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AULA 2 26/02/11 OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

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AULA 2 – 26/02/11

OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

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1 INTRODUÇÃO

No mais das vezes, os princípios – entes nucleares que alçam posições acima das normas – sejam eles constitucionais (ex.: princípio do devido processo legal), sejam gerais (ex.: princípio da imparcialidade do juiz) são perfeitamente aplicáveis no processo do trabalho.

Isto porque, historicamente, observa-se que o direito do trabalho, bem como o processo do trabalho são frutos do direito comum, do direito civil. Nada mais natural que, o direito processual trabalhista ter herdado do civil seus nortes.

2 O PRINCÍPIO DO DISPOSITIVO

No processo do trabalho, o juízo é inerte não podendo iniciar procedimento qualquer senão pela provocação da parte. Destarte, deverá o reclamante (trabalhador ou empregado) bater às portas do Judiciário e propor competente ação trabalhista.

3 O PRINCÍPIO DA IMEDIAÇÃO (IMEDIATIDADE)

Imediação quer dizer contigüidade, proximidade. Nesta tangente, prega o princípio em apreço que o juiz do trabalho deve ter contato direto com as partes, bem como com as provas. É ele quem dever argüir autor, réu e testemunhas. Deriva do princípio da oralidade.

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4 O PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ

No processo civil, o juiz que pratica a instrução deverá ser o mesmo que prolatará a sentença. Destaque-se fortemente que, tal princípio não se aplica no processo do trabalho. E, neste sentido, dispõem-se súmulas do Superior Tribunal do Trabalho1, bem como do Supremo Tribunal Federal2.

5 O PRINCÍPIO DA CELERIDADE E DA ECONOMIA PROCESSUAL

O processo do trabalho deve ser célere3 posto tratar, no geral, de situações dramáticas (desemprego – subsistência). Várias medidas existem neste sentido: maior iniciativa do magistrado, menores prazos de recursos (ex.: apelação do civil – quinze dias; recurso ordinário – oito dias).

6 O PRINCÍPIO DA IRRENUNCIABILIDADE DOS DIREITOS TRABALHISTAS

Não pode o trabalhador abdicar, desistir, rejeitar os direitos trabalhistas. Ao realizarem-se os acordos, os direitos trabalhistas são incontestes. Exemplificando, não pode em dada negociação ser proposto o pagamento de certo valor desde que se desconsidere o registro em carteira.

1

Superior Tribunal do Trabalho (2003): SUM-136 - JUIZ. IDENTIDADE FÍSICA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Não se aplica às Varas do Trabalho o princípio da identidade física do juiz (ex-Prejulgado nº 7). Histórico: Redação original - RA 102/1982, DJ 11.10.1982 e DJ 15.10.1982 Nº 136 Não se aplica às Juntas de Conciliação e Julgamento o princípio da identidade física do Juiz (ex-Prejulgado nº 7).

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Supremo Tribunal Federal: Súmula 222 - O princípio da identidade física do juiz não é aplicável às Juntas de Conciliação e Julgamento da Justiça do Trabalho.

3 Consolidação das Leis do Trabalho (1943): Art. 765 - Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do

processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas.

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7 O PRINCÍPIO DA CONCILIAÇÃO

Prima-se pela conciliação, composição, acordo. É interessante ao Estado a rápida conciliação entre o capital e o trabalho. O juiz do trabalho é obrigado, sob pena de nulidade processual, a fazer duas tentativas de conciliação.

A primeira4 deverá ocorrer logo na abertura dos trabalhos. A segunda5, ao seu tempo, encontra sua oportunidade ao término da instrução, momento no qual o bom advogado já tem prévia noção das prováveis decisões que serão tomadas pelo julgador. Há a semana da conciliação.

8 O PRINCÍPIO DA ORALIDADE

Por volta do ano 300 d.C., na Roma Antiga, os processos eram puramente orais. Em verdade, tratava-se de um grande teatro. Exemplificando, caso a lide versasse acerca de uma disputa de terra deveria a parte comparecer carregando um punhado da sobredita terra.

