Teoria da Intersec~ao
Equivariante e a Formula de
Resduos de Bott
Andre L. Meireles Araujo
Departamento de Matematica - UFRNIsrael Vainsencher
Departamento de Matematica - UFPE
XVI ESCOLA DE ALGEBRA UNB2000
A Andrezinho e Bet^ania e a Katia
Prefacio
O objetivo
deste livro e descrever uma vers~ao de uma formula de resduos introduzida por Raoul Bott e ilustrar sua aplicac~ao a geometria enumerativa. As ideias em torno da formula de Bott circulavam ao menos desde a pu-blicac~ao do celebre resultado de H. Hopf, que fornece o numero de Euler de uma variedade compacta puramente em termos de uma contagem de resduos feita no conjunto de zeros de um campo vetorial. A formula de Bott exibe relac~oes entre os numeros caractersticos da variedade e invariantes locais de um campo vetorial conveniente proximos de seus zeros.A entrada em cena desta ferramenta em geometria enumerativa deve-se a G. Strmme & G. Ellingsrud [12], culminando com os notaveis resultados de Kontsevich [24] para enumerac~ao de curvas racionais.
As refer^encias que seguimos para as noc~oes de cohomologia e aneis de Chow equivariantes s~ao os artigos de D. Edidin e W. Graham [9] e de M. Brion [6]; a demonstrac~ao da formula de Bott que apresentaremos e calcada nesta ultima. Ela e feita a partir de um teorema de localizac~ao que descreve o anel de Chow equivariante em termos do anel de Chow do lugar dos pontos xos.
Nosso interesse principal e voltado para aplicac~oes em geometria enumera-tiva. Mostraremos com muitos exemplos como a formula de resduos pode ser usada para obter varios numeros caractersticos e calcular alguns invariantes de Gromov-Witten. Alguns dos exemplos s~ao bem conhecidos (e.g., as 27 retas da superfcie cubica). O calculo do numero de curvas can^onicas deP3
inciden-tes a 24 retas e baseado em trabalho recente de J. Rojas com o 2o autor [29]
e parte da tese de doutorado do 1o autor [25].
E requerida alguma familiaridade com noc~oes de grupos algebricos, varie-dades quocientes, aneis de Chow e classes de Chern. Refer^encias para este material s~ao os livros Borel [4] e Fulton [15]; veja tambem [32].
Por m, gostaramos de registrar nossos agradecimentos aos organizadores pela oportunidade oferecida.
Recife, maio de 2000. Andre L. Meireles Araujo e Israel Vainsencher
Conteudo
Prefacio
iii
Convenc~oes globais
vii
1 O grupo de Chow
1
1.1 O grupo de Chow usual . . . 1
1.2 O grupo de Chow invariante . . . 3
1.3 O grupo de Chow equivariante . . . 5
1.4 O anel T-equivariante de um ponto . . . 9
1.5 Propriedades funtoriais . . . 10
1.6 O brado de um caracter . . . 12
1.7 Caracter versus classe de Chern . . . 12
1.8 O anel equivariante de Pn . . . 17
2 O teorema de localizac~ao
21
2.1 O caso da ac~ao trivial . . . 212.2 Decomposic~ao em auto-subbrados . . . 22
2.3 Lugar dos pontos xos . . . 23
2.4 O teorema de localizac~ao . . . 24
2.5 A formula de resduos de Bott . . . 29
2.6 Contribuic~ao de pontos xos . . . 30
3 Aplicac~oes enumerativas I
33
3.1 Duas retas em P2 . . . 333.2 Duas retas em P2, bis . . . 35
3.3 As 27 retas . . . 37
vi
Conteudo4 Aplicac~oes enumerativas II
43
4.1 Cubicas reversas na quntica . . . 43 4.2 Curvas can^onicas emP3 . . . 52
5 Ap^endice: programas em
maple 595.1 C^onicas na superfcie cubica . . . 59 5.2 Cubicas reversas na quntica . . . 60
Bibliograa
66
Smbolos
68
Convenc~oes globais
Trabalhamos sobre o corpo dos numeros complexos. Esquemas s~ao quase-projetivos sobre C. Uma variedade signica um esquema integral. Todos os
mapas s~ao C-morsmos. Um ponto de uma variedade e sempre um ponto
fechado (i.e. um C-ponto).
UmG-espaco e um esquema X munido de uma ac~ao algebrica GX ! X
onde G e um grupo linear (frequentemente, G = T, um toro). Suporemos sempre queX PN e um subesquema quase-projetivo e que a ac~ao e induzida
Captulo 1
O grupo de Chow
Neste captulo introduziremos o grupo de Chow equivariante. Ele se dene em termos do grupo de Chow \classico" (cf. 1.3.3), que inicialmente passaremos em revista. Oferecemos tambem um leve intermezzo invariante.
1.1 O grupo de Chow usual
A refer^encia can^onica para o material desta sec~ao e Fulton [15] ou [16].
1.1.1 Grupo dos Ciclos
Seja X um esquema e seja n = dim(X). O grupo dos ciclos de dimens~ao
k, ou k-ciclos em X e o grupo abeliano livre gerado pelas subvariedades irre-dutveis fechadas de dimens~ao k de X, e denotamos por Zk(X). O grupo dos
ciclos deX e o grupo graduado Z(X) :=
n M
k=0 Zk(X)
Por denic~ao, cada k-ciclo c em Zk(X) se escreve de forma unica como
com-binac~ao linear com coecientes inteiros,
c = X
V nV V
ondeV percorre a colec~ao das subvariedades (fechadas e irredutveis) de X de dimens~aok, com nV 6= 0 para um numero nito de V 's.
2
O grupo de Chow O suporte do cicloc =P nVV e denido por jcj = [ nV 6 =0 V:SejamX1; ;Xm as componentes irredutveis de um esquemaX. Ociclo
fundamental deX e denido por
[X] = Xm i=1 miXi
onde mi=l(OX;X
i) e o comprimento do anel local de X ao longo de Xi.
Como o anel local OX;X
i e artiniano, o comprimento e um numero inteiro
positivo, chamado a multiplicidade geometrica de X em Xi.
1.1.2 Equival^encia Racional
Seja V uma variedade e seja R(V ) o corpo das func~oes racionais sobre V . Seja r 2 R(V ) uma func~ao racional n~ao nula. Denimos a ordem de r ao
longo de uma subvariedade W V de codimens~ao 1 por
ordW(r) := l(A=(a)) l(A=(b));
onde A =OV;W e r = a=b com a;b2A.
Observemos que ordW esta bem denida cf. [15] e que
ordW(rs) = ordW(r) + ordW(s); 8r;s2R(V )
Denimos o o divisor de uma func~ao racional r sobre uma variedade V
como
div(r) := X
W ordW(r) W
onde W percorre a colec~ao das subvariedades de V de codimens~ao 1.
A soma formal acima e de fato um ciclo sobre V ja que ordW(r) 6= 0 so
para um numero nito de subvariedades de V , cf [15].
Seja X um esquema. O grupo dos k-ciclos racionalmente equivalentes a zero sobre X e denido como o subgrupo Rk(X) de Zk(X) gerado pelos
1.2 O grupo de Chow invariante
3
divisores de func~oes racionais de subvariedades de X de dimens~ao k + 1. Ogrupo dos ciclos racionalmente equivalentes a zeroe o grupo graduado R(X) :=
n M
k=0 Rk(X)
O grupo quociente graduado
A(X) := Z(X)=R(X) = n M
k=0Zk(X)=Rk(X)
e chamadoo grupo de Chow de X.
1.2 O Grupo de Chow
G-Invariante e
o Teorema de Hirschowitz
Exporemos a construc~ao dos grupos de ChowG-invariantes. Por um lado, eles motivaram a construc~ao dos grupos G-equivariantes. Por outro, no caso de maior interesse para as aplicac~oes esses dois grupos praticamente coincidem.
1.2.1 Ciclos e equival^encia racional
G-invariantes
SejaX um G-espaco. O grupo de Chow G-invariantede X e o grupo quo-cienteAk(X;G) = Zk(X;G)=Rk(X;G), onde Zk(X;G) Zk(X) e o subgrupo
gerado pelas subvariedades fechadas deX que s~ao G-invariantes. O subgrupo Rk(X;G) Rk(X) e gerado por todos os divisores de auto-func~oes racionais
em subvariedades G-invariantes de X de dimens~ao k + 1.
Lembramos que uma func~ao racionalf em uma subvariedade G-invariante, W X, e dita uma auto-func~ao se gf = (g)f para todo g 2 G e algum
caracter = f deG.
Note que a inclus~ao Zk(X;G) Zk(X) induz um homomorsmo natural
Ak(X;G) ! Ak(X). Em geral, n~ao precisa ser nem injetivo e tampouco
sobrejetivo.
1.2.2 Exerccio
SejaX uma curva eltica. Considere a ac~ao de Z2induzidaporx7! x para a estrutura de grupo habitual. Mostre que as subvariedades
invariantes proprias s~ao os 4 pontos de ordem 2. Conclua que A0(X;Z2) !
4
O grupo de Chow Quando o grupo linear G e conexo e soluvel (e.g., G = T um toro), vale o seguinte.1.2.3 Teorema. (Teorema de Hirschowitz)
Se um grupo algebrico linear soluvel e conexo G age sobre uma variedade projetiva X, ent~ao o homomorsmo can^onico Ak(X;G) ! Ak(X) e um
isomorsmo.
O teorema acima foi provado inicialmente por Andre Hirschowitz [20] em 1984 no caso em que X e uma variedade projetiva. Em 1995, W. Fulton, R. MacPherson, F. Sottile e B. Sturmfels [17] demonstraram o caso geral.
