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Entrevista Alícia Fernandez

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Academic year: 2021

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Entrevista: Alicia Fernández Entrevista: Alicia Fernández Data da Entrevista:

Data da Entrevista: 01 Agosto, 2011 01 Agosto, 2011 Entrevistado(a):Entrevistado(a): Alicia Alicia Fernandez

Fernandez Entrevistador(es):Entrevistador(es): Luiza Oliva Luiza Oliva

A especialista argentina completa 40 anos de psicopedagogia e analisa A especialista argentina completa 40 anos de psicopedagogia e analisa importantes questões que envolvem as dificuldades de aprendizagem. importantes questões que envolvem as dificuldades de aprendizagem. A psicopedagoga argentina Alicia Fernández foi uma das precursoras da A psicopedagoga argentina Alicia Fernández foi uma das precursoras da psicopedagogia no Brasil e é responsável pela formação de

psicopedagogia no Brasil e é responsável pela formação de parte dosparte dos profissionais da área em nosso pas! "

profissionais da área em nosso pas! " autora de #s idiomas do autora de #s idiomas do Aprendente$ #Aprendente$ # %a&er em 'ogo$ A nteligncia Aprisionada e

%a&er em 'ogo$ A nteligncia Aprisionada e A *ul+er escondida na professoraA *ul+er escondida na professora (todos pela Artmed) e de ,sicopedagogia em ,sicodrama -

(todos pela Artmed) e de ,sicopedagogia em ,sicodrama - morando no Brincarmorando no Brincar (Editora .ozes)! A especialista estará no %imp/sio nternacional de

(Editora .ozes)! A especialista estará no %imp/sio nternacional de ,sicopedagogia 0 nstrumentos diagn/sticos e

,sicopedagogia 0 nstrumentos diagn/sticos e intervenção: novas práticasintervenção: novas práticas psicopedag/gicas$ realizado pela AB,p$ dias 1 e 2

psicopedag/gicas$ realizado pela AB,p$ dias 1 e 2 de setem&ro em %ão ,aulo$de setem&ro em %ão ,aulo$ ministrando o curso Autorias .ocacionais! De Buenos Aires$ onde é

ministrando o curso Autorias .ocacionais! De Buenos Aires$ onde é diretora dadiretora da Escola ,sicopedag/gica de Buenos Aires$ Alicia concedeu esta entrevista 3 Escola ,sicopedag/gica de Buenos Aires$ Alicia concedeu esta entrevista 3 Direcional Educador$ onde analisa 4uest5es 4ue envolvem os pro&lemas de Direcional Educador$ onde analisa 4uest5es 4ue envolvem os pro&lemas de aprendizagem!

aprendizagem!

!"#$!O%AL #&$AO" ' $omo a sen(ora pode definir as !"#$!O%AL #&$AO" ' $omo a sen(ora pode definir as dificuldades)pro*lemas de aprendizagem+

dificuldades)pro*lemas de aprendizagem+ AL!$!A

F#"%%#-AL!$!A F#"%%#- 0 Antes de  0 Antes de falarmos de dificuldades ou pro&lemas$falarmos de dificuldades ou pro&lemas$ devemos falar de capacidades

devemos falar de capacidades e possi&ilidades! %omente assim poderemose possi&ilidades! %omente assim poderemos realizar duas tarefas: primeiro$ tratar dos pro&lemas e segundo$ o 4ue

realizar duas tarefas: primeiro$ tratar dos pro&lemas e segundo$ o 4ue é maisé mais importante$ evitar 4ue apareçam! A aprendizagem não é um

importante$ evitar 4ue apareçam! A aprendizagem não é um meio para semeio para se o&ter outra coisa! " um

o&ter outra coisa! " um fim em si mesmo! 6/s fim em si mesmo! 6/s +umanos nascemos carentes!+umanos nascemos carentes! %omos os mais indefesos da espécie

