DÍVIDA PÚBLICA FEDERAL E
DÍVIDA DOS ESTADOS: onde está
a ameaça?
O que é DÍVIDA PÚBLICA?
É o resultado das
operações financeiras
realizadas
pelos órgãos do setor público com o objetivo de:
Atender a desequilíbrios no orçamento corrente Financiar o investimento público
Capitalizar bancos públicos
Operar a política monetária e cambial - controle da
liquidez para definição da taxa de juros e compra de
reservas internacionais (operações compromissadas).
Sofre o impacto de flutuações na taxa de juros, taxa de câmbio, PIB e superávit primário.
EXISTEM 3 CONCEITOS DE DÍVIDA:
1º Conceito:
DÍVIDA LÍQUIDA DO SETOR PÚBLICO (DLSP)
É a diferença entre passivos (obrigações) e ativos financeiros do setorpúblico não-financeiro (exclusive Petrobras desde maio/2009);
Reúne a administração direta, autarquias, fundações do Governo
Federal, Estados e Municípios, sistema previdenciário, Banco Central, estatais do setor produtivo (exceto Petrobras desde 2008)
Nesse conceito, as dívidas intragovernamentais são excluídas, de
forma a mensurar unicamente a dívida do Setor Público junto aos agentes privados.
Em resumo, a DLSP é um conceito de endividamento líquido, que
abrange a quase totalidade do Setor Público brasileiro.
É o indicador utilizado em análises de sustentabilidade fiscal e de
capacidade de pagamento do Setor Público brasileiro.
2º conceito de DÍVIDA PÚBLICA
DÍVIDA BRUTA DO GOVERNO GERAL (DBGG)
Contabiliza apenas os passivos; Refere-se ao governo geral (União, Estados e Municípios), o que exclui
o BC e todas as empresas estatais.
Inclui os títulos públicos emitidos para fins de política monetária
(operações compromissadas do BCB) que, no caso do Brasil, são o originários do Tesouro e não do BCB(uma exceção mundial).
Exclui dívida mobiliária na carteira do BCB.
A DBGG é um indicador de endividamento que não captura
perfeitamente a capacidade de pagamento do Governo Geral, uma vez que desconsidera seus ativos líquidos, mas pode ser útil nos casos em que parte relevante dos ativos de um determinado ente tenham liquidez reduzida.
A DBGG atingiu, em dezembro de 2015, montante equivalente a 66,2%
Fatores condicionantes da DLSP/PIB
Resultado primário
Juros nominais
Câmbio
Dívida interna indexada ao câmbio
Dívida externa
Dívida externa
Reconhecimento de dívidas
Privatização
Variação da DLSP e o Câmbio
01/96 01/97 01/98 01/99 01/00 01/01 01/02 01/03 01/04 01/05 01/06 01/07 01/08 -60 -40 -20 0 20 40 60 80 100 120Gráf ico 1: Variações na DLSP e Ajustes Patrimoniais
Variações na DLSP Ajustes Patrimoniais
Fonte: Banco Central do Brasil
R $ B ilh õ e s
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016*
1.120 1.212 1.168 1.363 1.542 1.508 1.550 1.626 1.883 2.137 2.315
(*) Posição em março.
DÍVIDA LÍQUIDA DO SETOR PÚBLICO : 2006 - 2016
R$bilhões correntes
Fonte: Banco Central. Valores da dívida exceto Petrobras. Posição em dezembro. Metodologia adotada a partir de 2008.
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016*
46,3 44,5 37,6 40,9 38,0 34,5 32,3 30,6 33,1 36,1 38,9
(*) Posição em março.
Fonte: Banco Central. Valores da dívida exceto Petrobras. Posição em dezembro. Metodologia adotada a partir de 2008.