No restante desta sec~ao daremos um esboco da demonstrac~ao feita por Hirschowitz em [20]. As hipoteses s~ao requeridas na principal ferramenta em-pregada.
1.2.4 Teorema do ponto xo de Borel.
Seja G um grupo algebrico linear soluvel e conexo agindo sobre uma variedade projetiva e n~ao vazia V. Ent~ao G admite um ponto xo em V . ([4], pag. 242.)Aplicaremos o teorema acima na variedade de Chow da variedade projetiva X, denotada por CH(X). Esta parametriza os ciclos efetivos (de subvarie-dades) da variedade projetiva X. Sabe-se que suas componentes irredutveis s~ao variedades projetivas cf. [18].
Denotemos por Z+ (X)
Z
(X) o subgrupo dos ciclos efetivos
(analoga-mente, Z+
(X;G)
Z
(X;G)). Por construc~ao, existe uma bijec~ao natural
Z+ (X)
!CH(X).
Diremos que um 1-ciclo e racional se seu suporte e uma uni~ao conexa de alguma famlia de curvas irredutveis de g^enero geometrico zero.
Deste modo, dizer que dois pontos deCH(X) s~ao membrosde algum 1-ciclo racional e equivalente a dizer que os ciclos correspondentes s~ao racionalmente equivalentes emX. Reciprocamente, se U e um ciclo sobre X racionalmente equivalente a zero, ent~ao existem um 1-ciclo racional C sobre CH(X) e dois pontos U1 eU2 de C vericando U = U1 U2.
1.2.5 Proposic~ao.
Seja Y uma variedade projetiva uniracional. Ent~ao, cada par de pontos (x;y) de Y esta contido em um 1-ciclo racional de Y. 2Na realidade, a principal aplicac~ao que faremos do teorema de Hirschowitz e que o mapa e sobrejetivo, ou seja, o anel de ChowA(X) e gerado por classes
1.3 O grupo de Chow equivariante
5
Demonstrac~ao. (do Teorema de Hirschowitz) SejaA+ (X) a imagemde Z + (X) emA (X). Mostraremos que Z +(X;G) ! A+(X) e sobrejetivo e portanto, A (X;G) !A (X) tambem e. Dado U 2 Z+ (X), ent~ao U 2 CH(X) e a ader^encia V = GU da orbita
GU e uma variedade projetiva G-invariante.
Logo, pelo Teorema de Borel, existe um ponto xo UG 2 V . Como G e
racional1 temos que V e uniracional. Logo, pela proposic~ao acima U e UG s~ao
racionalmente equivalentes, ou seja, determinam a mesma classe em A(X).
Para a injetividade, daremos apenas uma breve ideia. Devemos mostrar que o nucleo do mapaZ(X;G)
! A
(X) e igual a R(X;G). Seja U um ciclo
racionalmente equivalente a zero. Ent~ao, U = U1 U2 comU1;U2
2CH(X)
dois ciclos efetivos sobre um 1-ciclo racionalC em CH(X). Assim, (U1;C;U2)
e um ponto emCH(X)CH(CH(X))CH(X). A ader^encia W da orbita
deste ponto pelaG-ac~ao e uma variedade projetiva. Novamente pelo Teorema de Borel, existe um ponto xo (U1G;CG;U2G) 2 W. Trabalhando com as duas
projec~oes para CH(X), mostra-se que CG e um 1-ciclo racional contendo U1G
e U2G e que U = U1G U2G, e portanto, U 2R(X;G).
2
1.3 O grupo de Chow
G-equivariante
Nesta sec~ao introduziremos o grupo de Chow G-equivariante de um G-espaco X. As propriedades funtoriais da imagem recproca plana e imagem direta propria ser~ao revistas no contexto G-equivariante. Detalhes da construc~ao e exist^encia ser~ao omitidos. A maioria destes e consequ^encia de resultados de quocientes de variedades algebricas por grupos algebricos que fogem do escopo deste texto. As refer^encias can^onicas para tais fundamentos s~ao Borel [4] e Mumford [27].
Deniremos tambem classes de Chern G-equivariantes de um brado ve-torial G-equivariante E sobre X. Por m, discutiremos com detalhes alguns exemplos que, embora a primeira vista parecam triviais, ser~ao sucientes para as aplicac~oes a que foram reservados os captulos nais.
1.3.1
G-brado principal
Seja G um grupo linear e seja X um G-espaco. Ponhamos g = dimG e n = dimX:
1Isto e obvio se
6
O grupo de Chow Escolhemos uma representac~aol-dimensional V de G que contenha um aberto U no qual G age livremente. Exibiremos U V explicitamente nos exemplosde maior interesse.
Seja : U ! U := U=G o G-brado principal quociente. Isto signica
que existe uma cobertura aberta fUig de U tal que 1Ui
' Ui G, com
func~oes de transic~ao 'ij : Uij ! G. Tal quociente existe automaticamente
como espaco algebrico, pois G age livremente sobre U.
Para os casos que nos interessam mais diretamente, U=G e de fato um produto de espacos projetivos e sua construc~ao e elementar, cf. 1.4.1.
Note que a ac~ao diagonal ( ;x;u) 7! ( x; u) sobre X U tambem
e livre. Portanto existe um quociente na categoria dos espacos algebricos X U ! (X U)=G que e um G-brado principal. Denotaremoes este
quociente (X U)=G por X GU, ou simplesmente, XG. Novamente, nos
casos em que estamos mais interessados, XG e um esquema projetivo.
A partir de agora, a notac~ao U V refere-se a um aberto U de uma
representac~ao V de G no qual G age livremente, e XG denota a base do
G-brado principal quociente, que tambem escreveremos X U ! XG=X
GU:
Uma observac~ao fundamental e que a escolha de U V pode ser feita de tal
maneira que o mapa de restric~ao de ciclos de X V ao aberto X U seja
bijetivo em qualquer dimens~ao pre-xada.
1.3.2 Exemplo muito instrutivo
Consideremos G = T =C
, o toro unidimensional, agindo em X = P
1 por
t[x0;x1] = [x0;tx1]. Fixe l > 1 e tome a representac~ao diagonal de T em
V =C l, (v!tv). Agora faca U = V r
f0g. E claro queT age livremente em
U. Nosso T-brado principal U ! U=T nada mais e que a familiar construc~ao C l
r
f0g ! Pl 1. Continuando, X U ! XT e igualmente um T-brado
principal, cuja base XT passamos a descrever. Considere o mapa P
1 C l
r
f0g ! Pl 1Pl
(x;y) = [x0;x1];(y1;:::;yl)
7 ! ([y1;:::;yl];[x1; x0y1;:::;x0yl]):
O leitor n~ao deve ter diculdades em vericar que, efetivamente t(x;y) = (x;y); 8t2T;x2P 1;y 2C lr f0g:
1.3 O grupo de Chow equivariante
7
Mais ainda, 1( (x;y)) = T(x;y)
= T. Tomando coordenadas homog^eneas z0;:::;zl no segundo fator, e claro que a imagem de e a subvariedade
W Pl 1Pl dada por yizj = yjzi; 1 i;j l. A projec~ao W ! Pl 1
de fato identica esta variedade com o P1-brado P O P l 1 O P l 1( 1) : Em resumo, temos de fato XT =
P O P l 1 O P l 1( 1) ! Pl 1. Veja 1.8 para generalizac~ao.
1.3.3 Denic~ao-Proposic~ao
Denimos o i-esimo grupo de Chow G-equivariante de X por
AGi(X) = Ai+l g(XG);
onde l = dim(V ), g = dim(G) e A denota o grupo de Chow usual. Este
grupo independe da representac~ao escolhida, desde queV U tenha codimens~ao sucientemente grande, i.e., > dimX i.
Demonstrac~ao. Usaremos o argumento conhecido como da dupla brac~ao de Bogomolov. Sejam V1 e V2 duas representac~oes de G com dimens~oes
respec-tivamente l1 e l2 satisfazendo as condic~oes acima. Ou seja, existem abertos
U1 V1 e U2 V2 tais que G age livremente em U1 e U2 e os complementos
V1 U1 e V2 U2 t^em codimens~ao maior que n i.
Tome G agindo diagonalmente sobre V1 V2. Ent~ao, V1V2 contem um
aberto W que contem ambos V1U2 eU1V2 no qual G age livremente, ou
seja, existe o G-brado principal quociente W=G. Logo, temos que Ai+l1+l2 g(X GW) = Ai+l 1+l2 g(X G(U1 V2));
pois o fechado jogado fora, (XGW) r(X
G(U1V2)), tem dimens~ao menor
que i + l1+l2 g.
Por outro lado, a projec~ao V1 V2 ! V1 realiza X G (U1 V2) como
um brado vetorial sobre X GU1 com bra V2 e grupo estrutural G. Ent~ao,
Ai+l1+l2 g(X
G(U1 V2)) = Ai+l 1 g(X
GU1), o que nos leva a concluir
que Ai+l1+l2 g(X
GW) = Ai+l 1 g(X
GU1). Analogamente, mostra-se que
Ai+l1+l2 g(X
G W) = Ai+l 2 g(X
G U2). Portanto, AGi(X) independe da
representac~ao escolhida. 2
Quando escrevermosAGi(X) = Ai+l g(XG) =Ai+l g(X GU) estara
sem-pre subentendido que a resem-presentac~ao V e o aberto U V foram escolhidos
8
O grupo de Chow1.3.4 Ciclos invariantes
SeY X e uma subvariedade G-invariante de X de dimens~ao m, ent~ao ela
admite uma classe fundamentalG-equivariante, [Y ]G= [Y GU]2AGm(X).
