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6365-EIA-G90-001d iii Leme Engenharia Ltda

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SUMÁRIO

1. Introdução ... 5

2. Procedimentos Metodológicos Específicos ... 5

3. Levantamento Bibliográfico ... 9

4. Geoespacialização das Cavidades no Contexto Regional ... 12

5. Prospecção Exocárstica nas Áreas de Influência ... 13

6. Prospecção Endocárstica na ADA ... 21

7. Diagnóstico Ambiental das Cavidades da ADA ... 44

7.1 Diagnóstico do Meio Físico das Cavidades na ADA ... 44

7.1.1 Caverna Kararaô ... 44 7.1.2 Abrigo Kararaô ... 45 7.1.3 Gruta do China ... 45 7.1.4 Abrigo Paratizão ... 46 7.1.5 Abrigos Assurini... 46 7.1.6 Abrigo do Abutre... 47 7.1.7 Abrigo da Gravura ... 47

7.1.8 Abrigos Sismógrafo / Tatu ... 48

7.2 Diagnóstico do Meio Biótico das Cavidades na ADA ... 52

7.2.1 Introdução ... 52

7.2.2 Considerações Gerais ... 52

7.2.3 Levantamento Qualitativo e Quantitativo da Fauna Cavernícola e Caracterização do Entorno das Cavidades ... 54

8. Diagnóstico das Cavidades na AID ... 59

9. Principais Aspectos Geológicos, Geomorfológicos, Estruturais e Hidrogeológicos . 66 10. Aspectos Espeleogenéticos e Origem das Cavernas ... 73

11. Estanqueidade do Reservatório ... 80

12. Uso atual das Cavernas... 90

13. Análise Interativa e Conclusiva ... 92

13.1 Integração dos Estudos Temáticos ... 92

13.2 Impactos Certos e Prováveis ... 95

13.2.1 Impacto “Inundação Permanente dos Abrigos da Gravura e da região do Assurini” 95 13.2.2 Impacto “Possibilidade de Fuga d’Água do Reservatório dos Canais pelas Cavidades Naturais” ... 98

13.3 Planos e Programas Ambientais ... 101

13.3.1 Programa de Controle da Estanqueidade dos Reservatórios ... 101

13.3.2 Programa de Conservação da Fauna Terrestre ... 106

13.3.2.1 Projeto de Salvamento e Aproveitamento Científico da Fauna ... 107

13.3.2.2 Projeto Monitoramento da Herpetofauna ... 108

13.3.2.3 Projeto de Monitoramento da Avifauna ... 109

13.3.2.4 Projeto de Monitoramento de Mamíferos Terrestres ... 110

13.3.2.5 Projeto de Monitoramento de Quirópteros ... 111

13.3.3 Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório do AHE Belo Monte - PACUERA... 113

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LISTA DAS FIGURAS

FIGURA 2-1 – Pormenor de marco instalado na entrada do Abrigo Kararaô visando o rastreamento com o GPS Geodésico. O GPS de mão visto na foto foi

utilizado apenas como escala. ... 6

FIGURA 2-2 – Detalhe do equipamento de GPS Geodésico utilizado no rastreamento das cavidades ... 6

FIGURA 2-3 – Detalhe de bases refletivas usadas na prospecção endocárstica (Caverna Kararaô). ... 7

FIGURA 2-4 – Aspecto da equipe trabalhando no levantamento topográfico (prospecção endocárstica). ... 7

FIGURA 3-1 - Delimitação da Província Espeleológica Altamira-Itaituba. ... 11

FIGURA 5-1 – Croqui de acessos às cavidades da Região 1 ... 15

FIGURA 5-2 – Croqui de acessos às cavidades da Região 2 ... 16

FIGURA 5-3 - Croqui de acessos às cavidades da Região 3... 18

FIGURA 5-4 – Croqui de acessos às cavidades da Região 4 ... 20

FIGURA 6-1 - Localização das cavernas/grutas e abrigos/locas em relação ao reservatório. . 22

FIGURA 6-2 - Planta baixa da Caverna Kararaô ... 26

FIGURA 6-3 - Levantamento Topográfico do Piso da Caverna Kararaô. ... 27

FIGURA 6-4 - Seções transversais da Caverna Kararaô. ... 28

FIGURA 6-5 - Mapa de visadas e bases topográficas da Caverna Kararaô. ... 29

FIGURA 6-6 - Mapa com os eixos morfológicos da Caverna Kararaô. ... 30

FIGURA 6-7 - Planta baixa e seção do Abrigo Kararaô. ... 31

FIGURA 6-8 - Mapa de visadas e bases topográficas do Abrigo Kararaô... 32

FIGURA 6-9 - Mapa com os eixos morfológicos do Abrigo Kararaô. ... 33

FIGURA 6-10 - Planta baixa e seção da Gruta do China. ... 34

FIGURA 6-11 - Mapa de visadas e bases topográficas da Gruta do China. ... 35

FIGURA 6-12 - Mapa com os eixos morfológicos da Gruta do China. ... 36

FIGURA 6-13 - Planta baixa do Abrigo Paratizão ... 37

FIGURA 6-14 - Planta baixa do Abrigo do Abutre... 38

FIGURA 6-15 - Planta baixa do Abrigo da Gravura ... 39

FIGURA 6-16 - Mapa de visadas e bases topográficas do Abrigo da Gravura... 40

FIGURA 6-17 - Mapa com os eixos morfológicos do Abrigo da Gravura. ... 41

FIGURA 6-18 - Planta baixa dos Abrigos Sismógrafo/Tatu ... 42

FIGURA 6-19 - Levantamento Topográfico do Piso da Caverna Kararaô Novo. ... 43

FIGURA 7-1 - Coleta de invertebrados terrestres na Gruta do China (detalhe de substrato – paredes) ... 56

FIGURA 7-2 – Entrada da Caverna do Kararaô, Zona de Entrada, com pequeno riacho correndo em substrato rochoso e arenoso. ... 56

FIGURA 7-3 – Entorno do Abrigo do Abutre, às margens do Rio Xingu, com várias árvores e raízes. ... 56

FIGURA 7-4 – Entrada de um dos abrigos na região do Assurini, com indícios de utilização para recreação (restos de fogueira). ... 56

FIGURA 7-5 - Coleta de fauna de invertebrados em paredes na Caverna do Paratizão (Zona de Entrada). ... 56

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FIGURA 7-9 – Serpente Corallus hortolanus utilizando abrigo e se alimentando de morcegos (obs. pess.) na Caverna do Kararaô. ... 59 FIGURA 7-10 – Blattaria (Blaberidae sp. 1). ... 59 FIGURA 9-1 - Espeleotema (coralóides) decorrente da precipitação de sílica amorfa nas

paredes e tetos da Caverna Pedra da Cachoeira. ... 71 FIGURA 10-1 – Detalhe de arenito muito friável devido a processo de arenitização e

micro-pipping (Abrigo Paratizão). ... 75 FIGURA 10-2 – Detalhe de pequena feição de pipping em paredão de arenito pouco friável

nas margens do rio Xingu (Região do Assurini). ... 75 FIGURA 10-3 – Detalhe de fratura condicionando o processo de pipping que originou o

conduto da caverna Kararaô. ... 75 FIGURA 10-4 - Aspecto do condicionamento da estratificação na formação de pequena feição de pipping na parede da caverna Kararaô. ... 75 FIGURA 10-5 – Foto de baixo para cima de grande cúpula (>1 metro de profundidade) no

teto do salão principal da caverna Kararaô. ... 76 FIGURA 10-6 – Aspecto de scallops no teto de conduto formados pelo fluxo d’água ao longo do conduto atualmente seco (Caverna Kararaô). ... 76 FIGURA 10-7 – Detalhe do entalhamento vadoso devido à erosão provocada pelo córrego

existente na caverna Pedra da Cachoeira. ... 76 FIGURA 10-8 - Bloco esquemático da Borda Sul da Bacia Sedimentar do Amazonas –

proximidades de Altamira, Estado do Pará, ilustrando o posicionamento das cavernas da Província Altamira – Itaituba em relação aos elementos de relevo e padrão de drenagem da região (CNEC/ ELETRONORTE, 1987). ... 79 FIGURA 11-1 - Modelo digital do terreno com as cavidades da região a montante de Altamira

e a orientação da suposta falha normal. Notar que as cavidades a sudeste da estrutura encontram-se em cotas mais elevadas e as cavidades a noroeste próximas às margens do rio Xingu. ... 82 FIGURA 11-2 - Modelo digital do terreno com as cavidades da região do Paratizão. ... 83 FIGURA 11-3 - Modelo digital do terreno com as cavidades da região do Kararaô. Acima

tem-se uma visão regional das diversas cavidades e dos diques. Abaixo é apresentado um detalhe da área das cavidades e dos diques que serão

implantados para confinar o reservatório. ... 84 FIGURA 11-4 - Modelo digital do terreno obtido através do geoprocessamento do

levantamento topográfico de detalhe sobreposto pela projeção horizontal das cavidades e pelos padrões de fraturamento. ... 86 FIGURA 11-5– Modelo digital do terreno com as cavidades e a orientação dos perfis

topográficos (Ver Figura 11-6). ... 88 FIGURA 11-6 – Perfis geológicos transversais passando pelas cavidades. Os dois superiores

seccionam a caverna Kararaô e o último a gruta do China e o abrigo Kararaô. ... 89 FIGURA 12-1 – Aspecto de “pichação” observada no interior da caverna Pedra da Cachoeira.

