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Desempenho motor de crianças do programa segundo tempo federal em um município da Região do Cariri, Ceará

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

DESEMPENHO MOTOR DE CRIANÇAS DO PROGRAMA

SEGUNDO TEMPO FEDERAL EM UM MUNICÍPIO DA

REGIÃO DO CARIRI, CEARÁ

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DO DESPORTO

ESPECIALIZAÇÃO EM AVALIAÇÃO E PRESCRIÇÃO NA ATIVIDADE FÍSICA

FRANCISCO CRISTIANO DA SILVA SOUSA

Orientadora: Prof.ª Doutora Maria Isabel Martins Mourão Carvalhal

     

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

DESEMPENHO MOTOR DE CRIANÇAS DO PROGRAMA

SEGUNDO TEMPO FEDERAL EM UM MUNICÍPIO DA

REGIÃO DO CARIRI, CEARÁ

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DO DESPORTO

ESPECIALIZAÇÃO EM AVALIAÇÃO E PRESCRIÇÃO NA ATIVIDADE FÍSICA

FRANCISCO CRISTIANO DA SILVA SOUSA

Orientadora: Prof.ª Doutora Maria Isabel Martins Mourão Carvalhal

     

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Esta dissertação foi expressamente elaborada como parte integrante do processo de avaliação do curso de 2º Ciclo (Mestrado) em Ciências do Desporto, Especialização em Avaliação e Prescrição na Atividade Física.

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À minha mãe Emília e ao meu pai Francisco, que transformaram seu semianalfabetismo em sabedoria para formar seus filhos professores.

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Já não me preocupo se eu não sei por quê Às vezes o que eu vejo quase ninguém vê E eu sei que você sabe, quase sem querer Que eu vejo o mesmo que você Tão correto e tão bonito O infinito é realmente Um dos deuses mais lindos Sei que às vezes uso Palavras repetidas Mas quais são as palavras Que nunca são ditas?

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AGRADECIMENTOS

Para a realização desta etapa da minha vida, que culmina com a conclusão deste trabalho, contei com a inestimável ajuda de várias pessoas que contribuíram das mais diversas formas para que eu pudesse alcançar esse resultado, a quem devo agradecimentos e reconhecimento pelo apoio recebido, como a seguir:

Ao ex-aluno que se tornou grande amigo, Paulo Henrique Sousa, que, sedento por cursar um mestrado, descobriu e partilhou a possibilidade dos estudos na UTAD. Hoje temos a certeza de que abrimos os caminhos de Portugal para diversos colegas dos Sertões de Quixadá e Quixeramobim.

Aos ex-alunos e agora amigos Patrícia Queiroz, Marcelo Barros, Erisvan Demones e ao amigo professor Ítalo Robert, que embarcaram junto comigo e Paulo Henrique nos estudos em terras lusitanas. A presença de vocês foi essencial nos momentos vividos em Portugal, especialmente os de saudade e melancolia nos alojamentos da UTAD.

Ao professor Doutor Victor Reis, pela forma segura de propagar a imagem da UTAD no Brasil, mostrando como é uma universidade respeitada e que seu mestrado é reconhecido no Brasil.

Ao professor Doutor Francisco Saavedra, um verdadeiro “gentleman” que acolhe e orienta a todos nós brasileiros sempre com um sorriso no rosto e um verdadeiro desejo de ajudar. Saber que podíamos contar com sua ajuda sempre nos deu segurança para seguirmos com os estudos.

Ao meu irmão Camelo Júnior e minhas irmãs Francimary e Francimília. Saibam que o que sou, em grande parte, é fruto do convívio e dos aprendizados que tive com vocês, através das conversas e dos exemplos de vida dados por cada um.

Aos amigos professores Regilane Matos, Nilson Vieira e Patrícia Feitosa, que contribuíram desde a elaboração do projeto e nortearam minhas primeiras ações.

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XII

Rodrigues, que foram cruciais para a coleta dos dados. Sem o trabalho de vocês, essa fase do estudo teria se tornado uma tarefa dificílima.

Ao meu filho postiço Erisvan Demones, que a Educação Física me permitiu adotar. Sou grato por sua ajuda na coleta dos dados, nas análises dos vídeos e nos demais auxílios prestados para que eu pudesse avançar com esse trabalho. Seu futuro profissional já começou!

Ao amigo Salviano Nobre, hoje doutor em Educação Física, que, com seu amor pela pesquisa, contagiou e contagia as pessoas a ingressarem no mundo da ciência em prol da Educação Física. Você me possibilitou realizar este estudo, pois, sem suas intervenções, eu não teria conseguido a liberação para uso do TGMD 2, bem como não teria tomado a decisão de pesquisar sobre desempenho motor.

À professora Nádia Cristina Valentini, que acreditou na proposta do nosso estudo e aceitou firmar parceria para que pudéssemos utilizar o TGMD 2, fica nossa gratidão e nosso reconhecimento a essa grande pesquisadora no campo do desenvolvimento motor.

Ao amigo Glauber Carvalho Nobre, que foi crucial para a definição do tipo de estudo que iríamos desenvolver e que, do auge da sua simplicidade, chegou ao cúmulo de ir ao meu encontro para contribuir com as questões deste trabalho. Quero que saiba que uma das grandes bênçãos alcançadas neste mestrado, que foi a co-orientação da professora Maria Helena Ramalho, se deu pela força do seu nome. Sou grato à Educação Física por me permitir ter pessoas como você no meu círculo de amizades.

Ao meu irmão Paulo Felipe Ribeiro, que simplesmente me adotou e, de forma incondicional, contribuiu para todas as fases deste estudo, transmitindo a calma necessária e dando os devidos encaminhamentos nos momentos mais críticos. Hoje posso dizer que minha família cresceu, pois minha casa é sua casa e sei que sua casa é minha casa. Fica minha eterna gratidão, meu irmão!

Ao professor Rubens Letieri, cuja ajuda foi muito importante para o acesso à base de dados de qualidade, bem como por algumas traduções que, sem sua ajuda, teria sido bem mais difícil obter. Saiba que seu amor pela pesquisa é contagiante e

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que me orgulho de ser seu amigo. A Educação Física do Sertão Central ganhou por demais com sua presença entre nós.

Aos queridos Fábio, Vevé e Gabriel, que acolheram nossa equipe inúmeras vezes em sua casa para que pudéssemos realizar a coleta dos dados, sempre com um sorriso no rosto e um sentimento verdadeiro de querer ajudar. Gabriel saiba que, nas nossas brincadeiras, encontrei forças para superar os momentos mais cansativos e pesados dessa empreitada.

Aos lisboetas Carla e Marco, que este mestrado me possibilitou ter como amigos, e que hoje ocupam um local especial no meu coração e no coração da minha família.

À professora Maria Helena Ramalho, pelo profissionalismo, pelo profundo conhecimento, pelo rigor científico, pela retidão como pessoa, pela disponibilidade de sempre, bem como pelas orientações e encaminhamentos, que hoje sei que fazem jus ao reconhecido nome profissional que a senhora tem no Brasil.

À professora Doutora Maria Isabel Mourão, que acreditou na proposta deste estudo e não mediu esforços para prestar as devidas orientações. O resultado obtido aqui em muito se deve aos encaminhamentos sempre rigorosos e pertinentes indicados pela senhora.

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RESUMO

Título: Desempenho Motor de Crianças do Programa Segundo Tempo Federal em um Município da Região do Cariri, Ceará

Autores: Francisco Cristiano da Silva Sousa; Maria Isabel Martins Mourão Carvalhal; Maria Helena da Silva Ramalho.

