Perspetiva do oncologista médico
Catarina Pulido, Serviço de Oncologia – Hospital da Luz Lisboa
catarina.pulido@hospitaldaluz.pt
CANCRO DO PÂNCREAS
Localmente avançado e
Conflito de interesse
Avaliação inicial
•
Idade
•PS ECOG
•
Sintomas (incluindo psicológicos e
obstrutivos)
•
Suporte social
•Comorbilidades
•História familiar
•
Prioridades e preferências do doente
•
Diagnóstico patológico
•TC TAP
•
CA 19.9
•
Função medular, renal, hepática,
cardíaca, neurológica e metabólica
Estatística dos EUA
52% 29% 10% 9%Estádio ao diagnóstico
Metastático Regional Localizado Desconhecido 32% 12% 3% 5% 0% 10% 20% 30% 40%Sobrevivência global aos 5 anos
Tipos de Evans et al.
Ressecabilidade
Estratégia inicial
Ressecáveis
R0
Cirurgia*
Borderline ressecáveis
R1/R2
Neoadjuvância
Localmente avançados tipo A
down-sizing?
Após
Indução
Localmente avançados tipo B
Irressecáveis
Paliação
*Considerar neoadjuvância se:
1) primário volumoso;
2) CA 19.9 >100-400;
3) achados radiológicos inespecíficos;
4) N+ volumoso;
5) perda ponderal excessiva;
• As NOCs actuais recomendam QT neoadjuvante nos ADCP BR e LA.
• mOS 28,0 meses após ressecção curativa e QT adjuvante.
1• 35-46% dos doentes não completam QT adjuvante.
1• Recidiva local precoce devido a alta taxa de cirurgias R1 (17-60%).
1,2Ponto de situação
Modelo computacional de cancro do pâncreas
Crescimento exponencial inicial:
mesmo tumores pequenos apresentam metastização antes da cirurgia
• Downstaging
– Aumentar a radicalidade cirúrgica
– Converter LA
• Reduzir a recidiva local
• Aumentar o nº de doentes que recebe
terapêutica multimodal
• Reduzir os ajustes de dose e violações de
protocolo
• Tratar precocemente a micrometastização
• Poupar da cirurgia aqueles com doença
metastática indetectada ou doença
rapidamente progressiva
• Compreender a biologia do tumor
• Testar a reserva fisiológica do doente
• Aumentar a sobrevivência global
Limitações da evidência
disponível
•
Ausência de dados de ensaios de fase III
•
A maioria dos estudos são antigos, unicêntricos e utilizam
critérios de inclusão diversos e quimioterapia menos eficaz
que a actual
•
Controvérsia na definição de ressecabilidade
•
Controvérsia na definição dos endpoints para ensaios de
neoadjuvâcia
•
Após a cirurgia: sem evidência sólida para QT ou QRT
•
Considerar se recuperação completa e R1?
–
CTC – sensibilidade 38-100%
2–
ctDNA – sensibilidade 26-100%
2–
Oportunidades:
•
Rastreio
•
Diagnóstico
•
Desenvolvimento de linhas celulares
•
Detecção de alvos terapêuticos
•
Orientação terapêutica
•
Prognóstico
–
Desafios:
•
Melhor plataforma?
•
Melhores marcadores genéticos?
•
Ensaios prospectivos
•
Estudos de concordância: KRAS (n=39):
– taxa mutação plasma/soro 23% vs. tumoral 72%
3– concordância plasma/soro - tumor 32%.
