Plataforma multimédia na Web para a gestão colaborativa de bases de dados terminológicos
Texto
(2) ii | . . .
(3) | iii . . À minha família, aos meus amigos e ao Jorge .
(4) iv | . . .
(5) Agradecimentos | v . Agradecimentos Esta dissertação é o resultado de dois anos de trabalho e de conhecimento adquirido no decurso do Mestrado em Multimédia da Universidade do Porto. Durante este período de tempo foram criados laços de afinidade e foi revelado um estreito espírito de união, cooperação e entreajuda no seio de uma turma repleta de potencialidade, ambição e dinamismo. A todos os meus colegas com quem trabalhei de forma mais próxima, àqueles com quem trabalhei por momentos mais breves e ainda àqueles com quem não trabalhei directamente mas que estiveram sempre presentes, deixo o meu sincero agradecimento. Agradeço todo o apoio, incentivo e estímulo, principalmente nos momentos menos fáceis. Agradeço a todos os meus colegas de trabalho, docentes e não docentes, que participaram activamente neste projecto e que contribuíram para o seu desenvolvimento, a todos aqueles que me incentivaram e mostraram o seu apoio, e ainda a quem me instigou a ultrapassar os momentos mais difíceis com um sorriso. Pelas longas horas de conversas, pela preocupação sincera e pela procura incessante em ajudar, muito obrigada. À Coordenação do Centro Multimédia de Línguas, onde exerço funções, e aos órgãos executivos do ISCAP agradeço o apoio demonstrado e as condições que proporcionaram para que este projecto pudesse ser realizado. Agradeço à minha família, em particular aos meus pais e irmã, toda a confiança depositada em mim e a compreensão e tolerância demonstradas pela minha ausência em momentos mais complicados. Agradeço ainda o respeito incondicional que mostraram pelas opções académicas e profissionais que tomei ao longo da vida sem tentarem interferir ou impor vontades pessoais. A todos aqueles que estão comigo nos bons e maus momentos, deixo o meu reconhecimento e o compromisso de amizade. Ao meu orientador, o Eng.º Isidro Vila Verde, pelo seu apoio, presença, disponibilidade e paciência constantes e incondicionais e, acima de tudo, pela confiança em mim depositada deixo um profundo agradecimento e reconhecimento. O seu valioso empenho e envolvimento neste projecto revelaram‐se fundamentais. Por fim, agradeço ao Jorge a confiança incondicional e a convicção inabalável demonstradas mesmo nos momentos de maior pressão, bem como a voluntariedade no apoio a todas as tarefas que me proponho a realizar. A ele agradeço porque nunca duvidou ou hesitou. .
(6) vi | Resumo . Resumo O ensino tradicional tem vindo a ser, senão substituído, pelo menos complementado por metodologias assentes na inovação tecnológica. O desafio está no aproveitamento adequado de todas as ferramentas que advêm de sistemas de informação e comunicação como a Internet ou aplicações locais dedicadas a áreas de conhecimento específicas. Tanto no contexto educativo como no contexto profissional da Tradução é perceptível uma adaptação gradual a este novo desafio, essencialmente na adopção de novos recursos e uma aposta na renovação de estratégias e de meios. Partindo destes princípios, propõe‐se um protótipo de plataforma multimédia na Web para a gestão colaborativa de bases de dados terminológicas, e sua eventual aplicação prática no contexto educativo da Tradução, cujo desenvolvimento assenta em tecnologias livres, de código aberto, já firmemente implementadas e bastante desenvolvidas. A eventual disponibilização da plataforma no contexto educativo contribuiria para um ambiente de . aprendizagem cada vez mais dinâmico, integrando as vertentes virtual e presencial, a ciência e a técnica, o saber‐saber e o saber‐fazer. A plataforma desenvolvida assenta no conceito de Web 2.0 e tem como objectivo principal ser disponibilizada ao maior número de utilizadores possível, independentemente do sistema operativo ou restrições existentes no computador de trabalho que possuam. Nesta dissertação são apresentadas as motivações que levaram à sua realização, é analisado o estado da arte na área de engenharia de software aplicada à gestão colaborativa de terminologia, definem‐se as metodologias de investigação, os moldes de desenvolvimento, as tecnologias utilizadas e perspectiva‐se o possível desenvolvimento e adequação da plataforma para uma eventual aplicação prática. . .