%omos os mais indefesos da espécie animal! # fil+ote +umano se faz animal! # fil+ote +umano se faz +umano+umano graças 3 aprendizagem! Esta 7fra4ueza8 instintiva org9nica é seu

graças 3 aprendizagem! Esta 7fra4ueza8 instintiva org9nica é seu grandegrande potencial! ,or4ue$ como todo &e& nasce imaturo &iologicamente$ sem os potencial! ,or4ue$ como todo &e& nasce imaturo &iologicamente$ sem os mnimos recursos pr/prios para so&reviver$ precisa de outro +umano 4ue o mnimos recursos pr/prios para so&reviver$ precisa de outro +umano 4ue o ensine$ 4ue o recon+eça como semel+ante$ 4ue 4ueira e

ensine$ 4ue o recon+eça como semel+ante$ 4ue 4ueira e 4ue acredite 4ue4ue acredite 4ue pode aprender! odo aprender é pro&lemático$ por4ue inclui$ no mnimo$ trs pode aprender! odo aprender é pro&lemático$ por4ue inclui$ no mnimo$ trs su'eitos: 7o aprendente8$ 7o ensinante8 e o su'eito social

su'eitos: 7o aprendente8$ 7o ensinante8 e o su'eito social (a sociedade na(a sociedade na 4ual está inserido)! 6ão é

4ual está inserido)! 6ão é o organismo 4ue aprende$ ainda atividades 4uaseo organismo 4ue aprende$ ainda atividades 4uase &iol/gicas como o camin+ar$ o

&iol/gicas como o camin+ar$ o controle dos esfncteres$ o comer sozin+o; paracontrole dos esfncteres$ o comer sozin+o; para serem ad4uiridas não re4uerem apenas um organismo sadio$ e sim$

serem ad4uiridas não re4uerem apenas um organismo sadio$ e sim$

principalmente$ uma aprendizagem! Aprendizagem 4ue ocorrerá de acordo principalmente$ uma aprendizagem! Aprendizagem 4ue ocorrerá de acordo com o am&iente$ mais ou

com o am&iente$ mais ou menos favorável no 4ual a criança se menos favorável no 4ual a criança se desenvolve!desenvolve! <uer dizer$ se falamos de dificuldades de aprendizagem$ falamos de

<uer dizer$ se falamos de dificuldades de aprendizagem$ falamos de dificuldades no ou para o

dificuldades no ou para o meio familiar$ e ou educativo= ensinante!meio familiar$ e ou educativo= ensinante! $omo o meio interfere nos pro*lemas de

$omo o meio interfere nos pro*lemas de aprendizagem+aprendizagem+ A palavra interferir é diferente de intervir! # meio

A palavra interferir é diferente de intervir! # meio sempre intervém$ e 3ssempre intervém$ e 3s vezes pode interferir! <ue 4uero dizer com isto> nter0vir (vir 7entre8)! nter0 vezes pode interferir! <ue 4uero dizer com isto> nter0vir (vir 7entre8)! nter0 ferir (ferir 7entre8)! *aravil+a dos nossos idiomas! 6ossa tarefa consiste em ferir (ferir 7entre8)! *aravil+a dos nossos idiomas! 6ossa tarefa consiste em 7intervir8 e conseguir 4ue o meio não

7intervir8 e conseguir 4ue o meio não 7interfira8$ negativame7interfira8$ negativamente! ?omonte! ?omo estávamos dizendo$ não se pode es4uecer do diagn/stico do

estávamos dizendo$ não se pode es4uecer do diagn/stico do 7meio8$ do7meio8$ do

am&iente$ 4uando realizamos um diagn/stico psicopedag/gico! A partir desta am&iente$ 4uando realizamos um diagn/stico psicopedag/gico! A partir desta

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idéia central$ eu escrevi meus dois primeiros livros: A inteligncia aprisionada$ nele trago fundamentos de como a famlia pode ser

possi&ilitadora ou produtora de pro&lemas de aprendizagem dos fil+os$ e

deste modo$ estruturo um modelo de diagn/stico interdisciplinar familiar$ 4ue ven+o utilizando em diversos pases! E no meu segundo livro traduzido em portugus$ A mul+er escondida na professora$ e@plico e fundamento o lugar e a import9ncia dos professores$ tanto como agentes de sade na

aprendizagem$ como 3s vezes (ainda 4ue sem propor a s0lo) como

desencadeadores de pro&lemas de aprendizagem! A escola$ e todos os seus atores$ tm um papel su&'etivante em relação aos alunos! 6/s$ +umanos$ aprendemos a partir de identificaç5es com nossos ensinantes$ e somente em um am&iente familiar$ e depois$ no escolar e social$ 4ue nos aceite como seres pensantes! <uero dizer$ 4ue permita e favoreça nossas perguntas$ d lugar 3 diferença$ em sntese$ 4ue favoreça a autoria de pensamento! A

inteligncia se constr/i$ a atividade de pensamento se constr/i$ como tam&ém a atenção e a capacidade de se prestar atenção!

