Importância do diagnóstico laboratorial da hiperbilirrubinemia em neonatos: Revisão de literatura / Importance of laboratory diagnosis of hyperbilirubinemia in neonates: Literature review

(1)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 58601-58614 aug. 2020. ISSN 2525-8761

Importância do diagnóstico laboratorial da hiperbilirrubinemia em neonatos:

Revisão de literatura

Importance of laboratory diagnosis of hyperbilirubinemia in neonates:

Literature review

DOI:10.34117/bjdv6n8-317

Recebimento dos originais: 08/07/2020 Aceitação para publicação: 18/08/2020

Edson Barbosa de Souza

Especialista em Libras pela Faculdade Educacional da Lapa Instituição: Hospital das Clínicas de Pernambuco

Endereço: Av. Prof. Moraes Rego, 1235 – Cidade Universitária, Recife-PE, Brasil E-mail: edsonbarbosadesouza40@gmail.com

Viviane Juliana da Silva

Especialista em Saúde da Família pela Universidade de Pernambuco Instituição: Hospital das Clínicas de Pernambuco

Endereço: Av. Prof. Moraes Rego, 1235 – Cidade Universitária, Recife-PE, Brasil E-mail: vivisjds@gmail.com

Aldenize Pimentel de Souza

Especialista em Saúde Pública pela Fundação de Ensino Superior de Olinda Instituição: Universidade Federal de Pernambuco

Endereço: Av. Prof. Moraes Rego, 1235 – Cidade Universitária, Recife-PE, Brasil E-mail: nizepimentel@gmail.com

Ícaro Pedro do Nascimento

Especialista em Microbiologia Médica pela Faculdade dos Guararapes Instituição: Hospital das Clínicas de Pernambuco

Endereço: Av. Prof. Moraes Rego, 1235 – Cidade Universitária, Recife-PE, Brasil E-mail: icapropedro@hotmail.com

Ana Paula da Penha Alves

Especialista em Saúde Pública pela Faculdade de Ciências Médicas de Campina Grande Instituição: Hospital das Clínicas de Pernambuco

Endereço: Av. Prof. Moraes Rego, 1235 – Cidade Universitária, Recife-PE, Brasil E-mail: anapaula.cardio@yahoo.com.br

Andréa Patrícia Marques da Silva Souza

Instituição: Hospital das Clínicas de Pernambuco

Endereço: Av. Prof. Moraes Rego, 1235 – Cidade Universitária, Recife-PE, Brasil

Gabriel Gustavo Santana da Silva

Graduado em Farmácia pela Universidade Maurício de Nassau Pernambuco Instituição: Drogatim drogarias - Farmácia Permanente

(2)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 58601-58614 aug. 2020. ISSN 2525-8761 E-mail: ggsds@outlook.com

Nicácio de Oliveira Freitas

Doutor em Biologia de Fungos pela Universidade Federal de Pernambuco Instituição: Secretaria de Educação de Pernambuco

Endereço: Av. Prof. Moraes Rego, 1235 – Cidade Universitária, Recife-PE, Brasil E-mail: nicaciofreitas@gmail.com

RESUMO

Objetivo: Discutir a importância do diagnóstico laboratorial da hiperbilirrubinemia neonatal, bem como reconhecer sua influência para o acompanhamento clínico dos Recém Nascidos. Nesse contexto, realizou-se uma revisão de literatura para explorar a hiperbilirrubinemia e os aspectos relacionados ao diagnóstico laboratorial. Métdos: A pesquisa foi baseada no levantamento de artigos científicos publicados entre os anos 2013 à 2018 nas bases Scielo, PubMed e Bireme. Resultados e Discussão: Identificaram-se 16 artigos que atenderam aos critérios de inclusão, oito com abordagem qualitativa e oito estudos quantitativos. Observou-se que o nível sérico de BL total é uma ferramenta indispensável para o acompanhamento e identificação de possíveis casos de encefalopatia bilirrubínica, incluindo kernicterus em RN ictéricos. Constatou-se que o desenvolvimento de técnicas não-invasivas, como o método de determinação de BL transcutânea, tornou mais fácil o acompanhamento dos níveis de BL, com vantagem sobre repetidas coletas de sangue que representam risco de infecção para os RN, especialmente os prematuros. Conclusão: A partir dessa revisão integrativa da literatura foi possível confirmar a necessidade de novos métodos, que possam aferir de forma confiável o nível de BL, com menor custo e complexidade técnica, facilitando o diagnóstico de hiperbilirrubinemia e o acompanhamento dos neonatos ictéricos.

