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ASPECTOS DE MAIOR IMPACTO NA SAÚDE DE PILOTOS DE AVIÃO

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALEXANDRE PEDRO RODRIGUES

ASPECTOS DE MAIOR IMPACTO NA SAÚDE DE PILOTOS DE

AVIÃO

PALHOÇA 2020

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ALEXANDRE PEDRO RODRIGUES

ASPECTOS DE MAIOR IMPACTO NA SAÚDE DE PILOTOS DE

AVIÃO

Monografia apresentada ao Curso de graduação em Ciências Aeronáuticas, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Prof. Orientador: Prof. Joel Irineu Iohn, MSc.

PALHOÇA 2020

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ALEXANDRE PEDRO RODRIGUES

ASPECTOS DE MAIOR IMPACTO NA SAÚDE DE PILOTOS DE

AVIÃO

Esta monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Bacharel em Ciências Aeronáuticas e aprovada em sua forma final pelo Curso de Ciências Aeronáuticas, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 08 de junho de 2020

__________________________________________ Orientador: Prof. Joel Irineu Iohn, MSc.

__________________________________________ Prof. Angelo Damigo Tavares, MSc.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pela oportunidade concedida de fazer o curso que sempre sonhei.

Ao meu pai Carlos Augusto Rodrigues, por sempre me incentivar a estudar. À minha Mãe Olinda Alves Rodrigues, sempre me apoiando em minhas decisões.

Agradeço também ao meu irmão Leandro “que não é um irmão, é um pai”, ajudando e contribuindo de todas as formas possíveis.

À minha esposa Michelly, que promoveu o meu ingresso na UNISUL, incentivando ajudando e me apoiando. Às minhas filhas Ana Luiza e Ana Júlia, pela paciência, sempre entendendo o fato de as vezes ser um pouco ausente quando estava estudando.

Agradeço também ao Sr. Donizetti Theodoro Marques por me dar a oportunidade de ingressar na aviação e ao excelentíssimo Sr. Prefeito Belchior Antônio da Silva, por apoiar o meu sonho de ser piloto de avião.

Aos instrutores, mentores e amigos Cristiano Nascimento, Sr. Erwin Rommel Pinheiro do Prado, Sr. Edilson Barroso Jaquecs, Fabrício Escobar e Pedro Jorge Ramos.

Aos meus amigos: Renato que contribuiu para a minha jornada nos estudos e Marcos José Pires, pela paciência (M.B) apoiando e incentivando, e a todos da república “Pau Quebra”.

Meu muito obrigado ao meu orientador Prof. Joel Irinel Lohn, MSc e a todos que de alguma forma, contribuíram para conclusão desta jornada.

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RESUMO

A saúde é definida pela Organização Mundial de Saúde como um perfeito bem-estar físico, mental e social e não apenas ausência de doença. Especificamente, a saúde do trabalhador é o conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho. Ainda que a aviação seja um dos setores de maior dinamismo no que se refere a tecnologias e inovações, ainda há exposição a diversos riscos físicos e riscos psicossociais, causando doenças nos pilotos. Sabendo da essencialidade intrínseca à atividade dos pilotos e, que, para o desempenho efetivo e seguro dela é necessário saúde, este estudo teve como objetivo geral identificar quais os aspectos de maior impacto na saúde de pilotos, e após encontrá-los, compilá-los, analisá-los e determinar quais medidas preventivas estão relacionadas a cada um deles. A metodologia de escolha para o alcance dos objetivos foi a Revisão Bibliográfica. Foram encontrados nas plataformas online de buscas cerca de 100 artigos de interesse para a pesquisa, após a avaliação destes, foram selecionados 64 para análise e discussão neste trabalho. Os resultados encontrados demonstraram que, em relação aos aspectos físicos, os pilotos estão expostos mais costumeiramente a radiação, vibrações, ruídos, baixa umidade do ar e pressão baixa de oxigênio. Outras desordens físicas encontradas que impactam a saúde destes profissionais relacionam-se à obesidade, distúrbios cardíacos, trombose venosa profunda, tromboembolismo venoso e doenças osteomusculares. Entre os distúrbios psicossociais predominantes estão a ansiedade, depressão e fadiga. As medidas preventivas foram listadas para cada resultado encontrado. Os resultados puderam demonstrar que há muitos fatores que podem impactar a saúde de pilotos, desde os de baixa aos de alta intensidade, podendo afetar diretamente e indiretamente o indivíduo, família e coletividade, inclusive no que se refere à segurança dos voos. Além disso, há uma série de ações e práticas para o alcance da saúde desses profissionais, porém, há de se corresponsabilizar Estado, empresas e o próprio indivíduo para atingi-los.

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ABSTRACT

Health is defined by the World Health Organization as perfect physical, mental and social well-being and not just the absence of disease. Specifically, worker health is the set of activities that, through epidemiological and health surveillance actions, are aimed at promoting and protecting the health of workers, as well as aiming at the recovery and rehabilitation of the health of workers subjected to risks and get worse arising from working conditions. Although aviation is one of the most dynamic sectors in terms of technologies and innovations, there is still exposure to several physical and psychosocial risks, causing illnesses in pilots. Knowing the essentiality intrinsic to the pilots 'activity and that health is necessary for effective and safe performance, this study aimed to identify which aspects have the greatest impact on pilots' health, and after finding them, compiling them, analyze them and determine which preventive measures are related to each one. The methodology of choice for achieving the objectives was the Bibliographic Review. About 100 articles of interest for research were found on the online search platforms, after their evaluation, 64 were selected for analysis and discussion in this work. The results found showed that, in relation to physical aspects, pilots are more commonly exposed to radiation, vibrations, noise, low air humidity and low oxygen pressure. Other physical disorders found that impact the health of these professionals are related to obesity, cardiac disorders, deep venous thrombosis, venous thromboembolism and musculoskeletal diseases. Predominant psychosocial disorders include anxiety, depression and fatigue. Preventive measures were listed for each result found. The results could demonstrate that there are many factors that can impact the health of pilots, from low to high intensity ones, which can directly and indirectly affect the individual, family and community, including with regard to flight safety. In addition, there are a series of actions and practices to achieve the health of these professionals, however, the State, companies and the individual must be co-responsible to reach them.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Medidas de prevenção e promoção da saúde de pilotos referentes a aspectos físicos

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Alterações físicas causadas pelas vibrações nas condições de baixa frequência e alta

frequência...25

Tabela 2 - Alterações físicas causadas pelas vibrações com incidência no corpo inteiro ou focais

(manubraquiais)...25

Tabela 3 - Medidas organizacionais e técnicas necessárias à minimização ou eliminação dos

ruídos relacionados à atividade de aviação...28

Tabela 4 – Exposições ocupacionais, outras desordens físicas e aspectos de impacto na saúde

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Frequência de Ressonância no corpo humano...23 Figura 2 – Efeito dos ruídos nos aspectos fisiológicos e pisicológicos do organismo...27

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACCP - American College of Chest Physicians ANAC- Agência Nacional de Aviação Civil

DORT - Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho HDL - High Density Lipoprotein

HZ – Hertz

IMC - Índice de Massa Corporal LDL - Low Density Lipoprotein

MECGs - Meias Elásticas de Compressão Graduada MSL - Mean Sea Level

OACI - Organização de Aviação Civil Internacional OMS - Organização Mundial da Saúde

SNA – Sindicato Nacional dos Aeronautas TEV - Tromboembolismo Venoso

TF - Treinamento Funcional

TVP - Trombose Venosa Profunda UV – Ultravioleta

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 12 1.1 PROBLEMA DA PESQUISA... 13 1.2 OBJETIVO... 13 1.2.1 Objetivo Geral... 13 1.2.2 Objetivos Específicos... 13 1.3 JUSTIFICATIVA... 13 1.4 METODOLOGIA... 14

