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Comércio Justo Módulo 1. O que é Comércio Justo? Uma Introdução à Certificação de Comércio Justo - Agosto de 2006

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Comércio Justo Módulo 1

“O que é Comércio Justo?”

Uma Introdução à Certificação de Comércio Justo

(2)

Módulo 1 do Comércio Justo “O que é Comércio Justo?” - Uma Introdução à Certificação de

Comércio Justo foi elaborada pela Organização Internacional para Certificação de Comércio Justo

(FLO - Fairtrade Labelling Organizations International), Bonn, Alemanha. A FLO é a Organização mundial para Certificação e Elaboração de Critérios de Comércio Justo.

Contato:

Fairtrade Labelling Organizations International e.V. Bonner Talweg 177 53129 Bonn Alemanha Tel.: (+49) 228 949 23 0 Fax: (+49) 228 242 0 E-mail: info@fairtrade.net www.fairtrade.net Coordenação: Matthias Kuhlmann

Departamento de Desenvolvimento de Contatos Unidade de Negócios do Produtor

FLO e.V.

(3)

Índice

Página

I.

Lista de Abreviaturas

4

II.

Objetivo do Documento

5

III.

Informação ao Leitor

6

1.

A História do Comércio Justo

Do Comércio Justo à Certificação de Comércio Justo

7

2.

A Certificação de Comércio Justo e seus

Diferentes Grupos Agentes

12

2.1

Os produtores

13

2.2

As Iniciativas Nacionais de Certificação

18

2.3

Os negociantes

20

2.4

Outras Organizações e Redes de Comércio Justo

23

2.5

Os parceiros da FLO

25

3.

Estrutura e Operações Internas da

FLO-Internacional

26

3.1

Organização Internacional para Certificação de

Comércio Justo (FLO e.V. - Fairtrade Labelling

Organizations International e.V.)

29

3.1.1

Órgãos e Comitês da FLO e.V. e Participação dos

Grupos Agentes

31

3.1.2

Unidade de Critérios e os Critérios de Comércio Justo

36

3.1.3

Unidade de Negócios do Produtor

40

3.1.4

Unidade de Serviços Centrais e Finanças

43

3.1.5

Fundo de Certificação do Produtor

45

3.2.

FLO Certificação de Desenvolvimento

Sócio-Econômico Ltda. (FLO Cert. - FLO Certification of

Social-Economic Development GmbH)

46

3.2.1

Órgãos e Comitês da FLO Cert. e a Participação dos

Grupos Agentes

48

3.2.2

Certificação de Produtores

51

3.2.3

Certificação Comercial

56

Glossário

58

Bibliografia

65

Anexos

66

(4)

I.

Lista de Abreviaturas

AA Assembléia de Associados

AG Aktiengesellschaft (Sociedade Anônima) CC Certificação Comercial

CCJ Certificação de Comércio Justo CP Certificação de Produtores DL Departamento de Ligações

e.V. eingetragener Verein (associação registrada)

EFTA Associação Européia de Comércio Justo (European Fairtrade

Association)

FLO Cert. FLO Certificação de Desenvolvimento Sócio-Econômico Ltda. (FLO

Certification of Social-Economic Development GmbH)

FLO Organizações para Certificação de Comércio Justo (Fairtrade

Labelling Organizations)

GmbH Gesellschaft mit beschränkter Haftung (Companhia Limitada) Hg. Herausgeber (Editor)

IFAT Federação Internacional de Comércio Alternativo (International

Federation of Alternative Trade)

ISO Organização Internacional para a Padronização (International

Organization for Standardization)

NEWS Rede Européia de Lojas Mundiais (Network of European World Shops) NI Iniciativa Nacional de Certificação

OIT Organização Internacional do Trabalho RT Relações de Troca

RU Reino Unido

SNV Organização para o Desenvolvimento da Holanda UC Unidade de Critérios

UE União Européia

UNCTAD Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento UNP Unidade de Negócios do Produtor

(5)

II. Objetivo do Documento

Este documento foi criado para dar uma visão geral das informações para iniciantes no Comércio Justo. Este documento é direcionado em particular a Oficiais de

Ligação, Gerentes ou pessoas com funções gerenciais em organizações de produtores e empresas interessadas no Comércio Justo, além de negociantes e outras partes envolvidas na FLO.

O objetivo é apresentar para o leitor o movimento do Comércio Justo e seus diferentes agentes e grupos de interesse e, em especial, introduzir a estrutura interna e operações da Organização Internacional para Certificação de Comércio Justo como entidade. Como um documento introdutório tem limitações e não deve ser carregado de muitos detalhes, o leitor pode achar que algumas perguntas ficarão sem respostas.

Considerando a dificuldade de se produzir de um guia introdutório efetivo para as necessidades de informação dos diferentes grupos de usuários, este documento indica ao leitor outros documentos e fontes que dão informações adicionais úteis.

No futuro, planejam-se módulos adicionais, que elaborem mais alguns aspectos específicos importantes - como “o uso do prêmio de Comércio Justo” - e dêem informações sobre outros temas ligados ao Comércio Justo conforme a necessidade. Por fim, eu gostaria de agradecer todas as pessoas que contribuíram para este documento.

Agradecimentos especiais vão também para os Serviços de Voluntários Online, (Sr Martim Silveira) das Nações Unidas pelo apoio dado.

Matthias Kuhlmann

Gerente do Departamento de Desenvolvimento de Contatos Unidade de Negócios do Produtor

(6)

III. Informação ao Leitor

O leitor encontrará vários termos em negrito no texto. Eles estão listados e explicados no Glossário.

Fazem-se tantas referências especiais no texto quanto necessário. Elas conduzem o leitor a fontes adicionais de informação ou fazem referências cruzadas a outros capítulos com explicações mais detalhadas.

(7)

1. A História do Comércio Justo: Do Comércio Justo à

Certificação de Comércio Justo

O processo de globalização na segunda metade do século XX foi caracterizado por uma crescente exploração de pequenos proprietários e suas famílias na Ásia, África e América Latina. A competição feroz por commodities agrícolas, o principal mercado de exportação para muitos países em desenvolvimento, no mercado global levou a crescente pressão dos preços para os produtores. A resultante queda dos preços dos produtos agrícolas piorou tanto a situação da renda quanto as condições sociais dos fazendeiros e trabalhadores do setor agrícola.

Com esta situação, várias iniciativas se desenvolveram gradativamente na sociedade civil entre o fim dos anos 1940 e a década de 1960, nos EUA e na Europa, com o objetivo de criar termos do negócio diferentes e mais justos entre consumidores nos países industrializados e produtores no Hemisfério Sul ou nos chamados países em desenvolvimento. A idéia delas era criar um ambiente de negócio que ajudasse a aliviar a pobreza, fosse menos exploratório e considerasse parceiras as partes envolvidas na negócio comercial.

Essas diferentes iniciativas criaram as bases para subseqüente criação das chamadas organizações de comércio alternativo, que foram iniciadas em vários países, como por exemplo:

1964: Reino Unido: Oxfam, uma organização de ajuda internacional que começou com uma pequena iniciativa no Reino Unido e 1942, criou a primeira Organização de Comércio Alternativo;

1967: Holanda: S.O.S Wereldhandel, atual Organização do Comércio Justo, foi criada;

1975: Alemanha Gepa foi criada.

O que significa “justo” neste contexto?

A expressão “relações de troca mais justas” se refere à criação de um ambiente comercial diferenciado. Este ambiente deve reforçar a idéia de que produtores e negociadores são parceiros comerciais. Além disso, deve também se basear em um conceito de comércio que tenha uma relação preço-desempenho adequada para as mercadorias e commodities produzidas pelos países em desenvolvimento.

