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LIMIAR GLICÊMICO DURANTE A REALIZAÇÃO DE TESTE INCREMENTAL DE EXERCÍCIO RESISTIDO EM PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO

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Recebido em: 27/02/2009 Emitido parece em: 28/03/2009 Artigo original

LIMIAR GLICÊMICO DURANTE A REALIZAÇÃO DE TESTE INCREMENTAL DE

EXERCÍCIO RESISTIDO EM PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO

Diego Marquine Moreno1, Gabrielle Rota1, Olga de Castro Mendes1. RESUMO

A resposta da glicemia durante o exercício progressivo, especificamente o menor valor glicêmico, denominado de limiar glicêmico (LG), tem sido considerado como um bom preditor do limiar anaeróbio (LA). Porém, sabe-se pouco a respeito do comportamento dessas curvas no exercício resistido. Este estudo tem como objetivo determinar o LG de praticantes de musculação durante a realização de teste incremental do exercício resistido agachamento, executado no hack squat (HS) - amplitude de 90º. Participaram da pesquisa 11 indivíduos do sexo masculino, praticantes de musculação. Foi realizado o teste de uma repetição máxima (1RM) no HS e as medidas de estatura, massa corporal, dobras cutâneas e circunferências. Para a determinação do LG utilizou-se teste crescente de exercício resistido iniciado em uma carga de 10% de 1RM, com acréscimos posteriores de 5% a cada estágio, com duração de um minuto e dois minutos de intervalo passivo, tempo destinado à coleta de sangue e ao acréscimo de novas cargas. O movimento foi executado numa frequência de 20 repetições por minuto, controlado por sinal sonoro com auxílio de um programa de computador que simula um metrônomo. O final do teste foi determinado pela incapacidade de realizar o número de repetições completas. No repouso e entre cada carga foi coletada uma gota de sangue arterializado, utilizando a fita do glicosímetro portátil OneTouch Ultra®, sendo a análise da glicemia imediata, com resultado dado em mg/dL. A idade, % gordura corporal e IMC dos participantes foram de 254,5 anos, 15,62,6% e 26,42,9 kg/m², respectivamente. Por meio da plotagem gráfica de cada um dos participantes foi possível identificar as cargas relativa (29,65,2 %1RM), absoluta (59,818,7 kg) e a glicemia (80,65,5 mg/dL), correspondentes ao LG. Esta pesquisa concluiu que foi possível a identificação do LG em praticantes de musculação, ocorrendo na carga relativa de 29,6% de 1RM. Palavras chave: Limiar glicêmico, exercício resistido, limiar anaeróbio, glicosímetro portátil, musculação. ABSTRACT

The blood glucose response during progressive exercise, specifically the lowest blood glucose, called the glycemic threshold (GT) has been considered a good predictor of the anaerobic threshold (AT). However, it is known a little regarding the behavior about those curve in the resisted exercise. This study has as objective determines the GT during the accomplishment of test incremental of the exercise resisted squat, executed in the hack squat (HS) - width of 90º. Participated in the study 11 subjects of the masculine sex, bodybuilding practitioners. The test of one maximum repetition was accomplished (1MR) in the HS and the determination of the stature, corporal mass, cutaneous folds and circumferences. For the determination of GT a growing test of exercise was accomplished resisted initiate in a load of 10% of 1MR, with subsequent increments of 5% to each apprenticeship, with duration of one minute and two minutes of passive interval, time destined to the collection of blood and the increment of new loads. The movement was performed in a frequency of 20 repetitions per minute, controlled by sound sign through a computer program that simulates a metronome. The end of the test was established by the incapacity of accomplishing the number of complete repetitions. In the rest and enter each load a drop of blood it was collected, using the ribbon of the portable glucometer OneTouch Ultra® being your immediate analysis and the result given in mg/dL. The age, % corporal fat and the body mass index (BMI) were of 254,5 years, 15,6 2,6% and 26,42,9 kg/m², respectively. Through the plot graphic of each one of the participants was possible to identify the GT, occurring in the load relative of 29,6% of 1MR.

Key words: Glycemic threshold; resistance exercise; anaerobic threshold; portable glucometer; weight lifting.

