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247 Drenagem Urbana Modulo 2

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247

Drenagem Urbana

Modulo 2

Prefeitura Municipal de Curitiba Instituto Municipal de Administração Pública – IMAP Série: Desenvolvimento de Competências Área: Específica

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Beto Richa Prefeito Municipal

Carlos Homero Giacomini

Presidente

Maria do Carmo A. de Oliveira

Superintendente

Elaboração:

Cláudio Marchand Krüger Maurício Dziedzic

Elaine Rossi Ribeiro

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Prefeitura Municipal de Curitiba - Instituto Municipal de Administração Pública/IMAP - Plano de Desenvolvimento de Competências

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SUMÁRIO

Módulo 2 –Controle de cheias e proteção de taludes

CAPÍTULO 6 – CONTROLE DE CHEIAS E PROTEÇÃO DE TALUDES ... 3

6.1 Medidas de controle usadas atualmente ... 3

6.2 Medidas de controle modernas: abordagem “sustentável” ... 4

6.3 Plano Diretor de Drenagem Urbana ... 6

6.4Medidas não-estruturais ... 6 6.5 Medidas estruturais ... 9 6.5.1 Reservatórios de detenção...14 6.5.2 Lagoas de detenção ...15 6.5.3 Estruturas de Infiltração...16 6.6 Proteção de taludes ... 19 6.6.1 Revestimento...19 6.6.2 Estruturas de contenção...20 6.6.3 Espigões...22 REFERÊNCIAS... 22 ANOTAÇÕES... 23

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CAPÍTULO 6 – CONTROLE DE CHEIAS E

PROTEÇÃO DE TALUDES

O presente capítulo trata das medidas de controle de cheias, incluindo medidas não-estruturais e medidas estruturais, como o dimensionamento das obras de drenagem urbana e as recomendações para proteção de taludes.

As medidas de controle de cheias são o conjunto de métodos (estruturais e não estruturais) destinados a diminuir os efeitos danosos das enchentes (excesso de água) nas áreas urbanas ou rurais.

O processo de urbanização aumenta a área impermeável, aumenta o escoamento superficial. Além disso, essas áreas impermeáveis geralmente são mais lisas que as áreas naturais, o que acelera o escoamento. Dessa forma, além de um aumento no volume de cheia, a urbanização provoca também o aumento do pico de cheia.

As medidas para controle de cheias podem ser classificadas em medidas estruturais e não-estruturais. As medidas estruturais em geral envolvem obras que modificam as características hidráulicas dos rios ou protegem uma determinada área dos efeitos das inundações.

As medidas não-estruturais não envolvem obras para modificação dos rios, mas são tão importantes quanto as estruturais, pois envolvem a educação da população com relação ao mecanismo de geração do escoamento superficial e como reduzir o seu impacto negativo, sobre a possibilidade de convivência com as enchentes, como, por exemplo, construindo estruturas mais seguras, à prova de inundações, estudos de medidas de prevenção de enchentes, mapeamento e zoneamento das regiões inundáveis, sistemas de alerta, etc.

A criação de seguros contra os prejuízos causados pelas enchentes também é considerada uma medida não-estrutural. Convém lembrar que a Lei Federal 9433 de 1997, conhecida como “Lei das Águas”, estabelece que um dos objetivos da política federal de recursos hídricos é a “defesa contra eventos hidrológicos críticos”. Entenda-se que esEntenda-ses eventos críticos (cheias ou estiagens) podem Entenda-ser naturais ou causados pelo uso inadequado dos recursos hídricos.

6.1 Medidas de controle usadas atualmente

Atualmente, a política de controle dos impactos na drenagem ainda se baseia no conceito de escoar a água precipitada o mais rápido possível. Segundo Urbonas e Stahre (1993), este princípio vem sendo abandonado nos países desenvolvidos desde o início da década de 1970.

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A conseqüência imediata dos projetos baseados nesse conceito é o aumento das inundações a jusante devido à canalização. Na medida em que a precipitação ocorre, e a água não é infiltrada, este aumento de volume escoa pelos condutos.

