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FORMAÇÃO EM PERSPECTIVA INCLUSIVA: CONCEPÇÕES DE PROFESSORES DE CURSOS DE PEDAGOGIA

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Academic year: 2021

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FORMAÇÃO EM PERSPECTIVA INCLUSIVA: CONCEPÇÕES DE PROFESSORES DE CURSOS DE PEDAGOGIA

Érica Aparecida Garrutti-Lourenço Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Eixo Temático: Formação de professores na perspectiva inclusiva

Palavras-chave: formação de professores, educação inclusiva, método Delphi.

1. Introdução

Nas últimas décadas, a inclusão tem sido alvo de muitos estudos no campo da Educação e nas áreas de interface, visando avaliar e propor políticas públicas e práticas escolares que promovam ambientes escolares inclusivos. Nesse contexto, um ponto que requer especial atenção é a formação de professores (BUENO, 1999; GLAT; FERREIRA, 2003;

SANT’ANA, 2005), o que constitui foco deste estudo, que objetivou levantar aspectos prioritários em cursos de Pedagogia para uma formação de professores alicerçada na inclusão escolar, fazendo a análise de concepções de professores doutores, denominados como especialistas, que atuam(aram) em disciplinas com conteúdos sobre Educação Especial e/ou Inclusiva (EE/I) na referida licenciatura.

2. Material e Métodos

As concepções dos especialistas foram coletadas pelo método Delphi, que constitui uma comunicação estruturada, que se desdobra em etapas, entre membros de um grupo para lidar com um problema complexo (LINSTONE; TUROFF, 2002). De modo semelhante ao grupo focal, favorece a decisão coletiva, com a especificidade de ser desenvolvida via correspondência virtual até que se obtenha certo consenso grupal.

O grupo deste estudo foi formado professores doutores que especificaram, em seus currículos Plataforma Lattes, a Educação Especial como área de trabalho e que atuam ou

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atuaram em disciplinas nessa área em cursos de Pedagogia no Brasil, e que responderam afirmativamente ao convite de participação, totalizando 33 especialistas.

Na primeira rodada, 27 especialistas responderam à solicitação: “Cite 5 (cinco) ações a serem realizadas nos cursos de Pedagogia que julgue mais influentes na formação de professores com orientação inclusiva”. Com as respostas, foi gerada uma lista totalizando 44 itens, encaminhada aos especialistas, numa segunda rodada, para que atribuíssem valoração para cada um dos pontos especificados, considerando-se a escala Likert, de 0 a 5 pontos. Aos escores obtidos pelos 23 especialistas que participaram da segunda rodada, aplicou-se a estatística descritiva, permitindo conhecer os itens com maior e menor concordância. Após essa análise, organizou-se uma nova listagem, formada por 13 itens, enviada aos especialistas, para que realizassem ajustes finais e que elaborassem um parecer dos itens que receberam maior valoração por eles.

3. Resultados e Discussão

Neste relato, apresentam-se os dados advindos da terceira rodada da aplicação do Delphi. Foram 13 os itens especificados como ações a serem empreendidas nos cursos de Pedagogia para uma formação de professor com orientação inclusiva, que receberam escores mais altos na segunda rodada, e que foram analisados pelos 16 especialistas que participaram da última etapa, a saber: (A) Estágio em escolas regulares pautadas na educação inclusiva; (B) Projetos de extensão, pesquisa e iniciação científica sobre educação inclusiva; (C) Melhora na qualidade dos cursos de Pedagogia para formar bons professores; (D) Práticas e vivências de ensino inclusivo em diferentes contextos e com alunos com diferentes deficiências ou outras necessidades especiais; (E) Articulação de atividades acadêmicas com a pós-graduação sobre a temática; (F) Acompanhamento à inclusão de graduandos com deficiência matriculados na universidade; (G) Disciplina com foco na inclusão escolar e no papel do professor comprometido com a aprendizagem de todos os alunos; (H) Articulação entre as diferentes áreas do conhecimento e planejamento colaborativo entre professores da Pedagogia; (I) Biblioteca virtual acessível a pessoas com deficiência visual; (J) Transversalidade dos temas relacionados à EE/I no currículo do curso; (K) Discussão nos conselhos do departamento de Educação sobre a inclusão e possibilidades de trabalho nas diversas disciplinas; (L) Análise da legislação brasileira relativa à educação inclusiva e de conceitos de inclusão; e (M) Grupos de estudo e pesquisa sobre educação inclusiva.

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Em relação a esses itens, os especialistas, em geral, em seus pareceres, indicaram a relevância do conjunto de práticas e revelaram itens prioritários, sendo o item com maior concordância: “Transversalidade dos temas relacionados à EE/I no currículo do curso” por favorecer a consolidação de uma formação geral e consistente, voltada para a efetivação de práticas pedagógicas inclusivas. “Sairíamos da vertente da formação isolada, específica, que em meu parecer reforça a individualização da formação” (relato de especialista). Para além do oferecimento de disciplinas com conteúdos de EE/I, é fundamental que os princípios da inclusão sejam amplamente debatidos e discutidos em todo o processo de formação, ao capacitar os professores a reconhecerem as necessidades de seus alunos, a empreenderem um trabalho no sentido da educação inclusiva, a flexibilizarem a ação pedagógica e, no trabalho articulado com o professor especializado, a fazerem as adaptações curriculares. Nesse contexto, a atuação conjunta entre os profissionais da Pedagogia se apresenta como importante para que os graduandos compreendam o sentido efetivo da colaboração. Segundo Mazzotta (2010), por meio de práticas interdisciplinares cooperativas, cada profissional participa com o conteúdo de sua área específica, partilhando esforços e resultados.