... 91 FIGURA 12-2 – Outro aspecto de “pichações” existentes nas proximidades da entrada da

caverna Pedra da Cachoeira. ... 91 FIGURA 12-3 – Detalhe do pequeno dique construído na entrada do abrigo Pedra do Navio.

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FIGURA 13-2 – Dique sobre fundações de baixa permeabilidade (Formação Trombetas ou

Complexo Xingu). ... 104

LISTA DOS QUADROS QUADRO 5-1 Cavidades na Região 1 ... 15

QUADRO 5-2 Cavidades na Região 2 ... 17

QUADRO 5-3 Cavidades na Região 3 ... 18

QUADRO 5-4 Cavidades na Região 4. ... 20

QUADRO 7-1 Síntese do diagnóstico ambiental das cavidades situadas na ADA (distâncias menores que 250m do limite do reservatório). ... 49

QUADRO 7-2 Observações do ambiente cavernícola e entorno imediato ... 55

QUADRO 8- 1 Síntese do diagnóstico ambiental das cavidades situadas fora da ADA (distâncias maiores que 250m do limite do reservatório)... 60

QUADRO 9-1 Principais sistemas de descontinuidades verificados no desenvolvimento das cavernas da AID/ADA do AHE Belo Monte ... 68

QUADRO 13-1 Caracterização e Avaliação do Impacto “Inundação Permanente dos Abrigos da Gravura e da região do Assurini” ... 97

QUADRO 13-2 Caracterização e Avaliação do Impacto “Possibilidade de Fuga d’Água” .. 100

LISTA DAS TABELAS TABELA 6-1 Síntese das características das cavidades subterrâneas da AID/ADA do AHE Belo Monte... 23

LISTA DE ANEXOS

Anexo 1 - Fichas de Cadastramento das Cavidades – AHE Belo Monte Anexo 2 - Mapa de Geoespacialização das Cavidades da AID / ADA Anexo 3 - Monografia do Vértice Utilizado

- Levantamento Topográfico Externo - Região do Kararaô

Anexo 4 - Norma Espeleométrica - BCRA (British Cave Research Association)

Anexo 5 - Relação de Espécies Encontradas nas Cavidades Naturais na Primeira Campanha Anexo 6 - Glossário

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1. Introdução

O presente estudo objetiva a avaliação do potencial espeleológico nas Áreas de Influência Direta e Diretamente Afetada do AHE Belo Monte, atendendo ao Termo de Referência estabelecido pelo Centro Nacional de Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas – CECAV do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBIO.

Neste documento são apresentados a geoespacialização das cavidades e os resultados das prospecções exocársticas e endocársticas desenvolvidas até o momento, compondo um diagnóstico ambiental. Ressalta-se que estão em curso os levantamentos qualitativo e quantitativo da fauna cavernícola, sendo relatado neste documento o estágio atual desses estudos.

2. Procedimentos Metodológicos Específicos

Anteriormente foram efetuados estudos espeleológicos pela CNEC/ELETRONORTE (1987), com base em informações de campo e levantamentos específicos realizados pelo GEP – Grupo Espeleológico Paraense, sintetizados no relatório “Estudos Ambientais - Cavernas” (IG-01.08/Tomos I e II - Rel. N0 IHX-98V-7546-RE), onde se tem a caracterização de 16 cavernas identificadas até a época dos estudos. No EIA da UFPA (ELETRONORTE, 2001- Convênio Fadesp - ELETRONORTE) foram apresentados um mapa de localização na escala 1:100.000, bem como o mapeamento e a caracterização de 23 cavernas e abrigos, a partir de dados coletados em trabalhos de campo pelo GEP (Grupo Espeleológico Paraense). Esses dados estão contemplados nos estudos atuais.

A partir dos estudos anteriormente efetuados, observou-se que praticamente todas as cavidades estão fora da área do reservatório. As entradas das cavernas estão, de maneira geral, em cotas topográficas acima do nível d`água máximo do reservatório. Apenas a caverna Kararaô e o Abrigo Kararaô, localizadas na vertente oposta ao reservatório dos canais, poderiam sofrer sua influência. Nos estudos da CNEC/ELETRONORTE (1987), já havia proposta de programa ambiental enfocando a caverna Kararaô.

Os trabalhos desenvolvidos, apresentados neste capítulo, foram efetuados utilizando os dados do EIA da UFPA e dos estudos da CNEC. Foi efetuada a atualização do cadastro disponível, consultando o CNC (Cadastro Nacional de Cavidades), a Redespeleo (CODEX) e o Centro de Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas (CECAV/ICMBIO). Também foi complementado o mapa espeleológico existente, elaborado anteriormente na escala 1:100.000.

O desenvolvimento do tema espeleologia na AID/ADA tem por objetivo apresentar o inventário de cavidades subterrâneas dessas áreas de estudo, de forma a permitir o conhecimento do patrimônio espeleológico associado. Destaca-se que os estudos espeleológicos realizados visam, sobretudo, atender ao Termo de Referência do CECAV/ICMBIO. Para tanto, foi realizada uma prospecção exocárstica sistemática em toda a AID, no período de junho/julho de 2008, na qual foram identificadas dez novas cavidades, a saber: Caverna Kararaô Novo, Gruta do China, Abrigo do Igarapé, Abrigo do Luís, Abrigo das Pacas, Caverna do Jacaré, Abrigo do Chuveiro, Abrigo do Abutre, Abrigo Cama de Vara

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Uma vez identificadas, todas as cavidades foram topograficamente rastreadas através de GPS Geodésico que permitiram a determinação precisa das suas coordenadas e cotas. Estes dados foram contrastados com os limites do futuro reservatório do AHE Belo Monte possibilitando a identificação das cavidades localizadas na ADA e conseqüentemente passíveis de sofrerem influência direta do empreendimento. Foram consideradas na ADA, as cavidades cujas projeções horizontais distam menos de 250m da borda do reservatório. Ressalta-se que, considerando esse critério proposto pelo Termo de Referência do CECAV/ICMBIO, as cavidades dentro da ADA foram distinguidas entre àquelas que serão afetadas pelo reservatório, aquelas posicionadas em cotas mais altas. As FIGURA 2-1 e FIGURA 2-2 ilustram alguns aspectos do levantamento topográfico com o GPS Geodésico.

FIGURA 2-1 – Pormenor de marco instalado na entrada do Abrigo Kararaô visando o

rastreamento com o GPS Geodésico. O GPS de mão visto na foto foi utilizado apenas como escala.

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Para as cavidades localizadas na ADA foram realizadas prospecções endocársticas e diagnósticos geoespeleológicos pormenorizados. O mapeamento das cavidades foi elaborado com base nas técnicas de topografia de cavernas comumente utilizadas consistindo na obtenção de visadas entre as diversas bases topográficas a partir de trena, bússola e clinômetro, além de medidas específicas das dimensões dos condutos e do teto da caverna. Nas cavidades maiores foram instaladas algumas bases refletivas que foram posteriormente localizadas precisamente através de estação total. Este procedimento permitiu aferir os dados de cota e coordenada obtidos no levantamento endocárstico através da amarração com os marcos geodésicos instalados nas proximidades das entradas. As FIGURA 3 e FIGURA

2-4 ilustram os aspectos do levantamento endocárstico.

FIGURA 2-3 – Detalhe de bases refletivas

usadas na prospecção endocárstica (Caverna Kararaô).

FIGURA 2-4 – Aspecto da equipe

trabalhando no levantamento topográfico (prospecção endocárstica).

Os dados obtidos foram processados para elaboração das plantas baixas e seções longitudinais e transversais. Os resultados detalhados dos levantamentos realizados estão disponíveis no relatório e nas Fichas de Cadastramento das Cavidades – AHE Belo Monte, inseridas no

Anexo 1.