O presente estudo é do tipo quase-experimental, de caráter longitudinal e tem por objetivo avaliar o desempenho motor de crianças entre os 7 e 10 anos de idade, participantes do Programa Segundo Tempo Federal, nas habilidades motoras fundamentais de locomoção e controle de objetos, no município de Juazeiro do Norte, estado do Ceará, Brasil. Foram consideradas as relações do desempenho motor entre gêneros, meio onde as crianças residem, bem como no período pré e pós-intervenção. O estudo contou com uma amostra de 43 crianças, estando divididas em zona rural (05 meninas 7,6 + 1,3 anos de idade e 11 meninos 8,7 + 1,3 anos de idade) e zona urbana (06 meninos 9,2 + 0,5 anos de idade e 21 meninas 9,6 + 1,2 anos de idade). O desempenho motor foi avaliado através do Test of Gross Motor Development – TGMD-2. Os resultados revelaram que 88,4% das crianças apresentaram um desempenho motor classificado como “muito pobre” e 11,6% como “pobre”. As crianças da zona rural apresentaram um desempenho motor global, locomotor e de controle de objetos superior às do meio urbano. Quando comparado o desempenho motor entre os sexos de acordo com a zona, os resultados indicaram que, no pré-teste, os meninos da zona rural foram melhores que as meninas apenas no subteste de controle de objeto (t=2,389; p= 0,025). O mesmo aconteceu na zona urbana, onde os meninos apresentaram média superior à média das meninas no subteste de controle de objeto (t=2,918; p=0,011). No momento pós-intervenção, os meninos da zona urbana apresentaram média superior no subteste de controle de objeto quando comparado às meninas (t=3,344; p=0,003). Na zona rural, os meninos apresentam média superior no subteste de controle de objeto (t=2,263; p=0,040) e as meninas apresentaram médias superiores no coeficiente motor amplo, (t=-2,244; p=0,042). No pós teste os meninos da zona rural foram superiores nas habilidades de locomoção (t=5,061 p<0,001), controle de objeto (t=4,035 p<0,001) e no coeficiente motor amplo (t=6,784 p<0,001) quando comparados com meninos da zona urbana, o mesmo aconteceu no grupo feminino, onde as meninas da zona rural também tiveram melhor desempenho comparadas às meninas urbanas no pós teste, locomoção (t=3,605 p=0<0,001),controle de objeto (t=5,281 p<0,001) e no coeficiente motor amplo t=8,243 p<0,001).Concluindo, o Programa Segundo Tempo teve um efeito positivo no desempenho das habilidades motoras fundamentais dos meninos e meninas de contextos rural e urbano.

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ABSTRACT

Title: Motor Performance of Children of a Federal Brazilian Government Program in a City of Cariri Region, Ceará.

Authors: Francisco Cristiano da Silva Sousa; Maria Isabel Martins Mourão Carvalhal; Maria Helena da Silva Ramalho.

This study is quasi-experimental, with a longitudinal character and aims to assess motor performance, the fundamental skills of locomotion and object control of children participating in the Program Second Time of Brazilian Government in Juazeiro do Norte, Ceará. The Relations of motor performance between genders, environment where lives, as well pre and post-intervention were considered. The study involved a sample of 43 children, sliced into rural (05 girls 7.6 + 1.3 years and 11 boys 8.7 + 1.3 years) and urban areas (06 boys 9 2 ± 0.5 years and 21 girls 9.6 ± 1.2 years). Motor performance was assessed using the Test of Gross Motor Development - TGMD-2. The results revealed that 88.4% of the children had a motor performance rated as "very poor" and 11.6% as "poor". The rural children showed an overall, locomotor and control superior to those of urban objects motor performance. When compared motor performance between the sexes, the results indicated that boys were better than girls only in object control subtest both rural (t = 2.389; p = 0.025) as in urban areas (t = 2.918; p = 0.011). In the post-intervention time, the boys in the urban area had an average higher in the object control subtest when compared to girls (t = 3.344, p = 0.003). In rural areas, boys have higher average in the object control subtest (t = 2.263, p = 0.040) and girls had higher average of gross motor coefficient, (t = -2.244, p = 0.042). At post-test boys from rural areas were higher in locomotion skills (t = 5.061; p <0.001), object control (t = 4.035; p <0.001) and gross motor coefficient (t = 6,784; p <0.001) when compared with boys in the urban area, the same happened in the female group, where girls from rural areas were also better performance compared to urban girls in the post-test, locomotion (t = 3.605; p = 0 <0.001), object control (t = 5.281; p <0.001) and the gross motor coefficient (t = 8.243;p <0.001). In conclusion, the Second Time program had a positive effect on the performance of fundamental motor skills of boys and girls in rural and urban contexts.

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LISTA DE ABREVIATURAS

HMF – Habilidades Motoras Fundamentais DM – Desenvolvimento Motor

DPM – Desempenho Motor

PST – Programa Segundo Tempo

SPSS – Statical Package for the Social Sciences IBM – International Business Machines

TGMD2 – Test Of Gross Movement Development TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido PDMS-2 – Peabody Developmental Motor Scales 2 AIMS – Alberta Infant Motor Scale

TIME – Toddler and Infant Motor Evaluation TIMP – Test of Infant Motor Performance NBAS – Neonatal Behavior assessment Scale HEIP – Hawaii Early Intervention Profile

MABC – Teste Movement Assesment Battery for Chidren KTK – Teste KorperKoordination Test fur Kinder

IAPMF – Instrumento de Avaliação de Padrões Motores Fundamentais

AAHPERD – Aliança Americana para a Saúde, Educação Física, Recreação e Dança

EF – Educação Física

ESEF (UFRGS) – Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

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XXIV G₁ – Grupo 1 G₂ – Grupo 2 T – Trabalho interventivo PRÉ – Pré-teste PÓS – Pós-teste

LOC – Habilidades de locomoção

CO – Habilidades de controle de objetos CMA – Coeficiente motor amplo

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1. INTRODUÇÃO

1. INTRODUÇÃO

DESEMPENHO MOTOR DE CRIANÇAS DO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO FEDERAL EM UM MUNICÍPIO DA REGIÃO DO CARIRI, CEARÁ

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1. INTRODUÇÃO

1. INTRODUÇÃO

A busca pela compreensão de como se dá o desempenho motor (DPM) de crianças no que se refere ao desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais (HMF) tem sido uma preocupação constante de pesquisadores da área do desenvolvimento motor (DM), haja vista a importância que tais habilidades têm para o desenvolvimento infantil, pois é através delas que a criança ganha independência e pode interagir com o mundo, explorando-o e, assim, desenvolvendo-se.

As HMF são conceituadas como sendo a realização de padrões de movimentos básicos locomotores, manipulativos e estabilizadores com precisão e controle (Gallahue & Ozmun, 2005). Dessa forma, dotada da capacidade de executar tais habilidades, a criança consegue explorar mais suas possibilidades e potencialidades corporais e ampliar seu contato com o meio, possibilitando o alcance de uma maior autonomia, conseguindo manter sua postura com menos esforço, bem como manipular objetos com mais precisão e refino.

O desenvolvimento motor é um processo que acontece por fases e etapas que se apresentam numa sequência fixa, servindo como base para o desenvolvimento da etapa seguinte; sendo assim, o desenvolvimento das HMF também se apresenta como fase crucial para a aquisição de habilidades motoras fundamentais combinadas, bem como para habilidades motoras especializadas, pois “esses padrões básicos são a fundação sobre a qual outros movimentos e combinações de movimentos são desenvolvidos e refinados.” (Malina et al., 2009).

Déficits e dificuldades no aprendizado das HMF nesta fase da infância podem causar sérios prejuízos à sequência do desenvolvimento da criança, prejudicando o aprendizado de habilidades motoras especializadas (Gallahue & Ozmun, 2005) e, consequentemente, afastando o indivíduo de atividades como a dança, os esportes, as lutas, entre outras atividades que são importantes para a interação social (Valentini, 2002). Dessa forma, o indivíduo pode se afastar das atividades para as quais ele não tem competência motora para participar, podendo, assim, prejudicar a aquisição de um estilo de vida ativo.

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1. INTRODUÇÃO  

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As condições ambientais se apresentam como importantes fatores para o desenvolvimento das HMF. Dessa forma, a variedade e a qualidade dos estímulos advindos do meio, ou seja, as experiências vividas pelas crianças, são de suma importância para o aprendizado das HMF (Gallahue & Ozmun, 2005).

