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A educação étnico racial e o ensino de História no município de Água Branca: as relações étnico raciais e a formação do professor

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL CAMPUS DO SERTÃO. MANOEL MESSIAS MATIAS DANTAS. A EDUCAÇÃO ÉTNICO RACIAL E O ENSINO DE HISTÓRIA NO MUNICÍPIO DE ÁGUA BRANCA: as relações étnico raciais e a formação do professor.. DELMIRO GOUVEIA, AL 2014.

(2) MANOEL MESSIAS MATIAS DANTAS. A EDUCAÇÃO ÉTNICO RACIAL E O ENSINO DE HISTÓRIA NO MUNICÍPIO DE ÁGUA BRANCA: as relações étnico raciais e a formação do professor.. Trabalho de conclusão de curso apresentado a Universidade Federal de Alagoas, Campus do Sertão como requisito para obtenção do título de graduado/a em História sob a orientação da Professora Me. Mônica Regina Nascimento dos Santos. DELMIRO GOUVEIA, AL. 2014.

(3) Catalogação na fonte Universidade Federal de Alagoas Biblioteca do Campus Sertão Sede Delmiro Gouveia D192e Dantas, Manoel Messias Matias A educação étnico racial e o ensino de história no município de Água Branca: as relações étnico raciais e a formação do professor / Manoel Messias Matias Dantas. - 2014. 71 f. : il. Orientação: Profa. Ma. Mônica Regina Nascimento dos Santos. Monografia (Licenciatura em História) – Universidade Federal de Alagoas. Curso de História. Delmiro Gouveia, 2014. 1. História. 2. Educação étnico racial. 3. Estudo e ensino. 4. Formação docente. I. Título. CDU: 981:372.

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(5) AGRADECIMENTOS. Agradeço primeiramente a Deus que sempre proporcionou grandes oportunidades em minha vida. E tais oportunidades não seriam desenvolvidas, se não fosse pela presença e expressiva força e dedicação de Lourdes e José (meus pais), que mesmo diante de uma vida sofrida sabiam que a educação era sempre o melhor caminho para seus filhos, e me apoiaram em todos os momentos da vida, mesmo tendo que abdicar de muitas coisas para que conseguíssemos continuar nossa caminhada. Agradeço a minha orientadora, Professora Mônica Regina, pela generosidade, conhecimento, paciência e sabedoria dedicados a mim e ao meu trabalho. Também não poderia deixar de mencionar aqui a importância de todos os professores que passaram em minha vida, pois o conhecimento foi construído através do esforço e dedicação desses profissionais, sejam da educação básica ou sejam da Universidade, aqui fica o meu simples e sincero agradecimento..

(6) DEDICATÓRIA. Dedico este trabalho a toda minha família, que sempre me mostrou o valor real de se ter uma família. Dedico também este trabalho a todos aqueles que acreditam em uma educação de qualidade, sem distinção de nenhuma natureza, a fim de construirmos, desta maneira, uma nação mais humana e solidária, em que o caráter valha mais que a cor da pele..

(7) “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”. Nelson Mandela.

(8) SIGLAS. CECAN – Centro de Cultura e Arte Negra CF – Constituição Federal CNE – Conselho Nacional de Educação DCNs – Diretrizes Curriculares Nacionais IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPCN – Instituto de Pesquisa das Culturas Negras LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MEC – Ministério da Educação MNU – Movimento Negro Unificado SEE – Secretaria Estadual de Educação SEMED – Secretaria Municipal de Educação SEPPIR – Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial TEN – Teatro Experimental do Negro UHC – União dos Homens de Cor.

(9) RESUMO. A implementação das Leis nacionais 10.639/03 e 11.645/08 que instituem o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, e ensino da História Indígena nas escolas brasileiras, além de representar uma ação afirmativa da mais alta relevância, também trouxe à tona uma questão que há muito vem sendo discutida no que se refere à qualidade do ensino nas escolas brasileiras: a formação de professores. Esta pesquisa realizada por meio do estudo bibliográfico, documental e de campo a luz do materialismo histórico situa-se na problemática da educação Étnico-racial, e da formação dos professores de História do município de Água Branca, no sertão alagoano, a partir das Leis acima mencionadas, numa perspectiva de ponderação sobre o seu papel na formação de professores reflexivos, e na instrumentalização destes para a construção do conhecimento prático capaz de tratar de forma pedagogicamente adequada às questões étnicas no espaço escolar.. Palavras-chave: Educação étnico racial; ensino de história; Leis 10.639/03 e 11.645/08; Formação do professor..

(10) ABSTRACT. The implementation of the National Law 10.639/03 and 11.645/08 establishing the teaching of History and Afro-Brazilian and African, and Indigenous History of education in Brazilian schools, besides representing an affirmative action of the highest relevance, also brought to the fore an issue that has long been discussed in relation to the quality of education in Brazilian schools: teacher training. This survey through bibliographic, documental and field study the light of historical materialism lies in the issue of Ethnic-racial education, and training of history teachers in the municipality of Água Branca, in Alagoas hinterland, from the Laws above, with a view to consideration of their role in the formation of reflective teachers, and the instrumentalization of these for the construction of practical knowledge capable of treating in a pedagogically appropriate to ethnic issues in school form.. Keywords: Racial Ethnic Education; teaching of history; Laws 10.639/03 and 11.645/08; Teacher education..

(11) SUMÁRIO. INTRODUÇÃO ----------------------------------------------------------------------------------------12 I – EDUCAÇÃO ÉTNICO RACIAL O QUE É ISSO? ----------------------------------------15 1.1 – Políticas Afirmativas e a Educação Étnico Racial: aspectos sócio históricos--------16 1.2 – Marcos regulatórios da Educação Étnico Racial no Brasil. ----------------------------27 1.3 – Marcos regulatórios da Educação Étnico Racial em Alagoas e Água Branca------30 II – EDUCAÇÃO ÉTNICO RACIAL E O ENSINO DE HISTÓRIA ----------------------36 2.1 – A História contada antes das Leis 10.639/03 e 11.645/08. -------------------------------37 2.2 – O que mudou no ensino de História com o advento das Leis 10.639/03 e 11.645/08. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------40 2.3 – 10 anos da Lei 10.639/03: principais conquistas. ------------------------------------------46 III – RELAÇÕES ÉTNICO RACIAIS E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE HISTÓRIA APÓS 10 ANOS DA LEI 10.639/03 – resultados do estudo de caso. ------- 48 3.1 – Registros da formação inicial e continuada dos professores de história no município de Água Branca. ------------------------------------------------------------------------- 49 3.2 – Relatos das coordenadoras da Escola pesquisada --------------------------------------- 54 CONSIDERAÇÕES FINAIS ----------------------------------------------------------------------- 56 REFERÊNCIAS -------------------------------------------------------------------------------------- 57 ANEXOS ----------------------------------------------------------------------------------------------- 60.

