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Revista do Curso de Direito da Universidade Braz Cubas V1 N1: Maio de 2017

ACESSO À INTERNET : CONDIÇÃO DE MELHORIA DO BEM ESTAR SOCIAL E DESENVOLVIMENTO DA CIDADANIA

THE INTERNET ACCESS: CONDITION OF IMPROVEMENT OF SOCIAL WELL-BEING AND CITIZENSHIP DEVELOPMENT

Alessandro Moreira Leite1

Luci Mendes de Melo Bonini2

Francisco Carlos Franco3 Resumo: Estuda-se a legislação internacional e nacional que dispõe sobre o direito de acesso à internet para a população e busca-se demonstrar como este acesso se reflete em dois municípios do Estado de São Paulo: Mogi das Cruzes e Suzano. Trata-se de uma pesquisa descritiva, de abordagem quantitativa de corte transversal. Utilizou-se a revisão da legislação e de autores que refletem sobre a Internet como um direito social, bem como se fez um levantamento quantitativo a partir de fontes secundárias sobre o acesso da população brasileira e dos municípios escolhidos a partir de dados do Comitê Gestor da Internet e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Os resultados apontaram que ainda é preciso caminhar muito para que o acesso ao mundo digital no Brasil possa se expandir com qualidade permitindo que se atinja o que foi proposto pelos organismos internacionais.

Palavras-chave: Cidadania Digital. Internet Como Direito Fundamental. Marco Civil da Internet. Alto Tietê Abstract: This research describes the international and national legislation that establishes the right of access to the Internet for the population and seeks to demonstrate how this access is reflected in two municipalities of the State of São Paulo: Mogi das Cruzes and Suzano. This is a descriptive, quantitative cross-sectional study. It is used a review of legislation and authors that reflect on the Internet as a social right, as well as a quantitative survey from secondary sources on the access of the Brazilian population and the municipalities chosen from data of the Steering Committee of the Internet and the Brazilian Institute of Geography and Statistics. The results pointed out that it is still necessary to go a long way so that access to the digital world in Brazil can expand with quality allowing to achieve what was proposed by international organizations.

Key-Words: Digital Citizenship. Internet As Fundamental Right. Civil Landmark of the Internet. Alto Tietê

Introdução

Estuda-se, neste percurso, a legislação internacional e nacional que dispõe sobre o direito de acesso à internet para a população e busca-se demonstrar como este acesso se reflete em dois municípios do Estado de São Paulo: Mogi das Cruzes e Suzano. A escolha

1 Advogado, Mestre em Políticas Públicas pela Universidade de Mogi das Cruzes, Professor universitário na ETEP e na FAAP de São José dos Campos. Email: aleetep@gmail.com

2 Dra. em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, professora universitária, pesquisadora no Mestrado em Políticas Públicas da Universidade de Mogi das Cruzes e no Mestrado em Habitação: Planejamento e Tecnologia, IPT-SP. Email: lucibonini@gmail.com

3 Dr. em Psicologia da Educação pela PUC-SP, professor adjunto da Universidade Braz Cubas e Docente no Programa de Mestrado em Políticas Públicas da Universidade de Mogi das Cruzes. Email:

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desses dois municípios se deu em virtude desta pesquisa fazer parte do projeto de pesquisa intitulado Observatório do Alto Tietê.

As questões que norteiam este trabalho de pesquisa são: Qual ou quais legislações buscam fortalecer o acesso à Internet como direito fundamental no Brasil? Como está distribuído o acesso à internet no território nacional? Como está distribuído o acesso à Internet nos municípios de Mogi das Cruzes e Suzano?

Trata-se de uma pesquisa descritiva, de abordagem quanti-qualitativa de corte transversal. Utilizou-se a revisão da legislação e de autores que refletem sobre a Internet como um direito social, bem como se fez um levantamento quantitativo a partir de fontes secundárias sobre o acesso da população brasileira e dos municípios escolhidos a partir de dados do Comitê Gestor da Internet e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística para, então, demonstrar o estado da arte do acesso à internet nas diferentes regiões do país e mais detidamente nos Municípios de Mogi das Cruzes e Suzano.

Os resultados apontaram que ainda é preciso caminhar muito para que o acesso ao mundo digital no Brasil possa se expandir com qualidade permitindo que se atinja o que foi proposto pelos organismos internacionais.

