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EXPERIÊNCIAS JUVENIS EM ESCOLA DE ARTE DO RIO DE JANEIRO: A ÓPERA COMO FERRAMENTA FORMATIVA.

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Academic year: 2021

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EXPERIÊNCIAS JUVENIS EM ESCOLA DE ARTE DO RIO DE

JANEIRO: A ÓPERA COMO FERRAMENTA FORMATIVA.

Autor: Rogério José de Souza. LHER- UFRJ spectaculu.rogerio@gmail.com

Resumo:

Objetivo desse trabalho é analisar a experiência dos estudantes da Spectaculu – Escola Fábrica espetáculos no Projeto “Spectaculu em 5 Minutos”. O projeto previa a criação de vídeos de até 5 minutos a partir de uma ópera clássica apresentada aos jovens. Assim buscamos refletir sobre o impacto da ópera, gênero artístico distante temporalmente e espacialmente da juventude estudada, no processo de formação, criatividade e produção de releituras que falam de e para a juventude. Os trabalhos realizados revelam os dilemas experienciados pelos jovens no seu cotidiano, transpostos para os personagens e temas das óperas trabalhadas, em paralelo ao desenvolvimento de potencialidades técnico, artístico e profissional no processo de realização das produções, A análise abrange os resultados obtidos com as atividades elaboradas na Spectaculu entre 2014 – 2018.

Palavras-chave,

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Introdução

A partir das experiências de arte e educação desenvolvidas na Spectaculu, instituição que atende anualmente 145 alunos, de 17 a 21 anos, e que oferece formação técnica de jovens na área de espetáculos, este trabalho buscou compreender as relações entre a arte, formação profissional e juventude. Há alguns anos, a equipe da instituição forma jovens na área de contrarregragem, cabelo, maquiagem, cenário, adereços, montagem de cenário e costura e figurino integrando as ações educativas a uma atividade final, no qual o estudante é responsável pela produção, de acordo com sua área de formação, de um vídeo. A partir da parceria com Royal Opera House, que atua junto a escolas de Londres, a ópera passou a ser o tema gerador da Spectaculu e as atividades finais centraram-se no referido gênero artístico. A partir desta cooperação foi criado o Projeto “Spectaculu em 5 minutos” que consistiu na produção de um vídeo de até cinco minutos que pensasse uma releitura da obra Madame Butterfly, contemplando o tema “O Mundo é Mulher”. Esta experiência gerou reflexões internas sobre o uso da ópera como recurso pedagógico na formação de jovens.

Na Spectaculu, além da formação técnica, há disciplinas de formação cidadã, estética, expressão corporal e textual.

Metodologia

A partir do “Projeto Spectaculu em 5 minutos”, os jovens participantes vivenciaram uma experiência integrada, no qual todos os envolvidos participaram em todas as etapas de produção do espetáculo. Os alunos foram divididos em equipes de 15 pessoas que continham representantes de cada área de formação. Os grupos seriam responsáveis pela criação de um vídeo. No âmbito desta iniciativa, priorizamos o que chama atenção Davini (2001) para ela as formações devem priorizar os processos comunicativos, os trabalhos coletivos, a revalorização dos espaços comuns de aprendizagem e a construção do conhecimento compartilhado.

As disciplinas transversais (Filosofia, Palavra, Voz, Interpretação Corpo –VIC- e Olhar) integraram-se as técnicas para produção do trabalho. As primeiras em dialogo permanente com as ultimas, incumbiram os alunos a buscarem livretos, vídeos, musicas imagens da referida obra para que eles compreendessem a linguagem, tipo de expressão e estética. A ideia era que se estivessem envolvidos com a história, e extraíssem elementos com os quais pudessem dialogar a partir de suas próprias referências, iriam

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aderir ao projeto de forma mais orgânica. Nesse sentido, a proposição de uma releitura da obra de Puccini faria mais sentido do que a mera reprodução da trama.

As aulas de VIC trabalharam corpo, musica e interpretação. As disciplinas de Palavra e Filosofia desenvolveram uma série de atividades de linguagem, desenho, escrita e pintura, contextualizando a obra e provocando-os intervirem na ópera e recriarem outro texto. Enquanto isso, as técnicas atuaram no processo criativo de contrarregragem, cabelo, maquiagem, cenário, adereços, montagem de cenário e costura e figurino para compor um vídeo de até 5 minutos. Paralelamente, todo o processo criativo foi registrado em um bloco A4 que denominamos “caderno de inspiração”.

