Diabetes tipo1 e tipo 2
na idade pediátrica
Maria de Lurdes Sampaio
Serviço de Pediatria Médica - Departamento de Pediatria - HSM - CHLN Pediatria II Pediatria II
DIABETES
Défice de síntese e/ou INSULINA acção HIPERGLICÉMIA CRÓNICA Orgãos alvoCritérios de diagnóstico da DM
(ADA 2009; OMS)
Pediatria II
1. Sintomas + glicémia ocasional ≥ 200mg/dl
Ou
2. Glicémia plasmática em jejum(>8h)≥126mg/dl
Ou
3.Glicémia≥200mg/dl às 2h de PTOG
Estadios de Pré-Diabetes
Pediatria II
Alteração da glicémia em jejum
=
≥100 ≤125mg/dl
Alteração da tolerância à glicose
=
Infância e Adolescência
-
predisposição genética +/-90% - marcadores auto-imunes- destruição das células β
défice grave de Insulina
Diabetes
DIABETES tipo 1
(OMS 1998)
Pediatria II
Diabetes: dados globais
2007: 240 milhões (Portugal: 662.000) 2030: 380 milhões (882.000)
Crianças e adolescentes ↑3%/ano (5%<6A)
70.000 novos casos/ano (200/dia)
440.000 (IDF): Tipo 1
•>1/4 Sudeste asiático
•>1/5 Europa
Resolução ONU
Assembleia Geral da ONU:
resolução de 20/12/2006
DIA MUNDIAL DA DIABETES: 14/11
DIA DAS NAÇÕES UNIDAS
2007-2008: Diabetes na Criança e no Jovem
Pediatria II
Diabetes e Pediatria
Criança ≠ adulto pequeno
Particularidades:
Estadio de maturação sexual Crescimento
Dependência nos cuidados
Hipoglicémia
Família
EQUIPA MULTIDISCIPLINAR COM EXPERIÊNCIA
Epidemiologia - I
Incidência muito
≠ conforme
países, regiões,
grupos étnicos
Pediatria IIEpidemiologia - II
Incidência ↑ com idade
rara < 1 ano pico: 4-6 anos pico ↑: 10-14 anos
Epidemiologia - III
Risco de desenvolver diabetes se um familiar tem
diabetes tipo 1
Pai: 7% Mãe: 2% Gémeo idêntico: 35% Irmão: 3-6% Pediatria IIEtiologia e Patogénese
↓Secreção de insulina → sintomas
Pediatria II
Apresentação
Início súbito e agudo
Poliúria, polidipsia e cetose
Minoria – início insidioso• enurese 2ária ou persistente
• dor abdominal c/ ou s/ vómitos
• candidíase vaginal
• emagrecimento ou MPP
• cansaço, irritabilidade, mau rendimento escolar
• infecções cutâneas recorrentes
Pediatria II
CETOACIDOSE DIABÉTICA
Hiperglicémia (>200 mg/dl)
Acidose metabólica (<7,3 ) INSULINA
Cetonémia/Cetonúria corrigir desidratação e acidose hiperglicémia evitar hipokaliémia
Fase de Remissão Parcial
(Lua de Mel)
Secreção eficaz de insulina pancreática
Controle fácil das glicémias (<0,5 U/Kg/dia) 30–60% das crianças (1os 1-6 meses) Função das células β: Ø 1-2 anos após dxFASE DE DEPENDÊNCIA TOTAL E
PERMANENTE DA INSULINA EXÓGENA
Pediatria II
Diabetes – Marcos na compreensão
e tratamento –
Era pós-Insulina
1922 – Banting, Best, Collip e
Macleod - isolamento e uso clínico da insulina
1955 – sequência da insulina
(F.Sanger)
1959 – concentração de insulina por
RIA (S. Berson e R. Yalow)
1969 – estrutura tridimensional da insulina (D. Hodgkin) 1971 – receptores da insulina (P. Freychet) 1985 – gene do receptor 1936 - Insulinas lentas (HC Hagedorn)
1957 – uso da fenformina (G. Ungar)
Anos 70 – insulina recombinante Final dos anos 70 – tiras teste para
glicémia
Anos 80 – “bombas”;canetas”
1993 - DCCT
DCCT
DCCT (Diabetes Control and Complications Trial - 1993 )
Tratamento intensivo atrasa o início e a progressão das complicações microvasculares em 35 a 75%
Pediatria II
O que faz variar a glicémia?