Dada a quantidade e a variedade de habilidades que a criança tem de desenvolver, se faz imperativa a oferta de uma grande variedade de atividades que sejam orientadas, coordenadas e dirigidas para fins bastante específicos no que se refere ao aprendizado e ao desenvolvimento da criança no campo das HMF, pois, somente estando dirigidas e planejadas, as atividades físicas e esportivas poderão proporcionar a oportunidade da criança explorar seus limites corporais, com vista a superá-los. (Braga et al. 2009; Valentini, 2002)

No Brasil, notadamente a partir do início do século XXI, o poder público passa a demonstrar uma atenção especial às atividades físicas como fator de educação e desenvolvimento humano e, a partir de janeiro de 2003, com o advento do Ministério dos Esportes como ministério de pasta única, é iniciado um processo de criação de uma política nacional do esporte, ocasionando a criação de diversos programas e projetos esportivos por todo o país, com o objetivo de democratizar o acesso ao esporte (Almeida, 2011).

É nesse contexto que o governo federal lançou, no ano de 2003, o Programa Segundo Tempo Federal (PST), que visa possibilitar a prática esportiva para crianças e jovens carentes que estejam entre 7 e 17 anos de idade, como forma de inclusão social. O PST tem como objetivo principal “democratizar o acesso à prática e à cultura do Esporte de forma a promover o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens, como fator de formação da cidadania e melhoria da qualidade de vida, prioritariamente em áreas de vulnerabilidade social” (Ministério dos Esportes, 2003).

Dessa forma, percebe-se que este programa tem, nas suas bases filosóficas e pedagógicas, o entendimento do esporte como meio de desenvolvimento integral de criança e jovens, negando aspectos de seletividade, competição exacerbada e rendimento atlético.

Juazeiro do Norte, cidade da região do Cariri cearense, vem sendo atendida com núcleos do PST desde o ano de 2004, estando esses núcleos sediados em

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1. INTRODUÇÃO

escolas públicas da zona urbana e da zona rural, bem como em clubes e Instituições de Ensino Superior dos setores público e privado, atendendo a uma grande quantidade de jovens e crianças.

Contudo, em nenhum momento desses nove anos de atividade foi desenvolvido algum estudo com o intuito de avaliar os resultados do PST em Juazeiro, especificamente no campo do desempenho motor. Dessa forma, desenvolve-se o programa sem haver referências sobre a qualidade dos seus resultados nessa região e nesse quesito específico.

É importante salientar que as pesquisas produzidas a partir do PST em termos de Brasil preocupam-se, em sua grande maioria, com as temáticas sociológicas, antropológicas, antropométricas e lúdicas, não dando conta de como se dá o desenvolvimento das HMF nesse programa (Botelho, 2006; Sousa & Júnior, 2009; Tubino & Lorenzini, 2010). Assim, as pesquisas não conseguem responder qual a contribuição do PST para o desenvolvimento integral dos participantes, já que a dimensão do desenvolvimento motor não está sendo contemplada nas pesquisas concernentes ao programa.

Nesse contexto, este estudo visa analisar o desempenho motor de crianças entre 7 e 10 anos de idade, participantes dos núcleos do PST na cidade de Juazeiro do Norte, situada na Região do Cariri, no Estado do Ceará. Nessa área geográfica, ainda não havia sido realizado nenhum estudo relacionado ao PST, especificamente sobre desempenho motor, fato que dá a característica de ineditismo a este estudo para a região.

Dada a importância que o desenvolvimento das HMF tem para o desenvolvimento infantil, se faz imperativo analisarmos como tem se dado esse processo, já que estudos demonstram que crianças têm apresentado retardos quanto ao estágio de desenvolvimento das HMF, quando relacionado com a idade. Tal constatação tem levado pesquisadores a associar tal retardo ao aumento dos índices de abandono e afastamento das práticas físicas e esportivas (Carvalhal & Raposo; Souza et al., 2010), fato que pode desencadear uma série de outros problemas advindos da ociosidade, como dificuldades de socialização, problemas de

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1. INTRODUÇÃO  

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Dessa forma, a pesquisa contribuirá sobremaneira com as práticas educativas no campo das atividades lúdicas e esportivas de projetos sociais desenvolvidos na Cidade de Juazeiro e Região do Cariri, na medida em que proporcionará as primeiras referências para análise da qualidade do serviço prestado às crianças, servindo de ponto de partida para a análise das políticas públicas locais e regionais, bem como para a reflexão sobre as atividades desenvolvidas no PST por parte de professores, monitores e gestores.

Tendo em vista o PST como um programa desenvolvido em todo o Brasil com o intuito de contribuir para o desenvolvimento integral de crianças e jovens, é imperativo investigar se esse objetivo vem sendo alcançado, especialmente, no campo do desempenho motor. Portanto, questiona-se: qual o contributo do Programa Segundo Tempo no desempenho motor de crianças nas habilidades motoras fundamentais?

1.1. OBJETIVOS DO TRABALHO

1.1.1. OBJETIVO GERAL

Avaliar o impacto do Programa Segundo Tempo no desempenho das habilidades motoras fundamentais de crianças do Ensino Fundamental.

1.1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

i. Caracterizar o desempenho motor global, das habilidades locomotoras e de controle de objetos das crianças participantes do PST;

ii. Comparar o coeficiente motor global, das habilidades locomotoras e de controle de objetos entre crianças da zona urbana e zona rural;

iii. Comparar o coeficiente motor global, das habilidades locomotoras e de controle de objetos entre meninas e meninos;

iv. Comparar o coeficiente motor global, das habilidades locomotoras e de controle de objetos entre crianças antes e após o programa de intervenção;

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1. INTRODUÇÃO

1.2. ESTRUTURA

Este estudo está didaticamente organizado de forma que, após a introdução e os objetivos do estudo, desenvolve-se a revisão de literatura, constituída do referencial teórico de clássicos do desenvolvimento motor, bem como das referências de trabalhos desenvolvidos sobre a temática do desempenho motor de crianças, no que se refere aos principais testes relacionados à temática, ao sexo, à intervenção motora e ao ambiente. Em seguida, a metodologia é descrita, explicitando a amostra, as variáveis, os instrumentos e os procedimentos concernentes à aplicação do TGMD-2. Os resultados obtidos são apresentados na sequência, sendo que a discussão dos resultados de acordo com os objetivos traçados e a revisão de literatura são apresentadas no capítulo seguinte. Por último, as conclusões alcançadas ao longo do estudo são apresentadas, seguidas das limitações encontradas e as indicações para estudos futuros.

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2. REVISÃO

2. REVISÃO

DESEMPENHO MOTOR DE CRIANÇAS DO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO FEDERAL EM UM MUNICÍPIO DA REGIÃO DO CARIRI, CEARÁ

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2. REVISÃO

2. REVISÃO

Este estudo enquadra-se no campo do DM, especificamente sobre o desempenho motor (DPM) relativo às HMF de crianças entre 7 e 10 anos de idade, estando relacionado com o sexo, com o meio onde a criança está inserida, bem como com a intervenção desenvolvida no PST.

A criança, a partir do segundo ano de vida, tem seu repertório motor ampliado e começa a desenvolver habilidades locomotoras fundamentais, como a caminhada, corrida, saltos e pulos. Essas habilidades, quando combinadas, fazem surgir outras, como o galope e o deslizamento. Sendo assim, as habilidades locomotoras fundamentais são tidas como as estruturas básicas para as demais habilidades fundamentais a serem desenvolvidas no decorrer da segunda infância (Payne & Isaacs, 2007).

Sendo capaz de se locomover com equilíbrio, a criança agora tem as mãos livres para explorar melhor o meio ambiente. Com a melhora na coordenação olho-mão e olho-pé, a criança passa a demonstrar habilidades no controle de objetos, ou habilidades manipulativas, que incluem o arremesso por sobre o ombro, a recepção, a rebatida, bem como os dribles, os chutes e os voleios (Payne & Isaacs, 2007).

