• Nenhum resultado encontrado

Clipping SCA. Data de Criação: 20/08/2019. Criado por: Biblioteca. Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou transmitido

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Clipping SCA. Data de Criação: 20/08/2019. Criado por: Biblioteca. Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou transmitido"

Copied!
61
0
0

Texto

(1)

Data de Criação: 20/08/2019 Criado por: Biblioteca

Clipping SCA

Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou transmitido

(2)

Sumário das

Matérias:

Empresas vão à Justiça anular acordos sobre terceirização Valor – 20 de agosto...01

Governo vai fiscalizar barragens em fazendas Valor – 20 de agosto...04 Dívida de 225 mil empregadores com FGTS chega a R$ 32,1 bilhões

Valor – 20 de agosto...08 Entidades criticam proposta de fusão na AGU Valor – 20 de agosto...10 Coaf muda de nome e sai da Economia para o Banco Central

Valor – 20 de agosto...12 Desmonte ambiental pode prejudicar exportações Valor – 20 de agosto...13 Dilema fiscal e alternativas

Valor – 20 de agosto...15

Criação de mercado de carbono é desafio em negociação global

Valor – 20 de agosto...18 MPF pede R$ 20,5 bi à Braskem por danos em Alagoas Valor – 20 de agosto...20 Inquérito da CVM investigará administradores da Vale Valor – 20 de agosto...22 Falta de licenças atrasa projetos em MG Valor – 20 de agosto...23 Movimento falimentar

Valor – 20 de agosto...25 Falência do Banco Gerador leva ex-sócios à Justiça Valor – 20 de agosto...27

(3)

Mercado de criptoativos traz novo desafio à CVM Valor – 20 de agosto...30 Justiça do Trabalho anula acordos e condenações por terceirização ilegal

Valor – 20 de agosto...32 A nova defesa criminal

Valor – 20 de agosto...35 MP que cria novo Coaf abre brecha para que órgão receba indicações políticas

Folha – 20 de agosto...37 Acordo comercial entre Brasil e EUA não prevê livre-comércio

Folha – 20 de agosto...40 Privatização da Eletrobras terá novo projeto de lei Globo – 20 de agosto...43

Intimação da penhora inicia prazo para impugnar valor de execução

Conjur – 20 de agosto...45 Parecer do ministério da Justiça critica projeto de lei de abuso de autoridade

Migalhas – 20 de agosto...47 Prazo para impugnar valor da execução só começa a contar após a garantia do juízo

Migalhas – 20 de agosto...49 Carf não aplica decisão do STF em casos sobre Zona Franca de Manaus

Jota – 20 de agosto...51 TJSP declara inconstitucionalidade de restrição à restituição do ICMS-ST

(4)

Valor Econômico

Caderno: Primeira Página, terça-feira, 20 de agosto de 2019.

Empresas vão à Justiça anular

acordos sobre terceirização

Por Adriana Aguiar | De São Paulo

Empresas têm conseguido anular condenações judiciais e acordos firmados com o Ministério Público do Trabalho (MPT) sobre terceirização.

Os cancelamentos têm sido

fundamentados no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que considerou legal a terceirização de qualquer atividade, após a Lei da Terceirização (nº 13.429/17) e a

Reforma Trabalhista (nº

13.467/2017).

Antes da nova legislação, as companhias eram frequentemente condenadas na Justiça do Trabalho, em valores milionários, por uso indiscriminado da terceirização. As condenações estavam amparadas na Súmula nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que proibia a terceirização da chamada "atividade fim" da empresa.

Recentemente, o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, em Campinas (SP), anulou acordo firmado entre o MPT e uma usina sucroalcooleira que, para escapar de multa de R$ 1,3 milhão, assumiu o compromisso de não terceirizar a colheita de cana. Segundo o advogado da empresa, mesmo com a mudança na legislação, a companhia teve de recorrer à Justiça porque continuava vinculada ao acordo firmado com os procuradores do Trabalho e em

01

situação de desvantagem perante seus concorrentes.

Justiça do Trabalho anula

acordos e condenações por

terceirização ilegal

Por Adriana Aguiar | De São Paulo

Advogado Renato Serafim: mesmo com reforma trabalhista, empresas permaneciam impedidas de terceirizar

Empresas têm conseguido na Justiça anular condenações e acordos firmados com o Ministério Público do Trabalho (MPT) que tratam de terceirização. As decisões têm como fundamento o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que considerou lícita essa forma de contratação e as leis de terceirização (nº 13.429, de 2017) e da reforma trabalhista (nº 13.467, de 2017). Antes das novas leis e da decisão do

STF, as empresas eram

frequentemente condenadas na Justiça do Trabalho, em valores milionários. Os juízes aplicavam aos casos a Súmula nº 331, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que proibia a terceirização da atividade-fim - a parte essencial do negócio.

(5)

Recentemente, porém, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Campinas -15ª Região decidiu anular acordo judicial firmado entre o MPT e a Usina Santa Isabel e a Santa Luiza Agropecuária, situadas em Novo Horizonte, no interior de São Paulo (processo nº 0010488-92.2018.5.15. 0049). O acordo foi fechado depois de a empresa ser condenada a pagar R$ 1,3 milhão por terceirização considerada ilícita. As empresas assumiram o compromisso de não terceirizar a colheita de cana, bem como não reduzir o intervalo de refeição dos seus empregados para menos de uma hora.

O advogado da usina e da agropecuária, Renato Serafim, do Ilario Serafim Advogados, afirma que mesmo com o advento da reforma trabalhista, as empresas permaneciam impedidas de terceirizar suas atividades- fins ou de reduzir o intervalo de refeição, por conta do acordo firmado na ação civil pública com o MPT.

Enquanto suas concorrentes, submetidas às leis atuais podiam investir na terceirização, acrescenta, "a empresa [usina] estava engessada, perdendo competitividade no mercado". Com o fim do acordo, segundo o advogado, poderá terceirizar a colheita mecanizada, que exige equipamentos de alta tecnologia. "Agora, a empresa poderá expandir sua atividade principal de cultivo de cana de açúcar e gerar novas oportunidades de negócios e empregos na região."

Em tese, diz Serafim, todas as empresas que firmaram acordos com o MPT estão obrigadas a cumprir os termos previstos no texto, ainda que a legislação atual permita a terceirização ampla. A advogado afirma que, antes de recorrer à

02 Justiça, entrou em contato com o procurador do caso em Araraquara, que se negou a rever o acordo.

Em Minas Gerais, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) já deu pelo menos quatro decisões para rever condenações praticamente definitivas, pouco antes da fase de pagamento (execução). Nesses casos, as

companhias têm usado um

instrumento processual previsto nos parágrafos 12 e 14 do artigo 525 do novo Código de Processo Civil (CPC), de 2015, chamado de exceção de pré-executividade, que possibilita a anulação de título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional.

Como na época em que o Supremo julgou o tema da terceirização (RE 958.252 e ADPF 324), em agosto de 2018, ainda não havia sido emitida a certidão de trânsito em julgado (quando não cabe mais recurso), os advogados decidiram entrar com pedidos para anular as condenações, o que tem sido confirmado pelo tribunal.

Em um dos casos, uma instituição financeira, ligada a um rede de supermercados, conseguiu se livrar do pagamento de R$ 175 mil a uma trabalhadora. O processo foi movido por uma ex-funcionária que oferecia o cartão de crédito do banco para os clientes da rede de supermercados. Ela alegou que era ilicitamente terceirizada e na verdade trabalhava para a instituição financeira como correspondente bancária.