1.4.1 Natureza da Pesquisa e Tipo de Pesquisa... 14

1.4.2 Materiais e Métodos... 15

1.4.3 Procedimentos de Coleta de Dados... 15

1.4.4 Procedimentos de Análise dos Dados... 15

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO... 16

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA... 18

2.1 CONCEITUANDO SAÚDE E SAÚDE DO TRABALHADOR... 18

2.2 EXPOSIÇÕES OCUPACIONAIS DE MAIOR IMPACTO NA SAÚDE FÍSICA DOS PILOTOS DE AVIÃO... 21

2.2.1 Radiação... 21

2.2.2 Vibrações... 22

2.2.3 Ruídos... 26

2.2.4 Baixa Umidade do Ar... 29

2.2.5 Diminuição da Pressão Parcial do Oxigênio... 29

2.3 OUTRAS DESORDENS DE IMPACTO NA SAÚDE FÍSICA RELACIONADAS À ATIVIDADE DE PILOTOS... 31

2.3.1 Ergometria - Doenças Osteomusculares... 31

2.3.2 Trombose Venosa Profunda e Tromboembolismo Venoso... 32

2.3.3 Obesidade e Risco Cardiovascular... 34

2.4 ASPECTOS DE MAIOR IMPACTO NA SAÚDE PSICOSSOCIAL DOS PILOTOS DE AVIÃO... 35

2.4.1 Ansiedade e Depressão... 36

2.4.2 Fadiga... 38

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 47 REFERÊNCIAS... 49

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1 INTRODUÇÃO

Os pilotos de avião têm uma carreira promissora, porém rodeada de riscos e exposições inerentes à sua atividade laboral que podem impactar negativamente sua saúde (PALMA,2002).

A saúde não é apenas a ausência de uma condição de adoecimento, os aspectos que a envolvem se equilibram em bem-estar completo: físico, mental e social. Portanto, para cada aspecto, condutas precisam ser observadas, na vida comum e também em aspectos do trabalho (WHO, 1948; SEGRE e FERRAZ, 1997).

A Lei Orgânica da Saúde no Brasil (Lei 8.080), define que a saúde do trabalhador é o conjunto de atividades que tem como objetivo a promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, bem como, a recuperação e reabilitação daqueles submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho (BRASIL, 1990).

As estatísticas comprovam a relevância da problemática. Entre 2007 e 2017, o Ministério da Saúde registrou mais de 698 mil acidentes graves de trabalho, além de oito mil casos de transtornos mentais e cerca de 1.200 casos de canceres ocupacionais. Os números já preocupantes, ainda sinalizam maiores inquietações, visto que as doenças ocupacionais são subnotificadas (BRASIL, 2018).

Anteriormente ao ingresso e depois, para permanência na profissão, os pilotos devem ter condições adequadas de saúde física e mental. Muitas exigências são feitas com o objetivo de limitar o risco à segurança do voo decorrente de problemas de saúde. Para tanto, é necessário comprovar a aptidão de saúde através de certificados médicos, detalhados no Regulamento Brasileiro de Aviação Civil nº 67 – RBAC 67. (BRASIL, 2016).

Apesar da exigência da lei e, ainda mais, a exigência do próprio trabalho no cotidiano, a atividade da aviação expõe os profissionais a riscos, impactando na sua vida individualmente e consequentemente na segurança do voo, isto, porque nem sempre estratégias de promoção à saúde, prevenção e tratamento de doenças são observadas pelas companhias aéreas e pelos próprios indivíduos.

Este estudo foi elaborado a partir da essencialidade de reconhecer os aspectos de maior impacto na saúde de pilotos, os riscos a que estão expostos, e, então, tomar ciência de estratégias à promoção da saúde, prevenção e tratamento de doenças, que possam acarretar maior segurança ao profissional e finalmente ao voo.

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1.1 PROBLEMA DA PESQUISA

Quais os aspectos relacionados ao exercício da profissão de piloto causam impactos diretos e indiretos à saúde destes profissionais?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Identificar os aspectos de maior impacto na saúde dos pilotos de avião.

1.2.2 Objetivos Específicos

Este trabalho teve como objetivos específicos:

A) Apresentar o conceito de saúde de forma geral e especificamente saúde do trabalhador.

B) Identificar fatores de exposição a que estão submetidos os pilotos de avião e que causam impacto na saúde.

C) Apontar aspectos da prática da aviação relacionados com o adoecimento de pilotos nos aspectos físicos e psicossociais;

D) Indicar, com base na revisão bibliográfica, as medidas de controle e prevenção do adoecimento nesta classe profissional.

1.3 JUSTIFICATIVA

A saúde é o bem maior da vida, uma vez prejudicada, todas as áreas coexistentes são também afetadas (profissional, financeira, emocional, amorosa, psíquica, social, familiar, ambiental, etc).

Há diversos riscos e desafios que impactam a saúde do trabalhador, e os pilotos, por sua vez, estão expostos a diversas formas de adoecer relacionadas à atividade laboral.

A motivação para este estudo deve-se ao fato de que quanto maior interesse, pesquisa, orientação e conhecimento científico sobre a saúde e adoecimento em pilotos, maior a interação entre objetivos e estratégias para o alcance de uma saúde plena nestes profissionais, além da possibilidade de menor exposição aos riscos inerentes à profissão.

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Desta forma, entender as multiformes maneiras do processo saúde-doença, os fatores relacionados, as medidas preventivas, a reabilitação e a promoção à saúde destes trabalhadores é crucial para o exercício seguro, adequado, eficiente e excelente da profissão. 1.4 METODOLOGIA

1.4.1 Natureza da Pesquisa e Tipo de Pesquisa

Para este estudo será adotado o modelo de Revisão Bibliográfica, também conhecida como Pesquisa Bibliográfica ou Revisão de literatura.

Os trabalhos de revisão são definidos como estudos que analisam a produção bibliográfica em determinada área temática, dentro de um recorte de tempo, fornecendo uma visão geral ou um relatório do estado-da-arte sobre um tópico específico, evidenciando novas ideias, métodos, subtemas que têm recebido maior ou menor ênfase na literatura selecionada (CAMPELLO, CENDÓN e KREMER, 2000).

A revisão de literatura ou revisão bibliográfica teria então dois propósitos: a construção de uma contextualização para o problema e a análise das possibilidades presentes na literatura consultada para a concepção do referencial teórico da pesquisa (BIANCHETTI e MACHADO, 2012).

Não obstante, Marconi e Lakatos (2003), indicam que a pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange a bibliografia já publicada em relação ao tema estudado. Gil (2008), refere que este tipo de pesquisa busca o progresso da ciência que, em outras palavras, seria desenvolver os conhecimentos científicos sem a preocupação direta com sua aplicabilidade. Seu desenvolvimento tende a ser formalizado e generalizado a fim de construir teorias.

A classificação da Revisão Bibliográfica escolhida para ser abordada no presente estudo é a Revisão Narrativa, esta utiliza critérios explícitos e sistemáticos para a busca e análise crítica da literatura. Nesta classificação, a seleção dos estudos e a interpretação das informações podem estar sujeitas à subjetividade dos autores, além disso, segundo teoristas, é adequada para a fundamentação teórica de artigos, dissertações, teses e trabalhos de conclusão de cursos (CORDEIRO, 2007).

Este tipo de pesquisa também se diferencia em outros dois grandes aspectos: pesquisa teórica e empírica. Neste caso, a presente pesquisa trata-se de uma pesquisa teórica

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que, de acordo com Nunes (2015), pressupõe a discussão e a fundamentação da teoria além de dar margem à possíveis argumentações e questionamentos acerca da legitimação das hipóteses.

1.4.2. Materiais e Métodos

Os materiais necessários para o desenvolvimento da pesquisa serão computadores, acesso à internet, plataformas de buscas e conhecimento para a utilização dos mesmos de forma eficiente.

O método contará com a busca nas plataformas de pesquisa online sobre o tema proposto, iniciando com as palavras chaves e se desdobrando em outras pesquisas mais detalhadas para que toda a extensão do assunto seja abordada.