O estágio maduro das HMF pode ser alcançado pelas crianças por volta dos 06 anos de idade, contudo é importante ressaltar que o desenvolvimento dessas habilidades não depende exclusivamente da maturação, em que fatores ambientais, como as oportunidades para a prática e a orientação, influenciam consideravelmente o desenvolvimento das HMF (Gallahue & Ozmun, 2005).

No âmbito do estudo do DM, têm sido utilizados diversos testes aplicados às mais diversas faixas etárias, sendo que muitos foram criados especificamente para avaliação do desempenho motor de bebês, crianças pequenas e pré-escolares, como o Teste de Seleção de Apgar, o Teste de Seleção Desenvolvimentista Denver, as Bayley Scales of Infant and Toddler Development, as Peabody Developmental Motor Scales 2 (PDMS-2), a Alberta Infant Motor Scale (AIMS), a Posture and Fine Motor Assessment of Infants, a Toddler and Infant Motor Evaluation (TIME), o Test of Infant Motor Performance (TIMP), a Neonatal Behavior assessment Scale (NBAS)

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2. REVISÃO  

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Outros testes foram desenvolvidos para crianças pré-escolares e do Ensino Fundamental I, como a Avaliação Motora Perceptiva Purdue, o Teste de Proficiência Motora Bruininkins-Oseretsk, o Teste Movement Assesment Battery for Chidren – ABC, a Escala de Desenvolvimento Motor de Rosa Neto, o Teste KorperKoordination Test fur Kinder – KTK, o Instrumento de Avaliação de Padrões Motores Fundamentais (IAPMF), a Escala de Avaliação Motora Intrarudimentar da Universidade Estadual de Ohio e o Test of Gross Motor Development 2 – TGMD-2.

No que se refere a testes para se avaliar o desempenho motor de adultos são identificados o Teste de Área para Adultos Idosos da Aliança Americana para a Saúde, Educação Física, Recreação e Dança – AAHPERD, bem como a Escala de Atividades da Vida Diária e o Teste de Função Motora e Função Física de Williams-Greene. O TGMD – 2 foi utilizado para a realização deste estudo.

2.1. DESEMPENHO MOTOR E IDADE

A aquisição das HMF não depende apenas da idade. Outros fatores, como a tarefa, o indivíduo e o ambiente são determinantes para o seu desempenho (Gallahue & Ozmun, 2005). Dessa forma, crianças de idades mais avançadas podem apresentar desempenho motor pobre quando comparadas com crianças com menor idade.

O desempenho da maioria das HMF geralmente melhora com a idade, pois é considerável a variação no desenvolvimento motor de crianças durante o início da infância, quando considerarmos a criança individualmente, ou quando compararmos com outras crianças e com a idade (Malina et al. 2009).

O baixo desempenho das HMF tem sido diagnosticado em diversos estudos, apresentando a maior parte das crianças uma classificação abaixo da média e pobre nas habilidades de locomoção e de controle de objeto. Tal realidade foi constatada em estudo realizado com crianças de 5 a 6 anos de idade (Brauner & Valentini, 2009).

Em um estudo focado na influência da intervenção motora para a percepção de competência foi verificado que, na fase pré-interventiva, as crianças apresentaram percentuais abaixo do desejado para a idade, nas habilidades locomotoras e de controle de objeto (Valentini, 2002). Na mesma linha de

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2. REVISÃO

resultados, crianças participantes de estudo realizado em Manaus – Amazonas apresentaram idade motora inferior à idade cronológica nos dois subgrupos de habilidades (Mascarenhas et al. 2010). Desempenho motor abaixo da média foi identificado em estudo com crianças que foram avaliadas antes de participar de intervenção motora (Braga et al, 2009). Classificação do DPM abaixo da média nos dois grupos de habilidades motoras também foi constatada em estudo realizado por Spessato et al. (2013).

Essa realidade de baixo desempenho motor também foi constatada em estudo realizado por Gil et al. 2009, na Região Autónoma da Madeira, onde as crianças madeirenses foram, em sua maioria, classificadas nas categorias ‘média’, ‘abaixo da média’, ‘fraco’ e ‘muito fraco’, sendo elevado o percentual de meninos e meninas que apresentaram idade referente ao domínio das habilidades motoras inferior à idade cronológica.

Em estudo realizado com crianças praticantes e não-praticantes de mini-voleibol, constatou-se também quadro de atraso no desenvolvimento das HMF, notadamente no grupo de crianças não-praticantes de mini-voleibol, que foram, na sua maioria, classificadas como abaixo da média (Ripka et al. 2009).

O estudo de Ripka et al. (2009) é referendado pelos achados no estudo de Marramarco (2007), em que as crianças avaliadas apresentaram desempenho motor abaixo da média nas habilidades de locomoção, pobre nas habilidades de controle de objeto e pobre no coeficiente de motricidade ampla.

Resultados que se contrapõem aos achados na maioria dos estudos, que indicam classificação abaixo da média e pobre para o desempenho motor de crianças, foram encontrados em estudo realizado com crianças do Estado do Pará, Brasil. Mesmo apresentando desempenho abaixo da sua idade nas habilidades de locomoção e idade equivalente para as habilidades de controle de objeto, o estudo de Coelho (2010) mostrou que a maioria das crianças foi classificada dentro da média (83%).

Desempenho motor dentro da média também foi encontrado nos estudos de Barbosa et al. (2010), no qual a classificação final do TGMD-2 apontou que tanto

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2. REVISÃO  

14

Padrões satisfatórios de desempenho motor, com a maioria das crianças sendo classificadas como na “Média” ou “Acima da Média” tanto nas habilidades de locomoção como de controle de objetos, foram encontrados em estudo realizado por Krebs et al. (2011).

Estudo realizado com crianças entre 6 e 9 anos de idade de Hong Kong mostrou classificação predominante de desempenho motor na “Média” e “Acima da Média”, nas habilidades locomotoras e controle de objetos (Pang & Fong, 2009).

2.2. DESEMPENHO MOTOR E SEXO

Diversos são os fatores que podem interferir no desenvolvimento das HMF, e o sexo se apresenta dentre eles. Nesse aspecto, meninos e meninas apresentam diferenças quanto ao tempo de alcance da fase madura das HMF, sendo que meninos alcançam os estágios de arremesso de ombro e chute antes das meninas, e estas tendem a atingir cada estágio de pular num pé só e saltitar mais cedo que eles. Nas habilidades de correr, saltar, pegar e atingir ambos os sexos apresentam semelhança considerável no alcance dos estágios (Malina et al. 2009).

Meninos e meninas apresentam variações acentuadas de idade quanto à chegada ao estágio maduro das habilidades motoras, excetuando-se a fase madura do salto em distância, ao passo que apresentam pouca diferença de idade quanto ao alcance de fases iniciais destas mesmas habilidades (Malina et al. 2009).

Quando comparados os sexos, diversos estudos apontam uma tendência de meninos apresentarem idade motora superior à das meninas, mesmo as meninas tendo apresentado melhor desenvolvimento de habilidades como as de controle de objeto (Mascarenhas et al. 2004).

Um desempenho motor estatisticamente superior dos meninos quando comparados às meninas, nas habilidades de controle de objetos e no coeficiente de motricidade ampla, também foram identificados no estudo de Marramarco (2007).

Em estudo realizado com crianças portuguesas da Cidade de Vila Real, com vistas a analisar as diferenças entre gêneros no tocante às habilidades de correr, saltar, lançar e pontapear, através do Check List de Gallahue, (Carvalhal & Raposo, 2007) também encontraram diferenças estatisticamente significativas relacionadas

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2. REVISÃO

ao processo e ao produto do desempenho de todas as habilidades favoráveis aos meninos, nomeadamente nas habilidades de lançar e pontapear, sendo que nas habilidades manipulativas foram encontradas as maiores disparidades entre os gêneros, sendo também favoráveis aos meninos.