Em outras palavras, os preços pagos por produtos comercializados neste sistema de comércio alternativo deve refletir os custos da produção da mercadoria. Além disso, deve garantir um nível de renda que seja no mínimo suficiente para atender as necessidades básicas dos produtores e trabalhadores. Estas condições permitem uma vida digna para produtores e trabalhadores, como é determinado pela

Declaração Internacional dos Direitos Humanos e as convenções internacionais da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

(8)

Na década de 1970, no número total de organizações importadoras que compravam diretamente de organizações produtoras no "Hemisfério Sul” estava crescendo. Estas organizações vendiam seus produtos por vários canais, incluindo grupos de

solidariedade, lojas mundiais, catálogos postais e outros. O café latino-americano, por exemplo, é certamente uma commodity agrícola que está intimamente associada ao movimento de comércio alternativo na Europa.

Além destas atividades da sociedade civil, os países em desenvolvimento reforçaram cada vez mais a necessidade de se alcançar relações comerciais mais justas com o Norte em nível internacional. Nesta década, o conceito de “preços justos” também se desenvolveu no contexto das reclamações dos países em desenvolvimento por uma política de regulamentação e de sustentação de preços no comércio mundial apoiada pela comunidade internacional.

Por volta da conferência da UNCTAD (Conferência das Organização das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) em Nova Délhi, em 1968, nasceu o slogan “comércio e não ajuda”, enfatizando que relações comerciais mais justas entre os Hemisférios Sul e Norte seriam uma condição mais importante para o sucesso dos esforços desenvolvimentistas dos países do Sul do que estes receberem a clássica assistência para desenvolverem-se.

No fim dos anos 1980 e na década de 1990, diferentes redes de agentes Fairtrade foram desenvolvidas, agrupando produtores, comerciantes e outros acionistas de maneiras diferentes.

As principais redes são a Rede de Lojas Mundiais Européias (Network of European World Shops - NEWS), a Federação Internacional de Comércio Alternativo

(International Federation of Alternative Trade - IFAT), a Associação Européia de Comércio Justo (European Fairtrade Association - EFTA) e as Organizações

Internacionais de Certificação de Comércio Justo (Fairtrade Labelling Organizations International – FLO).

(Auto-descrições da NEWS, IFAT e EFTA são encontradas no Anexo).

Até o meio dos anos 80, o comércio alternativo ocorria principalmente dentro do circuito comercial isolado de pessoas comprometidas com os ideais desta forma de filosofia alternativa e os produtos normalmente não estavam disponíveis nas lojas de varejo convencionais. Deste então, buscou-se maneiras de levar mais os produtos de comércio justo até o mercado principal sem perder de vista a filosofia original e os valores do movimento.

Várias Iniciativas Nacionais de Certificação (INs) diferentes foram montadas por coalizões de ONGs voltadas para o desenvolvimento, grupos ambientalistas, igrejas e sindicatos, além de outras organizações da sociedade civil, para promover diferentes certificados em seus mercados, pelos quais os consumidores do mercado principal pudessem identificar os produtos do Comércio Justo nas prateleiras. O certificado Max Havelaar e o certificado Transfair provaram ser os de maior sucesso.

(9)

As organizações de certificação estavam desenvolvendo um conjunto de padrões de Comércio Justo para determinar as regras e requisitos a serem atingidos pelos parceiros comerciais. Além disso, elas estavam monitorando os produtores as

transações comerciais entre vendedores e compradores de acordo com estes padrões. Fora isso, elas ofereciam aos importadores um registro de organizações produtoras monitoradas ou companhias cujos produtos podiam ser obtidos diretamente.

Em 1997, as diferentes correntes de certificação decidiram juntar forças e organizar suas atividades sob uma única organização chamada Fairtrade Labelling International Organizations. Um resultado deste processo é que as várias iniciativas nacionais de certificação estão cada vez mais harmonizando os certificados usados em produtos de Comércio Justo. A transformação em um novo certificado, no entanto, requer

estratégias de mercado específicas para garantir que o mercado e o consumidor aceitem a mudança.

Até hoje, 17 dos 20 membros da FLO já introduziram a nova marca de certificação da FLO.

O Selo de Certificação FLO:

Exemplos dos primeiros selos de Comércio Justo:

(10)

Seguindo-se à criação da FLO, o mercado para produtos com certificação Comércio Justo cresceu de forma constante e o crescimento se acelerou significativamente desde 2001, com taxas de crescimento entre 20 e mais de 40% ao ano.

Durante 2004, as vendas em varejo de mercadorias com certificação Comércio Justo cresceram estimados US$ 1 bilhão, o que em troca levou a uma renda extra de US$ 100 milhões para os produtores ligados ao Comércio Justo.

A crescente entrada de produtos com certificação Comércio Justo em mercados principais maiores gerou desafios adicionais para a certificação Comércio Justo. Já que manter um sistema de certificação confiável e aceito era visto como o objetivo central dos sistema da FLO, a Diretoria da FLO tomou a decisão estratégica de reorganizar as operações de certificação de maneira a alcançar padrões de organizações de certificação aceitos internacionalmente.

Num primeiro passo, em 2002, a FLO separou os trabalhos de certificação e inspeção de serviços de apoio e criou a unidade de certificação.

No fim de 2003, a FLO completou esta reorganização fundando uma empresa-irmã chamada FLO Certification of Social-Economic Development GmbH (FLO

Certificação de Desenvolvimento Sócio-Econômico Ltda.) ou FLO Cert. Limited (FLO Certificação Ltda.).

A FLO Cert. é de propriedade da FLO-Internacional e opera alinhada com o International Standard for Certification Organizations (ISO 65) ou Padrão Internacional para Organizações de Certificação.

Definição de Comércio Justo

Em 2001, a FLO e as outras redes de Comércio Justo (IFAT, NEWS e EFTA) criaram uma plataforma de cooperação intitulada FINE (sigla para as iniciais das organizações participantes) e definiram em conjunto sua definição de Comércio Justo:

“O Comércio Justo é uma parceria comercial baseada em diálogo, transparência e respeito, que busca maior igualdade no comércio internacional. Ele contribui para o desenvolvimento sustentável ao oferecer melhores condições comerciais e assegurar os direitos de produtores e trabalhadores marginalizados –

especialmente no Hemisfério Sul.”

As organizações do Comércio Justo (apoiadas pelos consumidores) estão ativamente engajadas no apoio aos produtores, no aumento da consciência social e nas campanhas por mudanças nas regras e na prática do comércio internacional convencional. (FINE, 2001)

(11)

Além disso, a função da FLO-Internacional e.V. como fornecedor de serviços a seus membros e diferentes acionistas ligados ao Comércio Justo foi fortalecida ainda mais com a redistribuição de mais recursos à organização.

Atualmente, a FLO International tem 20 organizações nacionais de certificação como membros que operam em 21 países. A FLO e seus membros empregam por volta de 250 funcionários nos escritórios centrais e contrataram aproximadamente 60

inspetores e trabalhadores de campo. Além das iniciativas de certificação, outros grupos acionistas como redes de produtores e comerciantes, por exemplo, são representados na estrutura de controle da FLO. Mais de 550 companhias e

organizações produtoras e mais de 500 comerciantes de países do Hemisfério Sul participam da Certificação Comércio Justo.

As principais tarefas da FLO são a definição de padrões de Comércio Justo, a facilitação do comércio e o apoio ao produtor, além da certificação comercial e de produtores.

No fim de 2003, a FLO definiu um “Plano Estratégico” de cinco anos, que detalhava como a organização gostaria de se desenvolver nos cinco anos seguintes.

(12)

2. A Certificação de Comércio Justo e seus Diferentes

Grupos Agentes

O sistema de Certificação de Comércio Justo consiste de vários grupos de interesse (grupos agentes), que assumem diferentes funções e papéis comerciais. Nos próximos parágrafos, algumas características principais deste grupos agentes serão

apresentadas.

Os grupos agentes mais importantes do Comércio Justo são: • os produtores,

• os negociantes,

• as Iniciativas Nacionais de Certificação (também como representantes indiretas dos consumidores),

• as redes de Comércio Justo, • os parceiros da FLO.