Para transportar todo esse volume, é necessário ampliar a capacidade de condutos e canais ao longo de todo o seu trajeto dentro da cidade, até um local onde o seu efeito de ampliação não atinge a população. A irracionalidade dos projetos leva a custos insustentáveis, podendo chegar a dez vezes maior do que o custo de amortecer o pico dos hidrogramas e diminuir a vazão máxima para jusante através de uma detenção.

Segundo Tucci (2003), “o paradoxo é que países ricos verificaram que os custos de canalização e condutos eram muito altos e abandonaram esse tipo de solução, enquanto países pobres adotam sistematicamente essas medidas, perdendo duas vezes: custos muito maiores e aumento dos prejuízos”. Segundo Tucci, no rio Tamanduateí o custo da canalização foi de US$ 50 milhões por quilômetro (com o retorno das inundações), enquanto que no rio Arrudas, em Belo Horizonte, chegou a US$ 25 milhões por quilômetro (e, logo após sua conclusão, sofreu inundações), ambos valores muito elevados.

6.2 Medidas de controle modernas: abordagem

“sustentável”

Uma das formas de classificar as medidas de controle de cheias é analisar o componente da drenagem envolvido no controle:

a) na fonte: envolve o controle no lote ou em áreas primárias de desenvolvimento;

b) na microdrenagem: medidas adotadas no nível do loteamento; c) na macrodrenagem: soluções de controle nos principais rios urbanos. Essas medidas são adotadas de acordo com o estágio de desenvolvimento da área em estudo. As principais medidas sustentáveis na fonte têm sido: a detenção no lote (pequeno reservatório), que controla apenas a vazão máxima; o uso de áreas de infiltração para receber a água de áreas impermeáveis e recuperar a capacidade de infiltração da bacia; os pavimentos permeáveis (figura 1). Estas duas últimas medidas minimizam também os impactos da poluição.

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Figura 1 – Pavimento permeável

As medidas de micro e macrodrenagem são as detenções e retenções. As detenções são reservatórios urbanos mantidos secos com uso do espaço integrado à paisagem urbana (figura 2), enquanto que as retenções são reservatórios com lâmina de água utilizados não somente para controle do pico e volume do escoamento, como também da qualidade da água. Segundo Tucci (2003), “a maior dificuldade no projeto e implementação dos reservatórios é a quantidade de lixo transportada pela drenagem que obstrui a entrada dos reservatórios”. Segundo o mesmo autor, os volumes necessários para o amortecimento devido à urbanização (alta impermeabilização) são da ordem de 420 a 470 m3 por hectare (IPH, 2001).

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6.3 Plano Diretor de Drenagem Urbana

Para possibilitar a implementação efetiva de medidas sustentáveis de controle de cheias urbanas, é necessário desenvolver o Plano Diretor de Drenagem Urbana. O Plano se baseia em princípios, onde os principais são os seguintes (TUCCI, 2003):

a) os novos desenvolvimentos não podem aumentar a vazão máxima de jusante;

b) o planejamento e controle dos impactos existentes devem ser elaborados considerando a bacia como um todo;

c) o horizonte de planejamento deve ser integrado ao Plano Diretor da cidade; d) o controle dos efluentes deve ser avaliado de forma integrada com o

esgotamento sanitário e os resíduos sólidos.

O Plano Diretor deve ser desenvolvido utilizando medidas não-estruturais (principalmente a legislação) para os novos desenvolvimentos (loteamentos e lotes) e medidas estruturais por sub-bacia urbana da cidade. Neste último caso, são projetadas as medidas para evitar os impactos já existentes na bacia para um horizonte de desenvolvimento econômico e para um risco de projeto. Geralmente, a combinação de detenção (ou retenção) com a ampliação da capacidade de escoamento que minimize o custo, tem sido adotada. Segundo Tucci (2003), o custo de uma detenção urbana aberta é da ordem de sete vezes menor que numa detenção fechada. A alternativa de detenção fechada só deve ser adotada quando fisicamente não é possível o uso de uma detenção aberta. O aumento de escoamento por condutos ou canais é utilizado apenas para compatibilizar os locais de amortecimento, pois seu custo é ainda superior aos anteriores.