31. Hewitt MJ, et al. Gastrointest Endosc. 2012; 75(2):319-31. 2. Lewis AR, World J Gastroenterol. 2016;22(32): 7175-7185. 3. Bettegowda C, eta l. Sci Transl Med. 2014;6(224):224ra24.
n=4984 doentes
Sensibilidade 85%
Avaliação de resposta radiológica
• Estudo retrospectivo, MD Anderson 2005-2010:
– Borderline ressecáveis n incluídos = 129 (mOS 22meses, IC 95% 14-30
meses)
– Avaliação RECIST 1.1 após neoadjuvância (QT /QRT) = 122
• RP = 12% (n=15)
• DE = 69% (n=84)
• PD = 19% (n=23)
• Conversão a ressecável = 0,8% (n=1)
• Pancreatectomia =66% (n=85) (mOS 33 meses, IC 95% 25-41 meses)
– R0 = 95% (n=81)
– R1 = 5% (n=4)
• Downstaging radiológico é raro
• Resposta RECIST não é um end-point efectivo
• Borderline ressecáveis submetidos a QT/QRT neoadjuvante com bom PS e comorbildiades optimizadas,
sem metastização, devem ser operados
Avaliação de resposta patológica
•
Estudo retrospectivo, Julho 1987-Maio 2009, n=107
ADCP submetidos a QRT neoadjuvante seguida de
cirurgia
•
Rácio fibrose/células neoplásicas (%):
–
Reposta minor = 1-49% fibrose
• 17% (n=18)
–
Resposta parcial = 50-94% fibrose
• 64% (n=68)
–
Resposta major >=95% fibrose
• 19% (n=21), incluindo RPC 7% (n=8)
•
Análise multivariada: resposta major associada a
aumento da sobrevivência (HR 2,26, p=0,025).
Russo S, et al. Future Oncol. 2016;12(5), 669–685.
Ensaios de
neoadjuvância
incluindo
borderline
ressecáveis
Ensaios de neoadjuvância incluindo
borderline ressecáveis
Referência N Neoadjuvância Adjuvância Ressecados (%) mOS ITT (meses) mOS ressecados (meses)
Golcher et al. Strahlenther Onkol.
2015
33
33 G + Cis + RT 0 GG 19 (57)23 (70) 14,4 (p=0,96)17,4 18,9 (p=0,79)25,0 Itchins et al. Eur J
Surg Oncol. 2017 13387 AG / G / FOLFIRINOX0 QT / QRT / RTQT / QRT / RT 69 (79) 26,9 (p=0,58)25,9 29,226,9
Metaanálise: sobrevivência e ressecabilidade
Análise combinada de pontuação de propensão
mOS NAT = 26 meses
mOS UR + AT = 23 meses
p<0,01
Análise combinada de pontuação de propensão
Estadio clínico I
N = 3149 (36,2%)
Estadio clínico II
N = 5065 (58,2%)
Estadio clínico III
N = 486 (5,6%)
Unmatched
N = 3149 (36,2%)
N = 3149 (36,2%)
Matched
Neoadjuvância e toxicidade
1. Gillen S, et al. PLoS Med. 2010;7(4):e1000267. 2. Neoptolemos JP, et al. Lancet . 2017;10073(389):1011-1024
Ensaios NA em curso
Fase
Neoadjuvância braço 1
Neoadjuvância braço 2
Adjuvância
NCT01821612 (A021101) II mFOLFIRINOX – QRT (CAP) - GEM
NCT02676349
(PANDAS-PRODIGE 44) II mFOLFIRINOX mFOLFIRINOX – QRT (CAP) GEM / mLV5-FU
NCT02125136 II mFOLFIRINOX - GEM
NCT02241551 II GEMNAB - SBRT mFOLFIRINOX - SBRT 0
NCT01521702 (NEOPAC) III GEM + Ox - GEM
NCT02562716 (SWOG S1505) FOLFIRINOX AG FOLFIRINOX / AG
NCT89500674 (ESPAC-5) II A: UR, B: GEMCAP, C: FOLFIRINOX, D: QRT(CAP) A: CAP/5FU
NCT01150630 (PACT-15) II/III A: UR, B: UR, C: PEXG A: GEM, B: PEXG, C: PEXG
NCT01900327 (NEOPA) III QRT (GEM) UR GEM
NCT02172976 (NEPAFOX) II/III FOLFIRINOX UR FOLFIRINOX / GEM
NCT02243007 (Mass General) II FOLFIRINOX – QRT (CAP) GEMNAB – QRT (CAP) 0
NCT02047513 (NEONAX) II GEMNAB UR GEMNAB x 4/6 meses
NCT01470417 (GAIN-1) II GEMNAB 2 ciclos (risco: 4 ciclos) GEMBAB 2 ciclos (risco: -QRT (GEM)) 0
NCT01294358 (RECLAP) I GEM intra-arterial x 12 sessões - 0
NCT01065870 II/III GTX GTX – QRT (GX) 0
NCT02241551 II GEMNAB mFOLFIRINOX SBRT
NCT03038477 II QT - QT - Durvalumab / 0
NCT02487277 II GEMNAB + PEGPH20 - 0
GEM – gencitabina, GEMNAB – gencitabina + paclitaxel, Ox – oxaliplatina, UR – upfront resection, CAP – capecitabina, GTX – gencitabina + docetaxel + capecitabina, PEXG – cisplatina + epirrubicina + capecitabina + gencitabina.
