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Academic year: 2021

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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.280.801 - SP (2011/0193628-9)

RELATOR : MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA

RECORRENTE : HELENA APARECIDA FASSIS CECCATTO - EMPRESA DE PEQUENO PORTE

ADVOGADO : JOSÉ CARLOS FRAY

RECORRIDO : BECKER E BILL COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES DE FERRAMENTAS LTDA

ADVOGADO : FÁBIO ROBERTO BARROS MELLO E OUTRO(S)

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO. ART. 1.211 DO CPC. EMBARGOS À EXECUÇÃO. CITAÇÃO OCORRIDA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI N. 11.232/2006 E ANTES DE CONCLUÍDO O PROCEDIMENTO DE PENHORA. TERMO INICIAL DO PRAZO. DATA DA INTIMAÇÃO DA PENHORA. COMERCIAL. CHEQUE. ENDOSSOS SUCESSIVOS. LEI N. 9.311/96. VEDAÇÃO DE MAIS DE UM ENDOSSO. INEXISTÊNCIA DE LEGITIMIDADE PARA PROPOR EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. ACÓRDÃO RECORRIDO MANTIDO.

1. Tendo em vista o disposto no art. 1.211 do CPC, que rege a aplicação da lei processual no tempo, o prazo para apresentação dos embargos à execução, na hipótese em que a Lei n. 11.382/2006 entrou em vigor após a citação da execução e antes da penhora, conta-se a partir da data da intimação da penhora, de acordo com regramento previsto na lei nova.

2. Cheque constitui ordem de pagamento dirigida a um banco para pagar à vista determinada soma em proveito do portador, que, ao endossá-lo, é substituído pelo endossatário, que, igualmente, poderá realizar novo endosso, promovendo, assim, sua circulação.

3. A Lei n. 9.311/96, que instituiu a CPMF, visando coibir a evasão fiscal, restringiu, no art. 17, I, a circulação do cheque ao permitir que se realizasse apenas um único endosso durante o período de duração de referida exação tributária.

4. Durante o prazo de vigência da Lei n. 9.311/96, que foi prorrogada pelas Emendas Constitucionais n. 21/1999 e 31/2002, somente o primeiro endosso do cheque é considerado válido, motivo pelo qual, estando invalidada a cadeia sucessiva de endossos, os demais endossatários não têm legitimidade para propor execução de referido título.

5. Reconhecida a nulidade do endosso, desaparece a relação cambial, convertendo-se o cheque em documento escrito indicativo da existência de dívida líquida, ou seja, irá circular com mero efeito de cessão ordinária de crédito, disciplinada nos arts. 286 a 298 do Código Civil, tal como ocorre com os cheques nominativos com cláusula não à ordem, cabendo ao cessionário ingressar com ação monitória ou de cobrança para buscar a satisfação do crédito.

6. Recurso especial desprovido.

ACÓRDÃO

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Superior Tribunal de Justiça

Vistos, relatados e discutidos estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da TERCEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Paulo de Tarso Sanseverino, Marco Aurélio Bellizze e Moura Ribeiro votaram com o Sr. Ministro Relator.

Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro João Otávio de Noronha.

Brasília (DF), 24 de março de 2015(Data do Julgamento)

MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA Relator

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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.280.801 - SP (2011/0193628-9)

RELATOR : MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA

RECORRENTE : HELENA APARECIDA FASSIS CECCATTO - EMPRESA DE PEQUENO PORTE

ADVOGADO : JOSÉ CARLOS FRAY

RECORRIDO : BECKER E BILL COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES DE FERRAMENTAS LTDA

ADVOGADO : FÁBIO ROBERTO BARROS MELLO E OUTRO(S)

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA:

Trata-se de recurso especial interposto por HELENA APARECIDA FASSIS CECCATTO com fundamento no art. 105, inciso III, alíneas "a" e "c", da Constituição Federal, contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo proferido em apelação nos autos de embargos à execução de título extrajudicial. O julgado recebeu esta ementa:

"CHEQUE - Endossos sucessivos - Proibição - Lei 9.311/96 - Aplicabilidade - Ilegitimidade ativa para execução de cártulas.

DIREITO INTERTEMPORAL - Execução de título extrajudicial - Citação ocorrida sob a égide da lei revogada - Penhora efetuada após a vigência da reforma do CPC - Prazo de 15 dias após a intimação da penhora - Sentença mantida - Recurso não provido" (e-STJ, fl. 109).