(7) Abstract | vii . Abstract The traditional teaching process is being, if not replaced, at least complemented by methodologies based on technological innovation. The challenge lies on the adequate and optimal use of all the tools provided by the information and communication systems, such as the Internet or local applications dedicated to specific knowledge areas. Regarding both the educational context of Translation, and the professional one, one can perceive a gradual adaptation to this new challenge, mainly as far as the adoption of new resources or the renewal of existing strategies and means are concerned. With these principles in mind, this study puts forward a prototype for a Web multimedia platform that allows the collaborative management of terminology with special focus on its practical application in an educational environment. The development of the platform is based on free, open source, firmly implemented and fully developed technologies. Its possible release in the educational context would allow an ever more dynamic teaching and learning environment, by integrating distance and in‐class learning, science and technique, knowledge and know‐how. The developed platform is based on the Web 2.0 concept and its main purpose is to be made available to the largest possible number of users, regardless of the operating system or ant restrictions pertaining to the working computer they possess. In summary, in this dissertation the motivations that led to its production are presented; then the state of the art regarding software engineering applied to collaborative terminology management is analysed and the investigation methodologies are defined, as well as the development frameworks and used technologies. Finally, a possible development and adjustment scope for an eventual practical application is suggested. .
(8) viii | Abstract . . .
(9) Índice | ix . . Índice Índice 0 Glossário de siglas e acrónimos ................................................................................................ xvii 1 Capítulo I ‐ Introdução .................................................................................................................. 1 1.1 . Contextualização .......................................................................................................... 3 . 1.2 . Motivação ..................................................................................................................... 4 . 1.3 . Objectivos ..................................................................................................................... 5 . 1.4 . Anteproposta para uma metodologia de investigação .............................................. 8 . 1.5 . Estrutura da Dissertação ............................................................................................. 10 . 2 Capítulo II – Estado da arte ......................................................................................................... 13 2.1 . Web .............................................................................................................................. 14 2.1.1 DicMil – Dicionário de Termos Militares do Exército .............................................. 14 2.1.2 e‐Termos ................................................................................................................... 16 2.1.3 GLOBS ....................................................................................................................... 17 2.1.4 Wiktionary ................................................................................................................. 19 . 2.2 . Software ...................................................................................................................... 20 . 2.2.1 SDL MultiTerm ......................................................................................................... 20 2.3 . Conclusões ................................................................................................................... 23 . 3 Capítulo III – Metodologias de Investigação ............................................................................. 25 3.1 . Tipo de metodologia .................................................................................................. 26 . 3.1.1 Método Quantitativo e Método Quantitativo ........................................................ 27 3.2 . Abordagem ................................................................................................................. 28 . 3.2.1 Estudo de Mercado (Survey) e Pesquisa – Acção ................................................. 28 3.3 . Técnicas de recolha de dados .................................................................................... 29 . 3.3.1 Inquérito .................................................................................................................. 29 3.3.2 Análise dos resultados obtidos ............................................................................... 30 3.3.3 Análise de Documentos .......................................................................................... 34 .
(10) x | Índice . 4 Capítulo IV – Desenvolvimento e implementação da plataforma ........................................... 37 4.1 . Metodologia utilizada ................................................................................................. 40 . 4.1.1 Metodologia ágil de desenvolvimento .................................................................. 40 4.2 . O processo de desenvolvimento ............................................................................... 42 . 4.2.1 Análise de requisitos ............................................................................................... 43 4.2.2 Tecnologia ................................................................................................................ 43 4.2.3 Funcionalidades ....................................................................................................... 44 4.2.4 Actores e níveis de permissão ................................................................................ 46 4.3 . Estudo e proposta de sistema .................................................................................... 48 . 4.3.1 CMS .......................................................................................................................... 48 4.3.2 Wiki ........................................................................................................................... 49 4.3.3 RIA (Rich Internet Application) ............................................................................... 51 4.3.4 Bibliotecas de JavaScript ........................................................................................ 53 4.4 . Decisão ........................................................................................................................ 53 . 4.5 . Arquitectura ................................................................................................................ 54 . 4.5.1 Tecnologia do lado do cliente ................................................................................. 54 4.5.2 Tecnologia do lado do servidor .............................................................................. 58 4.5.3 Servidor Web ............................................................................................................ 61 4.5.4 Middleware .............................................................................................................. 63 4.5.5 Bases de dados relacionais ..................................................................................... 68 4.5.6 Utilização simultânea de PHP e MySQL ................................................................. 70 4.6 . Arquitectura e modelo de dados ................................................................................ 71 . 4.6.1 Modelo Conceptual de Dados (MCD) ...................................................................... 71 4.6.2 Modelo Lógico de Dados (MLD) ............................................................................. 72 4.6.3 Modelo Físico de Dados (MFD) .............................................................................. 72 4.6.4 Regras de Edgar Frank Codd ................................................................................... 73 4.6.5 Estruturação da base de dados .............................................................................. 76 4.7 . Modulação da plataforma ........................................................................................... 81 .