O princípio da oralidade roga que a maior parte dos atos processuais trabalhistas ocorra de forma verbal. Na audiência de conciliação, frustra a composição das partes, o reclamado apresenta imediata defesa, que pode ser oral, sendo, de pronta, reduzida a termo. Processo civil: quinze dias.

4

Consolidação das Leis do Trabalho (1943): Art. 846 - Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação. (Redação dada pela Lei nº 9.022, de 5.4.1995) § 1º - Se houver acordo lavrar-se-á termo, assinado pelo presidente e pelos litigantes, consignando-se o prazo e demais condições para seu cumprimento. (Incluído pela Lei nº 9.022, de 5.4.1995) § 2º - Entre as condições a que se refere o parágrafo anterior, poderá ser estabelecida a de ficar a parte que não cumprir o acordo obrigada a satisfazer integralmente o pedido ou pagar uma indenização convencionada, sem prejuízo do cumprimento do acordo. (Incluído pela Lei nº 9.022, de 5.4.1995)

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Ib.: Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão. Parágrafo único - O Presidente da Junta, após propor a solução do dissídio, tomará os votos dos vogais e, havendo divergência entre estes, poderá desempatar ou proferir decisão que melhor atenda ao cumprimento da lei e ao justo equilíbrio entre os votos divergentes e ao interesse social.

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9 O PRINCÍPIO DA CONCENTRAÇÃO

Concentrar é agrupar, reunir, centralizar, aglutinar. O princípio em apreço esclarece que, no processo do trabalho, há evidente tendência de resolver tudo numa mesma oportunidade, qual seja a audiência de conciliação. Em oposição, rememoramos o rito ordinário do processo civil.

A audiência de conciliação do processo do trabalho pode ser sumariamente assim apresentada: o juiz propõe o acordo que, uma vez infrutífero, é seguido pela contestação, oitiva do reclamante, do reclamado, das testemunhas das partes (fim da instrução) e pelas razões finais.

10 O PRINCÍPIO DA DISPENSA DOS ADVOGADOS

O processo do trabalho exonera as partes da representação pelo advogado6. Neste norte é absolutamente possível o reclamante ajuizar ação, o reclamado apresentar resposta, estarem ambos em audiência, tudo sem o acompanhamento de um advogado.

Isto esclarece o porquê de não haver condenação em honorários advocatícios na justiça do trabalho, salvo quando o reclamante, pobre na acepção estrita do termo, for representado por sindicato, situação na qual ocorre tal condenação em prol do sindicato, não do advogado.

Destaque-se fortemente que, no ano de 2010, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que processo em nível extraordinário exige advogado. Destarte o princípio continua válido para a primeira e para a segunda instância.

6 Consolidação das Leis do Trabalho (1943): Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente

perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final. § 1º - Nos dissídios individuais os empregados e empregadores poderão fazer-se representar por intermédio do sindicato, advogado, solicitador, ou provisionado, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil. § 2º - Nos dissídios coletivos é facultada aos interessados a assistência por advogado.

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11 O PRINCÍPIO INQUISITIVO

Inquisitivo é termo oriundo de inquisição que versa sobre a devassa da católica da Idade Média. No processo trabalhista o juiz tem maior liberdade7 para dirigir os trabalhos (após iniciados), tal qual para produzir provas. Lembra a liberdade de ação do Tribunal do Santo Ofício medieval.

No processo civil o magistrado é mais inerte, aguarda pela produção das provas pelas partes. No processo do trabalho o juiz é mais ativo, pede por provas, determina a juntada de documentos, a realização de perícias. O objetivo: a celeridade e a eficiência.

Na fase de execução a iniciativa do juiz aponta de forma marcante. Enquanto no processo civil o magistrado aguarda o credor requerer a execução, aqui, a execução pode ocorrer ex officio sem que o vencedor se manifeste previamente8.