(12) 12. INTRODUÇÃO:. A educação é um direito social que tem sido entendida como processo primordial de desenvolvimento humano e está assegurada na Constituição Federal de 1988 com base em princípios fundamentais a exemplo daqueles expostos no Art. 4º, a saber: II - prevalência dos direitos humanos e VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo entre outros, além da máxima do Art. 5º Todos são iguais perante a lei. No entanto, num sentido amplo encontram-se, no espaço social, sujeitos divididos por classes sociais antagônicas e num sentido restrito verificam-se, no espaço escolar, práticas educativas discriminatórias, pela falta de reconhecimento das diferenças étnicas/sociais1, tornando mera retórica a letra constitucional. Em diversos estudos realizados no meio acadêmico2, descobriu-se que grande parte dos alunos negros e índios possuem dificuldade, ou mesmo total impedimento em afirmar sua origem étnica. Uma das causas para este mal é a ausência de referências positivas na narrativa da história dessas populações no Brasil, configurando-se assim uma lacuna no entendimento da essência do ser negro e índio em nosso país e, consequentemente, distanciamento do autoconhecimento e autoaceitação. Com o objetivo de sanar, ou ao menos, amenizar essa situação de negação/obliteração de historicidade, acabar com os estereótipos do senso comum que cercam a vida desses povos surgiram as assim chamadas políticas afirmativas e na esteira destas políticas, a educação étnico racial. O presente trabalho vem trazer subsídios teóricos oriundos do estudo bibliográfico, documental e de campo, ainda que preliminares, para uma melhor compreensão sobre a prática da educação étnico racial nas escolas e seu impacto sobre o ensino de história e formação dos professores. Pois a educação dita formal tem reforçado desigualdades e se constituído como lócus de negação ou o silêncio da escola com relação à temática das relações raciais imprimindo no imaginário coletivo uma suposta superioridade das pessoas de cor branca com relação aos negros e índios, e permitindo que cada um construa a seu modo um conhecimento muitas vezes carregado de estereótipos e do que lhe é real, acentuando na sociedade a divisão social e hierarquização étnica. Em contrapartida, o presente trabalho, vem mostrar a necessidade de problematizar e socializar uma educação voltada para as práticas igualitárias, antirracistas e seus derivados dentro do processo pedagógico do ensino de História, ao menos dentro do preconiza o ordenamento jurídico:. 1 2. Este texto focará o sentido restrito das relações étnico raciais no interior das escolas. A esse respeito ver os trabalhos de Siss(2003), Farias;Nascimento; Botelho (Org.) (2007), Barbalho (2011)..

(13) 13. Constituição Federal de 88, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e Leis Nacionais Complementares 10.639/03 e 11.645/083. Realizar este empreendimento não é fácil, sobretudo no que diz respeito ao caminho escolhido para tal processo que é a utilização materialismo histórico como fundamento de todo o levantamento e análise do objeto de estudo. Este tema, constantemente, tem sido visto como exclusivo de pesquisadores que se orientam pelo multiculturalismo, e uma abordagem noutra perspectiva, parece, geralmente, fora de cogitação. Optou-se por esse método pela possibilidade que ele abre de apreensão do objeto em sua totalidade à luz da realidade social, portanto, para entender o fenômeno da educação étnico racial e seu impacto sobre o ensino de história e a formação de professores no município de Água Branca foi preciso buscar sua origem, sua base socioeconômica, suas contradições e dialeticamente os desdobramentos ideo-políticos sobre a prática social. Neste sentido, no primeiro Capítulo, buscou-se mostrar os fundamentos sócio históricos das Políticas afirmativas que orientam o fenômeno da Educação étnico-racial, enfatizando os vários movimentos que se constituíram na luta por uma educação igualitária, da qual resultaram nas Leis 10.639/03 e 11.645/08, bem como vem enfatizar os marcos regulatórios da educação étnico-racial no Estado de Alagoas e no município de Água Branca-AL, onde será o lócus da pesquisa. O Segundo capítulo, demarca a Educação étnico-racial e o ensino de História, buscando mostrar como é que a História dos povos brasileiros era contada antes das leis 10.639/03 e 11.645/08, e o que mudou após a implantação das mesmas leis no ensino de história, bem como enfatizar os principais avanços, as principais conquistas da lei 10.639/03, após completar uma década, sem perder de vista que esta discussão ainda se situa nos marcos da sociabilidade burguesa e que há limites claros à educação postos pelo sistema sócio metabólico do capital, se sob esta perspectiva a educação não conduza à plena liberdade humana, que ao menos, não seja palco permanente do racismo e discriminação. O terceiro capítulo vem mostrar os dados do estudo de caso, relacionando a educação étnico-racial e a formação dos professores de História do município de Água Branca-AL, buscando trazer assim através de entrevistas o processo de formação inicial e continuada dos professores de História, para saber se eles (as) estão trabalhando de acordo com a legislação, se ao menos, o protocolo oficial está sendo seguido e/ou analisado pelos sujeitos envolvidos. Por fim, o trabalho traz uma abordagem singular, para entender como as Leis 10.639/03 e 11.645/08 vêm sendo aplicadas, e porque, passados 10 anos de políticas 3. As leis acimas mencionadas estabelecem a obrigatoriedade do ensino de História da cultura africana e afrobrasileira e o ensino de História..

(14) 14. afirmativas muitos ainda omitem sua etnia. Sugere ainda o rompimento com as práticas reacionárias, do uso de estereótipos, da visão eurocêntrica que é corriqueira nos Livros didáticos e dentro da sala de aula e faz a defesa de uma educação emancipatória, embora, compreendendo que a mudança social não passa apenas por transformações neste âmbito, mas, parafraseando Mészáros, não dá para pensar transformações sociais sem alterar significativamente o quadro educacional. As contribuições deste trabalho para o cenário educacional situam-se na singularidade desta abordagem metodológica, pouco explorada para este tema, além de trazer para o sertão um estudo sobre a temática da educação étnico racial..

(15) 15. CAPÍTULO I – EDUCAÇÃO ÉTNICO RACIAL O QUE É ISSO?.

(16) 16. I – EDUCAÇÃO ÉTNICO RACIAL O QUE É ISSO?. Esse capítulo tratará da educação étnico racial no Brasil aplicada ao Ensino de História, buscando conceituá-la e fundamentando-se em seus aspectos sócio-históricos. Dessa maneira o primeiro tópico intitulado Políticas Afirmativas e a Educação Étnico Racial: aspectos sócio históricos, procura levantar as políticas afirmativas necessárias à sua efetivação na sociedade atual, fazendo assim um levantamento histórico sobre o processo de construção dessa educação, enfatizando as lutas do movimento negro e indígena em prol do reconhecimento e da valorização dos negros e índios pautados numa educação igualitária – embora não seja possível tratar deste tema sem mencionar a questão indígena, o foco deste trabalho é a questão afro-brasileira/ afrodescendência. O segundo tópico Marcos regulatórios da Educação Étnico Racial no Brasil, mapeia as leis e resoluções criadas em favor da educação étnico racial no Brasil dando ênfase aos mecanismos que a subsidiam e regulamentam. O terceiro tópico Marcos regulatórios da Educação Étnico Racial em Alagoas e Água Branca, busca enfatizar tais políticas dessa ação no Estado de Alagoas com ênfase para a cidade de Água Branca que é o lócus da pesquisa, procurando saber junto a Secretaria de Educação do município quais as políticas que tem sido adotadas pelo município com relação à temática.. 1.1– Políticas Afirmativas e a Educação Étnico Racial: aspectos sócio históricos.. O Brasil é um país de grande extensão territorial, e consequentemente de grande diversidade regional e cultural. É um país que se destaca pela sua multirracialidade4, propiciadas pela colonização. De acordo com o censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil conta com um total de 190.749.191 brasileiros. Destes 91.051.646 se declararam brancos, o que faz com que apesar de ser o grupo com maior número de pessoas, a população branca tem um percentual menor que a soma de pretos, pardos, amarelos e indígenas. A população negra aumentou em quatro milhões do censo de 2000 para o censo de 2010, indo de 10.555.336 em 2000 para 14.517.961 em 2010. Já a parda. 4. Este texto parte da premissa do gênero humano em contraponto ao conceito de raça, mas, utiliza esse conceito no plural na perspectiva social pela necessidade de posicionamento político frente às teorias que negam a existência do racismo no Brasil..

