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EFEITO DA IDADE E DE FAZENDA SOBRE AS CARACTERÍSTICAS SEMINAIS, MEDIDAS TESTICULARES E MORFOMÉTRICAS E SUAS REPETIBILIDADES EM TOUROS DA RAÇA GUZERÁ

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SEMINAIS, MEDIDAS TESTICULARES E MORFOMÉTRICAS E SUAS

REPETIBILIDADES EM TOUROS DA RAÇA GUZERÁ

ALINE PACHECO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE

DARCY RIBEIRO

CAMPOS DOS GOYTACAZES-RJ SETEMBRO-2005

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SEMINAIS, MEDIDAS TESTICULARES E MORFOMÉTRICAS E SUAS

REPETIBILIDADES EM TOUROS DA RAÇA GUZERÁ

ALINE PACHECO

“Tese apresentada ao Centro de

Ciências e Tecnologias

Agropecuárias- CCTA, da

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Produção Animal”.

Orientadora: Prof

a

. CELIA RAQUEL QUIRINO

CAMPOS DOS GOYTACAZES-RJ SETEMBRO-2005

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SEMINAIS, MEDIDAS TESTICULARES E MORFOMÉTRICAS E SUAS

REPETIBILIDADES EM TOUROS DA RAÇA GUZERÁ

ALINE PACHECO

“Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias- CCTA, da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Produção Animal”.

Aprovada em 29 de Setembro de 2005

Comissão Examinadora:

___________________________________________________________________

Profa Tânia Góes de Pinho (PhD Fisiopatologia da Reprodução)- UFF

___________________________________________________________________

Profo. José Frederico Straggiotti Silva (DS. Reprodução Animal)- UENF

___________________________________________________________________

Profa Isabel Candia Nunes da Cunha (DS. Reprodução Animal)- UENF

__________________________________________________________________

Profa Celia Raquel Quirino (DS. Melhoramento Genético Animal) - UENF (Orientadora)

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O que me faz esperançoso não é a certeza do achado, mas o mover- me na busca.

(Paulo Freire)

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Aos meus pais,

Evair e Maria Aparecida, pelo grande amor e incentivo... À minha irmã,

Elaine pelo apoio, carinho e incentivo.

Ao meu Amor

José Ricardo

DEDICO.

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A Deus por tudo...

À Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF- pela oportunidade de realização do curso e pelo apoio financeiro.

À minha orientadora e amiga Celia Raquel Quirino, pela amizade, confiança, apoio, incentivos, grande orientação e exemplo.

Aos meus pais, pois sem eles nada disso seria possível.

À minha irmã por estar também sempre presente, ajudando quando possível e apoiando sempre.

Ao meu querido e amado sobrinho Gabriel, que mesmo sem compreender me ajudou a seguir em frente em alguns momento.

Ao meu amado noivo José Ricardo, pelo amor, dedicação, alegrias, por estar sempre ao meu lado e me aturando nos momentos de estresse. Agradeço ainda pelas muitas vezes que foi um pouco “chato”, sei que sempre queria o melhor para mim.

As amigas, Iliani, e Joseane, que ganhei assim que cheguei em Campos. Primeira república, que me acolheu com carinho e amizade. Posteriormente veio morar conosco Cristiana e Giselda, que tornaram-se companheiras de casa e de aflições de uma pós graduação. Agradeço a todas pela amizade, pelo convívio, pelas conversas jogadas fora, pelas risadas... em fim pelos bons momentos da república “Nós e jeca mar é jóia”.

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almoços de Domingo.

Aos amigos de José Ricardo, Guty, Leandro, que posso considerar como meus também e a amiga Tati (namorada de Guty), pelos momentos de descontração.

Aos amigos do LMGA / Melhoramento Genético, Sabrina, Giliana, Renato e Roberto, pelo companheirismo e ajudas.

Um agradecimento especial à amiga Sabrina, que apesar da sua vida agitada de recém mamãe, me ajudou e estava sempre disposta a ajudar, nas coletas de material a campo.

A amiga de sempre Aparecida, pelo carinho, atenção, conselhos e pelo companheirismo nesta caminhada.

Aos companheiros de campo, Carlos Henrique (Alemão), Júnior e João Gomes, pela ajuda na realização dos trabalhos nas fazendas. Agradeço em especial ao amigo Edenilson, que mesmo não sabendo nada e tendo até “receio” dos bovinos me acompanhou em uma das coletas.

Aos proprietários das Fazendas Santo Antônio (Heloiza e Dr João) e Santa Ana (Heloisa e Isidoro), pela possibilidade de realização do trabalho.

Aos funcionários da Fazenda Santo Antônio, Filhote e Marcelo e da Fazenda Santa Ana, Márcio, pela ajuda e pela boa vontade no trabalho com os animais. Um agradecimento em especial e parabenização a Filhote, que apesar da idade estava sempre muito disposto.

À Fazenda da Emater- Italva e seus funcionários, pela possibilidade de utilizar os animais e pela ajuda. Em especial ao gerente de produção Oto, ao técnico José Vicente e aos trabalhadores de campo.

Aos amigos do PROVIN, Vivian e Ricardo, pelo convívio, sugestões e pelos projetos elaborados.

A Cristiana (Kity), pela amizade e sugestões.

Aos motoristas da UENF, Belido e Samuel não só por nos direcionar as propriedades, mas também por muitas vezes ajudar nas coletas.

A todas as pessoas que, embora não tenham sido citadas tenham contribuído para a realização deste trabalho.

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Aline Pacheco, filha de Evair Pires Pacheco e Maria Aparecida Pacheco, nasceu em 06 de dezembro de 1979, na cidade de Nova Iguaçu, RJ.

Iniciou o curso de Medicina Veterinária em março de 1998, na Universidade Federal Fluminense - UFF, tendo colado grau em março de 2003.

Em setembro de 2003, iniciou o curso de Pós – Graduação em nível de Mestrado em Produção Animal, Melhoramento Genético Animal/Reprodução Animal, da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro – UENF , em Campos dos Goytacazes – RJ, submetendo-se à defesa de tese e conclusão do curso em setembro de 2005.

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RESUMO... xiii ABSTRACT... xv 1. INTRODUÇÃO... 01 2. REVISÃO DE LITERATURA... 03 2.1- Biometria Testicular... 03 2.2-Características Seminais... 09

2.3- Fatores ambientais que podem afetar as características seminais 13 2.3.1. Efeito do mês ou época do ano... 13

2.3.2.. Efeito da idade do animal... 15

2.3.3. Efeito do nível Nutricional... 17

2.4. Medidas Morfométricas... 18

2.5. Repetibilidade... 21

3.MATERIAL E MÉTODOS... 24

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3.2. Exame externo e interno do sistema genital... 28

3.3. Coleta e Avaliação do sêmen ... 28

3.4. Medidas Morfométricas e Peso Corporal... 29

3.5. Análise estatística... 30

4.RESULTADOS E DISCUSSÃO... 32

4.1 Efeito da idade e de Fazenda... 32

4.1.1. Medidas testiculares e Peso... 32

4.1.2. Características Seminais... 39 4.2.Correlações ... 44 4.3. Medidas Morfométricas... 48 4.4. Repetibilidade... 51 5. CONCLUSÕES... 56 6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 58 viii

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Tabela 1: Médias e respectivos desvios padrão (DP) dos valores de Perímetro escrotal (PE) para touros da raça Guzerá de diferentes idades, segundo diferentes autores

09 Tabela 2: Distribuição do número de observações (n), por faixa etária dos

touros da raça Guzerá dentro de cada Fazenda (FAZ.), para as características seminais.

25 Tabela 3. Distribuição do número de observações (n), por faixa etária dos

touros da raça Guzerá dentro de cada Fazenda (FAZ.), para as medidas testiculares, corporais e peso.

25 Tabela 4: Médias e respectivos desvios padrão das medidas testiculares,

segundo a faixa etária dos touros Guzerá e segundo fazenda. 37 Tabela 5: Médias e respectivos desvios padrão do Peso corporal (kg) dos

touros Guzerá, segundo Fazenda e faixa etária. 38 Tabela 6: Médias e respectivos desvios padrão das características físicas do

sêmen, segundo a faixa etária dos touros Guzerá e segundo fazenda (FAZ.)