$omo a sen(ora entende a a*ordagem organicista a respeito das dificuldades de aprendizagem+

As tendncias 3 patologização dos avatares da aprendizagem se acrescentam$ promovidas pela indstria farmacutica e pela difusão das notcias pela mdia! %em dvida$ tal discussão não teria o @ito alarmante 4ue está tendo$ se não se sustentasse nas formas de su&'etivação impostas pela sociedade do

mercado glo&alizado! ,reocupa0nos a in4uietante proliferação de posturas 4ue não s/ psicopatologizam e medicalizam os mal estares ps4uico0sociais$ como tam&ém consideram suspeita e até perigosa a pr/pria atividade da alegria e o &rincar$ desvitalizando a autoria de pensamento! <uanto se trata de crianças e da aprendizagem$ tal tendncia encontra fáceis adeptos e propulsores em professores e pais aprisionados pelas l/gicas da competitividade$ pela

eficincia (4ue mata a eficácia) e pelo cumprimento imediato para se c+egar a um fim e@itoso$ sem considerar os meios para se alcançá0lo! A aprendizagem perde assim seu caráter su&'etivante - fim em si mesmo 0 para transformar0se em um triste meio para o&ter um resultado e@igido pelo outro! A atividade de pensar é fascinante! ?omo se produz a maravil+osa e transformadora

atividade de pensamento> A 7fá&rica8 de pensamentos não se situa nem dentro$ nem fora da pessoa$ está localizada entre! 7Entre8$ em

psicopedagogia$ não é uma palavra a mais$ é um conceito! A atividade do pensar nasce na intersu&'etividade promovida pelo dese'o de se fazer pr/prio 4ue nos é descon+ecido$ mas tam&ém nutrida pela necessidade de

entendermos e 4ue nos entendam! # pensar$ ademais$ se alimenta do dese'o de 4ue este outro nos aceite como seu semel+ante! Dese'os$ aparentemente contradit/rios$ mas 4ue 'untos vão armando a trama do nosso e@istir em sociedade! Entendendo assim a atividade do pensar$ poderemos encontrar outros camin+os para a construção de regras! A função do pensamento em seu sentido mais radical tem a ver com superar a racionalidade pragmática! A sustentação do pensar se dá na4uilo 4ue se 4uer alcançar e não no 4ue está dado! Definimos a inteligncia como a capacidade de desadaptar0se

criativamente! <uando o modo de pensar perde a provisioriedade necessária a todo o pensar$ as o&servaç5es descritivas e particulares são utilizadas como se fossem e@plicaç5es gerais! # devastador de tal modo de pensar a&range não

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somente os su'eitos o&servados$ e assim transformados em 7o&'etos8$ como tam&ém a 4uem pretendemos 7diagnosticar8! As pertur&aç5es na

aprendizagem e@pressam uma mensagem 4ue é sempre singular! # 7r/tulo8 esconde a mensagem 4ue está entrelaçada no drama singular de cada criança ou 'ovem! A a&ordagem clnica consiste na e@ploração desta dramática!

ode e/plicar o conceito de aprisionamento da inteligncia+

A inteligncia se constr/i! 6ão nascemos inteligentes$ nascemos com a possi&ilidade de sermos inteligentes$ 4uer dizer$ de podermos eleger nosso destino! A maioria das crianças diagnosticadas como deficientes mentais$ não o são! %ua inteligncia encontra0se aprisionada! <uando$ C anos atrás$

pu&li4uei o livro A inteligncia aprisionada$ a indstria farmacutica não +avia penetrado nas escolas do modo 4ue ocorre +o'e$ e os efeitos

devastadores do neoli&eralismo não colonizavam as mentes de tantos

profissionais como na atualidade$ portanto não considerava urgente denunciar a medicalização das crianças! Ademais$ o pretendido caráter org9nico e