De modo geral, seV e uma representac~ao l-dimensional de G e S XV
e uma subvariedade invariante de dimens~ao m + l, ent~ao S tem uma classe fundamental G-equivariante [S]G2AGm(X) dada por
[S]G= [ S\(X U)
=G]:
1.3.5 Lema.
Seja : X U ! X G U = XG o mapa quociente e sejaZ XG uma subvariedade irredutvel fechada. Ent~ao 1Z X U e
G-invariante (e irredutvel se G for conexo).
1.3.6 N~ao trivialidade de
AGi(X) Pode acontecer do grupo de Chow or-dinario Ai(X) ser trivial, mas AGi(X) ser n~ao-nulo para algum i n,in-cluindo i negativo. Tome por exemplo X = pt, G = T =C
. Neste caso, X T
se identica a U=T. Escolhendo a representac~ao como em (1.3.2), vemos que ATi(X) = Ai+l 1(Pl 1) e nulo para i > 0 e isomorfo a Zpara i0.
1.3.7 A estrutura de anel
Quando X e uma variedade lisa, o grupo de Chow G-equivariante AG
(X) = M
AGi(X)
herda um produto de intersec~ao dos grupos de Chow ordinarios, que fazem de AG
(X) um anel graduado. Neste caso, e mais conveniente graduar pela
codimens~ao, escrevendo Aj G(X) = AGdimG j(X) e A G(X) = M AiG(X):
1.3.8 Proposic~ao.
Se 2AGm(X), ent~ao existe uma representac~aol-dimen-sionalV deGtal que =P
ai[Si]G, onde cadaSie subvariedadeG-invariante
de X V de dimens~ao l + m.
Demonstrac~ao. Visto queAGm(X) = Am+l g(XG), ciclos de dimens~aom+l g
sobre XG correspondem exatamente a ciclosG-invariantes de dimens~ao m + l
sobre X U. Como V U tem codimens~ao sucientemente grande, ent~ao
(m+l)-ciclos G-invariantes sobre XU estendem de maneira unica a
(m+l)-ciclos G-invariantes sobre X V . Com um argumento de dupla brac~ao
pode-se mostrar que qualquer numero nito de tais ciclos se realiza em uma
1.4 O anel T-equivariante de um ponto
9
A representac~aoV n~ao e necessariamente unica, pois, por exemplo, [X]G e[X V ]G denem a mesma classe G-equivariante.
Veremos mais adiante (1.8.1) que, de fato, nos casos de maior interesse para nos, sera suciente considerar apenas os ciclos de subvariedades G-invariantes deX, dispensando-se a passagem a XU.
1.4 O anel
T-equivariante de um ponto
1.4.1 Toros
Se T = (C
)g e um toro de dimens~ao g, ent~ao podemos tomar U = Qg
i=1(Vi f0g), com Vi = C l
i uma representac~ao l
i-dimensional. Obtemos
como quociente um produto de espacos projetivos, U=T =Yg i=1 P li 1: Suponha g = 1,i.e.,T =C . Para cadai 0 escolhal > i e tome V =C l eU
como no exemplo instrutivo acima. Deste modo, a codimens~ao deV U =f0g
emV e igual a l e temos U=T =Pl 1. Podemos calcular,
AiT(pt) = Ai(U=T) = Ai( P
l 1) = Zh
i;
onde h = c1(O(1)) denota a classe da sec~ao hiperplana dePl 1. Assim,
A C
(pt) = L
Zhi =Z[h]:
O anel equivariante de um ponto sob a ac~ao de um toro desempenha papel central. Vamos denota-lo por RT. Se T e um toro g-dimensional, escolhendo
V e U como acima, vemos que RT :=A
T(pt) =Z[h1;:::;hg] (1.4.1.1)
e um anel de polin^omios com coecientes inteiros, nas variaveis h1;:::;hg;
cada uma delas representa uma sec~ao hiperplana em algum Pl 1.
1.4.2
GLn.
Para o grupo GLn das matrizes nn n~ao singulares, tome Vcomo o espaco das matrizesnp (com p > n), e a ac~ao dada por multiplicac~ao
de matrizes. Ent~ao o aberto U V pode ser selecionado como o aberto das
matrizes de posto maximo. Vemos que U=GLn e a variedade de Grassmann
10
O grupo de Chow1.5 Propriedades funtoriais
Nesta sec~ao, todos os morsmosf : X !Y s~ao G-equivariantes.
Dado um morsmof : X !Y de G-esquemas, (fid) : XU !Y U
induz um morsmofG:XG!YG que torna o seguinte diagrama comutativo:
f id
X U ! Y U
# #
XG ! YG:
fG
Note que no diagrama cartesiano acima as projec~oes s~ao sobrejetivas e planas. Conclumos que se f : X !Y for liso, proprio, plano de codimens~ao relativa
k ou mergulho, ent~ao fG :XG !YG tambem satisfara a mesma propriedade.
A imagem direta propria f :AGi(X)
!AGi(Y ) e dada por
fG :Ai+l g(XG)
!Ai+l g(YG):
Se f : X ! Y e um morsmo plano de dimens~ao relativa k, a imagem
recproca plana f :AGi(Y )
!AGi+k(X) e denida por
f
G:Ai+l g(XG)!Ai+k+l g(YG):
1.5.1 Proposic~ao.
Os mapas f e facima est~ao bem denidos.
Demonstrac~ao. Usaremos novamente o argumento da dupla brac~ao de Bogo-molov.
SejamV1 eV2 duas representac~oes. Ent~ao temos um diagrama cartesiano
X G(U1V2) ! Y G(U1V2)
# #
XGU1 ! Y GU1
As projec~oes s~ao planas, e ja vimos que suas imagens recprocas s~ao isomors-mos com os AGi denidos na parte inferior do diagrama, o que implica que f
esta bem denido. Por m, usamos o fato de que a imagem direta propria e compatvel com a imagem recproca plana para concluir que a imagem direta f tambem esta bem denida.
1.5 Propriedades funtoriais
11
1.5.2 Classes de Chern G-equivariantes
Seja X um G-espaco. Seja E um brado vetorial G-equivariante sobre X. Para cada par i;j denimos o mapa cGj(E) : AGi(X) ! AGi j(X) da seguinte
maneira.
SejaV uma representac~ao l-dimensional de G e U V um aberto tais que
V U tem codimens~ao sucientemente grande e existe o G-brado principal X U ! XG. Ent~ao, por [GIT [27], Prop.7.1] existe um quociente EG de
EU. Pode-se mostrar que EG !XG e um brado vetorial. Daremos mais
adiante um argumento nos casos em que X e um T-espaco, seja quando E e um brado trivial (1.6.1), seja quando T age trivialmente em X (2.2.1).
1.5.3 Denic~ao-Proposic~ao.
A j-esima classe de ChernG-equivariantecGj(E) : AGi(X)!AGi j(X)
e denida como o operador
2Ai+l g(XG)7 !cGj(E)\ = cj(EG)\ 2Ai j+l g(XG):
Esta denic~ao independe da escolha da representac~ao.
Demonstrac~ao. SejamV1 eV2 duas representac~oes deG. Considere o diagrama
EG(U1V2) ! EGU1
# #
X G(U1V2) ! X GU1:
Como as projec~oes s~ao sobrejetivas e planas, vemos que a imagem recproca EGU1 para X G(U1 V2) e isomorfa ao quociente EG(U1V2). Pelo
argumento da dupla brac~ao vemosque a denic~ao acima independe da escolha
da representac~ao. 2
1.5.4 Auto-intersec~ao equivariante
Seja i : Y ,! X um mergulho regular equivariante de G-espacos, de
codi-mens~ao d. A formula de auto-intersec~ao usual, ii
= cd(
NY=X)\; 2A (Y )
induz a formula equivariante analoga, i
GiG = cGd(
NY=X)\; 2A G
(Y ) (1.5.4.1)
Isto segue do fato que, nas condic~oes em tela, o brado normal do quo-ciente YG ,! XG e o quociente (NY=X)G do normal NY
U=XU. Deixamos a
12
O grupo de Chow1.6 O brado de um caracter
Concentremo-nos na ac~ao de um toro. O lema a seguir e uma vers~ao simpli-cada da construc~ao geral de um brado vetorial associado a um T-brado principal.
1.6.1 Lema.
Seja U ! U=T como antes, e seja um caracter de T. Seja' : U C !U o brado trivial em retas munido da T-ac~ao
t(u;v)7!(tu;(t)v):
Ent~ao 'e um brado T-equivariante e induz, por passagem ao quociente, um brado em retas L !U=T.
Demonstrac~ao. O referido brado trivial e obviamente T-equivariante. Des-creveremos uma trivializac~ao local do quociente L com func~oes de transic~ao
que fornecem um brado em retas sobreU=T. Para tanto, sejaf(Ui;'ij)guma
trivializac~ao do T-brado principal U !U=T, ou seja,
U =G (UiT) onde (u;t)(u 0;t0) , u = u 0 2Uij =Ui\Uj et 0 = ' ij(u)t. Temos assim, L jU i = (Ui T C) T = UiC:
A colagem em Uij e feita identicando representantes (u;t;v) 2 UiT C
com (u0;t0;v0)
2Uj T C, e depois passando ao quociente. Logo,
u0=u 2Uij, t 0= ' ij(u)t e v 0= (' ij(u))v.
Portanto, f(Ui;'ij)ge uma trivializac~ao local deL como brado em retas
sobre U=T. 2
1.7 Caracter versus classe de Chern
1.7.1 A multiplicac~ao por um caracter
Notac~ao como no lema acima, seja ainda X um T-espaco. Forme o dia-grama de mapas naturais
X UC ! L jX T ! L # # # X U ! XT U ! U=T
1.7 Caracter versus classe de Chern
13
onde as setas horizontais a esquerda s~ao os mapas quocientes pela ac~ao deT.Para cada 2A (XT), escreveremos := c1(L jX T) \: (1.7.1.1)
Esta operac~ao do grupo T de caracteres do toro T em Ab
(XT) desempenha
importante papel.