Palavras-chave: Hiperbilirrubinemia, Icterícia neonatal, Encefalopatia bilirrubínica, Kernicterus. ABSTRACT

Objective: To discuss the importance of laboratory diagnosis of neonatal hyperbilirubinemia, as well as to recognize its influence on the clinical follow-up of newborns. In this context, a literature review was conducted to explore hyperbilirubinemia and aspects related to laboratory diagnosis. Methods: The research was based on the survey of scientific articles published between the years 2013 to 2018 in the databases Scielo, PubMed and Bireme. Results and Discussion: We identified 16 articles that met the inclusion criteria, eight with qualitative approach and eight quantitative studies. It has been observed that serum total BL is an indispensable tool for monitoring and identifying possible cases of bilirubin encephalopathy, including kernicterus in jaundiced newborns. The development of non-invasive techniques, such as the transcutaneous BL method, has been found to have made it easier to follow BL levels, with the advantage of repeated blood draws that pose a risk of NB infection, especially premature infants. Conclusion: From this integrative literature review it was possible to confirm the need for new methods that can reliably measure the level of BL, with lower cost and technical complexity, facilitating the diagnosis of hyperbilirubinemia and the monitoring of jaundiced neonates.

(3)

1 INTRODUÇÃO

Dentre as disfunções metabólicas que acometem o recém-nascido (RN), a elevada concentração sérica e não fisiológica de bilirrubina (BL) é de grande importância, devido à alta incidência e por se tratar de uma situação clínica potencialmente grave em neonatos (1-2)_{. Níveis}

elevados de BL podem estar relacionados ao aumento eritrocitário associado à imaturidade hepática do RN, resultando no desequilíbrio entre a produção e a conjugação da BL. Esse desequilíbrio manifesta-se principalmente pela visualização fisiológica da icterícia neonatal, na pele e escleróticas, decorrentes de níveis séricos de BL superiores a 5 mg/dL (3-4)_.

A BL é uma substância apolar e lipolítica encontrada no plasma na forma não conjugada (indireta), sendo transportada pela albumina para o fígado até ser captada pelos hepatócitos e convertida em bilirrubina conjugada (direta), a qual é tóxica em níveis elevados (5)_{. Pigmento de}

coloração amarelada, produzido principalmente pelas hemeproteínas encontradas nas hemácias, a BL é um importante marcador bioquímico utilizado no diagnóstico e monitoramento de doenças hepáticas e hematológicas (6)_{. A concentração de BL possui um dualismo bioquímico, pois em}

concentrações moderadas é um antioxidante benéfico para os neonatos, protegendo as células do estresse oxidativo (7)_{, porém concentrações elevadas podem estar relacionadas com diversas doenças}

hepáticas, como cirrose, hepatite, cálculos biliares, além da hiperbilirrubinemia neonatal não conjugada (icterícia neonatal) (8)_.

O surgimento da hiperbilirrubinemia não conjugada em RN, a termo saudáveis, ocorre no período neonatal e atinge cerca de dois terços dos RN e dependendo da gravidade, pode ocasionar internamentos hospitalares frequentes (9)_{. Embora quase sempre benigna, a hiperbilirrubinemia em}

neonatos requer avaliação cuidadosa e monitoramento, visando identificar os RN que podem desenvolver encefalopatia bilirrubínica ou kernicterus, doenças que podem ocasionar a morte do RN (10-11)_{. A encefalopatia bilirrubínica (ECB) é uma patologia relacionada às manifestações clínicas}

agudas da toxicidade da BL nas primeiras semanas de vida, enquanto kernicterus se refere às sequelas permanentes com comprometimento representado por deficiências tênues do neurodesenvolvimento (3-8)_.

A ECB e kernicterus são condições relativamente comuns do ponto de vista epidemiológico. Fatores como a prematuridade, doenças, acidose, drogas ligadas às proteínas que concorrem com a ligação da albumina, e níveis reduzidos de albumina determinam o risco de ocorrência dessas doenças (12,13)_{. A prevenção da ECB está associada ao diagnóstico adequado, assim, o diagnóstico}

precoce é indispensável para prevenir essa situação, sendo necessário melhor conhecimento sobre a temática pela equipe multiprofissional, bem como os que estão diretamente envolvidos no

(4)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 58601-58614 aug. 2020. ISSN 2525-8761 diagnóstico laboratorial.