Nas razões do especial, a recorrente sustenta, além de dissídio jurisprudencial, violação dos seguintes artidgos:

a) 1.211 do CPC, pois, quanto ao prazo para apresentação dos embargos à execução, ou se aplica a lei anterior à reforma promovida pela Lei n. 11.382/2006, considerando-se o prazo de 10 (dez) dias contados da intimação da penhora, ou deve incidir o prazo de 15 (quinze) dias previsto na lei nova a partir da juntada do mandado de citação aos autos.

b) 5º, II, da Constituição Federal e 17 da Lei n. 9.311/96 ante sua inaplicabilidade às relações entre particulares. Argumenta que referido preceito, que proibiu, durante a vigência da CPMF, que fosse realizado mais de um endosso no cheque, somente se aplicaria para fins fiscais, não devendo incidir na hipótese sub judice. Afirma que "as obrigações decorrentes de cheque, uma vez posto em circulação o título, por serem abstratas, devem ser cumpridas, mormente frente ao endossatário de boa-fé", que tem legitimidade ativa na execução por ele proposta.

As contrarrazões foram apresentadas (e-STJ, fls. 231/240).

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Superior Tribunal de Justiça

Inadmitido o recurso na origem (e-STJ, fl. 245), ascenderam os autos por força de provimento de agravo de instrumento (e-STJ, fl. 271).

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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.280.801 - SP (2011/0193628-9) EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO. ART. 1.211 DO CPC. EMBARGOS À EXECUÇÃO. CITAÇÃO OCORRIDA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI N. 11.232/2006 E ANTES DE CONCLUÍDO O PROCEDIMENTO DE PENHORA. TERMO INICIAL DO PRAZO. DATA DA INTIMAÇÃO DA PENHORA. COMERCIAL. CHEQUE. ENDOSSOS SUCESSIVOS. LEI N. 9.311/96. VEDAÇÃO DE MAIS DE UM ENDOSSO. INEXISTÊNCIA DE LEGITIMIDADE PARA PROPOR EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. ACÓRDÃO RECORRIDO MANTIDO.

1. Tendo em vista o disposto no art. 1.211 do CPC, que rege a aplicação da lei processual no tempo, o prazo para apresentação dos embargos à execução, na hipótese em que a Lei n. 11.382/2006 entrou em vigor após a citação da execução e antes da penhora, conta-se a partir da data da intimação da penhora, de acordo com regramento previsto na lei nova.

2. Cheque constitui ordem de pagamento dirigida a um banco para pagar à vista determinada soma em proveito do portador, que, ao endossá-lo, é substituído pelo endossatário, que, igualmente, poderá realizar novo endosso, promovendo, assim, sua circulação.

3. A Lei n. 9.311/96, que instituiu a CPMF, visando coibir a evasão fiscal, restringiu, no art. 17, I, a circulação do cheque ao permitir que se realizasse apenas um único endosso durante o período de duração de referida exação tributária.

4. Durante o prazo de vigência da Lei n. 9.311/96, que foi prorrogada pelas Emendas Constitucionais n. 21/1999 e 31/2002, somente o primeiro endosso do cheque é considerado válido, motivo pelo qual, estando invalidada a cadeia sucessiva de endossos, os demais endossatários não têm legitimidade para propor execução de referido título.

5. Reconhecida a nulidade do endosso, desaparece a relação cambial, convertendo-se o cheque em documento escrito indicativo da existência de dívida líquida, ou seja, irá circular com mero efeito de cessão ordinária de crédito, disciplinada nos arts. 286 a 298 do Código Civil, tal como ocorre com os cheques nominativos com cláusula não à ordem, cabendo ao cessionário ingressar com ação monitória ou de cobrança para buscar a satisfação do crédito.

6. Recurso especial desprovido.

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA (Relator):

Atendidos os requisitos de admissibilidade do apelo extremo, merece ser analisado o mérito da irresignação recursal.

I - Tempestividade dos embargos à execução

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Superior Tribunal de Justiça

Tendo em vista o disposto no art. 1.211 do CPC, que rege a aplicação da lei processual no tempo, o prazo para apresentação dos embargos à execução, na hipótese em que a Lei n. 11.382/2006 entrou em vigor após a citação da execução e antes da penhora, conta-se a partir da data da intimação da penhora, de acordo com regramento previsto na lei nova.

Nesse sentido, já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

"PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL POR CARTA PRECATÓRIA. CONFLITO INTERTEMPORAL DE NORMAS. LEI Nº 11.382/06. PRAZO PARA OFERECIMENTO DE EMBARGOS. TERMO INICIAL. INTIMAÇÃO DA PENHORA.

1. Se, em execução de título extrajudicial, a Lei nº 11.382/06 passou a vigorar depois da citação, mas antes de concluído o procedimento de penhora, o termo para oferecimento dos embargos deve ser contado a partir da intimação da penhora, mas já se computando o prazo da lei nova, de 15 (quinze) dias. Nessa circunstância, porém, os embargos já devem ser recebidos com base na nova sistemática de execução, portanto, sem efeito suspensivo.