O sistema de Certificação de Comércio Justo em poucas palavras:

A Certificação de Comércio Justo e seus diferentes grupos agentes

Parceiros da FLO Outras redes e organizações de Comércio Justo

Iniciativas Nacionais (INs)

FLO Internacional FLO e.V. & FLO Cert

(13)

2.1 Os produtores

Os produtores representam o grupo de interesse para quem o sistema do Comércio Justo foi criado. O objetivo do Comércio Justo é promover um sistema comercial mais justo para pessoas injustiçadas pelas relações de troca entre países produtores e

consumidores.

Neste sentido, os produtores são seu principal grupo beneficiário. Atualmente, aproximadamente 550 organizações e empresas de pequenos produtores são certificadas, representando em torno de 1 milhão de produtores e trabalhadores assalariados. Incluindo os dependentes deles, estima-se que 5 milhões de pessoas se beneficiam do Comércio Justo.

Um certificado ou selo da FLO em um produto de Comércio Justo garante que o produtor aproveite os principais benefícios do Comércio Justo:

O preço mínimo do Comércio Justo O prêmio de Comércio Justo

Acesso a um pré-financiamento de até 60% por parte dos compradores Parceiros da FLO Outras redes e organizações de Comércio Justo Iniciativas Nacionais (INs)

FLO Internacional FLO e.V. & FLO Cert

(14)

A FLO estabeleceu preços mínimos de Comércio Justo para a maioria dos produtos. Estes preços definem o nível de preços mínimo que o comprador de produtos do Comércio Justo tem que pagar. O preço mínimo do Comércio Justo é estabelecido com base em um processo de consulta aos grupos agentes e garante que os produtores recebam um valor que equivale ao custo da produção sustentável de uma mercadoria. No entanto, toda vez que o preço do produto no mercado (por exemplo, no mercado regional ou de ações) é mais alto que o preço mínimo do Comércio Justo, o preço mais alto se aplica.

O prêmio de Comércio Justo é um pagamento adicional que os compradores fazem ao produtor, somado ao preço do Comércio Justo. Organizações de pequenos

produtores usam o prêmio de Comércio Justo para o desenvolvimento sócio-econômico delas, normalmente de forma coletiva. Quando as empresas são

certificadas pela FLO, este prêmio tem que ser usado no interesse dos trabalhadores. Uma empresa certificada pela FLO cria um comitê em separado (a Comitê Misto), que é responsável pela administração do prêmio. A Comitê Misto é formado por representantes eleitos tanto pelos trabalhadores quanto pela gerência. Ele é

estabelecido como um órgão legal e age como depositári e administrador dos fundos do prêmio. Para ajudar no trabalho da Comitê Misto, a FLO criou materiais de orientação.

O Pré-financiamento é outro benefício de que muitos produtores podem usufruir ao participar do Comércio Justo. A idéia fundamental é dar apoio ao gerenciamento financeiro das organizações produtoras e permitir liquidez suficiente. Como resultado, a direção da cooperativa, por exemplo, é capaz de pagar seus associados no ato

quando estes entregam seus produtos nos centros de coleta. Desta maneira, é mais fácil para os associados se manterem, além de a organização produtora poder oferecer um serviço melhor aos mesmos. Por exemplo, a organização produtora (vendedora do produto) pode requisitar que o comprador dê uma entrada de até 60% do valor de contrato.

Uma vez que um produtor recebe o status de “certificado pela FLO”, o certificado (ou selo) garante que o ele e suas condições de trabalho satisfazem suficientemente os critérios da FLO. Mais especificamente, o status de “ certificado pela FLO” garante condições sociais, ambientais e de emprego mínimas no processo de produção. No entanto, o Comércio Justo não é um sistema para todos os produtores. Ele tem uma área de abrangência limitada, restringida pelos requisitos do critérios de Comércio Justo. Além disso, a certificação pela FLO é concedida a um número determinado de países – atualmente, mais de 120, como definido na “Política de Escopo Geográfico da Certificação de Produtores para o Comércio Justo”, que será explicada posteriormente.

Nos critérios de Comércio Justo, a FLO definiu certas características para determinar o segmento de produtores que ela visa.

(15)

O Foco do Comércio Justo: Pequenos produtores e trabalhadores assalariados desfavorecidos

Os Critérios Gerais de Comércio Justo apontam que o Comércio Justo visa pequenos produtores e trabalhadores assalariados ( empregados em empresas socialmente responsáveis) organizados e que estão em situação desfavorecida.

Mais especificamente, este critérios detalham que:

“O Comércio Justo é uma iniciativa para pequenos produtores e trabalhadores

assalariados do Hemisfério Sul que foram reprimidos em seu desenvolvimento econômico e/ou social pelas condições comerciais (= “desfavorecidos”). Se o acesso justo ao mercado, sob melhores condições comerciais, pode ajudá-los a superar estas restrições ao desenvolvimento, eles podem se juntar ao Comércio Justo”.

Além disso, os próprios critérios de Comércio Justo estabelecem vários requisitos mínimos adicionais que devem ser satisfeitos antes que a certificação pela FLO seja obtida. Estes requisitos afirmam que, com poucas exceções, pequenos produtores têm que formar uma organização antes de poder pedir a certificação. Eles também

precisam ter capacidade de exportar - o que significa que a qualidade do produto deve estar de acordo com padrões de exportação/importação. Deve-se também provar que um comprador demonstrou interesse em comprar produtos desta organização. Outro requisito é a existência de uma estrutura decisória democrática.

Este requisitos podem variar, dependendo se eles se referem a pequenos proprietários ou produtores (como fazendeiros que usam trabalho contratado). Os Critérios Gerais também acrescentam que alguns requisitos ambientais devem ser satisfeitos.

Por fim, produtores e outros parceiros comerciais da cadeia do comércio que visem entrar no sistema da FLO têm obrigações bem específicas de relatar suas operações comerciais com produtos de Comércio Justo.

Para mais detalhes sobre o Sistema de Critérios de Comércio Justo, veja os capítulos 3.1.2 “Unidade de Critérios e Critérios de Comércio Justo”, 3.2.2 “Certificação de Produtores” e 3.2.3 “Certificação Comercial”.

Representação dos Produtores na FLO

Os produtores certificados pela FLO não são apenas beneficiários do sistema do Comércio Justo.

Eles (assim como outros grupos agentes, como os negociantes) mantêm representantes na direção da FLO.

Atualmente, quatro representantes dos produtores participam do Conselho da FLO, órgão que discute e define as políticas e estratégias da organização. Os representantes dos produtores também participam ativamente em outros órgãos e comitês da FLO.

(16)

Eles são escolhidos pelo seu próprio eleitorado, ou seja, pelos parceiros certificados na América Latina/Caribe, África e Ásia. Nestes três continentes, os parceiros produtores criaram redes que se reúnem regularmente para discutir questões que dizem respeito a eles como grupos de interesse do Comércio Justo (grupos agentes). As redes regionais são:

• A Coordenação Latino-americana e do Caribe de Pequenos Produtores de Comércio Justo (CLAC - Coordinadora Latinoamericana y del Caribe de

Pequenos Productores de Comercio Justo);

A Rede Africana de Comércio Justo (AFN - African Fairtrade Network);

e a Rede de Produtores Asiáticos (NAP - Network of Asian Producers).

Para mais detalhes, veja o capítulo 3.1.1 “Órgãos e Comitês da FLO e.V. e Participação dos Grupo Agentes” e 3.2.1 “Órgãos e Comitês da FLO Cert. e Participação dos Grupo Agentes”

Escopo Geográfico do Comércio Justo

Atualmente, a certificação de produtores de Comércio Justo está limitada aos países em desenvolvimento.

O principal foco deste sistema ainda são os países do Hemisfério Sul. No entanto, para o Comércio Justo, o termo “Hemisfério Sul” se refere aos países listados na

Política de Escopo Geográfico do Comércio Justo. Esta política se baseia em sete

indicadores de desenvolvimento humano amplamente conhecidos e aceitos, usados por organizações internacionais como as Nações Unidas.

Atualmente, 129 países fazem parte da lista. A FLO certificou produtores em mais de 50 deles.

Para mais detalhes, veja o documento “Política de Escopo Geográfico da Certificação de Produtores para o Comércio Justo”, no Anexo B.