A investigação de hiperbilirrubinemia em neonatos inclui a avaliação do quadro clínico e os exames laboratoriais, como o doseamento da BL direta e total, fundamentado nas metodologias propostas por Malloy-Evelyn e por Sims-Horn, principal indicador de hiperbilirrubinemia grave em RN14_{. Além desse método, o uso do nomograma de dosagem de BL transcutânea também pode ser}

utilizado para prever hiperbilirrubinemia em RNs a termo e pré-termo tardios saudáveis (15,16)_.

Apesar da dosagem de BL transcutânea, ser um método menos invasivo, ainda é utilizado como procedimento de triagem.

A realização dos exames laboratoriais é imprescindível para a tomada de decisão e consequentemente tratamento do agravo. Nesse contexto, o laboratório clínico possui papel fundamental na elucidação do quadro e acompanhamento dos pacientes, uma vez que, existe a possibilidade de rápida evolução da doença, o que pode ocasionar sequelas severas ou até mesmo o óbito, por isso requer-se celeridade e precisão nas condutas clínicas (17)_.

Apesar do reconhecimento da hiperbilirrubinemia como condição frequente no período neonatal, pouca atenção tem sido dada a essa situação. Assim, a falta de diagnóstico preciso, de acompanhamento e de tratamento adequado constituem as principais causas do ressurgimento de formas graves da doença (7)_.

Este estudo teve como objetivo discutir a importância do diagnóstico laboratorial da hiperbilirrubinemia em neonatos, bem como reconhecer sua influência para o acompanhamento clínico dos RN. Nesse contexto, uma revisão de literatura que busque explorar a hiperbilirrubinemia e os aspectos relacionados ao diagnóstico laboratorial é útil para subsidiar as atividades dos profissionais envolvidos no biodiagnóstico.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo foi do tipo descritivo, quali-quantitativo, baseado nos pressupostos de uma revisão integrativa de literatura. Realizou-se uma pesquisa por meio de abordagem bibliográfica com levantamento de artigos científicos publicados, nas seguintes bases de dados: Scientific Electronic

Library Online (Scielo), US National Library of Medicine National Institutes of Health (PubMed),

Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) do Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme).

O levantamento dos artigos foi realizado utilizando-se os descritores em Ciências da Saúde (Decs): hiperbilirrubinemia, icterícia neonatal, encefalopatia bilirrubínica e kernicterus. Após o levantamento os trabalhos que não abordavam os objetivos da pesquisa foram excluídos.

(5)

O material foi selecionado conforme os seguintes critérios de inclusão: artigos indexados com texto completo que abordavam a temática em questão, trabalhos publicados no período de 2013 a 2018, estudos disponíveis em língua portuguesa e inglesa. Os critérios de exclusão consistiram em artigos repetidos nas bases de dados, artigos de opinião, artigos de reflexão, editoriais, artigos que não abordavam de forma direta o tema desta revisão, artigos disponíveis em outra língua que não a portuguesa ou inglesa.

Para melhor utilização das informações, desenvolveu-se um formulário de coleta de dados que foi preenchido para cada artigo pertencente à amostra do estudo. O formulário permitiu a obtenção de informações sobre identificação do artigo e autores, fonte de localização do estudo, características do estudo; resultados e conclusões.

3 RESULTADOS

A partir dos dados obtidos, tabelas foram elaboradas para facilitar o entendimento dos resultados para apoio das discussões. A Figura 1 descreve o processo de triagem dos artigos para esta revisão.

Figura 1. Fluxo da seleção dos estudos incluídos na revisão integrativa de acordo com as bases de dados

(6)

Após a consulta nas bases de dados seguiu-se com a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão e, posteriormente, leitura dos resumos dos artigos. A busca resultou em um total de 73 estudos, na qual 39 artigos foram considerados com potencial para inclusão no estudo. Os artigos foram lidos na íntegra e, destes, 23 foram excluídos do estudo, pois os resultados não abordavam claramente os métodos de diagnósticos laboratoriais relacionados às atividades precoces de prevenção da hiperbilirrubinemia. Assim, os artigos que atenderam os critérios foram organizados a partir de seu delineamento metodológico.