42 Tabela 7: Médias e respectivos desvios padrão das características

morfológicas do sêmen, segundo a faixa etária dos touros Guzerá e segundo fazenda (FAZ.)

43

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idade dos touros da raça Guzerá

Tabela 9: Correlações simples entre as características seminais, perímetro escrotal e idade dos touros da raça Guzerá 48 Tabela 10: Médias e respectivos desvios padrão das medidas corporais dos

touros da raça Guzerá avaliadas nas diferentes faixas etárias e nas diferentes fazendas

50 Tabela 11: Correlações simples entre as medidas corporais, peso e idade

dos touros da raça Guzerá 51 Tabela 12: Valores de repetibilidade para as medidas testiculares dos touros

da raça Guzerá 52

Tabela 13: Valores de repetibilidade encontrados para as medidas corporais e pesos dos touros da raça Guzerá 53 Tabela 14: Valores de repetibilidade encontrados para as características

seminais dos touros da raça Guzerá 55

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Figura 1: Medidas médias de perímetro escrotal (PE) de acordo com a faixa etária dos touros Guzerá em diferentes fazendas

36

Figura 2: Médias do Peso corporal de acordo com a faixa etária dos touros Guzerá nas diferentes fazendas

38

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ACER= Altura de cernelha AG= Altura de garupa ASP= Aspecto do ejaculado CT= Circunferência Torácica

CTD= Comprimento testículo direito CTE= Comprimento testículo esquerdo CTEST= Consistência testicular

CONC= Concentração espermática DMa= Defeitos maiores

DMe= Defeitos menores DT= Defeitos totais FAZ= Fazenda Fig= Figura ID= Idade

LA= Livro aberto

LTD= Largura testículo direito LTE= Largura testículo esquerdo MOT= Motilidade espermática PO= Puro de origem

PE= Perímetro escrotal Sptzs= espermatozóides

TURB= Turbilhonamento espermático Tab= Tabela

VOL= Volume seminal VIG= Vigor espermático

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PACHECO, Aline; Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro; Setembro, 2005; Efeito da idade e de fazenda sobre as características seminais,

medidas testiculares e morfométricas e suas repetibilidades em touros da raça guzerá. Orientadora: Celia Raquel Quirino.

O presente estudo teve como objetivo avaliar os efeitos da idade e de diferentes fazendas sobre as características seminais, medidas testiculares e corporais de touros da raça Guzerá. Foi ainda objetivo estimar as correlações simples entre as medidas testiculares, corporais e as características seminais e os valores de repetibilidade destas características, a fim de se determinar o quanto cada variável se repete em momentos diferentes da vida dos touros. Para analisar os possíveis efeitos de idade e de fazenda foram utilizadas quatro fazendas, localizadas em diferentes municípios da região Norte e Noroeste Fluminense. As fazendas utilizadas localizavam-se nos municípios de Campos dos Goytacazes, Miracema, Italva e Carapebus. Em cada fazenda foram realizadas avaliações mensais de outubro de 2004 a junho de 2005 das características seminais, medidas testiculares e corporais. Dentro de cada fazenda os machos foram divididos por faixa etária, desde 12 até os 72 meses de idade, porém nem todas as fazendas possuíam touros em todas as idades. As mensurações testiculares e corporais iniciaram em machos com 12 meses de idade, enquanto que as coletas e avaliações do sêmen tiveram início com touros a partir dos 24 meses de idade, pois em geral os machos mais jovens não responderam à eletroejaculação ou apresentaram-se oligospérmicos. Para verificar os efeitos de idade e de fazenda foi realizado análise de variância, foram estimadas ainda as correlações simples e as repetibilidades das características. Os resultados

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características estudadas. As medidas testiculares e a altura de cernelha e de garupa aumentaram à medida que a idade aumentava, porém o maior crescimento foi verificado até os 36 meses de idade. A circunferência torácica e o peso corporal aumentaram até os 72 meses de idade. Para as características seminais foi observado uma melhora qualitativa dos 24 para os 36 meses em duas fazendas avaliadas. Em relação ao efeito de fazenda sobre as características estudadas verifica-se que as fazendas 1 e 3 apresentaram machos com menores testículos, peso corporal e medidas corporais. Para as características seminais houve também variação entre as fazendas, todavia os resultados foram variados de acordo com cada idade, ou seja, em cada idade uma fazenda apresentava melhores ou piores resultados. As correlações simples entre as medidas testiculares, peso e idade foram de alta magnitude, variando de 0,71 a 0,96, enquanto que a consistência testicular não apresentou correlação com as medidas testiculares, peso e idade. As medidas corporais, altura de cernelha e de garupa, apresentaram alta correlação entre si (0,97) e com o peso corporal (0,79 e 0,76, respectivamente) e de média magnitude com a idade (0,56 e 0,51). As características seminais apresentaram coeficientes de correlação bastante variáveis (entre 0,17 a 0,79). Quando se correlacionou o perímetro escrotal às características seminais foram encontrados valores de baixa magnitude. A repetibilidade das medidas testiculares e corporais foram altas, variando de 0,61 a 0,96, e apresentaram-se maiores em touros com mais de 36 meses de idade, entretanto, para as características seminais, os valores foram variáveis, os defeitos espermáticos apresentaram baixos valores de repetibilidade. Conclui-se com o presente trabalho, que para a escolha adequada de reprodutores, deve-se levar em consideração a idade e os diferentes sistemas de manejo em que estes serão criados, além disso, torna-se fundamental a avaliação periódica da qualidade seminal, visto que as características seminais estão propensas às variações de ambiente externo e ainda apresentaram média a baixa repetibilidades.

Palavras chave: Guzerá, Biometria Testicular, morfometria, peso, características seminais.

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PACHECO, Aline; Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, September, 2005; Effect of age and farm on the seminal, corporal and testicular characteristics and their repeatability of Guzera bulls. Adviser: Celia Raquel Quirino. The aim of this study was to evaluate the effects of age and different farms on the seminal, corporal and testicular characteristics of Guzera bulls and to estimate the correlations among seminal, corporal and testicular characteristics and repeatability of these characteristics, in order to determine which each variable repeats on different moments of the bull’s life. To analyze the possible effects of age and farm, it was used four farms located in different cities of North and Northwest area of Fluminense State. The farms were located in the Campos of Goytacazes, Miracema, Italva and Carapebus. In each farm were preformed monthly evaluations from October 2004 to June 2005, of the seminal, corporal and testicular characteristics. In each farm the bulls were divided into groups by age, from 12 months to the 72 months of age, but some farms didn’t have animals in all ages. The corporal and testicular measurement’s began in the 12 months bulls, while the collections the semen and evaluations began in the 24 months bulls, because the younger bulls didn’t respond to eletroejaculation or became oligospermic. To determine the effects of age and farm was preformed variance analysis, correlations and repeatability. The results showed that both age and farm influenced the characteristics. These characteristics, height at withers and pelvic height increased as age increased,

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owever the largest growth was verified until 36 months of age. The chest circumference and body weight increased until 72 months of age. Seminal characteristics had quality improvement from 24 to 36 months of age in two farms. The farms effect showed that the farm number one and three had the bulls the shorter testes and lowest body weight and body measurements. Seminal characteristics showed differences among farms, however the results varied into each age, that means that different farms had better results in different ages. Correlations among the testes measures, body weight and age were of high magnitude varying from 0,71 to 0,96. Testicular consistence showed no correlation with testes measures, body weight and age. Height withers and pelvic height were highly correlated among themselves (0,97) and with the body weight (0,79 and 0,76 respectively) and medium correlated with age (0,56 and 0,51 respectively). The correlation coefficients of seminal traits had a wide range (from 0,17 to 0,79). The scrotal circumference had values of low magnitude when correlated to seminal characteristics. The repeatability of the testicular and body measurements had high values, varying from 0,61 to 0,96 and was larger in 36 months bulls. Seminal characteristics had variable values, spermatic defects had low values and repeatability. In conclusion age and genetic group and environment should be considered to make an appropriate choice of bulls, also periodical evaluations of the seminal quality should be done, since seminal characteristic are highly influenced by environment and had repeatability that ranged from low to medium.