(11) Índice | xi . 4.7.1 Codificação da plataforma ....................................................................................... 81 4.8 . A plataforma ............................................................................................................... 98 . 4.8.1 O nome .................................................................................................................... 98 4.8.2 O logótipo ................................................................................................................ 99 4.8.3 Navegação .............................................................................................................. 101 4.8.4 Resolução ............................................................................................................... 101 4.8.5 Exploradores .......................................................................................................... 105 4.9 . Testes/detecção de erros .......................................................................................... 106 . 4.10 Pré‐produção ............................................................................................................. 107 5 Capítulo V – Perspectivas de trabalho futuro .......................................................................... 109 5.1 . Objectivos propostos ................................................................................................ 109 . 5.2 . Implementação .......................................................................................................... 109 . 5.3 . Integração .................................................................................................................. 110 . 5.4 . Adequação .................................................................................................................. 111 . 5.5 . Conclusões .................................................................................................................. 112 . 6 Capítulo VI – Considerações finais............................................................................................. 115 7 Capítulo VII – Bibliografia .......................................................................................................... 117 7.1 . Bibliografia .................................................................................................................. 117 . 7.2 . Fontes electrónicas ................................................................................................... 120 . 8 Capítulo VIII – Anexos ............................................................................................................... 127 8.1 . Anexo A – Questões colocadas no inquérito efectuado ......................................... 129 . 8.2 . Anexo B1a – Relatório geral ...................................................................................... 134 . 8.2.1 Número de respostas completas vs. número de respostas incompletas ........... 134 8.2.2 Localização geográfica dos inquiridos .................................................................. 134 8.3 . Anexo B2 – Relatório de respostas à Questão n.º 1 ................................................. 135 . 8.4 . Anexo B3 – Relatório de respostas à Questão n.º 2 ................................................. 136 . 8.5 . Anexo B4 – Inquérito: Relatório de respostas à Questão n.º 3 ............................... 137 . 8.6 . Anexo B5 – Inquérito: Relatório de respostas à Questão n.º 4 ............................... 138 .
(12) xii | Índice . 8.7 . Anexo B6a – Inquérito: Relatório de respostas à Questão n.º 5 ............................. 139 . 8.7.1 Valores Sim/Não...................................................................................................... 139 8.8 . Anexo B6b – Inquérito: Relatório de respostas à Questão n.º 5 ............................. 139 . 8.8.1 Outra opção: Discriminação. .................................................................................. 139 8.9 . Anexo B7 – Inquérito: Relatório de respostas à Questão n.º 6 .............................. 140 . 8.10 Anexo B8 – Inquérito: Relatório de respostas à Questão n.º 7 ............................... 141 8.11 Anexo B9 – Inquérito: Relatório de respostas à Questão n.º 8 ............................... 142 8.12 Anexo B10 – Inquérito: Relatório de respostas à Questão n.º 9 ............................. 143 8.13 Anexo B11 – Inquérito: Relatório de respostas à Questão n.º 10 ............................. 144 8.14 Anexo C – Paleta de cores seguras para a Web ....................................................... 145 8.15 Anexo D – Índice de utilização dos vários exploradores nos últimos anos (tabela completa) .................................................................................................................. 146 8.16 Anexo E – Inquérito a apresentar aos utilizadores após uma sessão experimental da plataforma ............................................................................................................ 148 . .
