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LISTA DE ABREVIATURAS

2.3. DESEMPENHO MOTOR E INTERVENÇÃO MOTORA

Proporcionar atividades orientadas para o desenvolvimento das HMF se mostra um meio eficaz para gerar melhorias dos padrões dessas habilidades, em contraponto com as aulas que são desenvolvidas com base em brincadeiras livres. Dessa forma, as crianças podem desenvolver plenamente suas HMF e ter uma sequência normal das demais fases do seu desenvolvimento, pois tanto a maturação e as exigências da tarefa, como as condições ambientais, influenciam decisivamente no desenvolvimento dessas habilidades (Gallahue & Ozmun, 2005).

Entender como os fatores ambientais influenciam o desenvolvimento das HMF vem sendo o objetivo de diversos estudos (Barnett et al. 2012; Bastik et al. 2011). São investigados a influência da família, do clima motivacional nas aulas, das oportunidades de prática física, bem como as intervenções motoras proporcionadas

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O desenvolvimento das HMF tem relação direta com a prática de ensino que é proporcionada à criança, pois essas habilidades não se desenvolvem de forma espontânea. Portanto, o meio no qual a criança está inserida passa a ter papel relevante na questão do desempenho motor de crianças (Valentini & Toigo, 2006).

Organizar e estruturar o ambiente, assim como utilizar metodologias adequadas e criar um clima motivacional favorável ao aprendizado são fatores fundamentais para que as crianças possam desenvolver suas HMF, pois “essas

habilidades são a consequência de oportunidades para experenciar atividades motoras apropriadas e sistemáticas” (Valentini & Toigo, 2006).

Melhores níveis de desempenho motor das HMF dependem diretamente de

uma série de fatores, nos quais incluem-se oportunidades para a prática, encorajamento e estruturação de um ambiente favorável ao aprendizado, considerando também os objetivos da tarefa (Gallahue & Ozmun, 2005).

Em estudo realizado com crianças de escolas públicas de São Paulo, foi verificado que crianças que participaram das aulas de Educação Física e Esportes Radicais apresentaram idade motora equivalente avançada para o subteste locomotor e nenhuma diferença entre idades motora e cronológica no subteste de controle de objetos, enquanto crianças do grupo controle apresentaram idades motora e cronológica equivalentes. Esses resultados indicam que as práticas de Educação Física (EF) e Esportes Radicais proporcionaram desenvolvimento das HMF para além do esperado (Araújo et al., 2012).

Quando comparado o desempenho motor de crianças de escolas públicas e privadas, constatou-se que crianças de escolas públicas apresentaram idade motora equivalente inferior à do grupo de crianças de escolas particulares no subteste de controle de objetos. Esse déficit no desempenho motor de crianças de escolas públicas é atribuído ao fato de essas crianças não participarem de vivências em que os conteúdos sejam desenvolvidos por um profissional de EF (Cotrim et al., 2011).

A importância da intervenção para o melhor desempenho motor de crianças também é constatada em estudo realizado com crianças iranianas com idade média de 4,95 anos de idade. O estudo mostrou que, após 10 semanas de intervenção, o percentual de indivíduos que foi avaliado como superior e muito superior foi bastante

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significativa, ao passo que houve redução significativa no percentual de indivíduos que foram classificados como ruim e péssimo (Kordi et al., 2012).

Diversos são os estudos interventivos que constatam a significativa melhora no desempenho motor das habilidades locomotoras, de controle de objetos e coeficiente motor amplo de crianças que participaram de grupos experimentais quando comparadas à crianças de grupo controle, quando avaliadas no período pós- interventivo (Bakhtiari & Fashina, 2011; Draper et al. 2012; Footrusi et al. 2012; Akbari et al. 2009; Sales et al., 2012)

Um melhor desempenho motor das HMF após a intervenção também foi verificado no estudo realizado por Diaz & Vargas (2009) com crianças costarriquenhas, com média de 6 anos de idade. As crianças foram divididas em três grupos: controle, experimental 1 (crianças participantes de programa regular de exercício físico, mais 30 minutos de EF por semana) e experimental 2 (crianças participantes de programa regular de exercício físico, mais 60 minutos de EF por semana). Os resultados mostram que o grupo controle apresentou uma diminuição da sua pontuação no TGMD-2, e que crianças do grupo experimental 1 não apresentaram mudanças no Desempenho Motor, sendo verificadas melhoras significativas no desempenho motor das crianças participantes do grupo experimental 2, que tinham maior tempo de vivência de exercícios físicos.