Em primeira e segunda instâncias, a terceirização foi considerada ilícita. Foi reconhecido o vínculo de emprego com o banco e determinado o pagamento de horas extras pelo fato de a jornada de bancário ser menor, de cinco horas. Ela cumpria oito

(6)

horas. A decisão foi mantida no Tribunal Superior do Trabalho (TST). Contudo, como o julgamento do Supremo ocorreu no dia 30 de agosto de 2018 e a certidão de transito em julgado (quando não cabe mais recurso) no caso só foi emitida no dia 22 de fevereiro deste ano, a 7ª Turma do TRT foi unânime ao entender pela anulação da condenação, mantendo o entendimento proferido pelo juiz Jésser Gonçalves Pacheco, da 5ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte (agravo de petição nº 0010226-84.2016.5.03.0005).

Na decisão, a relatora,

desembargadora Cristiana Maria Valadares Fenelon, destaca que a jurisprudência no TRT mineiro tem caminhado neste sentido. Ela cita mais três decisões recentes que reverteram condenações.

Segundo os advogados que

assessoram a instituição financeira no processo, Caio Madureira e Rodrigo Macedo, do Tortoro, Madureira e Ragazzi Advogados, "a decisão é de extrema importância" porque é de um tribunal que historicamente entendia pela ilicitude da terceirização. "Por isso, comemoramos a decisão", diz Madureira.

Procurado pelo Valor, o advogado da ex-funcionária, Wagner Santos Capanema, informou que ainda está analisando a decisão para avaliar se vai recorrer.

Na opinião do procurador Paulo Joarês, coordenador nacional de Combate às Fraudes nas Relações de Trabalho do MPT, nas ações em que a sentença não transitou em julgado há aplicação imediata do entendimento do STF. Mas, acrescenta, é prudente que a Justiça do Trabalho aguarde a finalização do julgamento. "Até esse momento sequer ocorreu a publicação

03 do acórdão", diz. Isso porque, em muitos casos, segundo Joarês, será necessário fazer a distinção entre o precedente do STF e as situações dos processos.

Sobre a revisão de acordos, o procurador afirma que é preciso avaliar com cuidado cada caso. "Em muitos deles poderá ser adequado substituir as obrigações previstas, para ajustá-los ao teor da nova lei", diz. Ele destaca que "é preciso observar tanto os limites da decisão do STF, que discutiu apenas possibilidade de terceirizar qualquer atividade, como prestação de serviços entre empresas, mas não legitimou fornecimento de mão de obra, bem como os requisitos da Lei nº 6019/74, que exige uma efetiva transferência de atividades de uma empresa para a outra, a qual deve ter autonomia operacional, capacidade econômica e dirigir o trabalho de seus empregados com exclusividade".

https://www.valor.com.br/legislacao/6397217/justica-do- trabalho-anula-acordos-e-condenacoes-por-terceirizacao-ilegal

(7)

Valor Econômico

Caderno: Brasil, terça-feira, 20 de agosto de 2019.

Governo vai fiscalizar

barragens em fazendas

Por Cristiano Zaia e Marina Salles | De Brasília e São Paulo

A rápida expansão da irrigação na produção agrícola disparou um alerta na Agência Nacional de Águas (ANA), que está mapeando pequenas barragens em fazendas. O objetivo é evitar disputas por água e calibrar licenças concedidas por órgãos ambientais dos Estados. Com o mapeamento, a ANA pretende coibir possíveis irregularidades, como o uso de volume de água superior ao outorgado.

Realizado desde o primeiro semestre por meio de imagens de satélites e visitas a fazendas com reservatórios, o levantamento vai verificar, até o fim do ano, cerca de 200 pequenos barramentos, de um total de 3.664 inseridos em duas das mais importantes bacias hidrográficas para o agronegócio: a do Paranapanema, em São Paulo e no Paraná, e a de São Marcos, em Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal.

04

ANA passa a monitorar

barragens em fazendas

Por Cristiano Zaia | De Brasília

Barragem em propriedade rural em Itaí, na bacia do Alto Paranapanema

A acelerada expansão da irrigação para viabilizar ou otimizar a produção de culturas agrícolas no país na última década acendeu o sinal de alerta na Agência Nacional de Águas (ANA), que passou a mapear pequenas barragens de água - construídas dentro de fazendas - com o intuito de evitar disputas pelo recurso e calibrar melhor as licenças (outorgas) concedidas pelos órgãos ambientais nos Estados.

Com esse mapeamento em mãos, a agência reguladora poderá coibir possíveis irregularidades com o uso da água, como identificar produtores que estejam usando volumes superiores aos previstos em sua outorga. Ou poderá até ampliar a capacidade de água autorizada para

armazenamento, explica o

superintendente de Planejamento de Recursos Hídricos da ANA, Sérgio Ayrimoraes.

(8)

Iniciado no primeiro semestre com o uso de imagens de satélites e visitas em fazendas que contam com esses reservatórios, o levantamento inédito tem a missão de radiografar, até dezembro, cerca de 200 pequenos barramentos de um universo total de 3.664 inseridos em duas das mais importantes bacias hidrográficas para o setor de agronegócios: a do Paranapanema, entre os Estados de São Paulo e Paraná, e a de São Marcos, que abrange parte de Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal. Ayrimoraes faz questão de enfatizar que, neste momento, o estudo tem caráter preventivo. E que a agência não chegou a receber denúncias formais de que existem produtores usando mais água do que preveem suas autorizações. Agora, a ideia é ter um diagnóstico e, a partir dele, orientar órgãos estaduais de meio ambiente e comitês regionais de bacias na mediação de conflitos pelo uso da água.

Esse tipo de conflito - tanto envolvendo produtores rurais como outros empreendimentos como hidrelétricas, por exemplo - poderão se tornar mais frequentes com o crescimento da irrigação no país. A área plantada com o uso de pivôs triplicou no Brasil na última década. Passaram a somar 1,5 milhão de hectares e a previsão da ANA é que a o ritmo de expansão alcance mais de 95 mil hectares por ano até 2030.

05 "Começamos a identificar que estava tendo disputa por água, a partir de algumas queixas. Muitas vezes a gente não capta isso nas nossas estatísticas, mas queremos refinar o balanço hídrico nessas regiões produtoras para garantir segurança hídrica. Algumas vezes isso vai gerar mais disponibilidade de água, algumas vezes menos", diz Airymoraes.

"O crescimento do número de pequenas barragens tem a ver com a irrigação. Será que o setor [de

agronegócios] topa crescer

enfrentando um risco maior de faltar água? Isso ainda não aconteceu, mas queremos evitar que algum dia venha a acontecer", afirma.

A autorização para a implantação dessas barragens em propriedades

rurais normalmente não é

competência da ANA - a agência cuida somente da gestão de rios de domínio da União -, mas dos governos estaduais. Mas o possível efeito que esses reservatórios podem causar sobre o curso de grandes rios implica possível falta de água, inclusive para produção agropecuária no futuro, e essa possibilidade entrou no radar da agência federal.

O assessor técnico da Comissão Nacional de Meio Ambiente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Gustavo Goretto, admite que há casos de disputa por água envolvendo demandas para irrigação. É o que ocorre, por exemplo, na região de Cristalina (GO), distante 130 quilômetros de Brasília e onde o cultivo irrigado de grãos e leguminosas tem crescido nos últimos anos.

"Mas é muito difícil ter produtor usando água fora da outorga. Pode até ter, mas se tiver é pontual. A principal

(9)

questão é a burocracia dos órgãos ambientais. Tem produtor desde 2014 pedindo outorga para levantar barragem que não teve o processo analisado até hoje", afirma. "Durante muito tempo o Poder Público não teve um olhar sobre a construção dessas barragens, e muitas foram feitas sem passar por órgãos ambientais. Mas agora a gente percebe que aumentou a preocupação", acrescenta.

