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ESCOLA SECUNDÁRIA DO MONTE DA CAPARICA Curso de Educação e Formação de Adultos NS Trabalho Individual Área / UFCD

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Academic year: 2021

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Tema – Internacionlização, transnacionalidade e os problemas éticos

colocados pela globalização

OBJECTIVO: Reconhecer condutas éticas conducentes à preservação da solidariedade e do respeito numa comunidade global.

Ética e globalização

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«Independentemente do lugar onde vivemos ou de quem somos, quando se liga o ecrã do nosso televisor ou do nosso computador, vemo-nos mergulhados no mundo da comunicação global. Estamos ligados. Mas ligados a quê? (....)

A globalização é uma transformação do mundo que conhecemos, mas é também um estado de transição que rompe com as nossas formas de conhecer o mundo em que vivemos. (....)

Na minha opinião, a globalização tem de começar necessariamente no nosso país. Para que possamos medir correctamente o progresso global, é preciso que comecemos por avaliar como lidam as nações em vias de globalização com "a diferença interna" - os problemas da diversidade cultural e da redistribuição, bem como os direitos e as representações das minorias. (....)

Um exemplo do cosmopolitismo pós-colonial à escala global é o que cada vez mais é conhecido como a "metáfora indiana" - ou seja, a forma como a experiência da Índia contemporânea rapidamente está a ser transformada num modelo, até mesmo numa metáfora, para a vida e o trabalho no mundo global da actualidade (Tom Friedman). Falar da metáfora indiana numa época de globalização é reconhecer os processos de transferência - financeira, cultural, mediática e de mercados -, bem como o processo de transformação - o questionamento da soberania nacional, as ambiguidades das leis e convenções internacionais, a hibridização das culturas, as

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(...) a dúvida global é uma componente essencial da ética humanitária e das políticas de inclusão, componente essa que "proporciona uma noção de pertença que leva muita gente a pôr em causa aquilo que considera ser uma injustiça que divide a população mundial". (...) A "dúvida" é (...) uma prática social que consiste em questionamento próprio, inteligência crítica, decisão ético-política e interlocução social. É o processo pelo qual testamos as condições da verdade e as consequências práticas, pragmáticas, dos nossos actos como intervenientes no mundo. A dúvida global é crucial para a nossa noção do que está em causa quando nos afirmamos actores globais. (...)

A Insatisfação é a capacidade de compreender que, para podermos aspirar à transformação ética e equitativa do mundo global em que vivemos, sistemática e incansavelmente teremos de "regressar" às condições sociais e históricas daqueles que se encontram no domínio da morte social - os excluídos, os marginalizados, os desprovidos. (...) a liberdade é um valor político que exige um esforço constante e uma vigilância permanente para a manutenção da sua dimensão moral, do seu impulso gerador de vida. A liberdade faz aposta com o futuro, embora recusando-se a esquecer o passado. (...) É importante recordar que a porta da História não está aberta nem fechada. Situamo-nos no limiar entre a civilização e a barbárie, entre a guerra e o progresso. Temos de observar com coragem e honestidade as diversas paisagens do mundo contemporâneo que é o nosso para podermos prosseguir caminho. Não podemos perder nunca a grandiosa capacidade humana de manter a esperança a todo o custo, ainda que os ventos de mudança soprem com violência contra a porta da História e contra a nossa morada humana.»

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Actividade

- Após leitura atenta do texto acima transcrito, elabore a sua reflexão sobre o tema "Ética e Globalização". Na sua abordagem, deve considerar os sub-temas debatidos ao longo das aulas.

Bom trabalho!

Bom Trabalho

António Afonso

É imperativo falar de uma ética da globalização, como perspectiva de um caminho

para uma ética global, em razão de vivermos num só mundo, que é de todos em

conjunto e de ninguém em particular.

Na verdade, é o homem quem tem o poder de fazer da globalização um bem ou um mal, em função do sentido ou razão de ser que colocar na sua vida quotidiana. Quero com isto dizer que só faz sentido falar da globalização como um bem ou um mal em função dos valores que humanamente orientam a nossa acção quotidiana, quer esta seja local ou globalmente considerada. Na realidade, já não podemos esquecer que numa sociedade cada vez mais globalizada como a nossa, a acção, ainda que localmente situada, tem cada vez mais implicações à escala global, no sentido em que o lixo no meu quintal, precisamente por ser lixo e apesar de estar no meu quintal, mesmo que não me incomode a mim, não pode deixar de incomodar o meu vizinho. E isto, obviamente, exige de mim um conjunto de deveres éticos perante os direitos desse meu vizinho. Portanto, é duma ética da responsabilidade colectiva e partilhada que é urgente falar

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preservação de todos os equilíbrios vitais do nosso mundo, sejam eles orgânicos, sociais, culturais ou outros. No fundo, uma ética que possa vir a ser legitimada e salvaguardada no plano jurídico pelo direito internacional, sob a égide de uma organização supranacional como é ainda hoje a ONU, instância sem a qual, queiramos ou não, num mundo globalizado, não há outro meio de coexistência pacífica quer dos homens entre si quer também com a própria natureza.

