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Deterioração pós-colheita de mandioca I. Modificações no grau de deterioração fisiológica

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Academic year: 2021

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ÀNGELA DINIZ CAMPOS 2 e VÃNIA DÉA DE CARVALHO 3

RESUMO - Foi verificado o efeito do tempo de armazenamento e das diferenças varietais no grau de deterioração fisiológica (DF), nas atividades de peroxidase, polifenoloxidase e teores de fenólicos das raízes das cultivares Sonora, Guaxupé e IAC 12829 durante o período de annazenamento pós-colheita. As raízes foram colhidas aos 18 meses de idade e as avaliações foram realizadas aos 0, 2, 4, 6 e 7 dias de arrnazenamento após a colheita. As cultivares apresentaram diferenças quanto ao grau de DE a Guaxupé com menor grau de escureci-mente e a Sonora e a IAC 12829 com maior. As raízes das cultivares Sonora e IAC 12829 apresentaram maiores atividades de peroxidase e polifenoloxidase relacionadas com altos teores de fenólicos. Houve alterações nos constituintes químicos com o tempo de armazena-mento, sendo estas alterações dependentes das cultivares. Tanto os valores de atividade quanto as alterações durante o armazenamento da enzima peroxidase foram superiores aos da enzima polifenoloxidase.

Termos para indexação: fenólicos, peroxidase, polifenoloxidase

POST-HARVEST DETERIORATION OF CASSAVA

1 - MODIFICATION IN THE RATE OF PHYSIOLOGICAL DETERIORATION ABSTRACT - The effect of storaging time and cultivar differences ia the rate of physiological deterioration (PD), peroxidase and polyphenoloxidase activities, and amount of phenolics in the roots of three cassava cultivars (Sonora, Cuaxupé and IAC 12829), during the post-harvest storaging period were verified. Roots were harvested at 18 months old and the evaluations were made at 0, 2, 4, 6 and 7 days after storaging. Cultivars presented differences conceming rate of PD, with cv. Guaxupé showing the least rate of browning and Sonbra the greatest.Roots of the cultivars Sonora and IAC 12829 showed the greatest activities of peroxidase and polyphenoloxidase related to high amounts of phenolics. There were alterations in the chemical constituents during the storaging period which were related to different cultivars. Both activity values and chemical alterations during storage were higher for peroxidase than for polyphenoloxidase enzyme.

Index terms: phenolics, peroxidase, polyphenoloxidase.

INTRODUÇÃO

O Brasil é o maior produtor de mandioca do mundo, e em 1984 produziu 21.275 mil t,

se-gundo FAO Prucluction (1985).

Aceito para publicação em 10 de janeiro de 1990 2 Enga.-Agra., M.Sc., EMBRAPA-Centio Nacional de

Pes-quisa de Fruteiras de Clima Temperado (CNPFT), Caixa Postal 403, CEP 96001 Pelotas, RS.

Enga.-Agra., Ph.D.. Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - EPAMIG, Caixa Postal 176, CEP 37200 Lavras, MC.

Do ponto de vista econômico os produtores parecem não estar sensibilizados com as va-nações de preços, o que leva a concluir que esta atividade á mais voltada para a subsis-tência do que para o mercado. Por outro la-do novas perspectivas no mercala-do mundial surgiram após o advento de Rússia e Ceita substituindo cereais por derivados de mandio-ca e o uso de "pellets" na fabrimandio-cação de ra-ções. Ao Brasil, em geral, cabe uma parcela ínfima deste mercado, entretanto, com possi-bilidade de crescimento (Prognóstico

1980/82).

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Tendo em vista a importância da mandioca para o trópico, têm-se obtido variedades de maior rendimento e desenvolvido soluções de baixos ëustos e íecnoiogias apropriadas para melhorar a produção. Por outro lado a transfe-rência desta tecnologia tem tropeçado em obs-táculos: os agricultores não estão dispostos a aumentar sua produção em regiões onde o úni-co mercado é o produto fresúni-co, por não pode-rem vendê-la totalmente. Os preços são tão ir-risórios que não cobrem os custos (Centro In-ternacional de Agricultura Tropical 1984).