Resultados que reforçam a evidência de que aulas de EF (intervenção) proporcionam melhoras no desempenho motor de crianças também foram encontrados em estudos de Dias & Vargas (2010), quando constatou-se melhorias no desempenho das habilidades locomotoras, especificamente nas habilidades de galope e salto em crianças que participaram de 90 minutos de aula de EF por semana.

Resultados de desempenho motor abaixo do esperado para a idade foram encontrados em estudo com crianças (4 a 6 anos de idade) praticantes e não- praticantes de exercício físico sistemático, em que a maioria foi classificada como “na média” e “abaixo da média”. Contudo, verificou-se que crianças praticantes de exercício físico sistemático apresentaram desempenho superior ao grupo de

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Crianças neozelandesas, de 5 a 12 anos de idade, participantes de um estudo interventivo, também apresentaram melhoras significativas no desempenho das habilidades motoras fundamentais, segundo o qual todas as habilidades foram substancialmente melhoradas após o programa de intervenção orientado pelo professor de Educação Física (Mitchell et al., 2013).

Aulas de EF orientadas por professor de EF, comparadas com aulas de recreação orientada com professor regular, foram estudadas no que se refere ao desempenho das HMF, em que os resultados mostraram que, mesmo mostrando pontuação semelhante entre os grupos na fase de pré-interventiva, o grupo de crianças participantes das aulas de EF orientada por professor de EF mostrou melhora significativa no desempenho das HMF, quando comparado com o grupo de crianças que teve aula de recreação orientada por professor regular (Lemos et al., 2012).

Estudo de intervenção motora, especificamente em crianças com atraso motor, constatou melhoras significativas no desempenho das HMF de locomoção e controle de objetos no grupo experimental, após 12 semanas de intervenção, enquanto o grupo controle não apresentou mudanças significativas nesse mesmo período (Valentini, 2002).

A intervenção motora também mostrou que, no pós-teste, foram verificadas melhorias no desempenho das HMF em crianças de 5 a 6 anos de idade que participaram de atividades de jogo orientado, quando comparadas com crianças que participaram de atividades de jogo livre em contexto enriquecido e crianças do grupo controle, sendo que esses dois últimos grupos não apresentaram melhorias significativas no desempenho das HMF (Palma et al., 2009).

Meninas entre 7 e 10 anos de idade, divididas em dois subgrupos (7 e 8 anos e 9 e 10 anos) foram submetidas a uma intervenção motora pautada na dança durante 10 semanas. Os resultados demonstraram que crianças dos dois grupos apresentaram melhores resultados no desempenho das HMF, após a intervenção, demonstrando a efetividade do programa de intervenção motora (Souza et al., 2008).

Crianças entre 6 e 12 anos de idade, participantes de um estudo interventivo através do tênis, demonstraram associação estatisticamente significativa no

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desenvolvimento das habilidades motoras específicas do tênis com as HMF de locomoção na fase pós-teste, resultado não constatado no que se refere às habilidades de controle de objeto (Pífero & Valentini, 2010).

Professores de educação infantil foram submetidos a um treinamento para implementação de programa de intervenção motora focado no desenvolvimento das HMF de crianças entre 4 a 5 anos de idade. Os resultados demonstraram que, após a formação dos professores e a implementação do programa de intervenção motora, as crianças apresentaram melhorias significativas no desempenho total e nas habilidades de locomoção (Robinson et al., 2012).

A intervenção motora também se mostrou eficaz no desenvolvimento das HMF em estudo comparativo entre crianças de desenvolvimento típico e crianças com deficiência intelectual, que foram divididas em grupos que participavam e não participavam de intervenção pautada no esporte. Crianças com desenvolvimento típico e crianças com deficiência intelectual apresentaram melhor desempenho nas habilidades de controle de objeto no período pós-teste, resultado não confirmado no que se refere às habilidades de locomoção para os dois grupos (Westendorp et al., 2011).

Crianças obesas e normoponderais participaram de um estudo interventivo e apresentaram melhorias no desempenho das HMF quando participaram de atividades dentro de um ambiente planejado de forma a motivar a participação das crianças nas atividades físicas (Berleze, 2008).

Estudo realizado no Egito analisou as possíveis influências das práticas de atividades diárias comparadas com a prática de atividades físicas com padrões de movimento não estruturado e estruturado para o desenvolvimento das HMF. Dessa forma, crianças que participaram do grupo experimental (prática de atividades físicas com padrões de movimento não estruturado e estruturado) apresentaram melhor desempenho nas habilidades de controle de objetos e locomoção quando comparadas com crianças que participaram do grupo controle (prática de atividades diárias), evidenciando que as habilidades motoras podem ser influenciadas positivamente por um programa interventivo apropriado (Ghaly, 2010).

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2.4. DESEMPENHO MOTOR RELACIONADO À ZONA URBANA E À ZONA

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