Dos 16 artigos utilizados na revisão final, oito apresentaram uma abordagem qualitativa e oito eram estudos quantitativos. A maioria dos trabalhos foi realizada por profissionais da área de pediatria, neurologia e neonatologia de Hospitais Universitários. Em relação ao idioma, foram obtidos 14 estudos (87%) na língua inglesa e 2 (13%), na portuguesa. Os estudos quantitativos estão apresentados na Tabela 1, na qual foram sintetizados quanto ao título, aos autores, ao objetivo, ao delineamento do estudo e aos resultados.

(7)

Quadro 1. Estudos quantitativos analisados na revisão

Fonte: Elaborada pelo autor

Autores/ano Objetivo Delineamento Resultados

Galvan et al., 201318 _{Determinar as causas de icterícia e analisar a}

associação entre a causa de icterícia e o nível de BLN na internação.

Estudo transversal (n=464)

A BL não conjugada foi menor em RN internados com icterícia fisiológica. A prematuridade dos pacientes esteve associada aos menores níveis de BLN.

Iskander et al., 201419 _{Avaliar a especificidade da BL total e}

BL/Albumina na detecção do

comprometimento auditivo e neurológico

Descritivo exploratório (n=193)

O nível de BLT e a razão BLT/Albumina são indicadores da neurotoxicidade. No entanto, a razão BLT/Albumina apresentou-se mais promissora na avaliação da neurotoxicidade.

Yu et al., 201415 _{Validar de forma prospectiva um nomograma}

de BL transcutânea para identificar hiperbilirrubinemia grave em neonatos a termo e pré-termo tardios saudáveis.

Estudo retrospectivo (n=9.174)

O nomograma de BL transcutânea pode ser utilizado para prever hiperbilirrubinemia grave em neonatos a termo e pré-termo tardios saudáveis. A combinação do nomograma com fatores de risco clínicos pode melhorar a precisão de predição.

Conceição et al., 201411 _{Verificar a influência do local da mensuração}

da BL transcutânea na reprodutibilidade dos resultados, comparada à BL plasmática.

Em recém-nascidos a termo sem doença hemolítica a mensuração da BL transcutânea realizada no esterno apresenta maior acurácia em relação à mensuração na fronte, quando comparada à BL sérica. Morioka et al.,

201513

Avaliar os níveis séricos de BL total (BLT) e bilirrubina não conjugada (BLN) em recém-nascidos pré-termo com Kernicterus diagnosticados por achados clínicos.

Estudo retrospectivo multicêntrico

(n=18)

Os níveis de BLT ou BLN foram definidos como séricos de BLT ⩾ e <15 mg/dL ou níveis séricos de BLN ⩾ e <0,8 μg/dL, respectivamente. O BLN pode ser útil para identificar os RN com ECP em risco de desenvolver kernicterus, mesmo quando estes não apresentam altos níveis séricos de BLT.

Mabogunje et al., 201620 _{Identificar os preditores de transfusão de}

repetição entre crianças com hiperbilirrubinemia grave.

Níveis de BL ≥ 30ml/dl foram preditivos de repetição de transfusão de troca. Os níveis séricos de BL devem ser considerados para o monitoramento da hiperbilirrubinemia e detecção de bebês com risco de repetição de transfusão de troca.

Nahar et al., 201721 _{Avaliar o método de determinação de BL}

transcutânea em comparação com a mensuração de BL sérica.

Os valores médios da BL transcutânea e sérica foram positivamente correlacionados (r = 0,93), sugerindo que o uso da BL transcutânea pode reduzir a necessidade da dosagem de BL sérica.

Berkwitt et al., 201822 Avaliar a utilidade clínica dos níveis de BL

nos pacientes reinternos após hospitalização no nascimento por hiperbilirrubinemia.

Estudo retrospectivo (n =226)

Os níveis iniciais de BL em pacientes na internação de recuperação não indicam quais necessitarão de reinternação para fototerapia repetida.