1.7.2 Estrutura de
RT-modulo
Por outro lado, o morsmo estrutural X !pt induz um morsmo
XT !U=T
que faz de AT
(X) um RT-modulo.
Para entender melhor esta ac~ao de RT emAT(X), suponha
T =C
; V =
Cl+1; U = V rf0g:
A ac~ao e dada por multiplicac~ao, com todos os pesos iguais a 1. Como no exemplo (1.4.1), temosU=T =PleA
(U=T) = A(
Pl). Tomando o limite com
l indo para innito, vemosque RT =Z[h],onde h representa a sec~ao hiperplana
de algum Pl. O mapa RT ! AT
(X) e simplesmente a imagem recproca de
ciclos em RT. Como em cada dimens~aoRT e gerado por c1(L)\[U=T], onde L e um brado em retas sobre U=T, vemos que a multiplicac~ao
RT A T (X) !A T (X)
e obtida a partir dos geradores deRT como multiplicac~ao por caracteres deT,
na forma descrita em (1.7.1.1).
1.7.3 O brado
O P l(a) Suponha ainda T =C ,V =Cl+1,U = V f0gcom a ac~ao sobre V como
logo acima. Resulta o T-brado principal familiar,
U ! U=T
jj jj
Cl+1 rf0g ! Pl:
Este pode ser descrito pelas cartas locais usuais, f(Ui;'ij)gi=0:::l onde
Ui =f[x0;:::;xl]2P l
14
O grupo de Chow e as func~oes de transic~ao,'ij :Uij !C
[x0;:::;xl]7!xi=xj:
No presente caso, todo caracter : T = C
! C
e da forma t
7! ta para
algum a2Z. Ou seja, temos um isomorsmo
Z !
b
T
a 7! (a:T !C)
onde adenota o caracter de T, t!ta. Considere o brado em retas induzido
por a,
La=L a
!U=T =P l:
De acordo com a receita na prova de (1.6.1), La e dado pelas func~oes de
transic~ao
ij :Uij ! GL1 =C
x = [x0;:::;xl] 7! a('ij(x)) = (xj=xi) a:
Estas s~ao precisamente as func~oes de transic~ao do bradoO P
l(a). Temos assim La =O
P
l(a) ! U=T =P
l: (1.7.3.1)
Note que a escolha da C-ac~ao com todos os pesos iguais a -1 foi feita
justa-mente para valer a formula acima.
Para um toro de dimens~ao g qualquer, seja h1;:::;hg uma base do grupo
de caracteres Tb
=Zg. Tome U V como em (1.4.1) de maneira que U=T = Q
iPl
i. Argumentando como no caso acima, pode-se mostrar que cada brado
linearLh
i provem de O
P l
i(1). A ac~ao (1.7.1.1) do caracterhi provem assim da
multiplicac~ao por uma classe hiperplana. Em outras palavras, na identicac~ao RT = Z[h1;:::;hg], este anel de polin^omios pode ser pensado com a algebra
simetrica do grupo T.b
1.7.4 Divisores de auto-func~oes.
Seja X uma Tvariedade. Seja f 2 C(X) uma func~ao racional n~ao nula
que e um auto-vetor deT com caracter . Ent~ao o suporte de f e um divisor T-invariante, e dene assim uma classe divT(f) no anel de Chow equivariante
AT
(X). Precisamente, escrevamos o divisor principal
div(f) = mZZ 2Z 1(X);
1.7 Caracter versus classe de Chern
15
onde Z percorre as componentes do suporte e mZ denota a respectivamulti-plicidade. Denimos
divT(f) = mZ[Z]T 2A
T
(X); (1.7.4.1)
onde [Z]T denota a classe (1.3.4) da subvariedade invariante Z no anel
T-equivariante deX.
Note que a func~ao racionalf induz uma sec~ao racional fjXU do brado
equi-variante trivial XU C. A equivari^ancia segue da denic~ao de U C :
fjXU(t
(x;u)) = (tx;tu;f(tx))
= (tx;tu;(t)f(x))
= t(x;u;f(x)):
Esta sec~ao racional T-equivariante, fjXU, passa ao quociente. Mais
preci-samente, seja L jX
T a imagem recproca do brado em retas
L sob o mapa
X T U !U=T. Temos induzida uma sec~ao racional,
sf : X T U ! L jX
T
[x;u] 7! [(x;u);f(x)]:
1.7.5 Lema.
Notac~ao como acima,divT(f) representa emAT(X) o operador
c1(L) (1.7.1.1) avaliado na classe fundamental de XT =X TU,
divT(f) =
[XT]:
Demonstrac~ao. No diagrama de mapas naturais X U C ! L
jX T
# #
X U ! X T U
as setas horizontais s~ao os mapas quocientes pela ac~ao de T. A imagem recproca da sec~ao racionalsfe a sec~ao racionalfjXU. O cicloc1(
L)\[XTU]
pode ser calculado em termos do pseudo-divisor associado a sec~ao racionalsf
(cf. [15]). Os mapas em tela s~ao elmente planos. Portanto, as multiplici-dades das componentes dos ciclos associados a sf emXTU e a f em XU
16
O grupo de Chow Note que, embora a classe do divisor da func~ao racional f seja nula no grupo de Chow usual, a classe equivariante divT(f) n~ao e necessariamentenula emAT (X).
A relac~ao divT(f) =
[Y ]T permite comparar a classe equivariante de
Y com a classe de um divisor T-invariante contido em Y . Ou seja, dada uma subvariedade T-invariante Y X, suponha que exista uma auto-func~ao
racional f com caracter n~ao trivial e tal que f n~ao se anula sobre todo Y . Ent~ao, a menos de invertermos o caracter emAT
(X), podemos comparar a
classe [Y ]T com um ciclo invariante com suporte de dimens~ao menor que dimY .
Esta e a argumentac~ao chave na demonstrac~ao do teorema de localizac~ao.
1.7.6 Divisores
T-invariantes em
PnSeja T = C
um toro unidimensional agindo diagonalmente sobre
Pn com
pesos a0;:::;an, ou seja, t[x0;:::;xn] = [ta 0x
0;:::;tanx
n]. Mais adiante
des-creveremosPnT =PnTU como variedade projetiva para uma escolha adequada
deU V bem como o o anel AT (
Pn). Neste ponto nos limitaremos apenas a
descrever
divT(f) 2AT
( Pn)
para uma func~ao racional f :Pn ! C que seja uma auto-func~ao com peso
a 2 Z, isto e, f(tx) = taf(x) para cada x2 Pn no domnio de f e t 2 T.
Por exemplo, se f = xi=xj ent~ao f tem peso a = ai aj. Podemos escrever
div(f) = Hi Hj 2Z 1(
P n)
comHk Pno hiperplano T-invariante dado por xk = 0. Logo, por 1.7.4.1
divT(f) = [Hi]T [Hj]T em AT (
P n):
O lema 1.7.5 diz que
divT(f) = c1(
L)\[PnT]
com = a. Deste modo, lembrando (1.7.3.1),
[Hi]T [Hj]T =c1(O P
l(a))\[PnT] =at\[PnT]
onde, por abuso intencional, escrevemos tambemt = c1(O P
l(1)) para a imagem
recproca da sec~ao hiperplana de Pl. Em particular, vemos que div
T(f) n~ao
precisa ser nulo emAT (
1.8 O anel equivariante dePn
17
1.8 O anel de Chow
C-equivariante de
Pn Seja T = C agindo sobrePn, como no exemplo anterior. TemosPn= P(V),
comV =Cn+1; a ac~ao sobre Pne induzida pela representac~ao diagonal,
:C ! GLn+1 t 7 ! diag(ta 0;ta1;:::;ta n):
Assim, obtemos a decomposic~ao em auto-espacos, escrita simbolicamente
C n+1 =
ni=0t ai
com pesos a0;:::;an.
Ja vimos que, tomando U = Cl+1 f0g, obtemos U=T = Pl. O brado
trivial U Cn+1 !U associado a representac~ao e T-equivariante e induz,
passando ao quociente, o brado vetorial
UT Cn+1 =O(a0)O(an) ! Pl
que abreviaremos por O(a). Cada autovetor com peso a, passa ao quociente
como uma sec~ao de O(a). Como no exemplo (1.3.2), pode-se mostrar que a
variedade quociente (Pn)T =PnT U e o brado projetivo / Pl ,
(Pn)T =P(O(a)) ! Pl
com bra Pn. O mapa quociente
U P n ! U T P n= P(O(a))
pode ser explicitado da seguinte forma. Dado (u;[v]) 2 U Pn, escreva o
vetorv = v0++vn como soma de autovetores. Cada vi fornece uma classe
[u;vi]2O(ai). Em seguida, projete [u;vi]2O(a) para P(O(a)).
O anel de Chow deste brado projetivo e dado por A( PnT) =A ( P l)[h] hp(h;t)i
onde t e o gerador de A1(Pl) (a sec~ao hiperplana de Pl), h = c1(O(
O(a))(1)) e
p(h;t) =Yn
18
O grupo de Chow A relac~aoQni=0(h+ait) = 0 em A(
PnT) pode ser interpretada da seguinte
ma-neira. Cada coordenada homog^eneaxi e um auto-vetor com pesoai. Portanto
o hiperplano Hi Pndado por xi = 0 eT-invariante. A inclus~ao (Hi)T PnT
e a inclus~ao do subbrado projetivo sobre Pl, P(j
6
=iO(aj))P(O(a)):
Isto possibilita calcular o ciclo [Hi]T como zeros de uma sec~ao do brado em
retas QO O(a)(1) onde Q= (O(a))=(j 6 =iO(aj)) =O(ai) Logo, (cf. [15], 3.2.17) [Hi]T =ait + h: Como T iHi =;, temos T i(Hi)T =; e portanto, n Y i=0(h + ait) = 0:
Fazendo a dimens~ao da representac~ao ir para innito, vemos que AT ( Pn) =Z[h;t] (h + ait): Observe que AT (
Pn) e um modulo livre de posto n + 1 sobre Z[t], o anel de
Chow T-equivariante de um ponto.