A demanda de mandioca fresca poderia au-mentar, reduzindo-se a diferença entre o preço pago ao produtor e o preço ao consumidor, que é bastante significativa: 87%. Isto porque o alto risco de deterioração das raízes faz com que os intermediários busquem maior margem de lucros para compensar as perdas, e os mé-todos de annazenamento mais sofisticados não são economicamente viáveis para o mercado nacional (Centro Internacional de Agricultura Tropical 1984).

Trabalhos de Booth et ai. (1976), Carvalho et aI. (1982a, 1982b), Sivan (1979), Wheatley (1980, 1982), Rickard (1985), demonstraram haver dois tipos de deterioração após a co-lheita: uma de origem fisiológica, àonsiderada primária, que provoca o escurecimento dos te-cidos e que ocorre nos primeiros dias após a colheita, e outra microbiológica (secundária), causadora de vários tipos de podridões que se iniciam de cinco a sete dias depois da colheita.

Richardson (1976), observou que com o rompimento dos tecidos por danificação mecâ-nica a polifenoloxidase atua oxidativamente sobre o substrato disponível, acelerando o es-curecin,ento e conseqüentemente a deteriora-ção. A atividade desta enzima depende de vá-rios fatores, destacando-se alguns como, con-centrações de compostos fenólicos (substrato), polifenoloxidase (enzima), ácido ascórbico etc. Para Pumbley et ai. (1981), tanto a dete-rioração microbiológica quanto a fisiológica

estão associadas às enzimas peroxidases que são produzidas pelos tecidos em resposta a condições de "stress". Marriot et ai. (1980), verificaram que o desenvolvimento dos pig-mentos responsáveis pelos sintomas visíveis da descoloração vascular estão associados a alterações na atividade da peroxidase, que po-dem estar associadas à formação do material semelhante à lignina, a partir dos fenóis e po-lifenóis, que são características próprias da va-riedade.

O presente trabalho tem por objetivo deter-minar o efeito do período de armazenamento e a diferença varietal no grau de deterioração fi-sioiógica, atividades da pemxidase, polifeno-loxidase e teores de fenólicos nas raízes de mandioca.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizadas raízes das cultivares Guaxupé, Sonora e IAC 12829, plantadas na área da Escola Superior de Agricultura de Lavras, MG, e colhidas 18 meses após o plantio.

Imediatamente após a colheita, as raízes corres-pondentes a cada cultivar foram lavadas e secadas à sombra. Em seguida, distribuídas em cinco con-tentores plásticos para cada cultivar e armazenadas em condições ambientais, a uma temperatura média de 270C e UR de 77%. Aos 0, 2, 4, 6 e 7 dias de ar-mazenamento pós-colheita, foram avaliadas com re-Lição à deterioração fisiológica.

Em cada avaliação foram escolhidas, ao acaso e aleatoriamente para cada cultivar, quatro grupos de cinco raízes de tamanho uniforme.

As determinações físicas e químicas foram reali-zadas para cada cultivar, sendo as raízes seccionadas transversalmente em seis partes, nas quais as análises químicas foram efetuadas após a trituração e homo-geneização dos pedaços das raízes. Foram determi-nados os seguintes parâmetros:

- Grau de deterioração fisiológica - DF (escure-cimento ou descoloração %): é avaliado o percentual da seção transversal da raiz escurecida, de acordo com o esquema a seguir.

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- 90,01

-

Y = 2,645 + 11,504x 1 R2=0,965 4 Y = 9,054 + 8,456x 2 = 0,858 no gg+9.61sx Ln DIAS PÕS C OL HEITA 3 4 5

FIG. 1. Curvas de regressão entre percentagens de deterioração fisiológica e dias pós-colheita das raízes de mandioca (Manihot

esculenta, Crantz) ESAL, Lavras, MG. 1987.

• -

Sonora;

*

-

Guaxupé; A- LAC 12829

: c

O

1 0= 0%dedanos 1 = 25% de danos 2 = 50% de danos

A4

4))

1ff1 "1

I

~

C

L)

IIE O

(((1I

ç

1"

r

i)t

?

Oo

3 = 75% de danos 4 = 100% de danos O

.tl

-

Umidade %: é determinada por secagem em estufa com circulação de ar a 60°C, até o peso constante.

- Fenólicos (mgf 100 g): são extraídos pela técni-ca recomendada por Swain & Hillis (1959) e dosea-dos pelo reagente de Folin Denis, conforme reco-mendações da Association of Official Analytical Chemists (1970).