Valores pretendidos:
Na infância: 120 - 180 Na adolescência: 80 - 120Auto-controle - I
Glicémia:
- lavar e secar as mãos
- evitar frio
- picar de lado em qq dedo
- apertar para formar gota
- anotar resultados
Antes das refeições e ao deitar (e SOS) Glucómetros: rápidos pouco sangue simples memória /tratamento estatistico Pediatria IICorpos cetónicos e dias de doença
Determinação de corpos cetónicos no sangue ou
urina - fundamental!
Sangue > urina
Betahidroxibutirato >0,5mmol/l
↑ mais precoce e normalização mais rápida após tratamento
evita idas ao hospital e internamentos bombas de insulina !!
crianças pequenas (mais fácil!)
Pediatria II
Insulina
Injecta-se na camada subcutânea
(âng. 45-90º)Insulina – dispositivos para
administração
Insulina
Locais: braços, barriga, coxa, nádegas - variar!
(atenção à lipo-hipertrofia)
Secreção de insulina
No não diabético: Basal (jejum)
• impede saída de glucose e lipólise hepática;
“picos”
• resposta a comida; entrada de glucose nos tec. periféricos para armazenar nutrientes absorvidos No diabético: Substituição ≠ fisiologia •Farmacocinética •Administração periférica (sc ≠ portal) Pediatria II
“Novas Insulinas” - análogos de
acção rápida
Rápida
Actrapid®, Humulin regular®, Isuhuman rapid® SC/EV Análogos
Lispro - Humalog® Aspart - Novorapid®“Novas Insulinas” - análogos de
acção
lenta
Insulinas de acção
intermédia
Isofânica ou NPH •Insulatard®, Humulin NPH®, Insuman basal® Análogos de insulina
de acção prolongada
Insulina Glargina (s/pico) • Lantus®Insulina Detemir (↓peso)
• Levemir®
Pediatria II
Esquemas de Insulina
Basal-Bólus:insulina rápida/ análogo às refeições conforme valores de glicémia;
insulina de acção intermédia ao PA e jantar
Insulinoterapia intensiva:
Múltiplas injecções ou basal/bólus
insulina
rápida/análogos antes das refeições principais insulina de longa duração ao deitar
+
Pediatria IIInsulinoterapia intensiva:
Múltiplas injecções ou basal/bólus
Vantagens
Mais fisiológico- reproduz melhor a secreção endógena de insulina Maior flexibilidade Melhor controlo metabólico Desvantagens
Crianças pequenas MúltiplasInsulinoterapia intensiva:
Bomba infusora (CSII)
Pediatria II
Insulinoterapia intensiva:
Bomba infusora (CSII)
Bombas infusoras – Indicações
Inadequado controlo glicémico HbA1c elevada
Complicações da diabetes
Fenómeno de “dawn” (alvorada) Grande variação dos níveis de glicémia
Hipoglicémias graves e recorrentes
Necessidade de um estilo de vida flexível Prática de exercício físico (…)
Reduzidas necessidades de insulina
(lactentes e crianças < 3 anos)
Insulinoterapia intensiva:
Bomba infusora (CSII)
Em débito contínuo
Insulina “basal”Análogo insulina acção rápida
Antes das
refeições
“Bólus” de insulina
HbA
1C
Reflecte a glicémia média nos últimos 3-4 meses.