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INTRODUÇÃO

A procura por atividade física, especialmente o treinamento resistido, tem aumentado nos últimos anos, pois proporciona aos seus adeptos benefícios fisiológicos, psicológicos e sociais, melhorando a qualidade de vida e autoestima (OLIVEIRA et al., 2008; SILVA et al., 2008; ZAWADSKI e VAGETTI, 2007; KRINSKI et al., 2006; CIOLAC e GUIMARÃES, 2004; VAGETTI e OLIVEIRA, 2003). Exercício resistido pode ser definido como uma sequência de movimentos onde se acrescenta uma resistência (carga) como exigência adicional ao músculo com o propósito de aumentar a força (BARBANTI, 2003). Essa resistência pode ser empregada através de elásticos, de corrida em aclive, de exercícios pliométricos ou ainda de treinamento utilizando anilhas, halteres, barras e aparelhos diversos, conhecido como musculação, sendo este mais comumente encontrado em academias (BARCELOS e ROGATTO, 2006). A musculação é o tipo de treinamento físico onde se emprega o exercício resistido, em cargas progressivas para melhorar a forma física (BARBANTI, 2003; SILVA JUNIOR et al., 2007). No entanto, musculação e exercício resistido também são utilizados como sinônimos (CIOLAC e GUIMARÃES, 2004; BRUM et al., 2004; NEGAMINE et al., 2007).

A musculação é eficaz na melhora das funções metabólica, neuromuscular, cardiovascular e da composição corporal de diferentes populações. Por esta razão, tem sido aplicada para melhoria da aptidão funcional e para a prevenção/tratamento não medicamentoso (CAMBRI et al., 2006; CAMBRI e SANTOS, 2006). Sua prática pode trazer benefícios para atletas (PINNO e GONZÁLEZ, 2005), sedentários saudáveis (MARCHAND, 2003; PULCINELLI e GENTIL, 2002), portadores de algumas patologias (RAMALHO e SOARES, 2008; KRINSKI et al., 2006; CIOLAC e GUIMARÃES, 2004), bem como para grupos especiais (SILVA et al., 2008; ZAWADSKI e VAGETTI, 2007; SILVA JUNIOR et al., 2007; VAGETTI e OLIVEIRA, 2003).

Para que uma atividade física promova alterações significativas e benéficas é necessário que a intensidade dos exercícios seja adequada (OLIVEIRA et al., 2008). Profissionais da área, como fisiologistas, preparadores físicos e técnicos desportivos têm utilizado o limiar anaeróbio (LA) como uma maneira prática e eficaz para a prescrição de exercícios (BARROS et al., 2004).

Os pioneiros a adotar o termo LA foram Wasserman e Mcllroy (1964 apud BARROS et al., 2004) em estudo com cardiopatas. Estes autores o definiram como a intensidade de exercício na qual a concentração sanguínea de lactato começa a aumentar e a de bicarbonato começa a diminuir. Alguns anos depois, Wasserman (1967 apud BARROS et al., 2004), propondo parâmetros ventilatórios para se estimar o ponto de inflexão na curva de lactato, alterou o conceito de LA para intensidade de exercício acima da qual a concentração sanguínea de lactato aumenta de forma progressiva e a ventilação pulmonar se intensifica de maneira não linear ao oxigênio consumido. O LA permite o monitoramento do treinamento físico, seja ele de caráter contínuo, como é o caso da natação (RIBEIRO et al., 2004; PEREIRA et al., 2002) da corrida (SIMÕES et al., 1998) e do ciclismo (FIGUEIRA e DENADAI, 2004), ou intermitente, como a musculação (BARROS et al., 2004).

A análise de parâmetros bioquímicos, metabólicos e hormonais funciona como ferramenta de grande utilidade para o acompanhamento de respostas agudas e crônicas do organismo ao treinamento físico (SILVA & AZEVEDO, 2007). Um destes parâmetros, o lactato sanguíneo, é extensivamente empregado como marcador da via metabólica utilizada durante o exercício físico (SILVAa et al., 2005). Simões et al. (1998) mostraram em um estudo pioneiro com corredores fundistas, que é possível determinar o LA a partir do comportamento lactacidêmico e glicêmico. Nos últimos anos, propõe-se que a concentração de lactato sanguíneo possa ser utilizada como controle do estresse do treinamento, permitindo monitorar adaptações musculares e a intensidade do exercício (WILMORE e COSTILL, 2001).