1.4.3 Procedimentos de Coleta de Dados

Após a busca com as palavras chaves sobre o tema, através do título serão escolhidos artigos, páginas de aviação, documentos nacionais e internacionais. Depois desta verificação, será iniciado a leitura do resumo dos artigos e das páginas selecionadas.

Se o título e o resumo corresponderem aos objetivos propostos neste estudo, o artigo será lido de forma completa e os dados para compor a fundamentação teórica da pesquisa serão extraídos. Caso não sejam compatíveis, o conteúdo será descartado.

1.4.4 Procedimentos de Análise dos Dados

Os dados extraídos para a Fundamentação Teórica sobre os aspectos que mais impactam na saúde de pilotos de avião serão escolhidos analisando a maior frequência de aparecimento nos artigos, separados quanto ao teor de impacto na saúde física e posteriormente à psicossocial. Serão demonstrados nos achados a complexidade, maior impacto e por fim o estabelecimento de medidas de prevenção que devem ser adotadas para a promoção da saúde dos pilotos.

Após esta avaliação, os dados serão compilados em estruturas de tabelas, quadros e textos. Seguindo este momento, as considerações finais sobre o tema serão elaboradas.

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1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho tem início no tópico 1 (um) com a Introdução. Nela, há descrito o tema e a problemática que aborda os aspectos que impactam a saúde dos pilotos. Este tópico inicial ainda traz os objetivos gerais e específicos que norteiam o estudo. A metodologia escolhida, a Revisão Bibliográfica, foi explicada de forma concisa e defendida como a melhor alternativa para responder à problemática, e neste tópico também foram detalhados os materiais e métodos utilizados para o alcance dos objetivos. Finalmente, a seção termina com a organização detalhada de como o trabalho foi desenvolvido.

Para alcançar o objetivo proposto através da metodologia escolhida, buscas nas plataformas online identificaram aproximadamente 100 páginas de interesse para responder ao tema, dentre elas artigos científicos, páginas oficiais do governo, páginas de aviação fidedignas e revistas de amplo alcance popular. As buscas foram realizadas utilizando as palavras chaves e descritores pertinentes ao tema (Saúde, saúde do trabalhador, saúde de pilotos, doenças nos pilotos).

Após encontrar estas primeiras páginas, e ler seus títulos, aproximadamente 30 foram excluídas por não serem tão relevantes a este estudo em específico. O resumo dos artigos e páginas restantes foram avaliados e selecionados 64 mais relevantes, então a matéria era estudada de forma mais ampla e utilizada para compor o desenvolvimento deste trabalho.

No capítulo 2 (dois), o desenvolvimento do tema foi descrito através da fundamentação teórica e dos resultados das buscas definindo os fatores de maior impacto na saúde dos pilotos, permitindo argumentação através das matérias e artigos de escolha. Sendo assim, nesta etapa e através da revisão de literatura foi possível identificar os aspectos que impactam de forma direta ou indireta a saúde dos pilotos em seus aspectos físicos e psicossociais, se desdobrando em vários tópicos para detalhar exposições ocupacionais (radiação, vibrações, ruídos, baixa umidade do ar, pressão parcial de oxigênio), além de outras desordens com impacto na saúde física encontrados (Obesidade e riscos cardiovasculares, doenças osteomusculares, trombose venosa profunda e tromboembolismo venoso). Finalmente, os aspectos psicossociais foram abrangidos (ansiedade, depressão e fadiga).

Neste capítulo ainda foi mencionado medidas preventivas por parte das organizações e trabalhadores em cada um dos aspectos encontrados.

Os resultados adquiridos através da fundamentação teórica permitiram compilação dos elementos no capítulo três (3) utilizando textos, tabelas e quadros. Além disso, os dados foram discutidos baseado na literatura e nos achados.

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Após análise e discussão dos dados obtidos uma conclusão foi elaborada no capítulo 4 (quatro) evidenciando que há uma corresponsalização entre Estado, organizações aéreas e profissionais para a proteção e promoção da saúde de pilotos, além da prevenção e tratamento de doenças.

A conclusão deste estudo possibilita embasamento científico (guardadas as proporções necessárias) para subsidiar pesquisas de campo, além de motivar políticas públicas para promoção e proteção na saúde de pilotos.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CONCEITUANDO SAÚDE E SAÚDE DO TRABALHADOR

A saúde é um termo de alta complexidade para a própria definição. O conceito mais abrangente e altamente difundido é o atual da Organização Mundial de Saúde, que define saúde como “um perfeito bem-estar físico, mental e social e não apenas ausência de doença” (OMS, 2006; WHO, 1948). Este conceito está ultrapassado (embora não completamente refutado), visto que a ideia de felicidade completa é inalcançável (SEGRE e FERRAZ, 1997).

Este conceito, portanto, remete à ideia de uma saúde perfeita, completa. Porém, a mudança é constante e inerente à vida, sendo esta estabilidade utópica e inatingível. Saúde não é um “estado estável”, inalterado e que se atingido possa ser mantido. Não apenas o conceito é complexo, mas a percepção de saúde também, pois esta tem um caráter subjetivo, visto que dependerá das convicções intrínsecas e culturais sendo também influenciada pelo contexto histórico e temporal a que o indivíduo está inserido. (BRASIL, 1997).

Para entender a ideia que o conceito traz, é importante analisar a raiz do termo. Inicialmente, segundo Luz em 2009, “Saúde”, em português, tem sua derivação de salude, vocábulo do século XIII (1.204). Em espanhol salud (Século XI), em italiano salute, e vem do latim salus (salutis), com significado de salvação, além de conservação da vida, cura ou bem-estar. O étimo francês santé, do século XI, advém de sanitas (sanitatis), designando no latim

sanus: “são, o que está com saúde”, aproximando-se mais da concepção grega de “higiene”,

ligada à deusa Hygea (LUZ, 2009).

Em seu plural de origem idiomática, o termo “saúde” designa, portanto, uma firmação positiva da vida e um modo de existir harmônico, não incluindo em seu horizonte o universo da doença. Pode-se dizer, deste ponto de vista, que “saúde” é, em sua origem etimológica, um “estado positivo do viver”, aplicável a todos os seres vivos e com mais especificidade à espécie humana (LUZ, 2009).

Por se tratar de uma ideia sanitarista e de higiene, o estado de “saúde”, romano ou grego, relacionado aos humanos, implicaria em um conjunto de práticas e hábitos harmoniosos abrangendo todas as esferas da existência: o comer, o beber, o vestir, os hábitos sexuais e morais, políticos e religiosos. Além disso, também se relaciona com virtudes específicas ligadas a todas as esferas, também em vícios, que poderiam degradar o estado de harmonia ensejando o adoecimento e, no limite, a morte (LUZ, 2009).

Com a evolução da história, das conquistas e dos direitos sociais e especificamente no Brasil a pouco mais de 30 anos, a saúde também é compreendida como um direito social,

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pautado na cidadania e expresso na Constituição Brasileira de 1988, seção II, nos artigos 196, 197, 198 e 199. Estes abordaram o conceito de saúde na perspectiva política, econômica e social. Ampliou-se o direito do cidadão à saúde do direito previdenciário, e foi dada relevância pública aos serviços de saúde como descritos no artigo 196:

A saúde é um direito de todos e dever do estado, garantido mediante medidas políticas, sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1998).

Como demonstrado anteriormente, a saúde perpassa por todas as áreas individuais e coletivas relacionadas à vida humana. Uma das mais importantes interfaces da saúde é a saúde profissional, ou saúde do trabalhador, visto que, por questões de sobrevivência e ligados à realização pessoal, a profissão e o trabalho abrangem uma das maiores fixações humanas na dedicação de tempo, energia e expectativas (BUZON, 2012; MIGLIACCIO FILHO 1994).

Por ser uma questão de tamanha dedicação humana, a saúde do trabalhador ganha cada vez mais atenção.

Segundo a Lei 8.080, que é a Lei Orgânica da Saúde no Brasil, saúde do trabalhador é o conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho (BRASIL, 1990).