Estudo realizado com crianças espanholas entre 4 e 14 anos de idade mostrou resultados que vão de encontro aos achados referentes à superioridade dos meninos sobre as meninas no resultado do subteste de controle de objetos, e superioridade das meninas sobre os meninos no subteste de locomoção (Mesa et

al., 2009).

Essas diferenças significativas entre meninos e meninas continuaram sendo identificadas pois, mesmo obtendo as mesmas medianas como resultado, ainda assim os meninos apresentaram melhor pontuação nos testes das habilidades locomotoras e de controle de objeto de (Barbosa, 2010).

Ao analisar a relação entre desempenho motor e percepção de competência, constatou-se que, no geral, a proficiência motora grossa foi baixa, ao passo que também foi mostrada maior proficiência locomotora entre as meninas e melhores habilidades de controle de objeto entre os meninos (Legear,2012).

Contudo, o estudo desenvolvido com crianças de 5 e 6 anos praticantes de atividades físicas realizado por Valentini (2009) mostra desempenho semelhante entre meninos e meninas na habilidade de locomoção, sendo que meninos apresentaram melhores resultados nas habilidades manipulativas.

A tendência de se apresentar semelhanças entre meninos e meninas nas habilidades de locomoção e melhor desempenho dos meninos nas habilidades de controle de objetos foi reforçada por diversos estudos (Valentini, 2002; Brauner & Valentini, 2009).

Em estudo realizado com crianças entre 4 e 5 anos de idade Barbosa et al. (2010), identificou diferenças significativas entre o desempenho motor de meninos e meninas. Segundo esse autor, meninos obtiveram melhores resultados no subteste de controle de objetos, sendo que, no subteste de locomoção, os desempenhos foram equivalentes.

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2. REVISÃO  

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Diferenças significativas favoráveis aos meninos no desempenho das habilidades do controle de objeto foram encontradas no estudo com crianças brasileiras, realizado por Spessato et al. (2013), reforçando os achados de estudos anteriores. Contudo, nas habilidades de locomoção, os resultados apontaram diferenças significativas a favor dos meninos, dado que confronta os achados de estudos anteriores.

Estudos também consideraram a classificação do coeficiente motor global, relacionando ao sexo, segundo os quais tanto meninos como meninas apresentaram desempenho inferior ao da idade cronológica, sendo a maioria das meninas classificadas como “muito pobre” e os meninos classificados na sua maioria como “pobres”. Esses resultados não indicaram diferenças estatisticamente significativas entre os sexos Andrade et al. (2006).

Foram encontrados estudos que investigaram as possíveis relações entre desempenho das HMF e o estado nutricional de crianças. Como se sabe, esta relação não faz parte dos objetivos deste estudo, contudo, estes estudos trazem em seus resultados importantes sobre o desempenho das HMF e o sexo, como consta a seguir.

O desempenho das HMF de crianças, especificamente nos subtestes de locomoção e controle de objetos, bem como no coeficiente motor amplo, não apresentou diferenças significativas relacionadas ao gênero. Dessa forma, meninos e meninas da Cidade de Natal, Rio Grande do Norte, apresentaram semelhança no desempenho das HMF (Silva & Carvalhal, 2010).

Crianças ribeirinhas da Amazônia participaram de estudo que tinha por objetivo traçar um perfil de crescimento, estado nutricional e desempenho motor. De acordo com os resultados apresentados, quase não há diferença significativa entre os gêneros masculino e feminino no desempenho das HMF. Interessa destacar que as crianças, na sua maioria, apresentaram elevados níveis de desnutrição e foram classificadas como na média e abaixo da média, mesmo considerando o ambiente pouco propício para o desenvolvimento destas crianças (Leão et al., 2010).

Estudo realizado em Maringá, Paraná, com crianças entre 8 e 10 anos de idade, mostrou que a maioria dos meninos e meninas participantes do estudo foram

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2. REVISÃO

classificados como “pobre” e “muito pobre” no que concerne ao desempenho das HMF (Vieira et al. 2009).

Crianças grandes obesas, obesas e com desnutrição pregressa apresentaram, como resultados predominantes, níveis de desempenho motor classificado como muito pobre, sendo que, independentemente do estado nutricional, um maior número de meninas apresentou desempenho motor muito pobre quando comparadas aos meninos. (Marramarco et al., 2012).

Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas no desempenho entre meninos e meninas nos subtestes de locomoção e controle de objetos, bem como no coeficiente motor amplo, em estudo realizado na Itália, que analisou o desempenho de pré-escolares com excesso de peso e peso normal (Morano et al., 2011).

Na busca de identificar possíveis relações entre o domínio das HMF e o estado nutricional de crianças com sobrepeso e obesas, um estudo australiano identificou que os meninos obtiveram melhor desempenho nas habilidades de controle de objeto enquanto as meninas obtiveram melhores resultados nas habilidades de locomoção (Cliff et al., 2012)

2.3. DESEMPENHO MOTOR E INTERVENÇÃO MOTORA

Proporcionar atividades orientadas para o desenvolvimento das HMF se mostra um meio eficaz para gerar melhorias dos padrões dessas habilidades, em contraponto com as aulas que são desenvolvidas com base em brincadeiras livres. Dessa forma, as crianças podem desenvolver plenamente suas HMF e ter uma sequência normal das demais fases do seu desenvolvimento, pois tanto a maturação e as exigências da tarefa, como as condições ambientais, influenciam decisivamente no desenvolvimento dessas habilidades (Gallahue & Ozmun, 2005).

Entender como os fatores ambientais influenciam o desenvolvimento das HMF vem sendo o objetivo de diversos estudos (Barnett et al. 2012; Bastik et al. 2011). São investigados a influência da família, do clima motivacional nas aulas, das oportunidades de prática física, bem como as intervenções motoras proporcionadas

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2. REVISÃO  

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O desenvolvimento das HMF tem relação direta com a prática de ensino que é proporcionada à criança, pois essas habilidades não se desenvolvem de forma espontânea. Portanto, o meio no qual a criança está inserida passa a ter papel relevante na questão do desempenho motor de crianças (Valentini & Toigo, 2006).

Organizar e estruturar o ambiente, assim como utilizar metodologias adequadas e criar um clima motivacional favorável ao aprendizado são fatores fundamentais para que as crianças possam desenvolver suas HMF, pois “essas

habilidades são a consequência de oportunidades para experenciar atividades motoras apropriadas e sistemáticas” (Valentini & Toigo, 2006).

Melhores níveis de desempenho motor das HMF dependem diretamente de

uma série de fatores, nos quais incluem-se oportunidades para a prática, encorajamento e estruturação de um ambiente favorável ao aprendizado, considerando também os objetivos da tarefa (Gallahue & Ozmun, 2005).

Em estudo realizado com crianças de escolas públicas de São Paulo, foi verificado que crianças que participaram das aulas de Educação Física e Esportes Radicais apresentaram idade motora equivalente avançada para o subteste locomotor e nenhuma diferença entre idades motora e cronológica no subteste de controle de objetos, enquanto crianças do grupo controle apresentaram idades motora e cronológica equivalentes. Esses resultados indicam que as práticas de Educação Física (EF) e Esportes Radicais proporcionaram desenvolvimento das HMF para além do esperado (Araújo et al., 2012).

Quando comparado o desempenho motor de crianças de escolas públicas e privadas, constatou-se que crianças de escolas públicas apresentaram idade motora equivalente inferior à do grupo de crianças de escolas particulares no subteste de controle de objetos. Esse déficit no desempenho motor de crianças de escolas públicas é atribuído ao fato de essas crianças não participarem de vivências em que os conteúdos sejam desenvolvidos por um profissional de EF (Cotrim et al., 2011).

A importância da intervenção para o melhor desempenho motor de crianças também é constatada em estudo realizado com crianças iranianas com idade média de 4,95 anos de idade. O estudo mostrou que, após 10 semanas de intervenção, o percentual de indivíduos que foi avaliado como superior e muito superior foi bastante

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2. REVISÃO

significativa, ao passo que houve redução significativa no percentual de indivíduos que foram classificados como ruim e péssimo (Kordi et al., 2012).