Goretto diz que a burocracia para obtenção da outorga necessária para construção de pequenas barragens é tão grande que é comum produtores entrarem na Justiça exigindo que o órgão ambiental estadual analise seu pedido. Ele afirma que o atual Código Florestal, de 2012, abre margem para interpretar que é proibido construir barragens em fazendas, mas que, no entanto, o empreendimento causa menos impacto que o de uma barragem usada para mineração.

Caros, projetos podem

significar a sobrevivência de

uma propriedade

Por Marina Salles | De São Paulo

Projetos de construção de barragens exigem investimentos elevados, mas se justificam porque, em boa parte dos casos, podem significar a sobrevivência de uma atividade agropecuária. É o que diz o professor

Luís César Dias Drumond,

especialista em irrigação da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, que explica que os custos com barramento são muito variáveis e dependem da necessidade de escavação do terreno e de terraplanagem. Além disso, afirma, é preciso considerar os gastos com o sistema de irrigação. Os mais simples, de aspersão fixa automatizada,

06 custam em torno de R$ 9 mil por hectare. Já os pivôs ficam na faixa de R$ 10 mil por hectare, enquanto um sistema de gotejamento enterrado para pasto pode chegar a custar R$ 20 mil por hectare.

Drummond explica, ainda, que, na esfera federal, qualquer intervenção

em cursos d'água demanda

autorização da Agência Nacional de Águas (ANA). "Eles levam em consideração basicamente dois critérios: o grau de intervenção, que pode ser mensurado por imagens via satélite, e o risco à jusante, isto é, o impacto na área que vai além da barragem caso ela estoure". Ainda que seja feita para acumular água da chuva, a construção de uma barragem não pode impedir a vazão normal da água para os rios. O volume de água que pode ser utilizado depende do índice pluviométrico de cada região e da sua bacia.

José Patrício da Silveira Neto, produtor no município de Pirapora (MG), conta que foi a possibilidade de acumular água da chuva que salvou seu negócio, tocado em uma propriedade de 89 hectares no semiárido do norte mineiro. Sua barragem foi construída dentro de um córrego efêmero, que desaparecia da paisagem no período seco e cujas margens são largas e altas, o que evitou a necessidade de inundação de áreas vizinhas, comum em projetos dessa natureza. "A barragem dá vazão para que a gente irrigue 42 hectares de capim e custou R$ 20 mil".

Segundo ele, em Pirapora começa a chover em outubro e somente em dezembro é que a água passa pelo ladrão. "É preciso três meses para poder encher a barragem, de tão pouco que chove". Antes da barragem, sua propriedade não abrigava sequer

(10)

30 vacas, mas agora passou a alimentar até 400 cabeças de gado. Rodrigo Fockink, dono da consultoria Águia, de Sorriso (MT), afirma que 95% da água usada em projetos como o de Silveira Neto, volta para o ciclo hidrológico por meio da própria irrigação ou das chuvas. Em Mato Grosso, porém, está cada dia mais difícil construir novos barramentos. "Se você for pedir licença no órgão ambiental vão te dizer que não há roteiro, ou seja, regras, para a construção de barramentos no Estado, e isso está parado desde 2015".

Fockink afirmou que o assunto estava sendo discutido em audiência pública em Cuiabá (MT) no exato dia em que a barragem de Mariana estourou, e

embora os projetos tenham

características diferentes, "afastaram de vez o interesse pelo tema". "Hoje, em Mato Grosso, só tem barragem quem construiu antes de 2008, marco colocado pelo Código Florestal". Procurada pela reportagem, a Secretaria do Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema) informou, em nota, que "para a construção de novas barragens é preciso que haja outorga de obra hidráulica, classificação quanto à segurança e, principalmente, licenciamento ambiental". A esse respeito, no entanto, a secretaria disse que "um projeto de lei está sendo elaborado", e que, de fato, somente há regras vigentes para barragens de mineração e hidrelétricas. Quanto à outorga de obra hidráulica, a Sema afirmou estar com os documentos referentes a esse exigência prontos para serem inseridos no seu site. https://www.valor.com.br/agro/6397471/caros-projetos-podem-significar-sobrevivencia-de-uma-propriedade

Retorne ao índice

(11)

Valor Econômico

Caderno: Brasil, terça-feira, 20 de agosto de 2019.

Dívida de 225 mil

empregadores com FGTS chega

a R$ 32,1 bilhões

Por Edna Simão | De Brasília

Mais de 225 mil empregadores estão inscritos na dívida ativa da União por não terem realizados depósito nas contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) dos trabalhadores. Segundo dados

repassados ao Valor pela

Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), esse débito chegou a R$ 32,1 bilhões em junho, afetando 8 milhões de trabalhadores. A equipe econômica estuda formas para ganhar maior eficiência no recebimento de recursos do FGTS pelos empregadores e também na aplicação dos recursos. O setor de atividades de atendimento hospitalar lidera o ranking dos que mais devem para o FGTS e estão inscritos na dívida ativa (R$ 1,601 bilhões), seguido por administração pública (R$ 1,545 bilhão) e fabricação de açúcar em bruto (R$ 1,122 bilhão). O valor médio da dívida das empresas é de R$ 143 mil.

08

O levantamento mostra que nove devedores possuem mais de R$ 100 milhões em débitos; 190 têm débitos entre R$ 15 milhões e R$ 100 milhões, 4.463, entre R$ 1 milhão e R$ 15 milhões; 26.641, entre R$ 100 mil e R$ 1 milhão; 55.713, entre R$ 20 mil e R$ 100 mil, e 137.427, até R$ 20 mil.

A dívida dos empregadores está concentrada no setor privado, mas, do total de devedores, 595 são da administração pública. Do débito total, 6,3% do valor inscrito referem-se à administração pública, incluindo todos os entes públicos.

Segundo dados da PGFN, do total da dívida ativa, 5,5% estão parcelados, o equivalente a R$ 1,7 bilhão. Os parcelamentos envolvem pouco mais de 6 mil devedores ou 2,7% do total de empresas com dívida a título do FGTS. Mais de 70% das empresas com débitos inscritos em dívida ativa a título de FGTS não possuem situação cadastral ativa junto à Receita Federal, sendo que a maior parte delas é considerada inapta ou baixada.

Em 2019, até maio, o total recuperado superou R$ 161 milhões, melhor resultado histórico para esse período parcial. No ano passado, esse valor, incluindo os resultados da PGFN e da Caixa Econômica Federal, superou R$ 343 milhões, tendo registrado quantia de R$ 1,5 bilhão de 2013 a 2018,

(12)

totalizando mais de 112 mil inscrições em dívida ativa pagas integral ou parcialmente.

Considerando somente os valores recuperados pela PGFN, foram R$ 213 milhões em 2018, um recorde - no período de 2013 a 2018, o total superou R$ 860 milhões. Em 2019, até maio, a PGFN registra R$ 98,6 milhões, maior patamar para o período e 26% acima do recorde anterior (2018).

Para facilitar a cobrança desses débitos, dentre as medidas implementadas pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, com o apoio da Caixa, estão: inclusão das empresas devedoras no chamado Cadin (banco de dados com nomes dos devedores), gerando repercussão negativa de contratação com a administração pública federal; inclusão dos débitos em situação irregular (não parcelados; não garantidos integralmente; não suspensos por decisão judicial) na lista de devedores do sítio da PGFN na internet e no site do FGTS.