De resto, se todos os valores são relativos, o bem e o mal, a pobreza e a riqueza do desperdício, a tirania e a liberdade, a defesa dos ecossistemas e os desequilíbrios ambientais estão igualmente legitimados. Pergunto ainda, serão os valores particularistas ou egoístas, subjacentes à ideia de estado-nação e que têm até hoje presidido às relações internacionais entre os povos, capazes de salvaguardarem o bem comum num mundo globalizado e supranacional? Como poderão os líderes políticos dos estados-nação responder à globalização da fome, da miséria económica e social, dos desequilíbrios ambientais ou, como exemplo último dum mal global, do terrorismo internacional, quando a sua preocupação maior é ainda a da salvaguarda do interesse nacional, como ficou claramente expresso com a recusa dos EUA em subscrever o Protocolo de Quioto ou em apoiar a implementação do domínio da lei internacional através da criação de um Tribunal Penal Internacional? Com que legitimidade é que alguém, indivíduo ou nação, por mais poderosos que sejam, se poderão subtrair a uma responsabilidade comum, quando a sua acção é também parte do problema de todos? Afinal, que mundo edificaremos nós sobre o arbítrio dos poderes, numa realidade colectiva que nos torna incontornavelmente interdependentes?

A verdade é que posturas políticas desta natureza implicam concepções éticas parciais e egoístas, que já não se coadunam com a dimensão global do mundo de hoje. E se

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alguma virtude é possível encontrar nos trágicos acontecimentos de 11 de Setembro no World Trade Center em Nova York ou no 11 de Março em Madrid, ela reside no facto de nos demonstrar que a globalização do mal já não pode ser combatida sem uma

cooperação internacional. Do mesmo modo, as emissões de dióxido de carbono dos escapes dos automóveis, que irão provocar alterações climatéricas com repercussões económicas, sociais, ambientais, de saúde pública, etc., também nos mostram que afinal somos um só mundo, um mundo globalizado, e que só a cooperação de todos, orientada por uma perspectiva ética diferente da até aqui existente, nos permitirá alterar o actual estado de coisas, no sentido da edificação de uma „casa comum‟ (um dos sentidos do termo grego „êthos‟) moralmente mais equilibrada e eticamente mais justa.

Reparem que a grande diferença entre os primeiros exemplos que dei do mal global, chamado terrorismo internacional, relativamente ao mal global ambiental, resultante das alterações climatéricas provocadas pelas emissões de gases tóxicos, reside unicamente no choque mediático provocado em nós pelo visionamento emotivo e em directo da morte trágica das vítimas urbanas do terrorismo. Não obstante esta, há uma diferença maior e, portanto, igualmente terrível: é que as vítimas a prazo do segundo mal global referido serão incomparavelmente mais numerosas do que as dum terrorismo internacional, embora de menor atenção mediática e de menor preocupação colectiva ou de consciência pública.

As múltiplas perspectivas éticas que se perfilam no debate filosófico actual, desde as tradicionais éticas antropocêntricas às éticas mais radicais e até perigosamente fundamentalistas, como as genericamente designadas por “Deep Ecology” (Ecologia Profunda), todas elas nos chamam a atenção para o problema crucial dos nossos dias: a tragédia da possível extinção da vida no planeta Terra, um facto terrível de que é urgente tomar consciência colectiva. Nunca como nos nossos dias o homem teve em suas mãos um tão grande poder.

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uma nova sensibilidade e de uma nova espiritualidade ecológica, capaz de não mais olhar para o homem como dono e senhor da natureza, em função do qual esta teria o seu destino sacrificial fatalmente traçado. Infelizmente, o erro histórico desta concepção de uma natureza à parte do homem tem sido a causa da agressão do homem à natureza, cujos desequilíbrios daí resultantes, a manterem-se no actual ritmo, tornarão a vida na Terra insustentável a prazo.

Em jeito de conclusão diria que a ética global não pode deixar de considerar como princípio maior da acção o respeito do homem, não já apenas e só para com o seu congénere humano, mas também para com a própria natureza no seu todo, quer fora, quer dentro do homem, que é natureza também.

Com efeito, no plano ético a discussão faz-se hoje em torno de outros seres de consideração e respeito moral para além do próprio homem, como os animais, os ecossistemas, a paisagem ou a natureza no seu todo, os quais, necessariamente, terão de ganhar expressão jurídica no plano do direito. E neste caso, a nossa responsabilidade moral será tanto maior quanto mais frágeis estiveram estes seres face à acção humana e quanto mais globalizada for essa mesma acção, não poderemos doravante deixar de assumir e de estender estes princípios também a todos os outros seres de consideração moral, sob o risco de, sem estes, nem o mundo nem o próprio homem poderem, não só coexistir, como, no limite, sobreviverem.

Termino, pois, citando ainda o velho chefe índio. E com ele formularia um voto de esperança ecologicamente global e fraterno: “por fim, talvez sejamos irmãos”

Referências

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