(8)

Nesta revisão, os estudos quantitativos discorreram principalmente sobre os métodos de mensuração de BL, destacando a importância da utilização desses na prevenção de hiperbilirrubinemia grave (ECP e kernicterus) em neonatos a termo e pré-termo sadios. Além disso, ressaltaram que a mensuração da BL transcutânea pode reduzir significativamente a utilização da dosagem de BL plasmática, evitando a coleta de sangue desnecessária em recém-nascidos. Os estudos selecionados também trataram da determinação da BLN, sugerindo que esta fração pode ser um preditor eficaz de hiperbilirrubinemia grave.

As revisões evidenciaram que a avaliação da bilirrubinemia é uma das estratégias mais importante no manejo da icterícia neonatal. Nesse contexto, a medição da BLT é uma ferramenta de diagnóstico de extrema relevância para identificação e monitoramento de hiperbilirrubinemia significativa e da maioria de suas complicações. Os estudos qualitativos abordaram a dosagem de BL transcutânea como método satisfatório para identificar hiperbilirrubinemia significativa.

Os estudos qualitativos incluídos no presente trabalho foram caracterizados como revisão sistemática de literatura, os quais abordaram uma ampla variedade de temas relacionados à hiperbilirrubinemia. É importante destacar que nenhum utilizou o método de revisão integrativa da literatura. Estes estudos foram sintetizados quanto aos autores, objetivo e resultados (Quadro 2).

(9)

Quadro 2. Estudos qualitativos analisados na revisão

Autores/Ano Objetivo Resultados

Watchko et al., 2014(17) _{Examinar os níveis séricos de BL e o uso dos exames}

laboratoriais na avaliação do risco de Kernicterus

A hiperbilirrubinemia em neonatos prematuros é imprevisível. Apesar da atenção dispensada aos níveis séricos de BL, a hiperbilirrubinemia kernicterus continua a ser relatada em UTIs contemporâneas.

Maisels, 2014 (16) _{Avaliar o uso rotineiro da medição de BL transcutânea} _{A medição de BL transcutânea funciona bem em ambientes ambulatoriais e}

hospitatalares. E fornece estimativa precisa dos valores de BLT, funcionando de forma satisfatória como método para identificar hiperbilirrubinemia significativa. Hulzebo e Dijk, 2014(23) _{Revisar a ligação BL-albumina, a relação BL/A e os níveis de}

BLN. Além dos níveis de BLT, para otimizar o tratamento, especialmente em bebês prematuros.

O uso da relação BL/A não é aconselhável para avaliação de prematuros. Os níveis de BLT permitem uma previsão mais precisa da toxicidade da bilirrubina.

Bhutani et al., 2016(14) _{Revisar as evidências em evolução para lesão cerebral}

induzida por BL em recém-nascidos pré-termo e destacar as que minimizam o risco de neurotoxicidade da BL.

A BL pode atuar como neurotoxina, especialmente em prematuros. O aumento do reconhecimento de sequelas neurológicas relacionadas à BL pode ser melhorado a partir de marcadores preditivos validados, como a concentração de BLT. Olds e Oghalai, 2016(24) _{Explorar os mecanismos e manifestações dos danos induzidos}

pela bilirrubina no sistema auditivo em prematuros.

As concentrações de BL não predizem as manifestações auditivas em pacientes pré-termo. A BLN apresenta melhor correlação com esse quadro clínico. No entanto, é uma ferramenta que não está prontamente disponível no cenário clínico. Sánchez-Gabriel et al., 2017(25) _{Avaliar o manejo da icterícia neonatal seguindo as}

recomendações baseadas nas evidências médicas e nas normas do Comitê da Sociedade Espanhola de Neonatologia.

A combinação da medida de BLT (realizada antes de 48 horas após o nascimento) com a idade gestacional melhora a previsão de desenvolvimento futuro de hiperbilirrubinemia grave na maioria dos recém-nascidos. O acompanhamento adequado dos níveis de BLT pode prevenir a maioria dos casos de kernicterus. Bhardwaj et al., 2017(8) _Revisar _as _evidências _para _predizer _e _prevenir

hiperbilirrubinemia grave e encefalopatia bilirrubínica e avaliar métodos não invasivos/transcutâneos para estimar o nível sérico de bilirrubina.

Maior prioridade deve ser dada aos programas universais de triagem de BL. A hiperbilirrubinemia grave pode ser prevista com precisão e evitada através da triagem de BL universal.