A permanência da empresa com débitos inscritos em dívida ativa, em situação irregular, na condição de não possuir certificado de regularidade com o FGTS, implica, por exemplo, não habilitação em licitação

promovida por órgão das

administrações federal, estadual e municipal, direta, indireta ou fundacional ou por entidade controlada direta ou indiretamente por União, Estado e município; não obtenção de empréstimos ou financiamentos realizados com lastro em recursos públicos ou oriundos do FGTS perante quaisquer instituições de crédito; não obtenção de isenções, subsídios, auxílios, outorga ou concessão de serviços ou quaisquer outros benefícios concedidos por

09 órgão das administrações federal, estadual e municipal, salvo quando destinados para saldar débitos para com o FGTS.

https://www.valor.com.br/brasil/6397667/divida-de-225-mil-empregadores-com-fgts-chega-r-321-bilhoes Retorne ao índice

(13)

Valor Econômico

Caderno: Brasil, terça-feira, 20 de agosto de 2019.

Entidades criticam proposta de

fusão na AGU

Por Andrea Jubé | De Brasília

A Associação Nacional dos Advogados da União (Anauni) e o Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz) contestam estudo elaborado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) segundo o qual a fusão das quatro carreiras que integram a Advocacia-Geral da União (AGU) proporcionaria uma economia anual de quase R$ 1 bilhão aos cofres públicos. A estimativa, publicada na edição de ontem do Valor, foi baseada em levantamento encomendado à FGV pela Associação Nacional dos Advogados Públicos Federais (Anafe). A eventual fusão unificaria as carreiras de advogado da União, procurador da Fazenda Nacional, procurador do Banco Central e procurador federal. Em nota enviada ao Valor, a presidente da Anauni, Márcia Bezerra David, e o presidente do Sinprofaz, José Ernane de Souza Brito, afirmam que o estudo esconderia um "pleito corporativo antigo da carreira de procurador federal, que é o de ser admitido nos quadros da AGU sem concurso público".

10

"Trata-se de uma carreira inchada e com pouco retorno para o Estado brasileiro. A unificação, para eles, é uma proposta que visa garantir sua sobrevivência, especialmente em razão da pressão do governo atual sobre os servidores públicos, demandando cada vez mais resultados e eficiência, sob pena de extinção", diz a nota das duas entidades.

Os presidentes das associações acrescentam que os dados da FGV seriam "exagerados", embora não apresentem outros números para rebatê-los. As duas entidades alegam que estão conduzindo um outro estudo próprio para contestar o levantamento da FGV. "A própria carreira de procurador federal veio de uma unificação que trouxe prejuízo ao erário. Eram várias carreiras

menores, de procuradores

autárquicos e fundacionais, com remunerações diferentes, mas que do dia pra noite viraram procuradores federais e começaram a ganhar o mesmo salário", complementa a nota. O estudo da FGV foi entregue ao secretário de Gestão e Desempenho Pessoal, Wagner Lenhart, em resposta

ao ofício encaminhado aos

ministérios, há um mês, com instruções sobre as propostas de criação ou restruturação de planos de cargos e carreiras, no âmbito da reforma administrativa.

O presidente da Anafe, Marcelino Rodrigues, procurador da Fazenda Nacional, diz que o objetivo da entidade com o estudo da FGV é que o Ministério da Economia coloque a reforma da AGU como prioridade. Rodrigues ressalta que não haveria aumento de salário com a fusão: a remuneração inicial das quatro carreiras atualmente é de R$ 21 mil,

(14)

valendo para todos as mesmas regras de promoção e valores de honorários. O levantamento da FGV diz que a AGU possui espaços físicos subutilizados, levando ao incremento de despesas com estrutura física. A fragmentação das carreiras também levaria a um conflito institucional, ocasionando a ausência de atuação colaborativa e comportamentos danosos, como deslocamentos

desnecessários e atuação

descoordenada. A partir de estudos de casos, o cenário mais favorável de economia para a AGU remete ao caso de uma parceria entre a Hungria e a

OCDE, em que a reforma

organizacional proporcionou

economia de 15%. Na hipótese da AGU, a FGV estimou uma economia de R$ 993 milhões, projetada em um horizonte de reorganizações contínuas.

Segundo Rodrigues, no Amazonas, recentemente, frustrou-se a tentativa de reunir em um mesmo imóvel os

procuradores da União e

procuradores federais. De acordo com ele, se despachassem no mesmo imóvel, haveria uma economia de R$ 100 mil ao mês com aluguel de apenas um prédio.

https://www.valor.com.br/brasil/6397655/entidades-criticam-proposta-de-fusao-na-agu

Retorne ao índice

(15)

Valor Econômico

Caderno: Politica, terça-feira, 20 de agosto de 2019.

Coaf muda de nome e sai da

Economia para o Banco Central

Por Fabio Murakawa e Renan Truffi | De Brasília

Uma medida provisória firmada pelo presidente Jair Bolsonaro transforma o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), vinculado ao Ministério da Economia, em Unidade de Inteligência Financeira (UIF) do Banco Central. A medida foi uma saída encontrada pelo governo para conferir autonomia ao órgão, em meio à crise institucional provocada por pressões de Bolsonaro sobre o presidente do Coaf, Roberto Leonel, e a mudança do órgão da Justiça para a Economia, forçada pelo Congresso. O Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, teve acesso ontem à MP que determina a alteração. Segundo o texto, a ser publicado hoje no "Diário Oficial da União", a UIF responderá à diretoria colegiada do BC.

O Ministério da Economia e o Ministério da Justiça prestarão apoio administrativo à UIF num período de transição, e continuará havendo um Conselho Deliberativo para definir diretrizes estratégicas e para julgar

processos administrativos

sancionadores.

O Conselho Deliberativo será composto por um presidente de Inteligência Financeira e terá entre 8 e 14 conselheiros designados pelo presidente do BC - o número de

12

conselheiros será fixado pela diretoria do banco.

A UIF será responsável "por produzir e gerir informações de inteligência financeira para a prevenção e o combate à lavagem de dinheiro". A unidade será responsável também por informações de inteligência contra o financiamento do terrorismo e ao financiamento da proliferação de armas de destruição em massa.

Segundo a MP, o novo ente será responsável por "promover a interlocução institucional com órgãos e entidades nacionais, estrangeiros e internacionais que tenham conexão com a matéria".

Em comunicado, o BC disse ontem que propôs a medida junto com o Ministério da Economia "dentro de projeto amplo para o aperfeiçoamento institucional do sistema regulatório brasileiro".

Na nota, o BC faz também uma defesa da autonomia da instituição. "A autonomia do Banco Central, que se encontra em discussão no Congresso Nacional, confere respaldo à autonomia técnica e operacional da UIF, assegurando o foco de sua atuação na capacidade para a produção de inteligência financeira, com base em critérios técnicos e objetivos", afirmou.

Ontem, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu medida e disse que ela abre caminho para discutir a independência do BC. (Colaboraram Raphael Di Cunto e Marcelo Ribeiro)

https://www.valor.com.br/politica/6397627/ Retorne ao índice

(16)

Valor Econômico

Caderno: Opinião, terça-feira, 20 de agosto de 2019.

Desmonte ambiental pode

prejudicar exportações

O desmonte agressivo das instituições incumbidas de proteger o ambiente patrocinado pelo presidente Jair Bolsonaro ameaça as florestas e os negócios das empresas brasileiras. Bolsonaro brinca com fogo ao ironizar os governos da Noruega e da Alemanha - dos poucos que aplicaram recursos significativos em prol da Amazônia - e criticar suas políticas ambientais. Enquanto diz que o dinheiro que seu governo administra acabou, dispensa com provocações recursos que nada lhe custam, além de incentivar reações de governos que têm o poder de destruir o acordo com o Mercosul, como os da França e Alemanha, as maiores economias da zona do euro.