(17) 17. aumentou em 16.9 milhões, foi de 65.318.092 para 82.277.333, a parcela de indígenas cresceu de 734.000 para 817.963, e a amarela, de 761.583 para 2.084.2885. Esses dados podem ser explicados, a partir do século XVI, onde o Brasil passou a receber pessoas de diferentes regiões do mundo, no processo de colonização moderna em que além dos nativos que aqui já viviam, vieram os europeus, majoritariamente os portugueses, buscando, adquirir riquezas na América, depois desembarcaram no Brasil as populações negras trazidas para o trabalho compulsório junto aos nativos6, e foram distribuídas em grande quantidade nas regiões litorâneas, com maior concentração nas regiões que denominamos hoje de Nordeste e Sudeste, foram trazidos devido ao crescimento econômico assegurado pelas lavouras de cana de açúcar e café, durante três séculos para serem escravizados. Devido a essa grande migração compulsória, o Brasil tem atualmente uma das maiores populações afrodescendente do mundo. Podendo assim concluir, que vivemos num país miscigenado, de diferentes povos, com culturas, crenças e valores variados. Entretanto, é um país em que grande parte da população não se reconhece etnicamente, no qual ainda persistem práticas racistas, sexista entre outras formas correlatas de preconceito. É um país marcado por séculos de escravidão e colonização em suas versões clássica e moderna7 e dominação de grupos sociais e étnicosociais específicos. Também marcado pela submissão dos povos negros vindos das diversas nações da África, que foram impedidos de promoverem a continuidade de suas histórias e culturas. Mas mesmo assim, resistiram e propagaram suas histórias e culturas às escondidas 8 por medo de sofrerem punições. Os negros no Brasil passaram por uma série de dificuldades nos campos sociais, políticos e educacionais. Ao adentrarmos no campo educacional percebemos que os negros desde a época de sua escravidão enfrentaram muitos obstáculos nessa área, ou melhor, tiveram pouca oportunidade de serem alfabetizados, eram desprovidos dos direitos civis – exercício da liberdade de ir e vir –, políticos – poder votar e ser votado, participando da vida 5. www.ibge.gov.br/estatistica/população/censo2000/populacao/cor_raca_censo2000.pdf www.ibge.gov.br/estatistica/população/censo2010/populacao/cor_raca_censo2010.pdf 6. De acordo com GOMES, Flávio (2006) a escravização dos índios foi concomitante a dos negros tendo sido oficialmente interrompida em meados do século XVIII por meio de decreto. 7 A escravidão, seja no período Antigo ou moderno, constitui a desigualdade radical por excelência. O escravo é obviamente aquele que perdeu sua liberdade, aquele que perdeu quase (senão todos) os direitos sobre si, sobre seu trabalho, sobre a sua própria capacidade de oferecer ou recusar-se ao trabalho. O escravo segundo Petterson (1977) é levado a sofrer uma espécie de “morte social”. Ver: D’ASSUNÇÃO BARROS, JOSÉ. Escravidão Clássica e Escravidão Moderna. Desigualdade e Diferença no Pensamento Escravista: uma comparação entre os antigos e os modernosÁgora. Estudos Clássicos em debate [On-line] 2013, ( ) : [Data de consulta: 2 / julio / 2014] Disponível em:<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=321027647008> ISSN 0874-5498 8. Houve também muita manifestação e propagação cultural explícita, a exemplo dos Malês na Bahia..

(18) 18. política do país – e sociais acesso a educação, saúde, moradia, transporte e seguridade social. Sendo que em 1878, no governo imperial, houve uma reforma no sistema de ensino estabelecendo-se que nos cursos noturnos poderiam se matricular nas escolas todas as pessoas do sexo masculino: livres e maiores de 14 anos. Mesmo assim, muitos negros livres e libertos ainda ficaram fora desse processo, ou seja, havia uma distância entre o dispositivo legal e a prática. Só com a abolição da escravatura em 1888 e com a instalação da República em 1889, esse quadro foi sendo paulatinamente alterado9, não podendo dizer que chegou a ser totalmente efetivado, mas de certa forma foi um avanço para que os negros pudessem ter acesso às escolas primárias, mesmo que ainda fossem vítimas de preconceito e sendo excluídos da participação na sociedade em suas formas10 convencionais de se desenvolver. No caso indígena, o processo de aculturação, não foi menos violento, tratados muitos vezes de modo infantilizado, sua forma peculiar de educação – transmissão de conhecimento por meio do exemplo de geração para geração – foi quase sempre visto como inexistente, os duzentos anos da presença jesuítica no Brasil ilustra bem a busca enfática de aculturação indígena, que permaneceu mesmo após a expulsão dos jesuítas. Dessa maneira, podemos sintetizar essas lutas no campo educacional em três momentos, sendo o primeiro momento entre 1888-1937, período da abolição da escravatura, em que para reagir aos preconceitos e discriminações foram criados grupos de pessoas negras, formando assim associações, grêmios literários, centros cívicos, jornais e até mesmo partidos políticos, que denunciavam o analfabetismo e a precarização da escolarização dessa população. Buscando muitas vezes suprir esse déficit criando escolas que ensinassem a ler, escrever e contar, já que o Estado não se importava com a educação dos negros. Em São Paulo apareceu o Clube 13 de maio dos Homens Pretos (1902), no Rio de Janeiro, o centro da federação dos homens de cor, em Santa Catarina surge, o Centro cívico Cruz e Souza (1918).11 Num segundo momento, pode-se destacar durante o período do Estado Novo e o início da Ditadura Militar 1937 – 1964, período de muita repressão, e supressão dos direitos democráticos, mas em meio a isso surge a União dos Homens de Cor (UHC), que tinha como 9. A Constituição Federal de 1824 determinava a gratuidade da instrução primária, ao passo que a de 1891, pósabolição, era omissa sobre essa questão, um momento em que os negros mais necessitavam de da instrução primária gratuita. (FÁVERO, 2005). 10 Todos os indivíduos pertencem ao mundo dos homens, portanto fazem parte da sociedade, não gozam dos mesmos direitos, mas, têm em comum a existência social no mundo dos homens, seja numa sociedade escravagista, feudal ou moderna.(BERTOLDO;SANTOS, 2010). 11 GONÇALVES , Luiz Alberto Oliveira e SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves. Movimento Negro e educação. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, n. 15, p. 134-158, 2000..