Além disso, a lei abrange a atenção à saúde do trabalhador nos seguintes aspectos:

I - Assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de doença profissional e do trabalho;

II - Participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de trabalho;

III - Participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e controle das condições de produção, extração, armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador;

IV - Avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;

V - Informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional;

VI - Participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas;

VII - Revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração das entidades sindicais; e

VIII - A garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores (BRASIL, 1990).

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Sendo um direto de todos e garantido constitucionalmente, a saúde do trabalhador é de responsabilidade e interesse do Estado, bem como das instituições empregatícias e obviamente do indivíduo que executa a força de trabalho.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 45% da população mundial e aproximadamente 58% da população acima de 10 anos de idade integram a força de trabalho dos países do mundo todo. Isto é, são eles os responsáveis pelo sustento da base econômica e material da sociedade. Nesse sentido, a sociedade se torna dependente da capacidade de trabalho dessa população. E então, o cuidado com a saúde do trabalhador se torna requisito básico para a produtividade e desenvolvimento dos países (SILVA e PERINI, 2017).

Não apenas por uma questão de adoecimento, mas também e principalmente por ser uma importante estratégia para garantir o bem-estar dos colaboradores e potencializar a produtividade, a motivação e a satisfação no ambiente de trabalho, a saúde ocupacional merece destaque nas ações das empresas. A preservação e atenção à saúde do trabalhador deve começar dentro das corporações, por meio de programas, inciativas e ações que incentivem e valorizem sua importância, continuamente (SILVA e PERINI, 2017).

Segundo o coordenador da Saúde Ocupacional e Segurança do Trabalho do Grupo Hermes Pardini,

A empresa que possui programas de promoção da saúde, demonstram comprometimento com o empregado. Ações bem-sucedidas de Saúde Ocupacional deixam transparecer o cuidado com o empregado que é o patrimônio mais valioso de uma organização. Ao sentir-se acolhido e cuidado pelo empregador, o funcionário se torna mais engajado e motivado. Além disso, o monitoramento periódico da saúde possibilita à empresa realizar diagnósticos precoces evitando, assim, doenças graves e o possível afastamento de funcionários (HERMES PARIDINI, s.d.).

O processo de adoecimento dos trabalhadores tem relação direta com o seu trabalho e não deve ser reduzido a uma relação monocausal entre doença e um agente específico, ou multicausal, entre a doença e um grupo de fatores de riscos (físicos, químicos, biológicos, mecânicos), presentes no ambiente de trabalho. Saúde e doença estão condicionados e determinados pelas condições de vida das pessoas e são expressos entre os trabalhadores também pelo modo como vivenciam as condições, os processos e os ambientes em que trabalham (BRASIL, 2018).

Com a expansão do conceito de saúde e a preocupação, ligeiramente recente, com a Saúde do Trabalhador, há esforços das áreas de trabalho para buscar identificar problemas e alternativas específicas para seus campos de atuação. Como todo trabalhador, os pilotos de

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avião, pertencentes à classe de aeronautas, estão submetidos a aspectos e impactos relacionados a própria saúde, que são advindos da sua prática laboral e do modo individual de interpretar estes processos (MELLO, 2014).

Mesmo com toda a evolução das tecnologias das aeronaves e com o investimento na saúde do trabalhador, os pilotos ainda estão expostos a fatores que causam adoecimento físico e psicossocial como radiação, vibrações, ruídos, baixa umidade do ar, pressão parcial do oxigênio, além do distanciamento social, fadiga por atividades repetitivas entre outros que serão demonstrados a seguir neste trabalho.

2.2 EXPOSIÇÕES OCUPACIONAIS DE MAIOR IMPACTO NA SAÚDE FÍSICA DOS PILOTOS DE AVIÃO

Os fatores ocupacionais a que estão expostos os pilotos de avião mais frequentemente severos e importantes e que podem influenciar direta e indiretamente estes profissionais são radiação, vibrações, ruídos, baixa umidade do ar e diminuição da pressão parcial do oxigênio, cada uma delas e suas especificidades serão tratadas neste capítulo (HÕRLLE, 2018).

2.2.1 Radiação

Os seres vivos estão permanentemente expostos à radiação proveniente do espaço sideral e de elementos radioativos existentes na crosta terrestre. Sabe-se que a exposição à radiação mais intensa do que o nível normal deve ser evitada, pois, ao atravessar a matéria viva, a radiação pode causar alterações na estrutura química de moléculas ou átomos (HEWITT, 2002).

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a radiação ultravioleta (UV) pode ser separada em três tipos: UVA, UVB e UVC. O UVC é o menos preocupante, já que é completamente filtrado pela atmosfera terrestre (OLIVEIRA, 2013). Os raios UVB sofrem uma redução significativa (aproximadamente 90%) em intensidade ao atravessarem a atmosfera, mas ainda assim podem ser associados a queimaduras, vermelhidão e câncer de pele. Os mais problemáticos são os raios UVA, que sofrem pouca interferência da atmosfera (além disso, estão presentes mesmo em dias nublados) compondo a grande maioria da radiação solar que

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atinge o planeta, sendo os principais responsáveis pelo envelhecimento acelerado, manchas e câncer de pele (BALOGH et.al., 2019).

A intensidade da radiação varia com a altitude, diminuindo à medida que nos afastamos do solo, conforme experimentos realizados há cerca de 100 anos por Victor Hess, e depois aumentando consideravelmente com o aumento da altitude em virtude, principalmente, da menor atenuação dos raios cósmicos pela atmosfera. Pode-se, então, afirmar que pessoas que se deslocam frequentemente em aeronaves de transporte aéreo estão sujeitas, durante os voos, a índices de radiação maiores do que ao nível do solo. A altitude, a duração e frequência dos voos e outros fatores individuais influenciam a quantidade de radiação que atinge tripulações e passageiros (MATHEUS, 2011).

Além da radiação advinda dos raios UV, há outro tipo de radiação ionizante de origem cósmica que preocupa a comunidade médica no que se refere à saúde dos aerotripulantes. Por definição, Radiação ionizante é a radiação que possui energia suficiente para ionizar átomos e moléculas. É capaz de arrancar elétrons de átomos ou moléculas, produzindo íons. Exemplo: raio-x, alfa, beta, gama e nêutrons. Apesar dos insuficientes e relativamente poucos estudos de aprofundamento sobre o tema, a preocupação é intensa, visto que a radiação ionizante é muito mais nociva e pode causar um efeito devastador ao organismo humano (SNA, 2014).

As alternativas para a exposição às radiações tanto UV quanto ionizantes ainda são a prevenção. Para os raios UV há recomendação de utilização constante de cremes com proteção solar, óculos com pelo menos 99% de proteção (porém a cor da lente deve ser equilibrada) e avaliação cutânea periódica (OLIVEIRA, 2013; SAIBA..., 2014). Para a radiação ionizante a recomendação são os dispositivos medidores de radiação nas aeronaves, permitindo que os pilotos tomem decisão imediata quanto ao voo se o medidor acusar valores de incidência dos raios acima do preconizado (SNA, 2014).

2.2.2 Vibrações

As vibrações podem ser definidas como movimentos oscilatórios do corpo sobre o ponto de equilíbrio (IIDA, 2005).

Os pilotos de aeronaves (principalmente de helicópteros) estão continuamente expostos às vibrações causadas pelos movimentos das aeronaves e somado à posição sentada, onde algumas estruturas são sobrecarregadas (como dorso e abdome) e outras estruturas em

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desuso (membros inferiores), as repercussões podem ser extremamente nocivas ao profissional (BRAGA, 2012).

A vibração pode ser transmitida ao corpo inteiro ou a partes dele. A vibração de corpo inteiro (corpo total) é aquela transmitida inteiramente ao corpo do trabalhador, ocorrendo a partir dos pés (posição em pé) ou do assento (posição sentada), com frequência variando de 0,5 a 80 Hz (Hertz). Já a vibração de partes do corpo (manubraquiais) é aquela transmitida diretamente às mãos e braços do trabalhador por equipamentos manuais vibrantes, com frequência variando de 5 a 1.000 Hz (LOPES, 2015).