Segundo Tucci (2003), “a principal medida não-estrutural é a legislação para controle dos futuros desenvolvimentos”. Essa legislação pode ser incorporada no Plano Diretor Urbano ou em decretos municipais específicos. A prefeitura de Porto Alegre, por exemplo, introduziu no Plano Diretor Urbano e Ambiental um artigo que obriga os novos empreendedores a amortecer o aumento da vazão em função da urbanização. Foi proposto um artigo de lei para o controle na fonte (desenvolvimento dos lotes) que induz o usuário ao uso das medidas na fonte (IPH, 2001).

6.4 Medidas não-estruturais

As medidas não-estruturais, se trabalhadas em conjunto com as medidas anteriores, podem produzir uma grande minimização dos prejuízos, com um custo bem menor.

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Zoneamento de áreas inundáveis: O zoneamento de inundações é um item essencial de um bom Plano Diretor de Drenagem Urbana. A calha menor e a várzea inundável dos rios devem ser regulamentadas dentro do zoneamento urbano para que seja vetado qualquer tipo de construção. Nas regiões onde ocorra inundação eventual poderão ser permitidas atividades de recreação, construção de parques e outros usos onde a inundação não provoque prejuízos ou riscos importantes, conservando-se esta área para uso da população e proteção contra habitações ilegais. É importante lembrar que para um bom planejamento será necessário estabelecer os riscos em termos de probabilidades de ocorrência de determinados níveis de inundação. As figuras 3 e 4 mostram mapas de inundação da cidade de União da Vitória, no Paraná (KRÜGER et al., 1999).

Sistemas de previsão de cheias e de alerta: Para que um sistema de previsão e alerta contra inundações funcione efetivamente, uma bacia urbana deverá ser monitorada em tempo real, com a coleta contínua de dados hidrológicos em tempo real. Pequenas bacias urbanas possuem um tempo de resposta muito rápido (alguns minutos), tornando difícil a mobilização da Defesa Civil e alerta da população.

Seguros contra enchentes: Esta medida permite à população o ressarcimento contra prejuízos causados pelas enchentes. Pode ser uma medida muito útil em locais onde a re-locação de habitações seja inviável. Na cidade de União da Vitória, Paraná, por exemplo, houve a ocupação da várzea natural do rio durante um longo período sem grandes cheias no rio Iguaçu, desde o início do século passado até a cheia de 1983. A sensação de aparente segurança e a falta da “memória” das grandes cheias do passado podem estimular a ocupação de regiões inundáveis. Construções de alto padrão dificilmente são removidas. Nesses casos, o seguro é uma alternativa a ser considerada.

Educação ambiental: A conscientização da população sobre os efeitos negativos da impermeabilização do solo urbano, campanhas contra o lançamento de lixo (figura 5) nos córregos e sobre as alternativas para detenção do escoamento superficial, entre outras iniciativas, representam esforços que certamente irão produzir bons resultados a médio e longo prazo.

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Figura 5 – Acúmulo de lixo (garrafas PET) em córrego urbano

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Figura 4 – Modelo digital tridimensional do mapa de inundação da cidade de União da Vitória (Fonte: Krüger et al., 1999)

Além disso, as seguintes diretivas devem ser observadas nos processos de planejamento urbano:

1. Não ocupação das áreas de amortecimento de cheias, locais onde durante as chuvas intensas, há acumulação temporária de água;

2. Disciplinamento do uso e ocupação de encostas, não permitindo construções em terrenos com grande declividade ou definindo baixas taxas de ocupação para as mesmas;

3. Evitar traçados de vias perpendiculares a direção geral das curvas de nível;

4. Utilização de pavimentos permeáveis, nas vias públicas e pátios; 5. Aumento da área permeável nos lotes.

6.5 Medidas estruturais

As medidas estruturais são aquelas que envolvem obras construídas para reduzir o prejuízo causado pelas enchentes. Segundo Tucci (1993), as medidas estruturais podem ser intensivas ou extensivas. As medidas extensivas são as que agem na bacia, modificando as relações entre a precipitação e a vazão, como, por exemplo, a alteração da cobertura vegetal da bacia, que reduz os picos das cheias e o volume de escoamento superficial.

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As medidas intensivas são as que agem no rio, e podem ser de três tipos:

a) Aceleração do escoamento (canalização, corte de meandros, por exemplo), construção de diques ou polders;

b) Retardamento do escoamento: construção de reservatórios ou bacias de amortecimento;

c) Desvio do escoamento: canais ou desvios.