Valores Normais: até 6%
<7,5%
- Bom controle
7,5-9%
- Controle razoável
>9% - Mau controle
Hipoglicémia
Descida da glicémia <70 mg/dl
Complicação aguda + frequente
Se prolongada, grave e/ou repetida pode lesar o
SNC
Pode ser assintomática
Grave durante o sono
Mau controle: sintomas c/ glicémias↑
Pediatria II
Hipoglicémia – sintomatologia
Hipoglicémia - gravidade
Ligeira apercebe-se, trata-se
(raro < 5-6 anos)
Moderada não se trata e precisa
de ajuda; tratamento
GRAVIDADE oral resulta
Grave alteração do estado
de consciência; pode necessitar glucagon ou glicose EV Pediatria II
Hipoglicémia ligeira/moderada –
tratamento
Hipoglicémia grave - tratamento
Pediatria II
Hipoglicémia - causas
Hipoglicémia
Muito Importante!
Trazer sempre consigo
açúcar
Se suspeita confirmar a
glicémia capilar
Doentes/Pais/Professores
devem saber actuar
rapidamente
Ter Glucagon disponível
Trazer identificação
Pediatria II
Alimentação e Diabetes
Apoio nutricional é um dos elementos
fundamentais do tratamento e educação do
diabético
Atenção às questões culturais e gostos individuais
Hábitos alimentares saudáveis aplicáveis a toda a
família
Objectivos da terapêutica nutricional –
Diabetes na criança e jovem
Fornecer energia adequada ao crescimento e
desenvolvimento normais (evitar hipoglicémias
excessivas)
Pediatria II
Objectivos da terapêutica nutricional
- Diabetes na criança e no Jovem
Ajustar insulina de acordo com alimentação e
exercício físico normais
Reavaliar necessidades e reajustar
Aumento ponderal ↔ estatural (usar curvas) Adaptar e individualizar (criança ↔ família)
Plano individual/terapia intensiva↔ irregularidade (horários,apetite, actividade física)
Pirâmide dos alimentos
Pediatria II
Diabetes tipo 2 na idade
pediátrica
Classificação etiológica da Diabetes
mellitus
Pediatria II
II. Diabetes tipo 2 (combinações variáveis de
resistência à insulina e défice de insulina)
A
. Típica
B.Atípica
Classificação etiológica da Diabetes
mellitus
Pediatria II
II. Diabetes tipo 2 A. Típica
Insulinoresistência ↔ Obesidade ↑adolescentes e adultos jovens
hispânicos, afro-americanos, índios, sudeste asiático hx familiar
acantose nigricans M:F - 1:1,5
Classificação etiológica da Diabetes
mellitus
Pediatria II
II. Diabetes tipo 2 A. Típica (cont)
complicações frequentes e precoces cetocidose pouco frequente
sem marcadores de auto-imunidade
sem associações HLA
ADO→ metformina ( insulina)
Diabetes tipo 2 na infância e
adolescência?
Diabetes tipo 2 > 5% população mundial
Idades mais jovens
DIABETES TIPO 2 OBESIDADE
EPIDEMIAS GÉMEAS!