Diversos são os estudos interventivos que constatam a significativa melhora no desempenho motor das habilidades locomotoras, de controle de objetos e coeficiente motor amplo de crianças que participaram de grupos experimentais quando comparadas à crianças de grupo controle, quando avaliadas no período pós-interventivo (Bakhtiari & Fashina, 2011; Draper et al. 2012; Footrusi et al. 2012; Akbari et al. 2009; Sales et al., 2012)

Um melhor desempenho motor das HMF após a intervenção também foi verificado no estudo realizado por Diaz & Vargas (2009) com crianças costarriquenhas, com média de 6 anos de idade. As crianças foram divididas em três grupos: controle, experimental 1 (crianças participantes de programa regular de exercício físico, mais 30 minutos de EF por semana) e experimental 2 (crianças participantes de programa regular de exercício físico, mais 60 minutos de EF por semana). Os resultados mostram que o grupo controle apresentou uma diminuição da sua pontuação no TGMD-2, e que crianças do grupo experimental 1 não apresentaram mudanças no Desempenho Motor, sendo verificadas melhoras significativas no desempenho motor das crianças participantes do grupo experimental 2, que tinham maior tempo de vivência de exercícios físicos.

Resultados que reforçam a evidência de que aulas de EF (intervenção) proporcionam melhoras no desempenho motor de crianças também foram encontrados em estudos de Dias & Vargas (2010), quando constatou-se melhorias no desempenho das habilidades locomotoras, especificamente nas habilidades de galope e salto em crianças que participaram de 90 minutos de aula de EF por semana.

Resultados de desempenho motor abaixo do esperado para a idade foram encontrados em estudo com crianças (4 a 6 anos de idade) praticantes e não-praticantes de exercício físico sistemático, em que a maioria foi classificada como “na média” e “abaixo da média”. Contudo, verificou-se que crianças praticantes de exercício físico sistemático apresentaram desempenho superior ao grupo de

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2. REVISÃO  

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Crianças neozelandesas, de 5 a 12 anos de idade, participantes de um estudo interventivo, também apresentaram melhoras significativas no desempenho das habilidades motoras fundamentais, segundo o qual todas as habilidades foram substancialmente melhoradas após o programa de intervenção orientado pelo professor de Educação Física (Mitchell et al., 2013).

Aulas de EF orientadas por professor de EF, comparadas com aulas de recreação orientada com professor regular, foram estudadas no que se refere ao desempenho das HMF, em que os resultados mostraram que, mesmo mostrando pontuação semelhante entre os grupos na fase de pré-interventiva, o grupo de crianças participantes das aulas de EF orientada por professor de EF mostrou melhora significativa no desempenho das HMF, quando comparado com o grupo de crianças que teve aula de recreação orientada por professor regular (Lemos et al., 2012).

Estudo de intervenção motora, especificamente em crianças com atraso motor, constatou melhoras significativas no desempenho das HMF de locomoção e controle de objetos no grupo experimental, após 12 semanas de intervenção, enquanto o grupo controle não apresentou mudanças significativas nesse mesmo período (Valentini, 2002).

A intervenção motora também mostrou que, no pós-teste, foram verificadas melhorias no desempenho das HMF em crianças de 5 a 6 anos de idade que participaram de atividades de jogo orientado, quando comparadas com crianças que participaram de atividades de jogo livre em contexto enriquecido e crianças do grupo controle, sendo que esses dois últimos grupos não apresentaram melhorias significativas no desempenho das HMF (Palma et al., 2009).

Meninas entre 7 e 10 anos de idade, divididas em dois subgrupos (7 e 8 anos e 9 e 10 anos) foram submetidas a uma intervenção motora pautada na dança durante 10 semanas. Os resultados demonstraram que crianças dos dois grupos apresentaram melhores resultados no desempenho das HMF, após a intervenção, demonstrando a efetividade do programa de intervenção motora (Souza et al., 2008).

Crianças entre 6 e 12 anos de idade, participantes de um estudo interventivo através do tênis, demonstraram associação estatisticamente significativa no

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2. REVISÃO

desenvolvimento das habilidades motoras específicas do tênis com as HMF de locomoção na fase pós-teste, resultado não constatado no que se refere às habilidades de controle de objeto (Pífero & Valentini, 2010).

Professores de educação infantil foram submetidos a um treinamento para implementação de programa de intervenção motora focado no desenvolvimento das HMF de crianças entre 4 a 5 anos de idade. Os resultados demonstraram que, após a formação dos professores e a implementação do programa de intervenção motora, as crianças apresentaram melhorias significativas no desempenho total e nas habilidades de locomoção (Robinson et al., 2012).

A intervenção motora também se mostrou eficaz no desenvolvimento das HMF em estudo comparativo entre crianças de desenvolvimento típico e crianças com deficiência intelectual, que foram divididas em grupos que participavam e não participavam de intervenção pautada no esporte. Crianças com desenvolvimento típico e crianças com deficiência intelectual apresentaram melhor desempenho nas habilidades de controle de objeto no período pós-teste, resultado não confirmado no que se refere às habilidades de locomoção para os dois grupos (Westendorp et al., 2011).

Crianças obesas e normoponderais participaram de um estudo interventivo e apresentaram melhorias no desempenho das HMF quando participaram de atividades dentro de um ambiente planejado de forma a motivar a participação das crianças nas atividades físicas (Berleze, 2008).

Estudo realizado no Egito analisou as possíveis influências das práticas de atividades diárias comparadas com a prática de atividades físicas com padrões de movimento não estruturado e estruturado para o desenvolvimento das HMF. Dessa forma, crianças que participaram do grupo experimental (prática de atividades físicas com padrões de movimento não estruturado e estruturado) apresentaram melhor desempenho nas habilidades de controle de objetos e locomoção quando comparadas com crianças que participaram do grupo controle (prática de atividades diárias), evidenciando que as habilidades motoras podem ser influenciadas positivamente por um programa interventivo apropriado (Ghaly, 2010).

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2. REVISÃO  

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2.4. DESEMPENHO MOTOR RELACIONADO À ZONA URBANA E À ZONA RURAL

No Brasil, os contextos urbano e rural apresentam uma série de diferenças no que diz respeito a diversos fatores que podem influenciar no desenvolvimento humano. A quantidade de atividade física praticada cotidianamente, a cultura estabelecida e as oportunidades de se praticar exercício físico são fatores identificados nesses dois contextos e que podem contribuir positiva ou negativamente para o desenvolvimento humano.

A urbanização, na maioria das vezes desorganizada, gerou uma série de limitações para o desenvolvimento motor de crianças, ao passo que o contexto rural ainda consegue manter características socioculturais que oportunizam um bom desenvolvimento motor de crianças.

Meninos e meninas quilombolas, habitantes da zona rural de Macapá, Amapá, apresentaram melhores resultados, com significância estatística no que se refere ao desempenho motor das habilidades motoras fundamentais, quando comparados com meninos e meninas da zona urbana da mesma cidade. Vale salientar que, mesmo apresentando um melhor resultado favorável ao grupo da zona rural, nenhum dos grupos alcançou um resultado aceitável (Souza, 2010).

Escolares da zona rural de Farroupilha, Rio Grande do Sul, obtiveram melhores resultados nas habilidades de locomoção quando comparados com escolares da zona urbana da mesma cidade, não sendo observadas diferenças significativas nas habilidades de controle de objetos, nem no coeficiente motor amplo. Em ambos os grupos foram constatados resultados abaixo da média (Marramarco, 2007).

Em estudo realizado com crianças envolvidas em trabalho infantil rural, constatou-se que 59,09% das crianças apresentaram classificação muito pobre, 27,2% com classificação pobre, 9,09% abaixo da média e apenas 4,54% alcançou a classificação média (Bandeira et al., 2009).