- Atividade da polifenoloxidase ou PFO (unida-de/hora): é determinada de acordo com a técnica descrita por Ponting & Joslyn (1948).

- Atividade da peroxidase ou P0 (unidade/mi-nuto): é determinada de acordo com a técnica des-crita por Ferhmann & Diamond (1967).

A análise de variáncia, o cálculo do coeficiente de correlação e a equação de regressão foram feitos se-gundo os métodos usuais de Pimentel-Gomes (1982).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados referentes à unidade e DF (Fig. 1 e 2) demonstraram que os maiores teo-res de umidade inicial da cultivar Guaxupé (61%), podem ter propiciado a esta cultivar urna menor DF final. Este resultado concorda com o observado por Carvalho et aI. (1982b),

que, para retardar-se a DE, os teores de umi-- de não significativo, com tendências a ser var apresentou umidade inicial de 55,13%, e também, certo grau de escurecimento, apesar dade das raízes devem estar acima de 58,0%. maior que o da cultivar Guaxupé.

Segundo Carvalho et ai. (1985b) a cultivar Quanto aos teores de fenólicos totais, ob- IAC 12829 apresentou um grau de escureci- sei-vou-se na Fig. 3 que houve um aumento em mento intermediário quando comparada com seus níveis para a cultivar Sonora até o segun-outras cinco cultivares e foi considerada sus- do dia de armazenamento, seguido de decrés-cetível à DF. No presente trabalho esta culti- cimo; e para as cultivares IAC 12829 e Gua-

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xupé, foram observados decréscimos até o sé-timo dia de armazenamento. Estes resultados não concordam com os obtidos por Carvalho et ai. (1985a) e Padmaja etal. (1982), que ob-

= 60,985 + 0,253. = 0,483 A - Y = 55,166 . 0,247x = 0,803 'a o 4 o 3 4 5 6 DIAS PÓS-COLHEITA

FIG. 2. Curvas de regressão entre percentagens de umidade e dias pós-colheita das raf-zes de mandioca (Manihot esculenta,

Crantz). ESAL, Lavras, MG. 1987. * - Guaxupé; A— IAC 12829 Sonora

N.S. - 1200 o, 8 E 1100 Ln

n

1000 101,862 + 13,94 2,29"- 900 . y

1

= 0,918 'a -= 107,966 - 3,049x A 2 = 0,879 800 A -!. = 123,276 + 1,608x - 0,806x 2 2 3 4 5 DIAS PÓS - COLHEITA

F1G. 3. Curvas de regressão entre teores de te-nólicos totais e dias pós-colheita das

rafzes

de mandioca (Manihot esculenta, Crantz). ESAL, Lavras, MG. 1987. • - Sonora; * - Guaxupé; A— IAC 12829

servararn decréscimos iniciais nos fenólicos totais seguidos de aumentos posteriores.

Com relação às formas de fenólicos extra!-veis em metanol a 50%, verifica-se através da Fig. 4 que houve aumentos iniciais para as três cultivares, seguidos de decréscimos a partir do terceiro dia de armazenamento para as cultiva-rts IAC 12829 e Guaxupé, sendo que a culti-var Sonora apresentou decréscimo a partir do quarto dia de aimazenamento. Os aumentos iniciais destes fenólicos podem ter deconido da hidroxilação de monofenáis, e os decrésci-mos, da oxidação de difenóis, ambos pela ação da ezima polifenoloxidase, sendo a quinona o produto da oxidação. Constata-se o fato, ao comparar-se a Fig. 4 com a Fig. 8, onde se ve-rifica que a atividade enzimática começa a de-crescer com o decréscimo dos substratos. Es-tes resultados estão de acordo com o autor Wheatley (1982), que afirma que a ação da polifenoloxidase se processa da seguinte ma-neira: hidroxilação de monofendis para O-di-fenóis e oxidação destes O-diO-di-fenóis para

qui-nonas. o, 8

'a,

E o I4 -j O 40,0 1-' o rA Y = 33,131 + 7,468x - 1,035x 2 9 A 2 = 0,579 V = 36,498 + 3,007x - 0,526x 2 zA' = 0,627 'a 20,0 Y = + 3,105x - 0,704x' DIAS PÓS - COLHEITA

FIG. 4. Curvas de regressão entre teores de te-nólicos extrafveis em metanol 50% e

dias pós-colheita das rafzes de mandioca

(Matilhas esculenta, Crantz). ESAL,

La-nas, MG.