A partir das prospecções endocársticas, diagnósticos geoespeleológicos e levantamentos topográficos realizados foram iniciados os estudos referentes ao diagnóstico dos aspectos bióticos daquelas cavidades localizadas na ADA do AHE Belo Monte.

Os procedimentos adotados para a caracterização do meio biótico foram estabelecidos de modo a atender plenamente as solicitações do Termo de Referência para o Levantamento do Patrimônio Espeleológico estabelecido pelo CECAV, que preconiza o levantamento fisionômico e florístico da área de influência das cavernas, como também o levantamento qualitativo e quantitativo da fauna cavernícola, levantamento da quirópterofauna e caracterização das interações ecológicas.

O levantamento fisionômico e florístico de toda a área de influência foi realizado pela equipe responsável pelos estudos do EIA, sendo que os mapas de uso e ocupação do solo, como também a classificação e aspectos fitossociológicos e florísticos estão no Volume 13 do EIA. No entanto, para auxiliar na caracterização dos abrigos e cavernas presentes na AID do AHE

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Para as amostragens dos quirópteros, além dos levantamentos em curso nas cavidades naturais, objeto deste relatório, foi realizado um estudo abrangendo locais amostrais distribuídos em toda a área de influência do empreendimento, conduzidos pela Dra. Valéria Tavares, cujos resultados e detalhamentos podem ser observados no Volume 14 do EIA (Fauna Terrestre da AID e ADA). Esse estudo foi realizado contemplando os ambientes criados pelos diversos tipos de cobertura vegetal e mosaicos de vegetação, em outros estágios de sucessão, os quais prevalecem na região que encontra-se bastante alterada. Nesse estudo também foram realizadas amostragens em fendas e locas em pedrais utilizados como abrigo, ao longo das margens e nas ilhas de pedras no meio do rio. Foram utilizados para amostragem os seguintes métodos: (1) a interceptação dos animais em vôo com auxílio de redes-de-neblina (2) a busca diurna em pedrais e captura, utilizando redes e puçás e (3) a amostragem em cavernas (Planaltina, Pedra da Cachoeira, Leonardo Da Vinci e Kararaô).

Os levantamentos qualitativo e quantitativo previstos no Termo de Referência do CECAV contemplam o desenvolvimento de duas campanhas de campo (uma realizada em abril e a próxima a ser realizada em julho do presente ano). Na primeira etapa do trabalho (campanha de campo realizada entre os dias 9 e 15 de abril/2009) foram feitas coletas sistemáticas de invertebrados, principalmente através de inspeção visual (com auxílio de pinças, pincéis, sacos plásticos etc), revirando-se o substrato (folhiço, blocos de rocha ou inconsolidado), ou através de avistamentos (paredes de rocha, substratos consolidados). Registros de vertebrados eventuais, como, por exemplo, fezes de vertebrados e pegadas, também foram coletados e/ou anotados. Para coleta de morcegos, foi feita captura manual e eutanásia por deslocamento da cervical.

Os exemplares coletados foram fixados in loco, em álcool 70% (maioria dos invertebrados terrestres, como aracnídeos, coleópteros, diplópodes), em formol 4% (alguns invertebrados aquáticos, como crustáceos) e em formol 10% com posterior preservação em álcool 70% (morcegos). Só foram fixados espécimes testemunhos. A triagem do material coletado nesta primeira etapa foi realizada em laboratório do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva da UFSCar, sob responsabilidade da Dra. Maria Elina Bichuette.

Os espécimes coletados estão em fase de identificação, sendo assim, a lista da fauna inventariada nas cavidades da AID/ADA do AHE Belo Monte apresentada neste relatório para alguns grupos ainda está definida apenas em nível de ordem. Durante a identificação dos exemplares coletados, para àqueles que houverem dúvidas, serão enviados para especialistas dos respectivos grupos.

Por fim, no âmbito desta discussão metodológica, cabe ressaltar que as cavidades naturais são consideradas, conforme a Constituição Federal Brasileira, (Artigo 20, X) bens da União. A importância da preservação do patrimônio espeleológico é ressaltada em diversos itens da legislação concernente sobre o tema, incluindo a Resolução CONAMA nº. 5 de 6 agosto de 1987, que instituiu o Programa Nacional de Proteção do Patrimônio Espeleológico com objetivos de identificar, cadastrar, inventariar, proteger, recuperar e gerenciar este patrimônio. Assim, observa-se também que os estudos procuraram considerar a legislação sobre cavidades naturais subterrâneas, entretanto, essa legislação está sendo objeto de várias alterações.

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classificados em termos de sua importância (acentuada, significativa ou baixa). A metodologia para a classificação do grau de relevância das cavidades naturais subterrâneas seria estabelecida no prazo de sessenta dias a partir data da publicação do Decreto nº. 6640, pelo Ministério do Meio Ambiente, ouvidos o Instituto Chico Mendes, IBAMA e demais setores governamentais afetos ao tema, conforme o referido Decreto, mas até o momento ainda não está disponível.

3. Levantamento Bibliográfico

No Brasil, as áreas cársticas de maior expressão regional, chamadas de “Províncias Espeleológicas” (KARMANN e SÁNCHEZ, 1979) foram definidas em domínios de rochas carbonáticas, litotipo onde a ocorrência para os fenômenos espeleológicos é mais comum. Este conceito é novamente enfatizado por Auler et al (2001) ao apresentar o estado-da-arte do conhecimento espeleológico em território nacional.

Atualmente, seis dentre as vinte províncias espeleológicas do Brasil são formadas por rochas areníticas/quartzíticas (KARMANN e SÁNCHEZ, 1979; TRAJANO e SÁNCHEZ, 1994). A Província Espeleológica Altamira-Itaituba é a mais expressiva delas, apresentando a maior concentração de cavernas em arenito, sendo três delas correspondentes às maiores conhecidas no Brasil: Planaltina, 1,5 km; Limoeiro, 1,2 km e Pedra da Cachoeira, 1 km, (AULER, 2002). Tem-se também na Província o registro de uma caverna em folhelho, a Gruta Leonardo Da Vinci. A AID/ADA, bem como a AII do AHE Belo Monte, estão superpostas à porção leste da Província Espeleológica Altamira-Itaituba. Os limites das áreas da AII e da AID do AHE Belo Monte são coincidentes na região em que essas áreas estão superpostas àquela da Província Espeleológica Altamira-Itaituba e, portanto, as cavidades existentes na AID coincidem com aquelas da AII.

Essa Província Espeleológica abrange porções dos municípios de Altamira, Prainha, Vitória do Xingu e Senador José Porfírio. Encontra-se nos domínios geológicos da Bacia Sedimentar do Amazonas, acompanhando os principais afloramentos da Formação Maecuru, no Planalto

Marginal do Amazonas. Esses domínios são caracterizados por apresentar cotas topográficas

superiores a 150 m, formando morros aplainados ou com cristas bem definidas, dispostos em faixas sub-paralelas à direção geral ENE-WSW. Caracterizam-se por apresentar diversas feições pseudo-cársticas, incluindo cavernas e abrigos rochosos, que se desenvolvem nos arenitos da Formação Maecuru predominantemente.

Um dos primeiros relatos sobre a existência de cavernas na região de Altamira está presente no Projeto Radambrasil (1974) onde foram reconhecidas às expressões geomorfológicas da caverna Planaltina. Posteriormente, durante o Projeto Sulfetos de Altamira-Itaituba (DNPM/CPRM, 1977) foi relatada a ocorrência de algumas cavernas, entre elas, a hoje conhecida como Limoeiro. Foi nesta época que as primeiras expedições exploratórias foram realizadas pelo Grupo Espeleológico Paraense - GEP, cuja publicação dos resultados ocorre somente na década seguinte (MOREIRA et al., 1987). Este conjunto de cavernas areníticas é posteriormente agrupado sob o nome de Província Espeleológica Altamira-Itaituba em Trajano e Moreira (1991), apoiando-se nos conceitos de Karmann e Sánchez (1979), porém sem uma definição formal para a província.

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apresentadas em trabalhos de inventário biótico das cavernas (TRAJANO e MOREIRA, 1991).

Para o regime de intemperismo tropical vigente, sugere-se que o principal fator para a formação de cavernas e desenvolvimento de um ambiente cárstico em rochas areníticas é o padrão de fraturamento da rocha passível de percolação de água (MONTEIRO e RIBEIRO, 2001). Por sua vez, estudos voltados para processos de carstificação em quartzitos, além de apontar para a existência de descontinuidades (fraturas, juntas), assinalam também uma condição físico-química específica das águas percolantes (WIEGAND, FEY et al., 2004). Os fenômenos de arenitização e pipping são considerados como os principais processos de carstificação de rochas areníticas.