DÍVIDA LÍQUIDA DO SETOR PÚBLICO : 2006 - 2016
Ano Crédito junto ao BNDES Crédito junto às Estatais Reservas Internacion ais US$milhões 2006 9.953 20.041 84.463 2007 6.645 18.805 163.526 2008 35.454 18.977 190.929 2009 129.237 16.518 228.644 2010 236.723 15.274 276.148 2011 302.225 14.430* 352.012 2012 371.673 9.927 362.064 2013 413.012 8.121 358.808 2014 487.862 7.454 354.805 2015 514.515 7.769 348.844 2016* 505.043 7.521 351.431
Fonte: Banco Central
(*) Posição em abril.
CREDITOS DO GOVERNO
2006 1 073 652 2007 1 204 314 2008 1 236 732 2009 1 369 262 2010 1 569 450 2011 1 746 630 2012 1 871 346 2013 1 990 128 2014 2 068 547 2015 2 609 104 2016 (mar) 2 710 659
Fonte: Banco Central.
Posição em dezembro -R$milhões
DIVIDA MOBILIÁRIA FEDERAL em mercado
Metodologia utilizada a partir de 2008
% do PIB 2006 150 587 6,2 2007 116 764 4,3 2008 145 010 4,7 2009 111 440 3,3 2010 109 397 2,8 2011 108 385 2,5 2012 129 060 2,7 2013 149 659 2,8 2014 189 294 3,3 2015 262 411 4,4 2016 (mar) 242 579 4,1 Em R$milhões - posição em dezembro
DÍVIDA EXTERNA LÍQUIDA DO SETOR PÚBLICO
Banco Central -
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016*
-3,2 -3,2 -3,3 -1,9 -2,6 -2,9 -2,8 -1,7 0,6 1,9 2,3
Obs.: Resultado positivo é superávit. Fonte: Banco Central.
(*) Até março
Necessidade de Financiamento do Setor Público - Resultado Primário
Acumulado no ano em 12 meses. Em % do PIB.
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016*
-75,9 -88,1 -100,6 -64,8 -101,7 -128,7 -105,0 -91,3 32,5 111,2 136,0
Acumulado em 12 meses. Em R$ bilhões
Evolução da dívida líquida - fatores condicionantes - Setor público consolidado
Fluxos acumulados no ano. Posição em dezembro.
R$ milhões Discriminação 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016* Dívida líquida total - saldo 1 120 053 1 211 762 1 168 238 1 362 711 1 475 820 1 508 547 1 550 083 1 626 335 1 883 147 2 136 888 2 314 843 Dívida líquida - var. ac. ano 80 007 91 710 - 43 524 194 472 113 109 32 727 41 536 76 252 256 812 253 741 177 955 Fatores condicionantes:1/ 80 007 91 710 - 43 524 194 472 113 109 32 727 41 536 76 252 256 812 253 741 177 955
NFSP 86 010 74 460 61 927 106 242 93 673 107 963 108 912 157 550 343 916 613 035 91 128 Primário - 75 915 - 88 078 - 103 584 - 64 769 - 101 696 - 128 710 - 104 951 - 91 306 32 536 111 249 5 771 Juros nominais 161 925 162 538 165 511 171 011 195 369 236 673 213 863 248 856 311 380 501 786 85 357 Ajuste cambial - 6 656 21 396 - 78 426 80 886 17 677 - 66 626 - 56 560 - 95 923 - 96 075 - 385 743 106 149 Dívida interna indexada ao câmbio - 2 222 - 2 432 3 180 - 3 414 1 513 - 3 405 - 3 171 - 4 643 - 2 835 - 16 568 2 088 Dívida externa - metodológico - 4 434 23 828 - 81 606 84 300 16 163 - 63 221 - 53 389 - 91 280 - 93 239 - 369 175 104 060 Dívida externa - outros ajustes2/ 3 078 - 2 252 - 26 394 10 907 1 533 - 9 097 - 5 011 17 600 12 481 21 830 - 17 565 Reconhecimento de dívidas - 375 - 630 135 - 345 2 969 487 - 5 805 - 2 427 - 3 511 4 619 - 1 757 Privatizações - 2 049 - 1 265 - 767 - 3 217 - 2 742 0 0 - 547 0 0 0
PIB acumulado em doze meses - corrente2 409 450 2 720 263 3 109 803 3 333 039 3 885 847 4 373 658 4 805 913 5 316 455 5 687 309 5 904 331 5 956 348
2/ Inclui ajuste de paridade da cesta de moedas que integram as reservas internacionais e a dívida externa, e demais ajustes da área externa. Fonte: Banco Central.