Mais geralmente, seja X Pn uma hipersuperfcie denida por um
po-lin^omio homog^eneo de f de grau d que e uma auto-func~ao com peso a. Ent~ao X e T-invariante e sua classe equivariante [X]T 2AT
(
Pn) e igual a dh + at.
Isto segue do fato de que podemos produzir, com f, a func~ao racional r = f=xd0 :Pn!C que e uma auto-func~ao com peso a da0. E facil ver
que div(r) e o ciclo X dH0. Temos assim
divT(r) = [X]T d[H0]T 2AT ( Pn): Lembrando (1.7.3.1), vem divT(r) = c1( L(a d a 0)) \[PnT] = (a da0)t[PnT] (1.8.0.1)
1.8 O anel equivariante dePn
19
donde obtemos (omitindo o fator \[PnT]),
[X]T = (a da0)t+d(h+a0t) = at a0:dt+dh+a0:dt = at+dh:
Deixamos como exerccio a generalizac~ao seguinte. Seja X uma intersec~ao completa em Pn denida por polin^omios homog^eneos fi de grau di que s~ao
auto-func~oes com pesos ai. Ent~ao, [X]T =Q
(dih + ait)2AT (
Pn):
Finalizamos este captulo mostrando que nos casos que nos interessam mais de perto, os ciclos invariantes bastam.
1.8.1 Proposic~ao.
Sejam T-um toro e X um T-espaco. Ent~ao o grupo de Chow T-equivariante AT(X) e gerado como RT-modulo pelas subvariedades
T-invariantes de X.
Demonstrac~ao. Note que um gerador para o anel de Chow T-equivariante de X e dado por uma subvariedade T-invariante Y XU X V para uma
escolha adequada deU V .
Utitizando o isomorsmo entreA(X) e A(X
V ), temos que Y e
racional-mente equivalente a P
mi(YiV ). Aplicando a generalizac~ao do teorema de
Hirschowitz1.2.3 a variedadeX, podemos supor que cada subvariedade Yi X
eT-invariante. Aplicando mais uma vez o teorema, agora a XV , vemos que
esta equival^encia racional entreY e P
mi(YiV ) pode ser obtida de maneira
T-invariante, ou seja, existem subvariedades T-invariantes W X V , tais
que dim(W) = dim(Y ) + 1 e auto-func~oes racionais fW : W ! C com
caracteres W, de maneira que
Y X
mi(YiV ) = X
div(fW):
Assim, passando a classes equivariantes temos [Y ]T X mi[Yi]T = X divT(fW) =X c1(L W) \[W]T = X W [W]T;
com a dimens~ao de cadaW maior que dim(Y ). Segue, por induc~ao, que AT (X)
Captulo 2
O teorema de localizac~ao
No restante deste texto, consideramos o caso em que o grupo algebrico linear que age sobre o esquemaX e um toro T.
2.1 O caso da ac~ao trivial
Suponha dimT = g. Vimos em 1.4.1 que o anel de Chow T-equivariante de um ponto pode ser descrito como
RT =Z[t1;:::;tg]:
Temos no lado direito o anel de polin^omios a coecientes inteiros. Este anel aparece de fato como a algebra do grupo T =b
Zg dos caracteres de T. O
isomorsmo explcito provem da seguinte regra. Para cada caracter 2
b
T, considere o brado em retas L sobre U=T
construido em 1.6.1. Identicamos comc1(L).
2.1.1 Lema.
Notac~ao como acima, se T age trivialmente em X, ent~aoAT
(X) = A (X)
RT:
Demonstrac~ao. Pelo fato da ac~ao deT sobre X ser trivial, segue que XTU =
X(U=T). Assim, escolhendo U de tal forma que o quociente U=T e produto
de espacos projetivos (cf. 1.4.1), temos o isomorsmo A X (U=T) =A(X) A (U=T):
22
O teorema de localizac~ao Observemos que em geral, o mapa de decomposic~ao de KunnethA(X) A (Y ) ! A (X Y )
empregado acima, n~ao e um isomorsmo: tome por exemplo X = Y uma curva de g^enero > 0. Se a diagonal X X admitisse uma express~ao na
forma [] = mi[pi X] + ni[X qi], commi;ni 2Z;pi;qi 2X ent~ao, para
cada p 2 X teramos [pp] = [pX]\ = ni[pqi]. Projetando no
segundo fator, conluiramos [p] = ni[qi]. Logo, dois pontos quaisquer seriam
racionalmente equivalentes, impossvel em g^enero > 0.
2.2 Decomposic~ao em auto-subbrados
Continuamos supondo que a T-ac~ao sobre X e trivial.
Dado um brado vetorial T-equivariante E !X obtemos canonicamente
uma decomposic~ao E = L E 2 b T
em soma direta de subbrados, ondeE denota o auto-subbrado dos vetores
emE nos quais T age com o caracter .
Segue que as classes de ChernT-equivariantes de E descrevem-seemtermos das classes dos auto-subbradosE. Para estas, descreveremos o brado
veto-rialET sobreXT induzido por E = E, lembrando que agora XT =X(U=T)
por conta da trivialidade da ac~ao no fatorX. Vejamos ET em termos de cartas
locais.
2.2.1 Lema.
Com as notac~oes e hipoteses acima, o brado quociente (E)Tsobre X (U=T) e isomorfo ao produto tensorial da imagem recproca do
brado E pela imagem recproca do brado em retas L.
Demonstrac~ao. Escolha trivializac~oesf(U;')gdo T-brado principal U !
U=T e f(Vi; ij)g do brado equivariante E!X. Ent~ao, temos
U =G (UT) ; E = G (ViCr) onde (u;t)(u 0 ;t0) , u = u 0 2U :=U\U; t 0= ' (u)t e (x;v) (x 0 ;v0) , x = x 0 2Vij :=Vi\Vj; v 0= ij(x)v:
2.3 Lugar dos pontos xos
23
Da vem (E)T j U V i= (U Vi C r T)=T = UVi C r;o que trivializa localmente (E)T como brado vetorial. A colagem sobre
(UVi)\(U Vj)
e feita identicando representantes UViC r T 3(u;x;v;t) com (u 0 ;x0 ;v0 ;t0) 2U Vj C r T
e depois passando ao quociente. Ou seja, u0=u 2U; x 0=x 2Vij e t0= ' (u)t; v 0= (' (u)) ij(x)v:
Portanto, f(UVi;(') ij)g e uma trivializac~ao local de (E)T como
brado vetorial sobre XT =X U=T. Mais ainda,
(E)T 'E
L;
onde E eL denotam as imagens recprocas dos mesmos brados sobre X e
U=T para X(U=T). 2
2.2.2 Corolario.
Seja X um T-espaco com ac~ao trivial. Seja E = E !Xum brado vetorial T-equivariante de posto r sobre X tal que a ac~ao de T
sobre cada bra e dada pelo caracter . Ent~ao, para todo i, temos
cTi(E) =Xi j=0 r j i j cj(E)i j:
Demonstrac~ao. Basta aplicar o exemplo (3:2:2) de [15] que calcula a classe de
Chern (usual) do brado (E)T 'EL. 2
2.3 Lugar dos pontos xos
O resultado seguinte nos garante a n~ao trivialidade dos pesos do brado normal a pontos xos.
24
O teorema de localizac~ao2.3.1 Lema.
SeX e uma T-variedade lisa ent~ao o lugarXT dos pontos xostambem e liso. Se F e uma componente de XT, ent~ao o brado normal NF=X
eT-equivariante sobreF. Alem disso, temos(xX)T =xF para todo x2F,
e portanto, a T-ac~ao sobre (NF=X)x e n~ao trivial.
Demonstrac~ao. Veja B. Iversen, [22]. 2
2.3.2 Localizar para inverter
Seja X uma T-variedade e seja F XT uma componente do lugar dos
pontos xos. Seja E um brado equivariante sobre X. Visto que T age trivialmente emF, sabemos por 2.1.1 que A
T(F) = RT A
(F). A restric~ao
EjF decomp~oe-se como soma de auto-subbrados E
jF: O lema 2.2.2 nos diz
que a componente de cTi(E
jF) emRiT e dada (fazendo j = 0) por r i
i.
Como AN(F) = 0 para N > dim(F), temos que os elementos de Aj(F),
paraj > 0, s~ao nilpotentes no anel A
T(F). Segue que cTi(EjF)
2(RTA (F))i
e inversvel se e somente se sua componente emRiTA0(F) = RiT e inversvel. Portanto, cTi(E jF) e inversvel na localizac~aoRT A (F)[ 1].
2.3.3 Lema.
Sejam X uma T-variedade lisa e F uma componente de XTde codimens~ao d. Ent~ao existem caracteres n~ao triviais 1;:::;r tais que
cTd(NF=X) torna-se inversvel no anel de frac~oesA
T(F)[1=1;:::;1=r].
Demonstrac~ao. Pelo lema anterior, sabemos queT age com pesos n~ao triviais sobre o espaco normal (NF=X)x = xX=xF. Logo, os caracteres i que
ocorrem na decomposic~ao do espaco normal (NF=X) em auto-brados s~ao todos
n~ao triviais. Pela obsevac~ao anterior, vemosque a componente decTd(NF=X) em
RdT e n~ao nula. Logo, cTd(NF=X) torna-se inversvel em A T(F)[1=1;:::;1=r], como armado. 2
2.4 O teorema de localizac~ao
Denotaremos por iT :XT ,!Xo mapa de inclus~ao do lugar dos pontos xos. Sabemos que iT induz um
homomorsmo deRT-modulos iT :A T (X T) ! A T (X)
2.4 O teorema de localizac~ao
25
entre os grupos de Chow T-equivariantes 1.5.1.Lembre que temos um isomorsmo natural AT
(X
T)'RTA (X
T);
pois a ac~ao de T em XT e trivial.