A reação dos empresários começa a se fazer ouvir. O presidente da Suzano, Walter Schalka, defendeu a preservação da floresta amazônica e lembrou que seu negócio é baseado em árvores 100% plantadas, originadas de reflorestamento. Schalka receia que o setor possa sofrer reflexos negativos das posições do governo. O presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito, endossa essa preocupação. Como diretor-executivo da Agropalma, maior produtora de óleo de palma, disse que "é só dar uma passadinha aqui na Amazônia, não precisa ir muito além de Belém ou de Manaus para assistir a isso de camarote", referindo-se ao desmatamento.

13

Brito disse que a grande maioria dos empresários do agronegócio já entendeu que o setor depende da preservação do meio ambiente para ter terras de qualidade e água, e também pela exigência do mercado internacional de respeito à agenda ambiental. O ex-ministro da Agricultura, Blairo Maggi, ganhador do prêmio "Motosserra de Ouro" do Greenpeace, afirmou recear que o discurso de Bolsonaro leve o agronegócio à "estaca zero", após anos de esforço para convencer o mercado internacional de que a produção brasileira é amigável ao meio ambiente.

O governo coleciona inúmeros embates na frente ambiental e não parece preocupado com as possíveis implicações econômicas da discussão. Já no início do ano combatia o projeto da Igreja Católica de eleger a Amazônia como tema do Sínodo deste ano. Na reunião do G-20, em junho,

no Japão, Bolsonaro foi

ostensivamente hostil a autoridades europeias como o presidente da França, Emmanoel Macron, e da Alemanha, Angela Merkel, pelas preocupações em relação ao ambiente.

As discussões com os dois principais patrocinadores do Fundo da Amazônia, a Alemanha e Noruega, que começaram com a reformulação do conselho e chegaram ao questionamento do destino dos

recursos e insinuações de

interferência na soberania nacional, tiveram o fim previsível na semana passada. A Noruega, que contribuía com mais de 90% dos recursos, suspendeu o envio de cerca de R$ 130 milhões; e a Alemanha, com uma fatia de quase 6%, congelou o equivalente a R$ 155 milhões. Bolsonaro zombou

(17)

das decisões, lembrando que a Noruega caça baleias e explora petróleo no Ártico, e acrescentou que o dinheiro poderia ajudar a Alemanha a recuperar suas florestas. Os governadores da região já pensam em negociar recursos diretamente com os europeus.

O estilo de Brasília tem seguidores. O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), cancelou o apoio da Polícia Militar às operações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), depois da retirada do respaldo da Força Nacional pelo Ministério da Justiça, levando os fiscais a suspenderem suas incursões com receio de ataques de garimpeiros e posseiros. Fazendeiros do Estado comemoraram com um "dia do fogo", espécie de festa da queimada.

Após 30 anos usando o sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que engloba o Deter, provedor de informações diárias da situação nas florestas, e o Prodes, que consolida dados em 12 meses, o governo Bolsonaro quer mudar de fornecedor. Queixou-se de que os levantamentos do Deter seriam divulgados com estardalhaço. Mas os números é que são explosivos: em julho, o Deter apurou aumento de 278% do desmatamento em relação ao mesmo mês de 2018. É esperado para breve o resultado anual do Prodes.

14 A ameaça de mudança de termômetro do desmatamento apenas amplifica as desconfianças, pois os levantamentos disponíveis, do Inpe e de Ongs, apontam aumento da destruição ambiental. O governo não o coíbe, não mostra preocupação, o que na prática é um incentivo velado ao ataque ambiental.

https://www.valor.com.br/opiniao/6397495/desmonte-ambiental-pode-prejudicar-exportacoes

(18)

Valor Econômico

Caderno: Brasil, terça-feira, 20 de agosto de 2019.

Dilema fiscal e alternativas

Por Gilberto Borça Jr.

No final de julho, o governo federal publicou o relatório de avaliação de receitas e despesas, referente ao terceiro bimestre de 2019.

Essa publicação é realizada em consonância com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que determina que se façam avaliações sobre a evolução das receitas e despesas orçamentárias a cada 60 dias, de modo a controlar a obtenção da meta de resultado primário estabelecida. Em outras palavras, o relatório se destina a dar publicidade ao andamento e as necessidades de ajuste no orçamento do governo federal.

Publica-se, inicialmente, sua grade de parâmetros macroeconômicos - PIB, inflação, câmbio, juros etc - que são os balizadores das variáveis de arrecadação e despesas, denotando a necessidade (ou não) de um eventual contingenciamento de recursos pelos

15

poderes da União, conforme determina a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Desde 2016, com a introdução do novo regime fiscal, há também o monitoramento periódico da margem fiscal relativa ao teto de gastos.

A mudança mais significativa nas projeções macroeconômicas da última publicação foi a redução da taxa de crescimento para 2019, que saiu de 1,6% para 0,8%, em linha com a mediana das projeções de mercado. O menor ritmo de crescimento, sem a devida compensação por outras fontes de arrecadação, leva a uma queda da projeção das receitas tributárias administradas pela Receita, as quais possuem relação direta com o desempenho da economia.

De fato, no detalhamento das receitas primárias, as maiores revisões baixistas se concentraram em Cofins/PIS-Pasep e Imposto de Renda (IR), que estão ligados à atividade econômica. A redução estimada para a arrecadação foi da ordem de R$ 5,3 bilhões. No lado das despesas, os destaques foram as revisões nas rubricas de Créditos Extraordinários - ajuste no valor de restos a pagar devido às menores despesas com o subsídio do diesel -, e Sentenças Judiciais e Precatórios. A redução total dos dispêndios foi de R$ 3,5 bilhões.

Considerando mais alguns ajustes (transferências para Estados e municípios e os resultados das estatais e dos subnacionais) e descontando as reservas de contingência, que são recursos à disposição do governo ainda sem alocação nos ministérios, o esforço adicional de recursos atingiu R$ 1,4 bilhão. Esse montante se soma às

(19)

necessidades de contingenciamento das reprogramações orçamentárias do 1º e do 2º bimestres do ano, que foram, respectivamente, de R$ 29,8 bilhões e R$ 2,2 bilhões, totalizando até agora um contingenciamento de R$ 33,4 bilhões.

A linha de argumentação do governo é de que tal montante não se constitui em corte de recursos orçamentários, mas sim em contingenciamento, o qual pode ser revertido com a recuperação da receita. Curiosamente, nos três relatórios bimestrais de reprogramação orçamentária de 2019, a folga do teto de gastos foi tornando-se mais elevada. Isso significa que, para 2019, a restrição fiscal é a meta de resultado primário, e não o teto de gastos.

Sem recursos advindos da

cessão onerosa, alcançar a

meta de déficit primário será

praticamente impossível

E quais as implicações desse ponto? É pouco provável que a recuperação da receita aconteça por uma retomada da economia. A esperança do governo parece residir no leilão de recursos provenientes da cessão onerosa de barris de petróleo, que podem entrar nos cofres da União no último trimestre do ano, com grande potencial de arrecadação. Se essa receita se confirmar, mesmo sendo objeto de grande incerteza, o descontingenciamento dos recursos até poderia ser realizado. Caso essa receita não se confirme, alcançar a meta de primário nesse ano seria praticamente impossível.