Os litotipos, que apresentam carstificação na Província Espeleológica Altamira-Itaituba, são rochas psamíticas a ludíticas de ambientes flúvio-deltaicos a glácio-marinhos (AULER, 2002), destacando-se a predominância de cavidades nos arenitos da Formação Maecuru. Conforme ELETRONORTE (2002) teria havido atuação de processos eólicos, tanto sobre os depósitos fluviais como sobre os depósitos costeiros da Formação Maecuru, e as cavernas poderiam estar associadas a essas fácies eólicas. Estes litotipos apresentam feições de carstificação ao longo da região onde os mergulhos suaves das camadas sedimentares (entre três e cinco graus) promovem um relevo de cuestas e morros de vertentes assimétricas. A delimitação da Província Espeleológica Altamira-Itaituba mostrada na FIGURA 3-1, foi feita sobre a base geológica/cartográfica folha SA.22 – Belém, do Projeto Brasil ao Milionésimo da CPRM (atualizado em 2004). A área delimitada apresenta-se como uma estreita faixa com aproximadamente 200 quilômetros de eixo maior e 25 quilômetros de eixo menor, orientada segundo NE com o rio Xingu constituindo o limite leste. As principais cavidades indicadas na FIGURA 3-1 são as seguintes: Caverna do Kararaô (PA-022), Gruta Leonardo Da Vinci (PA-023), Gruta Cama de Vara (PA-19), Caverna Pedra da Cachoeira 21), Gruta do Tic-Tac 20), Caverna Planaltina 24), Gruta do Sétimo Dia (PA-25), Gruta do Arrependido (PA-26), Gruta do Urubúquara (PA-27), Gruta do Preus (PA-28), Caverna do Limoeiro (PA-33), Gruta Mbaeapu’a (PA-34), Gruta do Seiko (PA-29), Gruta Pacal (PA-30), Gruta do Bico da Arara (PA-32), Furna da Cachoeira Grande (PA-31).

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4. Geoespacialização das Cavidades no Contexto Regional

Com o objetivo de investigar as relações entre as cavernas existentes no local e a implantação do AHE Belo Monte, é apresentado o inventário das cavidades subterrâneas da AID/ADA, com enfoque de patrimônio espeleológico, mas também considerando todas as demais características dessas cavernas, importantes para o enfoque de eventual efeito da elevação do freático e suas conseqüências no ambiente das cavidades, bem como a questão da estanqueidade do reservatório.

O levantamento está fundamentado em dados coletados pelo Grupo Espeleológico Paraense - GEP, durante os trabalhos de campo realizados nos períodos entre 02 e 12 de fevereiro de 2001 e entre 29 de março e 03 de abril do mesmo ano. A esse levantamento foram incluídos também outros abrigos e grutas que constam dos estudos da CNEC (1987): Abrigo do Sismógrafo, Abrigo do Paratizão, Gruta do Jôa, Abrigo da Grota do Jôa, Abrigo do Santo Antônio. Foram também realizadas consultas nos principais bancos de dados de cavidades existentes, de forma a atualizar e/ou verificar a existência de novos dados, destacando-se os cadastros da Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE), denominado Cadastro Nacional de Cavidades (CNC), da Redespeleo Brasil, denominado Codex, e do CECAV/ICMBIO. Esses dados já disponíveis foram integrados àqueles obtidos durante os estudos atuais.

As cavidades localizadas dentro da área da AID/ADA são as seguintes: Caverna Kararaô, Abrigo Kararaô, Gruta do China, Caverna Kararaô Novo, Abrigo do Santo Antônio, Abrigo Turiá/Aturiá, Gruta Leonardo Da Vinci, Abrigo da Grota do Jôa, Gruta do Jôa, Abrigo Paratizão, Caverna do Jacaré, Abrigo das Pacas, Abrigo do Luís, Abrigo do Igarapé, Abrigos Assurini, Abrigo do Abutre, Abrigo do Chuveiro, Abrigo da Gravura, Abrigos Sismógrafo/Tatu, Abrigo Pedra do Navio, Gruta Cama de Vara, Abrigo Cama de Vara, Caverna do Sugiro/Roncador, Caverna Pedra da Cachoeira, Caverna Bat-Loca, Loca Ultrajano, Abrigo do Beja, Abrigo do Beja 2, Gruta do Tic-Tac.

Destaca-se que, das cavidades acima listadas, identificadas na prospecção exocárstica sistemática, foram caracterizadas dez novas cavidades, a saber: Caverna Kararaô Novo, Gruta do China, Abrigo do Igarapé, Abrigo do Luís, Abrigo das Pacas, Caverna do Jacaré, Abrigo do Chuveiro, Abrigo do Abutre, Abrigo Cama de Vara e Abrigo do Beja 2. Para estas, assim como para as cavidades previamente conhecidas, foram feitas caracterizações detalhadas de todos os aspectos exo e endocársticos considerados relevantes.

No Anexo 1 estão apresentadas as Fichas de Cadastramento das Cavidades – AHE Belo Monte, obtidas a partir dos estudos de campo realizados em 2008, e complementadas a partir das informações existentes no trabalho da CNEC/ELETRONORTE (1987) e das consultas no banco de dados do Cadastro Nacional de Cavernas (CNC) e do CECAV/ICMBIO. Essas fichas apresentam aspectos de caracterização exocárstica e endocárstica das cavidades, bem como características geológicas, geomorfológicas, hidrogeológicas, hidrográficas e outras, ilustradas através de fotos. A partir dos estudos atuais foram revistas às cotas disponíveis para as cavidades e complementados alguns dados sobre as dimensões, morfologia, localização geodésica das cavidades encontradas.

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localização das cavidades subterrâneas identificadas na AID/ADA, a topografia da área, localização das barragens, Casa de Força e reservatórios (Xingu e dos Canais), vias de acesso, corpos d’água e drenagens, Unidades de Conservação e Terras Indígenas e os caminhamentos de prospecção exocárstica, registrados por meio das rotas armazenadas em GPS. A localização das cavidades é apresentada também em tabela na forma de coordenadas geográficas no Datum WGS84 e de coordenadas UTM no Datum SAD 69. A tabela do mapa apresenta também a cota da boca e o desenvolvimento/projeção horizontal de cada uma das cavidades.

A observação direta do mapa de geoespacialização permite verificar que, dentre as 29 cavidades cadastradas na AID/ADA do empreendimento, estão localizadas próximo à calha do rio Xingu apenas 5 cavidades, os Abrigos Sismógrafo/Tatu, Abrigo da Gravura, Abrigo do Abutre, Abrigos Assurini e o Abrigo Paratizão.

As cavidades se distribuem em uma faixa de direção aproximada SW-NE, coincidente com as ocorrências do arenito Maecuru nos domínios geológicos da Bacia Sedimentar do Amazonas, no Planalto Marginal do Amazonas. Segundo os dados obtidos, dentre as 29 cavidades prospectadas, 28 tem sua gênese no arenito da Formação Maecuru, sendo que apenas uma (a Gruta Leonardo Da Vinci) encontra-se em desenvolvimento nos folhelhos da Formação Curuá.

5. Prospecção Exocárstica nas Áreas de Influência

Para prospecção exocárstica na AID, aí inserida a ADA do empreendimento, os trabalhos envolveram duas etapas principais. Primeiramente foram destacadas áreas onde as feições geológicas e seus litotipos fossem propícios à formação natural de cavidades, ou seja, todas as regiões de ocorrência conhecida das escarpas areníticas da Formação Maecuru. Este destacamento permitiu o planejamento das viagens de campo para caminhamento pelas áreas de ocorrência desta formação, muitas delas identificadas nas diversas campanhas de mapeamento geológico e geomorfológico realizadas em etapas anteriores.

Posteriormente, em uma segunda etapa, foram realizadas as viagens de prospecção de cavidades propriamente dita, que envolveu caminhamentos por terra, bem como deslocamentos a barco pela calha do rio Xingu, nas áreas de ocorrência de escarpas portadoras dos notórios “paredões de arenito”, feição tipicamente portadora de cavidades nesta região. Durante a prospecção, os trabalhos envolveram ainda a consulta aos moradores das diferentes regiões, bem como a visita a todas as áreas que, sejam por informações e cadastros anteriores, sejam por informações de populares, pudesse ocorrer uma cavidade ainda não identificada e/ou cadastrada em estudos anteriores.