(19) 19. principal objetivo elevar o nível econômico, e intelectual das pessoas de cor em todo território nacional, para torná-las aptas a ingressarem na vida social e administrativa do país em todos os setores e atividades, criando-se assim mais associações que lutavam em prol de uma educação igualitária, como foi o caso do Teatro Experimental do Negro. De fato, os propósitos de integração do negro na sociedade nacional e no resgate de sua autoestima foram marcas registradas do Teatro Experimental do Negro. Através do teatro, do psicodrama e de concursos de beleza, o TEN procurou não apenas denunciar o preconceito e o estigma de que os negros eram vítimas, mas, acima de tudo, oferecer uma via racional e politicamente construída de integração e mobilidade social dos pretos, pardos e mulatos (GUIMARÃES, 2002, 93) 12. Mas, o momento mais eficaz, é o terceiro momento de 1970 até os dias atuais, onde se consolida o Movimento Negro. Com a instalação da Ditadura Militar no Brasil provocou-se uma retração do movimento negro no Brasil, já que nesse período seus ativistas eram estigmatizados e acusados de conspirarem um problema que supostamente não existia, o racismo no Brasil. Por causa disso, a questão racial foi abafada nos primeiros anos de ditadura. E a reorganização política do protesto negro somente aconteceu no final da década de 1970. Ao se falar do movimento negro, não podemos deixar também de mencionar as ações afirmativas, que tem a sua origem nos Estados Unidos e é lá onde se constata um importante arcabouço dessa sistematização. Nesse sentido qualquer discussão sobre o tema remete necessariamente a sua gestação e desenvolvimento naquele país. Seu aparecimento nos EUA esta intimamente associada à luta pela integração e pela reivindicação da extensão dos direitos civis aos negros. Tanto aqui quanto lá a questão racial está necessariamente ligada ao problema social: disputas pelos postos de trabalho, por vagas nas escolas, por moradia, entre outros, todas estas limitações assentadas na posse da propriedade por uns e na carência social por outros. Então, toda luta do movimento negro logo se remeterá à situação de segregação no voto e na escola, pelo boicote aos ônibus de Montgomery (Alabama), pelo surgimento de Martin Luther King pela aprovação da lei dos Direitos Civis de 1957 e pelo nascimento dos Estados Nacionais independentes na África, tendo a divisão social como pano de fundo de todo este cenário. Nos Estados Unidos a luta era contra a segregação racial, era uma luta assim como no Brasil, os negros norte-americanos sempre estiveram fora da participação nas ações políticas e sociais, sendo pouco beneficiados pela prosperidade econômica, com renda inferior 12. GUIMARÃES, Antônio Sérgio A. Classes, Raças e Democracia. São Paulo: Fundação de apoio a Universidade de São Paulo, Editora 34, 2002.

(20) 20. a dos brancos, viviam em guetos urbanos, oprimidos pela segregação e pela brutalidade policial. A luta pelos direitos civis nos EUA foram sangrentas e duras. Destacando-se nesta luta, Martin Luther King, líder do movimento pelos direitos civis em todo país. O revolucionário visava soluções para os impasses das relações raciais: dos direitos civis igualitários, direitos políticos e sociais comuns a todos, extinção das leis segregacionistas, entre outros. Em 1963, Luther King liderou uma passeata com 250 mil pessoas pelas ruas de Washington, que resultou na lei dos Direitos Civis (1964) e a lei do direito ao voto (1965). Em todo o desenvolvimento percebe-se como Martin Luther King13 faz uso dos artifícios da não violência, que é o ponto marcante da luta deste líder negro que batalhou até as últimas consequências por aquilo que acreditava, sendo um dos maiores influenciadores na aprovação da lei pelos direitos civis. Seu legado continua a influenciar várias militâncias até os dias de hoje. Sendo assim, na década de 70 com o chamado ressurgimento do movimento negro no Brasil as organizações que discutem a questão racial desenvolveram um trabalho significativo pondo em exposição as desigualdades existentes entre brancos e negros em passeatas, debates, palestras e outras formas de manifestação que fizeram parte desse processo de conscientização da sociedade para este problema e da busca de um maior espaço do negro na sociedade brasileira. Entretanto propostas mais eficazes que atendessem a população negra se deram na maioria das vezes de forma tímida e desarticulada e sua implantação muitas vezes não se efetivou. A reorganização política da luta antirracista apenas aconteceu no final da década de 1970, no bojo do ascenso dos movimentos populares, sindical e estudantil. Em São Paulo, por exemplo, em 1972, um grupo de estudantes e artistas formou o Centro de Cultura e Arte Negra (CECAN); a imprensa negra, por sua vez, timidamente deu sinais de vida, com os jornais Árvore das Palavras (1974), O Quadro (1974), em São Paulo; Biluga (1974), em São Caetano/SP, e Nagô (1975), em São Carlos/SP. Em Porto Alegre, nasceu o Grupo Palmares (1971), o primeiro no país a defender a substituição das comemorações de 13 de Maio para o 20 de Novembro. No Rio de Janeiro, explodiu, no interior da juventude negra, o movimento Soul, depois batizado de Black Rio. Nesse mesmo estado, foi fundado o Instituto de Pesquisa das Culturas Negras (IPCN). Entretanto, tais iniciativas, além de fragmentadas, não tinham um sentido político de enfrentamento com o regime. Só em 1978, com a fundação do. 13. A ação de Martin Luther King caracterizou-se pelo apelo a pacificação diferente do Partido dos Panteras Negras – com células no mundo inteiro à época - que fizeram uso das armas..

(21) 21. Movimento Negro Unificado (MNU), tem-se a volta à cena política do país do movimento negro organizado14. Mas, afinal, todo esse movimento resultou no quê? Tudo foi um processo. Quando entrei para universidade já comecei a falar da questão racial. Alguns diziam: “que nada. Isso está na sua cabeça”. E eu sempre saía em defesa. O Flávio Cavalcanti tinha um programa, e tinha o Erlon Chaves como jurado, que era negro, um excelente músico. Ele morreu ainda novo, eu acho. E o Erlon Chaves era rigoroso nas suas avaliações. Quando chegava na faculdade, ouvia “aquele preto! Viu aquele preto? É só ele que dá nota baixa. Mas é porque é preto”. Bem, a essas altura eu já não suportava esse negócio de falar de preto perto de mim. Aí eu dizia: “mas ele é quem mais sabe de música ali”. Aí eu comecei logo cortando: “porque ele é preto?” eu já comecei com uma atitude, toda vez que falam de preto perto de mim, fosse local de trabalho, fosse onde fosse, eu já dizia: “sim, porque é preto?” e tu és branca? Aí eu comecei também nessa, como se fosse uma caça de pureza de sangue, dizendo: “quem é branco aqui? Todo mundo quer ser descendente de português, de francês, que aqui só passou dois anos. E de índio e de preto? Ninguém descende de preto? E teu nariz? E esse teu cabelo? Mas era um luta solitária, era eu sozinha. (Entrevista de Mundinha Araújo ao CPDOC)15. Na fala da Mundinha, podemos perceber que o movimento negro foi um processo, em que algumas pessoas não mais suportavam ter a questão racial como algo primordial da sociedade em que a cor da pele falasse mais alto que caráter das pessoas. Dessa maneira, além de não suportar, com os preconceitos gerados pela cor, o Movimento Negro também sofreu forte influência no plano externo e no plano interno. O movimento negro passou diversas transformações quanto ao caráter de suas ações, o protesto negro contemporâneo se inspirou, de um lado, na luta a favor dos direitos civis dos negros estadunidenses, onde se projetaram lideranças como Martin Luther King, Malcon X e organizações negras marxistas, como os Panteras Negras, e, de outro, nos movimentos de libertação dos países africanos, sobretudo de língua portuguesa, como Guiné Bissau, Moçambique e Angola. Tais influências externas contribuíram para o Movimento Negro Unificado ter assumido um discurso radicalizado contra a discriminação racial. É possível identificar o embrião do Movimento Negro Unificado com a organização marxista. Ela foi a escola de formação política e ideológica de várias lideranças importantes dessa nova fase do movimento negro. Havia, na Convergência Socialista, um grupo de militantes negros que entendia que a luta antirracista tinha que ser combinada com a luta revolucionária. 14. ALBERTI, Verena. E PEREIRA, Amilcar Araújo. Histórias do movimento negro no Brasil:depoimentos ao CPDOC. Rio de Janeiro: Pallas; CPDOC-FGV, 2007. 15 ALBERTI, Verena. E PEREIRA, Amilcar Araújo. Histórias do movimento negro no Brasil:depoimentos ao CPDOC. Rio de Janeiro: Pallas; CPDOC-FGV, 2007..