Por que cai o resultado primário?
Comportamento ascendente das despesas
partir
de 2009, o que se acelerou a partir de 2014 (medidas
em %PIB). Oscilavam entre 9% a 10% PIB até 2009.
Alcançaram o valor de 12,2% PIB em 2015 (exceto
RGPS).
Onde se concentrou o aumento entre 2002 e 2015?
Área social: abono e seguro desemprego, RMV,
Bolsa Família, Previdência;
Investimentos prioritários: PAC e PPI.
Subsídios, Subvenções e PROAGRO (com a
equalização de passivos junto aos bancos públicos)
Gasto com Educação expandiu-se (medida em % PIB),
mas com Saúde, estagnou. Houve forte redução em
Pessoal e Encargos Sociais.
O ano de 2015
As despesas cresceram em
2,1%
em termos reais,
apesar:
do elevado contingenciamento (R$79,5 bilhões ou 1,3%
PIB); atingiu principalmente os Ministérios das Cidades, Educação, Saúde, Transportes e Defesa
das reformas realizadas no seguro desemprego, abono
salarial, seguro defeso, pensão por morte, auxílio doença, aposentadoria por tempo de contribuição;
da redução na desoneração da folha de pagamentos
(vigência a partir de dezembro de 2015);
da redução de auxílio à CDE, fruto do reequilíbrio
Equacionamento de Passivos junto aos bancos
públicos BNDES, BB e CEF e junto ao FGTS
As despesas cresceram por conta do equacionamento
dos passivos da União junto aos bancos públicos,
determinado pelo TCU, que foi realizado em 2015, no
montante nominal de
R$72,4 bilhões
.
Total pago:
R$72,4 bilhões
, sendo R$55,6 bilhões de
valor atualizado do passivo e R$16,8 bilhões de
obrigações de 2015.
FGTS = R$22,6 bi
BNDES = R$30 bi
Banco do Brasil (Safra Agrícola e Títulos e
Créditos a Receber do TN)= R$18,2 bi
Fontes de recursos utilizadas no pagamento dos passivos:
R$ 70,9 bi pagos com recursos da Conta Única do Tesouro, sendo R$ 21,1 bilhões com recursos de títulos emitidos
anteriormente (sem necessidade de nova emissão) e R$ 49,8 bilhões relativos às demais fontes da Conta Única. O valor restante, R$ 1,5 bilhão, foi pago por meio de emissão direta de títulos em favor do BB.
Sob a ótica orçamentária, foi necessária a abertura de
Créditos Extraordinários no valor de R$ 35,1 bilhões (MP nº 702/2015), uma vez que os pagamentos extrapolavam o
valor orçamentário.
Sob a ótica fiscal, ocorreu a alteração da LDO 2015 para
que os pagamentos realizados fossem abatidos da meta de superávit primário, permitindo que não afetassem o
Solução para o desequilíbrio fiscal (STN):
Para o Tesouro Nacional, “o desequilíbrio estrutural
nas dinâmicas de receitas e despesas, que se
aprofundou nos últimos anos, requer reformas
estruturais para o seu equacionamento. Nesse
contexto, questões como crescimento dos benefícios
previdenciários, o grau de vinculações orçamentárias, e
a manutenção de renúncias fiscais, dentre outros,
devem ser discutidas com o objetivo de contribuir para
o futuro reequilíbrio fiscal”.