A seguir são apresentadas algumas das características das medidas estruturais listadas na tabela 1:

Controle da cobertura vegetal da bacia: A cobertura vegetal é um fator crucial no processo de geração do escoamento superficial. Uma bacia com cobertura vegetal terá picos de cheias reduzidos, assim como será menor o volume de escoamento superficial. Um benefício adicional é a reduzida erosão e produção de sedimentos que irão se depositar nos rios, diminuindo a sua capacidade de escoamento. Esta medida é difícil de ser aplicada em bacias grandes, dado o seu alto custo;

Controle da erosão do solo: a erosão causada pela chuva na camada superior do solo e o conseqüente transporte das partículas finas do solo para o sistema fluvial, aliada à erosão das margens dos rios resulta na diminuição da capacidade hidráulica dos rios, aumentando os níveis das cheias. O controle da erosão pode ser feito pelo reflorestamento, práticas de conservação do solo (plantio em curvas de nível, plantio direto, entre outros), construção de pequenos reservatórios, estabilização de margens, etc.

Diques ou polders: Diques são muros laterais construídos para proteger áreas ribeirinhas contra o extravasamento dos rios. Polder é o nome dado à região protegida por um dique. Se esses diques forem construídos a pequena distância da calha do rio, poderão confinar o fluxo e aumentar o nível do escoamento nas cheias, produzindo também maior velocidade de fluxo e maior erosão das margens e da seção do rio. Esse confinamento também poderá agravar a situação da população a jusante da obra, acelerando a cheia e o tempo de pico. Tucci (1993) lembra que o maior risco envolvido na construção de diques é a dificuldade de definir corretamente o nível da cheia máxima provável, havendo sempre um risco de colapso com conseqüências ainda piores que aqueles se a obra não existisse.

Modificações no rio: As modificações mais comuns feitas nos rios para tentar reduzir o efeito das cheias é a sua canalização, criando-se uma seção transversal regular e de maior capacidade, com geometria definida (retangular, trapezoidal). Outra alternativa é a redução da rugosidade do rio, retirando-se obstruções do escoamento, tais como a remoção de lixo, dragagens, corte de vegetação ou pavimentação das margens (figura 6). Essas medidas, além do alto custo envolvido, provocam a aceleração do escoamento, reduzindo o pico da cheia no local da obra, mas transferindo os efeitos da cheia para a região a jusante, a qual muitas vezes não possui a mesma capacidade

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de escoamento da região canalizada, ou seja, a obra pode agravar as condições de inundações a jusante.

Figura 6 – Alargamento da calha do rio Aricanduva – São Paulo

Construção de reservatórios: O efeito de um reservatório para controle de cheias pode ser explicado da seguinte forma: o volume que seria transferido para a região a jusante é retido temporariamente no reservatório, o qual, tendo uma capacidade limitada para liberar a água em sua saída, irá provocar o abatimento da onda de cheia, liberando o mesmo volume de água em um tempo maior e com um pico de vazão máxima de menor magnitude. Essa medida é utilizada, por exemplo, em parques lineares como o Parque Barigüi em Curitiba (figura 7). O vertedor existente na saída do lago do parque junto à BR-277 elimina o excesso de água acumulado no parque de forma gradual, protegendo o trecho de rio a jusante dos efeitos das grandes enchentes. No caso de reservatórios fechados, uma vez atingida a capacidade máxima do reservatório não haverá mais efeito retardador do escoamento, pois toda vazão que chegar ao reservatório será escoada para jusante, sem amortecimento. A figura 8 mostra uma etapa da construção do reservatório fechado localizado sob a praça Charles Müller, na cidade de São Paulo.

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Figura 7 – Lago do Parque Barigüi – Curitiba

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6.5.1 Reservatórios de detenção

A detenção temporária de águas pluviais é uma tendência crescente do gerenciamento urbano dos recursos hídricos. A filosofia anterior, que postulava a remoção rápida das águas de chuva, normalmente por obras de canalização, agora é combinada com métodos de armazenagem e infiltração. Estes visam diminuir a freqüência e a gravidade das cheias, da erosão, do assoreamento, e da poluição. Além disso, contribuem para a redução de custos nas obras de macro drenagem, por redução de tamanho.