No que segue, descrevemos a vers~ao dada por M. Brion [6] do teorema de localizac~ao. O principal ponto nesta abordagem e dispensar a construc~ao de grupos de Chow de ordem superior, requerida em [10].
2.4.1 Lema.
Seja X um T-esquema am. Seja Y uma subvariedade T-inva-riante. Se Y n~ao e xa ponto a ponto, ent~ao existe uma auto-func~ao regular f sobre X com peso n~ao trivial cuja restric~ao fjY6
= 0.
Demonstrac~ao. Tome y 2 Y fora de XT. Logo, existe t 2 T tal que ty 6=
y. O anel de coordenadas de X e gerado por auto-func~oes. Da existe uma auto-func~ao f, digamos associada ao caracter , que separa aqueles pontos: f(ty) 6=f(y). Logo, f(ty) = (t)f
(y)6= f(y). Isto implica de imediato
que f(y)6= 0 e (t)6= 1. 2
2.4.2 Lema.
Seja X um T-esquema am. O lugar dos pontos xos XT Xe a intersec~ao dos zeros das auto-func~oes regulares sobre X com pesos n~ao triviais.
Demonstrac~ao. Seja x 2 XT, e seja f auto-func~ao regular com peso 6= 1.
Temosf(x) = f(tx) = (t)f(x); 8t2T. Logo, se (t)6= 1 ent~aof(x) = 0.
Reciprocamente, se x 62 XT, aplicamos o lema anterior com Y = X para
concluir que x n~ao e zero comum a todas as auto-func~oes mencionadas. 2
Podemos por m tratar do importante
2.4.3 Teorema de localizac~ao.
Seja X um T-espaco. Ent~ao o mapa RT-linear iT:A T (X T) =A (X T) RT !A T (X)
torna-se um isomorsmo apos invertermos um numero nito de caracteres n~ao triviais.
Demonstrac~ao. Por hipotese geral, X pode ser coberta por abertos ans T-invariantes,Xi, em numero nito.
26
O teorema de localizac~ao Cada lugar dos pontos xos XTi Xi e a intersec~ao dos zeros das func~oesregulares sobre Xi que s~ao auto-vetores da ac~ao de T sobre Xi com pesos
n~ao triviais, cf. lema anterior. Por quase-compacidade, podemos extrair uma intersec~ao nita. Ou seja, existe um conjunto nito de autofunc~oes ffijg com
pesos respectivos fijg n~ao triviais, tal que x 2 Xi esta em XTi se e so se
fij(x) = 0; 8j.
Para provar que iT e sobrejetivo, usamos o teorema 1.2.3: o anel de Chow
usual de X e gerado pelos ciclos dados por subvariedades T-invariantes. Uma consequ^encia disto e o fato de que AT
(X) e gerado, como RT-modulo pelos
ciclos [Y T U] com Y X subvariedade T-invariante.
Seja agora Y X uma subvariedade T-invariante. Suponha que Y n~ao e
xa ponto a ponto por T. Ent~ao, algum dos fij dene uma func~ao racional
sobre Y n~ao identicamente nula.
Esta func~ao racional pode ser pensada como uma sec~ao racional da imagem recproca do brado linear L
ij (1.6.1) pelo mapaY
T U !U=T, que ainda
denotaremos por L ij. Assim, ij[Y ]T =c1(L ij) [Y ]T = div T(fij) 2AT (X), o que implica [Y ]T = ij1divT(fij)2A T (X) RT[1=ij]:
Ora, o suporte de divT(fij) e de dimens~ao menor que dim(Y ) e e constitudo
por subvariedades invariantes. Por induc~ao noetheriana segue que, apos inver-termos um numero nito de ij's, o mapa induzido iT sera sobrejetivo.
Para mostrar a injetividade, note logo que se XT = X ent~ao iT
sera o
mapa identidade.
Portanto, podemos supor que X n~ao e xo ponto a ponto por T. Seja Y uma componente irredutvel de X que n~ao esta contida em XT. Escolha fij
como antes, ou seja, fijjY
6
= 0.
Denote porjDja uni~ao do suporte do divisor defijemY e das componentes
irredutveis de X que n~ao s~ao iguais a Y . Ent~ao, por construc~ao, jDj contem
todos os pontos xos de X pela ac~ao de T. Seja j : jDj ! X o mapa de
inclus~ao.
Considere o T-brado principal U !U=T dado pela denic~ao-construc~ao
de grupos de Chow equivariantes, e seja L
ij o brado linear sobre U=T
asso-ciado ao peso ij. Seja p : X T U ! U=T o mapa de projec~ao. Temos um
pseudo-divisor sobre X T U (veja [15], 2.2),
( p L
ij; jDj
2.4 O teorema de localizac~ao
27
que dene um mapa homog^eneo de grau 1j :AT (X) !A T ( jDj)
tal que a composic~aoj j
e a multiplicac~ao por ij. Examinando o diagrama,
AT (X T) =A (X T)RT iT ! AT (X) jj " j AT (X T =jDjT) ! AT ( jDj)
temos que o mapa j : A T (
jDj) ! AT
(X) e injetivo apos invertermos ij. E
conclumos a injetividade novamente por induc~ao noetheriana. 2
Lembremos que o anel equivariante de um ponto, RT = Z[t1;:::;tg], e
um anel de polin^omios. Seja R+T o sistema multiplicativo dos elementos ho-mog^eneos de grau positivo. Denimos o anel de frac~oes
RT = (R+T) 1
RT:
Assim, em RT (a imagem de) todos os caracteres n~ao triviais s~ao unidades.
Tiramos a seguinte consequ^encia.
2.4.4 Corolario.
O mapa i : A(X T)RT ! AT (X) RT e um isomor-smo. 22.4.5 Teorema (localizac~ao explcita).
Seja X uma T-variedade lisa. Seja 2A T(X)RT. Ent~ao =X F iF i F cTdF( NF=X) ;onde a soma e efetuada sobre as componentes de XT e dF e a codimens~ao de
F em X.
Demonstrac~ao. Da sobrejetividade garantida pelo Teorema de Localizac~ao, po-demos escrever =P
FiF(F). Como as componentes irredutveisF de X T
s~ao disjuntas, segue que i
F = i
FiF(F) pois as outras componentes de X T
n~ao contribuem para ciclos emF. A formula de auto-intersec~ao 1.5.4.1 nos da i FiF(F) =cTd F( NF=X)F; e portanto (2.3.3), F =i F=cTdF( NF=X) como queramos. 2
28
O teorema de localizac~ao2.4.6 Homomorsmo de integrac~ao
Quando X e uma variedade com-pleta, a projec~ao X : X ! pt induz um mapa de imagem direta X:
AT (X)
! RT que e zero em ATi para i > 0, e provem do calculo do grau de
zero ciclos para i = 0. Tensorizando por RT , obtemos o homomorsmo de
integrac~ao, X : A T (X) RT ! RT 7 ! R X:
Trocando X por F, componente de XT, temos um mapa similarF .
ApliquemosX em ambos os lados do teorema da localizac~ao explcita.
Usando o fato de que F =X iF
, obtemos o seguinte.
2.4.7 Corolario. (Formula de integrac~ao)
Seja X uma T-variedade lisa e completa e seja 2A T(X)Q. Ent~ao Z X = X FX T F i F cTdF( NF=X) ; como elemento de RT. 2O corolario anterior fornece uma formula de integrac~ao particularmente util para um elemento do grupo de Chow usualA0(X) do tipo imagemrecproca de
um elemento deAT0(X). Mais precisamente, considere o diagrama comutativo
X ,!i XT X U
X # 2 #TX #
pt ,!j U=T U
(2.4.7.1) onde os mapas horizontais da direita s~ao os mapas quocientes. Note que, por construc~ao do T-brado principal, a imagem inversa do ponto pt 2 U=T
em U e a orbita T u
= T para algum u 2 U. Por sua vez, a imagem
inversa em X U e X (T u). A imagem desta ultima subvariedade em
XT = (XU)
T e isomorfa a X. Como X e lisa, temos que i e um mergulho regular de codimens~ao d = dim(U=T). Lembrando a denic~ao, vemos que i induz o homomorsmo,
i :AT
2.5 A formula de resduos de Bott
29
2.4.8 Proposic~ao.
Hipoteses como no corolario acima, sejaa = i ; com 2A T 0(X): Ent~ao Z Xa = X FX T F i F cTdF( NF=X) :
Demonstrac~ao. Temos X(a) = Xi
() = jTX
(). Aplicando a formula
de integrac~ao, segue o resultado requerido. 2
2.4.9 Observac~ao.
Seja E ! X um brado vetorial T-equivariante.Con-sidere no diagrama (2.4.7.1), o brado vetorial ET induzido sobre XT. A
identicac~ao da bra (TX) 1pt com X induz a identicac~ao i(E
T) =E.
2.5 A formula de resduos de Bott
Nesta sec~ao descreveremos uma vers~ao equivariante da formula de Bott. Sejam E1;:::;Es brados vetoriais T-equivariantes sobre uma variedade
lisa e completa X de dimens~ao n. Seja p(x11;:::;x1s;:::;xn1;:::;xns) um po-lin^omio homog^eneo ponderado de graun nas variaveis xij, onde xij tem grau i. Denote porp(E1;:::;Es) o polin^omio nas classes de Chern de E1;:::;Es,
ob-tido pela substituic~aoxij =ci(Ej).