(13) Índice de Figuras | xiii . . Índice de Figuras . Figura 1 ‐ Interface do IATE ....................................................................................................... 14 Figura 2 ‐ Estrutura do Dicionário de Termos Militares do Exército ....................................... 16 Figura 3 ‐ Página inicial da plataforma e‐Termos ...................................................................... 17 Figura 4 ‐ Página Web inicial da plataforma GLOBS ................................................................. 18 Figura 5 ‐ Página inicial do Wiktionary ...................................................................................... 19 Figura 6 ‐ Texto introdutório do Wikcionário .......................................................................... 20 Figura 7 ‐ Interface do software SDL MultiTerm Desktop 2009 ................................................ 21 Figura 8 ‐ Configuração geral do SDL MultiTerm Server .......................................................... 22 Figura 9 ‐ Evolução da Web ...................................................................................................... 38 Figura 10 ‐ Interacção simples com um servidor Web ............................................................ 39 Figura 11 ‐ Triângulo de projecto .............................................................................................. 42 Figura 12 ‐ Metodologia de desenvolvimento adoptada ........................................................ 43 Figura 13 ‐ Progressive enhancement ........................................................................................ 56 Figura 14 ‐ Exemplo de código HTML utilizado na plataforma ............................................... 57 Figura 15 ‐ Desenvolvimento em três camadas ....................................................................... 59 Figura 16 ‐ Arquitectura de uma aplicação Web ...................................................................... 61 Figura 17 ‐ Índice de utilização de servidores Web ................................................................. 62 Figura 18 ‐ Exemplo de código PHP embebido em código HTML (ficheiro: checklogin.php)65 Figura 19 ‐ Código fonte (ficheiro: checklogin.php) ................................................................ 65 Figura 20 ‐ Visualização no explorador Web (ficheiro: checklogin.php) ................................ 66 Figura 21 ‐ Interacção entre computador local e servidor Web (com e sem ficheiros PHP) 67 Figura 22 ‐ Tipos de motores de armazenamento disponíveis numa base de dados MySQL ................................................................................................................................................... 69 .
(14) xiv | Glossário de siglas e acrónimos . Figura 23 ‐ Utilização da função mysql_connect() em PHP para ligação à base de dados MySQL .............................................................................................................................. 71 Figura 24 ‐ Pormenor do mapa de relações com relações do tipo um‐para‐muitos ............. 76 Figura 25 ‐ Mapa de relações da base de dados ...................................................................... 77 Figura 26 ‐ Fluxograma de pedido de um novo registo .......................................................... 83 Figura 27 ‐ Fluxograma do processo de pedidos de acesso ................................................... 84 Figura 28 ‐ Estrutura de controlo if… else ......................................................................... 85 Figura 29 ‐ Sintaxe de um ciclo while(); ............................................................................ 86 Figura 30 ‐ Logótipo da plataforma ......................................................................................... 99 Figura 31 ‐ Logótipo de cor bordeaux ..................................................................................... 100 Figura 32 ‐ Logótipo de cor verde ........................................................................................... 100 Figura 33 ‐ Comparação entre área total e área útil de um monitor com resolução de 1024 x 768 pixéis ....................................................................................................................... 103 Figura 34 ‐ Contraste entre proporções de monitores de diferentes resoluções ............... 104 . .
(15) Índice de Tabelas | xv . . Índice de Tabelas Tabela 1 ‐ Categorização dos métodos de investigação e suas características gerais .......... 26 Tabela 2 ‐ Plataformas mencionadas no inquérito e respectivo número de referências ...... 31 Tabela 3 ‐ Funcionalidades apontadas pelos inquiridos por ordem de relevância ............... 44 Tabela 4 ‐ Paralelismo entre utilizadores em ambiente educativo e ambiente profissional 48 Tabela 5 ‐ Dados sobre a activação de JavaScript nos exploradores Web ............................55 Tabela 6 ‐ Tabela de cores utilizadas no logótipo e respectivas referências por sistema de cor ................................................................................................................................... 100 Tabela 7 ‐ Índice de resoluções de monitores mais utilizadas .............................................. 102 Tabela 8 ‐ Comparação entre área total e área útil de um monitor de acordo com a resolução ........................................................................................................................ 103 Tabela 9 ‐ Índice de utilização dos vários exploradores nos últimos anos ........................... 105 .