Words key: Guzera, scrotal circumference, seminal characteristics, body measurements

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1. INTRODUÇÃO

O Brasil é um país de grandes dimensões e que detém os mais diversos contrastes, sejam nos aspectos climáticos, sócio culturais e econômicos. A diversidade climática quanto à altitude, temperatura do ar, relevo e precipitação pluviométrica podem estar presentes até mesmo dentro de uma mesma região. Desta forma, a escolha de raças ou indivíduos fisiologicamente melhor adaptados à determinada região ou ambiente de criação torna-se fator importante.

Em 1870 a raça Guzerá, devido seu grande porte e força, entrou no Brasil pelo Estado do Rio de Janeiro, com a finalidade principal de resolver os problemas de transporte do café dentro das fazendas. Em pouco tempo foi observado o grande valor da raça, que além de extremamente adaptada e resistente, produzia leite em quantidade e qualidade. A partir da década de trinta foi e ainda é intensamente utilizada em cruzamentos, tendo representado importante papel na formação de novas raças (SANTOS, 2005).

Apesar da grande potencialidade da pecuária brasileira, contando com raças e material genético de qualidade e ainda com diversidade em climas, o perfil da pecuária ainda é, em sua maioria, o de utilização do sistema de monta natural com subutilização de seus touros.

Os estudos realizados com objetivo de se melhorar a performance reprodutiva destes animais torna-se fundamental e necessário, sobretudo nos machos onde se aplica uma maior pressão de seleção.

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Pesquisadores como PINEDA et al. (2000a) e SALVADOR et al. (2003), que vêm estudando o comportamento de animais da raça Nelore, demonstram que estes animais quando mantidos em condições adequadas de nutrição e manejo podem servir um número maior de vacas do que normalmente é utilizado. Além disso hoje se conta com os avanços da congelação do sêmen e com a Inseminação Artificial, que são técnicas que ainda não são utilizadas pela maioria dos produtores brasileiros.

Diante da importância do macho como reprodutor e difusor de material genético, este deve ser criteriosamente selecionado, principalmente quanto aos seus aspectos reprodutivos e produtivos, assim como os raciais. Para isto, deve-se ter conhecimento dos padrões fenotípicos de cada características e de cada raça e ainda dos possíveis fatores genéticos e ambientais que possam interferir, temporariamente ou de modo permanente, na performance do reprodutor. Cabe ainda ressaltar a importância dos estudos de correlação entre as características, principalmente devido ao fato de a maioria das características reprodutivas serem consideradas de baixa herdabilidade (PEREIRA, 2001), sendo muitas vezes necessário a utilização da seleção indireta.

Para a manutenção das características de importância econômica em uma propriedade, tais como as associadas às características reprodutivas, é desejável que os animais apresentem repetibilidade destas características, a fim de se garantir produções futuras. No Brasil são escassos os trabalhos que se referem a estimativas de repetibilidade das características reprodutivas dos machos.

Os objetivos do presente estudo são:

1. Avaliar os efeitos da idade e de diferentes fazendas sobre as características físicas e morfológicas do sêmen e sobre as medidas testiculares em touros da raça Guzerá.

2. Avaliar o padrão das medidas morfométricas em touros Guzerá de diferentes idades e fazendas localizadas nas regiões Norte e Noroeste Fluminense. 3. Avaliar as correlações simples entre as características seminais e o perímetro

escrotal, entre o perímetro escrotal e demais medidas testiculares e entre as medidas corporais.

4. Estimar os valores de repetibilidade das características seminais, medidas testiculares e corporais.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Biometria Testicular

Os programas de melhoramento genético animal buscam selecionar animais com alto valor genético e com potencial para manifestar as características de importância econômica, sobretudo as relacionadas à reprodução (BELLOWS e STAIGMILLER, 1994).

A avaliação física dos testículos tem sido alcançada mediante aplicação de critérios diversos de mensuração, sempre com a finalidade de possibilitar uma previsão à cerca do potencial de produção de sêmen.

Os primeiros estudos relacionados à avaliação testicular foram realizados por WILLETT e OHMS (1957) e HAHN et al. (1969), com o objetivo de obter uma medida que fosse capaz de predizer a produção espermática dos touros. Após intensas pesquisas, estes autores concluíram que o PE se encontrava altamente correlacionado com peso testicular (r= 0,94), assim como com volume testicular (r= 0,96), podendo ser utilizado como indicador de quantidade de parênquima testicular, que é o tecido responsável pela produção de espermatozóides.

WILLETT e OHMS (1957) descreveram ainda alta correlação do PE com produção de espermatozóides (r= 0,92) em touros jovens, o que não foi encontrado em touros adultos, sugerindo que com a aproximação da velhice a capacidade de produção diminui.

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Os estudos relacionando PE com as demais características reprodutivas, tanto na fêmea quanto no macho, prosseguiram até os dias atuais, visto que, as altas correlações com produção de gametas e a facilidade de mensuração do PE podem levar a progressos genéticos através da seleção, bem como auxiliam na detecção precoce daqueles reprodutores com maior potencial reprodutivo (BRINKS, 1994; CHRISTENSEN et al., 1999; QUIRINO, 1999; PEÑA et al., 2000; GRESSLER et al., 2000; BRITO et al., 2004).

A partir da década de 80, os estudos relacionados à viabilidade da utilização da biometria testicular como característica de importância para o melhoramento genético começaram a ser desenvolvidos com maior intensidade por pesquisadores de todo o mundo (KNIGHTS et al., 1984; COULTER et al., 1987; ALENCAR et al.,1993; ELER et al.,1996; BERGMAN et al., 1996; SARREIRO et al., 2002). Dentre alguns dos objetivos destes pesquisadores esteve a obtenção dos parâmetros genéticos: herdabilidade, repetibilidade e correlações, para a característica biométrica perímetro escrotal.

Nos primeiros estudos, realizados em Bos taurus, KNIGHTS et al. (1984) relataram para touros da raça Angus herdabilidade de 0,36 para o PE. No Brasil, os pesquisadores ELER et al. (1996); BERGMAN et al. (1996) e QUIRINO (1999) encontraram resultados de herdabilidade para PE de 0,52; 0,74 e 0,81, respectivamente, para bovinos da raça Nelore (B. indicus), permitindo assim sua inclusão nos programas de seleção.

Somando-se ainda como fator favorável, apesar de poucos trabalhos realizados, temos que a característica PE apresenta alta repetibilidade (t=0,98) (HAHN et al., 1969), fornecendo a esta característica maior confiabilidade.

Além disso, o perímetro escrotal (PE) é considerado uma medida de fácil obtenção e de baixo custo, sendo realizada com a utilização de uma fita métrica flexível (FONSECA, 2000).

As mensurações do PE fornecem prognóstico da vida reprodutiva futura, não apenas dos touros, mas inclusive de suas filhas e meias irmãs (BELLOWS e STAIGMILLER, 1994), por possuir correlações favoráveis com produção de gametas, com fertilidade e ainda com as características de produção, aumentando a eficiência reprodutiva de ambos os sexos (PINTO, 1994; LÔBO, 1996).

A correlação positiva do PE com características reprodutivas na fêmea deve-se, segundo LAND (1978), aos fatores hormonais, visto que, os mesmos hormônios

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que promovem o desenvolvimento testicular nos machos promovem o desenvolvimento ovariano nas fêmeas.

BRINKS (1994) observou correlações genéticas favoráveis entre perímetro escrotal e taxa de prenhez, idade a primeira cobrição e idade ao primeiro parto, sugerindo que o melhoramento da fertilidade nas fêmeas pode ser obtido por meio de seleção indireta, com base em características associadas à eficiência reprodutiva, principalmente o perímetro escrotal dos touros geneticamente relacionados a estas fêmeas.

No Brasil PEREIRA et al. (2002) realizaram estudos com a raça Nelore, encontrando correlações favoráveis de r= -0,19, entre perímetro escrotal e idade ao primeiro parto aos 14 meses e r= -0,39 com idade ao primeiro parto aos 26 meses. Estes resultados indicariam que o perímetro escrotal pode ser utilizado como critério de seleção para precocidade sexual das fêmeas.