A vibração consiste em movimento inerente aos corpos dotados de massa e elasticidade. O corpo humano possui uma vibração natural. Se uma frequência externa coincide com a frequência natural do sistema, ocorre a ressonância, que implica em amplificação do movimento. A energia vibratória é absorvida pelo corpo, como consequência da atenuação promovida pelos tecidos e órgãos (MORAES, 2006). O corpo humano possui diferentes frequências de ressonância, conforme figura 1 a seguir:

Figura 1 – Frequência de Ressonância no corpo humano.

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Segundo Waldhelm Neto, as consequências da vibração no corpo dependem de quatro fatores:

 Pontos de aplicação no corpo

 Frequência das oscilações

 Aceleração das oscilações

 Duração da ação.

Os efeitos da vibração no homem dependem, entre outros aspectos, das frequências que compõem a vibração. As baixas frequências são as mais prejudiciais – de 1 até 80-100 Hz. Nessas faixas de frequência ocorre a ressonância das partes do corpo humano, que pode ser considerado como um sistema mecânico complexo. Acima de 100 Hz, as partes do corpo absorvem a vibração, não ocorrendo ressonância, porém produzem tipos de influências diferentes no organismo (CLASSIFICAÇÃO..., 2013).

Estudos revelam que as vibrações de baixa frequência podem causar dores abdominais, náuseas, dores no peito, perda de equilíbrio, respiração curta e contrações musculares (FEDATTO NETO, 2016).

A exposição de corpo inteiro e longa duração (a que frequentemente estão expostos os pilotos) pode danificar o sistema nervoso central autônomo, o resultado pode ser queixas de fadiga, irritação, cefaleia, problemas de coração como aumento da frequência cardíaca e até impotência no aparelho reprodutor masculino. Problemas na espinha dorsal também foram relatados em pessoas idosas. As pessoas jovens que foram expostas passaram a ter tendência a desenvolver tensão muscular (MASSERA, 2015).

As mulheres sofrem mais do que os homens quando expostas às mesmas condições de vibração. Além disso, a vibração também pode causar problemas na visão o que na aviação aumenta muito o risco de acidentes (LOPES, 2015).

De forma geral a exposição à vibração também pode gerar outros efeitos catalogados, entre eles estão: Lentidão nos reflexos, falta de concentração para o trabalho, gastrites, ulcerações, degeneração paulatina do tecido muscular e nervoso (WALDHELM NETO, s.d.).

Para demonstrar separadamente o efeito das vibrações de baixa frequência e alta frequência (os pilotos podem estar submetidos a ambas dependendo da absorção do assento e tipo de voo e aeronave), de corpo inteiro ou focais (manubraquiais) no organismo, a Tabela 1 e 2 foram elaboradas baseadas nas Tabelas do estudo de Simões em 2014.

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Tabela 1 – Alterações físicas causadas pelas vibrações nas condições de baixa frequência e alta

frequência.

Intensidade das Vibrações Alterações Físicas

Vibrações de Baixa Frequência (< 100Hz)

 Estimulam o labirinto do ouvido esquerdo;

 Perturbam o Sistema Nervoso Central;

 Podem produzir náuseas e vômitos.

 Patologias diversas ao nível da coluna vertebral, lombalgias, hérnias;

 Agravam lesões raquidianas menores e incidem sobre perturbações devidas a más posturas;

 Sintomas neurológicos: variação de ritmo cerebral, dificuldade de equilíbrio, inibição de reflexos;

 Perturbações na visão: diminuição da acuidade visual

Vibrações de Alta Frequência (Acima de 100 Hz)

 Perturbações osteoarticulares observáveis radiologicamente tais como: artroses, lesões de pulso;

Perturbações tendinosas;

 Afeções angioneurológicas da mão que acompanham perturbações na sensibilidade. A sua expressão vascular manifesta-se por crises do tipo de “dedos mortos” chamada síndrome de Raynaud;

 Aumento da incidência de afecções do aparelho digestivo (hemorroidas, dores abdominais, obstipação.

Fonte: RODRIGUES, 2020.

Além das alterações físicas causadas pelas vibrações nas condições de baixa e alta frequência demostradas na tabela anterior, outra preocupação relevante neste aspecto do risco à vibrações, é o local anatômico de exposição do profissional. As consequências de adoecimento são distintas para cada parte do corpo, como é demonstrado na Tabela 2 a seguir.

Tabela 2 - Alterações físicas causadas pelas vibrações com incidência no corpo inteiro ou focais

(manubraquiais)

Vibrações no corpo inteiro Vibrações focais (manubraquiais)

Danos Físicos Irreversíveis:

 Lumbago isquêmico;

 Alterações no sistema circulatório; .

Síndrome de Raynoud (dedos branco):

 Falta de sensibilidade e controle;

 Tremores nos dedos;

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Cont. Tabela 2 - Alterações físicas causadas pelas vibrações com incidência no corpo inteiro

ou focais (manubraquiais)

Vibrações no corpo inteiro Vibrações focais (manubraquiais)

Distúrbios no Sistema Nervoso Central:

 Fadiga;

 Insônia;

 Dor de cabeça;

Tremores.

 Danos nos tendões e músculos entre o pulso e o cotovelo.

Fonte: RODRIGUES, 2020; SIMÕES, 2014.

Para prevenir os efeitos causados pela vibração a que os pilotos estão expostos, ainda há muito que se estudar, a questão ainda é um tanto nebulosa quando se trata de definir limites de tolerâncias, já que estão envolvidos vários efeitos, tais como o vascular, neurológico e o musculoesquelético (FEDATTO NETO, 2016).

A alternativa atual mais eficaz são os assentos capazes de absorver as vibrações em todos os eixos (x, y e z), a manutenção preventiva constante dos mesmos e principalmente o Treinamento Funcional (TF), treinamento físico no qual se fortalecem os músculos e estruturas corporais mais abaladas com a exposição (BRAGA, 2012). A pesquisa avança no estudo da transmissão de vibração, no entanto, a tecnologia ainda deve buscar alternativas para reduzir a vibração, inclusive por meio de soluções ergonômicas (FEDATTO NETO, 2016).

2.2.3 Ruídos

Do ponto de vista físico pode definir-se o ruído como toda a vibração mecânica estatisticamente aleatória de um meio elástico. Do ponto de vista fisiológico, será todo o fenômeno acústico que produz uma sensação auditiva desagradável ou incomodativa (SIMÕES 2014).

A exposição ao ruído no local de trabalho é a causa direta da segunda mais importante doença profissional no Brasil – a surdez – originando também outras perturbações fisiológicas e psicológicas. Tais perturbações podem conduzir a estados de fadiga física e psíquica que, para além de custos sociais evidentes, acabam por se traduzir também em custos econômicos para as empresas, devido a perdas de produtividade e de qualidade de trabalho, desmotivação e absentismo (SIMÕES, 2014).

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A perda auditiva altera a capacidade de o indivíduo expressar-se oralmente e prejudica sua relação com as pessoas e com o ambiente, limitando o contato com o meio (ALMEIDA E AMARAL, 2007).

É importante enfatizar que a integridade auditiva é fundamental para o desempenho de muitas atividades profissionais, mas, para a atividade aérea, torna-se essencial, pois erros de percepção podem causar acidentes na aviação, o que coloca não somente a saúde do piloto em risco, mas de uma tripulação e dos viajantes (FAJER, ALMEIDA E FISCHER, 2011).

As exposições aos ruídos sobre o organismo podem ser divididas em fisiológicas e psicológicas. A figura a seguir foi retirada do trabalho de Simões em 2014 que estudou o efeito dos ruídos e vibrações no corpo humano e retrata que o ruído tem impactos em todo o organismo, trazendo inúmeras consequências ao mesmo.