(16) xvi | . . .
(17) Glossário de siglas e acrónimos | xvii . . 0. Glossário de siglas e acrónimos . 1FN Primeira Forma Normal 2FN Segunda Forma Normal 3FN Terceira Forma Normal AJAX Asynchronous JavaScript And XML API Application Programming Interface ASP Active Server Pages AVI Audio Video Interleave BCNF Forma Normal de Boyce/Codd CMS Content Management System CMYK Cian, Magenta, Yellow e Black CSS Cascade Style Sheet CSV Comma Separated Values DOM Document Object Model DHTML Dynamic Hypertext Markup Language FLV Flash Video GIF Graphics Interchange Format GNU GNU's not Unix HSB Hue, Saturation and Brightness HTML Hypertext Markup Language HTTP Hypertext Transfer Protocol IMAP Internet Message Access Protocol JPG Joint Photographic Experts Group JSP JavaServer Pages Lab Lightness, chroma A and chroma B .
(18) xviii | Glossário de siglas e acrónimos . MP3 MPEG‐1/2 Audio Layer 3 . . MPEG Moving Picture Experts Group MSDE Microsoft SQL Server 2000 Desktop Engine LDAP Lightweight Directory Access Protocol PHP PHP: Hypertext Preprocessor PNG Portable Network Graphics RGB Red, Green and Blue RIA Rich Internet Application RTF Rich Text Format SGBDR Sistema de Gestão de Bases de Dados Relacionais SQL Structured Query Language SWF Shockwave Flash USB Universal Serial Bus W3C World Wide Web Consortium WAV Waveform audio format WMA Windows Media Audio WMV Windows Media Video WWW World Wide Web XAMPP XML, Apache, MySQL, PHP e Perl XML eXtensible Markup Language XLSX Microsoft Excel 2007 spreadsheet document . . . . .
(19) Capítulo I ‐ Introdução | 1 . 1. Capítulo I ‐ Introdução . The fruits of tomorrow are in the seeds of today. Autor desconhecido . É inegável a relevância da utilização da tecnologia no processo de ensino‐aprendizagem. Do retroprojector aos quadros interactivos, passando pelo computador pessoal e pela Internet, a preponderância de equipamento tecnológico enraizou‐se na vida académica, tendo sentido forte impulso ao longo da última década. A multimédia emergiu, no decorrer desse tempo, como recurso coerente no ensino, e os seus ambientes incluem formas tão vastas como ensino em ambiente virtual, plataformas de simulação na aprendizagem de determinadas competências, cursos electrónicos presenciais e a distância, portefólios digitais, ou apresentações electrónicas e o seu impacto no processo de ensino‐aprendizagem é, hoje, amplamente reconhecido. Mayer (2005) [38.] formula mesmo aquela a que chama a hipótese da aprendizagem multimédia, hipótese esta baseada na seguinte proposição: “There is reason to believe that – under certain circumstances – people can learn more deeply from words and pictures than from words alone.” As áreas da Tradução e da Linguística não escapam a esta (r)evolução, sendo já a multimédia parte integrante da construção do saber‐saber por parte dos formandos de todos os níveis de ensino, dotando‐os de novas apetências e levando‐os à formação em campos não previstos nos seus horizontes académicos há algumas décadas atrás. Longe vai o tempo em que o tradutor e/ou o escritor recorriam apenas aos seus dicionários de papel, prontuários ou guias de estilo para fazer o seu trabalho, ou, na falta destes recursos, se deslocavam à biblioteca em busca de fontes adicionais. Actualmente, é comum ver o ambiente de trabalho do tradutor constituído por um computador pessoal ligado permanentemente e com ligação de banda larga à Internet, dois monitores, dois ou mais programas de tradução assistida por computador em todas as suas vertentes a serem executados em simultâneo e em reciprocidade, e um telemóvel sempre por perto para contactar especialistas das diversas áreas de conhecimento a qualquer hora. .