• - Sonora; * - Guaxupé; A— IAC 12829 Pesq. agropec. bras., Brasília, 25(5):773-781,maio 1990

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Quanto às formas de fenólicos extraíveis em metanol, pode-se vizualizar na Fig. 5 que a cultivar Sonora apresentou aumentos até o ter-ceiro dia, seguidos por decréscimos - indican-do que houve síntese -, e uma posterior hidro-xilação destes monofenóis pela ação da enzi-ma polifenoloxidase. Carvalho et al. (1985b), afirmam que os acréscimos nas frações de fe-nólicos extraíveis em metanol (fefe-nólicos mais simples), indicam que além da condensação de fenólicos há também a síntese destes compos-tos com o aumento da DE.

As cultivares JAC 12829 e Guaxupé apre-sentaram curvas de regressão estatisticamente não-significativas para as formas de fenólicos extraíveis em água (poliméricos). A cultivar Sonora apresentou aumento até o segundo dia de armazenamento e posterior decréscimo. Este aumento, possivelmente decorre do fato de que as raízes sofreram algum tipo de injúria no momento da colheita. Como foi menciona-do anteriormente, segunmenciona-do os autores Rickard (1981, 1982) e Wheatley (1980), nas regiões que sofrem ferimentos há um escurecimento do tecido com o acúmulo de taninos polimeri-

e - Y = 37,080 + 2,659x - 0,481x 2 = 0698 45,0 * Y 44331 E o 40,0 35,0 LãJ (o g 30,0 •0 z 1 _y 42,720 - 1,677x 25,01 R2 = 0,560 2 3 4 5 DIAS PÓS - COLHEITA

FIG. S. Curvas de regressão entre teores de

fe-nólicos extraíveis em metanol e dias pós-colheita das raízes de mandioca (Manibot esculenta, Crantz). ESAL, La-vras, MC.

- Sonora; * - Guaxupé; A— IAC 12829

zados, derivados das leucoantocianidinas e catequinas. Os decréscimos observados podem ser causados pela ação da enzima peroxidase, que promove a oxidação de polímeros (como pode ser observado nas Fig. 6 e 7), que no se-gundo dia de armazenamento - onde ocorre maior nível de fenólicos poliméricos -, coinci-dem com o ponto de atividade mínima da pe-ruxidase. Nota-se ainda, que os decréscimos acentuados nos teores de fenúlicos poliméricos equivalem aos aumentos na atividade da enzi-ma peroxidase. Carvalho et aI. (198515), verifi-caram que as formas de fenólicos poliméricos aumentaram com o aumento da DE nas regiões de meio e inserção das raízes, e verificaram que tanto os teores iniciais de fenólicos poli-méricos quanto a velocidade de aumento dos mesmos foi maior na região de inserção.

Com relação à atividade da peroxidase, ob-serva-se na Fig. 7 que a cultivar JAC 12829 apresentou maior atividade, seguida pela cul-tivar Sonora; e com menor atividade, a culti-var Guaxupé. A culticulti-var IAC 12829 apresen-tou-se no final do experimento com raízes to-talmente escurecidas (DE), ressecadas e endure-

4001 Y = 31,256 + 3,461x - = 0,386 E 1 O

v

LS 30,0 o 'li 1 o) z 1 20,01 2 J 4 5 DIAS PÓS- COLHEITA

EtC. 6. Curvas de regressão entre teores de fe-nólicos extraíveis em água e dias pós-colheita das raízes de mandioca (Manihot esculenta, Crantz). ESAL, Lavras, MG. • - Sonora; * - Guaxupé; IAC 12829-N.S.