Alguns pesquisadores observaram a resposta da glicemia durante o exercício progressivo, sugerindo ser o menor valor glicêmico um bom preditor do LA (MALACHIAS et al., 2007; SIMÕES et al., 1998). De acordo com Simões et al. (1998) as curvas lactacidêmicas durante testes de lactato mínimo e limiar anaeróbio individual apresentam pontos de inflexão coincidentes com pontos de menor valor glicêmico em atletas saudáveis, o que tem sido denominado limiar glicêmico (LG). Um estudo avaliando indivíduos não praticantes de nenhuma atividade física sistematizada, também observou cargas do limiar de lactato (LL) e do LG semelhantes em um teste de cargas crescentes no cicloergômetro (MALACHIAS et al., 2007).

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Uma possível explicação para o comportamento da glicemia durante a realização destes testes incrementais é que a partir de intensidades acima do LA ocorre uma grande descarga adrenérgica, desencadeando assim uma ativação dos  adrenoceptores, que ativariam a glicogenólise hepática (SIMÕES et al., 1998). Isso pode tornar a prescrição de um treinamento a partir do LG muito mais acessível, já que o aparelho utilizado para sua determinação tem menor custo em relação a outras monitorações, bem como a disponibilidade de aparelhos portáteis de boa qualidade no mercado (SILVA e AZEVEDO, 2007). Porém, sabe-se pouco a respeito do comportamento dessas curvas no exercício resistido e da possibilidade de sua utilização como mais uma ferramenta na prescrição e monitoramento do treinamento.

Como o LL é considerado uma ferramenta útil para a determinação da condição física e a prescrição segura de exercícios físicos contínuos, permitindo uma boa avaliação do estado de resistência momentânea (WEINECK, 2003), infere-se que seja possível gerar uma melhora nas funções neuromuscular, metabólica e cardiovascular dos praticantes de exercício resistido nas intensidades relativas ao LL e ao LG. Portanto, uma pesquisa que colabore no entendimento destes mecanismos, torna-se de fundamental importância para o treinamento resistido.

Assim, este estudo tem como objetivo determinar o limiar glicêmico de praticantes de musculação durante a realização de teste incremental do exercício resistido agachamento, executado no hack squat - amplitude de 90º.

METODOLOGIA Participantes

Foram avaliados 11 indivíduos do sexo masculino, estudantes de Educação Física de uma instituição privada de ensino da cidade de Bauru/SP, com idades entre 20 e 35 anos, praticantes de musculação. Os critérios de exclusão estabelecidos consistiram em: tempo de treinamento menor que seis meses, fazer uso de qualquer tipo de droga e/ou apresentar problemas osteoligamentares ou qualquer outra alteração de saúde que possa limitar sua participação no teste de esforço proposto nesta metodologia. A participação foi voluntária e todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa das Faculdades Integradas de Bauru, sob nº 0020/08PSH, em 13/06/2008.

Desenho experimental

Foi realizado o teste de uma repetição máxima (1RM) no exercício de agachamento - amplitude de 90º, utilizando o aparelho hack squat (HS) e coletados dados antropométricos referentes à estatura, massa corporal, dobras cutâneas e circunferências. Após um prazo de até 48 horas procedeu-se a realização do teste progressivo no HS.

Exercício resistido

Um aquecimento com duração aproximada de cinco minutos, envolvendo exercícios de alongamento (repetições de 15 segundos) em cada articulação a ser utilizada na execução do HS, foram executados antes de cada avaliação. Para realização do estudo foi selecionado o exercício de agachamento - amplitude de 90º no HS. Segundo Delavier (2002) este exercício deve ser iniciado partindo da seguinte posição: joelhos semiflexionados, costas apoiadas contra o encosto, ombros ajustados sob os apoios e pés com um afastamento médio (distância do quadril). O indivíduo deverá inspirar, desbloquear as travas de segurança e realizar uma flexão de joelhos até 90º. Logo após deve retornar a posição inicial, expirando ao final do movimento. A amplitude de movimento durante os testes foi controlada subjetivamente, por inspeção visual dos avaliadores.

Determinação da carga máxima do exercício resistido

Para a determinação da carga máxima foi realizado o teste de 1RM do exercício HS, segundo o protocolo de Guimarães Neto (2003). O teste seguiu os seguintes passos: aquecimento geral; aquecimento localizado, realizando uma série do exercício com carga baixa; determinação de uma carga próxima a capacidade máxima do participante, realizando uma repetição completa. Caso a carga fosse maior ou menor do que a capacidade máxima do participante, esta era ajustada. Realizaram-se três

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tentativas no máximo, com dois minutos de intervalo. Se após três tentativas não fosse obtida a carga máxima do participante, repetia-se o teste mais tarde ou em outro dia.