(22) 22. anticapitalista. Na concepção desses militantes, o capitalismo era o sistema que alimentava as desigualdades.16 O Movimento Negro no Brasil surge já com uma série de marcas distintivas, pois nasce com forte influência ideológica da esquerda socialista, remanescente do processo de eliminação pela ditadura da maioria das organizações de esquerda, como os movimentos sindicais, feministas, gays e estudantis. Eram movimentos que se articulava estreitamente com outros movimentos sociais e movimentos culturais, buscava aglutinar negros e mestiços, integrando aqueles que reconheciam em si caracteres, fenótipos ou genótipos negros. Que passaram a exigir do governo disciplinas fundamentais na história e na cultura dos negros nos currículos escolares, bem como reivindicar cursos para os professores se qualificarem. A partir da década de 80 e 90 o movimento negro chega buscando reformular a sua prática nos mais diversos setores da sociedade, pois sua luta não só se situava nas questões raciais, mas também nas questões voltadas a moradia, emprego e a educação. Afirmando que para que ele continue avançando e necessário refletir, propor, realizar e garantir a realização de políticas públicas governamentais ou não que atendam a população negra. Dessa forma, o movimento negro passou a intervir amiúde no terreno educacional, com proposições fundadas na revisão dos conteúdos preconceituosos dos livros didáticos, na capacitação de professores para desenvolver uma pedagogia interétnica, na reavaliação do papel do negro na história do Brasil e, por fim, erigiu-se a bandeira da inclusão do ensino da história da África nos currículos escolares. Reivindicava-se, igualmente, a emergência de uma literatura negra em detrimento à literatura de base eurocêntrica17. Dessa maneira Mundinha afirma que: Nós achávamos que a luta era dentro das escolas, era fazendo parcerias. Em 1982 nós fizemos um convênio com a Secretaria de Educação porque nós queríamos a participação dos professores. Eles colocaram os professores à disposição para participarem da Semana do Negro. A gente fazia assim: “Vamos para o bairro do João Paulo.” Todos os professores das escolas que ficavam no bairro do João Paulo e adjacências iam para o mesmo local. E nós distribuíamos o material que a Secretaria de Educação também ajudou a rodar, deu o papel e tudo. E os de nós que seguravam mais eram os professores: eu, Carmem Lúcia, a Fátima, minha irmã, o Carlão, o Luizão [...]18 16. MONTEIRO, Helene, O ressurgimento do movimento negro no Rio de Janeiro na década de 1970, Rio de Janeiro, Dissertação de Mestrado, IFCS/UFRJ, 1991. NASCIMENTO, Maria E. do A estratégia da desigualdade; o movimento negro dos anos 70, São Paulo, Dissertação de Mestrado, PUC, 1989 17. CRUZ, Manoel de Almeida, Alternativas para combater o racismo, Salvador, Núcleo Cultural AfroBrasileiro, 1989 18 ALBERTI, Verena. E PEREIRA, Amilcar Araújo. Histórias do movimento negro no Brasil:depoimentos ao CPDOC. Rio de Janeiro: Pallas; CPDOC-FGV, 2007..

(23) 23. E o Movimento Negro Unificado foi adentrando as escolas brasileiras para tentar conscientizar alunos, professores sobre o papel do negro do Brasil, tentando acabar com a visão eurocêntrica, e assim criaram cartilhas para serem trabalhadas em sala de aula. Foi o mesmo caso de Magno Cruz, que também foi presidente do CCN (de 1984 a 1988), contou em sua entrevista ao CPDOC sobre como essa estratégia de atuação nas escolas. Então, como íamos para as escolas? Mandávamos um ofício com antecedência e tinha uma negociação com a diretoria da escola. Algumas escolas eram sensíveis a isso, quando tinham uma diretora negra que entendia. Porque tudo era novidade, ninguém discutia a questão dos negros. Então, ir para a escola, falar da história do negro, desmistificar a história oficial não era uma coisa fácil. Havia algumas barreiras. Teve vez que a Mundinha fez intercâmbio com a própria Secretaria de Educação, aí as coisas ficavam até oficiais.19. A estratégia de atuar no âmbito da educação foi muito utilizada por organizações negras em vários estados brasileiros, criando até cartilhas, como as mencionadas abaixo:. Figura 1 A imagem foi retirada do trabalho de PEREIRA, Amilcar A. O Mundo Negro: a constituição do movimento negro contemporâneo no Brasil (1970-1995). 2010. Tese (doutorado em História) Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro.. 19. ALBERTI, Verena. E PEREIRA, Amilcar Araújo. Histórias do movimento negro no Brasil:depoimentos ao CPDOC. Rio de Janeiro: Pallas; CPDOC-FGV, 2007..

(24) 24. Figura 2 A imagem foi retirada do trabalho de PEREIRA, Amilcar A. O Mundo Negro: a constituição do movimento negro contemporâneo no Brasil (1970-1995). 2010. Tese (doutorado em História) Universidade. Nesse sentido, a produção de cartilhas como as de Mundinha Araujo para informar não só alunos e professores nas escolas, mas os próprios militantes e a sociedade como um todo, foi uma prática recorrente nas organizações negras de norte a sul do Brasil. E essas publicações tinham o objetivo, primeiro, de apresentar aspectos pouquíssimos conhecidos da história do Brasil, especialmente as histórias dos negros no Brasil. Os próprios títulos são bastante sugestivos nesse sentido. O Caderno de descolonização da nossa história: Zumbi, João Cândido e os dias de hoje, publicado por Amauri Mendes Pereira e Yedo Ferreira, militantes negros no Rio de Janeiro, e a cartilha citada do CCN do Maranhão Esta história eu não conhecia, ambos de 1980, são dois exemplos emblemáticos do Movimento Negro no Brasil e sua atuação na educação20. O movimento negro organizado africanizou-se. A partir daquele instante, as lutas contra o racismo tinham como uma das premissas a promoção de uma identidade étnica específica do negro. O discurso tanto da negritude quanto do resgate das raízes ancestrais norteou o comportamento da militância. Houve a incorporação do padrão de beleza, da indumentária e da gastronomia africana21.. 20. PEREIRA, Amilcar A. O Mundo Negro: a constituição do movimento negro contemporâneo no Brasil (1970-1995). 2010. Tese (doutorado em História) – Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro. 21 MAUÉS, Maria Angélica Motta, “Da ‘branca senhora’ ao ‘negro herói’: a trajetória de um discurso racial”, Estudos Afro-Asiáticos, n. 21, Rio de Janeiro, 1991, p. 125..