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3. METODOLOGIA

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DESEMPENHO MOTOR DE CRIANÇAS DO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO FEDERAL EM UM MUNICÍPIO DA REGIÃO DO CARIRI, CEARÁ

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3. METODOLOGIA

3. METODOLOGIA

3.1. TIPO DE PESQUISA

Este estudo caracteriza-se como quase-experimental, na medida em que se procurou controlar, na medida do possível, as variáveis independentes (causa) que pudessem estabelecer relações sobre a variável dependente (efeito) (Thomas et al., 2002).

Dadas as características de acompanhamento do grupo participante, bem como a intervenção a que foi sujeita a amostra, esse estudo caracteriza-se como sendo do tipo longitudinal, possibilitando o acompanhamento e avaliação do desempenho motor das crianças antes, durante e após a intervenção do PST. Esse tipo de estudos constitui-se em importantes guias para a tomada de decisões no setor das políticas públicas de esporte e lazer (Hulley et al., 2008).

Apresenta-se o presente desenho para este estudo:

G₁---T--- G₁ G₂---T--- G₂ PRÉ---T--- PÓS  

Como demonstrado no esquema acima delineado, foi realizada a avaliação do DPM inicial das crianças (pré-teste) do Grupo 1 (G₁), residentes na zona urbana. O grupo foi sujeito a um programa de intervenção durante 3 meses e depois foi novamente avaliado o DPM (pós-teste).

O mesmo procedimento foi adotado com o Grupo 2 (G₂), residente na zona rural: avaliação inicial do DPM (pré-teste), programa de intervenção de 3 meses de duração e avaliação final do DPM (pós-teste).

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3. METODOLOGIA  

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3.2. AMOSTRA

Este estudo se desenvolveu no Brasil, mais precisamente no município de Juazeiro do Norte, cidade da Região do Cariri, situada no extremo sul do Estado do Ceará, que conta com uma população de 255.648 habitantes (IBGE, 2012).

A escolha por este município se deu pelo fato de os membros do Grupo de Pesquisa em Intervenções Motoras da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ESEF-UFRGS) residirem neste município, bem como pelo elevado número de Núcleos do PST, num total de 50, que estavam distribuídos entre zona rural e urbana, possibilitando, assim, o acesso à amostra definida para este estudo.

A amostra foi intencional e não-probabilística, constituída por crianças do sexo masculino e feminino com idades compreendidas entre 7 e 10 anos de idade, matriculadas na rede municipal de ensino, que residiam na zona urbana e rural deste município, participantes do PST da Cidade de Juazeiro do Norte.

A amostra foi composta por 43 crianças no total, estando divididas em zona rural (5 meninas 7,6 + 1,3 anos de idade e 11 meninos 8,7 + 1,3 anos de idade) e zona urbana (6 meninos 9,2 + 0,5 anos de idade e 21 meninas 9,6 + 1,2 anos de idade). O reduzido número de crianças que integram a amostra se justifica pelo fato de que a maioria dos participantes do PST das cidades do interior do Estado do Ceará tem idade entre 12 e 17 anos, por conta da dificuldade de deslocamento das crianças entre 07 e 11 anos para os núcleos, haja vista a distância e a insegurança no trajeto.

Tabela 1 - Amostra do estudo por sexo e zona

ZONA MENINOS MENINAS

Rural 11 05

Urbana 06 21

Segundo informações dos coordenadores dos núcleos do PST, estava ocorrendo uma evasão preocupante dos alunos participantes do programa, especialmente dos alunos mais novos, por conta da presença de outros projetos

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3. METODOLOGIA

sociais na mesma região que ofereciam recursos financeiros para as famílias que inscrevessem seus filhos, e que realizavam suas ações nos mesmos dias e turnos que o PST.

Com relação à localização dos núcleos, foram avaliadas crianças de 3 núcleos da zona urbana e 02 núcleos da zona rural, sendo que a maior participação se deu por parte de alunos matriculados na zona urbana. A escolha desses núcleos se deu após contatos preliminares com o coordenador geral do PST no município de Juazeiro do Norte, que indicou os núcleos com maior frequência de crianças na faixa etária entre 7 e 10 anos.

3.2.1. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Participaram do estudo crianças entre 7 e 10 anos de idade que, obrigatoriamente, apresentaram o termo de consentimento livre e esclarecido e o termo de autorização para uso de imagem assinados pelos pais ou responsáveis, e que obtiveram frequência de, no mínimo, de 80% nas aulas do PST.

Foram excluídas crianças que participavam de aulas de Educação Física Escolar, ou de atividades físico-desportivas periódicas e sistemáticas orientadas fora do PST, bem como crianças com deficiências de qualquer ordem.

3.3. VARIÁVEIS DO ESTUDO

 Considerando o entendimento de variável independente como aquela que interfere diretamente na forma e na qualidade de como um fenômeno se apresenta, sem contudo, ser passível de controle por parte do pesquisador; bem como o entendimento de variável dependente como sendo a característica que surge ou se se modifica por conta da influência da variável independente (Gaya & Garlip, 2008), serão consideradas as seguintes variáveis para o presente estudo:

i. Dependente: Desempenho Motor;

ii. Independentes: Gênero, Contexto (Zona Urbana/Zona Rural), Programa Segundo Tempo;

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3. METODOLOGIA  

28

3.4. INSTRUMENTOS

3.4.1. DESEMPENHO MOTOR

 Foi utilizado o Teste de Desenvolvimento Motor Grosso (TGMD-2), desenvolvido por Ulrich (2000), para avaliar o Desempenho Motor que consiste em duas subescalas – locomotora e controle de objetos –, objetivando avaliar as habilidades motoras fundamentais de crianças de três a dez anos e onze meses de idade e validado para uma população brasileira por Valentini et al. (2012).

O TGMD-2 foi validado para a população Brasileira por Valentini et al. (2012), evidenciando que a versão portuguesa do TGMD-2 apresenta índices satisfatórios de validade fatorial confirmatória (x²/gl=3,38 Goodness-of-fit Index=0,95; Ajusted Goodness-of-fit Index=0,92 e Tucker e Lewis’s Index of-fit=0,83) e consistência interna teste-reteste (locomoção: r=0,82; objeto:r=0,88), considerado fidedigno para avaliação qualitativa do desempenho motor.

O TGMD-2 avalia seis habilidades locomotoras (corrida, galope, saltar com 1 pé, passada, salto horizontal e corrida lateral), e o outro com seis habilidades manipulativas (rebater, quicar, receber, chutar, arremesso sobre o ombro e rolar). A criança recebe um ponto para cada critério atendido e 0 (zero) para cada critério não atendido. São obtidos, a partir daí, os escores brutos para cada subescala, sendo transformados em escores padrão, podendo ser feita a análise da idade equivalente resultante da relação entre a idade cronológica da criança e a sua idade equivalente para os subtestes.

A soma dos pontos obtidos nos subtestes de locomoção e controle de objetos resulta no escore bruto total do teste que, quando transferido para as planilhas de classificação, são convertidos em escores padrão, percentis (locomoção e controle de objetos) e na soma dos escores padrão de locomoção e controle de objeto, levando em conta a faixa etária da criança para esta classificação.

Para os escores brutos, o resultado mais baixo é zero e o mais alto é 48 para cada subteste (Valentini, 2002). A soma dos escores padrão é transformada no coeficiente motor amplo, o qual expõe valores descritivos do nível de desempenho motor através da tabela de classificação do coeficiente motor em Muito Pobre (<70),

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3. METODOLOGIA

Pobre (70 a 79), Abaixo da Média (80 a 89), na Média (90 a 110), Acima da Média (111 a 120), Superior (121 a 130) e Muito Superior (>130).

Durante a aplicação do teste foram obedecidos todos os quesitos de aplicação preconizados por Ulrich (2000), como forma de garantir que os dados coletados não sofressem interferências subjetivas por parte dos avaliadores. Tal procedimento foi trabalhado em um teste piloto realizado com os avaliadores.