Figura 2 – Efeito dos ruídos nos aspectos fisiológicos e pisicológicos do organismo.

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Ainda de acordo com Simões (2014), o empregador deve seguir os princípios gerais de prevenção, assegurando assim que os riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores resultantes da exposição ao ruído sejam eliminados ou reduzidos ao mínimo, mediante medidas organizacionais e técnicas.

A Tabela 3 traz detalhadamente as medidas organizacionais e técnicas necessárias à minimização ou eliminação dos ruídos relacionadas a atividade laboral dos pilotos de avião.

Tabela 3 - Medidas organizacionais e técnicas necessárias à minimização ou eliminação dos

ruídos relacionados à atividade de aviação.

Medidas Organizacionais

 Métodos de trabalho alternativos que permitam reduzir a exposição ao ruído;

 Escolha de equipamentos de trabalho adequados, ergonomicamente bem concebidos e que produzam o mínimo ruído possível.

 Organização e disposição nos locais e postos de trabalho;

 Informação e formação adequadas aos trabalhadores para a utilização correta e segura de equipamentos.

 Programas adequados de manutenção do equipamento de trabalho, inclusive aviões, do local de trabalho e dos sistemas existentes.

 Horários de trabalho adequados, incluindo períodos de descanso apropriados.

 Rotatividade dos postos de trabalho;

 Limitação da duração do trabalho em ambientes muito ruidosos.

Redução do ruído na fonte

 Utilizar máquinas, aparelhos, ferramentas e instalações pouco ruidosos;

 Aplicar silenciadores e atenuadores sonoros;

 Assegurar o dimensionamento correto, acabamentos à máquina e uma escolha correta dos materiais;

 Promover regularmente a manutenção dos equipamentos de trabalho, do local de trabalho e dos sistemas existentes.

Redução da Transmissão

 Atenuação da transmissão de ruído de percussão, com reforço das estruturas;

 Isolamento contra vibrações;

 Aumento da absorção da envolvente acústica e barreiras acústicas;

 Separação dos locais, por:

a) Limitação da propagação do ruído, por exemplo pela compartimentação dos locais e pela colocação de divisórias e cabinas;

b) Concentração das fontes de ruído em locais de acesso limitado e sinalizados.

Medidas de Proteção individual

 Utilização pelos trabalhadores de protetores auditivos individuais sempre que o nível de exposição ao ruído iguale ou ultrapasse os valores de ação superiores;

 Assegurar, pelas organizações e empresas, que os protetores auditivos selecionados permitam eliminar ou reduzir ao mínimo o risco para a audição;

 Aplicar medidas de educação em saúde que garantam a utilização pelos trabalhadores de protetores auditivos e controla a sua eficácia.

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2.2.4 Baixa Umidade do Ar

A baixa umidade é condição necessária para melhor manutenção dos equipamentos da aeronave e prevenção de corrosão de estruturas. Além disso, o resfriamento do ar devido à elevação da altitude também desencadeia alteração nos níveis de umidade no ar, fazendo com que a longo prazo, os aeronautas apresentem inicialmente sintomas como ressecamento de pele e mucosas, rouquidão, sangramentos nasais, tosse, aumento da irritabilidade, dermatoses, doenças alérgicas. Posteriormente, reumatismo, secreção pulmonar espessa o que auxilia na diminuição do oxigênio nos tecido, também conhecido como Hipóxia, que pode ter feitos leves a devastadores (DIAS, 2018; MELO E SILVANY NETO, 2012).

Altas temperaturas e baixa umidade do ar favorecem o transporte de poluentes, que associados às condições climáticas podem afetar a saúde de populações, mesmo distantes das fontes geradoras de poluição. Isto pode aumentar os efeitos de doenças respiratórias e demais complicações associadas à baixa umidade (BARCELLOS et al., 2009).

Uma pesquisa internacional publicada em 2001 por Nagda e Hodgson revisou estudos de câmara e de campo na literatura experimental e encontrou que a irritação da mucosa continua a ser uma reclamação comum entre os viajantes e comissários de bordo em cabines de aeronaves. Os autores concluíram que a duração da exposição cujos efeitos da baixa umidade não são visíveis foi da ordem de três a quatro horas (MELO E SILVANY NETO, 2012).

Para que o problema seja minimizado é necessário a instalação de umidificadores acoplados ao sistema de ar condicionado nas aeronaves, encontrando o equilíbrio necessário para evitar a corrosão dos materiais e acionados em viagens de longa duração (COM UMIDADE..., 2015).

Além dessa medida, orientações aos pilotos quanto a abandonar o hábito de fumar, se hidratarem durante a viagem com a ingestão de líquidos, utilizar seus próprios umidificadores individuais e o processo da lavagem das narinas com soro fisiológico pode ser algumas ações eficazes (GRAY, 2018).

2.2.5 Diminuição da Pressão Parcial do Oxigênio

A hipóxia (concentração inadequada de oxigênio no sangue) também pode ser gerada em diferentes intensidades nos pilotos pela diminuição da pressão parcial de oxigênio que é resultado do aumento da altitude e é chamada de hipobarismo. Esta desordem, como

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mencionado, pode trazer sintomas leves como tonteiras, taquicardia a devastadores como confusão mental, convulsão, perda de consciência, danos cerebrais irreversíveis e até morte.

Além disso, mais de um fator causador de hipóxia pode estar associado às condições de um mesmo piloto durante uma viagem, comprometendo a saúde deste e segurança de todos os viajantes.

Por uma questão econômica, a maioria dos voos comerciais mantém, no interior do avião, uma pressão atmosférica similar à encontrada em altitudes situadas entre 1.800 e 2.400 metros acima do nível do mar, pois mantê-la mais elevada que isso requer maior consumo de combustível devido ao aumento do peso da aeronave. Esse é um fator determinante para o hipobarismo e consequentemente a hipóxia (MARQUES et.al., 2018).

Se não detectada a tempo, os sintomas da hipóxia decorrente do hipobarismo, como tontura, vertigem, hiperventilação, taquicardia, confusão mental, entre outros vão se agravando até à perda total de consciência e convulsões, isto de acordo com a resistência física de cada indivíduo, a altitude e o tempo de voo decorrido a essa altitude (ROCHA, 2011).

O piloto nem sempre irá perceber os efeitos do hipobarismo, o qual pode atuar diminuindo e comprometendo a capacidade mental, incluindo julgamento, memória e desempenho de movimentos motores discretos. Essa hipóxia também traz diminuição do débito cardíaco com consequente elevação dos batimentos cardíacos, pulso e movimentos respiratórios. A causa mais comum dessas condições é a alteração da pressão atmosférica durante a descida de voos comerciais associada à inabilidade do indivíduo em equilibrar a pressão no ouvido médio com a pressão atmosférica (MELO E SILVANY NETO, 2012).

Como o hipobarismo é uma condição que pode acometer a qualquer piloto durante um voo despressurizado a altitudes com pressão acima dos 10.000 pés MSL (Mean Sea Level - Nível Médio do Mar), e sendo os impactos desta condição extremamente nefastos no que diz respeito à segurança do voo, torna-se imperativo criar alternativas para a prevenção, reconhecimento dos sinais, sintomas e tomadas de decisão (ROCHA, 2011).

Algumas medidas são interessantes: inicialmente, para que um indivíduo seja liberado para atividades de aviação e certificá-lo como piloto, há diversas exigências da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) e órgãos internacionais. Entre elas, ele deve se submeter a vários exames e aptidões médicas e físicas. Seria de muita relevância se este indivíduo também realizasse testes em câmara hipobárica.

O teste poderia revelar os limites do piloto e treiná-lo para o reconhecimento de sinais e sintomas e uma rápida tomada de decisão para não comprometer a própria segurança e consequentemente a segurança do voo (ROCHA, 2011).

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Outra medida seria cada cabina conter um medidor constante da saturação (medida de Oxigênio no sangue) através de um leitor de hemoglobina chamado oxímetro, aparelho simples e de baixo custo, que aferido pode precisar as variações no sangue do piloto e alertá-lo quanto a possíveis riscos (DAMIANI, 2010).