Neste ínterim, algumas cavidades, como é o caso do Abrigo Santo Antonio, Abrigo da Grota do Jôa e Gruta do Jôa, descritas em CNEC/ELETRONORTE (1987), apesar dos esforços e da chegada da equipe de prospecção aos locais indicados pelas coordenadas fornecidas pelos estudos, não foram encontradas, sendo mantidos então neste estudo, os dados já anteriormente conhecidos. Destaca-se que a consulta a populares das regiões onde estariam localizadas as mesmas também se mostrou infrutífera, já que os mesmos não conheciam as referidas

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Antonio, na margem esquerda do rio Xingu, próximo à cidade de Belo Monte), Região 2 (cavidades na região que vai da Agrovila Leonardo Da Vinci até a região do Travessão do km 27 da BR-230), Região 3 (cavidades nas proximidades de Altamira) e a Região 4 (compreendendo as cavidades contidas na região da Agrovila União), todas agrupadas em acordo com suas características de acesso.

A seguir são apresentadas características gerais das quatro regiões acima citadas, considerando os aspectos destacados nos levantamentos de campo, bem como em trabalhos anteriores. No Anexo 1 são apresentadas as Fichas de Cadastramento das Cavidades – AHE Belo Monte que contem todos os detalhes referentes à prospecção exocárstica das cavidades e deve ser consultado para informações quanto à nomenclatura das cavidades, números e aspectos de entradas, formas de acesso detalhadas, espeleotemas, vias de acessos, data de inspeção de campo, município e nome da fazenda em que se insere a cavidade, altitude e localização das entradas de cada cavidade, aspectos hidrológicos e morfológicos e dossiê fotográfico da cavidade. No Anexo 3 é apresentado o levantamento topográfico da área de escarpa que contem a Caverna Kararaô (Desenho 6365-EIA-DE-G91-037), bem como a ficha de descrição do vértice utilizado nos levantamentos topográficos realizados.

Região 1

O acesso a todas as cavidades da Região 1, exceto ao Abrigo Turiá/Aturiá, é feito a partir da cidade de Altamira seguindo-se pela BR-230, sentido Marabá, até o povoado de Santo Antônio. Neste ponto deve-se entrar a direita em um acesso vicinal (Travessão km 50) e seguir por aproximadamente 2,5 km. Já o acesso ao Abrigo Turiá/Aturiá é feito a partir de Altamira seguindo-se pela BR-230, sentido Marabá, até o povoado de Santo Antônio. Neste ponto deve-se entrar a direita em um acesso vicinal (Travessão do CNEC, km 55) seguindo para sul até a Fazenda Turiá. Aqui se deve seguir para oeste até uma pequena propriedade rural e por uma trilha estreita por dentro da mata fechada. A trilha segue a meia encosta da vertente norte de uma colina até chegar aos paredões de arenito onde se encontra o abrigo. A

FIGURA 5-1 abaixo mostra os acessos à região portadora de cavidades e a localização das

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FIGURA 5-1 – Croqui de acessos às cavidades da Região 1

As cavidades presentes nesta região são apresentadas no QUADRO 5-1.

QUADRO 5-1

Cavidades na Região 1

Numero Identificação Cavidade

1 Caverna Kararaô

2 Abrigo Kararaô

3 Gruta do China

4 Caverna Kararaô Novo

5 Abrigo do Santo Antônio

6 Abrigo Turiá/Aturiá

A Caverna Kararaô, a Gruta do China e o Abrigo Kararaô encontram-se em uma pequena serra com orientação aproximada N-S, correspondendo a um relevo residual associado à ocorrência de arenitos da Formação Maecuru. Dentre estas, a Caverna Kararaô é a de maior

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A Caverna Kararaô Novo encontra-se na mesma porção que as cavidades citadas acima, porém em um trecho onde a escarpa íngreme de arenito sofre uma inflexão de N-S para NW. Esta apresenta apenas uma boca, com abertura voltada para SW. O final da caverna ocorre em área de blocos de arenito abatidos. O levantamento topográfico da área externa (Anexo 3) revelou a existência de uma dolina com diâmetro em torno de quarenta metros, em área externa próxima ao correspondente final da caverna.

O Abrigo Santo Antônio não foi encontrado durante a visita, porém segundo CNEC/ELETRONORTE (1987) este é localizado na margem esquerda do Igarapé Santo Antônio, e, diante do contexto da região, é provável que esta esteja associada a uma das diversas escarpas íngremes de arenitos da Formação Maecuru.

O Abrigo Turiá/Aturiá esta localizado em uma extensa escarpa de arenitos em meio à mata fechada; é muito pequeno e não apresenta uma entrada bem definida.

Região 2

O acesso à Região 2 é feito a partir de Altamira, seguindo-se pela BR – 230, sentido Marabá, até a região da Agrovila Leonardo Da Vinci. A FIGURA 5-2 abaixo mostra os acessos à região portadora de cavidades e a localização das mesmas em relação aos acessos conhecidos.

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As cavidades presentes nesta região são apresentadas no QUADRO 5-2.

QUADRO 5-2

Cavidades na Região 2

Numero Identificação Cavidade

7 Gruta Leonardo Da Vinci

8 Abrigo da Grota do Jôa

9 Gruta do Jôa

10 Abrigo Paratizão

11 Caverna do Jacaré

12 Abrigo das Pacas

13 Abrigo do Luís

14 Abrigo do Igarapé

A Gruta Leonardo Da Vinci se localiza na Agrovila de mesmo nome, na margem esquerda de um dos afluentes do Igarapé do Jôa. Esta apresenta cinco entradas distintas, muito próximas entre si e se desenvolve nos folhelhos e siltitos da Formação Curuá.

O Abrigo da Grota do Jôa e a Gruta do Jôa não foram localizadas durante a visita, porém, segundo CNEC/ELETRONORTE (1987), estas se encontram a cerca de 6 e 7,5km, respectivamente, da Rodovia Transamazônica. Não foram encontradas referências a respeito do número de bocas e cavidades do Abrigo da Grota do Jôa. Já as referências acerca da Gruta do Jôa relatam a ocorrência desta em um paredão de arenito da Formação Maecuru, na margem direita do Igarapé Jôa.

O Abrigo Paratizão localiza-se na margem esquerda do Rio Xingu, em uma escarpa de arenito (Formação Maecuru). Este apresenta duas entradas distintas localizadas a menos de 5m uma da outra.

A Caverna do Jacaré se localiza em um pequeno paredão de arenito (Formação Maecuru) localizado em uma cabeceira de drenagem próxima ao Rio Xingu. Associado a esta, ocorre um pequeno abrigo, cuja entrada fica localizada a poucos metros da entrada da caverna. O Abrigo das Pacas encontra-se em uma pequena cabeceira de drenagem associada a uma pequena queda d´água próxima ao Travessão do km 18. Esta consiste basicamente de uma reentrância em um pequeno paredão de arenito pertencente à Formação Maecuru.

O Abrigo do Luís se localiza em uma região com colinas suaves alongadas com muitos igarapés. Sua entrada está localizada na base de um paredão de arenito (Formação Maecuru) voltado para o vale de um pequeno igarapé.

O Abrigo do Igarapé encontra-se na região próxima ao travessão do km 18, que liga a BR-230 ao Rio Xingu. Este apresenta apenas uma entrada com cerca de 8m de largura por 3,5 de altura e se desenvolve sobre os arenitos da Formação Maecuru.

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mostra os acessos à região portadora de cavidades e a localização das mesmas em relação aos acessos conhecidos.

FIGURA 5-3 - Croqui de acessos às cavidades da Região 3

As cavidades presentes nesta região são apresentadas no QUADRO 5-3:

QUADRO 5-3

Cavidades na Região 3

Numero Identificação Cavidade

15 Abrigos Assurini

16 Abrigo do Abutre

17 Abrigo do Chuveiro

18 Abrigo da Gravura

19 Abrigos Sismógrafo/Tatu

20 Abrigo Pedra do Navio

21 Gruta Cama de Vara

22 Abrigo Cama de Vara

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As referências aos Abrigos Assurini são compatíveis com um abrigo identificado à época dos levantamentos, porém, que se encontrava quase totalmente submerso na ocasião da visita. Segundo ELETRONORTE (2001), este apresenta dimensões bastante reduzidas, com poucos metros de desenvolvimento.

O Abrigo do Abutre apresenta duas entradas distintas, ambas voltadas para o Rio Xingu, localizadas a menos de 5m uma da outra. No entanto entre estas há um grande desnível, evidenciado pelas diferentes cotas das bocas.