(17)

Produtos do Comércio Justo

No momento, a Certificação de Comércio Justo (CCJ) ainda se foca principalmente em produtos agrícolas do segmento alimentício, como café, chá, banana, frutas, uvas viníferas, arroz, sementes e óleos de vários tipos de nozes. No entanto, outros

produtos não-alimentícios – como flores, algodão e bolas para a prática esportiva – estão sendo integrados à lista.

A FLO publica informações sobre as tendências de mercado para as diferentes linhas de produtos de Comércio Justo em seu relatório anual. Em 2004, estima-se que o valor de varejo de produtos de Comércio Justo atingiu US$ 1 bilhão.

Uma visão geral do portfólio de produtos encontra-se no capítulo sobre critérios no site da FLO (www.fairtrade.net). Os portfólios de produtos dos membros da FLO encontram-se nos sites de cada um deles. O site da FLO tem links para estas páginas. Além disso, a Unidade de Negócios do Produtor da FLO reúne e atualiza dados sobre os produtos, que fornecem informações mais detalhadas.

(18)

2.2. Iniciativas Nacionais de Certificação

Várias Iniciativas Nacionais de Certificação (INs) fundaram a FLO em 1997 para oferecer um serviço de custo reduzido para as diferentes correntes de sistemas de certificação (como Max Havelaar e Transfair). Antes, as diferentes iniciativas de Certificação de Comércio Justo coexistentes realizavam seu próprio monitoramento de produtores. O novo sistema convergiu cada vez mais para um sistema único de certificação.

Na “Cadeia de Fornecimento” do Comércio Justo, as INs desempenham um papel especial.

É importante destacar, no entanto, que as INs não se envolvem nas transações comerciais propriamente ditas e não têm posse legal de um produto de Comércio Justo.

Como organizações certificadoras, as INs têm várias outras funções básicas. Parceiros da FLO Outras redes e organizações de Comércio Justo Iniciativas Nacionais (INs)

FLO Internacional FLO e.V. & FLO Cert

(19)

Por terem normalmente sido fundadas por organizações da sociedade civil, as INs também representam de forma indireta os consumidores “éticos” de seus próprios países. Estas organizações também fazem lobby pelo Comércio Justo e têm por missão trabalhar para ampliar o mercado para produtos de Comércio Justo, em favor dos produtores. Isto inclui ações para a criação de consciência social e a informação do consumidor.

Função igualmente importante das INs é supervisionar o uso do selo de Comércio Justo nos mercados nacionais. Para tal, elas assinam contratos de licenciamento com os fornecedores (donos de uma marca ou um distribuidor nacional) de produtos certificados de Comércio Justo.

Estes contratos de licenciamento definem as condições de uso do selo de certificação. Isto inclui a taxa a ser paga pelo uso dele, além de regras detalhadas para o processo de embalagem. Todos os licenciados são auditados independentemente.

As INs também se envolvem na criação de consciência social e debates de políticas sobre o Comércio Justo em seus países ou em organizações regionais como a União Européia (UE). O objetivo é sensibilizar a opinião publica e fazer lobby pela causa do Comércio Justo. Nesta instância – ou seja, em Bruxelas – a Certificação de Comércio Justo chega até a ser representada pelo Escritório Jurídico do Comércio Justo

(Fairtrade Advocacy Office).

As INs trabalham em conjunto com a FLO para o desenvolvimento global do mercado de Comércio Justo.

Além de as INs coordenarem muitas de suas atividades de Comércio Justo, elas também têm autonomia para tomar decisões em relação ao desenvolvimento de seus mercados nacionais.

As diferentes capacidades e políticas de cada INs resultam nos portfólios variados de produtos disponíveis em seus mercados nacionais. Em outras palavras, nem todos os produtos com o Certificado de Comércio Justo estão disponíveis em todos os países ao mesmo tempo.

Enquanto a história das INs tem raízes nos países industrializados do Norte – como a Holanda, a Alemanha, a Suíça e o Reino Unido, além de Estados Unidos e Canadá -, nos últimos anos, iniciativas com base no Hemisfério Sul também manifestaram interesse em se associarem à FLO e promoverem mercados de Comércio Justo em seus países. Em 2004, a Comercio Justo México se tornou o primeiro associado da FLO com sede em um país em desenvolvimento, lançando o café certificado como primeiro produto no mercado mexicano. Além disso, grupos agentes sul-africanos criaram suas próprias palcos de ação e outros vêm considerando a criação de mercados de Comércio Justo no Hemisfério Sul.

As atuais 20 INs foram estabelecidas como organizações sem fins lucrativos.

Informações atualizadas sobre os atuais membros da FLO encontram-se no site da FLO (www.fairtrade.net).

(20)

2.3 Os negociantes

O terceiro grupo agente do sistema da FLO são os “negociantes”. Atualmente, a FLO tem mais de 500 negociantes registrados.

A FLO define como negociantes os participantes da cadeia comercial que detêm a posse legal de um produto de Comércio Justo. Isto os diferencia das outras partes, como os agentes e outros provedores de serviço. Os negociantes necessitam de um registro para ter a permissão de comercializar produtos certificados pela FLO. O processo de registro na FLO garante que as operações de Comércio Justo dos mesmos seja auditada.

No entanto, a auditoria comercial da FLO e o trabalho de certificação comercial são restritos a operações de Comércio Justo. Nenhuma operação não relacionada ao Comércio Justo está sujeita a ser examinada.

Parceiros da FLO Outras redes e organizações de Comércio Justo Iniciativas Nacionais (INs)

FLO Internacional FLO e.V. & FLO Cert

Produtores Negociantes

Nota:

(21)

Na perspectiva da FLO, os negociantes podem assumir funções diferentes na cadeia comercial. Por exemplo, podem atuar como exportadores, processadores,

importadores ou fabricantes do produto. É importante notar que, ao longo dos anos, vários produtores que estavam inicialmente envolvidos apenas na produção de suas mercadorias foram gradualmente desenvolvendo sua capacidade e seus canais de exportação e agora também são listados como negociantes.

Se o negociante é também um licenciado, o contrato de licenciamento é assunto para o associado nacional da FLO (uma das Iniciativas Nacionais de Certificação). A FLO normalmente não se envolve diretamente.

Os critérios da FLO (que se dividem em capítulos diferentes) contêm requisitos específicos relacionados às operações comerciais entre produtores (enquanto vendedores) e negociantes (enquanto compradores) de um produto em questão. Baseada nisto, a certificação comercial da FLO Cert. criou políticas de certificação comercial. Elas estabelecem, entre outras coisas, requisitos de prestação de contas que os negociantes (e produtores) devem respeitar.

A principal função do processo de certificação comercial é fiscalizar que: • o comércio aconteça de acordo com os critérios e políticas comerciais, • os valores das compras e vendas dos produtores e negociantes coincidam, • os produtores recebam o pagamento correto dos negociantes.

Para mais detalhes, veja o capítulo 3.2.3 “Certificação Comercial”.

Negociantes Alternativos e Comerciais

Historicamente, o conceito de comércio justo foi criado por organizações da sociedade civil (como grupos voltados para o Terceiro Mundo e organização de solidariedade) e ativistas ligados à igreja. Eles fundaram entidades importadoras que passaram a promover maneiras alternativas de comércio.

Organizações como a holandesa Fairtrade Organisatie, a alemã Gepa Fair

Handelshaus ou a suíça OS3 (hoje chamada de Claro Fair Trade AG), entre muitas

outras, tiveram papel pioneiro. Elas criaram estruturas de importação e canais de distribuição especiais, com o objetivo de importar o mais diretamente possível do produtor e reduzir a presença de intermediários na transação comercial.

A filosofia era criar relações mais diretas entre os produtores do “Terceiro Mundo” e os importadores. Além disso, buscava-se educar os consumidores sobre os complexos desafios que os produtores desfavorecidos enfrentavam nestes países.