Olusanya et al., 2018(7) _{Resumir as evidências sobre a epidemiologia, diagnóstico e}

gestão de hiperbilirrubinemia não conjugada incluindo a prevenção de kernicterus.

A hiperbilirrubinemia apresenta consequências devastadoras em longo prazo. No entanto, o diagnóstico eficaz diminui o risco de icterícia grave e fornece acesso ao tratamento adequado.

(10)

4 DISCUSSÃO

Esta revisão integrativa concentrou-se na importância do diagnóstico laboratorial da hiperbilirrubinemia, que representa uma causa significativa de morbidade e mortalidade em todo mundo, especialmente em países em desenvolvimento (7).

O nível sérico de BL é considerado um dos indicadores clínicos da hiperbilirrubinemia, sendo uma ferramenta indispensável para o acompanhamento e identificação de possíveis casos de ECB, incluindo kernicterus em RN ictéricos (8). Entretanto, nenhuma ferramenta precisa e de fácil mensuração está atualmente disponível para avaliar a icterícia neonatal (26). Nesse sentido, pesquisadores de diversas áreas da saúde têm concentrado esforços na tentativa de desenvolver novos métodos para aplicação em laboratórios e em postos de atendimento, bem como aprimorar os já existentes. Esses esforços abrangem a mensuração de diferentes formas de BL, tais como bilirrubina não conjugada, bilirrubina conjugada e bilirrubina total (conjugada e não conjugada) que podem fornecer informações úteis para o diagnóstico de muitas doenças e distúrbios metabólicos

(8)_{. Além disso, o uso da relação BL/A também é utilizada na investigação da hiperbilirrubinemia,}

mas não é aconselhável para avaliação de prematuros (19)_.

A dosagem da bilirrubina sérica total (BLT), seguindo métodos químicos conforme demonstrado nos artigos consultados para esta revisão, continua sendo o padrão-ouro para avaliar a hiperbilirrubinemia em RN (14-21)_{. O exame da concentração de BLT geralmente é realizado para}

avaliar a função hepática, assim, RN com níveis elevados de BLT ou que apresentam nível com rápida elevação precisam ser tratados para evitar a neurotoxicidade (16). Alguns estudos descrevem que a BL pode ajudar na prevenção de lesões oxidativas, uma vez que o RN é carente em antioxidantes no início da vida. Entretanto em níveis elevados, sua toxicidade já foi amplamente comprovada (15-13- 20).

A hiperbilirrubinemia neonatal pode ser acompanhada clinicamente pelo nível de bilirrubina não conjugada (BLN), que tem se mostrado um parâmetro eficiente para avaliação de pacientes com risco de desenvolver ECB e kernicterus (18). Segundo Morioka et al. (2015) (13) níveis altos e baixos de BLT ou BLN foram definidos como níveis séricos de BLT ⩾ e <15 mg/dL ou níveis séricos de BLN ⩾ e <0,8 μg/dL, respectivamente.

O desenvolvimento de técnicas não-invasivas para dosagem da BL, como o método de determinação de BL transcutânea tornou mais fácil o acompanhamento dos níveis de BL, com grande vantagem sobre repetidas coletas de sangue que conduzem a dor e possível risco de infecção para os recém-nascidos (11)_{. Além disso, a necessidade de tratamento em prematuros tem levado à}

(11)

busca constante de métodos não invasivos. Os trabalhos analisados nessa revisão mostraram que houve boa correlação entre as dosagens transcutânea e sérica de BL (15-19-21).

Atualmente, a dosagem de BL transcutânea é amplamente utilizada em centros de parto e nos ambulatórios devido à sua natureza não invasiva, menos dispendiosa e com rápida capacidade de detecção (16). No entanto, esse método ainda é um teste de triagem e, portanto, antes do início da terapia, o resultado deve ser confirmado pelo método de dosagem sérica. Além disso, a correlação entre BLT e a BL transcutânea é afetada por vários fatores como: idade gestacional, peso do RN, cor da pele e tipos de instrumentos utilizados na determinação transcutânea (15).

Alguns pesquisadores avaliaram ainda os locais de aferição da medida transcutânea de BL em RN, além da região frontal, e sugeriram que, a mensuração da BL transcutânea realizada no esterno apresenta maior sensibilidade em relação à mensuração frontal, quando comparada à BL sérica. Possivelmente, devido à exposição contínua à luz ambiente, a medição da bilirrubina em áreas não cobertas por roupas, como a região frontal, pode apresentar valores de bilirrubina mais baixos (11)_.