A formula de integrac~ao calcula o grau do zero ciclop(E1;:::;Es)\[X] em
termos das restric~oes dos brados Ei's ao lugar dos pontos xos,XT X.
Abreviemos
p(E:) =p(E1;:::;Es) e pT(E:) =p(E1T;:::;EsT)
o polin^omio correspondente para as classes de ChernT-equivariantes dos bra-dos E1;:::;Es. Note que
p(E)\[X] = i
(pT(E)
\[X]T):
Aplicando a proposic~ao 2.4.8, obtemos a seguinte vers~ao da formula de resduos de Bott.
30
O teorema de localizac~ao2.5.1 Teorema. (Formula de resduos de Bott)
Sejam E1;:::;Esbra-dos vetoriais T-equivariantes sobre uma variedade lisa e completa X. Ent~ao
Z X(p(E)\[X]) = X FX T F pT(E jF) \[F]T cdF( NF=X) ; (2.5.1.1)
onde dF denota a codimens~ao da componente F em X.
Apesar da formula parecer a primeira vista intratavel, esperamos convencer o leitor da sua eci^encia e simplicidade para as aplicac~oes.
2.6 Contribuic~ao de pontos xos
Seja X uma T-variedade n~ao singular e F XT uma componente conexa
(=irredutvel) do lugar dos pontos xos. Escreva dF = codim(F).
As classes de Chern T-equivariantes cTk(EjF) e cTd F(
NF=X) podem ser
cal-culadas no anel de Chow equivariante AT
(F) em termos dos caracteres que
comparecem na decomposic~ao deEjF e
NF=X em auto-subbrados e das
clas-ses de Chern destes ultimos.
2.6.1 Pontos xos isolados
Quando XT e um conjunto nito de pontos, as classes
cTk(EjF) e cTd F(
NF=X) =cTdim(X)(X)
podem ser descritas puramente em termos dos caracteres associados aos auto-brados. De maneira mais precisa, feita a decomposic~ao EjF =
L
EjF em
auto-espacos, por conta de 2.2.2 conhecemos as classes de Chern equivariantes de cada somando, cTk(E jF) = r k k; r = posto de E jF: (2.6.1.1)
Note que, na express~ao acima, k siginica o k-iterado do operador primeira
classe de Chern introduzido em (1.7.1.1). Em particular, conclumos que cTmax(EjF) e representada no anel de Chow equivariante do ponto xo F pelo
produto de todos os caracteres que aparecem da decomposic~ao da bra EjF
2.6 Contribuic~ao de pontos xos
31
esta sendo considerado como atuando no anel equivariante, de acordo com (1.7.1.1). Veja o exemplo 2.6.4.Vamos explicitar a passagem de RT = Z[t] para RT = (R+T) 1(RT) = Q[t;t 1]; no caso em que T =C
, um toro unidimensional.
No lado direito da formula de Bott (2.5.1.1), o numerador pT(E
jF) e um
polin^omio homog^eneo de grau n = dimX nas variaveis que s~ao os caracteres que ocorrem na decomposic~ao em auto-subbrados. Tipicamente, suponha que o polin^omio original contem um termo igual a cn 21
c2, enquanto que,
digamos, EjF = 21 + 2. Temos assim cT1(EjF) = 21 + 2, o lado direito
agora com o signicado de (1.7.1.1). Analogamente,cT2(EjF) = 21+ 21 2.
Aquele termo fornece por m, o operador de grau n dado por (21+ 2)n 2
(21 + 21 2). No caso em tela, cada caracter e da forma i = ta i; a
i 2 Z.
O operador induzido em RT e ai t, perd~ao pelo abuso, cf. (1.8.0.1) onde
desta vez t signica classe hiperplana! O referido termo ganha a forma nal (2a1+a2)n 2(a21+ 2a1a2)tn2RT.
Ou seja, o numerador e o denominador no lado direito de (2.5.1.1) s~ao multiplos inteiros de tn. Cancelando, obtemos assim um numero racional.
Portanto, o lado direito de (2.5.1.1) e uma soma nita de numeros racionais obtidos a partir dos pesos como descrito em (2.6.1.1).
Mais precisamente, denote por 1(E;F);:::;r(E;F) os pesos que ocorrem
na decomposic~ao de EjF em auto-subbrados, e para cada inteiro k
0, seja
k(E;F) a k-esima func~ao simetrica elementar desses pesos. Temos ent~ao os
corolarios seguintes.
2.6.2 Corolario.
Nas notac~oes acima, cada classe de Chern equivariantecTk(EjF) e representada no anel de Chow equivariante do ponto xo F por
k(E;F). 2
2.6.3 Corolario.
A classe de Chern equivariante maxima do brado tangente de X e dada no anel de Chow equivariante de um ponto xo F pelo produto dos pesos que ocorrem na decomposic~ao da bra respectiva. 2No proximo captulo mostraremos de forma explcita como aplicar a formula de Bott em geometria enumerativa. No momento, vamos usar o resultado acima para calcular o numero de zeros de um campo vetorial emPn.
2.6.4 Zeros de campos vetoriais em
PnEscrevamos F = hx0;:::;xni para o espaco vetorial das formas lineares
32
O teorema de localizac~ao de T = Cdada por t
xi = tixi. V^e-se facilmente que o conjunto dos pontos
xos emPne formado pelos n + 1 pontos unitarios
P0 = [1;0;:::;0];:::;Pn= [0;:::;0;1]:
SejaA o subbrado do brado vetorial trivialF cuja bra sobre cada P 2Pn
e o espaco das formas lineares que se anulam no pontoP. O brado tangente admite a express~ao (cf. [19],p.200) Pn=A _ F A: (2.6.4.1)
A bra sobre, digamosP0, e dada, com notac~ao evidente, por hx1;:::;xni
_
hx0i:
Logo, a decomposic~ao do espaco tangente em auto-espacos pode ser descrita simbolicamente por P 0 Pn= (t 1+ +t n)t 0=t 1 + +t n:
(Usamos aqui a propriedade de que o peso do dual (resp. de um produto tensorial) e::: ) O produto dos caracteres que comparecem na decomposic~ao fornece
cTn(P 0
P
n) = ( 1)nn!tn;
o termo tn agora signicando n-iterados de classes hiperplanas.
Sabe-se que, sob condic~oes convenientes de regularidade, a classe, no grupo de Chow usual, dos zeros de uma sec~ao de um brado vetorial representa a classe de Chern maxima desse brado. Em particular, se os zeros de um campo vetorial em Pn s~ao isolados, ent~ao
R
cn( Pn)\[Pn] fornece o numero desses
zeros (com multiplicidades).
Na formula de Bott (2.5.1.1) aplicada a presente situac~ao, guram no lado direiton + 1 parcelas, todas iguais iguais a 1!
De fato, cada componente F se reduz a um ponto Pi, de maneira que o
homomorsmo de integrac~ao F :
RT ! RT e a identidade. O
numera-dor e denominanumera-dor das frac~oes que ocorrem la s~ao ambos iguais a cTn( P n jP
i).
Recuperamos assim o fato de que o numero de zeros vale n + 1.
Evidentemente, o mesmo argumento mostra que, em geral, se X e uma variedade lisa completa munida de uma C
-ac~ao com exatamente N pontos
xos isolados, ent~ao a caracterstica de Euler de X vale R
Xcn(X) = N. O
subgrupo a 1-par^ametro induz, por diferenciac~ao, um campo vetorial X ! X, x7! d
dt(tx)
jt=1, cujo lugar dos zeros e precisamenteX T.
Captulo 3
Aplicac~oes a geometria
enumerativa
Nosso objetivo nesses dois captulos nais e dar uma ideia da utilidade da formula de resduos de Bott para calcular alguns numeros caractersticos.
Comecaremos com exemplos simples que certamente poderiam ser trata-dos de maneira mais elementar e econ^omica do que a aqui exposta. Os dois primeiros servir~ao de modelo para o entendimento computacional.
3.1 Duas retas em
P2Talvez um dos problemas mais simples e instrutivos seja contar o numero de pontos na intersec~ao de duas retas genericas do plano projetivo P2. O leitor
percebera rapidamente que a resposta a nossa pergunta e um:::
Agora que ja conhecemos de antem~ao o tamanho da resposta, podemos complicar um pouco a discuss~ao e fazer as contas no anel de Chow usual,
A( P 2) = Z[h]=hh 3 i onde h = c1(O P
2(1)) representa classe de uma reta de P
2. Analogamente, h2
e a classe de um ponto. Lembrando que o produto e induzido por intersec~ao, v^e-se logo que estamos interessados em calcular o grau
Z
c1(O P
2(1))2:
Nossa intimidade com o anel de Chow de P2 e suciente para proclamar que
34
Aplicac~oes enumerativas I Mas o que interessa aqui, para ns de ilustrac~ao da formula de Bott, e apenas saber que o ciclo que traduz a presente quest~ao geometrica se expressa como func~ao polinomial de classes de Chern de brados vetoriais equivariantes para uma ac~ao adequada de um toro.3.1.1 Escolha do toro
Na pratica, basta considerarmos ac~oes deC
,i.e., subgrupos a 1-par^ametro
criteriosamente selecionados emT GL3, um toro maximal agindo
diagonal-mente sobre P2.
Escolher um subgrupo a 1-par^ametro C
T e equivalente a escolher um
ponto (w0;w1;w2) no reticulado de pesos Hom(C
;T) = Z
3. Os caracteres
associados a ac~ao diagonal de C
s~ao dados por
i =twi.