FONTES DE PRESSÃO E ALÍVIO SOBRE A
DLSP/PIB no período recente
Pressão sobre o passivo:
Emissão de títulos p/ capitalização do BNDES e empresas estatais; Emissões de títulos p/ adquirir reservas internacionais (operações compromissadas);
Emissões de títulos p/regular
a liquidez da economia;
Juros altos
Alívio sobre a dívida
Crescimento do PIB;
Superávit primário elevado; Redução da dívida pública
externa e das empresas estatais;
Redução da dívida interna
atrelada ao dólar.
Aumento dos ativos “créditos do Tesouro junto ao BNDES”
e “reservas internacionais”;
Considerações finais – onde está a
ameaça?
Não há ameaça na dívida pública.
A DLSP é essencialmente interna;
Parte tem patrocinado investimentos produtivos e
acúmulo de reservas internacionais;
Nenhuma exposição às flutuações cambiais negativas É, entretanto, fonte de brutal transferência de renda de
toda a sociedade ao setor financeiro, por significar acúmulo de riqueza financeira sob a forma de títulos públicos.
Profa. Denise L. Gentil
A sociedade paga a conta, tanto por meio dos tributos
quanto por meio dos serviços que deixa de receber e
não sabe de nada.
Que dívidas são essas? A que se destinam?
Quando e como foram contraídas? Sob quais
condições?
Onde foram aplicados os recursos?
RENEGOCIAÇÃO DA DÍVIDA DOS ESTADOS NO FIM DOS
ANOS 1990
Gênese: Cartas de Intenções de dezembro/1991 com o FMI.
O endividamento justificava o amplo processo de privatização. Privatização e endividamento sempre estiveram atrelados.
Em 1997 houve uma grande negociação da dívida dos
estados com base na Lei nº 9.496/97 – A União assumiu a dívida dos estados com o mercado.
Parte importante dessa dívida era composta de passivos de
bancos estaduais que foram privatizados. Os governos dos estados assumiram as dívidas dos bancos e passaram a
dever à União.
A escalada da dívida de estados e municípios:
três exemplos.
Santa Catarina tinha uma dívida com a União de R$ 4 bi. Pagou R$13 bi
e ainda deve R$ 15 bi;
O estado de Minas Gerais, tinha uma dívida com a União de R$ 93 bi
no fim da década de 1990. Pagou R$ 300 bi e ainda deve R$553 bilhões;
São Paulo tinha uma dívida com a União de R$46 bilhões. Pagou R$130
bilhões e ainda deve R$ 225 bilhões.
O Rio Grande do Sul tinha uma dívida inicial com a União de R$ 9
bilhões. Pagou R$ 25 bilhões e ainda deve R$52 bilhões;
Grande parte dos estados sequer tem conseguido pagar a totalidade
dos juros devidos anualmente; a parte não paga se transfere para o estoque da dívida, sobre a qual incidem novos juros, impactando o estoque e transformando essa dívida numa “bola de neve” – juros sobre juros;
Multiplicação das dívidas refinanciadas – apesar de já terem sido
pagas múltiplas vezes, o saldo devedor ressurge muito superior ao valor refinanciado. “AGIOTAGEM OFICIAL”.
Fonte: FATTORELLI, M. L. (2016). Nota Técnica da Auditoria Cidadã da Dívida nº
1/2016
A ESCALADA DA DÍVIDA DOS
ESTADOS
Condições da renegociação da dívida dos estados:
Obrigou os estados a privatizarem os bancos (PROES); Obrigou os estados a privatizarem ,
empresas estaduais; São Paulo, p. ex. privatizou a Cesp, Comgás,
Eletropaulo, CPFL, Ceagesp, Cepasa e o Banespa. Entregou os recursos da privatização para a União para pagar a sua dívida com o Tesouro Nacional.
Ajuste fiscal: corte de gastos com pessoal, custeio e
investimento;
Refinanciaram a dívida mobiliária dos estados: títulos por seu
valor de face;
Saldo devedor corrigido pelo IGP-DI sobre o qual recaíram juros
de 6% a 9% a.a.