ACESSO À INTERNET COMO DIREITO FUNDAMENTAL

Quando trata-se da expansão das tecnologias de informação, especificamente da internet, fala-se de uma das mudanças mais importantes na história da humanidade em matéria de difusão do conhecimento.

Essa afirmação se justifica se se toma como referência a invenção da tipografia por Gutemberg, que teve um efeito transformador ao permitir a muitos, o acesso à informação e ao conhecimento que até então, eram extremamente restritos.

O alcance desses conhecimentos permitiu que os cidadãos pós-invenção da tipografia, passassem a reivindicar o acesso ao ensino público de boa qualidade, a uma vida melhor e mais digna e o fim dos privilégios da nobreza o que certamente contribuiu para o desenvolvimento da noção de “liberdade, igualdade e fraternidade”.

O historiador francês Roger Chartier, faz uma comparação entre a invenção de Gutenberg a invenção do computador quando afirma que a primeira revolução foi técnica, modificou os modos de produção e reprodução dos textos no papel desaparecendo o manuscrito (CHARTIER, 1994), e a segunda revolução é a disseminação vertiginosa em formato digital de textos. O computador alcança a sua plenitude como objeto de

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transformação social com o advento da internet, ferramenta capaz de universalizar o conhecimento de forma eletrônica, o que o torna acessível e quase sem custos.

Assim, partindo da premissa de que o conhecimento é libertador e transformador, surge a noção de cidadania digital que advém do emprego das tecnologias da informação e comunicação, também conhecida como cibercidadania, segundo a qual o uso das TICs podem contribuir para a formação de pessoas mais e melhor informadas, dotadas de consciência dos problemas comuns e com melhores condições de participar na arena política em favor da efetivação de interesses coletivos. Nesse sentido afirma (PIANA, 2007) a estrutura da Internet gera novos vínculos entre os cidadãos e os políticos e podem fazer emergir o debate na tomada de decisões. Assim também, no mesmo sentido, Ribeiro (2011) afirma que sob o ponto de vista ético a inclusão digital deve contribuir para uma sociedade mais igualitária.

Segundo Sampaio (apud MACADAR e REINHARD, 2002), a inclusão digital se classifica de duas formas: A primeira forma é a restrita, que ensina o cidadão a utilizar os computadores e seus aplicativos de uso comum (editores de texto, planilhas), a acessar, via internet, os serviços governamentais, bem como a navegar na rede na qualidade de leitor ou consumidor dessas informações. A segunda é a inclusão digital ampliada, que é capaz de instrumentalizar as pessoas para participarem, como interlocutoras, da construção de políticas públicas, e não só como receptoras.

Silveira (2003) afirma que a transformação da inclusão digital em política pública envolve quatro pressupostos: i) a exclusão digital amplia a miséria e dificulta o desenvolvimento humano local e nacional e induz o pobre a permanecer na miséria; ii) que o mercado não irá incluir na era da informação os extratos pobres e desprovidos de dinheiro. A própria alfabetização e escolarização da população não seria massiva se não fosse pela transformação da educação em política pública e gratuita. A alfabetização digital e a formação básica para viver na cibercultura também dependerão da ação do Estado para serem amplas ou universalistas; iii) devido à velocidade da inclusão, a capacidade de qualificar e gerar inovações deve ser bastante rápida ou se ficará à margem do desenvolvimento no contexto da globalização e, iv) a liberdade de expressão e o direito de se comunicar é direito de todos.

A importância da inclusão digital é tanta que foi inserida como objetivo-chave no texto da Declaração do Milênio das Nações Unidas, um documento histórico resultado da Cimeira do Milênio realizada em setembro de 2000, em Nova Iorque e que refletiu as preocupações de 147 Chefes de Estado e de Governo e de 191 países.

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Nesse documento considerou-se de grande importância velar para que todos pudessem aproveitar os benefícios das novas tecnologias, em particular das tecnologias da informação e das comunicações.