(20) 2 | Capítulo I ‐ Introdução . A solução mais frequente no mercado de trabalho/profissional da tradução passa pela compra de ferramentas proprietárias. Por outro lado, ao quererem simular um ambiente empresarial nas suas salas de aula (ou nos seus laboratórios multimédia, mais comuns hoje no ensino da Linguística e da Tradução), o custo financeiro dessas aplicações pode tornar‐se insuportável para instituições de ensino, principalmente as de natureza pública e aquelas de parcos recursos financeiros. Além disso, não é invulgar que tais ferramentas tenham inerentemente um elevado grau de complexidade, quer por altura da sua instalação, quer na sua utilização quotidiana. Na verdade, um tradutor com formação em Humanidades e em Línguas dificilmente saberá por que razão a actualização de uma determinada versão de Java não permite que o seu software (de custos avultados) continue a funcionar normalmente e, mais dificilmente, saberá resolver o problema. Este facto é igualmente aplicável à gestão de terminologia. Neste caso, são já várias as propostas alternativas ao software proprietário existente no mercado e estas surgem, essencialmente, na Web. No entanto, as alternativas existentes baseiam‐se na partilha de informação e não na colaboração da construção de conhecimento e o actual cenário tecnológico associado à área da tradução e da terminologia revela uma forte lacuna na oferta de aplicações/plataformas vocacionadas para o ensino‐aprendizagem nesta área. Na sequência de uma análise aprofundada do estado da arte da tecnologia aplicada à tradução, propõe‐se a construção de uma plataforma multimédia na Web para a gestão colaborativa de bases de dados terminológicas e perspectiva‐se a sua aplicação prática no contexto educativo da tradução. A relevância da construção de tal plataforma é corroborada por um breve estudo elaborado com base num inquérito apresentado a docentes, discentes e profissionais da área de tradução. As respostas permitem não só detectar as vantagens e expectativas como também as fragilidades e reservas relativamente a uma plataforma Web de gestão colaborativa de terminologia. Há uma tentativa de responder aos requisitos colocados, bem como de superar as compreensíveis reservas sobre o ainda frágil universo do trabalho colaborativo através da criação de um ambiente de colaboração, embora controlado, da utilização de tecnologia livre, mas consolidada, e da disponibilização de uma ferramenta cujo controlo de qualidade esteja sempre presente, quer seja pela presença de especialistas em diversas áreas de conhecimento, bem como de docentes altamente qualificados e com larga experiência no ensino‐ aprendizagem da tradução. .
(21) Capítulo I ‐ Introdução | 3 . Numa perspectiva de trabalho futuro são propostas várias linhas de conduta que apenas agora se começam a coser, ligando essencialmente as instituições de formação superior em tradução. . 1.1 Contextualização Actualmente, é escasso (embora não inexistente) o recurso do tradutor profissional a fontes e referências bibliográficas em papel e raramente, também, recorre ao papel para transcrever o texto de chegada. O seu ambiente de trabalho é invariavelmente constituído por uma panóplia de equipamentos electrónicos, entre os quais o computador pessoal ligado permanentemente e com ligação de banda larga à Internet, um scanner com reconhecimento óptico de caracteres, um disco externo ou uma caneta USB, várias aplicações electrónicas de tradução assistida por computador a ser executadas em simultâneo e cujas janelas abertas se estendem por dois monitores. O formato de eleição para a entrega do trabalho final é, frequentemente, o correio electrónico ou o suporte digital. A presença da multimédia na área de gestão terminológica é também significativa. No final da década de 90 do século XX, os dicionários de editoras de renome começaram a publicar, juntamente com o dicionário de papel, um CD‐ROM com a versão digital ilustrada e com possibilidade de ouvir a pronunciação do termo. Na verdade, remonta já à década de 60 do século XX a ligação entre a terminologia e a informática. Esta ligação visa a facilitação do armazenamento e a difusão de dados terminológicos na criação e gestão de grandes bases de dados terminológicas especializadas. A integração entre estas duas áreas tornou‐se de tal forma sólida e potencial que a mesma deu origem ao neologismo terminótica (Almeida et. al 2006) [2.], um novo conceito que inaugura um novo paradigma metodológico nas pesquisas terminológicas. O estudo e o trabalho terminológico pressupõem, hoje, a existência de um conjunto de procedimentos automatizados ou semi‐automatizados que contribuam para um apoio activo às tarefas envolvidas neste processo, como por exemplo a criação e constante actualização de bases de dados, a normalização terminológica, a inclusão de termos em ontologias ou mapas conceptuais ou a difusão de informação para interligação com outras aplicações e/ou utilizadores. .