Teste crescente no exercício resistido

Foi utilizado o protocolo incremental de Barros et al. (2004) adaptado. O teste crescente do exercício resistido iniciou-se em uma carga de 10% de 1RM, com acréscimos posteriores de 5% a cada estágio. Foram feitas aproximações para a carga inferior em valores correspondentes até 500g e aproximações para a carga superior em valores acima de 500g. Cada estágio teve duração de um minuto, com dois minutos de intervalo passivo, tempo este destinado à coleta de sangue e ao acréscimo de novas cargas. O ritmo de movimento foi pré-estabelecido numa frequência de 20 repetições por minuto, sendo este controlado por sinal sonoro dado por um programa de computador que simula um metrônomo (Metrônomo Automodelero version 1.10 – Autowebadas, para Windows). O final do teste foi determinado pela incapacidade de realizar o número de repetições completas no tempo referido para o estágio, sendo esta carga considerada como carga de instalação da fadiga. A frequência cardíaca final de cada carga foi monitorada por meio do uso de um frequencímetro da marca Polar.

Avaliação da glicemia

Após assepsia com álcool e algodão, com auxílio de uma lanceta marca Softclix PRO®, foi realizada uma punção no lóbulo da orelha. Procedeu-se a coleta de uma gota de sangue arterializado, entre cada aumento de carga, utilizando a fita do glicosímetro portátil OneTouch Ultra® sendo sua análise imediata e o resultado dado em mg/dL. Os avaliadores fizeram uso de luvas de procedimento de látex. As luvas e lancetas foram trocadas a cada indivíduo avaliado e descartadas em caixa própria para materiais pérfuro-cortantes.

DETERMINAÇÃO DO LIMIAR GLICÊMICO

As concentrações glicêmicas de cada uma das cargas do teste incremental foram plotadas graficamente, sendo considerado como LG a intensidade de esforço correspondente ao ponto de menor valor durante a execução do teste (SIMÕES et al., 1998).

Análise estatística

Os resultados são expressos em média e desvio padrão da média. RESULTADOS

A média e desvio padrão da idade dos participantes deste estudo foram de 25 4,5 anos com tempo médio de prática de musculação de 4,113,8 anos. A massa corporal dos avaliados foi de 81,612,1kg e a estatura de 1,740,1m.

Por meio da plotagem gráfica de cada um dos participantes foi possível identificar as cargas relativa, absoluta e a glicemia correspondentes ao LG, descritas na Tabela 1.

Tabela 1. Cargas relativa, absoluta e glicemia referentes ao limiar glicêmico (LG) determinadas durante teste incremental no exercício agachamento – amplitude 90º no hack squat.

Carga relativa LG (%1RM) Carga absoluta LG (kg) Glicemia LG (mg/dL) Média 29,5 59,8 80,6 Desvio Padrão 5,2 18,7 5,5 Mínimo 20 32 71 Máximo 35 90 90

A plotagem gráfica das concentrações de glicose durante teste incremental, para a determinação da carga relativa do LG de um dos indivíduos avaliados é apresentada na Figura 1.

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Figura 1. Limiar Glicêmico (LG) de um dos participantes, determinado pela plotagem gráfica da glicemia em função da carga em porcentagem de uma repetição máxima (%1RM) no exercício agachamento – amplitude 90º no hack squat durante teste incremental até a exaustão. Rep: repouso. 60 70 80 90 100 Rep 10 15 20 25 30 35 40 porcentagem de 1RM (%) G li c e m ia (m g /d L ) DISCUSSÃO

No presente estudo o comportamento da glicemia durante a realização do teste incremental permitiu a identificação do LG. Isto pode ser justificado porque a intensidade do exercício está diretamente relacionada com a captação de glicose da circulação pelo músculo, assim como o débito de glicose hepática. Deste modo, um aumento nas taxas de trocas respiratórias associada a um aumento na intensidade do exercício resulta em maior glicogenólise hepática e muscular (WOLINSKY e HICKSON JR, 2002). Durante o exercício também ocorre aumento da fosforilação de proteínas relacionadas à captação de glicose pelo músculo esquelético, resultando em maior quantidade de transportadores de glicose (GLUT4) translocados para a membrana celular, com consequente aumento na captação de glicose pelo músculo ativo (ROSE e RICHTER, 2005). Para a estimulação da glicogenólise hepática, em intensidades acima do LA, ocorre uma grande ativação simpática desencadeando uma descarga adrenérgica, consequentemente aumentando a concentração de glicose no sangue (SIMÕES et al., 1998). Assim, diversos mecanismos neuroendócrinos e metabólicos podem influenciar o comportamento glicêmico durante o exercício e, portanto, a identificação do LG.