O Abrigo do Chuveiro na verdade se apresenta na forma de três pequenos abrigos, com bocas muito próximas uma da outra e em cotas similares, desenvolvidas em um paredão de arenito. O Abrigo da Gravura se localiza na base de um paredão de arenito (Formação Maecuru) na margem esquerda do Rio Xingu, e apresenta apenas uma grande entrada, esta voltada para o rio.

Os Abrigos Sismógrafo/Tatu se encontram em uma grande escarpa de arenito (Formação Maecuru) pertencente a Serra Pedra do Navio. Foram identificadas várias cavidades muito próximas entre si e destas destacaram-se três pequenos abrigos, cujas entradas estão em cotas ligeiramente distintas. Também na Serra Pedra do Navio encontra-se pequeno abrigo com apenas uma entrada, cujo nome é Abrigo Pedra do Navio.

A região em que se encontram a Gruta Cama de Vara e o Abrigo Cama de Vara consiste de um grande vale, associado ao Igarapé Cama de Vara, no qual há a presença de pequenas encostas íngremes relacionadas ao arenito da Formação Maecuru. A Gruta Cama de Vara apresenta 2 entradas principais. Mais a sul ainda existe um pequeno abrigo, sem zona afótica, que se encontra na mesma cota das entradas citadas acima. Já o Abrigo Cama de Vara apresenta apenas uma entrada ampla.

A Caverna do Sugiro/Roncador se encontra na base de um grande paredão com inclinação negativa, que por si só já forma um abrigo amplo. A caverna apresenta duas entradas, ambas na mesma cota, sendo uma principal no centro do paredão e uma secundária localizada a SE da principal. Na porção NW do paredão também se encontra um pequeno abrigo.

Região 4

O acesso à Região 4 pode ser feito de duas maneiras; a partir de Altamira, seguindo-se inicialmente pela estrada que leva até o aeroporto da cidade, de onde se continua por via de terra até a estrada que leva à Fazenda Boa Esperança, onde se localizam as trilhas que levam à Caverna Pedra da Cachoeira, Caverna Bat-Loca e à Loca Ultrajano; e também saindo de Altamira pela BR-230, sentido Itaiutuba, até o travessão entre as glebas 5 e 7, de onde se segue até a Fazenda Tic-Tac, onde se encontram as trilhas que levam ao Abrigo do Beja, Abrigo do Beja 2 e à Gruta Tic-Tac. A FIGURA 5-4 abaixo mostra os acessos a região portadora de cavidades e a localização das mesmas em relação aos acessos conhecidos.

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FIGURA 5-4 – Croqui de acessos às cavidades da Região 4

As cavidades presentes nesta região são apresentadas no QUADRO 5-4.

QUADRO 5-4

Cavidades na Região 4.

Numero Identificação Cavidade

24 Caverna Pedra da Cachoeira

25 Caverna Bat-Loca

26 Loca Ultrajano

27 Abrigo do Beja

28 Abrigo do Beja 2

29 Gruta do Tic-Tac

A Caverna Pedra da Cachoeira, a Caverna Bat-Loca e a Loca Ultrajano se situam em um paredão de arenito (Formação Maecuru), de orientação NE-SW, o qual se estende desde a entrada da caverna até uma cachoeira. A Caverna Pedra da Cachoeira apresenta uma entrada principal com um grande pórtico que dá acesso a um salão principal à direita e a duas entradas à esquerda que levam a zona afótica da caverna. A Caverna Bat-Loca apresenta duas entradas

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A Loca Ultrajano não foi visitada durante a visita de julho de 2008 e suas características foram baseadas em ELETRONORTE (2001), que indica apenas uma entrada com cerca de 1,8m de altura e 5m de largura.

O Abrigo do Beja e o Abrigo do Beja 2 situam-se num vale fechado por colinas de vertente suave e eixo orientado segundo N-S. O Abrigo do Beja apresenta apenas uma entrada ampla e se desenvolve sobre os arenitos da Formação Maecuru. O Abrigo do Beja 2 se desenvolve em um paredão de arenito a montante do Abrigo do Beja e, assim como este, também apresenta apenas uma entrada que dá acesso ao único salão do abrigo.

A Gruta do Tic-Tac se encontra em um vale amplo associado a um igarapé que apresenta mais de 20m de largura. Esta apresenta apenas uma entrada e encontra-se submersa e assoreada devido à construção de um barramento a jusante.

6. Prospecção Endocárstica na ADA

Para a realização da prospecção endocárstica das cavidades identificadas na prospecção exocárstica, foram realizados trabalhos específicos que envolveram o levantamento de suas características morfológicas, atualização da topografia espeleológica, considerando-se também aquelas para as quais não constavam informações anteriores. O Anexo 1 mostra as Fichas de Cadastramento das Cavidades, nas quais são apresentadas as plantas baixas das cavidades, seus cortes, perfis e sua localização geodésica detalhada, além de fotos ilustrativas. Na FIGURA 6-1 foram distinguidas as cavidades maiores, (cavernas/grutas) daquelas menores (abrigos/locas) identificadas na AID/ADA através de simbologias distintas. Estão diferenciadas também, através de cores distintas, as cavidades que estão localizadas a distâncias maiores que 250m do limite do reservatório, daquelas situadas até esta distância, considerando-se sempre o limite do reservatório. Estão individualizados ainda os abrigos situados a distâncias menores que 250m do limite do reservatório, porém em cotas mais altas que seu nível d´água e sem influência do reservatório. Através de simbologia distinta das demais, são apresentadas as cavidades que estarão inundadas permanentemente, após o enchimento do mesmo.

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A TABELA 6-1 mostra todas as cavidades cadastradas na AID/ADA do empreendimento, suas cotas conforme atualização do levantamento topográfico descrito no item 2 deste documento. É observada a existência de cavernas/grutas de maiores dimensões e abrigos e locas de menores dimensões, além da localização destas cavidades em relação ao reservatório.

TABELA 6-1

Síntese das características das cavidades subterrâneas da AID/ADA do AHE Belo Monte.

Num. Nome Cota

(m) Desenvolvimento/ Proj. Horizontal (m) Distância do Reservatório (m) 1 Caverna Kararaô 84,9 - 78,2(2) 290/283 178 2 Abrigo Kararaô 83,2 -/19 219 3 Gruta do China 89,3 -/60 203

4 Caverna Kararaô Novo 78,1 114/113 474

5 Abrigo do Santo Antônio(1) 100 6/- 987

6 Abrigo Turiá/Aturiá 99,4 -/11 1.085

7 Gruta Leonardo Da Vinci 82,9 176/176 ~ 4.280

8 Abrigo da Grota do Jôa(1) 190 -/- ~ 10.600

9 Gruta do Jôa(1) 150 -/- ~ 8.600

10 Abrigo Paratizão 126,2 -/28 120

11 Caverna do Jacaré 113,6 -/35 850

12 Abrigo das Pacas 133,6 -/8 ~ 3.150

13 Abrigo do Luís 123,4 -/15 ~ 2.800 14 Abrigo do Igarapé 147,4 -/25 ~ 3.400 15 Abrigos Assurini 94,9(3) -/12 0 16 Abrigo do Abutre 95,87-98,73(2) -/12 0 17 Abrigo do Chuveiro 130,9 -/~15 ~ 2.950 18 Abrigo da Gravura 94,7 -/28 0 19 Abrigos Sismógrafo/Tatu 144 -149(2) -/<8 144

20 Abrigo Pedra do Navio 158,3 -/<2 656

21 Gruta Cama de Vara 190,2 -/44 ~ 1.370

22 Abrigo Cama de Vara 153,5 -/15 728

23 Caverna do Sugiro/Roncador 184,8 -/25 ~ 1.180

24 Caverna Pedra da Cachoeira 165,3 500(?) /1000 ~ 9.100

25 Caverna Bat-Loca 147,1 -/45 ~ 9.300

26 Loca Ultrajano (1) 141,0 12/- ~ 9.000

27 Abrigo do Beja 168,7 -/12 ~ 16.400

28 Abrigo do Beja 2 182,3 -/28 ~ 16.000

29 Gruta do Tic-Tac 151,2 30/30 ~ 17.500

Cavidades localizadas a mais de 250m do reservatório.

Cavidades localizadas a menos de 250m do reservatório (ADA) em cota superior à cota do reservatório

Cavidades localizadas a menos de 250m do reservatório (ADA) em cota inferior à cota do reservatório

Cavidades sujeitas à inundação após o enchimento do reservatório (ADA).