16 Nesse interregno uma discussão relevante é o limite de compressão da despesa discricionária, que foi, até aqui, a rubrica mais afetada pelos recursos contingenciados. Há algumas estimativas acerca dos valores mínimos para o gasto discricionário, que poderia colocar em dificuldade a prestação de serviços públicos básicos. A Instituição Fiscal Independente (IFI), em relatório de agosto de 2018, estimou que o piso de valor dessa rubrica fosse da ordem de R$ 75-80 bilhões. Por outro lado,

pesquisadores do Ibre/FGV,

chegaram a um valor mais elevado, em torno de R$ 120 bilhões.

O gráfico mostra a trajetória das despesas discricionárias, a preços constantes, desde 2011, com os valores projetados para 2019 contidos na LOA e na mais recente reprogramação orçamentária. Se o valor de R$ 96 bilhões for confirmado (o qual inclui aportes de capital nas estatais), pela primeira vez o gasto discricionário cairá abaixo do teto de intervalo das estimativas. Isso tem algumas consequências importantes, como, por exemplo, a manutenção em níveis baixíssimos dos investimentos públicos.

A redução das despesas

discricionárias se manifesta de várias formas no funcionamento dos serviços públicos, como, por exemplo: 1- restrição de recursos para Polícia Federal realizar a emissão de passaportes; 2- cortes de verbas no Censo 2020 do IBGE; 3- a possiblidade de suspensão dos financiamentos de pesquisadores com bolsas do CNPq, dentre outros.

(20)

O grande dilema, nesse sentido, parece ser o caráter pró-cíclico da meta de resultado primário. Em teoria o governo tem o controle sobre seus dispêndios, mas não possui ingerência direta sobre a arrecadação tributária, que depende do estado geral da economia. Em momentos de baixa do ciclo econômico, cria-se uma dinâmica perversa, em que a desaceleração da atividade reduz a receita tributária e leva a necessidade de contingenciamento de recursos, acentuando mais a baixa do ciclo, mesmo com aumento da folga no teto de gastos.

No entanto, há alternativas possíveis para a política fiscal, como, por exemplo: 1- a adoção de metas de resultado primário estrutural (que leva em conta a posição cíclica da economia); ou 2- de metas de primário mensuradas para além do ano-calendário; ou 3- bandas para o resultado primário. Todas essas medidas poderiam ser combinadas a um teto de gastos mais flexível, que exclua alguns investimentos públicos. Outra opção também factível e que

parece mais pragmática, é

simplesmente abandonar as metas de resultado primário e adotar apenas limite para as despesas, preservando e tirando da conta os investimentos públicos, que possuem maiores efeitos multiplicadores e atuam no sentido de estabilizar o ciclo econômico.

Gilberto Borça Jr. é mestre em Economia pela IE-UFRJ

https://www.valor.com.br/opiniao/6397491/dilema-fiscal-e-alternativas

Retorne ao índice

(21)

Valor Econômico

Caderno: Brasil, terça-feira, 20 de agosto de 2019.

Criação de mercado de

carbono é desafio em

negociação global

Por Daniela Chiaretti | De Salvador

Marcello Brito, da Abag: maior parte dos produtos rurais desconhece o tema do mercado de crédito de carbono

A criação de um mercado de carbono global que permita a participação de empresas garantindo reduções na emissão de gases estufa é o grande desafio das negociações climáticas internacionais em 2019. Contudo, não há consenso nas regras de criação do mecanismo que deve estimular a transação dos créditos de carbono. Não é tarefa trivial. São muitas as dúvidas ao redor da regulamentação do artigo 6 do Acordo de Paris. É o ponto que emperrou a negociação das regras do acordo em dezembro, durante a conferência do clima da Polônia. Ficou como herança para a rodada deste ano, que será no Chile. O Brasil, ainda sob Michel Temer, levou a fama de ter travado o "Livro de Regras" do Acordo de Paris.

18

"Engana-se quem acredita que esse é um embate legal", disse a advogada Amy Merrill Steen, do secretariado da Convenção do Clima da ONU ontem, em Salvador. "É um embate político." O Acordo de Paris prevê que a transação de créditos de carbono pode acontecer entre países que conseguiram reduzir suas emissões (os vendedores) com mais facilidade e a custos menores que outros (os compradores). Os que vendem ganhariam créditos, e os que compram abateriam a redução de suas metas climáticas conhecidas pela sigla NDC.

O maior problema está na

regulamentação do item 6.4, o único em que a participação do setor privado é explícita no acordo. Há interesses em jogo e visões diferentes. Trata-se de definir as regras do Mecanismo de Desenvolvimento Sustentável (MDS), que contemplaria as transações de empresas e governos locais.

Para beneficiar o combate à mudança do clima, a regra deveria estimular esforços adicionais aos que já estão nas metas voluntárias dos países. O Brasil tem meta de cortar as emissões em 37% em 2025, em toda a economia. Como definir o que seria adicional neste quadro?

Esse é um dos problemas. A fórmula imaginada pelo governo brasileiro é interpretada pelos europeus como um sistema que permite dupla contagem de emissões, o que seria desastroso para o clima. Eles querem que exista maior ambição na meta dos países. Os negociadores brasileiros discordam, dizem que essa é uma negociação entre empresas e que o país não pode ser penalizado tendo que fazer mais esforços.

(22)

O tema é importante e complexo. Marcello Britto, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), lembra que existem mais de 5 milhões de propriedades rurais e que 85% delas têm, no máximo, 50 hectares. "Mais de 90% desse público desconhece esse assunto e desconhece que o mundo evoluiu."

"Isso traz um risco. O setor [do agronegócio] é politicamente muito forte", afirma. "Caso se sinta inseguro, poderá fazer pressão negativa sobre o governo", continua o dirigente, dizendo que é preciso esclarecer o segmento.

O artigo 6 tem que ser negociado com três pilares, defendeu Roberto Castelo Branco Coelho de Souza, secretário de Relações Internacionais do Ministério do Meio Ambiente. "Credibilidade,

segurança judicial e

responsabilidade", disse no encontro promovido pelo Cebds, o conselho empresarial que reúne mais de 60 grandes conglomerados no Brasil. No "lastro de credibilidade", ele cobra a promessa dos países ricos de colocar US$ 100 bilhões ao ano para que os outros tenham tecnologia e preparem a infraestrutura para a nova economia.

"Somos todos a favor de mecanismos de mercado. Mas não pode ser às custas do sacrifício e do dia a dia das pessoas", seguiu. "Qual o impacto que isso terá na economia do planeta?" E seguiu: "Queremos que o brasileiro viva à luz de velas? Que o setor de energia pare de funcionar? Que os carros não andem mais?".

"Concordo com esses três pontos e assino em baixo", diz Ana Toni, diretora-executiva do Instituto Clima e Sociedade (iCS). "Mas a posição do governo é contraditória. Como fala em credibilidade se deixa o

19 desmatamento correr solto? Em responsabilidade se permite a invasão de terras indígenas?", questionou. "O Brasil tem grande oportunidade de participar do mercado, vendendo créditos para capturar investimentos estrangeiros e financiar a economia de baixo carbono", diz Fábio Cirilo, coordenador de sustentabilidade na Votorantim Cimentos.

Ele chama a atenção para a sintonia fina que tem que ser atingida entre oferta e demanda. "Esses créditos precisam ter um valor reconhecido. Temos que garantir tanto a oferta, com um mecanismo simples o suficiente para as empresas colocarem à venda suas reduções de emissões, quanto a demanda, para garantir que os créditos tenham validade nos mercados compradores. Este é o ponto em discussão", continua. "O governo precisa garantir na negociação que a demanda exista. Ou geraremos um monte de créditos e não terá quem compre."