Se os estados não pagassem a União reteria os repasses do FPE. CONCLUSÃO: A União adota lógica meramente financeira.
Juros excessivos; carga excessiva aos estados e ganhos financeiros desproporcional à União; desrespeito ao federalismo.
Políticas econômicas em nível federal afetam fortemente os estados da federação: ameaça ao pacto federativo.
O crescimento da dívida com a União fez com que vários estados
contraíssem dívida externa (com o Banco Mundial e bancos privados) menos onerosas;
As desonerações concedidas em âmbito federal afetam a transferências
tributária aos Estados: reduções do IPI afetam o cálculo do Fundo de Participação dos Estados.
A Lei Kandir: isenção do ICMS sobre as exportações de produtos
primários e semielaborados ou serviços. Perda para os estados exportadores.
A exigência de privatização dos bancos estatais retirou dos estados a
possibilidade de se auto financiarem e de realizarem políticas monetárias setoriais com juros reduzidos;
Exigência de ajustes fiscais destinaram, para o pagamento da dívida,
recursos que deveriam ir para a área social, o que deteriorou serviços públicos essenciais nas áreas de saúde, educação, segurança e transporte.
Há a exigência de transformar os fundos públicos de previdência dos
A dívida dos estados tem sido paga de várias formas:
Com carga tributária elevada;
Com a ausência de serviços públicos de qualidade; Com corte de gastos sociais;
Negativas de reajustes salariais para servidores; Negativas de reajustes de aposentados.
RENEGOCIAÇÃO DA DÍVIDA DOS ESTADOS NO GOVERNO
DILMA ROUSSEFF (início em 2013 com projeto de lei)
Lei Complementar nº 148 de novembro de 2014:
Modificações:
Mudança do indexador:
saldo devedor passaria a ser
corrigido pelo IPCA ou taxa Selic, o que for menor +
Taxa de juros de 4% a.a.
Alongamento das dívidas dos estados
com a União
por mais 20 anos e com o BNDES por mais 10 anos.
Abatimento, nos 2 primeiros anos de contrato, de
40% nas parcelas mensais. Mas, não é perdão de
dívida. Será distribuído nas prestações seguintes.
RENEGOCIAÇÃO DA DÍVIDA DOS ESTADOS NO GOVERNO
DILMA ROUSSEFF –
CONTRAPARTIDA DOS ESTADOS
Não poderão contrair dívidas (por tempo equivalente ao dobro do
período do benefício – 4 anos);
Redução em 10% a despesa mensal com cargos de livre provimento em
relação a junho de 2014;
Proibição de concessão de aumentos salariais p/ servidores estaduais; Não poderão nomear novos servidores, exceto para reposição de
aposentados e falecidos;
Limitarão o crescimento de despesas à variação da inflação; Aprovação de uma Lei de Responsabilidade Fiscal dos Estados; Instituição de um regime de previdência complementar para os
servidores estaduais;
Aumento gradual de 11% para 14% na contribuição previdenciária paga
pelos servidores;
A revolta dos governadores
A quase totalidade do orçamento dos estados estão comprometidos com pagamentos de salários e juros dadívida. RJ é o estado em pior situação(92% da receita corrente
líquida). Em 2016, a fatia será maior do que a arrecadação prevista, de R$45 bilhões.
Entraram no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma ação
para alterar o método de cálculo das dívidas dos Estados: troca de juros compostos por juros simples para determinar os
valores devidos à União.
As perdas para a União ultrapassariam os R$400 bilhões.
Estados e municípios transferiram para a União cerca de R$37 bilhões
em 2015 para o pagamento de suas dívidas.
Ministro do STF, Fachin, concedeu liminar para que SC, RGS e MG não
sejam punidos ao realizar o pagamento de suas dívidas com base nos juros simples.
RJ, RGS, SC e AL propõem moratória: suspensão do pagamento
por um ano do pagamento dos débitos c/ o governo federal.