Outros itens sublinhados consistem “Estágio em escolas regulares pautadas na educação inclusiva” por possibilitar uma vivência nas escolas e de sua problematização e “Práticas e vivências de ensino inclusivo em diferentes contextos e com alunos com diferentes deficiências ou outras necessidades especiais”, também ressaltado em Martins (2011) ao propor que a formação deve investir na prática educativa embasada na teoria de modo a incentivar a atuação reflexiva, na qual os profissionais sejam capazes de avaliar os alunos e analisar as tarefas, as estratégias e buscar os recursos mais adequados a cada situação. Também, Libâneo e Pimenta (1999, p. 265) mencionam que a profissão do professor precisa combinar sistematicamente elementos teóricos com situações práticas reais. Ainda em relação a esse item, uma especialista lembra que “estas situações formativas apenas aproximam o egresso do curso de suas demandas, pois o trabalho futuro depende de seu compromisso social e profissional com os seus alunos em processo de escolarização, logo a questão “D”, também é importante, mas não consegue por si só garantir um sucesso educacional para este grupo de estudantes”.

Neste trabalho, concorda-se com tal posicionamento e acrescenta-se que os itens levantados pelos especialistas, todos eles, devem ser articulados. Enfoca-se aqui uma formação inicial voltada para investigar condições que auxiliem no aproveitamento dos

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estudos empreendidos pelos graduandos de Pedagogia de modo que eles compreendam particularidades da inclusão antes mesmo de exercerem a sua profissão. Essas condições constituem os passos iniciais, pois a formação continuada é inerente ao seu desenvolvimento profissional, e é fundamentalmente no contato com os alunos que as formas de se ensinar são viabilizadas, avaliadas continuamente e retroalimentadas por uma reflexão também contínua. O que se pretende é que, desde a graduação, o futuro professor tenha condições de estudar e discutir a inclusão em vez de se esperar que a formação continuada introduza essas ações.

Nos pareceres, reconhecem-se atividades de ensino, pesquisa e extensão como fundamentais. O Plano Nacional da Educação (BRASIL, 2001), além de propor que sejam inseridos conteúdos e disciplinas específicas nos currículos de formação de professores na graduação para o atendimento às necessidades educacionais especiais, propõe o incentivo à realização de estudos e pesquisas, essencialmente pelas instituições de ensino superior, relativos aos alunos com necessidades educacionais especiais. Observa-se, nesse sentido, o protagonismo das instituições de ensino superior.

4. Considerações Finais

Os dados da terceira etapa do Delphi revelaram o destaque para vivência, pelos graduandos da Pedagogia, de práticas educacionais que caminhem numa perspectiva inclusiva, a começar nos próprios cursos de graduação que devem primar pela atuação articulada entre os docentes do ensino superior, salientando-se inclusive a transversalidade dessa temática em outras disciplinas. Predominou a ênfase de que não é apenas o curso de disciplinas relacionadas ao tema que favorecerão uma formação inclusiva pelos futuros professores: é fundamental que a inclusão seja alvo de iniciativas de ensino também em outras disciplinas, de pesquisa e de extensão.

Referências

BRASIL. Parecer CNE/CP, n. 9, de 8 de maio de 2001. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de Licenciatura, de graduação plena. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 2001c.

______. Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva Inclusiva. Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria Ministerial nº 555, de 5 de junho de

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2007, prorrogada pela Portaria nº 948, de 09 de outubro de 2007, entregue ao Ministro da Educação em 07 de janeiro de 2008.

BUENO, J. G. S. Crianças com necessidades educativas especiais, política educacional e a formação de professores: generalistas ou especialistas. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v. 3. n. 5, p. 7-25, 1999.

GLAT, R.; FERREIRA, J. R., Panorama nacional da educação inclusiva no Brasil. Relatório de consultoria técnica, projeto Educação Inclusiva no Brasil. Banco Mundial, 2003.

Disponível em:

http://www.acessibilidade.net/at/kit2004/Programas%20CD/ATs/cnotinfor/Relatorio_Inclusiv

a/pdf/Educacao_inclusiva_Br_pt.pdf. Acesso em: 10 jan. 2008.

LIBANEO, J. C.; PIMENTA, S. G. Formação de profissionais da educação: visão crítica e perspectiva de mudança. Educação e Sociedade, Campinas, v. 68, p. 239-277, dez. 1999. LINSTONE, H. A.; TUROFF, M. The Delphi method: Techniques and applications. Newark, NJ: New Jersey Institute of Technology, 2002.

MARTINS, L. A. R. A visão de licenciandos sobre a formação inicial com vistas à atuação com a diversidade dos alunos. In: CAIADO, K. R. M.; JESUS, D. M.; BAPTISTA, C. R. (org). Professores e Educação Especial: formação em foco, v. 1. Porto Alegre: Mediação, 2011. p. 51-64.

MAZZOTTA, M. J. S. Inclusão escolar e Educação Especial: das Diretrizes à Realidade das Escolas. In: MENDES, E. G.; ALMEIDA, M. A. (Org.). Das margens ao centro: perspectivas para as políticas e práticas educacionais no contexto da educação especial inclusiva.

Araraquara, SP: Junqueira&Marin, 2010. p. 79-87.

SANT’ANA, I. M. Educação Inclusiva: concepções de professores e diretores. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 10, n. 2, p. 227-234, 2005

UNESCO. Declaração de Salamanca e Linha e Ação sobre Necessidades Educativas Especiais. Brasília: CORDE, 1994.

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