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• - Y = 5,734 + 2,528- 0,282x 2 = 0,430 * - V = 6,675 + 1,531x - 0,180x 2 2000 R2=0,550

1

- ' A - Y = 5,513 + 2,292x - 0,261x 2 O 160,04 4 1 o 1

1

120,04 4 1 O 1

ao.o]

40,0 DIAS PÔS - COLHEITA

FIG. 7. Curvas de regressão entre atividade de peroxidase e dias pós colheita das

raí-zes de mandioca (Maniho: esculenta,

Crantz). ESAL, Lavras, MG. 1987. • - Sonora; * - Guaxup; A MC 12829. cidas. Estes resultados podem ter decorrido da ação de enzimas peroxidases, visto que esta cultivar apresentou, no final do experimento, atividade de 325.00 unidades/minuto (Tabe-la 1). Marriot et ai. (1978), observaram que aumentos em peroxidase associados com injú-ria podem indicar aumento na biossíntese de lignina Podem também atuar como barreiras à infecção microbiana e promover um aumento na concentração de produtos de oxidação de fenélicos, alterando a concentração de auxi-nas, devido à presença de IAA-oxidase. E em combinação, estes três sistemas de enzimas, juntamente com numerosos componentes

fe-nólicos presentes nos tecidos das plantas, pro-videnciam resistência e recuperação da infec-ção ou estresse induzido pela injúria (a co-lheita das raízes de mandioca automaticamente envolve tal injúria, que é o mínimo necessário para separar a raiz do caule).

A cultivar Guaxupé apresentou menor grau de DE e uma atividade da peroxidase de 90.72

unidades/minuto no final do experimento (Ta-bela 1). Este menor escurecimento pode ser explicado pela baixa atividade da enzima pe-

• —v

= 56,418 - 20,697x2 R 2 = 0,813 * - Y = 43,087 + 3,720x + 0,506x2 E 1 R2 = 0,984 11,0 7,0 A - V = 59,099 - 34,507x + 9,259x 2 = 0,783 DIAS PÓS - COLHEITA

FZG. 8. Curvas de regressão entre atividade de polifenoloxidase e dias pós-colheita das raízes de mandioca (Manihot esculenta,

Crantz). ESAL, Lavras, MG. 1987. • - Sonora; * - Guaxupé; A IAC 12829. mxjdase nas raízes desta cultivar durante o arrnazenamento.

Segundo os autores Reigh et ai. (1974), a peroxidase 6 uma enzima complexa, com uma cadeia de isoenzimas e com diferentes ativida-des para vários substratos; a escopoletina é prontamente oxidada pela peroxidase na pre-sença de peróxido de hidrogênio e provoca o surgimento de produtos de oxidação que são os pigmentos.

Com respeito à atividade específica da pe-mxidase, pode-se observar na Fig. 9, as equa-ções e curvas de regressão entre esta atividade e os dias de armazenamento, notando-se os aumentos com os dias de arrnazenamento, ca-bendo ressaltar que para a 'Guaxupé' - cultivar com menor grau de DE -, a velocidade de acréscimos foi muito inferior às das cultivares Sonora e MC 12829, que apresentaram alto grau de DE. Houve aumento tanto na sffitese quanto na ativação enzimática, como pode ser observado ao se comparar a atividade especí-fica da peroxidase (Fig. 9) com a atividade proteolftica (Fig. 7).

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TABELA 1. Valores médios referentes à atividade da polifenoloxidase, atividade específica da po-lifenoloxidase, atividade da peroxidase e atividade específica da peroxidase das raízes de três cultivares de mandioca (Manihot esculenta, Crantz), em cinco períodos pós-co-lheita. Dias de armazenamento Constituintes Cultivares Atividade da Sonora 6,63 d 7,91 c 10,89 b 14,54 a 7,09 e polifenoloxidase Guaxupé 6,00 d 8,06 c 10,44 b 11,63 a 7,54 e (uA/h) IAC 12829 7,09d 8,20 e 9,73b 11,09 a 7,41 c

Atividade específica Sonora 0,52 a 0,57 a 0,55 a 0,56 a 0,50 a

da polifenoloxidase Guaxupé 0,57 a 0,61 a 0,50 a 0,52 a 0,56 a

(uA/mglg de tecido/h) IAC 12829 0,40 a 0,48 a 0,46 a 0,46 a 0,47 a

Atividade da Sonora 41,75 e 70,5 d 9,00 e 117,50 b 303,25 a

peroxidase Guaxupé 43,75 d 49,00 d 66,88 c 77,56 b 90,72 a

(uA/min) IAC 12829 44,00 e 52,25 91,13 c 99,64 b 325,00 a

Atividade específica da Sonora 3,24 e 5,00 b 4,17 d 4,48 c 21.27 a

peroxidase (uA/mgfg Guaxupé 3,54 c 3,67 b 3,09 d 3,72 b 6,89 a

de tecido/min) IAC 12829 2,93 d 3,11 c 3,97 b 3,93 b 20,13 a

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

'I6,0

1

- = 4,916 - 2,997x + 0,672x2 1 R20,670 16,0l '- Y = 3,698 - 0,832x + 0,164x2 0,730 14,O1 - Y 4,217 - 3,102x + 0,685x2 R2=0,710 312,01