Um dos objetivos do gerenciamento de águas pluviais é a manutenção do pico de cheia no nível pré-urbanização. O projeto de uma estrutura de detenção requer um hidrograma de entrada, uma curva de descarga e uma curva cota x volume. Entretanto, antes que uma curva de descarga possa ser estabelecida, é necessária uma estimativa preliminar da capacidade de armazenagem e do formato da estrutura de detenção. A partir daí, a análise será feita por tentativas, ou aproximações sucessivas. A estimativa inicial do volume de armazenagem é uma tarefa importante, pois uma boa estimativa inicial pode reduzir sobremaneira o número de tentativas subseqüentes.

O método do hidrograma, para estimar o volume de detenção, requer um hidrograma de entrada e um hidrograma de saída. O volume de detenção será definido pela diferença de volume entre esses dois hidrogramas. O hidrograma de entrada será aquele estabelecido na bacia hidrográfica em análise. O hidrograma de saída não é conhecido no princípio do processo de análise e será estabelecido durante esse processo. Em geral, um hidrograma triangular é tomado como estimativa inicial, como ilustra a figura 9. O pico deste hidrograma não deve exceder o pico desejável para a bacia a jusante. A área sombreada entre as duas curvas corresponde ao volume de detenção.

Figura 9 - Estimativa do volume de detenção, pelo método do hidrograma (BROWN et al., 2001).

Volume de detenção Hidrograma de entrada Pico de saída Hidrograma de saída (estimado) Tempo (horas) Va z ã o

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15 6.5.2 Lagoas de detenção

O dimensionamento das lagoas de detenção baseia-se em uma análise de balanço de massa, devendo-se considerar todas as entradas e saídas significativas, incluindo, mas não se limitando a, precipitação, escoamento superficial, infiltração, evaporação e descarga.

As lagoas de detenção são depressões que armazenam temporariamente parte do volume de um evento de precipitação. Geralmente, esse volume é armazenado por até 48 horas após a precipitação. Além de atenuar o pico de cheia, as lagoas de detenção permitem a remoção de poluentes por sedimentação. Até 90% do material sólido presente nas águas pluviais pode ser removido se a água for retida por 24 horas ou mais.

A figura 10 mostra um exemplo de lagoa de detenção com vertedouro de emergência.

Uma vantagem das lagoas de detenção é a diminuição da erosão a jusante, pois diminuem o volume da cheia e a velocidade do escoamento.

Figura 10 - Lagoa de detenção – (a) vista em planta e (b) vista em corte (BROWN et al., 2001).

Outras vantagens das lagoas de detenção incluem a criação de habitats de banhado, e o uso das porções de inundação infreqüente para recreação. Algumas desvantagens são possíveis odores na parte inundada, acúmulo de resíduos, necessidade de manutenção e remoção de sedimentos.

declividade talude saída entrada riprap saída vertedouro entrada (a) (b)

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6.5.3 Estruturas de Infiltração

Além da detenção temporária, outra forma de atenuação de cheias é através da infiltração. O dimensionamento de estruturas de infiltração requer a determinação da permeabilidade do solo e das propriedades hidrogeológicas da região, que podem ser particularmente importantes e complexas em regiões cársticas.

As vazões de saída das estruturas de infiltração, normalmente, são algumas ordens de magnitude inferiores às vazões de cheia. Se a estrutura de infiltração inclui um dispositivo de emergência (“ladrão”) para extravasamento, deve-se ignorar a atenuação por infiltração no hidrograma de saída.

Um tipo de estrutura de infiltração são as valetas de infiltração. Elas se constituem em um reservatório subterrâneo, armazenando parte das águas de chuva e permitindo que se infiltrem para o solo. Seu uso é factível apenas quando o solo for permeável, e o nível médio do lençol freático ficar abaixo do fundo da valeta. Um exemplo de valeta de infiltração é mostrado na figura 11.

As vantagens das valetas de infiltração incluem a manutenção da capacidade de recarga do aqüífero, e a facilidade de encaixe no perímetro e em outras partes não utilizadas de um terreno. As desvantagens incluem a dificuldade de impedir a chegada de sedimentos à estrutura, principalmente quando a ocupação do terreno ocorrer em fases, a necessidade de construção da valeta e de manutenção, e o risco de contaminação do aqüífero.