Com o crescimento do mercado para produtos de Comércio Justo e a entrada deles nos mercados principais, a composição dos grupos de negociantes (enquanto agentes do processo) se tornou mais heterogênea se comparada ao início do movimento do

(22)

Comércio Justo. Hoje, tanto negociantes “alternativos” quanto os “normais” participam do sistema de Certificação de Comércio Justo da FLO.

Assim como os produtores, os negociantes também são representados em diferentes órgãos da FLO. Como um dos grupos agentes, eles participam diretamente no sistema decisório da FLO.

Os dois tipos de negociantes – os “normais” e os “alternativos” – têm representantes na Conselho Diretor da FLO.

(23)

2.4 Outras Organizações e Redes de Comércio Justo

O Comércio Justo tem muitas protagonistas. Para um iniciante, no início pode ser difícil diferenciar entre os vários participantes, redes e organizações.

Como mencionado no primeiro capítulo, a FLO não é a única organização de Comércio Justo a promover esta idéia.

A FLO mantém contato regular com outras três grandes redes de Comércio Justo: a IFAT , International Federation of Alternative Trade ou Federação Internacional de Comércio Alternativo

a NEWS, Network of European World Shops ou Rede Européia de Lojas Mundiais e a EFTA, European Fair Trade Association ou Associação Européia do Comércio Justo

Essas quatro organizações formam a FINE, um palco de discussões informal batizado com as inicias de seus integrantes. A FINE criou uma definição comum para o

conceito de Comércio Justo (ver capítulo 1). Parceiros da FLO Outras redes e organizações de Comércio Justo Iniciativas Nacionais (INs)

FLO Internacional FLO e.V. & FLO Cert

(24)

Alguns dos produtores e negociantes certificados pela FLO também são associados a estas redes.

A FLO trata as outras entidades de Comércio Justo como parceiros estratégicos e vozes importantes no desenvolvimento da missão por mais justiça nas relações comerciais.

Como partes do mesmo movimento, nós gostaríamos de deixar que estas organizações se apresentem. Auto-descrições da IFAT, NEWS e EFTA encontram-se no Anexo.

(25)

2.5 Os parceiros da FLO

Além do relacionamento próximo com outras organizações e redes de Comércio Justo, a FLO mantém relações institucionais com um número significativo de outras entidades. Elas vêm apoiando o Comércio Justo e seus grupos agentes de uma maneira ou de outra ou vêm sendo contatadas para trabalharem conosco.

Estas organizações incluem: doadores nacionais ou internacionais, que apóiam nossas operações financeiramente; instituições pró-desenvolvimento, que fornecem

assistência técnica para os produtores parceiros; instituições governamentais; igrejas, organizações de consumidores; instituições de pesquisa, fundações e ONGs locais ou internacionais.

Além disso, diversos especialistas trabalham conosco e compartilham sua experiência em algum de nossos comitês.

Parceiros da FLO Outras redes e organizações de Comércio Justo Iniciativas Nacionais (INs)

FLO Internacional FLO e.V. & FLO Cert

(26)

3. Estrutura e Operações Internas da FLO-Internacional

A FLO é formada por duas empresas – a Fairtrade Labelling Organizations

International e.V. ou FLO e.V (Organização Internacional para Certificação de

Comércio Justo) e a FLO Certification of Economic and Social Development GmbH ou FLO Cert. (FLO Certificação de Desenvolvimento Sócio-Econômico Ltda.)). No fim de 2003, após um processo consultivo de dois anos, a FLO aprovou um Plano Estratégico que define a visão, a missão e a mensagem da organização, além de seus objetivos estratégicos para o período de 2003 a 2008.

No momento em que este documento estava sendo elaborado, a FLO também

trabalhava em uma política interna de igualdade entre os sexos baseada em um estudo recente sobre o assunto.

ISO 65 Instituição beneficente FLO e.V. Certificação Comercial Certificação de Produtores Serviços Centrais & Finanças Negócios do Produtor Critérios

Fairtrade Labelling Organizations International

(Conselho Diretor com Participação dos Agentes)

Comitê de Critérios (Participação dos Agentes) Comitê de Certificação (Participação dos Agentes) FLO Cert. (Diretoria própria) Oficiais de Ligação da FLO

(27)

Como ponto de partida para suas operações, a organização considera a definição de Comércio Justo decidida pelo grupo FINE, palco de discussões do movimento de Comércio Justo.

(28)

A VISÃO da FLO é de que:

“O Comércio Justo é o modelo para trabalhadores e produtores pobres e desfavorecidos e uma referência para todo o comércio mundial”. Em sua MISSÃO, a FLO define que seu papel é:

“Possibilitar o desenvolvimento sustentável e dar autonomia a produtores e trabalhadores desfavorecidos nos países em desenvolvimento pela certificação de Comércio Justo, ao:

a)estabelecer critérios de Comércio Justo internacionais,

b)certificar a produção e auditar o comércio de acordo com estes critérios, c)facilitar e desenvolver negócios de Comércio Justo,

d)auxiliar os produtores a fazerem uso máximo das oportunidades oferecidas pela Certificação,

e

e) promover a defesa da justiça nos negócios em debates sobre comércio e desenvolvimento.

A MENSAGEM da FLO é:

Alcançar o desenvolvimento sustentável e dar autonomia aos produtores e

trabalhadores desfavorecidos ao criar um negócio vantajoso para todos os grupos agentes do Comércio Justo (produtores, trabalhadores, negociantes, revendedores e consumidores).

Baseada nas declarações acima, a FLO definiu vários objetivos estratégicos qualitativos e quantitativos.

Consulte o Resumo do Plano Estratégico da FLO no Anexo A.

Os próximos capítulos apresentam as estruturas internas e os serviços operacionais das duas empresas da FLO (a FLO e.V. e a FLO Cert.)

(29)

3.1. Organização Internacional para Certificação de Comércio Justo

(Fairtrade Labelling Organizations International e.V. ou FLO e.V.)

A FLO e.V. é uma organização sem fins lucrativos registrada em Bonn (Alemanha) como associação beneficente. Sua constituição foi revisada pela última vez em maio de 2006 para incluir várias mudanças em suas políticas. No fim de 2006, entretanto, a FLO pretende aprovar uma nova constituição. Um dos objetivos é fortalecer o papel das redes de organizações produtoras com certificação de Comércio Justo no sistema decisório da

FLO.

Atualmente, a afiliação à FLO só é aberta à organizações com um território geográfico definido e cuja finalidade é obter uma licença para o uso de um selo de Comércio Justo. Elas não têm fins comerciais por princípios e devem ser capazes de comprovar uma autorização para atuar vinda da sociedade civil. Entre estas entidades, chamadas de Iniciativas Nacionais de Certificação, estão a Fairtrade Foundation (Fundação para o Comércio Justo), no Reino Unido; a Max Havelaar, na França; a

Fairtrade Austria (Comércio Justo da Áustria); e a Transfair Germany (Transfair

Alemanha), para citar algumas.

A FLO e.V. é mantida com as taxas de inscrição e trabalha com fundos externos vindos da comunidade de doadores.

A Assembléia de Associados (AA) é a mais alta instância decisória da FLO. Ela geralmente se reúne duas vezes por ano e discute questões básicas, como a

ISO 65 Instituição beneficente FLO e.V. Certificação Comercial Certificação de Produtores Serviços Centrais & Finanças Negócios do Produtor Critérios

Fairtrade Labelling Organizations International (Conselho Diretor com Participação dos Agentes)

Comitê de Critérios (Participação dos Agentes) Comitê de Certificação (Participação dos Agentes) FLO Cert. (Diretoria própria) Oficiais de Ligação da FLO

(30)

constituição da FLO e pedidos de afiliação. A Assembléia de também elege os representantes dos associados para o Conselho Diretor.

O Conselho Diretor da FLO é formado por 13 pessoas.

Elas representam as Iniciativas Nacionais de Certificação, outros interessados (grupos agentes) no sistema da FLO e integrantes independentes.

A função principal do Conselho Diretor é discutir e tomar decisões sobre itens de relevância política e estratégica.

Para mais detalhes, veja o capítulo 3.1.1 Órgãos e Comitês da FLO e Participação dos Agentes.