Assim, diante da importância da matéria, para garantir a sua efetivação foram criados os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) que são monitorados a partir de indicadores em cada país. Esses dados possibilitam mensurar o alcance das metas estabelecidas. O indicador que nos interessa para os fins desse estudo é o de número 48, que se refere ao Objetivo 8, Meta 18: Em cooperação com o setor privado, tornar acessíveis os benefícios das novas tecnologias, em especial das tecnologias de informação e de comunicações: 48 - Computadores pessoais e usuários de internet por 100 habitantes.(gn)

Esse indicador foi o modo de classificação encontrado pela ONU para aferir o nível de inclusão digital de cada país dada a sua importância como direito para toda a humanidade.

Ilves, (apud VALENTE, 2011) esclarece a razão pela qual a ONU reconhece o acesso à internet como direito essencial aos serem humanos principalmente em matéria de liberdade de expressão:

Em 2011, o relator da Organização das Nações Unidas para a Liberdade de Expressão, Frank La Rue, divulgou um relatório no qual reforça a tese, argumentando que a Internet tornou-se um meio fundamental para garantir nas sociedades atuais, o exercício pleno da liberdade de expressão. Contribuem para isso características intrínsecas, afirma o relator, como a ampla gama de fontes de informação disponível e o caráter interativo, que permite ao cidadão não apenas fruir, como também produzir e divulgar informações. (ILVES, apud VALENTE, 2012, pp. 53-54)

Já La Rue (apud Valente,2012) complementa:

[…] Ao permitir que indivíduos troquem informações e ideias simultaneamente e sem custos por entre fronteiras nacionais, a Internet possibilita o acesso à informação e ao conhecimento que antes era inalcançável. Isso contribui para a descoberta da verdade e o progresso da sociedade como um todo. A Internet tornou-se um meio estornou-sencial pelo qual as pessoas podem exercer o direito à liberdade de expressão, como está garantido no Artigo 196 da Declaração Universal de Direitos Humanos. (LA RUE, apud VALENTE, 2012, p. 54).

Segundo o mesmo documento da ONU, os Estados têm a obrigação positiva de promover ou facilitar o gozo do direito à liberdade de expressão e dos meios necessários para exercer esse direito, que inclui a Internet. Além disso, acesso à internet não é apenas essencial para desfrutar o direito à liberdade de expressão, mas também outros direitos, tais como o direito à educação, o direito à liberdade de associação e reunião, o direito de plena participação social, cultural e vida política e o direito ao desenvolvimento social e econômico: ... to reiterate that States have a positive obligation to promote or to facilitate the enjoyment of the right to freedom of expression and the means necessary to exercise this right, which includes the Internet. Moreover, access to the Internet is not only

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essential to enjoy the right to freedom of expression, but also other rights, such as the right to education, the right to freedom of association and assembly, the right to full participation in social, cultural and political life and the right to social and economic development (ONU, 2011).

No Brasil a compreensão do acesso à internet banda larga como direito vem sendo desenvolvida há alguns anos.

A Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014 que estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil, conhecida como Marco Civil da Internet determina que é obrigatória a educação digital em todos os níveis de ensino:

Art. 26. O cumprimento do dever constitucional do Estado na prestação da educação, em todos os níveis de ensino, inclui a capacitação, integrada a outras práticas educacionais, para o uso seguro, consciente e responsável da internet como ferramenta para o exercício da cidadania, a promoção da cultura e o desenvolvimento tecnológico. (BRASIL, 2014). (GN)

A lei vai além ao declarar que é dever do Estado promover a inclusão digital e reduzir as desigualdades, sobretudo entre as diferentes regiões do país, no acesso às tecnologias da informação e comunicação e no seu uso:

Art. 27. As iniciativas públicas de fomento à cultura digital e de promoção da internet como ferramenta social devem:

I - promover a inclusão digital;

II - buscar reduzir as desigualdades, sobretudo entre as diferentes regiões do País, no acesso às tecnologias da informação e comunicação e no seu uso; (BRASIL, 2014) São dois grandes marcos legais, o Decreto 7.175, de 12 de maio de 2010, que institui o Programa Nacional de Banda Larga – PNBL com o objetivo de fomentar e difundir o uso e o fornecimento de bens e serviços de tecnologias de informação e comunicação (BRASIL, 2010) e a Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014 que Estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil, (Marco Civil da Internet) (BRASIL, 2014).

O Estado brasileiro chamou para si, nos termos do PNBL acima mencionado, a responsabilidade de garantir a todos os cidadãos o acesso à internet banda larga.