2.3 OUTRAS DESORDENS DE IMPACTO NA SAÚDE FÍSICA RELACIONADAS À ATIVIDADE DE PILOTOS

2.3.1 Ergometria - Doenças Osteomusculares

No desempenho de suas atividades aéreas, os pilotos são submetidos a posturas que impõem tensões contínuas em determinados grupos musculares, ao mesmo tempo em que deixam outras musculaturas em desuso. Esse constante estado de tensão assimétrica da musculatura e das articulações acumuladas com a vibração pode resultar em dores nas costas desses pilotos (BRAGA, 2012).

A doença ocupacional que se refere à coluna lombar tem sido considerada uma das doenças mais comuns no mundo ocidental, afetando aproximadamente 80 a 85% da população em alguma época da sua vida (MALTA, 2017)

As doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT) fazem parte de uma realidade amplamente difundida e revelam que movimentos repetitivos ou manutenção de posturas "ruins" que um indivíduo adota em sua atividade profissional, muitas vezes, redunda em dor durante sua jornada de trabalho, podendo se estender após seu fim, e mesmo persistir até nos momentos de descanso e lazer. Neste sentido, a postura que o piloto em geral e pilotos mantém durante o voo pode conduzir a alterações importantes da coluna vertebral (OLIVEIRA, 2008).

Segundo Iida (2005) para manter a postura sentada, praticamente todo o peso do corpo é suportado pela musculatura do dorso e do ventre. Além disso, a postura sentada é mais prejudicial do que a em pé em relação à pressão nos discos intervertebrais pelo mecanismo da bacia e do sacro.

Em relação à musculatura, de uma forma simplificada, os músculos têm uma faixa de comprimento adequada em que trabalham, diminuindo e aumentando seu comprimento, de maneira a promover o movimento em uma boa amplitude. Ainda, os músculos têm propriedades mecânicas que, ao serem mantidos em um comprimento pequeno por muito tempo, tenderão a permanecer encurtados, o que promove restrição dos movimentos. A manutenção do tronco em

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uma postura constrita com rotação por período prolongado (como em pilotos) tende a produzir encurtamento unilateral da musculatura que sustenta o tronco, a qual está ligada à coluna vertebral. Isto pode conduzir à dor, e até mesmo ao desenvolvimento de alterações posturais, como tem sido revelado por pesquisas (OLIVEIRA 2008).

Algumas das medidas mais importantes relacionadas ao melhoramento da postura são os alongamentos que podem ser realizados anteriormente e ao término do voo (OLIVEIRA, 2008). Outro fator determinante é o assento que deve ser ergonômico e prover um apoio adequado para as nádegas, a coluna e as pernas, utilizadas no comando da aeronave, a fim de promover uma manipulação confortável e conveniente dos controles na posição sentada, além de absorver as vibrações (BRAGA, 2012).

2.3.2 Trombose Venosa Profunda e Tromboembolismo Venoso

A trombose ocorre quando há formação de um coágulo sanguíneo em uma ou mais veias grandes das pernas e das coxas. Esse coágulo bloqueia o fluxo de sangue e causa inchaço e dor na região, chamado de Trombose Venosa Profunda. O problema maior é quando um coágulo se desprende e se movimenta na corrente sanguínea, em um processo chamado de embolia (Tromboembolismo venoso -TEV). Uma embolia pode ficar presa no cérebro, nos pulmões, no coração ou em outra área, levando a lesões graves (BRASIL, 2019).

A Trombose Venosa Profunda (TVP) é uma doença grave que pode trazer complicações a curto ou longo prazo, contudo totalmente evitável, tendo como uma de suas piores consequências a embolia pulmonar, o infarto do miocárdio ou acidente vascular encefálico isquêmico, potencialmente fatais. Assim sendo, ao dissertar sobre TVP, adentra-se num complexo problema de saúde pública, pois pode resultar com a morte em torno de 100.000 a 200.000 pessoas por ano (VERÇOSA e LOCATI, 2019).

Alguns elementos relacionados às condições de viagem elevam os riscos para TVP e TEV (VERÇOSA e LOCATI, 2019). Marques em 2018 identificou estes fatores e os agrupou através de um estudo de revisão sistemática. Segundo ele, os fatores que predispõe à TVP e TEV são:

 Hipóxia: A hipóxia prolongada a que estão submetidos os pilotos, além de todas as consequências mencionadas em tópicos anteriores pode provocar a ativação da via extrínseca da coagulação através de micropartículas portadoras de fator tecidual.

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 Posição de viagem: A estase venosa provocada pela posição sentada, que restringe a mobilização regular dos pés e dos membros inferiores, por longos períodos de tempo, também pode ser um gatilho para a ativação da cascata de coagulação, e, consequentemente, para o desenvolvimento de TVP e TEV.

 Desidratação: A baixa umidade relativa do ar ambiente dentro de uma aeronave durante a viagem aérea pode levar à desidratação, hemoconcentração e hiperviscosidade sanguínea, o que favorece o desenvolvimento de TVP e TEV. Além disso, a desidratação pode ser potencializada pelo consumo regular cafés e chás, que são bebidas sabidamente indutoras da diurese. Isoladamente, tanto a hipóxia quanto a estase e a desidratação provavelmente não seriam suficientes para provocar TVP e/ou TEV em viagens de longa duração, mas a conjunção de pelo menos dois desses três fatores poderia ser suficiente para o desenvolvimento deles.

 Duração do voo: Não existe um consenso universal sobre qual é o tempo de voo que possa ser caracterizada como de longa duração, mas existe uma clara relação entre o desenvolvimento de TVP e TEV e voos com duração maior que seis horas. O risco aumenta 2,3 vezes em voos longos quando comparados a voos curtos, sendo que o risco cresce 26% a cada duas horas adicionais de voo.

Outros fatores de risco para TVP e TEV estão relacionados às condições individuais dos indivíduos como episódio de TVP ou TEV prévio, cirurgia recente ou trauma, neoplasia em atividade, gestação, uso de estrogênio, idade avançada, mobilidade limitada, obesidade ou trombofilias (MARQUES, 2018).

Como medidas de profilaxia são recomendações, inclusive da nona edição das diretrizes de terapia antitrombótica e prevenção de trombose do Colégio Americano de Pneumologia (ACCP - American College of Chest Physicians) de 2012 (KAHN et.al. 2012):

O controle da umidade do ar ambiente com umidificação através do

ar-condicionado pode ser uma medida protetora contra a desidratação e,

portanto, contra a hemoconcentração e o aumento da viscosidade sanguínea resultante, que pode induzir o desenvolvimento de TEV.

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Estimular o piloto a realizar ingestão regular de água ou sucos em vez de café ou chá, que são indutores da diurese.

Incentivo à movimentação ativa de pés e pernas.

Uso de Meias Elásticas de Compressão Graduada (MECGs). O uso de MECGs durante voos de longa duração, teoricamente, aumentaria o retorno venoso de membros inferiores e, portanto, diminuiria a estase venosa provocada pela imobilidade causada pela posição sentada por longos períodos de tempo, diminuindo, consequentemente, o risco de TEV.

2.3.3 Obesidade e Risco Cardiovascular

Intrinsicamente ligado à atividade dos pilotos e a restrição de movimentos e posição sentada há um índice considerável de obesidade e risco cardiovascular em pilotos.

Quanto a obesidade, o estudo de Qiang e colaboradores em 2005 mostrou que 55% da amostra de pilotos estudada tinham sobrepeso, 7% eram obesos e IMC (Índice de Massa Corporal) médio inicial no estudo foi de 25,8 kg/m2 e que, ao final dos 10 anos de seguimento, aumentou para 27,2 kg/m2 (QIANG, 2005).