2 o,c

9

8.0 o. (o tu 6,0 tu 4,0 o 2,C DIAS PÕS - COLHEITA

FIG. 9. Curvas de regressão entre atividade es-pecífica da P0 e dias pós-colheita das raízes de mandioca (Manihot esculenta, Crantz). ESAL, Lavras, MG. 1987. • - Sonora; * - Guaxupé;

A

IAC 12829.

Quanto à atividade da polifenoloxidase, ve-rifica-se na Fig. 8 que a cultivar Sonora apre-sentou maior atividade, seguida pela LAC 12829 e Guaxupé.

De acordo com os autores Padmaja et ai. (1982), Rickard (1981) e Rickard et aI. (1979) os fenóis, já presentes na injúria das rafzes, podem ser oxidados para O-quinonas ou po-Iffiieros pela ação da polifenoloxidase, haven-do estfmulo à biossfntese de oxidação destes fenóis, e conseqüentemente, um aumento da atividade da polifenoloxidase. Pode-se obser-var através das Fig. 4, 5 e 8 que algum outro mecanismo além da atividade da polifenoloxi-dase está envolvidô na hidroxilação de mono-fendis, oxidação de difenóis e atividade da polifenoloxidase, visto que a cultivar Guaxupé apresentou maiores decréscimos em monofe-nóis que não correspondem a aumentos em di-fendis, apresentou baixa atividade enzimática, e finalmente, menor escurecimento.

Wheatley (1982), afirma que a quinona é o produto da atividade da polifenoloxidase que Pesq. agropec. bras., Brasília. 25(5):773-781, maio 1990

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forma o pigmento marrom ou preto observado nas raízes após a injúria ou colheita. Os auto-res Muiler & Beckman (1974), verificaram que as quinonas têm ação antimicrobiana e que os polímeros podem atuar como taninos, que fonnam complexos com protefrias e atuam co-mo uma barreira física para a penetração de patógenos. A injúria estimula a oxidação, não somente pelo aumento da atividade da polife-noloxidase, mas também pela ruptura do com-partimento que existe na célula separando o substrato da enzima.

Observa-se uma maior atividade da peroxi-dase do que da polifenoloxiperoxi-dase para as três variedades. Verifica-se nas Fig. 1, 7 e 8 que maiores atividades das enzimas peroxidase e polifenoloxidase correspondem a um maior grau de DF para as cultivares Sonora e IAC 12829, e o contrário para a cultivar Guaxupé.

Quanto à atividade específica da polifeno-loxidase, as equações e curvas de regressão foram estatisticamente não-significativas, e os valores médios encontram-se na Tabela 1, on-de observa-se que as alterações da atividaon-de pmtcolítica da polifenoloxidase pode ser atri-bufda à síntese ou degradação das enzimas, e não à ativação das já existentes.

CONCLUSÕES

1. A cultivar Guaxupé apresentou-se com menor grau de escurecimento e as cultivares Sonora e IAC 12829 com maiores graus de es-curecimento.

2. As raízes das cultivares Sonora e IAC 12829 (mais suscetíveis à DF) apresenta-ram maiores atividades de peroxidase e polife-noloxidase, altos teores de fenólicos, menores teores de umidade (mais resistentes à DE).

3. O período de armazenamento pós-co-lheita das raízes proporcionou:

a) aumentos no grau de DF e na atividade da enzima peroxidase para as três cultivares;

b) aumentos seguidos de decréscimos no fmal do período de armazenamento nas ativi-dades de polifenoloxidase, nas formas de fe-nólicos extraíveis em metanol 50%, metanol e

água e fenólicos totais da cultivar IAC 12829. c) decréscimos nos teores de fenólicos to-tais para a cultivar Guaxupé e extraíveis em metanol para as cultivares IAC 12829 e Gua-xupé.

4. Tanto os valores de atividade quanto as alterações durante o annazenamento da enzima peroxidase foram superiores aos da enzima polifenoloxidase.

REFERÊNCIAS

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Referências

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