Em relação às correlações genéticas e fenotípicas entre PE e as características seminais quantitativas e qualitativas, KNIGHTS et al. (1984), em touros da raça Angus, encontraram resultados de baixo a moderado, ao passo que, TROCÓNIZ et al. (1991) observaram correlações positivas e altas entre PE e característica qualitativas do sêmen como a motilidade progressiva r= 0,61 e o vigor espermático r= 0,59 e quantitativas como o volume r= 0,62 e a concentração espermática r= 0,49.

No Brasil, QUIRINO (1999) ao estudar touros da raça Nelore, relata correlações genéticas entre PE e características físicas do sêmen baixas (entre 0,10 a 0,13), com exceção de vigor espermático, que teve correlação de 0,89. Para a correlação entre PE e morfologias espermáticas os valores encontrados apresentaram-se negativos e de médios a altos (entre -0,86 e -0,52), indicando a associação favorável entre o desenvolvimento dos testículos e os defeitos espermáticos. MARTINEZ et al. (2000) encontraram para touros Gir correlação fenotípica baixa (r= 0,05 a 0,35) entre PE e características físicas do sêmen e associação desfavorável entre o PE e os defeitos espermáticos (r= 0,05 a 0,09).

Buscando ainda evidenciar a relação existente entre PE e características seminais, SARREIRO et al. (2002) relataram correlações genéticas altas e favoráveis entre PE e características físicas do sêmen, porém para anormalidades espermáticas a correlação foi baixa (r= -0,14). Mais recentemente, BRITO et al.

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(2004), avaliaram touros Bos indicus e B. taurus e associaram a melhor qualidade seminal e maior produção espermática com maior volume testicular.

Além das características seminais, a performance reprodutiva dos touros pode ser influenciada por outros fatores como o peso corporal e a libido. As avaliações conjuntas das características seminais, biometria testicular e libido fornecem informações complementares e eficientes para predizer a fertilidade do rebanho. Em zebuínos, algumas pesquisas (PINEDA et al., 2000a; SALVADOR et al., 2003; QUIRINO et al., 2004) já foram realizadas nesta área.

O tamanho testicular pode ser considerado um indicador da quantidade de tecido produtor de espermatozóides, no entanto, é altamente influenciado pela composição genética do animal. Touros Bos taurus, em geral, apresentam maior PE do que Bos Indicus quando avaliados em uma mesma idade (GODFREY et al., 1990; CHASE et al., 1997; CHENOWETH et al., 1996).

Por razões econômicas e visando reduzir a intervalo entre gerações, a seleção de machos a serem preservados como reprodutores deve ser realizada o mais precocemente possível. SALVADOR et al. (2002) correlacionaram o PE com as características idade e peso corporal em touros Nelore de 3 a 4 anos de idade. Os pesquisadores observaram que o PE esteve mais correlacionado com peso (r= 0,63) do que com a idade (r= 0,43). PEÑA et al. (2000), relataram efeitos significativos da idade e do peso sobre o PE, sugerindo que tais características são importantes fontes de variação a serem removidas quando o PE for utilizado como critério de seleção para melhorar geneticamente a precocidade sexual.

Segundo TOELLE e ROBSON (1985) o PE medido aos 205 dias de idade é um reflexo do aumento do peso corporal e, entre 205 e 365 dias, é mais influenciado pelos hormônios gonadotróficos. Como o início da atividade gametogênica está na dependência do desenvolvimento corporal que, geralmente é estimado através do peso, se o desenvolvimento corporal for retardado por condições ambientais adversas, o desenvolvimento testicular também estará prejudicado.

MAKARECHIAN et al. (1985) encontraram coeficiente de correlação entre PE e peso corporal, variando de 0,52 a 0,64 para diferentes raças taurinas com idade entre um e dois anos. Observaram, ainda, que a taxa de crescimento testicular tornou-se muito mais lenta do que o peso corporal em touros com mais de um ano de idade.

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O PE, assim como o peso corporal, aumentam com o avanço da idade do animal, e podem ser influenciados por mudanças ambientais, nutricionais e de manejo (ABREU, 2000). Diante disso ressalta-se a importância de se verificar correlações em diferentes fases de crescimento do animal. ALENCAR et al. (1993) relatam baixa correlação genética entre PE, medido aos 12, 18 e 24 meses e peso ao nascimento (r= 0,25; -0,27; 0,17, respectivamente), indicando que a seleção para PE não resultaria em aumento de peso ao nascimento. Entretanto as correlações com peso ao desmame foram elevadas, variando de 0,61 a 0,98, indicando que a seleção para peso resultaria em aumento de PE e, ainda, que grande parte dos genes e dos fatores de ambiente que influenciam o PE em uma determinada idade, também influenciam nas outras idades.

VALENTIM et al. (2002) encontraram coeficientes de correlação entre PE e peso corporal variando de r= 0,50 a 0,63 para touros Nelore, e r= 0,56 a 0,60 para cruzados, observando assim que a seleção para perímetro escrotal influencia o peso corporal, visto que estas características apresentam altas correlações.

Em relação ao desenvolvimento testicular, BERGMAN et al. (1996) em condições extensivas de criação avaliaram o crescimento testicular de touros da raça Nelore, observando um crescimento de forma linear até os 12 meses de idade com tendência curvilínea após esta idade e inflexão próxima aos 18 meses de idade. Estes achados poderiam ser um indicativo da puberdade alcançada pelos machos. Resultados semelhantes foram encontrados por QUIRINO et al. (1998), sendo que o ponto de maior crescimento (ponto de inflexão na curva de crescimento logístico) foi aos treze meses de idade, e o perímetro escrotal cresceu até os 40 meses de idade, onde alcança um platô.

Segundo SILVA et al. (1993), o crescimento mais intensivo dos testículos ocorre próximo à puberdade, indicando que a tomada da medida do PE neste período é estratégica para avanços genéticos em fertilidade e precocidade sexual. BERGMANN (1999) sugere ainda, que quando o objetivo da seleção é a redução da idade à puberdade, a avaliação do perímetro escrotal deve ser feita antes dos 24 meses de idade, pois é este o período que antecede ou coincide, com o início da atividade reprodutiva.

O PE por ser uma característica de média a alta herdabilidade e de possuir correlação com volume testicular, peso testicular e ainda com produção de espermatozóides, tem sido intensamente utilizado como critério de seleção. No

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entanto esta seleção de touros com maiores PE tem influenciado o formato dos testículos, que em touros normais devem ser simétricos e ovalados (BARTH et al., 1992), para cada vez mais esféricos. Estas variações no formato normal dos testículos podem trazer conseqüências sobre a produção e qualidade seminal, porém são poucos os trabalhos que avaliam estes efeitos.

Touros zebuínos tendem a possuir testículos mais alongados e consequentemente com menor PE. UNANIAN et al. (2000) verificaram em touros Nelore, maior freqüência de testículos com formatos alongados em touros jovens (12 meses de idade), porém com o aumento da idade dos touros a freqüência de formatos alongados foi diminuindo e aumentando os de formato ovalado.

BAILEY et al. (1996) sugerem que o PE não deve ser o único indicador de produção espermática, pois segundo estes autores, quando compararam grupos de animais com formatos testiculares diferentes (ovóides, alongados e curtos), verificaram que o formato testicular influenciou a produção diária de espermatozóides. O grupo de touros que apresentou maior PE não foi o que teve maior produção espermática, isto se deve ao fato de os testículos alongados possuírem melhor termorregulação, oriunda de melhor distribuição de vasos sangüíneos e túbulos seminíferos, importantes na produção espermática.

Para touros da raça Guzerá são poucos os trabalhos, tanto no Brasil como no exterior, que relatam as características reprodutivas como o PE. Na Tabela 1 apresenta-se algumas médias e desvios padrão do PE encontrado para a raça Guzerá.

