeitos sobre asvísceras cireumvisinhas.
Logo
que otumor
se ergue da bacia pode ser reconhecidoem uma
dasregiões ilíacas
cm
principio, e esta situação lateral podeser por muitotempo
observada, até que a grandedistensão do
abdómen,
ou o desenvolvimento de outros kystosa façam desapparecer. Desde que otumor
sobe da pelvealonga-se desde logo a vagina, e o útero é levado para cima e para deante, de tal
sorte que
vem
a ser comprimido de encontro á syphise do púbis, demodo
que
dá muitas parecenças