(25) 25. No final dos anos 90, a atenção do movimento negro foi canalizada para o debate em torno das ações afirmativas22, na parte mais polêmica, que é o programa de cotas para negros nas universidades públicas, que foi aprovada pela assembleia Legislativa do estado do Rio de Janeiro, em 2001, reservando 40% das vagas para alunos negros na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Mas as cotas para as universidades públicas tiveram inicialmente o formato de cotas sociais para facilitar o ingresso dos estudantes pobres advindos da escola pública. As cotas raciais para as universidades públicas só foram implantadas em 2001, nas universidades estaduais do Rio de Janeiro, por meio da Lei 3.70, sancionada pelo então governador Garotinho. Tal medida foi seguida na Bahia, pela Universidade Estadual da Bahia – UNEB e pela Universidade de Brasília - UnB entre outras. Segundo dados da Fundação Cultural Palmares, em 2004 sete instituições já haviam adotado esse sistema; atualmente esse número já ultrapassa a casa das quarenta. (SANTOS, 2009, mímeo) Entretanto, algo mais grandioso, a educação étnico racial, ainda estaria por vir, que foi a implantação da Lei 10.639/03; A Lei nº 10.639/03 que estabelece a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileiras e africanas nas escolas públicas e privadas do ensino fundamental e médio; o Parecer do CNE/CP 03/2004 que aprovou as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações ÉtnicoRaciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileiras e Africanas; e a Resolução CNE/CP 01/2004, que detalha os direitos e as obrigações dos entes federados ante a implementação da lei compõem um conjunto de dispositivos legais considerados como indutores de uma política educacional voltada para a afirmação da diversidade cultural e da concretização de uma educação das relações étnico-raciais nas escolas, desencadeada a partir dos anos 2000. É nesse mesmo contexto que foi aprovado, em 2009, o Plano Nacional das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana (BRASIL, 2009).23. O percurso de normatização decorrente da aprovação da Lei nº 10.639/03 deveria ser mais conhecido pela sociedade civil, principalmente pelos educadores e educadoras das escolas públicas e privadas do país. Ele se insere em um processo de luta pela superação do 22. Ações afirmativas que são políticas focais que alocam recursos em beneficio de pessoas pertencentes a grupos discriminados e vitimados pela exclusão socioeconômica no passado ou no presente. Trata-se de medidas que têm como objetivo combater discriminação étnicas, de gênero, aumentando assim a participação desses grupos no processo político, no acesso a educação, saúde, emprego, moradia, bens materiais e reconhecimento cultural. 23. BRASIL, Plano Nacional das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana. Brasília: SECAD; SEPPIR, jun. 2009..

(26) 26. racismo na sociedade brasileira e tem como protagonistas o Movimento Negro e os demais grupos e organizações partícipes da luta antirracista. Revela também uma inflexão na postura do Estado, ao pôr em prática iniciativas e práticas de ações afirmativas na educação básica brasileira, entendidas como uma forma de correção de desigualdades históricas que incidem sobre a população negra em nosso país. Do mesmo modo para com as populações indígenas que até a aprovação da Lei 11.645 em março de 2008, os povos indígenas, a identidade e cultura indígena vivenciaram quase cinco séculos de negligência, de agressão à sua cultura, identidade e memória, de uma negação aos seus direitos e sua diversidade, e até mesmo as suas etnias como construtoras não apenas do povo brasileiro, mas da própria história do país. E ao longo de todo o século XX, a imagem que o povo brasileiro tem sobre o índio é a mesma do século XVI, como bárbaros, selvagens, silvícolas, negros da terra, e uma gama de expressões depreciativas, foram considerados ao longo do período colonial e imperial, homens de intelecto atrasado e inferior, sem fé, sem rei e sem lei. Povos que viviam da barbárie, brigando um com os outros, e até mesmo devorando uns aos outros. praticamente não mudou nada desde então. Mas, isso veio a mudar, a partir de 1988, com a promulgação da Constituição de 1988, a qual garantia direitos antes negados aos indígenas, e na década de 90, viu-se a reformulação da educação brasileira a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, decretada em 1996, marcando o início de uma nova fase da política, gestão e legislação da educação brasileira. Dessa forma, fundamentou-se a criação de escolas indígenas e de um sistema de ensino indígena, a fim de educar as crianças, jovens e adultos na cultura, idioma e costumes de seu povo, garantindo assim, a vivacidade de sua identidade e cultura, para a preservação das mesmas para as gerações futuras. Dessa maneira, podemos sintetizar que para o governo brasileiro a educação é considerada o caminho mais eficaz para a redenção dos problemas dos afrodescendentes e dos indígenas, mas valendo ressaltar que a educação sozinha não será suficiente, para essa redenção, é necessário outras medidas, outras políticas públicas que se entrelacem junto com o campo educacional para tentar reparar esses problemas. Contudo, ao término deste tópico, podemos perceber que essas políticas afirmativas, são de reparação, compensação e afirmação, são políticas que buscam preencher um vazio na sociedade brasileira, como por exemplo, as cotas para as mulheres em partidos políticos, para deficientes no mercado de trabalho, programas de assistências de moradias, energia elétrica para todos, entre outras que buscam reparar os problemas sociais..

(27) 27. 1.2 – Marcos regulatórios da Educação Étnico Racial no Brasil. A educação étnica-racial é uma educação que deve reafirmar, valorizar e assegurar a diversidade étnico-racial na sociedade, incluindo negros, pardos e índios. Dessa maneira, a educação étnico-racial deve ter por objetivo atuar sobre as relações humanas, numa sociedade desumana, preconceituosa e cheia de estereótipos, em que se aprende desde cedo a discriminar. É uma educação que deve promover o respeito mútuo, o respeito ao outro, o reconhecimento das diferenças, a possibilidade de se falar sobre as diferenças sem medo, receio ou preconceito. Este é o grande desafio dessa educação, que não cabe apenas às escolas, mas a todos os setores da sociedade civil. Historicamente as ações do Estado – contemplados seus fins ideológicos – voltadas para as práticas igualitárias e antirracistas vêm ao longo dos anos se constituindo no cenário brasileiro, principalmente na educação. Mas sabendo-se que essa inserção da população negra no ambiente escolar, bem como sua valorização ainda há muito por ser feito, a despeito da Carta Magna, é uma luta longa e constante como pudemos observar no tópico anterior, e que vem sendo travado fortes embates e lutas a favor da igualdade social e étnica, em seu art. 5º estabeleça que: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. (Constituição Federal de 1988). Mesmo existindo na Constituição Federal a questão da igualdade entre todos, ainda existiam/existem muitas práticas discriminatórias, racistas, o que significa dizer que infelizmente essa igualdade no segmento social, étnico, ainda não estava/estar concretizada na sociedade brasileira. Relacionado à educação, a constituição no seu capítulo III, na seção I, em seu art. 210 estabelece “Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais” (Constituição Federal de 1988), o que significa dizer, que os conteúdos devem assegurar a formação básica do cidadão, onde os alunos possam conhecer e valorizar as diferentes culturas. Mas, ainda percebe-se que a Constituição Federal ainda deixa brechas em seus artigos, e que as pessoas ainda não tinham consciência importância de fazer valer essas leis. Contudo, só depois de muitas lutas lideradas pelo Movimento Negro Unificado, no dia 09 de janeiro do ano de 2003 foi promulgada a Lei 10.639 “que altera a Lei no. 9.394, de.