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Tabela 1: Médias e respectivos desvios padrão (DP) dos valores de Perímetro escrotal (PE) para touros da raça Guzerá de diferentes idades, segundo diferentes autores

Autor/ Ano Idade (meses) PE± DP TROCÓNIZ et al. (1991) 8-12 18,9±1,8

22-24 30,9±3,3 >40 38,5±5,8 CARTAXO et al. (2001) Até 20 27,50

21-24 29,78 > 24 31,61 DIAS et al. (2003) 17-29 32,50 DIAS et al. (2004) 15-20 28,1±2,8 TORRES JÚNIOR et al. (2003) 13-15,9 19,4±2,8 22-24,9 29,1±3,5 28-30,7 32,7±2,5 ANDRADE et al. (2004) 21-27 32,1±2,5 PACHECO et al. (2005) 24 36,3±2,2 36 41,5±0,8 48 38,3±2,1 60 37,3±3,7

As médias encontradas para touros Guzerá, em geral, apresentam-se semelhantes as encontradas para touros Nelore (UNANIAN et al., 2000; GUIMARÃES et al., 2003). Porém foi observado por TROCÓNIZ et al. (1991) uma tendência de os touros Guzerá apresentarem maiores medidas de PE do que os da raça Nelore.

As médias encontradas por PACHECO et al. (2005) foram superiores as observadas pelos outros pesquisadores acima citados, assim como superou as médias encontradas por QUIRINO (1999) para touros Nelore nas mesmas faixas etária.

2.2. Características seminais

Os aspectos quantitativos e qualitativos do sêmen bovino e suas relações com fertilidade têm sido objeto de muitos estudos. As características seminais podem ser divididas em físicas, onde estão incluídas: volume (VOL), cor, aspecto (ASP), pH,

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motilidade (MOT), vigor (VIG), turbilhonamento (TURB), concentração (CONC) e morfológicas, que são as classificações visuais quanto as patologias espermáticas, estando classificadas de acordo com BLOM (1973) em defeitos maiores (DMa), defeitos menores (DMe) e defeitos totais (DT).

O volume varia, em zebuínos, conforme o método de coleta, de 2 a 6 mL quando usada a vagina artificial e até 25 mL quando obtido por eletroejaculação, (SILVA et al., 1993). Em touros criados de forma extensiva a eletroejaculação é a forma mais utilizada para a obtenção do ejaculado. No entanto, esta técnica induz um ejaculado com grande volume diminuindo a confiabilidade na avaliação de concentração espermática (CHACÓN et al., 1999).

Além da vagina artificial e da eletroejaculação, o sêmen pode ser coletado por massagem transretal das glândulas vesiculares e ampolas do ducto deferente, sendo uma técnica antiga e que causa menos estresse e sofrimento ao animal (FALK et al., 2001). Segundo PALMER et al. (2004a) o método de massagem transretal para a obtenção de ejaculado é eficiente em touros maduros e acostumados com a técnica. Estes autores realizaram 288 tentativas de coleta em touros maduros, os quais 97% ejacularam, porém os autores não confirmaram a mesma eficiência em touros jovens e não acostumados com o procedimento. Posteriormente PALMER et al. (2004b) compararam dois métodos de coleta de sêmen (eletroejaculação e massagem transretal) em touros jovens, observando que em touros não acostumados com a manipulação, a eficiência na obtenção do ejaculado foi baixa e demorada, porém nos touros acostumados não houve diferença entre os dois métodos testados. Contudo, apesar de a massagem transretal mostrar-se eficiente na obtenção do ejaculado, esta técnica produziu um ejaculado de pior qualidade, com menor motilidade progressiva, concentração espermática e porcentagem de vivos, o que pode estar relacionado ao maior tempo para emissão do ejaculado e pela ausência de protusão do pênis na maioria dos touros.

A cor e o aspecto do ejaculado são avaliações subjetivas e em um animal saudável irão refletir a concentração espermática. A coloração normalmente é brancacenta ou marmórea, mas alguns touros produzem consistentemente sêmen amarelado, devido à presença de um inofensivo pigmento, a riboflavina. Quanto ao aspecto o sêmen deve ter uma aparência uniforme, livre de pêlos, sujeiras ou outros

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contaminantes e pode variar do cremoso marmóreo, leitoso, opaco até aquoso (HAFEZ, 1995).

RABESQUINE et al. (2003) observaram na raça Limousin, ejaculado de coloração branca e aspecto leitoso – viscoso. PINHO et al. (2004) relataram em touros de diferentes raças (B. indicus e B taurus) ejaculados de coloração brancacenta e aspecto leitoso. Em touros da raça Guzerá, SCHMIDT-HEBBEL et al. (2000), em coletas repetidas de sêmen, observaram ejaculados de aspecto aquoso nas primeiras coletas passando posteriormente para branco leitoso. PACHECO et al. (2005) observaram em touros Guzerá predominância de ejaculados de aspecto opalescente e leitoso.

Após a avaliação física e visual do ejaculado (VOL, COR, ASP e COL), o sêmen deve ser analisado microscopicamente para as características motilidade, vigor e turbilhonamento, imediatamente após a coleta, evitando-se choques térmicos, ação dos ventos e luminosidade diretamente no ejaculado (SILVA et al., 1993). A motilidade progressiva expressa a porcentagem total de espermatozóides móveis, sendo indicativa de normalidade do sêmen. O vigor representa a força do movimento ou a capacidade de movimento individual da célula espermática, podendo ser classificado numa escala de zero a cinco e o turbilhonamento o movimento de massa, que é resultante da motilidade do vigor e da concentração espermática (CBRA, 1998).

De acordo com SALVADOR et al. (2002), touros de 3 e 4 anos de idade da raça Nelore, criados à pasto no Centro Oeste do Brasil, e previamente selecionados aos 2 anos de idades, apresentaram médias de 56,8 % e 58,6% para MOT, 3,0 e 3,2 para VIG e 16,4 % e 19,6 % para defeitos totais, respectivamente. Os mesmos autores relatam ainda que aos 3 anos de idade grande parte dos touros apresentavam-se atrasados quanto à maturidade sexual, fato este ocasionado principalmente pela restrição alimentar. Para touros de raça Guzerá com idade entre 21 a 27 meses, ANDRADE et al.(2004) relataram 50,3 % de MOT, 11,6 % de defeitos maiores e 22,0 % de defeitos totais.

A concentração espermática (número de espermatozóides por mL), é uma característica extremamente variável e juntamente com o volume do ejaculado irá determinar quantas fêmeas poderão ser fertilizadas com um ejaculado através da Inseminação Artificial (HAFEZ, 1995). A concentração espermática pode sofrer variações devido a fatores como método de coleta, atividade do reprodutor,

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condicionamento, idade e estado fisiológico testicular (ABREU, 2000 e PALMER et al., 2004b).

CARTAXO et al. (2001) observaram diferenças significativas na concentração espermática de touros Guzerá, analisados por diferentes anos. O valor mais alto encontrado foi de 618,67 x 106 sptz / ml e o mais baixo de 248,64 x 106 sptz/ ml.

Em relação às características morfológicas dos espermatozóides, segundo BLOM (1973), os espermatozóides podem ser classificados baseando-se na importância dos defeitos em defeitos maiores, defeitos menores e defeitos totais. CHENOWETH (2005) define como defeitos maiores aqueles que prejudicam a fertilidade do touro e como defeitos menores aqueles que trazem menos prejuízos à fertilidade. Mais adiante o mesmo pesquisador relata ainda que a definição de defeitos maiores inclui alguns critérios como, a freqüência de sua ocorrência, se estão relacionados com infertilidade ou esterilidade ou ainda se eles podem ser herdáveis.

DIAS et al. (2004), comparando diferentes sistemas de manejo nutricional em touros Guzerá de 15 a 20 meses de idade, encontraram valores de defeitos maiores igual a 31,8%, 42,1%, 50,7%, para machos suplementados com concentrado, suplementados apenas no período da seca e somente à pasto, respectivamente, demonstrando a importância da alimentação adequada sobre a qualidade seminal.

Em relação a herdabilidade das características seminais, são poucos os estudos realizados no Brasil. QUIRINO (1999) relatou para a raça Nelore, valores de herdabilidade para as características físicas e morfológicas do sêmen, variando de 0,07 a 0,59. SARREIRO (2001) também para a raça Nelore, obteve valores mais baixos, variando de 0,00 a 0,07. Estes resultados sugerem que a seleção direta de reprodutores com base nas características seminais podem não ser eficientes para garantir a descendência qualidade seminal.