A jornalista viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade (iCS)

https://www.valor.com.br/brasil/6397653/criacao-de-mercado-de-carbono-e-desafio-em-negociacao-global Retorne ao índice

(23)

Valor Econômico

Caderno: Empresas, terça-feira, 20 de agosto de 2019.

MPF pede R$ 20,5 bi à Braskem

por danos em Alagoas

Por Stella Fontes | De São Paulo

Em mais um capítulo do imbróglio judicial que envolve a mineração de sal-gema da Braskem em Alagoas, o Ministério Público Federal (MPF) está movendo uma nova ação civil pública contra a petroquímica, com pedido de reparação por danos socioambientais de pelo menos R$ 20,5 bilhões.

Desta vez, porém, a ação também foi proposta contra a Odebrecht e a Petrobras, principais acionistas da companhia, a União Federal, a Agência Nacional de Mineração (ANM), o Estado de Alagoas, o Instituto de Meio Ambiente (IMA) de Alagoas e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), considerados responsáveis indiretos pelos estragos em imóveis e vias nos bairros Pinheiro, Mutange e Bebedouro, em Maceió.

20

O órgão pede, em caráter liminar, que a Braskem seja condenada a depositar R$ 3,075 bilhões, ou 15% do valor de reparação inicial pretendido, em um fundo privado próprio em até 30 dias. No mesmo prazo, a petroquímica deve apresentar garantias para os R$ 20,5 bilhões da indenização mínima pleiteada.

Os dois pedidos são estendidos à Odebrecht e à Petrobras, que detêm 50,1% e 47%, respectivamente, das ações ON da companhia. "Caberá, ainda, às empresas manter capital de giro no fundo nunca inferior a R$ 2 bilhões ou, após definido o cronograma físico e financeiro da reparação, a 100% dos gastos previstos para os 12 meses subsequentes", informou o MPF em comunicado.

Além disso, o órgão federal pede na ação que a petroquímica contrate uma das quatro grandes firmas de auditoria independente - Deloitte, Ernst & Young (EY), KPMG ou PwC - para acompanhar o planejamento, gestão e execução dos trabalhos de reparação. Na documento de 307 páginas, o órgão apresenta mais de 80 pedidos à Justiça Federal em Alagoas, com responsabilização direta da Braskem pelos danos.

O novo processo pesou sobre as ações da petroquímica, em um dia negativo para o mercado acionário local. Os papéis PNA caíram 1,99%, para R$ 29,01, a pior cotação da Braskem na bolsa paulista em 2019 - e bem distante da máxima de R$ 56,03 no ano, alcançada em 26 de fevereiro, quando ainda havia expectativa de venda da companhia para a LyondellBasell. A holandesa acabou desistindo de levar adiante a transação e as incertezas relacionadas

(24)

à operação em Maceió contribuíram para essa decisão.

O pedido de liminar foi apresentado na sexta-feira, por meio do grupo de trabalho que acompanha o caso Pinheiro em Alagoas e toma como base as conclusões do relatório do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), que associaram a extração de sal-gema da Braskem ao afundamento do solo nos três bairros da capital alagoana. A petroquímica está contestando judicialmente e espera, até o fim do ano, concluir os trabalhos de inspeção com sonares em mais de 30 poços de sal-gema em Maceió, para identificar se há de fato relação da exploração da matéria-prima usada na fabricação de cloro-soda e PVC com os eventos geológicos na região. A partir dos resultados, diz a companhia, será possível apresentar soluções efetivas para a área atingida e moradores.

As procuradoras da República que compõem o grupo de trabalho, Cinara Bueno Santos Pricladnitsky, Niedja Gorete de Almeida Rocha Kaspary, Raquel Teixeira Maciel Rodrigues e Roberta Lima Barbosa Bomfim, também pediram a aplicação da legislação ambiental contra a Braskem, "de modo que o BNDES suspenda os financiamentos e

incentivos governamentais

concedidos, decretando-se,

imediatamente, o vencimento antecipado de todas as operações de crédito que contemplem tais benefícios".

"Os transtornos e problemas causados em razão das condutas das demandadas à população dos bairros atingidos pelos fenômenos, (...) causaram danos que transcenderam os valores ambientais passíveis de serem restaurados, mitigados ou

21 compensados materialmente", dizem as procuradoras na ação.

Os problemas da Braskem na Justiça relativos à mineração de sal-gema tiveram início em abril, quando o Ministério Público Estadual (MPE) e a Defensoria Pública de Alagoas pediram o bloqueio de R$ 6,7 bilhões da companhia, para garantir indenizações. Nesse processo, a companhia teve R$ 100 milhões

bloqueados. Depois, MPE e

Defensoria conseguiram bloquear outros R$ 3,7 bilhões, mas há duas semanas o Superior Tribunal de Justiça (STJ) liberou esses valores, sob a condição de apresentação de seguro-garantia pela Braskem.

Em outra ação civil pública, iniciada há menos de um mês, o Ministério Público do Trabalho (MPT-AL) de Alagoas pediu o bloqueio de R$ 2,5 bilhões das contas da companhia, com vistas a garantir eventuais indenizações por danos materiais aos trabalhadores atingidos pelos problemas em Maceió. À época, a Moody's disse que a ação elevava o risco de liquidez e era negativa para a nota de crédito da Braskem.

https://www.valor.com.br/empresas/6397601/mpf-pede-r-205-bi-braskem-por-danos-em-alagoas

(25)

Valor Econômico

Caderno: Empresas, terça-feira, 20 de agosto de 2019.

Inquérito da CVM investigará

administradores da Vale

Por Juliana Schincariol | Do Rio

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu inquérito para apurar eventuais irregularidades relativas à possível não observância de deveres fiduciários de administradores da Vale pelos fatos relacionados ao rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), informou o regulador. A atuação da CVM não inclui questões relativas à legislação ambiental. O inquérito será conduzido pela Superintendência de Processos Sancionadores (SPS). O processo teve início em 28 de janeiro, e as investigações iniciais foram realizadas pela Gerência de Acompanhamento de Empresas 4 (GEA-4), da Superintendência de Relações com Empresas (SEP). Por entender que há necessidade de aprofundamento do caso, o assunto foi encaminhado para a SPS. Ainda não há mais detalhes imediatamente disponíveis sobre o assunto, como o nome dos investigados. Em fevereiro, o Valor noticiou que o regulador investigava a conduta individual do ex-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, da diretoria estatutária e dos 12 conselheiros da empresa na época do acidente.

A autarquia vai avaliar se os executivos e conselheiros foram diligentes com a questão da barragem antes da catástrofe. É a primeira vez que um possível crime

22

ambiental, ainda em investigação pelo Ministério Público, dará origem também a um processo na autarquia sobre os administradores como pessoas físicas. Procurada, a Vale informou que tomou conhecimento sobre a abertura do inquérito. "Permanecemos à disposição e manteremos a postura transparente e colaborativa", disse em nota.

Em paralelo, a autarquia abriu dois processos sancionadores - com acusação já formulada - contra o diretor de relações com investidores da Vale, Luciano Siani. Os casos referem-se à divulgação de informações ao mercado. A área técnica entende que nos dois casos as informações não foram divulgadas "de forma ampla e imediata".