(28) 28. 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” Na política educacional, a implementação da Lei 10639/2003, uma das primeiras leis sancionadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva24, significa estabelecer novas diretrizes e práticas pedagógicas que reconheçam a importância dos africanos e afro-brasileiros no processo de formação nacional. Para além do impacto positivo junto à população e da republicanização da escola brasileira, essa lei deve ser encarada como parte fundamental do conjunto das políticas que visam à educação de qualidade como um direito de todos e todas. Com implantação da Lei 10.639/03, várias modificações deveriam ser instaladas no sistema de ensino para que a Lei pudesse se efetivar, nesse sentido, o Conselho Nacional de Educação aprovou as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Etnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana (Parecer CNE/CP nº. 03 de 10 de março de 2004), onde são estabelecidas orientações de conteúdos a serem incluídos e trabalhados e também as necessárias modificações nos currículos escolares, em todos os níveis e modalidades de ensino. O Conselho Nacional de Educação também instituiu as Diretrizes Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, sob a Resolução nº 1, de 17 de Junho de 2004, colocando assim em seu artigo 1º A presente Resolução Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, a serem observadas pelas Instituições de ensino, que atuam nos níveis e modalidades da Educação Brasileira e, em especial, por Instituições que desenvolvem programas de formação inicial e continuada.. A Resolução CNE/CP nº 01, publicada em 17 de junho de 2004, detalha os direitos e obrigações dos entes federados frente à implementação da Lei 10639/2003. A esse respeito, cabe ressaltar a qualidade do Parecer nº 03/2004 emitido pelo Conselho Nacional de Educação, que, além de tratar com clareza o processo de implementação da Lei, abordou a questão com lucidez e sensibilidade, reafirmando o fato de que a educação deve concorrer para a formação de cidadãos orgulhosos de seu pertencimento etnicorracial, qualquer que seja este, cujos direitos devem ser garantidos e cujas identidades devem ser valorizadas. Sabe-se. 24. Valendo ressaltar que não foi um presente do presidente, mas uma cobrança do movimento que lutava para que fosse assegurado nas escolas o ensino da História da África e da cultura afro-brasileira. Infelizmente, quando esta lei foi aprovada a inclusão do ensino da história e da cultura indígena ficou de fora, só sendo incluído na lei complementar 11.645 de 2008..

(29) 29. que o pertencimento orgulhoso a uma etnia/cultura não se dá por meio de uma lei, decreto ou resolução, mas, a inexistência destes mecanismos deixa espaço para a discriminação e uso estereotipado do pertencimento étnico cultural. Dessa maneira, no ano de 2008 foi promulgada a Lei 11.645/2008 25 que veio corroborar este entendimento, reconhecendo que indígenas e negros convivem com problemas de mesma natureza, embora em diferentes proporções. Assim, os preceitos enunciados na nova legislação trouxeram para o Ministério da Educação o desafio de constituir em parceria com os sistemas de ensino, para todos os níveis e modalidades, uma Educação para as Relações Etnicorraciais, orientada para a divulgação e produção de conhecimentos, bem como atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos quanto à pluralidade etnicorracial, tornando-os capazes de interagir e de negociar objetivos comuns que garantam, a todos, respeito aos direitos legais e valorização de identidade, na busca da consolidação da democracia brasileira. Este desafio se evidencia na falta de profissionais habilitados para o trato com este tema, na prática ainda presente do racismo nas escolas, na pouca produção de material didático pedagógico, no pouco diálogo institucional para o enfrentamento conjunto do problema entre outras dificuldades. Portanto, com a alteração da LDB Lei n. 9.394/1996, trazida inicialmente pela Lei 10.639/03, e posteriormente pela Lei 11.645/08, buscou cumprir o estabelecido na Constituição Federal de 1988, que prevê a obrigatoriedade de políticas universais comprometidas com a garantia do direito à educação de qualidade para todos e todas. Pois diante desta compreensão as demandas educacionais contemporâneas devem atentar-se na concepção de igualdade, na multidisciplinaridade e na diversidade étnico-racial. Sendo também que essas leis, são Leis afirmativas – buscam reparar perdas, equiparar direitos e/ou promover a valorização da população negra e indígena que tem sido historicamente discriminada –, no sentido de que reconhecem a escola como lugar da formação de cidadãos e afirma a relevância da escola em promover a necessária valorização das matrizes culturais que fizeram do Brasil o país rico, múltiplo e plural que somos. E ainda pode ser muito mais, a escola é um espaço privilegiado para a formação da identidade étnica. E ao falar de identidade étnica, é falar da multiplicidade que compõe o povo brasileiro, trata-se de entender quem somos, por que somos, e o que isso representa na nossa sociedade, e nas nossas relações com as outras pessoas. Somos a síntese de múltiplas determinações, o pertencimento étnico cultural e uma delas. 25. Essa lei veio para corrigir a grande lacuna deixada na lei 10.639/03. Pois a educação étnico racial é constituída pela educação quilombola, indígena e etc. Coisas que não a lei 10.639 não contemplava..