Figura 11- Exemplo de valeta de infiltração – (a) vista em planta e (b) vista em corte (BROWN et al., 2001). (a) (b) entrada saída tubo de extravasamento grama valeta filtro de grama pedra britada

filtro de areia ou geotêxtil laterais revestidas com geotêxtil geotêxtil 0,30 m abaixo da superfície solo corte A-A

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Existem três tipos de valetas de infiltração: completa, parcial, e de controle da poluição. Esses tipos são descritos a seguir:

Sistema de filtração completa – a água sai da valeta apenas após passar pela camada de pedra e se infiltrar no solo abaixo desta, não havendo tubo de extravasamento. Conseqüentemente, o reservatório de pedra britada deve ser grande o suficiente para conter o volume de cheia esperado. Esse sistema acomoda totalmente a cheia de projeto, podendo conter um dispositivo rudimentar de vertimento para as cheias maiores que a de projeto.

Sistema de filtração parcial – nem sempre é factível ou prudente depender das estruturas de infiltração para contenção de cheias. Podem existir incertezas acerca da permeabilidade do solo a longo prazo, além da possibilidade de entupimento de partes do sistema. Muitos projetos empregam, erroneamente, um tubo drenante perfurado no fundo da valeta, para coleta e direcionamento da água. Isso faz com que o sistema atue apenas em prazos muito curtos, resultando em baixa eficiência no controle hidrológico e da poluição. O recomendável é utilizar o tubo drenante perfurado próximo ao topo da vala, que também pode atuar como “ladrão” no caso de cheias maiores que a de projeto, quando a valeta estiver cheia de água.

Sistema de controle da poluição – o volume de armazenamento de uma valeta de controle da poluição corresponde apenas ao volume de início da precipitação, que traz consigo a maior parte dos poluentes “lavados” pela chuva. Esse volume pode ser definido como: (1) 13 mm de escoamento superficial por hectare impermeável; (2) 13 mm de escoamento superficial por hectare; e (3) os primeiros 25 mm de escoamento superficial por hectare da bacia de captação. O volume restante não é tratado pela valeta de infiltração, podendo ser conduzido a outra estrutura de controle.

Outro tipo de estrutura de infiltração são as bacias de infiltração, que são áreas escavadas com a finalidade de reter águas de chuva. São semelhantes às lagoas de detenção, porém promovem a infiltração da água ao invés de sua detenção temporária. Podem ser utilizadas no gerenciamento de águas pluviais de áreas de até 20 há. A figura 12 mostra um diagrama esquemático de uma bacia de infiltração. Deve-se notar que, aqui, o vertedouro é apenas para uso de emergência, e, normalmente, o volume retido é liberado apenas por infiltração.

As bacias de infiltração são uma opção viável quando o solo for permeável, e tanto o nível do lençol freático quanto do maciço de rocha são forem suficientemente profundos

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Figura 12 - Bacia de infiltração – (a) vista em planta e (b) vista em corte (BROWN et al., 2001).

As vantagens das bacias de infiltração incluem: • Manutenção do balanço hídrico local;

• São adequadas para grandes áreas;

• Podem ser empregadas como bacias de sedimentação durante as fases de construção na área.

As desvantagens das bacias de infiltração incluem:

• São suscetíveis a falhas se construídas sobre solo inadequado; • Necessitam manutenção freqüente;

• Podem dar origem a problemas de odor, insetos e solo encharcado. declividade talude entrada saída vertedouro entrada saída

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6.6 Proteção de taludes

As medidas de controle de cheias incluem a manutenção preventiva das estruturas de drenagem. Um aspecto fundamental dessa manutenção é a proteção das margens, ou taludes. Durante os eventos de cheia, as velocidades de escoamento tendem a ser mais altas que em outros períodos, o que coloca em risco a integridade dos canais pelos quais a cheia escoa.

As correntes superficiais e no fundo do rio ocasionam a erosão das margens, principalmente na porção côncava dos trechos curvos, conforme ilustra a figura 13. Na vista em corte, define-se as zonas 1 e 2, abaixo e acima da superfície livre, respectivamente.

Figura 13 - Erosão típica da margem de um rio em trecho de curva (BELTRÃO, 2002).