(1) - Cavidades não encontradas (Abrigo Santo Antonio, Abrigo da Grota do Jôa,

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As cavidades foram submetidas à prospecção endocárstica, de acordo com o item 4.5 do Termo de Referência do CECAV/ICMBIO, onde é solicitada a topografia espeleológica de todas as cavidades presentes na ADA, precedida por uma exploração endocárstica detalhada, com posterior representação gráfica precisa, contendo projeção horizontal, cortes, perfis, escalas gráfica e numérica, orientação magnética e localização geográfica. Foram atendidas também as solicitações do referido termo quanto à apresentação para cada caverna de um mapa topográfico, um mapa das bases topográficas e direcionamento das visadas e um mapa definindo os eixos morfológicos para dimensionamento da caverna. O método de graduação do levantamento topográfico das cavidades está referenciado à Norma Espeleométrica da British Cave Research Association – BCRA, apresentada no Anexo 4.

Os mapas topográficos das cavernas deveriam informar sobre a sua geometria, posição espacial em relação ao terreno, morfologia, altitude das entradas e atributos ou feições relevantes como corpos d’água, espeleotemas, relevo interno e principais acidentes topográficos, acúmulos sedimentares, presença de guano, recursos alimentares disponíveis, vestígios arqueológicos e paleontológicos, áreas degradadas, fraturas por detonações e locais com risco geotécnico (desabamento). Estes aspectos sempre que detectados foram apresentados.

Portanto, considerando os resultados das atualizações dos dados cadastrais, para aquelas cavidades já conhecidas, bem como o cadastramento das novas cavidades na área do empreendimento, o detalhamento topográfico se deu para aquelas cavidades consideradas de interesse para o empreendimento, aquelas a serem permanentemente inundadas pelo reservatório (Abrigos Assurini, Abrigo do Abutre e Abrigo da Gravura), aquelas com localização em vertente próxima ao reservatório e que podem ter sua dinâmica alterada em função da sua implantação (Caverna Kararaô, Abrigo Kararaô e Gruta do China), além dos Abrigos Paratizão e Sismógrafo/Tatu.

A partir da FIGURA 6-1 e dos dados apresentados na TABELA 6-1, as seguintes cavidades foram consideradas localizadas na ADA e/ou no entorno de 250m: Caverna Kararaô, Abrigo Kararaô, Gruta do China, Abrigo Paratizão, Abrigos Assurini, Abrigo do Abutre, Abrigo da Gravura e Abrigos Sismógrafo/Tatu.

Os Abrigos Sismógrafo/Tatu e Abrigo Paratizão, apesar de se localizarem a distâncias entre 120 e 144m do reservatório, estão em cotas mais altas (144-149 e 126,2m, respectivamente) sem ou praticamente sem influência do reservatório.

O Abrigo da Gravura e os Abrigos Assurini, atualmente submersos na cheia do rio, ficarão permanentemente submersos com o enchimento do reservatório. O Abrigo do Abutre, sujeito à inundação nas cheias atuais do rio Xingu, conforme o nível das cheias, será também submerso com o reservatório.

A Caverna Kararaô, o Abrigo Kararaô e a Gruta do China, apesar de estarem localizados a distâncias entre 178 e 203m do limite do reservatório, estão com suas entradas em cotas mais baixas (78,2 a 89,3m) que o nível do reservatório e sujeitas à sua influência.

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empreendimento. Destaca-se que, para o Abrigo do Abutre, Abrigo Paratizão e Abrigos Sismógrafo/Tatu é apresentada apenas a planta baixa das cavidades, já que as mesmas são de pequenas dimensões. O Abrigo Assurini não tem o levantamento apresentado já que, a época dos levantamentos, o mesmo encontrava-se inundado. Destaca-se que especificamente para a Caverna Kararaô foi realizado um levantamento topográfico complementar, do piso da cavidade, e seu resultado é apresentado na FIGURA 6-3.

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Além dos levantamentos acima destacados, foi ainda realizado o levantamento topográfico do piso da Caverna Kararaô Novo, para fins de avaliação de cota de piso e avaliação da influência da cavidade no tocante aos aspectos de estanqueidade do reservatório, discutido no item 11. A FIGURA 6-19 mostra o resultado do levantamento realizado.

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7. Diagnóstico Ambiental das Cavidades da ADA

No diagnóstico ambiental das cavidades existentes na AID/ADA foram utilizadas as informações obtidas com os levantamentos exo e endocársticos realizados. No Anexo1 são apresentadas as Fichas de Cadastramento das Cavidades – AHE Belo Monte que contém todos os detalhes referentes ao diagnóstico ambiental das cavidades e deve ser consultado para informações quanto aos aspectos geológicos, geomorfológicos, hidrogeológicos, hidrológicos, paleontológicos e arqueológicos, ilustrados por fotos, para cada uma das cavidades.

Sobre a caracterização climatológica das áreas externas das cavidades, conforme série histórica de dados das estações de Altamira (latitude: 3º 13’ S, longitude: 52º 13’ W, altitude: 74,04 m) e Brasil Novo (latitude: 1º 44’ S, longitude: 52º 14’ W, altitude: 15,93 m), observa-se na região da cidade de Altamira, onde observa-se encontram as cavidades, que o regime pluviométrico permite uma nítida caracterização da estação chuvosa durante os meses de janeiro a maio, tendo início as primeiras precipitações entre novembro e dezembro. Nas proximidades da cidade de Altamira, o total anual é de 2.230 mm. Os meses mais secos cobrem os meses de julho a setembro, ficando agosto com médias inferiores aos 30 mm. Nestes meses há o predomínio de dias com céu limpo e de maior déficit hídrico.

A época mais quente é a de seca, na primavera, quando age o sistema Equatorial Atlântico, e a mais fria, a das chuvas, no outono, sob a ação da Convergência Intertropical. A temperatura média anual das máximas em Altamira é de 32,9ºC e a média das mínimas de 22,4ºC. A temperatura máxima absoluta em Altamira é sempre superior aos 35,0 ºC em todos os meses do ano. A maior temperatura registrada é em outubro, com 38,3 ºC.

7.1 Diagnóstico do Meio Físico das Cavidades na ADA

Para as cavidades localizadas na ADA e a distâncias menores que 250m em relação ao limite do reservatório, é apresentado a seguir o texto descritivo e o QUADRO 7-1 com a síntese dos aspectos referentes ao meio físico, enquanto os mapas ilustrativos constam do item 6. Essas cavidades são as seguintes: Caverna Kararaô, Abrigo Kararaô, Gruta do China, Abrigo Paratizão, Abrigos Assurini, Abrigo do Abutre, Abrigo da Gravura e Abrigos Sismógrafo/Tatu. Os procedimentos metodológicos empregados no diagnóstico das cavidades foram descritos no item 2.

7.1.1 Caverna Kararaô

A caverna Kararaô localiza-se na margem direita de um dos afluentes do Igarapé Santa Helena. A caverna possui quatro entradas, todas dispostas ao longo da escarpa de arenito e voltadas para o vale do afluente do Igarapé Santa Helena. A entrada principal (1, Buraco da Arqueologia) encontra-se na cota mais elevada. As entradas menores encontram-se todas à sudoeste da principal. A entrada 4 é muito pequena e consiste na ressurgência do córrego que atravessa a caverna.

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sendo que o flanco oeste é mais íngreme com freqüentes exposições de afloramentos subverticais de arenito e o flanco leste possui declividades menos acentuadas. Todas as bocas da caverna estão na escarpa oeste voltadas para o vale de um dos afluentes do Igarapé Santa Helena. Na ocasião da inspeção de campo grande parte da serra encontrava-se desmatada e coberta por gramíneas.

As entradas dão acesso a um grande salão, a partir do qual podem ser acessados outros dois salões de dimensões reduzidas e o conduto do córrego Rego da Gruta Beleza. O piso da caverna encontra-se quase que integralmente recoberto por depósitos sedimentares recentes. Os depósitos são predominantemente arenosos, mas comumente apresentam intercalações com sedimentos mais finos, escuros devido à grande concentração de matéria orgânica. Localmente ocorrem blocos decimétricos de rocha e seixos, estes últimos restritos à pequena calha do córrego que corta a caverna. Não foram observados espeleotemas. Destacam-se feições associadas a processos de erosão subterrânea (pipping), scallops e ocorrências de crostas predominantemente silicosas recobrindo a rocha.

7.1.2 Abrigo Kararaô

O Abrigo Kararaô localiza-se na margem direita de um dos afluentes do Igarapé Santa Helena e apresenta apenas uma entrada voltada para o vale de um dos afluentes do igarapé.