(22) 4 | Capítulo I ‐ Introdução . Porém, a normalização de bases de dados terminológicas torna‐se bastante difícil, pois a evolução linguística não consegue acompanhar o rápido avanço tecnológico. Ao longo dos últimos anos, a língua portuguesa tem vindo a sofrer fortes, e até violentas, influências de estrangeirismos, especialmente de anglicismos. Há uma tendência generalizada para institucionalizar a terminologia técnica numa só língua de modo a facilitar a comunicação entre profissionais de diversas nacionalidades. No entanto, tal empobrece a língua com a agravante de se incorrer no risco de marginalizar leitores que não estejam familiarizados com o texto ou com a temática em causa. Assim, torna‐se imperativo que tradutores, terminólogos e especialistas em textos técnicos e científicos tomem iniciativas de recolha de informação terminológica nas várias áreas com o objectivo de catalogar e normalizar bases de dados específicas da língua portuguesa. Esta iniciativa, como tantas na área da tradução técnica, não pode estar dissociada de uma estreita colaboração com especialistas das mais diversas áreas, o que neste caso concreto significa a colaboração com especialistas em tecnologias da informação e da comunicação. . 1.2 Motivação A criação e gestão terminológicas são parte integrante e fundamental do processo tradutivo. No entanto, as ferramentas consolidadas no mercado para este efeito são escassas, proprietárias e implicam uma curva de aprendizagem acentuada. A aplicação de referência em gestão terminológica, tanto para profissionais como para docentes da área, é o SDL MultiTerm [114.], software desenvolvido apenas para o sistema operativo Windows que pressupõe uma instalação local e requer licenciamento mono‐utilizador, isto é, as licenças apenas podem ser utilizadas numa determinada máquina (o preço unitário por licença é aproximadamente €485). O SDL MultiTerm suporta a edição colaborativa de bases de dados terminológicas, mas tal exige a instalação centralizada de um servidor que não dispensa a aquisição das licenças por parte dos computadores‐cliente e obriga à aquisição de uma licença adicional para o servidor. A compra de um servidor MultiTerm já inclui um determinado número de licenças, mas o acesso a esse servidor é limitado em número de ligações simultâneas. O ensino de ferramentas de gestão terminológica é parte integrante do programa de algumas unidades curriculares ligadas à Tradução e tal implica um avultado investimento financeiro em software para as instituições de ensino, nomeadamente as de natureza pública. Um exemplo destas instituições é o ISCAP, Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto. A .
(23) Capítulo I ‐ Introdução | 5 . Licenciatura em Assessoria e Tradução e o Mestrado em Tradução e Interpretação Especializadas fundamentaram, até à data, a aquisição de 55 licenças do software profissional SDL MultiTerm da SDL TRADOS. Se por um lado esta instituição pode contar com a compreensão dos seus órgãos de gestão relativamente às necessidades inerentes à leccionação destes cursos, outras instituições haverá que, independentemente da disponibilidade e aceitação dos seus órgãos de gestão, não possuem financiamento suficiente para a aquisição de software. O mesmo acontece com a comunidade discente. Adquirir software profissional pode não estar ao alcance de todos os alunos, nomeadamente aqueles de classes sociais menos favorecidas ou mesmo de discentes não trabalhadores que não pretendam imputar mais uma despesa aos seus encarregados de educação. Assim, a motivação para o desenvolvimento deste projecto nasce de um conjunto de factores, sendo que a principal está intrinsecamente ligada à utilidade que uma plataforma Web de trabalho colaborativo poderá desempenhar no processo de ensino‐aprendizagem de unidades curriculares ligadas às áreas de Línguas e Tradução. Globalmente, foram factores decisivos: •. Disponibilizar uma solução acessível a qualquer utilizador, independentemente do tipo de máquina, sistema operativo, explorador Web ou outras condicionantes; . •. Promover a interactividade entre professores, alunos e especialistas através de uma plataforma de trabalho colaborativo; . •. Reduzir custos na implementação de novas metodologias de ensino‐aprendizagem; . •. Permitir a partilha pública do conhecimento produzido. . . 1.3 Objectivos O objectivo primário deste projecto assenta no conceito “plataforma multimédia na Web para a gestão colaborativa de bases de dados terminológicas: aplicação prática no contexto educativo da tradução.” Nenhuma das ferramentas electrónicas disponíveis (sejam elas aplicações locais ou plataformas na Internet) prevê a formação académica de que a comunidade profissional é alvo antes de ingressar no mercado de trabalho. Ferramentas electrónicas que prevejam a construção de um saber, como o software de tradução assistida por computador, permitem armazenar dados que facilitem um trabalho futuro (como o alinhamento de textos, a construção de memórias de tradução ou a criação de bases de dados terminológicas). No .