+ereditário da inteligncia 'á estava suficientemente 4uestionado pela

epistemologia genética$ pela psicanálise$ pela sociologia da educação e pela psicopedagogia! Apoiando0me nestes sa&eres$ 4ue conte@tualizam a

inteligncia +umana em um su'eito inserido em um meio familiar e social$ pude e@plicar os possveis e diferentes aprisionamentos de 4ue padece a mesma! A partir destes aportes te/ricos e clnicos consegui propor outros modos de 7diagnosticar8 a capacidade intelectual frente a a4ueles 4ue

pretendiam faz0lo através de 7cocientes intelectuais8 (?) e percentuais! Em sntese$ so&re a atividade intelectual estavam então (e estão agora)

suficientemente estudadas uma série de 4uest5es: 4ue a inteligncia se constr/i; 4ue tal construção nasce e cresce na intersu&'etividade 0 pelo 4ue não pode e@plicar0se do ponto de vista neurol/gico 0 e 4ue os meios

ensinantes (familiares$ educativos e sociais) participam favorecendo ou pertur&ando a capacidade de pensar! <uer dizer$ para 4uestionarmos os

modos institudos de pensar a inteligncia$ contávamos então com teorias 4ue desde o século  vin+am re&atendo as idéias de épocas anteriores 4ue a

consideravam uma função org9nica! A situação varia 4uando se trata de pensar a atividade atencional! #s diagn/sticos de 7déficit de atenção8 se realizam so&re supostos (não e@plcitos) 4ue descon+ecem os avanços

produzidos no século  em relação aos estudos da su&'etividade +umana e da inteligncia! Assim$ atualmente se definem tipos de atenção de modo

semel+ante ao determinado pela psicologia e@perimental do século !

6ecessitamos analisar a atenção aprisionada$ para diferenciá0la da desatenção reativa (e a am&as dos poucos casos de dano neurol/gico 4ue comprometem a atenção)! o'e é urgente tra&al+ar e estudar a capacidade atencional como a4uilo 4ue é: uma capacidade! ,artindo desta postura$ a psicopedagogia pode fazer importantes aportes!

 quantos anos tra*al(a com a psicopedagogia+ ode fazer um *reve

(ist3rico de como iniciou na rea+ # como v a evolu5o da psicopedagogia nesse per6odo+

6este ano completam0se C anos 4ue desenvolvo a maravil+osa atividade da psicopedagogia! Fazer psicopedagogia é uma atividade 4ue não somente nos permite$ como tam&ém e@ige fazermos por n/s mesmos$ o 4ue podemos fazer

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pelos outros! A e@igncia de fazer por n/s mesmos se refere a ir re0

significando nossas pr/prias modalidades de aprendizagem=ensinagem$ e ir nutrindo as fontes propiciadoras de nossa pr/pria autoria de pensamento! Gma destas fontes é a 7alegria8 4ue vem de mãos dadas com a capacidade de surpreender0se! .oc me pergunta como iniciei min+a carreira! 6a Argentina$ a psicopedagogia é uma formação 4ue ocorre na graduação! Eu comecei

tra&al+ando como orientadora educacional em escolas de regi5es carentes$ as 4uais me serviram como uma grande aprendizagem$ 'á 4ue ao mesmo tempo em 4ue estudava na faculdade$ podia rece&er as perguntas 4ue a4uela

realidade educativa colocava a professores e alunos!

$omo v o futuro da psicopedagogia+  e/ageros na quest5o do encamin(amento psicopedag3gico+

Gm dos aspectos da su&'etividade - mais atacado pela sociedade neoli&eral - é a possi&ilidade de pensar! Este ata4ue é lento$ persistente e perigoso! .ai se dando imperceptivelmente! Hovens e adultos o sofremos! 6a escola se

evidenciam os efeitos de tal &om&ardeio! 6os alunos se manifesta como um a&orrecimento0tédio e pode e@pressar0se como 7desatenção8! 6os docentes pode aparecer como des9nimo e 74uei@a0lamento8! ,ortanto o futuro da psicopedagogia depende da postura 4ue cada psicopedagogo pode ir construindo$ 4uer dizer$ priorizando a sade da aprendizagem tanto nas escolas$ nas famlias e nos meios de comunicação! Esta é a tarefa principal! Encamin+ar uma criança ou 'ovem a um tratamento é s/ uma ltima

inst9ncia! A psicopedagogia tem muito 4ue contri&uir se conseguir ser fiel 3 proposta psicopedag/gica da sade! Em sntese$ frente 3 nossa inteligncia aprisionada$ a tarefa a de cada um de n/s$ como ensinantes e aprendentes$ passa por: o autorizar0se a pensar; o permitir0se perguntar$ o perguntar$ o dei@ar espaço 3 imaginação e ao prazer de aprender; e$ em conse4Incia$ ao prazer de ensinar!

7at8ria pu*licada na "evista irecional #ducador ' edi5o 49 de agosto)200:

Referências