Nos trabalhos inseridos nessa revisão, a ênfase é dada aos métodos e técnicas com potencial para medir o nível de BL. Nesse contexto, foi possível confirmar a necessidade de novos métodos que possam aferir de forma confiável o nível de BL, com menor complexidade técnica e custo, facilitando o diagnóstico de hiperbilirrubinemia. Espera-se que esta revisão seja útil para os pesquisadores e profissionais clínicos envolvidos no biodiagnóstico e monitoramento da hiperbilirrubinemia.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização desta revisão integrativa utilizando artigos de natureza qualitativa e quantitativa permitiu identificar as características da produção científica em relação ao diagnóstico de hiperbilirrubinemia e visualizar suas implicações no cenário de previsão de desenvolvimento futuro de hiperbilirrubinemia grave.

Conforme dados da literatura já apresentados neste trabalho, a hiperbilirrubinemia em neonatos a termo e pré-termo vem sendo investigada principalmente a partir da concentração de BL sérica, método invasivo que demanda coleta de sangue. Vários estudos têm apontado o uso de técnicas não invasivas como a dosagem de BL transcutânea como uma alternativa eficaz, uma vez que apresenta forte correlação com os resultados obtidos pelo método de mensuração sérico. Vale ressaltar que nos trabalhos consultados os dois métodos foram indicados para o monitoramento da hiperbilirrubinemia. No entanto, foi possível identificar a necessidade de novos métodos, pois

(12)

nenhuma ferramenta precisa e de fácil mensuração está atualmente disponível para avaliar a icterícia neonatal.

Este trabalho teve por finalidadade buscar evidências sobre o papel do diagnóstico para controle da icterícia em RN e fornecer informações para os profissionais que lidam com o biodiagnóstico de hiperbilirrubinemia. Cabe aos profissionais basear-se em evidências para uma prática segura, avaliando a qualidade dos estudos e sua aplicabilidade.

REFERÊNCIAS

1. Oliveira CS. Santiago DB. Valente JSP. Borja ALVF. Bernardi APB. Prevalencia dos indicadores de risco para perda auditiva nos resultados ‘Falha’ da triage auditiva neonatal. Rev. CEFAC. 2015; 17 (3):827-835.

2. Gökdoğana Ç, Gençb A, Gülbaharc Ö, Gökdoğand O, Helvacıe A, Bezginf SÜ, Memişe L. Auditory evoked potentials in a newborn Wistar rat model of hyperbilirubinemia. Braz J Otorhinolaryngol. 2016; 82 (2):144-150.

3. Icterícia Neonatal – Consensos da Sociedade Portuguesa de Neonatologia, Outubro 2013.

4. Leite ASSF. Boscia CRP. Lima DA. Simon MS. Nonato R. Matta WS. Rocha LLV. A importância dos exames laboratoriais para doenças hepáticas: Análise prévia dos resultados em um laboratório de um município do leste mineiro. Braz. J. Surg. Clin. Res. 2016; 13 (4): 52-57.

5. Fujiwara R. Mistsugi R. Uemura A. Itoh T. Tukey RH. Severe neonatal hyperbilirubinemia in chigler-najjar syndrome model mice can be reserved with zinc protoporphyrin. Hepatology communications. 2017; 1 (8): 792-802.

6. Mitra S. Rennie J. Neonatal jaundice: aetiology, diagnosis and treatment. Br J Hosp Med. 2017; 78 (12): 699-704.

7. Olusanya BO. Kaplan M. Hansen TWR. Neonatal hyperbilirubinaemia: a global perspective. Lancet Child Adolesc Health. 2018; 2 (8): 610-620.

8. Bhardwaj K. Locke T. Biringer A. Boot AK. Darling E. Dougan S. et al. Newborn bilirubin screening for preventing severe hyperbilirubinemia and bilirubin encephalopathy: a rapid review. Curr Pediatr Rev. 2017; 13 (1): 67-90.

9. Memisoglu A. Kolgazi M. Yaman A. Bahadir E. Sirvanci S. Yegen BC. Ozej E. Neuroprotecive effect of erythropoietin on phenylhydrazine-induced hemolytic hyperbulirubinemia in neonatl rats. Neurochem Res. 2017; 42 (4): 1026-1037.