A proteção da Zona 1 ocasiona a estabilização do leito, e haverá somente a erosão da Zona 2 até o talude de equilíbrio. A proteção somente da Zona 2 ocasiona a erosão da Zona 1 e o talude tende à vertical, provocando o deslizamento da Zona 2, e continuando o ciclo de erosão. Logo, não adianta proteger somente a Zona 2, devendo-se proteger prioritariamente a Zona 1.

As formas de proteção incluem revestimento de taludes, estruturas de contenção e espigões. As proteções com revestimentos e estruturas de contenção fixam o talude de forma definitiva, não diminuem a seção hidráulica, mas têm construção e manutenção mais difíceis e caras. Os espigões têm construção mais simples e manutenção mais econômica, sendo menos sujeitos a danos mais extensos.

6.6.1 Revestimento

O revestimento de taludes pode ser feito com diversos materiais, que vão desde o plantio de vegetação até a construção de gabiões. As figuras 14, 15 e 16 ilustram três tipos de revestimento: enrocamento, enrocamento com argamassa e gabiões, respectivamente. B E r o s ã o n a m a r g e m cô n c a v a e s e d im e n t a ç ã o n a m a rg e m co n ve x a . A A Z O N A 2 Z O N A 1 C O R T E A - A ∆Y

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Figura 14 - Revestimento de margem com enrocamento (BELTRÃO, 2002).

Figura 15 - Revestimento de margem com enrocamento rejuntado com argamassa (BELTRÃO, 2002).

Figura 16 - Revestimento de margem com gabiões (BELTRÃO, 2002).

6.6.2 Estruturas de contenção

As estruturas de contenção incluem lajes de concreto armado (figura 17), muros de arrimo (figura 18), muros de gabiões (figura 19), cortinas atirantadas (figura 20) e estacas-prancha (figura 21).

enrocamento

filtro de areia + ou - 0,30 m

perfil do terreno

enrocamento ( pedras de mão ) rejuntado com argamassa de cimento

areia.

gabiões em colchão

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Prefeitura Municipal de Curitiba - Instituto Municipal de Administração Pública/IMAP - Plano de Desenvolvimento de Competências 21 concreto estrutural 1.5 1.0 0,15 m - laje enrocamento 0,30 m 0,80 m 1,00 m

Figura 17 - Estrutura de contenção de margens com laje de concreto armado (BELTRÃO, 2002).

balaustrada n.a.máx.

1 :10 a 1: 15 ( H : V)

Concreto ciclópico ou alvenaria de pedra argamassada 0,50m 0,50m 0,50m

Figura 18 - Estrutura de contenção de margens com muro de arrimo (BELTRÃO, 2002).

Figura 19 - Estrutura de contenção de margens com muro de arrimo de gabiões (BELTRÃO, 2002).

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Figura 20 - Estrutura de contenção de margens com cortina atirantada (BELTRÃO, 2002).

Figura 21 - Estrutura de contenção de margens com estacas-prancha (BELTRÃO, 2002).

6.6.3 Espigões

Espigões são estruturas de proteção de margens transversais às linhas de corrente. São construidos com pedra, gabiões, madeira, e outros materiais (figura 22).

B R eixo do rio curva paralela ao eixo no prolongamento da margem α tangente L S α ESPIGÕES

Figura 22 - Proteção de margens com espigões (BELTRÃO, 2002).

bloco

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REFERÊNCIAS

BELTRÃO, A., Notas de Aula de Recursos Hídricos, Projeto Eureka, 2002.

BROWN, S.A., STEIN, S.M., and WARNER, J.C. Urban Drainage Design Manual, Hydraulic

Engineering Circular 22, Second Edition, U.S. Department of Transportation Federal

Highway Administration, 2001.

IPH - Instituto de Pesquisas Hidráulicas. Plano Diretor de Drenagem Urbana de Porto

Alegre, 1ª fase. UFGRS. Departamento de Esgotos Pluviais da PMPA. 2001.

KRÜGER, C. M., CAMARGO, Arilde Sutil Gabriel de, GARCIA, Karina Sanches. Mapeamento

automático de áreas inundáveis através de geoprocessamento - aplicação à cidade de União da Vitória. In: XIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, 1999, Belo Horizonte,

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