Em 27/abril2016 o STF determinou a suspensão por 2 meses
para que seja negociada uma nova maneira de se quitar as dívidas.
Resumo dos indícios de ilegalidades e ilegitimidades que
recaem sobre a dívida dos Estados (Fattorelli, 2016):
Desrespeito ao Federalismo: A exagerada remuneração nominal estabelecida na Lei 9.496/97 impôs ônusexcessivo aos Estados e Municípios, muitas vezes superior à remuneração recebida pela União sobre empréstimos feitos pelo BNDES a empresas privadas, por exemplo.
Desrespeito à Sociedade: O mesmo princípio que
impede a cobrança de tributos entre os entes federados (Constituição Federal, art. 150, VI, “a”) deve ser aplicado em relação à cobrança de juros entre entes federados, pois tal ônus recai sobre o cidadão. A separação entre União, Estados e Municípios é meramente organizativa, já que somos uma federação indissociável, sendo impossível que o cidadão viva em um município e não viva em um estado ou no país.
Resumo dos indícios de ilegalidades e ilegitimidades que recaem sobre a dívida dos Estados (Fattorelli, 2016): Cobrança de juros sobre juros: a exigência de exagerada remuneração tem continuamente transformado parcelas
de juros em nova dívida, sobre a qual passam a incidir novos juros, caracterizando-se a prática de anatocismo, ilegal conforme súmula 121 do STF, de 1963, que assim se pronunciou: “É vedada a capitalização de juros, ainda que expressamente convencionada”.
Cobrança de juros superiores aos autorizados pelo
Senado (erro no programa de cálculo);
Remuneração nominal exorbitante: atualização
monetária mensal e cumulativa do estoque da dívida pelo IGP-DI e em cima dessa atualização, aplicação dos juros reais. Eternização das obrigações;
Resumo dos indícios de ilegalidades e ilegitimidades que recaem sobre a dívida dos Estados (Fattorelli, 2016):
Exigência de robustas garantias: O pagamento das
dívidas dos entes federados tem como garantia as
transferências constitucionais obrigatórias devidas pela União (FPE e FPM), o que
significa que
o risco deinadimplência é nulo, não justificando cobrança de remuneração tão abusiva.
Desconsideração do valor de mercado dos títulos
estaduais e municipais: A União considerou 100%
do seu valor nominal, o que representou transferência
de recursos públicos para o setor financeiro privado.
Foram ignoradas as práticas fraudulentas: CPI dos
Resumo dos indícios de ilegalidades e ilegitimidades que recaem sobre a dívida dos Estados (Fattorelli, 2016):
Assunção de dívidas privadas representadas por passivo de
bancos estaduais no esquema PROES;
Desconsideração dos antecedentes: Não foram considerados
os impactos da política monetária federal, principalmente no início dos anos 90, que provocou crescimento astronômico da dívida dos Estados antes da negociação, evidenciando
co-responsabilidade da União.
Ausência de cláusula do equilíbrio econômico-financeiro
do contrato: a União não estabeleceu tal cláusula para proteger
os entes federados.
Condições diferentes para cada Estado: A taxa de juros reais
variou de 6% a 7,5%, e o comprometimento da receita dos Estados variou de 11,5% a 15%, o que comprova a ausência de isonomia entre os diversos entes federados.
Conclusão:
O endividamento dos estados da federação se transformou num
instrumento de financeirização: não gera contrapartida real
em bens e serviços para a população; funciona como um veículo de contínua subtração de recursos para benefício do setor
financeiro privado.
A operação desse sistema tem submetido a população à
exclusão de direitos sociais básicos, porque a dívida pública consome grande parte do Orçamento dos estados.
Uma redução de apenas 1 ponto percentual nos juros incidentes
sobre a dívida federal representaria um alívio de cerca de R$ 40 bilhões anuais aos cofres federais, cifra muito superior ao que a União arrecadada anualmente de todos os entes federados