(30) 30. Desse modo podemos perceber que as identidades são formadas, são construções sociais que podem estar relacionadas na semelhança ou na diferença, e que a escola passa a ter forte papel na identificação dessa identidade étnica. Negros e indígenas possuem o direito a iguais oportunidades de exercer sua plena liberdade no exercício de suas diferenças. A educação étnico-racial surge da problemática de tentar amenizar os problemas causados por séculos de escravidão, e ajudar as pessoas a se reconhecerem enquanto diferentes etnicamente, bem como ajudar na construção de uma identidade étnica. Mas como a escola vem agindo nessas situações? “historicamente o sistema de ensino brasileiro pregou, e ainda prega uma educação formal de embraquecimento cultural em sentido amplo (...). A educação formal não era só eurocêntrica e de ostentação dos Estados Unidos da América, como também desqualificam o continente africano e inferioriza racialmente negros, quer brasileiros, quer africanos ou estadunidense” (Santos, p.22). Partindo da afirmativa acima, percebemos que Santos considera a educação brasileira responsável em parte pela reprodução da discriminação racial contra negros e descendentes. Entretanto, da mesma forma que ela reproduz esse racismo, também é possível que ela represente um espaço onde a identidade possa ser (re) construída numa perspectiva positivada. Desse modo que o Ministério da Educação buscou instituir as Lei 10.639/03, a Lei 11.645/0826 e as Diretrizes Curriculares Nacionais, e os Pareceres, buscando a afirmação dos valores étnicos, a ideia de pertencimento, de pertencer a uma determinada cultura, uma determinada etnia e acima de tudo se valorizar e valorizar o outro enquanto diferente. Contudo, muita coisa já foi feita, a criação da lei é um passo importante que resultou da luta social, não da boa vontade do presidente, mas, que outras medidas precisam ser adotadas para plena efetivação da educação étnico racial. De que adianta lei sem professor, sem escola, sem aula, sem condições de trabalho entre outros direitos negados. Dessa maneira, o próximo tópico será exposto como o cenário nacional tem impactado no cenário local. 1.3– Marcos regulatórios da Educação Étnico Racial em Alagoas e Água Branca. Os marcos regulatórios da educação étnico-racial passam a existir no Brasil, entretanto é necessário conhecer como as leis foram/estão sendo implantadas nos Estados 26. A criação da lei é apenas o primeiro passo, de que adianta a lei se as escolas estão sucateadas? Por mais bem informados que professores sejam, sem condições de ensino não tem nem como ter educação em geral, que dirá étnico racial..

(31) 31. brasileiros. Dessa forma, cabe aqui fomentar como as leis 10.639/03 e 11.645/08 estão sendo aplicadas no contexto educacional de Alagoas, terras de Zumbi um dos grandes ícones negros que resistiu a escravidão dos Palmares e, a terra de um dos maiores quilombos do Brasil, Quilombo de Palmares. Pois, para que se efetivasse a lei, muitos estados investiram na criação de cursos em caráter de aperfeiçoamento e extensão a fim de viabilizar um ensino crítico, bem distante do senso comum, do qual proliferavam os preconceitos e as atitudes intolerantes. Diante da defasagem relacionada à ausência de pertencimento, quanto a sua identidade e estima na sociedade brasileira, foram criados alguns projetos e estratégias de articulação de tais conteúdos dentro e fora da sala de aula a fim de capacitar professores dos diversos níveis de ensino. No Estado de Alagoas, a Secretaria Estadual de Educação Estabelece normas complementares às Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnicoraciais e a obrigatoriedade do Ensino da História e Cultura Afro- brasileira, Africana, Afroalagoana e Indígena nos currículos escolares das Instituições públicas e privadas, integrantes do Sistema de Ensino de Alagoas, do que dispõe as Leis Nacional nº 10.639/03 e nº 11.645/08, e agora o PARECER Nº359 /2010. 27 O Sistema de Ensino de Alagoas, conta, também, com a Lei Estadual nº 6.184/2007 que acrescentou além das questões tratadas na legislação nacional os conteúdos da História Afro-Alagoana nos currículos das instituições públicas de ensino. A implementação das Leis Federais nº 10.639/2003 e 11.645/2008, da Lei Estadual nº 6.184/2007, orientadas pela Resolução nº 01 de 17 de junho de 2004, e pelo Parecer CNE/CP nº 003/2004, de 19/04/2004, do Conselho Nacional de Educação, nas redes de ensino deve garantir: articulação com outras políticas de reparações, de reconhecimento e valorização, e de ações afirmativas; educação das relações étnico raciais, com a introdução de Pedagogias de combate ao racismo e às discriminações para a constituição de novas relações étnico-raciais pautadas em princípios democráticos. Os princípios explicitados nesses instrumentos normativos são: consciência política e histórica da diversidade; fortalecimento de identidades e de direitos; ações educativas de combate ao racismo e a discriminações. Determinam que na proposta pedagógica-curricular das instituições de ensino, em todos os níveis, etapas e modalidades seja implantada a valorização da identidade, história e cultura dos afro-brasileiros; a garantia de seus direitos de 27. Documento da Secretaria Estadual de Educação.

(32) 32. cidadãos, com o reconhecimento e igual valorização das raízes africanas, indígenas, europeias, asiáticas da nação brasileira; e que esta inclusão se dê por diferentes meios, em atividades curriculares, como conteúdo de disciplinas, por meio da realização de projetos de diferentes naturezas, no decorrer do ano letivo; em práticas do cotidiano das instituições de ensino. Para tanto, as instituições de ensino devem trazer para o diálogo as organizações dos movimentos negros, e incluir a história e as comunidades remanescentes de quilombos. O Parecer CNE/CP nº 003/2004 alerta para o tratamento das datas comemorativas, instituindo o 13 de maio28 como Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo, para denúncia das repercussões das políticas de eliminação física e simbólica da população afro-brasileira no pós-abolição, e de divulgação dos significados da Lei áurea para os negros. Para o dia 20 de novembro, que lembra o líder negro do Quilombo dos Palmares29 - Zumbi30 - a celebração será o Dia Nacional da Consciência Negra. E assinala outra data de significado histórico e político - o dia 21 de março, Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial. Da mesma forma, no Sistema Estadual de Ensino de Alagoas ficam instituídos, também, além do Dia Nacional do Índio em 19 de abril, a Semana Estadual dos Povos Indígenas, incluindo o período de 19 de abril a 22 de abril. Esta data, 22 de abril, passa a ser o Dia Estadual dos Povos Indígenas, lembrando a conquista de reconhecimento oficial dos povos indígenas alagoanos com a instalação do primeiro Posto do Serviço de Proteção aos Índios em 1950 na cidade de Porto Real do Colégio, Estado de Alagoas. Esta data objetiva homenagear as lutas de resistências, em especial os caciques tradicionais das etnias indígenas de Alagoas. Eventos significativos da história de Alagoas devem ser incorporados ao ensino de História e História de Alagoas, em especial a Guerra dos Caetés31 e o Quilombo dos Palmares, por serem marcos fundantes da sociedade alagoana nordestina, representativos do conjunto de relações sociais de dominação instaladas no período colonial, e que não foram plenamente transformadas. Ainda podemos citar a Cabanagem32 e o Quebra dos Terreiros33 como eventos 28. Visto que antes o 13 de maio eram representados como o dia da abolição da escravatura no Brasil. O Quilombo dos Palmares foi um dos mais importantes quilombos do Período Colonial da História do Brasil. Ele surgiu e se desenvolveu na região da Serra da Barriga, localizada no Estado de Alagoas, mas no período colônia pertencia a província de Pernambuco. Era constituído por quilombolas (escravos fugitivos das fazendas que viviam nos quilombos) que tinham sido escravos em fazendas das capitanias da Bahia e Pernambuco. 29. 30. Um dos líderes do Quilombo dos Palmares. Foi uma guerra entre os índios caetés e os Portugueses, na qual os índios não concordaram com a decisão do governador da Província Duarte Coelho em romper as relações comerciais com os franceses. 32 A Cabanagem foi uma revolta popular que aconteceu entre os anos de 1835 e 1840 na província do Grão-Pará (região norte do Brasil, atual estado do Pará). Recebeu este nome, pois grande parte dos revoltosos era formada 31.

Referências

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