Para realização do TGMD-2 foram utilizados: 01 câmera filmadora digital High Definition, 3 (três) bolas de borracha (tipo bola de tênis) com 10 cm de diâmetro (teste de rebatida); 3 (três) bolas de borracha com diâmetro entre 20 e 25 cm de diâmetro para testes de quique e chute; 1 (uma) bola de basquete, 1 (uma) bola de futebol infantil, 4 (quatro) cones, 1 (um) tripé, 1 (um) saco de areia para o teste da passada, 1 (um) bastão de plástico tipo beisebol para o teste de rebatida e fita adesiva.

3.5. PROCEDIMENTOS

Inicialmente, foi feito o contato com a Professora Doutora Nádia Cristina Valentini, Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Intervenções Motoras da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ESEF-UFRGS), por quem foi dada autorização para o uso do TGMD-2, bem como o pedido de capacitação dos avaliadores, resultando no estabelecimento de um termo de cooperação em pesquisa.

Foi ministrada a capacitação dos avaliadores referente à aplicação e análise do TGMD-2 por dois representantes do Grupo de Estudo de Intervenções Motoras da ESEF-UFRGS. Essa capacitação foi ministrada na Faculdade Católica Rainha do Sertão, na Cidade de Quixadá, tendo como participantes o responsável por este estudo, bem como os acadêmicos de Educação Física que auxiliaram na coleta dos dados.

Posteriormente, este estudo foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual de Santa Catarina, através da Plataforma Brasil, sendo aprovado no dia 03/08/2011 com o número 59/2011.

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3. METODOLOGIA  

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O coordenador geral do PST – Juazeiro do Norte foi contatado para a solicitação de autorização para realização do estudo, sendo que logo após a autorização foram realizadas reuniões com professores, monitores, alunos e pais de alunos do programa, objetivando prestar esclarecimentos sobre a importância do estudo, procedimentos éticos e testes a serem aplicados, como forma de os envolvidos direta e indiretamente no estudo tomarem ciência do processo como um todo.

Durante as reuniões de esclarecimento foram coletados os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido e as autorizações para uso da imagem das crianças, estando assim resguardados os princípios éticos emanados pela resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Dessa forma, este estudo obedecerá aos princípios básicos da bioética: autonomia, beneficência, não-maleficência e justiça.

Os alunos componentes da amostra foram cadastrados em fichas individuais, constando os dados pessoais, referências de idade e sexo, bem como endereço, nome e número do telefone dos pais. A mobilização desses alunos ficou por conta do professor e do monitor do respectivo núcleo, como determina a metodologia do próprio programa.

Foi aplicado o pré-teste do TGMD2 na segunda semana de funcionamento dos núcleos do PST, como forma de avaliar o desempenho motor com a menor interferência possível das atividades desenvolvidas no próprio programa, já que os alunos não participaram de atividades esportivas efetivas nas duas primeiras semanas que estavam destinadas para a realização de cadastros, testes e entrega de materiais. As imagens coletadas no pré-teste foram analisadas por dois profissionais de Educação Física, para serem classificadas segundo o protocolo do TGMD2.

Após três meses de atividades dos núcleos do PST foi realizado o pós-teste com a amostragem selecionada no sentido de reavaliar o desempenho motor, e assim coletar os dados para efetuar as devidas comparações com os dados coletados no pré-teste. A análise das imagens e a classificação das crianças seguiu os mesmos procedimentos do pré-teste.

Para a aplicação do TGMD-2 foram avaliadas crianças em duplas, devidamente identificadas na filmagem. Os avaliadores explicaram cada teste a ser

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3. METODOLOGIA

realizado, sendo que na sequência demonstraram o que cada criança deveria executar, sem, contudo, intervir na sua execução. As crianças executaram duas tentativas para cada habilidade, sendo filmadas por uma câmera posicionada lateralmente, levando em média 25 minutos de execução para cada dupla.

Os vídeos foram analisados pelo responsável por este estudo, juntamente com um dos representantes do Grupo de Pesquisa em Intervenções Motoras da ESEF-UFRGS, sendo constatada uma correlação forte e significativa nas relações intra (0,91) e inter-avaliadores (0,92), atestadas quando da análise dos vídeos do teste piloto.

3.5.1. PROGRAMA SEGUNDO TEMPO

 O PST é um programa socioesportivo criado no Brasil pelo Ministério dos Esportes (ME) em janeiro de 2003, com o intuito de promover o esporte como fator de educação e desenvolvimento humano, e assim cumprir o que determina o artigo 217 da constituição federal do Brasil, que define o esporte como sendo um direito de todo cidadão. Dessa forma, visa possibilitar a inclusão social de crianças e jovens menos favorecidos economicamente, que estejam entre 7 e 17 anos de idade, através da prática esportiva.

O objetivo principal do PST é: “democratizar o acesso à prática e à cultura do Esporte de forma a promover o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens, como fator de formação da cidadania e melhoria da qualidade de vida, prioritariamente em áreas de vulnerabilidade social” (Ministério dos Esportes, 2003). Dessa forma, percebe-se que esse programa tem, nas suas bases filosóficas, o entendimento do esporte como meio de desenvolvimento integral de criança e jovens, negando aspectos de seletividade, competição exacerbada e rendimento atlético.

Dentre os diversos objetivos específicos do PST destacamos: contribuir para a melhoria das capacidades físicas e habilidades motoras e contribuir para a melhoria da qualidade de vida (autoestima, convívio, integração social e saúde). Dentre os resultados esperados destacamos: melhoria das capacidades e

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3. METODOLOGIA  

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participantes e aumento do número de praticantes de atividades esportivas educacionais.

A estratégia utilizada pelo ME para disseminação do PST em todo o Brasil se dá através da implantação de núcleos nos municípios em parceria com entidades públicas, privadas e do terceiro setor. Esses núcleos funcionam com a orientação de um professor graduado em Educação Física e de um monitor, que é um acadêmico de Educação Física.

Cada núcleo deve atender a 100 beneficiários distribuídos em duas turmas de 50 alunos nos turnos da manhã e tarde, respectivamente, sendo que as crianças frequentam o PST no contraturno escolar. Devem ser oferecidas práticas esportivas de, no mínimo, duas modalidades coletivas e uma individual para beneficiários até os 15 anos de idade. Após essa idade, os alunos podem participar de uma única modalidade. As modalidades a serem dinamizadas são definidas pela coordenação local do PST de acordo com a cultura esportiva local.

Os núcleos funcionam com frequência de três sessões semanais com duração entre duas e três horas de duração cada, sendo que somente alunos matriculados na rede pública de ensino podem participar dessas atividades.

Os beneficiários têm acesso à práticas esportivas orientadas, aos uniformes do programa, bem como à alimentação em forma de lanche. Cada núcleo recebe um kit de materiais esportivos contendo bolas de handebol, vôlei, futsal e basquete; tacos para rebater, bolas de borracha, jogos de tabuleiro, jogos populares, raquetes, redes para traves e redes de vôlei, a serem todos utilizados nas atividades do núcleo.

Os núcleos desenvolvem suas atividades durante dois anos, sendo possível pleitear a renovação do convênio para mais dois anos sem limite de pedidos de renovação, fato que permite aos beneficiários terem acesso ao PST de forma prolongada e frequente (Ministério dos Esportes, 2011).

O Estado do Ceará, através da Secretaria de Esporte, dinamizou 233 núcleos do PST entre os anos 2008 e 2010, espalhados pelos 184 municípios componentes do estado, perfazendo um total de mais de 50.000 beneficiários. No mês de setembro de 2012, teve início um novo período de convênio do Governo do Estado

Imagem

Tabela 1 - Amostra do estudo por sexo e zona
Tabela 2 - Classificação do Desempenho Motor na Amostra Total e em Função da Zona
Tabela  3  -  Descritivo  e  comparativo  do  Escore  Bruto  Locomoção,  Escore  Bruto  Controle  de  Objetos  e  Coeficiente Motor Amplo em função da zona e em função da zona, sexo e da fase (pré-teste e pós-teste)
Tabela 4 - Comparação do Desempenho Motor de acordo com o sexo e zona

Referências

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