Diversos autores afirmam ser possível determinar o limiar glicêmico no exercício contínuo (MALACHIAS et al., 2007; SILVA e AZEVEDO, 2007; MOREIRA et al., 2007; MOREIRA, 2006; SILVAb et al., 2005; RIBEIRO et al., 2004; SOUZA et al., 2003; SIMÕES et al., 1998) e no exercício resistido progressivo (OLIVEIRA et al., 2006; MOREIRA, 2006).

Oliveira et al. (2006), avaliando o limiar glicêmico no exercício resistido em indivíduos fisicamente ativos, encontraram intensidades relativas de 31 e 36% de 1RM, nos exercícios leg press e supino reto, respectivamente. Moreira (2006) em pesquisa com diabéticos tipo-2 adaptados ao exercício resistido verificou um LG de 32,1% de 1RM tanto no supino quanto no leg press. Estes valores estão próximos aos observados neste estudo (29,5%), mesmo considerando-se grupamentos musculares diferentes e as características distintas dos grupos, ativos e diabéticos.

Os valores absolutos observados por Oliveira et al. (2006), de 132,8 kg no leg press, foram superiores aos identificados nesta pesquisa. Por outro lado, Moreira (2006) identificou valores absolutos de 50,1 kg no leg press, valores próximos ao deste estudo (59,8kg). No entanto, o aparelho utilizado nesta pesquisa exige um maior grau de dificuldade, mas a diferença de tempo de prática e a idade dos indivíduos justificariam a discrepância entre os autores citados.

Moreira (2006) observou glicemia no LG de 99,8 mg/dL no leg press e 103,1 mg/dL no supino reto. Estes resultados discordam dos achados deste estudo (80,6 mg/dL). Essa diferença pode ter ocorrido devido ao tipo de amostra comparada, diabéticos, que apresentam glicemia geralmente instável. Oliveira et al. (2006), encontraram glicemia de 65,7 mg/dL no leg press e 66,5 mg/dL no supino reto.

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Estas divergências em relação a esta pesquisa podem ser explicadas por prováveis diferenças de alimentação e do horário das coletas, variáveis não controladas em nenhum dos dois estudos e também pelo tipo de equipamento utilizado para medir a glicemia.

Oliveira et al. (2006) observaram que as respostas do lactato sanguíneo e da glicemia permitiram a identificação dos limiares de lactato e glicêmico durante exercícios resistidos incrementais, e que as intensidades relativas a esses limiares não diferiram e foram altamente correlacionadas, quando avaliados os exercícios leg press e supino reto.

Barros et al. (2004) apresentaram valores relativos médios no limiar de lactato de 32,22% de 1RM nos exercícios de rosca direta e leg press e Azevedo et al. (2005) apresentaram valores relativos médios de 28,33% de 1RM no exercício rosca direta e 26,66% de 1RM na mesa flexora, ambos em indivíduos treinados. Estes resultados estão próximos aos valores relativos deste estudo, no agachamento hack squat (29,5%), também em indivíduos treinados. Estas informações indicam uma possibilidade da utilização do LG na prescrição do treinamento resistido.

CONCLUSÃO

Conclui-se que foi possível a identificação do limiar glicêmico (LG) durante teste incremental do exercício resistido agachamento, executado no hack squat - amplitude de 90º em praticantes de musculação, ocorrendo na carga relativa de 29,5% de 1RM. A viabilidade da mensuração do LG em exercícios resistidos poderá representar um avanço para a prescrição do treinamento com pesos, visto que esta informação pode tornar possível a melhora da resistência muscular localizada. Sugerimos que novas pesquisas sejam feitas, com maior número de avaliados, com outros exercícios e grupos musculares e principalmente, com a análise do comportamento do lactato sanguíneo, a fim de verificar se o LG é coincidente com o limiar de lactato.

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Referências

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