Obesidade – Prevalência crianças e
adolescentes
Prevalência
na idade pediátrica
5-17ª:150 MILHÕES: sobrepeso/obesidade 45 MILHÕES de OBESOS <5ª: 22 MILHÕES (IOTF) Pediatria II
Obesidade Infantil - Portugal
IOTF 2002-2003:
Sobrepeso/obesidade 7-9ª Rapazes - 29,5%;
Raparigas - 34,3%
IOTF 2005 - EU platform on diet ,
physical activity and health:
Portugal, Itália, Espanha (…) têm prevalência de sobrepeso/ obesidade >30% dos 7-11anos
Prof Cristina Padez (2004)
31,56% pré-obesidade e obesidade → 7-9A
Diabetes tipo 2 – prevalência global
EUA - Prevalência de diabetes tipo 2: 1990: >6% em 4 estados
2000: >6% em 20 estados
OMS – nº de doentes com diabetes tipo 2 no mundo:
1995: 130 milhões 2000: 150 milhões 2002: 172 milhões
2025:
300 milhões
Pediatria IISíndrome metabólico
Insulinoresistência, Intolerância à glucose
ou Diabetes tipo 2
+
2 ou mais dos seguintes
Fisiopatologia, factores de risco e
progressão para Diabetes tipo 2
Obesidade
Minorias étnicas Genética Puberdade +
Hx familiar Ambiente DIABETES
SOP TIPO 2
LIG
Insulino Insulina Insulina função Resistência + + céls β toler. glic. N glic. pp
glucotoxicidade lipotoxicidade autoimunidade latente Pediatria II
“A junção de factores de risco para doença
cardiovascular à insulinoresistência e diabetes
pode resultar num risco elevado para eventos
coronários e aumento da mortalidade no adulto
jovem”
• ISPAD, consensos 2009
Co-morbilidades/Complicações
Co-morbilidades: características da resistência à insulina Aparecimento precoce
( rastreio precoce ≠DMtipo 1): Micro/macro albuminuria (desde o dx→anual)
HTA (desde o dx→anual)
Dislipidémia (qdo estabilidade metabólica)
Esteatose hepática não alcoólica (desde o dx→anual)
Puberdade/alts menstruais
Apneia obstrutiva do sono (desde o dx→anual)
Pediatria II
Diabetes tipo 2 - Terapêutica
Mudança de estilo de vida
Entender as implicações da obesidade e DMtipo2 Compreender crenças/atitudes na saude
Mudanças razoáveis e progressivas mas permanentes (recompensa)
Mudar quantidade/qualidade da comida, comportamento alimentar e exercício físico
Diabetes tipo 2 -
Terapêutica
Medidas dietéticas
Redução/abolição de refrigerantes /sumos
Hábitos alimentares saudáveis para toda a família e
exercício físico (exemplo; não usar comida como recompensa)
Refeições em família, sentados, sem outras actividades Controle de porções; ↓comida com ↑calorias e gordura
(poupar! ler rótulos)
NÃO CULPAR
Pediatria II
Diabetes tipo 2 - Terapêutica
Exercício físico
Programa diário individualizado e com metas razoáveis
(escadas, andar a pé, usar transportes, trabalhos domésticos…pedómetros)
↓ TV/computador
Quebrar ciclo vicioso (peso↔↓actividade) Toda a família
Avaliar regularmente (reforço positivo)
Diabetes tipo 2 - Monitorização da
glicémia
Plano individual
Jejum e pós-prandial
Mais frequente se doença ou sintomas (hiper ou
hipoglicémia) e/ou medicação
HbA1c 2-4x/ano
Pediatria II
Diabetes tipo 2 - Terapêutica
farmacológica
Em conjunto com as outras medidas terapêuticas
• ↓insulinoresistência • ↑secreção de insulina
• absorção pós-prandial de glucose mais lenta
ADO - Não usar na gravidez
Crianças/adolescentes:
Diabetes tipo 2 - Terapêutica
farmacológica
Biguanidas - metformina
↓gluconeogénese (↓ produção deglucose hepática)
↑absorção de glucose pelo musculo e
tec adiposo
Anorexia inicial → ↓peso ↓Hba1c (1-2%)
Efeitos gastrointestinais (dor abdominal, diarreia, nauseas) - ↑progressivo, após comida
Pediatria II
Diabetes tipo 2 -
Terapêutica farmacológica
Insulina
Se controle inadequado com ADO Com metformina (↑sensibilidade à
insulina)
Análogo de rápida/glargina (lenta, sem pico)
Hipoglicémia, aumento ponderal…
Cirurgia bariátrica (banda ou
bypass)
Pode justificar-se em situações em que as comorbilidades relacionadas com a obesidade ameaçam a saúde do adolescente:
• IMC≥35kg/m2 com co-morbilidade grave que tenha efeitos significativos sobre a saúde a curto prazo: apneia obstrutiva do sono grave, DMtipo2, pseudotumor cerebri, esteatohepatite grave e progressiva
• IMC>≥40kg/m2 com co-morbilidades de menor gravidade
Pediatria II
Prevenção da DM tipo2
Pediatria II