Pelo sistema brasileiro, a responsabilidade pela criação da infraestrutura dos serviços é das empresas privadas, que são reguladas e fiscalizadas por agências reguladoras estatais.

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ACESSO À INTERNET NO BRASIL

Passa-se à análise dos dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010) e da pesquisa realizada Comitê Gestor da Internet - CGI, sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação no Brasil TIC Domicílios e Empresas 2013. (BRASIL, 2014). As pesquisas serão analisadas em conjunto por serem complementares. A pesquisa do IBGE permite uma verificação por nível de cidades e a do CGI é apresenta algumas distoções existentes no oferecimento de acesso à internet.

Segundo o IBGE, no país todo 41,11% das pessoas com mais de 15 anos declararam ter computador no domicílio e 33,2% declararam possuir também acesso à internet.

Há ainda outra pesquisa mais recente, elaborada pelo CGI, a nona edição da pesquisa TIC Domicílios 2013 e Empresas, divulgada em 07 de outubro de 2014, sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (BRASIL, 2014).

Segundo essa pesquisa o número de usuários da internet no Brasil passou de metade da população brasileira pela primeira na vez em 2013 atingindo 51% dos cidadãos com mais de 10 anos de idade, ou 85,9 milhões de pessoas.

Apesar disso, tem-se, ainda, grandes distorções a serem corrigidas no que se refere à localização na área urbana ou rural, a macrorregiões, renda e classe social. Na área urbana 53% dos domicílios possuem computador contra 21% na área rural.

Nas regiões Norte e Nordeste encontramos um número significativamente menor de domicílios com computador em comparação com as demais regiões brasileiras. O Sudeste possui 57% dos domicílios com computadores, o Sul 58% e o Centro-Oeste 49%, enquanto na Região Nordeste essa proporção cai para 34% e na Norte para 32%.

Há também uma diferença enorme quando se leva em conta o poder aquisitivo da população, nas pessoas com renda de até um salário mínimo apenas 15% possuem computador e nas pessoas com renda superior a dez salários o numero passa para 91%.

Enquanto, nas classes A e B, a proporção de casas com computador é de 98% e 86%, respectivamente, na classe C é de apenas 46%. Nas classes D e E, somente 10% possuem computador. Todas essas distorções podem ser observadas no figura 1:

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Figura 1. Proporção de Domicílios com Computador em 2013

FONTE: Cetic, 2015

As distorções encontradas na posse de computadores se refletem de forma absolutamente semelhante no acesso à internet, conforme a figura 2:

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Figura 2. Proporção de domicílios com acesso à internet em 2013

FONTE: Cetic, 2015

No Estado de São Paulo esses números aumentam para 56,9% no indicador “posse de computador” e 48,22% para “acesso à internet”4.

Ainda de acordo com a pesquisa, em Mogi das Cruzes, 55,56% da população com 15 anos ou mais declarou ter computador em seu domicílio e destes, 45,81% afirmaram possuir também acesso à internet. Esses índices colocaram a cidade no ranking estadual na posição de número 160 no primeiro indicador e na colocação 133 no segundo, entre todos os 645 municípios do Estado de São Paulo, conforme os dados do IBGE processados pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (CPS/FGV, 2012). O município fica na região leste metropolitana de São Paulo, tem 410 mil habitante e um IDHM de 0,783 em 2010 considerado alto. (IBGE, 2010)

Em relação a cidade de Suzano 48,51% da população na mesma faixa etária declarou possuir computador em sua residência e 37,16% afirmaram ter acesso à internet, o que colocou o município na posição 421 no primeiro indicador e 468 no segundo, de acordo com a 4 Fonte: CPS/FGV processando os micro dados do Censo/IBGE Disponível em: <http://www.cps.fgv.br/cps/telefonica/ > Acesso em: 10/06/2015.

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mesma fonte acima. Suzano, assim como Mogi das Cruzes, fica na mesma região e tem uma população de 288 mil habitantes e um IDHM de 0.765. (IBGE, 2010).

Interessante notar que as cidades tiveram um desempenho superior a média nacional e inferior a média estadual em ambos indicadores, entretanto, com a cidade de Mogi das Cruzes mais próxima desta.