Vamos assim renomear doravante T = C
, toro unidimensional agindo em P2 de modo que as coordenadas homog^eneas x0;x1;x2 s~ao auto-vetores com
pesos w0;w1;w2, ou seja, txi =t wi xi para todo t 2C : O lugar dos pontos xos desta C
-ac~ao e dado pelo sistema de equac~oes
x0 =tw0 x0 ;x1 =tw 1 x1 ;x2 =tw 2 x2 ; 8t2C :
Este sistema tera como conjunto-soluc~ao
F = f[1;0;0]; [0;1;0]; [0;0;1]gP 2;
desde que os wi 's sejam escolhidos todos distintos, hipotese desde ja
incorpo-rada.
Vamos inicialmente aplicar a vers~ao da formula de resduos no caso em que o lugar dos pontos xos e um conjunto nitoF e a localizac~ao do anel de Chow equivariante de um ponto (1.4.1.1) eRT =Q[t;t 1].
3.1.2 Decomposic~ao em auto-subbrados
Lembramos que cadaT-brado vetorial E restrito ao lugar dos pontos xos decomp~oe-se canonicamente em uma soma direta de subbradosL
E, onde
E denota o auto-subbrado deE em que a ac~ao e dada pelo caracter .
No caso em quest~ao, examinaremos as decomposic~oes de P2 e O P
2(1).
Este ultimo e o brado em retas obtido pelo quociente do brado trivial
F =hx0;x1;x2i das formas lineares de P2, pelo subbrado A das formas que
se anulam em cada ponto. Lembrando (2.6.4.1), temos
P 2= Hom( A;O P 2(1)) =A _ O P 2(1):
3.2 Duas retas emP2, bis
35
3.1.3 As classes de Chern
Deste modo, devemos estudar os pesos das representac~oes induzidas nas brasEP paraE =O
P
2(1) eE =P2, em cada ponto xoP. Feito isto, cada
classe de Chern cTk(EP) sera representada, no anel de Chow C
-equivariante
do pontoP, pela k-esima pot^encia do caracter , para k rk(E), cf. (2.6.2).
No ponto xo P = [1;0;0], temos AP =hx1;x2i. Portanto, com notac~ao
evidente, temosO P
2(1)P =hx0;x1;x2i=hx1;x2i=hx0i. Aqui o peso vale w0.
Enquanto isto, PP 2= A _ P O P 2(1)P =hx1;x2i _ hx0i
decomp~oe-se como soma direta de auto-espacos de dimens~ao 1 com a C
-ac~ao
dada pelos caracteres tw0 w1 e tw0 w2. Os respectivos pesos s~ao w
0 w1 e
w0 w2.
Logo, a classe cT2( P2P) e representada pelo peso (w0 w1)(w0 w2) no anel
de Chow AT
(P) do ponto xo P = [1;0;0]. Analogamente, podemos ver que
cT2(PP2) e representada pelo pesos
(w1 w0)(w1 w2) em [0;1;0] e (w2 w0)(w2 w1) em [0;0;1]:
Os pesos de O P
2(1) nos pontos xos [0;1;0] e [0;0;1] s~ao w1 e w2.
Por m, aplicamos a formula de resduos e obtemos a incrvel identidade
Z P 2 c1(O P 2(1))2 = X P2F Z [P] cT1 (O P 2(1)P)2 \[P]T cT2( P2P) =(w0 w1):(ww20 0 w2)+(w1 w0):(ww21 1 w2)+(w2 w0w):(w22 2 w1) 1!!! " [1;0;0] " [0;1;0] " [0;0;1]
3.2 Duas retas em
P2, bis
Exemplicaremos agora a aplicac~ao da formula no caso em que o conjunto dos pontos xos e innito. Isto ocorre de fato no tratamento das curvas can^onicas de P3, bem como no celebrado artigo de M. Kontsevich [24], de sorte que
julgamos interessante dar alguns detalhes num caso geometricamente mais simples, cuja resposta ja caiu do ceu.
36
Aplicac~oes enumerativas I Novamente consideramos T = Cagindo diagonalmente sobre
P2, com
pesos
w0 =w1 =a, w2=b6=a.
Ou seja, tx0=tax0; tx1 =tax1; tx2 =tbx2; para todo t2C
. Logo, o
lugar dos pontos xos XT X consiste em duas componentes: a reta ` dada por x2= 0, e
o ponto P = [0;0;1].
No exemplo anterior, calculamos R P
2c1(
O(1))2 no caso em que XT e um
con-junto discreto. Agora, a formula de Bott (2.5.1.1) fornece
Z P 2 c1(O(1)) 2 = Z ` cT1(O(1)`) 2 \[`]T cT1(N`= P 2) + Z P cT1(O(1)P) 2 \[P]T cT2(P(P2))
onde a segunda parcela ja sabemos calcular: w22= (w2 w0)
(w2 w1)
=b2=(b a)2:
Para determinar a contribuic~ao da componente ` =
P1, precisamos de
cT1(O(1)
j`) e cT1( N`=
P
2) no anel de Chow equivariante de `. TemosO P
2(1) j` = O`(1), auto-brado sobre ` de posto 1 com peso a. Em vista do lema 2.2.2,
segue cT1( O`(1)) =h + at 2A T (`); onde AT (`) = A (`) RT comRT =Z[t] e A (`) = A( P1) =Z[h]=hh2i.
...
Atenc~ao!!!Para o brado normal, muito emboraN`= P
2 e
O`(1) sejam isomorfos, n~ao o s~ao
comoT-brados: o peso desta vez e a b, e n~ao a, como no caso anterior! De fato, examinemos a sequ^encia natural,
P 1, ! P 2 j` N`= P 2: Sabemos que P1 = O P
1(2). Mas aqui o peso e trivial, ja que a ac~ao em
` e trivial. Para achar os pesos do termo central, para cada ponto Q = [;;0] 2 `, olhe para AQ = hx2;x0 x1i o espaco de formas lineares
associado. Sua decomposic~ao etb+ta. A bra QP2e dada porA _
QF=AQ,
3.3 As 27 retas
37
(2ta+tb tb ta) = ta b+ 1. Descontando o caracter trivial, 1, que vem de P1, conclumos que o peso emN`=P
2ea b. Portanto, novamente por (2.2.2)
temos cT1(N`= P 2) =h + (a b)t: Resta calcular Z ` (h + at)2 h + (a b)t
Lembrando que (a b)t e inversvel em AT (`)
RT e usando o fato de que
h2 = 0, podemos escrever h + (a b)t 1 = h (a b)t (a b)2t2 Da vem, (h + at)2 (h + (a b)t) = (h + at)(a b)2(h (a b)t)2t2
Coletando o coeciente de h obtemos
Z ` (h + at)2 h + (a b)t = 2a(b a) + a(b a)2 2 = a 2 2ab (b a)2
Por m, conra mais uma maneira bizarra de encontrar o numero 1:
Z P 2 c1(O(1)) 2 = a2 2ab (b a)2 + b 2 (b a)2 = (b a) 2 (b a)2 = 1:
3.3 As 27 retas numa superfcie cubica
O proximo exemplo educativo sera calcular o numero de retas contidas em uma superfcie cubica generica S P3.
Sejamx0;x1;x2;x3 coordenadas homog^eneas emP3. Mais uma vezT =C
age com peso (w0;w1;w2;w3), txi =tw i
xi, para todo t2C .
SejaF =hx0;x1;x2;x3io brado vetorial trivial das formas lineares deP3.
Denote por Gr(2;4) a variedade de Grassmann que parametriza as retas deP3, com sequ^encia tautologica
38
Aplicac~oes enumerativas I onde a bra de A sobre ` 2 Gr(2;4) e o subespaco bidimensional das formaslineares que se anulam sobre a reta`.
A ac~ao do toro emP3induz naturalmente uma ac~ao emGr(2;4). Os mapas A ! F eF ! Q s~ao equivariantes.
Cada superfcie cubica S P
3 e dada como zeros de uma sec~ao, s, do
brado trivial pot^encia simetrica, S3F. Compondo com o mapa quociente S3F S3Q, obtemos a sec~ao s : O ! S3Q sobre Gr(2;F). Verica-se
facilmente que, para cada reta `2Gr(2;F), a sec~aos se anula na braS3Q`
se e so se a superfcieS contem a reta `. Vemos que ciclo do lugar procurado em Gr(2;4) e dado pela classe de Chern maxima do brado S3Q. Ou seja, o
numero procurado e o grau
Z
Gr(2;4)c4(S3Q)
que passamos a calcular usando a formula de Bott.
Escolhendo os wi's distintos, o conjunto dos pontos xos F Gr(2;4) e
F =fhx0;x1i;hx0;x2i;hx0;x3i;hx1;x2i;hx1;x3i;hx2;x3ig
onde hxi;xjirepresenta a reta dada por xi =xj = 0.
Vamos estudar os pesos das representac~oes induzidas nas bras S3Q` e `Gr(2;4) para cada ponto xo l 2F.
Lembramos a identicac~ao do espaco tangente cf. [19],
Gr(2;4) =A _
Q:
Na bra sobre o ponto xo ` =hx0;x1i, temos `Gr(2;4) =hx0;x1i
_
(F=hx0;x1i):
Este espaco e gerado pelos auto-vetoresx2x _ 0;x2x _ 1;x3x _ 0;x3x _ 1 cujos
pesos valem w2 w0;w2 w1;w3 w0;w3 w1 respectivamente.
Assim a classe de Chern equivariante cT4(`Gr(2;4)) e representada pelo
peso
(w0 w2)(w0 w3)(w1 w2)(w1 w3)
no anel de Chow C
-equivariante do ponto xo ` =
hx0;x1i2Gr(2;4).
Quanto aS3Q, sua bra sobre o ponto xo` = hx0;x1ie o espaco quociente
gerado pelas classes
x32; x22x3; x2 x23; x33
com pesos respectivos