10. Yang H. Wang Q. Zheng L. Zheng XB. Lin M. Zhan XF. Yang, LY. Clinical

significance of UGT1A1 Genetic Analysis in chinese neonates with severe hyperbilirubinemia. Pediatr Neonatol. 2016; 57 (4): 310-317.

11. Conceição CMD. Dornaus MFPDS. Portella MA. Deutsch ADA. Rebello CM. Influence of assessment site in measuring transcutaneous bilirubin. Einstein. 2014; 12 (1):11-15.

(13)

12. McPherson RA. Pincus MR. Diagnósticos Clínicos e tratamento por métodos laboratoriais de Henry, Edit. Manole, 21ª Edição brasileira-2012.

13. Morioka I. Nakamura H. Koda T. Sakai H. Kurokawa D. Yonetan M. et al. Serum unbound bilirubin as a predictor for clinical kernicterus in extremely low birth weight infants at a late age in the neonatal intensive care unit. Brain Dev. 2015; 37 (8): 753-757.

14. Bhutani VK. Wong RJ. Stevenson DK. Hyperbilirubinemia in preterm neonates. Clin Perinatol. 2016; 43 (2): 215-232.

15. Yu Z. Han S. Wu J. Li M. Wang H. Wang J. et al. Validation of transcutaneous bilirubin nomogram for identifying neonatal hyperbilirubinemia in healthy Chinese term and late-preterm infants: a multicenter study. J. Pediatr. 2014; 90 (2): 273-278, 2014.

16. Maisels MJ. Transcutaneous bilirubin measurement: does it work in the real world? Pediatrics. 2015; 135 (2): 364-366.

17. Watchko JF. Maisels MJ. The enigma of low bilirubin kernicterus in premature infants: why does it still occur, and is it preventable? Semin Perinatol. 2014; 38 (7): 397-406.

18. Galvan L. Oliveira M P. Farias M J. Panini, AV. Cancelier, A C L. Silva L R. Causas de icterícia em neonatos internados em hospital no sul de Santa Catarina. Arq Catarin Med. 2013; 42 (3): 47-53.

19. Iskander I. Gamaleldin. R. Houchi. S El. Shenawy. A El. Seoud I. Gharbawi N. El. Abou-Youssef, H. Aravkin A. Richard P. Serum Bilirubin and Bilirubin/Albumin Ratio as Predictors of Bilirubin Encephalopathy. Pediatr. 2014; 134 (5): 1330-1339.

20. Mabogunje CA. Emokpae AA. Olusanya BO. Predictors of repeat exchange transfusion for severe neonatal hyperbilirubinemia. Pediatr Crit Care Med. 2016; 17 (3): 231-235.

21. Nahar N. Mannan MA. Dey AC. Ahmed F. Khan KA. Jahan I. Dey SK et al. Comparison of Serum Bilirubin with Transcutaneous Bilirubinometry in Late Preterm and Term Newborn. Mymensingh Med J. 2017; 26 (3): 621-627.

22. Berkwitt A. Osborn R. Grossman M. The utility of inpatient rebound bilirubin levels in infants readmitted after birth hospitalization for hyperbilirubinemia. Hosp Pediatr. 2018; 5 (2): 74-78.

23. Hulzebos CV. Dijk P H. Bilirubin–albumin binding, bilirubin/albumin ratios, and free bilirubin levels: Where do we stand? Semin Perinatol. 2014; 38 (7): 412-421.

24. Olds C. Oghalai JS. Bilirubin-induced audiologic injury in preterm infants. Clin Perinatol. 2016; 43 (2):313-323.

25. Sánchez-Gabriel, MDSR, Castellanos, JLL, Fernández, IB, Muñuzuri, AP, Gracia, SR, Campillo, CWR. Comissão de Estándares da Sociedade Espanhola de Neonatología. Diretrizes para prevenção, detecção e manejo da hiperbilirrubinemia em recém-nascidos com 35 ou mais semanas de gestação. An Pediatr. 2017; 87 (5): 294-294.

(14)

26. Ngashangva L. Bachu V. Goswami PJ. Development of new methods for determination of bilirubin. J Pharmaceut Biomed. 2018; 162 (5): 272-285.