Uma pesquisa colombiana investigou as prevalências de fatores de risco cardiovasculares nos pilotos e encontrou, dentre os principais resultados, em primeiro lugar, a hipertrigliceridemia (39,7%) seguida de HDL baixo (36,6%), hipercolesterolemia total (36,3%) e hipercolesterolemia LDL (32,7%) (ARTEAGA e FARJADO, 2010).

O estudo de Palmeira em 2016 sobre o excesso de peso em pilotos de avião, citam alguns fatores associados a este fenômeno e são:

 O tempo de trabalho em turnos e no período noturno: nestas circunstâncias estes trabalhadores sofrem uma diminuição acentuada na performance durante os primeiros anos de trabalho. Além disso, nos primeiros cinco anos de trabalho no turno noturno ocorrem mudanças nos hábitos de vida (sono, alimentação, atividades sociais), essas alterações podem gerar sobrepeso e obesidade.

 Estressores ocupacionais (estímulos do ambiente de trabalho) refletem no cotidiano do piloto de avião. O estresse proveniente da sobrecarga de trabalho pode causar dificuldades para relaxar gerando fadiga e

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irritabilidade, como também ter influências sobre algumas doenças como a obesidade.

 O sedentarismo relativo à atividade restrita do piloto e dificuldades de manter uma rotina devido à irregularidade de locais e horários.

 Também foi fator de risco para o excesso de peso entre os pilotos o sono de curta duração durante os dias de folga. A privação do sono pode comprometer seriamente a saúde, uma vez que durante o sono ocorrem vários processos metabólicos que, se alterados, podem afetar o equilíbrio do organismo a curto, médio e a longo prazo, sendo um fator gerador da obesidade e problemas cardíacos.

O sobrepeso e obesidade que desencadeiam outros riscos e doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, entre muitas outras, devem ser prevenidos como na população geral, com bons hábitos de saúde como dietas equilibradas e exercícios físicos. É recomendado pela Organização Mundial da Saúde a realização de no mínimo 150 minutos de atividade física moderada por semana ou pelo menos 75 minutos de atividade física intensasemana, de forma contínua ou acumulada, além de acompanhamento nutricional (BRASIL, 2017).

Para a promoção da saúde dos pilotos quanto ao sobrepeso e obesidade, no que se refere às empresas aéreas, estas devem adotar políticas de acompanhamento médico, realização de exames e de orientação aos pilotos. Porém há uma responsabilidade maior sobre o piloto com a tomada de decisão para boas práticas de saúde.

2.4 ASPECTOS DE MAIOR IMPACTO NA SAÚDE PSICOSSOCIAL DOS PILOTOS DE AVIÃO

Embora diversas questões físicas possam impactar a saúde de pilotos, há também questões psicossociais do trabalho que causam preocupação referentes à sua prevalência e incidência neste grupo, e, como intensificador destes processos, há correlação das afecções psicossociais e um ciclo entre elas, ou seja, os sinais e sintomas psicológicos coexistem em uma ou mais perspectivas (ansiedade, depressão, fadiga) alimentando-se mutalísticamente e agravando o estado de comprometimento mental (CASTILLO et.al., 2000).

Muitos estressores são intrínsecos à atividade de pilotagem, tanto os diretamente relacionados à operação aérea (risco de acidentes, turbulência, condições do tempo, barulho, luminosidade, risco de colisão, vibrações) quanto os referentes ao regime de trabalho do piloto

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(horários imprevisíveis, trabalho em turnos, ciclos irregulares de trabalho e sono, afastamento da família), além da constante responsabilidade pela segurança dos passageiros, equipe e aeronave (LITTLE, 1990).

O aumento das atividades de voos comerciais, a maior mecanização dos processos, a necessidade de escalas que abranjam os mais diversos horários, também aumentam o risco do desenvolvimento dessas condições de desordens mentais uma vez que o processo de trabalho pode ser conduzido utilizando modos operatórios rígidos e padronizados, encarando o piloto apenas como mão-de-obra, o transformando em “motor humano” que deve funcionar em todas as horas do dia e o desqualificando quanto à sua história, desejos e aspirações, acabando por transportá-lo para o mundo dos “objetos”. Essa sensação de “coisificação” com repressão à dimensão humana do trabalho, em que o piloto começa a perder sua identidade de aviador para tornar-se um operador de sistema altamente especializado, pode causar insatisfação e consequentemente repercutir em sua saúde mental (FEIJÓ, CÂMARA e LUIZ, 2014).

2.4.1 Ansiedade e Depressão

Segundo o estudo de Anthony Evans, do Departamento de Medicina da Organização Civil Internacional da Aviação dos Estados Unidos, de novembro de 2013, há déficits graves no acompanhamento dos pilotos em matéria de saúde mental e entre as afecções psíquicas mais comumente encontradas nesta classe profissional está a ansiedade e depressão (ATZINGEN e PONTES, 2017).

Ansiedade é um sentimento vago e desagradável de medo, apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto derivado de antecipação de perigo, de algo desconhecido ou estranho (SWEDO, LEONARD e ALLEN, 1994). Esses sentimentos podem estar bem interligados às pressões resultantes do trabalho de pilotos (ATZINGEN e PONTES, 2017).

A depressão, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais de 2014, é tratada como um transtorno psiquiátrico que é determinado pela presença, frequência e duração de sintomas como humor deprimido, alteração do sono, alterações de apetite, agitação ou retardo psicomotor, fadiga, culpa excessiva, pensamentos de morte, intenção suicida, entre outros (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014).

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, buscou entender melhor a saúde mental de pilotos de companhias aéreas. Para isso, eles disponibilizaram um questionário anônimo on-line com perguntas sobre diversos tópicos, incluindo trabalho, saúde e depressão. Cerca de 3.500 responderam à pesquisa, mas apenas

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1.850 completaram as questões sobre saúde mental. Entre os 1.430 participantes que relataram trabalhar como piloto de linha aérea nos sete dias anteriores ao tempo da pesquisa, 13,5% preencheram os critérios para depressão: 12,6% foram classificados com “depressão provável” e 4,1% relataram ter pensamentos suicidas nas duas semanas anteriores (DEPRESSÃO..., 2016).

A ocorrência de ansiedade e depressão têm suas raízes na multicausalidade, ou seja, diversos fatores a que estão expostos os pilotos em suas atividades laborais, tanto de ordem física como social e psíquica podem acarretar os sintomas da doença.

O ruído, as vibrações, a hipóxia causada pela baixa umidade do ar e pelo hipobarismo, apesar de levar à disfunções físicas também causam alterações neuropsíquicas que podem culminar em ansiedade, depressão e fadiga (RIUL, VABONI e SOUZA, 2012).

A repercussão da ansiedade e depressão de pilotos pode ser desastrosa no âmbito individual (para o piloto), para a família e também por fim para o coletivo, como demonstrado na infeliz tragédia do caso Germanwings, acidente que matou 144 passageiros e 6 tripulantes causado intencionalmente pelo copiloto Andreas Lubitz, que já havia sido tratado por tendências suicidas. A questão é ainda mais complexa visto que cerca de 60% dos pilotos que sofrem algum tipo de depressão decidem continuar a voar, sem comunicar aos empregadores (ATZINGEN, 2017).

Outro fator de muita relevância e por vezes predominante para o desenvolvimento da ansiedade e depressão é o distanciamento social vivido pelos pilotos. A dificuldade de uma rotina fixa, vários destinos, a mudança de equipe a cada voo, dificultam a criação de vínculos para os pilotos, não apenas laços amorosos e familiares, mas também laços de amizade e um espírito de equipe. Este fator, além de estressante pode gerar solidão e se desdobrar em mais sintomas de ansiedade e depressão (SANTOS, 2019).

Uma pesquisa realizada por Ferreira em 1998, avaliando diversos fatores relacionado à vida dos pilotos, questionou como a organização do tempo de trabalho destes profissionais repercutia negativamente em alguns aspectos de suas vidas e encontrou os seguintes resultados:  Vida Social: 79,6%  Vida Familiar: 65,3%  Sono: 46,9%  Humor: 40,8%  Relacionamento sexual: 22,4%

Referências

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