A FLO e.V. é formada pelas seguintes unidades: • Unidade de Critérios,

• Unidade de Negócios do Produtor, • Unidade de Serviços Centrais e Finanças.

(31)

3.1.1. Comitês e Órgãos da FLO e.V. e Participação dos Grupos

Agentes

Observação preliminar: No momento em que este texto foi escrito, a FLO operava

com base em uma constituição temporária. A nova constituição dá mais ênfase à multiplicidade dos grupos agentes da Certificação de Comércio Justo. Espera-se que o processo de revisão constitucional seja finalizado até o fim de 2006.

A FLO e.V. foi estabelecida como uma associação sem fins lucrativos com status de instituição beneficente. Ela está registrada na Alemanha, mas tem uma base

internacional de 20 organizações associadas, que operam em 21 países1.

Atualmente, existem vários critérios estabelecidos, os quais as organizações devem satisfazer antes de se qualificarem para a afiliação à FLO.

A afiliação é aberta a organizações (as “Iniciativas Nacionais”) que cubram um território definido e cuja finalidade principal é licenciar um Certificado de Comércio Justo. As organizações têm direito à afiliação se:

1

Um associado – a Fairtrade Labelling of Australia and New Zealand (Certificação de Comércio Justo da Austrália e Nova Zelândia -, atua em dois países, enquanto que todas as outras iniciativas trabalham em apenas um país. ISO 65 FLO Cert. (Diretoria própria) Instituição benecente FLO e.V. Certificação Comercial Certificação de Produtores Serviços Centrais & Finanças Negócios do Produtor Critérios

Fairtrade Labelling Organizations International (Conselho Diretor com Participação dos Agentes)

Comitê de Critérios (Participação dos Agentes) Comitê de Certificação (Participação dos Agentes) Oficiais de Ligação da FLO

Inspetores da FLO Cert

A

A

(32)

• puderem demonstrar que são autorizadas a atuar pela sociedade civil dos países em que operam ou por ONGs pró-desenvolvimento dos mesmos, • estiverem registradas legalmente e propriamente estabelecidas sob uma lei

nacional relevante,

• realizarem suas operações em um escritório em funcionamento,

• fizerem um contrato de licenciamento para pelo menos um produto no mínimo seis meses depois de terem se unido à FLO.

• mantiverem processos e estruturas de governança orientados à participação de múltiplos grupos agentes.

A FLO também prevê a “afiliação como colaborador” para organizações produtoras com certificação de Comércio Justo e para negociantes de Comércio Justo que forem registrados.

No momento de elaboração deste documento, as redes de produtores Coordinadora

Latino-Americana y del Caribe de Comercio Justo, Africa Fairtrade Network e Network of Asian Producers podiam eleger quatro representantes para o Conselho

Diretor.

Comitês e Órgãos da FLO e.V.

A FLO e.V. tem vários órgãos e comitês, que assumem responsabilidades e funções específicas na estrutura organizacional. Eles são:

• a Assembléia de Associados

• o Conselho Diretor e seus subcomitês

A Assembléia de Associados (AA)

A Assembléia de Associados é a mais alta instância decisória da FLO e.V. e se reúne ao menos uma vez por ano. Na prática, o encontro acontece duas vezes ao ano. Ela tem as seguintes funções:

• alterar a constituição da associação, • aceitar e excluir associados,

• nomear e dispensar a gerência, • estabelecer as taxas de inscrição,

• eleger cinco participantes do Conselho Diretor (representando as Iniciativas Nacionais de Certificação), incluindo a presidência,

• ratificar a eleição de representantes dos produtores e negociantes e de participantes independentes do Conselho Diretor.

Os integrantes da AA também podem aceitar que se dê status de “sócio-colaborador” ou de “observador” para outras organizações. Tanto os sócios-colaboradores quanto os observadores podem propor itens para a pauta da Assembléia.

(33)

Além da AA – e por uma questão de princípios -, todos os outros órgãos e comitês da FLO e.V. (o Conselho Diretor e o Comitê de Critérios) são estruturados de modo a garantir a participação dos diferentes grupos agentes.

Com este mecanismo, a FLO pretende promover uma ampla participação e consulta destes grupos nos processos decisórios relevantes relacionados ao Comércio Justo. O Conselho Diretor da FLO

O Conselho Diretor da FLO tem por 13 integrantes:

5 diretores eleitos pelas Iniciativas Nacionais de Certificação

4 diretores eleitos pelos produtores (pelo menos um da América Latina, um da África e um da Ásia)

2 diretores eleitos pelos negociantes

2 diretores independentes eleitos pelos grupos agentes do Comércio Justo Os indicados ao Conselho trabalham como diretores da associação e não como agentes dos associados ou organizações que os elegeram.

O Conselho Diretor da FLO se encontra ao menos uma vez por ano. Os diretores são eleitos para um mandato de três anos.

As principais tarefas do Conselho são:

• tomar decisões sobre a orientação estratégica e as políticas da FLO, • monitorar os progresso operacional,

• recrutar, gerenciar e avaliar o desempenho do Diretor Executivo, • ser responsável pela credibilidade da FLO Internacional e.V.,

• indicar integrantes do Comitê de Critérios e outros comitês do Conselho, • aprovar o orçamento,

• decidir sobre a criação e o controle das empresas ou organizações de propriedade da FLO.

O Conselho pode delegar responsabilidades para seus comitês, dos quais três são obrigatórios: o Comitê de Critérios, o Comitê de Finanças e o Comitê de

Governança/Nomeações O Comitê de Critérios é explicado abaixo. Fairtrade Labelling Organizations International

(34)

Comitê de Critérios

O Conselho da FLO criou um Comitê de Critérios permanente. A função dele é tratar do processo de criação de critérios e decidir sobre o estabelecimento e revisão dos mesmos. Ele é composto por representantes dos diferentes grupos agentes e se reúne de quatro a seis vezes ao ano, normalmente por um período de dois dias.

O Comitê de Critérios tem as seguintes responsabilidades:

• desenvolver e tomar decisões sobre critérios gerais e específicos a produtos, além da definição dos preços e prêmios do Comércio Justo.

• criar princípios do Comércio Justo que sejam relacionados aos critérios e orientar o Conselho da FLO sobre os mesmos,

• elaborar propostas para os procedimentos de criação de critérios e orientar o Conselho da FLO sobre os mesmos.

Dependendo da importância das decisões em questão, o Comitê de Critérios podem delegar poder de decisão sobre pequenas alterações de critérios para a Unidade de Critérios.

O Comitê de Critérios é formado por entre 5 e 11 integrantes (um número ímpar), indicados pelo Conselho Diretor da FLO. Eles têm um mandato de três anos. A composição do comitê é equilibrada entre os fornecedores (produtores, coordenação da FLO, trabalhadores/sindicatos) e usuários (Iniciativas Nacionais de Certificação, negociantes) do sistema de certificação do Comércio Justo, todos com voz ativa e direito a voto. Além disso, podem-se convocar especialistas, que não têm direito a voto, mas que podem participar das discussões (exemplos de especialistas são a FLO Cert. ou a Unidade de Negócios do Produtor da FLO).

Comitê de Critérios

(Participação dos Agentes)

(35)

O Fórum de Grupos Agentes da FLO

No passado, a FLO organizava uma grande conferência de agentes – o Fórum de Agentes da FLO - a cada dois ou três anos, como um palco de discussões sobre a Certificação de Comércio Justo. Apesar de o Fórum da FLO não ter um mandato para tomar decisões, ele servia como um importante indicador das preocupações e

progressos dentro da FLO e, mais amplamente, no movimento do Comércio Justo. Na atual discussão sobre um novo sistema de governança para a FLO, ainda não está claro se e de que maneira um novo Fórum poderia acontecer no futuro.

(36)

3.1.2 Unidade de Critérios e Critérios de Comércio Justo

A Unidade de Critérios

A Unidade de Critérios faz parte da FLO e.V. e gerencia os processos de criação de critérios.

A unidade é responsável por agir como a parte mais importante da criação de critérios como um todo.