Discussão

Ao situarmos o projeto em uma experiência formativa, destacamos os princípios enfatizados por Morin sobre a educação para o futuro. Para Edgar Morin, a educação dos jovens deve ter como prioridade a condição humana e enfatizar o “conhecimento pertinente”, o aprender a ser, a comunicacão e compreensão do outro. É fundamental destacar a necessidade de articulação do acervo cognitivo com o mundo do trabalho em paralelo ao investimento individual em treinamento e capacitação. Os novos perfis profissionais privilegiam a criatividade, a interatividade, a flexibilidade e o aprendizado contínuo (CHALUH, 2010).

Por outro lado, do ponto de vista pedagógico, houve na Spectaculu um ensaio de transversalidade em que os professores buscaram minimizar o simulacro de compartimentalização, demonstrando que os conteúdos ensinados se relacionam com tudo o mais que o aluno aprende na escola. As disciplinas técnicas auxiliaram na compreensão dos conhecimentos necessários para exercer a formação oferecida pela escola, enquanto as disciplinas transversais compõem um conteúdo que traz discussões afins com a demanda dos jovens.

Conclusões

A experiência formativa apontou alguns elementos que contribuíram para a construção do conhecimento compartilhado, que integrados a formação profissional e cidadã, estimularam a criatividade e a participação juvenil. Foi possível visualizar a relação entre a ampliação do repertório cultural, trabalhado nas disciplinas transversais e técnicas, e o desenvolvimento dos curtas no projeto que criaram condições para a expressão da liberdade, da autenticidade e da responsabilidade.

O jovem que transita por diferentes campos e possui experiências formativas diversificadas conseguem desenvolver mais facilmente sua autonomia, se adaptar e inovar em espaços culturais distintos. O projeto indicou que o processo de construção da autonomia, não ocorre apenas individualmente, mas em dialogo com o coletivo, integrando diferentes sujeitos e áreas do saber. Sendo assim, a vivência de experimentação que articulou a formação profissional, criticidade e a criação artística cultural colocou o jovem no centro da produção. Isso motivou constantes

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planejamentos, troca ideias, tensões e ensaio da vida profissional que evidenciaram uma apropriação das etapas de produção e uma expansão do universo criativo do jovem.

As propostas de releituras, as diferentes estéticas impressas nos vídeos sugerem a importância da relação entre protagonismo juvenil e expressão artísticas e estéticas. A atuação dos jovens na construção do curta metragem e a expressão dos mesmos por meio da linguagem audiovisual indica processos de fortalecimento da autonomia, do aprendizado e da socialização que será fruto de reflexão mais atenciosa nos próximos trabalhos.

Referências Bibliográficas

ALVES, Nilda; LEITE, Regina. (orgs) O Sentido da Escola. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

CHALUH, Laura Noemi. Do trabalho coletivo na escola: encontros na diferença. Pro-Posições [online]. 2010, vol.21, n.2 [cited 2015-04-11], pp. 207-223 . Available from:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73072010000200013&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0103-7307. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-73072010000200013

DAVINI, Maria Cristina. La formación docente en cuestión: política y pedagogía. Buenos Aires: Paidós, 2001.

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2. ed. São Paulo : Cortez, 2000.

MURAD, M. C. R. . Ópera na Escola - uma experiência de aprendizagem. 1. ed. São Paulo: Editora Senac, 2010.

SILVA, Edna Lúcia da; CUNHA, Miriam Vieira da. A formação profissional no século XXI:desafios e dilemas. Ciência da Informação, [S.l.], v. 31, n. 3, Fev. 2003. ISSN

1518-8353. Disponível em:

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SOUZA, Rogério José de. ; MIRANDA, Claudia. Continuísmos e rupturas na seleção de saberes escolares de História (s): entre um Brasil Colonial e um Brasil Decolonial. In: Claudia Miranda; Mônica R. F. Lins; Ricardo C.R.da Costa. (Org.). Relações Etnicorraciais na Escola : desafios teóricos e práticas pedagógicas após a lei n.10639. 1ed.Rio de Janeiro: Quartet Editora, 2012, v. 1, p. 29-48.

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