As características físicas e morfológicas do sêmen demonstram entre si, valores de correlações variáveis segundo alguns pesquisadores (VALE-FILHO et al., 1997; QUIRINO, 1999; MARTINEZ et al., 2000; SARREIRO, 2001), porém, em geral, estão favoravelmente correlacionadas.

Tais características sofrem ainda fortes influências de uma série de fatores genéticos e ambientais como: raça, idade, condição física, nutrição, doenças, época de coleta e método de coleta (ABREU, 2000), devendo ser levados em consideração nos estudos de avaliação andrológica dos touros.

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2.3. Fatores ambientais que podem afetar as características seminais 2.3.1. Efeito do mês ou época do ano

Por ser um processo longo e sensível e que exige manutenção de temperatura testicular entre 4 a 6o abaixo da temperatura corporal, a espermatogênese pode sofrer alterações seja pela temperatura ambiente, por fatores nutricionais ou sanitários, podendo afetar permanentemente ou de modo temporário a qualidade seminal (GABALDI et al.,1999). Segundo BIFFANI et al. (1999) o conhecimento dos fatores não genéticos permite identificar os fatores ambientais que proporcionam variações nas produções. Informações sobre mudanças que ocorrem na qualidade seminal devido à variações climáticas podem auxiliar na seleção genética e no planejamento de procedimentos em relação ao manejo dos animais, visando aumentar a capacidade reprodutiva do rebanho (CARTAXO et al., 2001).

KUMI-DIAKA et al. (1981) estudaram os efeitos das estações do ano sobre as características seminais, comparando Bos indicus com Bos taurus mantidos em condições tropicais. Observaram que não houve efeito de variação sazonal na concentração, porcentagem de vivos e anormalidades espermáticas em Bos indicus, porém em Bos taurus houve alterações nas estações mais quentes, demostrando menores concentrações e porcentagem de espermatozóides vivos e maiores quantidades de defeitos espermáticos. Os autores relataram ainda que os touros

Bos taurus apresentaram maior porcentagem de degeneração testicular. Estes

resultados demonstram a adaptação dos zebuínos aos climas mais quentes.

Diferenças na qualidade espermática e perímetro escrotal durante os meses de avaliação foram encontradas por CHENOWETH et al. (1996), em estudos realizados durante dois anos com Bos taurus e Bos indicus, em condições subtropicais da Flórida. Os melhores resultados, quantitativos e qualitativos, foram observados nos meses de julho (verão) e outubro (outono), o que pode ser explicado por melhores condições climáticas e de oferta de alimentos. Quando os mesmos pesquisadores compararam Bos taurus com Bos indicus evidenciaram melhores resultados para os Bos taurus.

A maioria dos trabalhos realizados nos países estrangeiros compara o desempenho dos taurinos com os zebuínos, evidenciando em grande parte a

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adaptação dos zebuínos aos climas mais quentes, que no entanto apresentam puberdade mais tardia. FIELDS et al. (1979) avaliaram touros jovens com 16 a 20 meses de idade e observaram que nos meses de verão o tamanho testicular, motilidade espermática e concentração aumentaram consideravelmente nas raças Brahman e Santa Gertrudes, já a raça Angus não houve diferença significativa e a raça Hereford apresentou declínio para a mesma época estudada.

MATHEVON et al. (1998) estudaram fatores ambientais que afetam as características seminais em touros Holstein e observaram que diferentes estações do ano afetaram todas as características seminais em touros jovens, mas não afetaram volume e motilidade espermática em touros adultos. Neste estudo, as melhores performances foram visualizadas no inverno e na primavera.

Alguns autores têm observado alterações nos índices de patologia em touros de origem zebuína na África, no decorrer de diferentes estações do ano, sendo que os menores índices se apresentam na estação chuvosa, creditando tal fato a variações da temperatura (REKWOT et al., 1987; SEKONI et al., 1988) ou a melhorias nutricionais decorrentes dos elevados índices pluviométricos no período chuvoso, aumentando a qualidade das forragens (IGBOELI e RAKHA, 1971).

No Brasil, FONSECA et al. (1993) avaliaram touros Nelore e relataram que perímetro escrotal, volume, motilidade e concentração espermática não diferiram com os meses estudados, contudo houve diferenças sazonais em relação à incidência de anormalidades espermáticas. BRITO et al. (2002a), num estudo de dois anos realizado em três centros de Inseminação artificial no Brasil, não encontraram diferenças significativas na produção e na qualidade espermática sobre diferentes condições de temperatura e umidade.

O comportamento sexual pode sofrer também interferência das modificações climáticas, no entanto o efeito de elevadas temperaturas é mais evidenciado em taurinos, que apresentam menos tolerância ao estresse térmico (FIELDS et al., 1979). Em zebuínos, SANTOS et al. (2001), no Brasil, não encontraram diferenças no comportamento sexual, avaliados em diferentes épocas do ano, concluindo que esta variável não alteraria a avaliação dos touros para efeito de seleção de libido.

Os trabalhos científicos (FIELDS et al., 1979; FONSECA et al., 1993; MATHEVON et al., 1998; BRITO et al., 2002a) demonstram uma certa variação nos resultados, ora as condições ambientais influenciam as características seminais ora não influenciam, desta forma torna-se importante o estudo destes fatores em cada

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região e em cada rebanho, a fim de determinar sua interação com o genótipo do animal.

2.3.2.. Efeito da idade do animal

A idade do touro é um fator que afeta todas as características relacionadas à eficiência reprodutiva, sendo muito importante sua consideração nas práticas de manejo de reprodutores. Touros jovens não produzem ejaculados com quantidade suficiente de espermatozóides para fecundar uma fêmea, isto só irá acontecer, segundo HAFEZ (1995), quando o animal atingir a puberdade.

O termo puberdade não é consensual entre os pesquisadores, havendo várias definições, porém a mais amplamente utilizada é a proposta por WOLF et al. (1965), que estabeleceram o início da puberdade como sendo o momento em que o touro produz um ejaculado com no mínimo 50 milhões de espermatozóides e pelo menos 10% de motilidade progressiva, momento este em que o touro é supostamente capaz de fecundar uma vaca e/ou servir em vagina artificial.

O início da puberdade pode ser influenciado por alguns fatores como raça, estado nutricional e ambiente. A idade que o animal alcança a puberdade é uma característica indicativa de precocidade que é o que a pecuária moderna está almejando. A seleção de animais precoces, ou seja, que atingem a puberdade em menores idades tem demonstrado resultados positivos na pecuária, pois esta característica apresenta valor de moderado a alto para herdabilidade (0,41), além de demonstrar correlação favorável com idade a puberdade das fêmeas aparentadas (KINDER et al., 1995).

Segundo GALLOWAY (1976) os taurinos (Bos taurus) atingem a puberdade mais precocemente que os zebuínos (Bos indicus). FIELDS et al. (1979) e LUNSTRA et al. (1988), comparando Bos taurus e Bos indicus em condições de clima temperado, evidenciaram a precocidade dos taurinos, que também obtiveram melhores resultados em termos de qualidade seminal e maiores medidas de perímetro escrotal. KUMI-DIAKA et al. (1981), em condições tropicais da Nigéria, encontraram melhores resultados para idade à puberdade, para os zebuínos.

DIARRA et al. (1997) estudaram as características seminais de 294 touros da raça holandesa entre 10 e 18 meses de idade. Dos resultados achados por estes autores a análise de regressão indicou que para cada 1 dia de aumento na idade,

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aumenta o volume do ejaculado em 0,04 ml, a concentração e a motilidade espermática se incrementam em 0,0024 x 109 espermatozóides/ml e 0,034%, respectivamente.

Embora desde a puberdade o macho já esteja em condições de se reproduzir, a capacidade reprodutiva plena só é alcançada na maturidade sexual. Segundo CHENOWETH (1994), maturidade sexual é definida como o momento em que o macho apresenta interesse sexual, desenvolvimento físico e espermatogênico, sendo assim capaz de promover acasalamentos férteis.