Atividades relacionadas incluem:

• coordenar e documentar as reuniões regulares do Comitê de Critérios, • dar informações sobre o resultado destas reuniões (por exemplo, mudanças

importantes ou a criação de critérios e preços de Comércio Justo);

• organizar o processo de estabelecer e revisar os preços mínimos do Comércio Justo e as quantidades do prêmio de Comércio Justo para os diferentes

produtos;

• criar diretrizes para os critérios, conforme necessário, para garantir a adequada interpretação deles.

ISO 65 Instituição beneficente FLO e.V. Certificação Comercial Certificação de Produtores Serviços Centrais & Finanças Negócios do Produtor Critérios

Fairtrade Labelling Organizations International

(Conselho Diretor com Participação dos Agentes)

Comitê de Critérios (Participação dos Agentes) Comitê de Certificação (Participação dos Agentes) FLO Cert. (Diretoria própria) Oficiais de Ligação da FLO

(37)

A Unidade de Critérios não fiscaliza se os parceiros certificados da FLO estão seguindo os critérios. Esta é a tarefa da FLO Cert., responsável pela certificação e inspeção dos trabalhos dos parceiros da FLO em intervalos regulares.

O trabalho da FLO Cert. é explicado no capítulo 3.2.

Os Critérios da FLO: um breve resumo

Os critérios de Comércio Justo são o ponto de referência para o sistema do Comércio Justo.

Eles são estruturados em torno dos princípios da filosofia do Comércio Justo: • Dar apoio a produtores e trabalhadores desfavorecidos e marginalizados • Assegurar que as condições de produção e comercialização de uma mercadoria

são social e economicamente justas e ambientalmente responsáveis • Enfatizar a idéia de parceria entre a partes envolvidas no negócio

• Definir o benefício econômico do Comércio Justo (preço mínimo e/ou prêmio) • Possibilitar o pré-financiamento para produtores que o pedem

Os critérios descrevem os objetivos do Comércio Justo e estabelecem em detalhe os requisitos que devem ser satisfeitos pelos produtores e negociantes que desejem fazer parte e permanecer no sistema do Comércio Justo – este, estruturado como um sistema voluntário.

Você pode encontrar os documentos sobre os Critérios de Comércio Justo no site da FLO (www.fairtrade.net).

O processo de criação dos critérios se baseia numa ampla consulta, que inclui os diferentes grupos agentes do sistema de Comércio Justo. Com este objetivo, um conjunto de esboços de critérios é publicado no site da FLO como parte da consulta. As observações feitas são então consideradas nos processos de revisão ou criação. Os Critérios de Comércio Justo estão divididos principalmente em “gerais” e “específicos ao produto”:

Eles se estruturam em:

 Índice

 Introdução

 Critérios Gerais

 Partes Específicas ao Produto

(38)

►Índice:

O Índice mostra a estrutura do documento sobre o critério.

►Introdução:

Faz um resumo da iniciativa do Comércio Justo e seus objetivos de desenvolvimento. “O Comércio Justo é uma estratégia para a diminuição da pobreza e o desenvolvimento sustentável. Sua finalidade é criar oportunidades para produtores e trabalhadores

desfavorecidos economicamente ou marginalizados pelo sistema de comércio convencional. Se o acesso justo aos mercados em melhores condições comerciais ajudá-los a superar obstáculos ao desenvolvimento, eles podem se unir ao Comércio Justo.”

Ele descreve em detalhes os beneficiários pretendidos pelo Comércio Justo (ou seja, os pequenos produtores e os trabalhadores) e explica como o Comércio Justo se relaciona com o sistema de critérios e convenções internacionalmente reconhecidos - especialmente aqueles da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

►Critérios Gerais:

Atualmente existem dois critérios gerais, que dizem respeito às diferentes situações de propriedade em sistemas produtivos:

• Organizações de pequenos produtores • Trabalho contratado

Organizações de pequenos produtores são normalmente entidades baseadas no trabalho de seus integrantes, como as cooperativas ou as associações. Estes

integrantes têm voz ativa na política e nas operações da organização e a controlam democraticamente. Uma organização de pequenos produtores geralmente cria um Comitê de Prêmios, que gerencia o uso do prêmio de Comércio Justo baseada numa decisão democrática dos integrantes da organização.

Os critérios sobre o trabalho contratado dizem respeito a empresas, como fazendas particulares ou fábricas. A empresa emprega trabalhadores, que normalmente não são seus donos, nem co-proprietários. Os trabalhadores destas empresas são os

verdadeiros beneficiários do Comércio Justo e quem recebe os pagamentos do prêmio de Comércio Justo. Para administrar o dinheiro do prêmio, trabalhadores e gerência formam um Comitê Misto.

Além disso, os critérios de Comércio Justo diferenciam entre requisitos mínimos e requisitos de progresso. Eles consistem de parte do desenvolvimento social, econômico e ambiental. O documento inclui notas explicativas para os critérios individuais.

Desenvolvimento social diz respeito a temas como os beneficiários do Comércio Justo, o potencial de desenvolvimento e os direitos básicos definidos em convenções internacionais da Organização Internacional do Trabalho. Estes tratam da

discriminação, do trabalho livre e das condições do trabalho e do emprego, da saúde ocupacional, segurança, liberdade de associação (direito a fazer parte de sindicatos) e negociação coletiva.

(39)

Desenvolvimento econômico diz respeito a questões como a organização dos beneficiários do Comércio Justo, ao uso do prêmio de Comércio Justo e à exportabilidade.

O desenvolvimento ambiental, como critério, está relacionado ao uso de substâncias químicas, dos recursos naturais e de organismos geneticamente modificados, além do planejamento e monitoramento do impacto que a produção econômica tem sobre o meio-ambiente.

Alguns requisitos mínimos devem ser satisfeitos pelas organizações ou empresas a partir do momento que elas se tornam parte do Comércio Justo. Os requisitos de progresso descrevem as áreas nas quais os parceiros certificados devem demonstrar uma melhora com o passar do tempo.

►Critérios Específicos ao Produto

Os critérios específicos ao produto podem levar em conta padrões sociais, econômicos ou ambientais adicionais que vão além dos critérios gerais. Eles fazem uma descrição do produto e definem o preço mínimo do Comércio Justo (se aplicável) e um prêmio de Comércio Justo. Este tipo de critério também dá informações sobre os requisitos básicos da relação comercial entre vendedores e compradores do produto, além de fornecer outros dados importantes.

►Apêndices e Documentos Relacionados

O apêndice pode conter informações adicionais, como detalhes sobre agrotóxicos e pesticidas cujo uso é proibido na produção ou processamento da mercadoria. Se necessário, diretrizes complementares são criadas, com a finalidade de esclarecer as questões relacionadas aos critérios.

(40)

3.1.3 Unidade de Negócios do Produtor

A Unidade de Negócios do Produtor (UNP) é uma equipe central de empregados da FLO, organizados numa estrutura que combina responsabilidades sobre regiões e sobre um produto determinado.

Além disso, a UNP contrata Oficiais de Ligação para trabalhar em vários países ou regiões vitais, onde os produtos certificados do Comércio Justo se localizam. Em sua estrutura, a Unidade de Negócios do Produtor procura trabalhar com os produtores e apresentá-los aos mercado existentes para eles. Ela também tem por objetivo ajudar a aumentar os benefícios acumulados por todos os produtores já certificados.