A pesquisa acima foi realizada pelo CGI por macrorregião, mas podemos confrontá-la com os dados do IBGE de 2010 em relação a distorção existente entre os usuários de internet das zonas urbana e rural das cidades objeto do nosso estudo conforme a figura 3:

Figura 3. Domicílios com computadores e acesso à internet em Mogi das Cruzes - 2010

Tota l de dom icili os Dom icílio s na zona urb ana Dom icíli os n a zo na ru ral 0 20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 120.000 140.000 116.386 48.057 1.960 Fonte: Censo/IBGE 2010

O gráfico acima evidência uma grande distorção. Em Mogi das Cruzes 41,29% dos domicílios urbanos possui acesso à internet, contra 1,68 % na zona rural.

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Figura 4. Domicílios com computadores e acesso à internet em Suzano Tota l de dom icili os Dom icílio s na zona urb ana Dom icílio s na zona rura l 0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000 70.000 80.000 74.747 25.179 381 Fonte: Censo/IBGE 2010

Conforme se vê no gráfico, em Suzano a distorção entre as zonas urbana e rural também está presente, pois 33,68% dos domicílios urbanos possui acesso à internet contra apenas 0,5% da zona rural.

Essa realidade existente em ambas as cidades demonstra uma seria exclusão social para os moradores da área rural que se veem privados de todos os benefícios que a internet pode oferecer.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Assim, com base nas determinações legais já apresentadas, observadas que as cidades estudadas ainda têm muito a avançar para conseguir garantir o direito legal ao acesso à internet para todos os seus cidadãos.

Na verdade essa não é uma realidade somente nas duas cidades estudadas, mas em grande parte dos municípios brasileiros.

Considerando-se que no Brasil, a internet ainda é muito cara para grande parte da população e que em muitas áreas do território nacional não há sequer infraestrutura de acesso, é preciso que os governos municipal, estadual e federal se organizem e envidem todos os

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esforços para garantir o cumprimento das metas estabelecidas no PNBL – Programa Nacional da Banda Larga, tais como massificar o acesso a serviços de conexão à Internet em banda larga, acelerar o desenvolvimento econômico e social, promover a inclusão digital, reduzir as desigualdades sociais e regionais, promover a geração de emprego e renda, ampliar os serviços de Governo Eletrônico e facilitar aos cidadãos o uso dos serviços do Estado entre outros.

Somente depois disso, o país estará apto a oferecer a educação digital em sua rede de ensino e assim permitir a todos o pleno exercício de sua cidadania.

Enquanto o acesso universal à internet não é possível e ao que parece está bastante distante de ocorrer, é imperativo que o Estado propicie meios alternativos de conexão à rede mundial de computadores aos mais necessitados, pois como vimos, trata-se de direito reconhecido cada vez mais como essencial ao pleno exercício da cidadania e ao bem estar social.

Referências

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7175.htm. Acessado em: 21.05.2017.

_______. Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014. Estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm. Acessado em: 21.05.2017.

BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico 2010: resultados da amostra – domicílios: domicílios particulares permanentes com existência de alguns bens duráveis – microcomputador. Disponível em: <http://www.cidades.ibge.gov.br/comparamun/custom.php?

lang=&lista=custom&idtema=94&codv=V10>. Acesso em: 15 de maio de 2015. BRASIL. Objetivos do desenvolvimento do Milênio. Relatório Nacional de Acompanhamento. Brasília. IPEA. 2010.

BRASIL. Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação e comunicação no Brasil: TIC domicílios e empresas 2013. Coordenação executiva e editorial, Alexandre F. Barbosa. São Paulo Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2014.

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CENTRO DE POLÍTICAS SOCIAIS da Fundação Getúlio Vargas. Mapa do acesso

domiciliar à internet. Pessoas com 15 anos mais anos de idade. Disponível em: <

http://www.cps.fgv.br/cps/telefonica/>. Acesso em: 15 de maio de 2016.

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Imagem

Figura 1. Proporção de Domicílios com Computador em 2013
Figura 2. Proporção de domicílios com acesso à internet  em 2013
Figura 3.  Domicílios com computadores e acesso à internet  em Mogi das Cruzes - 2010
Figura 4.  Domicílios com computadores e acesso à internet  em Suzano To ta l d e  do m ic ili os Do m icí lio s  na  zo na  u rb an a Do m icí lio s n a  zo na  ru ra l010.00020.00030.00040.00050.00060.00070.00080.00074.74725.179 381 Fonte: Censo/IBGE 201

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