PICARD-HAGEN et al. (2002) avaliaram o efeito de coletas seminais em idades precoces do animal sobre a produção e qualidade seminal em touros Holstein. As características seminais foram afetadas pela idade, animais que atingiam a maturidade apresentavam melhores resultados. A utilização de coletas freqüentes e em idades precoces influenciou a qualidade seminal apenas nas primeiras coletas, posteriormente as características não sofreram influência. Estes resultados demonstram que os animais necessitam de um período para adaptação, no entanto coletas realizadas em animais jovens são viáveis para a identificação de animais precoces e melhoradores.

Em estudos realizados no Brasil alguns pesquisadores observaram resultados semelhantes, ou seja, com o aumento da idade houve aumento do volume espermático, concentração e motilidade espermática e peso corporal (QUIRINO, 1999; CARTAXO et al., 2001).

As características morfológicas dos espermatozóides são também influenciadas pela idade do animal, segundo CHACÓN et al. (1999) ocorre com maior freqüência anormalidades espermáticas em touros com menos de dois anos de idade. TROCÓNIZ et al. (1991) observaram uma maior porcentagem de defeitos espermáticos em touros mais jovens, tanto para Guzerá quanto para Nelore. BRITO et al. (2002b) e SALVADOR et al. (2002), em estudos realizados no Brasil, observaram diminuição dos defeitos espermáticos com o avançar da idade.

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2.3.3. Efeito do nível Nutricional

O manejo nutricional é um dos principais fatores limitantes ou determinantes da eficiência reprodutiva. O efeito de uma deficiência ou mesmo de um excesso alimentar é observado com o tempo, influenciando principalmente a idade à puberdade (SILVA et al., 1993).

Em touros adultos, o consumo de alimentos deve ser controlado para evitar obesidade, mas este consumo deve ser suficiente para manter o animal em boa condição corporal. A recomendação feita por SIRATSKII (1996), citado por NICODEMO e SATURNINO (2002), é que os animais devem, aos 12 meses de idade, serem criados em regime que favoreça o ganho diário de 1,0 Kg.

Observações clínicas e pesquisas sobre super alimentação têm demonstrado claramente que tanto a libido quanto a qualidade seminal podem ser prejudicadas pelo excesso de ingestão de energia (CATES, 1991).

COULTER et al. (1997) avaliaram o efeito de dietas com quantidades moderadas de energia e com dietas ricas em energia em touros (B. taurus), sobre a qualidade seminal e características testiculares. Touros alimentados com alta energia tiveram maiores valores de perímetro escrotal, porém a consistência testicular diminuiu, este fato pode estar associado ao aumento de temperatura na região testicular. Em conseqüência, a qualidade seminal dos animais super alimentados foi prejudicada, havendo maior número de defeitos espermáticos e menores valores para motilidade progressiva.

Subnutrição em fases precoces do desenvolvimento dos touros também pode retardar ou até mesmo suspender os processos de maturação do eixo hipotalâmico hipofisário, causando danos permanentes aos tecidos neurais e gonadais. Já animais adultos sofreriam alterações temporárias na capacidade reprodutiva, normalmente restaurada quando voltam a receber nutrição adequada (NICODEMO e SATURNINO, 2002). A habilidade reprodutiva dos touros é geralmente máxima aos 36 meses de idade, sendo que, quando jovens, normalmente, necessitam de suplementação à pasto para o seu desenvolvimento adequado.

A influência da nutrição e da genética sobre as características reprodutivas interferem no desenvolvimento dos zebuínos, sendo considerados animais tardios. A puberdade de touros da raça Nelore em pastejo, com ganhos médios de 0,3 kg/ dia a 0,4 kg/ dia, foi observada entre 16 e 19 meses de idade (SILVA et al., 1993).

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Quando utiliza-se a suplementação alimentar a idade à puberdade é reduzida (COULTER et al., 1997).

Segundo NOLAN et al. (1990), tourinhos Brahman quando comparados com outra raça de origem européia, apresentam-se mais tardios, todavia aumentando a dieta destes machos para ganhos entre 0,75 kg/ dia e 1,0 kg/ dia a puberdade se antecipou, desta forma torna-se imprescindível o conhecimento de uma taxa ótima de alimentação que venha proporcionar diminuição na idade à puberdade e aumento na performance reprodutiva.

Nas condições de Brasil central, existem indicações de que a fertilidade dos touros da raça Nelore em pastagens é afetada negativamente durante o período de seca, evidenciado por redução do perímetro escrotal, porcentagem de espermatozóides vivos e vigor (SILVA et al., 1991).

Segundo SILVA et al. (1993) touros adultos devem estar em boas condições para que sejam férteis e sexualmente ativos, sendo que em geral, consomem de 1,5 a 3% do peso vivo em matéria seca, dependendo das condições de alimentação e características individuais.

De acordo com SALVADOR et al. (2002) apesar da grande potencialidade de algumas raças zebuínas para alta produção e reprodução em ambiente tropical, muitas vezes o ambiente inadequado, notadamente nutricional, pode prejudicar o desenvolvimento, principalmente de animais geneticamente superiores.

2.4. Medidas Morfométricas

Os rebanhos brasileiros, diante da diversidade climática, são criados em diferentes condições ambientais, estando sujeitos a condições adversas que passam a influenciar no desenvolvimento corporal dos animais. Diante disto, torna-se fundamental o conhecimento das condições em que cada animal é criado.

Segundo SALLES (1995) o desenvolvimento é o resultado das mudanças na conformação corporal e o estabelecimento das várias funções do animal. Entretanto do ponto de vista biológico o desenvolvimento não poderia ser expresso em termos quantitativos, desta forma trabalha-se com crescimento, que estaria relacionado ao aumento em massa e tamanho corporal.

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Atualmente, os programas de seleção estão enfatizando o tamanho corporal, pois está diretamente relacionado ao peso do animal (ROSA, 1999) e permite descrever melhor um indivíduo ou população. As mensurações morfométricas, realizadas para definir o tamanho corporal, permitem ainda determinar tendências ao longo dos anos em uma raça, embora não substituam as características de desempenho (MAGNOBOSCO et al., 1996).

Existe uma variedade muito grande de raças bovinas e associado a isto, há variabilidade em tamanho corporal, entre e até mesmo dentro de raças. Esta diversidade, segundo CARTWRIGHT (1979), deve ser vista como recurso genético, gerando oportunidade para aumentar a eficiência de produção.

As mensurações corporais lineares, como altura e comprimento são mais precisas na determinação do tamanho à maturidade do que o peso, visto que, peso e gordura subcutânea podem sofrer flutuações periódicas, dependendo do nível nutricional e ainda do porte e estado fisiológico do animal (KUNKLE et al., 1994).

Apesar da importância de se obter as medidas corporais em cada raça, afim de se determinar os padrões morfométricos e as taxas de crescimento, são escassos os trabalhos encontrados na literatura. A maioria dos trabalhos encontrados relatam medidas apenas de peso e ganhos em peso (MARTINS et al., 2000; GARNERO et al., 2001; FERREIRA et al., 2001), fatores estes que são fortemente influenciados pelo ambiente, principalmente pela oferta de alimentação.

No Brasil WINKLER et al. (1992) avaliaram medidas corporais e peso de fêmeas da raça Guzerá, observando que as medidas corporais como altura e comprimento apresentaram maiores valores de repetibilidade do que aquelas observadas para peso corporal e circunferência torácica, sendo estes achados atribuídos às flutuações ambientais que afetaram a qualidade das pastagens e consequentemente o peso corporal.

Seguindo os mesmos estudos, de mensurações corporais e peso, em fêmeas da raça Guzerá, WINKLER (1993) observou médias de 447,3 ± 3,7 kg para peso à maturidade, 182,2 ± 0,61 cm para circunferência torácica, 134,6 ± 0,42 cm para altura de cernelha, 140,3 ± 0,44 cm para altura de garupa e 146,4 ± 0,51 cm para comprimento do corpo. De acordo com o referido autor, o peso corporal e a circunferência torácica das fêmeas, pode ser ainda influenciado pelo estado fisiológico (Gestante x não gestante e lactante x seca).