(24) 6 | Capítulo I ‐ Introdução . entanto, e uma vez que não estão originalmente vocacionadas para o ensino, estas ferramentas não ponderam o papel do professor e do especialista, actores preponderantes em todo o processo terminológico e a quem cabe, em última instância, assegurar a qualidade do trabalho produzido. Mas se, por um lado, o objectivo primário do desenvolvimento desta plataforma é servir propósitos educativos, por outro não se restringe a ele. A utilização desta plataforma poderá eventualmente ser aplicável também no contexto profissional da tradução como solução a implementar por pequenas empresas ou trabalhadores independentes com baixos recursos financeiros. A projecção de uma plataforma de gestão terminológica que contribua equitativamente para a formação académica superior e para a produtividade profissional poderá ser contraditória pois a finalidade de ambas as actividades é distinta. O rumo a tomar tem como meta atingir objectivos que satisfaçam, primordialmente, a área do ensino e apenas secundariamente a área profissional. Idealmente, o resultado servirá propósitos complementares. Assim, os seguintes objectivos foram considerados essenciais aquando da projecção da plataforma: •. criação de glossários; . •. definição de obrigatoriedade de preenchimento de um determinado campo; . •. distinção entre sublínguas, por exemplo: Português (Portugal) ou Português (Brasil); . •. fácil usabilidade da plataforma (interface intuitivo); . •. inserção automática da classe gramatical do termo; . •. inserção de conteúdo multimédia; . •. possibilidade adicionar várias línguas ao mesmo glossário; . •. possibilidade de contactar criadores e gestores para colocar dúvidas ou sugerir alterações; . •. registo e gestão de utilizadores com vários níveis de permissão. . Um objectivo mais abrangente, mas confluente aos acima propostos, é manter o desenvolvimento da plataforma a longo prazo. Isto permitirá a adequação da plataforma a .
(25) Capítulo I ‐ Introdução | 7 . várias actividades, bem como o seu aperfeiçoamento e desenvolvimento de novas funcionalidades que facilitem o processo tradutivo. Ainda que numa fase posterior do desenvolvimento da plataforma, são também objectivos: •. consulta do registo de alterações efectuadas num determinado termo; . •. criação de vários níveis hierárquicos na estrutura da árvore da base de dados terminológica; . •. desenvolvimento de um módulo de avaliação do aluno; . •. disponibilização de glossários criados a utilizadores visitantes (não registados) apenas para consulta; . •. existência de vários níveis de permissão; . •. exportação de bases de dados terminológica (para um ficheiro *.csv, *.xlsx, *.xml ou outro); . •. importação de bases de dados terminológicas (de um ficheiro *.csv, *.xlsx, *.xml ou outro); . •. integração da plataforma com outras ferramentas existentes no computador (editor de texto, editor de apresentações, folha de cálculo, etc.); . •. transcrição sonora (pronunciação) do termo; . •. registo de alterações efectuadas por utilizadores; . •. registo do tempo dispendido por utilizador em tempo útil de trabalho. . O objectivo final deste projecto consiste em disponibilizar uma ferramenta de trabalho que permita a aprendizagem e a construção de um saber‐saber na área da gestão terminológica aliada ao contexto da tradução na actual sociedade de informação. A versatilidade e usabilidade da plataforma serão factores fulcrais a ter em conta, bem como a sua disponibilização ao maior número de pessoas possível. O ponto de partida é o conceito de Web 2.0 e tem como fio condutor a noção de trabalho colaborativo e partilha de conhecimento sem esquecer a sua adequação à evolução tecnológica não só da Web como de todo o espectro que a envolve. .
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