Localmente avançado tipo A
•
2000–01 FFCD/SFRO study: QRT indução seguida de QT manutenção < QT
1
•
ECOG-4201: QRT > QT
2
•
MD Anderson: QT de indução seguida de QRT promissora
3
•
Revisão sistemática qualitativa
4
:
– QRT vs. BSC: aumenta OS mas mais tóxica;
– QRT vs. RT: aumenta OS mas mais tóxica;
– QRT vs. QT: não aumenta OS mas sim toxicidade;
– QT indução seguida de QRT: aumenta OS.
•
Metaanálise de Suker et al
5
(inclui tipo B):
– Ressecabilidade 28% (R0 74%)
– mOS FOLFIRINOX 24 meses vs. 6-13 GEM.
•
Recomendação = borderline ressecáveis (QT ou QT-QRT ou QRT)
1. Loehrer PJ, et al. J Clin Oncol. 2011;29(31):4105-4112. 2. 3. Krishnan S, et al. Cancer. 2007;110(1):47-55. 4. Huguet F, et al. J Clin Oncol. 2009;27:2269-2277. 5. Suker M, et al. Lancet Oncol. 2016;17(6): 801–810.
Tumores borderline ressecáveis e LA tipo A
Reunião Multidisciplinar
Ensaio Clínico Cirurgia QT neoadj. QRT neoadj. RT BSC
R0 R1 QT QR T Reavaliação imagiológica PD Não PD 1ªL Met. Cirurgia R0 R1 QT QRT
Hidalgo M, et al. Clin Transl Oncol. 2017;19(6):667-681.
QT QRT R2
Localmente avançado tipo B
Recomendações
– Ensaio clínico
– QT de indução: GEMNAB ou
FOLFIRINOX (se PS 0-1) 6 meses:
•
Resposta ou estabilização: QT ou
QRT ou SBRT
•
Progressão local ou toxicidade: QRT
ou SBRT
•
Progressão sistémica: 1ª linha
metastática
– QRT/SBRT
– RT paliativa (5-10fr) se sintomas
locais proeminentes
Evidência
•
Extrapolação dos ensaios 1ªL met.
•
Revisão sistemática qualitativa
1:
•
QRT vs. BSC: aumenta OS mas mais
tóxica;
•
QRT vs. RT: aumenta OS mas mais
tóxica;
•
QRT vs. QT: não aumenta OS mas sim
toxicidade;
•
QT indução seguida de QRT: aumenta
OS.
•
Metaanálise de Suker et al
2(inclui tipo B):
•
mOS FOLFIRINOX 24 meses vs. 6-13
GEM.
Zhu Cp, et al.Radiotherapy and Oncol. 2011;99:108-113.
Terapêutica estratificada
Phase II Trial of Cetuximab, Gemcitabine, and Oxaliplatin Followed by Chemoradiation With Cetuximab for Locally Advanced PDAC: Correlation of Smad4(Dpc4) Immunostaining With Pattern of Disease Progression