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Segundo PRAJAPATI et al. (1991) as medidas morfométricas variam em função do crescimento esquelético, atingindo um limiar à maturidade, enquanto que o peso e a circunferência torácica variam em função do crescimento muscular. Segundo diversos autores (PIMENTEL et al., 1984; WINKLER, 1993; FERNANDES et al., 1996; SANCHES, 1999), existe, entre as características peso corporal e medidas morfométricas, alto grau de associação verificado pelas positivas e altas correlações genéticas e fenotípicas.

Devido às altas correlações entre as medidas corporais e destas com o peso e o PE, ao se selecionar animais para maiores pesos, irá aumentar automaticamente as medidas corporais lineares e o PE (MARTINS FILHO, 1991; SANCHES, 1999; LEZIER, 2003; TORRES JÚNIOR, 2004).

FERNANDES et al. (1996), ao estudarem vários rebanhos de bovinos da raça Brahman no Brasil, observaram este efeito, verificando que os animais mais pesados foram também os mais altos, profundos e com maiores garupas.

A elevada correlação entre peso corporal e circunferência torácica observada por alguns pesquisadores como WINKLER (1993), CYRILLO et al. (2000) e PACHECO et al. (2005), demonstra a possibilidade de utilização da circunferência torácica para predizer o peso dos animais.

Segundo CYRILLO et al. (2000) a seleção indireta para peso pós-desmame sobre medidas corporais em machos Nelore, promove respostas positivas correlacionadas nas medidas corporais. Quando a seleção baseia-se apenas em peso corporal, FERREIRA et al. (2001) também relatam ganhos genéticos, devido às altas respostas correlacionadas encontradas entre pesos em diferentes fases da vida do animal.

As medidas corporais estão menos sujeitas a influências ambientais, porém estão propensas aos efeitos genéticos e aos erros de mensuração. CYRILLO et al. (2000), trabalhando com touros Nelore em diferentes anos e em diferentes rebanhos, observaram comportamento oscilatório nas medidas corporais. Os autores atribuem estes resultados a dificuldades de mensuração, devido ao temperamento agitado dos animais e devido à variações genéticas entre os rebanhos. Quando incluíram o peso corporal como covariável nas análises, observaram que grande parte da diferença entre rebanhos para as características de medidas corporais foi decorrente principalmente das diferenças de peso entre os animais dos vários rebanhos.

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De acordo com SILVA (1997), juntamente com o desenvolvimento ponderal deve-se considerar a precocidade reprodutiva, constituindo-se como novos conceitos de competência em pecuária. No entanto, estudos que relacionaram tamanho corporal com características reprodutivas (BARBOSA, 1991; WINKLER, 1993 e SANCHES, 1999) relatam baixas correlações. MEYER et al. (1991) observam que apesar da meta prioritária ser a obtenção de elevadas taxas de crescimento corporal e elevados índices de eficiência reprodutiva, isto pode ser dificultado pela provável existência de antagonismo genético entre crescimento e reprodução.

Cabe ressaltar ainda, que animais de maior tamanho à maturidade necessitam de maiores quantidades de energia para mantença e para os atributos reprodutivos (MARTINS FILHO, 1991). Devido a estes fatos, em um programa de seleção torna-se imprescindível a consideração de todas as possíveis relações entre peso, medidas corporais e características reprodutivas, evitando-se selecionar animais muito grandes simplesmente pela alta correlação com peso e obtendo-se resposta correlacionada indesejável para outras características (SCAPARATI et al., 1996).

Segundo WINKLER (1993) as medidas morfométricas contam ainda com variação genética aditiva, que aumenta de acordo com idade dos animais, ou seja, os efeitos dos fatores genéticos na variação fenotípica tornam-se mais importantes do que os efeitos dos fatores ambientais. O mesmo autor relata valores altos de herdabilidade para as medidas corporais variando entre 0,45 a 0,69. Resultados semelhantes foram encontrados por FERNANDES et al. (1996 ) e HADDAD et al. (2005).

2.5. Repetibilidade

A estimativa de valores para determinadas características em um mesmo indivíduo, tendem a se repetir e isto depende em parte, do genótipo do animal, que é constante durante toda a vida do animal e em parte, pelas influências específicas do meio ambiente. A correlação média entre duas produções de um mesmo indivíduo é medida através da repetibilidade (t) de uma característica (PEREIRA, 2001).

Segundo PEREIRA (2001) através de múltiplas observações de uma mesma característica e de um mesmo animal há redução da variância devido aos efeitos temporários do ambiente, reduzindo com isto a variância fenotípica.

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As características reprodutivas de um animal adulto sofrem variações de acordo com os efeitos ambientais (ABREU, 2000), desta forma a variância da característica de um indivíduo pode ser analisada sob dois componentes. O primeiro é a variância dentro dos indivíduos, onde suas características são afetadas por efeitos temporários do meio ambiente (como por exemplo, qualidade da alimentação e efeito estacionais) e são medidos através das diferenças temporárias no desempenho de um mesmo animal. O segundo é a variância entre indivíduos; neste caso o animal é afetado por uma circunstância ambiental que afeta o indivíduo permanentemente (como por exemplo, a perda de um testículo).

Segundo ABREU et al. (2001a) a repetibilidade e as correlações entre as características seminais podem ser elementos de valor para se tomar decisões sobre o descarte de reprodutores devido à inadequada produção de sêmen de qualidade. Os autores relatam ainda, após análise de 13.092 coletas de sêmen de touros mestiços, que é possível o descarte com segurança, de touros doadores devido à baixa produção ou qualidade do sêmen após 8 a 12 coletas.

O cálculo de repetibilidade tem, entre outras funções, a de estabelecer o limite superior dos valores de herdabilidade das características em estudo. A repetibilidade apresenta valores geralmente maiores do que a herdabilidade, pois inclui além dos efeitos aditivos dos genes, os efeitos não aditivos e algumas diferenças de ambiente permanentes existentes entre indivíduos de um mesmo grupo. A repetibilidade também vai indicar a acurácia das mensurações múltiplas, com conseqüente redução da variância fenotípica (PEREIRA, 2001).

Para as características produtivas, os valores de repetibilidade apresentam-se de moderados a altos, como por exemplo: peso ao nascer (t=0,20-0,30), medidas corporais (t=0,70-0,90), produção de leite (t=0,35-0,40), produção de gordura (t=0,35-0,45) (DALTON, 1980, citado por PEREIRA, 2001).

Porém, para características reprodutivas das fêmeas os valores são geralmente baixos. TONHATI et al. (1999) determinaram a repetibilidade para resposta à superovulação em vacas Holstein, obtendo resultado de t=0,13, sugerindo que a seleção baseada em desempenho prévio deve ser cuidadosa. DALTON (1980), citado por PEREIRA (2001), relata repetibilidade de 0,01-0,10 para intervalo entre partos e DEMEKE et al. (2004) repetibilidade de 0,14.

Para características reprodutivas em machos, são escassos os trabalhos que relatam valores de repetibilidade, tanto no exterior quanto no Brasil.

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No exterior CHANDLER et al. (1985) encontraram valores de repetibilidade (t) de 0,44 para motilidade espermática, t=0,34 para porcentagem de acrossomas intactos, t=0,74 para defeitos maiores e t=0,50 para defeitos menores. Enquanto, MAKARECHIAN et al. (1985) encontraram valores de t=0,36 para o volume seminal, 0,04 para a motilidade, t=0,001 para a concentração, t=0,495 para os defeitos maiores e t=0,187 para os defeitos menores. FITZPATRICK et al. (2002) relataram repetibilidade moderada para MOT e VIG e modera baixa para defeitos espermáticos totais.

No Brasil, MARTINEZ et al.(2000) encontraram para touros da raça Gir valores de moderado a alto para repetibilidade, variando de t= 0,26 para TURB a t= 0,70 para VIG, indicando que estas características possuem, certamente, um componente genético que pode ser utilizado na escolha daqueles reprodutores que deverão ser intensamente utilizados nos rebanhos. ABREU (2000), encontrou para touros mestiços repetibilidades de t= 0,32 para VOL, t= 0,45 para MOT e t= 0,38 para CONC.

Referências

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