Note, ainda, que, a constituição autoriza a justiça do trabalho a executar, de ofício, as contribuições sociais9 previstas; bem como, em caso de greve em atividade essencial, autoriza o Ministério Público do Trabalho a ajuizar dissídio10 coletivo (que seria função do sindicato).

12 O PRINCÍPIO DA IRRECORRIBILIDADE DAS DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS

No processo civil as decisões interlocutórias são recorríveis: passiveis de serem impugnadas mediante recursos. Exemplo: indeferimento de pedido de perícia por uma das partes – a parte recorre fazendo uso do agravo de instrumento.

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Consolidação das Leis do Trabalho (1943): Art. 765 - Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas.

8

Ib.: Art. 878 - A execução poderá ser promovida por qualquer interessado, ou ex officio pelo próprio Juiz ou Presidente ou Tribunal competente, nos termos do artigo anterior. Parágrafo único - Quando se tratar de decisão dos Tribunais Regionais, a execução poderá ser promovida pela Procuradoria da Justiça do Trabalho.

9 Constituição da República Federativa do Brasil (1988): Art. 114 - Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Artigo

alterado pela Emenda Constitucional nº 45, de 08/12/2004). [...] VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; (Inciso acrescentado pela Emenda Constitucional nº 45, de 08/12/2004). [...].

10 Ib.: Art. 114 - Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Artigo alterado pela Emenda Constitucional nº 45, de

08/12/2004). [...] § 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. (Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional nº 45, de 08/12/2004).

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No processo do trabalho as decisões interlocutórias são irrecorríveis: não passíveis de serem impugnadas por recurso. Exemplo: indeferimento de exceção de incompetência alegada por uma das partes – a parte não pode interpor recurso.

Destaque-se que, na verdade, em caso de sucumbência da parte que gostaria de ter interposto o recurso que inexiste, oportunamente, após a sentença, poderá a sobredita parte interpor o recurso ordinário que se destina a impugnar, no final, tudo de uma só vez.

Consideremos o seguinte exemplo: durante a audiência, o juiz, entendendo ser a questão de direito, não havendo nada a ser provado de fato, recusa oitiva de dada testemunha. Cabe ao advogado protestar e solicitar consignação em ata, esquivando-se da preclusão.

Situação desconfortável é quando o juiz recusa-se a consignar em ata. Deve o patrono, neste caso, ao término da audiência dirigir-se a OAB e protocolar documento. Caso o juiz ordene desentranhar, restará ao causídico pedir pela correção parcial do tribunal.

13 O PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE

A regra geral é a de que os problemas do processo do trabalho encontrem suas respectivas soluções na legislação do trabalho, qual seja a Consolidação das Leis do Trabalho. O impasse advém do fato de que tal diploma data de 1943.

Note que, por exemplo, o instituto da tutela antecipada é dos anos 1990, logo inexiste naquele ordenamento, sendo encontrada, sim, no Código Civil que é de 2002. Mas, este meio pelo qual o juiz concede logo de início o direito do reclamante é precioso ao trabalhador.

Ainda no exemplo, imaginemos que o trabalhador pede por horas extraordinárias e liberação do fundo de garantia por tempo de serviço. O reclamante está desempregado, desesperado. A tutela antecipada poderia assegura a imediata liberação do fundo, sendo as horas discutidas oportunamente.

O princípio em apreço autoriza a justiça do trabalho a socorrer-se do processo civil – subsidiariamente – sempre que: a norma faltar na Consolidação das Leis do Trabalho, existir no Código de Processo Civil e for compatível com os princípios trabalhistas11.

11 Consolidação das Leis do Trabalho (1943): Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do

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Reforce-se que, a exceção corre por conta da fase de execução do processo trabalhista, na qual, em se verificando os requisitos acima elencados, o socorro é buscado na Lei de Execução Fiscal – Lei n. 6.830/1980 – não no Código de Processo Civil.

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Referências

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