O Abrigo Kararaô, assim como a Gruta do China e a Caverna Kararaô, encontra-se em uma pequena serra com orientação próxima de N-S, correspondendo a um relevo residual associado à ocorrência de arenitos pertencentes à Formação Maecuru. A serra consiste de um divisor de águas, isolando a bacia dos dois principais igarapés da região: o Santa Helena a oeste e o Santo Antônio a leste. A morfologia da serra apresenta uma assimetria marcante sendo que o flanco oeste é mais íngreme com freqüentes exposições de afloramentos subverticais de arenito e o flanco leste possui declividades menos acentuadas.

O abrigo consiste basicamente de um único salão e o teto mergulha suavemente em direção ao interior do abrigo. O piso do abrigo é relativamente plano e encontra-se recoberto de sedimentos, principalmente areia fina a média com pouca argila, com coloração acinzentada. O abrigo encontrava-se completamente seco na ocasião da visita. Não foram observados espeleotemas. Destaca-se a presença de feições pipping e crostas silicosas cobrindo as paredes da cavidade.

7.1.3 Gruta do China

A gruta do China localiza-se na margem direita de um dos afluentes do Igarapé Santa Helena. A gruta apresenta apenas uma abertura para a superfície. Esta é bastante estreita e apresenta um “quebra-corpo” logo no início dificultando o acesso ao interior da gruta.

A Gruta do China, assim como o Abrigo Kararaô e a Caverna Kararaô, encontra-se em uma pequena serra com orientação próxima de N-S, correspondendo a um relevo residual associado à ocorrência de arenitos pertencentes à Formação Maecuru. A serra consiste de um divisor de águas, isolando a bacia dos dois principais igarapés da região: o Santa Helena a

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Diferentemente das outras cavidades na região esta gruta apresenta dois níveis principais distintos de desenvolvimento. O nível superior próximo à cota da entrada apresenta substrato rochoso, enquanto que no nível inferior, onde está o salão principal, o substrato é composto por sedimentos argilo-arenosos com grande quantidade de guano de morcegos e matéria orgânica degradada ou restos vegetais preservados (folhas, galhos, sementes, etc.).

A gruta apresenta uma morfologia bastante distinta das outras cavidades da região. Além dos dois níveis principais de desenvolvimento ocorrem ainda pequenos condutos estreitos e fendas em outros níveis e orientações, configurando uma morfologia espongiforme. A entrada da gruta apresenta uma passagem muito estreita que dá acesso a um pequeno conduto com orientação NNE-SSW. Este nível apresenta um desnível em relação ao nível do salão principal. O salão é amplo e apresenta uma orientação próxima dos condutos do nível superior N-S a NNE-SSW. Na ocasião da visita, o abrigo encontrava-se seco, mas com gotejamentos e exudações nas paredes, além de feições sugestivas de fluxo d’água na direção Sul no piso do salão. Não foram observados espeleotemas. Destaca-se a presença de feições pipping e crostas silicosas cobrindo as paredes da cavidade.

Esta gruta consiste de uma cavidade nova não referenciada em trabalhos anteriores e apresenta um grande número de espécies, incluindo baratas, grilos, vermes, sapos e morcegos. Devido à dificuldade de acesso, esta biodiversidade sugere que podem existir outras aberturas para a superfície, menores e não identificadas.

7.1.4 Abrigo Paratizão

O abrigo do Paratizão encontra-se na margem esquerda do Rio Xingu, a jusante do município de Altamira e apresenta duas entradas distintas localizadas próximas uma da outra, sendo que ambas estão voltada para o Rio Xingu. A entrada localizada mais a sudeste é maior e mais alta facilitando o acesso ao interior do abrigo.

A região do abrigo é caracterizada por uma escarpa de arenito voltada diretamente para o Rio Xingu. Ao pé da escarpa ocorre uma quebra no relevo e a encosta apresenta um declive suave até a margem do rio. Além do abrigo do Paratizão, ocorrem diversos abrigos menores, locas e feições erosivas de pipping. Estas feições localizam-se predominantemente na metade superior da escarpa.

O piso é plano e o substrato é composto por uma delgada camada de sedimentos arenosos que recobrem diretamente os arenitos da Formação Maecuru. As duas entradas são subortogonais ao paredão de arenito e subparalelas ao azimute principal de desenvolvimento (NNE). O abrigo encontrava-se completamente seco na ocasião da visita. Não foram observados espeleotemas, mas destaca-se a presença de feições pipping.

7.1.5 Abrigos Assurini

A região do Assurini encontra-se na margem direita do rio Xingu, um pouco a montante de Altamira e apresenta um grande número de pequenas locas e feições associadas à processos

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ocorre rebaixamento do nível do rio, é possível observar uma cavidade que se desenvolve por vários metros.

A região do Assurini se caracteriza pela ocorrência de paredões de arenito diretamente na margem do rio. Estes se destacam no relevo da região já que as margens do rio costumam apresentar declividades mais suaves. Os pequenos abrigos, locas e demais feições associadas a processos de pipping se desenvolvem diretamente no paredão com aberturas voltadas para rio Xingu.

O substrato é comumente rochoso, já que o rio tende a “lavar” o piso das cavidades, removendo os eventuais depósitos sedimentares. As cavidades e feições de pipping desenvolvem-se ortogonalmente ao paredão, condicionadas por planos de fraturas subverticais. Nas cavidades mais desenvolvidas nota-se igualmente um controle dos estratos cruzados. As feições geralmente apresentam seções com geometria triangular sugerindo a ação de processos de erosão interna. Ocorrem ainda no paredão de arenito, diversas fendas com aberturas decimétricas e orientações concordantes com o sistema principal de fratura NE-SW.

7.1.6 Abrigo do Abutre

O Abrigo do Abutre encontra-se na região do Assurini, na margem direita do rio Xingu, pouco a montante de Altamira. A região do Assurini se caracteriza pela ocorrência de paredões de arenito diretamente na margem do rio. Estes se destacam no relevo da região já que as margens do rio costumam apresentar declividades mais suaves. Os pequenos abrigos, locas e demais feições associadas a processos de pipping se desenvolvem diretamente no paredão com aberturas voltadas para rio Xingu. O abrigo do Abutre encontra-se na porção superior de um dos paredões.

O piso é plano e o substrato é predominantemente rochoso. Localmente ocorre uma delgada camada de sedimentos arenosos que recobrem diretamente os arenitos da Formação Maecuru. O abrigo encontrava-se completamente seco na ocasião da visita. Não foram observados espeleotemas ou feições associadas.

7.1.7 Abrigo da Gravura

O abrigo da Gravura localiza-se na margem esquerda do rio Xingu a montante de Altamira e apresenta apenas uma grande entrada. A região do abrigo é caracterizada por uma escarpa voltada diretamente para o Rio Xingu.

O piso é relativamente plano e o substrato é composto por blocos decimétricos a métricos de rocha e sedimentos aluvionares predominantemente arenosos. Não foram observados espeleotemas ou feições associadas, porém destaca-se um número muito grande de feições associadas com processos de erosão subterrânea (pipping). O abrigo apresenta uma série de petroglifos em baixo relevo.

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7.1.8 Abrigos Sismógrafo / Tatu

A região dos Abrigos Sismógrafo/Tatu encontra-se na face voltada para o Rio Xingu de uma serra de arenito denominada Pedra do Navio. Na região foram identificadas varias cavidades pequenas todas muito próximas umas das outras. Destacam-se três pequenos abrigos, cujas entradas ocorrem em cotas ligeiramente distintas.

Os abrigos encontram-se em uma grande escarpa de arenito voltada para o Rio Xingu e orientada paralelamente a este. A escarpa se destaca na paisagem por apresentar cotas significativamente superiores àquelas comumente encontradas nas proximidades do rio e também pela vegetação exuberante que se encontra bem preservada. A escarpa faz parte de um serra conhecida localmente com Pedra do Navio e apresenta localmente orientação N-S a NNE-SSW.

Todas as cavidades apresentam desenvolvimento muito reduzido, subortogonal ao paredão. Estes tendem a ser mais largos e altos que estreitos e geralmente não formam condutos ou salões. Os poucos condutos observados apresentam dimensões inferiores a 1m e geometria tipicamente triangular denotando a ação de processos erosivos subterrâneos. Um dos abrigos (Abrigo denominado B) termina em um abatimento de blocos de arenito que atinge o seu teto, inviabilizando o acesso. Todos os abrigos encontravam-se secos e não foram observados espeleotemas ou feições associadas.

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