2. Nas execuções por carta precatória - de acordo com o modelo anterior às reformas implementadas pela Lei 11.382/06 -, o termo inicial do prazo dos embargos era a juntada aos autos da carta precatória de intimação da penhora, devidamente cumprida.

3. Recurso especial parcialmente provido." (REsp n. 1.185.729/PR, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, DJe de 15/4/2011.)

II - Legitimidade ativa da execução de título extrajudicial

É certo que, nos termos dos arts. 17, § 1º, e 20 da Lei n. 7.357/85, o cheque constitui ordem de pagamento dirigida a um banco para pagar à vista determinada soma em proveito do portador, que, ao endossá-lo, é substituído pelo endossatário, que, igualmente, poderá realizar novo endosso, promovendo, assim, sua circulação.

Todavia, a Lei n. 9.311/96, que instituiu a CPMF, visando coibir a evasão fiscal, restringiu a circulação do cheque ao permitir que se realizasse apenas um único endosso durante o período de duração de referida exação tributária:

"Art. 17. Durante o período de tempo previsto no art. 20:

I - somente é permitido um único endosso nos cheques pagáveis no País. [...]

Art. 20. A contribuição incidirá sobre os fatos geradores verificados no período de tempo correspondente a treze meses, contados após decorridos noventa dias da data da publicação desta Lei, quando passará a ser exigida."

Nesse período, a transmissibilidade do cheque ficou limitada a um único endosso, consoante salientado por Rubens Requião:

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Superior Tribunal de Justiça

"Como já foi relatado, o legislador, levando em conta interesses estreitos da administração no regime tributário nacional, praticamente vencida no combate à sonegação e no objetivo de alcançar equilíbrio das contas públicas, tem vedado o anonimato, como se vê na disposição do art. 19 da Lei nº 8.088, de 31 de outubro de 1990, que determina que 'Todos os títulos, valores mobiliários e cambiais serão emitidos sempre na forma nominativa, sendo transmissíveis somente por endosso em preto', sendo inexigíveis os títulos que não guardarem a forma nominativa referida. Por outro lado, a própria quantidade de endossos lançáveis no cheque, que naturalmente deve ser ilimitada, ficou restringida, embora provisoriamente, a um único ato, por obra da Lei n.º 9.311, de 24 de outubro de 1996, que instituiu a Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira. O Decreto nº 6.140, de 3 de julho de 2007, faz resenha das normas constitucionais, leis e medidas provisórias que, de algum modo, regularam o tributo, popularmente chamado CPMF. O comando legal que fixava o termo final do período de incidência da contribuição (Emenda Constitucional nº 42, de 19-12-2003) não foi prorrogado, pelo que, a partir da janeiro de 2008, deixou de ser cobrada. A restrição à circulação do cheque, estabelecida no art. 17, I, da Lei nº 9.311/96, perdeu a razão de ser." (Curso de Direito Comercial , 2º vol., Saraiva, 2014, p. 612.)

Assim, durante o prazo de vigência da Lei n. 9.311/96, que foi prorrogado pelas Emendas Constitucionais n. 21/1999 e 31/2002, somente o primeiro endosso do cheque é considerado válido, motivo pelo qual, estando invalidada a cadeia sucessiva de endossos, os demais endossatários não têm legitimidade para propor execução de referido título.

Consectariamente, reconhecida a nulidade do endosso, desaparece a relação cambial, convertendo-se o cheque em documento escrito indicativo da existência de dívida líquida, ou seja, irá circular com mero efeito de cessão ordinária de crédito, disciplinada nos arts. 286 a 298 do Código Civil, tal como ocorre com os cheques nominativos com cláusula não à ordem, cabendo ao cessionário ingressar com ação monitória ou de cobrança para buscar a satisfação de seu crédito.

III - Conclusão

Ante o exposto, nego provimento ao recurso especial. É como voto.

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Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTO TERCEIRA TURMA

Número Registro: 2011/0193628-9 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.280.801 / SP

Número Origem: 91944082320098260000

PAUTA: 24/03/2015 JULGADO: 24/03/2015

Relator

Exmo. Sr. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA Subprocurador-Geral da República

Exmo. Sr. Dr. MÁRIO PIMENTEL ALBUQUERQUE Secretária

Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : HELENA APARECIDA FASSIS CECCATTO - EMPRESA DE PEQUENO

PORTE

ADVOGADO : JOSÉ CARLOS FRAY

RECORRIDO : BECKER E BILL COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES DE FERRAMENTAS

LTDA

ADVOGADO : FÁBIO ROBERTO BARROS MELLO E OUTRO(S)

ASSUNTO: DIREITO CIVIL - Obrigações - Espécies de Títulos de Crédito - Cheque

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

A Terceira Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.

Os Srs. Ministros Paulo de Tarso Sanseverino, Marco Aurélio Bellizze e Moura Ribeiro votaram com o Sr. Ministro Relator.

Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro João Otávio de Noronha.

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