Considerando a base de produtores da FLO, a UNP investe seu tempo em contatos diretos com eles, buscando entender as necessidades específicas de cada um e tentando unir o potencial de fornecimento deles com uma demanda do mercado. A UNP se ocupa do relacionamento com os produtores, em cooperação total com os Oficiais de Ligação. O objetivo é:

ISO 65 Instituição beneficente FLO e.V. Certificação Comercial Certificação de Produtores Serviços Centrais & Finanças Negócios do Produtor Regiões Produtos DL Critérios

Fairtrade Labelling Organizations International

(Conselho Diretor com Participação dos Agentes)

Comitê de Critérios (Participação dos Agentes) Comitê de Certificação (Participação dos Agentes) FLO Cert. (Diretoria própria) Oficiais de Ligação da FLO

(41)

 dimensionar o potencial de fornecimento na região,

 compreender os requisitos comerciais de cada produtor,

 acompanhar os efeitos das decisões sobre certificação,

 criar um fórum de avaliação para os parceiros produtores,

 entender o impacto do Comércio Justo ao monitorar o desempenho dos produtores no sistema do Comércio Justo (definindo o perfil do produtor)

Responsabilidade regional

Na administração dos relacionamentos entre a UNP e os produtores, a

responsabilidade regional é considerada uma referência fundamental. Cada parceiro de uma determinada região tem um responsável na UNP, a quem ele pode contatar diretamente. Mesmo não sendo responsável pelo produto fornecido pelo parceiro da FLO, esta pessoa pode ser tratada como contato principal (abordagem direta) O responsável regional coordena e garante as respostas para qualquer pedido daquela região.

Além disso, ele trabalha em conjunto com o Oficial de Ligação daquela região para coordenar o trabalho regional. A UNP também pode acionar ou se associar com prestadores de serviços técnicos de determinada região caso haja necessidade de auxílio específico a um produtor. Uma importante aliança estratégica é o acordo de cooperação entre a FLO e a SNV, agência holandesa para o desenvolvimento. A SNV possui uma equipe de técnicos especialistas treinados para prestar serviços

específicos de apoio aos produtores.

Responsabilidade sobre o produto

Com o crescimento da lista de produtos de Comércio Justo, aumenta também a necessidade de se padronizar a abordagem ao gerenciamento dos mesmos.

A UNP se foca em uma abordagem direcionada ao mercado. Ela mantém contato com os departamentos de produtos de cada Iniciativa Nacional de Certificação para

entender as estratégias de crescimento e oportunidades de mercado para eles. Um objetivo básico é solucionar tensões surgidas com o excesso ou a escassez de oferta das diversas categorias de produtos.

Como os mercados para os vários produtos do portfólio do Comércio Justo são muito diferentes, este documento não faz uma apresentação dos mercados individuais para cada um deles. No entanto, a FLO elabora documentos com informação específica sobre os produtos. Eles estão disponíveis no site da organização.

Oficiais de Ligação

Os Oficiais de Ligação são um recurso fundamental para a FLO.

Atualmente, a estrutura de serviços regionais é quase inteiramente financiada por doadores externos.

(42)

O trabalho dos Oficiais de Ligação é extremamente importante e a FLO deseja que eles construam relacionamentos dinâmicos com os produtores. Como parte da estrutura da UNP, os Oficiais de Ligação estão envolvidos nas seguintes atividades:

• pesquisar sistematicamente novos produtos/fornecedores/origens, • introduzir novos fornecedores no sistema,

• realizar o acompanhamento dos efeitos das decisões sobre certificação, • avaliar os requisitos de negócio de todos os produtores,

• criar uma rede de contatos para facilitar a assistência técnica e aos negócios, • auxiliar na coleta de informações sobre preços.

Desenvolvimento de Ligações

O Comércio Justo tem muitas formas e se apresenta de modos diferentes pelo mundo. A UNP quer unificar as mensagens apresentadas aos produtores oferecendo vários treinamentos e informações coordenados para os trabalhadores de campo.

O Departamento de Ligações (DL) é o ponto central para a coordenação do desenvolvimento de treinamento e material informativo no Comércio Justo. Após finalizados, os manuais ficam disponíveis para todos os grupos agentes para qualquer tipo de treinamento.

Conforme a necessidade, um novo conjunto de manuais temáticos é contemplado nos anos seguintes. Entre os temas possíveis para novos guias estão: marketing, outros esquemas de certificação, conversão orgânica, controle de qualidade, etc.

Além disso, o DL tem por objetivo aumentar a sustentabilidade financeira do trabalho de Ligação, avaliando diferentes estratégias financeiras compatíveis com a missão do Comércio Justo.

(43)

3.1.4. Unidade de Serviços Centrais e Finanças

Como em qualquer organização, a Unidade de Serviços Centrais e Finanças da FLO e.V. tem um papel fundamental para garantir capacidade operacional e financeira da entidade e realiza vários serviços internos e externos:

• Serviços de Informação:

Coordenação do site e da apresentação online da FLO, dos boletins

informativos e do relatório anual, dos pedidos de informação geral, dos perfis, imagens e histórias de impacto sobre os produtores, das bases de dados, etc. • Serviços financeiros e Captação de Recursos:

Relatórios e gerenciamento financeiro, contratação de prestadores de serviços, seguros, captação de recursos e administração dos relacionamentos com os doadores, etc.

• Serviços de Recursos Humanos:

Apoio ao recrutamento, contratação de pessoal, administração da folha de pagamento e de documentos pessoais, seguros pessoais, encargos sociais, pensões, etc. ISO 65 Instituição beneficente FLO e.V. Certificação Comercial Certificação de Produtores Serviços Centrais & Finanças Negócios do Produtor Critérios

Fairtrade Labelling Organizations International

(Conselho Diretor com Participação dos Agentes)

Comitê de Critérios (Participação dos Agentes) Comitê de Certificação (Participação dos Agentes) FLO Cert. (Diretoria própria) Oficiais de Ligação da FLO

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• Serviços Especiais para os associados e candidatos à FLO:

Serviços de assessoramento para o uso do certificado da FLO, para os candidatos a afiliação na FLO, coordenação e facilitação do entendimento entre os associados, coordenação da Assembléia de Associados e das reuniões do Conselho.

• Serviços de Tecnologia da Informação:

Suporte de rede, de computadores pessoais, dos aparelhos de comunicação, etc.

• Serviços de Gerenciamento de Escritório:

Atividades gerais de gerenciamento e arquivamento.

Gerenciamento do Fundo de Certificação do Produtor (para mais detalhes, veja o capítulo 3.1.5)

Selo Internacional de Certificação do Comércio Justo

Qualquer uso do Selo Internacional de Certificação do Comércio Justo exige a aprovação prévia por escrito da FLO ou das Iniciativas Nacionais: de uma IN, se o requerente for do mesmo país que uma delas, ou da FLO, se não for.

As diretrizes para o uso do selo são estabelecidas no Manual do Selo Internacional de Certificação do Comércio Justo, que pode ser pedido a info@fairtrade.net.

(45)

3.1.5 Fundo de Certificação do Produtor

Nos primeiros anos da Certificação de Comércio Justo, quando o número de produtores certificados e negociantes registrados ainda era pequeno, os serviços de registro e inspeção eram gratuitos. O rápido crescimento da base de produtores e negociantes da FLO, aliado à decisão de buscar credenciamento da Organização Internacional para a Padronização (a ISO), levou à necessidade de remodelar o sistema financeiro e a estrutura da entidade. As mudanças na estrutura foram as seguintes:

• No fim de 2003, as atividades de certificação foram reorganizadas e entregues para a recém-criada e independente FLO Cert. Ltda.

• A taxação dos serviços de certificação foi iniciada. A partir de 2004, produtores e negociantes passaram a contribuir com os custos de inspeção, certificação e auditoria comercial da FLO Cert., pagando taxas pelos serviços recebidos.

Entretanto, a FLO quer ter certeza de que pequenos produtores desfavorecidos têm a chance de fazer parte do Comércio Justo. A entidade tem consciência de que algumas organizações não podem pagar a taxa de inspeção integralmente.

Por este motivo, foi criado o Fundo de Certificação do Produtor, um fundo de apoio mantido em grande parte pelas contribuições dos associados da FLO. O fundo concede os subsídios com base num conjunto de critérios a serem satisfeitos pelos interessados. Ele é administrado pela Unidade de Serviços Centrais e de Finanças. Existem seis prazos anuais para os produtores enviarem seu pedido:

31 de janeiro, 31 de março, 31 de maio, 31 de julho, 30 de setembro e 30 de novembro.

Os produtores podem pedir informações detalhadas sobre o Fundo de Certificação do Produtor por e-mail: fund@fairtrade.net.

Referências

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