Um dos processos é referente à entrevista da Vale concedida a jornalistas em fevereiro, com o pregão aberto. A acusação entendeu que foram divulgadas informações relevantes e que caberia divulgação de fato relevante. No outro caso, a CVM analisa a publicação de notícias sobre um comunicado interno da mineradora que informava a interrupção de parte das atividades na mina de Brucutu, em São Gonçalo do Rio Abaixo (MG).

https://www.valor.com.br/empresas/6397587/inquerito-da-cvm-investigara-administradores-da-vale

(26)

Valor Econômico

Caderno: Empresas, terça-feira, 20 de agosto de 2019.

Falta de licenças atrasa

projetos em MG

Por Ana Paula Machado | De São Paulo

Wilson Brumer, do Ibram, órgãos ambientais estão mais rigorosos no país

Após o desastre de Brumadinho (MG) com o rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, as autoridades ambientais do Estado de Minas Gerais estão mais cautelosas em conceder licenças para o setor. A Usiminas, por exemplo, anunciou no mês passado que postergou investimentos no projeto de empilhamento a seco na Mina Leste, dentro do complexo Serro Azul, em Minas Gerais, por não ter conseguido a licença ambiental para o início das obras. "Tínhamos a expectativa grande de que os investimentos seriam feitos a maior parte neste ano, mas com a tragédia de Brumadinho o licenciamento ficou mais lento e todos os processos estão atrasados, inclusive este", disse o presidente da Usiminas, Sérgio Leite, em entrevista recente ao Valor.

23

A siderúrgica vai investir R$ 140 milhões no projeto e a expectativa é que as licenças sejam concedidas até o fim do ano para que as obras sejam iniciadas em 2020. A Usiminas tem em Minas Gerais três barragens, sendo duas a montante, que estão desativadas, e uma a jusante, que tem projeto para o seu descomissionamento.

Outra empresa que aguarda a licença ambiental para o início das obras de alteamento de sua barragem a jusante em Conceição do Mato Dentro (MG) é a AngloAmerican. O projeto é para altear a barragem em 20 metros, passando de 40 metros de altura para 60 metros de altura. Hoje ela possui uma capacidade de 55 milhões de metros cúbicos de rejeito, que passará para cerca de 167 milhões de m3quando for alteada, em 2021. A

expectativa é que a companhia obtenha a licença no fim deste ano.

A Gerdau Açominas também está com projeto parado. A empresa aguarda aprovação para o início das obras de nova lavra localizada na Serra das Serrinhas, em Itabirito (MG), distante cerca de 50 quilômetros da usina de Ouro Branco. A expectativa da companhia é que a licença para a nova mina seja concedida no fim deste ano. A ampliação contará com processamento a seco, sem uso de barragens.

Segundo o presidente executivo do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Wilson Brumer, os órgãos ambientais estão mais criteriosos na avaliação dos projetos minerários, principalmente em Minas Gerais. "Há um temor no mercado em conceder licenças. Mas, o problema de concessão de licenças ambientais não é sentido somente pelas empresas de mineração, é em todos os setores da economia", disse Brumer, ao Valor.

(27)

Thiago Rodrigues Maia, sócio do Demarest Advogados, disse que após os acidentes com as barragens em Mariana (MG) e Brumadinho é natural que os órgãos ambientais e de regulação sejam mais rigorosos na concessão de licenças para qualquer empreendimento. Dependo do Estado, uma licença de operação demora em média seis anos para sair, segundo análise do escritório. Foi isso o que aconteceu com a ArcelorMittal quando entrou, em 2012, com pedido junto à Secretaria de Estado de Meio Ambiente para o descomissionamento e início do projeto de processamento a seco de sua mina de Serro Azul. A resposta saiu em outubro de 2018. O projeto teria início em fevereiro de 2019.

"Com Brumadinho, a licença foi suspensa e agora estamos em processo de desenvolvimento de novo projeto para o descomissionamento. O risco econômico faz parte do negócio, mas o que o setor precisa é de mais previsibilidade", disse Sebastião Costa Filho, presidente da ArcelorMittal Mineração Brasil. A mina de Serro Azul fica em Itatiaiuçu e a barragem, a montante, está desativada desde 2012, quando a companhia entrou com o pedido de licenciamento.

Procurada, a Secretaria do Meio Ambiente informou que, no caso da Usiminas, a empresa "apresentou estudos de fauna incompletos" e foram solicitadas mais informações. Em relação à demora na analise dos processos de forma geral, ela informou que "cumpridas todas as obrigações técnicas e normativas, o andamento de licenças para empreendimentos minerários encontra-se em fluxo natural de análise pelo órgão ambiental".

https://www.valor.com.br/empresas/6397599/falta-de-licencas-atrasa-projetos-em-mg

Retorne ao índice

(28)

Valor Econômico

Caderno: Brasil, terça-feira, 20 de agosto de 2019.

Movimento falimentar

Falências Requeridas

Requerido: Drietto do Brasil Industrial Metálicos Ltda. - CNPJ: 07.826.565/0001-71 - Endereço: Rua Francisco Ceará Barbosa 261, Chácaras Campos Dos Amarais - Requerente: Rta Fomento Mercantil Ltda. - Vara/Comarca: 2a Vara de Campinas/SP

Requerido: Estação Engenharia e Telecomunicações Ltda. - Endereço: Não Consta - Requerente: Michel do Espírito Santo César - Vara/Comarca: 3a Vara Empresarial do Rio de Janeiro/RJ

Processos de Falência Extintos

Requerido: Passarela Comércio e Indústria de Alimentos Ltda. - CNPJ: 01.021.187/0001-72 - Requerente: Passarela Comércio e Indústria de Alimentos Ltda. - Vara/Comarca: Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Distrito Federal, Brasília/DF - Observação: Desistência homologada.

Requerido: Rufolo Empresa de Serviços Técnicos e Construções Ltda. - CNPJ: 42.219.998/0001-60 - Endereço: Rua do Bispo, 221, Bairro Rio Comprido - Requerente: Renata Rocha de Brito - Vara/Comarca: 7a Vara Empresarial do Rio de

Janeiro/RJ - Observação:

Homologado acordo celebrado entre as partes.

25

Requerido: S. B. A. Atacadista de

Alimentos Ltda. - CNPJ:

19.666.612/0001-46 - Requerente: Frigorífico Frigoalpha Indústria e Comércio de Gêneros Alimentícios Ltda. Epp - Vara/Comarca: Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Distrito Federal, Brasília/DF - Observação: Petição inicial indeferida. Requerido: Zito Pereira Indústria e Comércio de Peças e Acessórios Para

Autos Ltda. - CNPJ:

43.846.328/0001-36 - Endereço: Av. Papa João Paulo I, 1200 A, Bairro Bonsucesso - Requerente: Pacific Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Não Padronizados -

Vara/Comarca: 10a Vara de

Guarulhos/SP - Observação:

Homologado acordo celebrado entre as partes.

Recuperação Judicial Deferida

Empresa: Estação Pantanal

Administração de Imóveis e Participações Ltda. - CNPJ: 13.220.658/0001-50 - Endereço: Rua São Pedro, 815, Sala 24, Bairro Cavalhada - Administrador Judicial: Dr. Ricardo Ferreira de Andrade -

Vara/Comarca: 2a Vara de

Cáceres/MT

Empresa: Gce Comércio de Alimentos Eireli, Nome Fantasia Foletto Alimentos - CNPJ: 09.248.297/0001-83 - Endereço: Vila Sesmaria Rocha, S/nº, Acesso Sul - Administrador Judicial: Von Saltiel Advocacia &

Consultoria Empresarial -

Vara/Comarca: 2a Vara de Itaqui/RS Empresa: Jacaré Assessoria Ltda. -

CNPJ: 07.170.457/0001-93 -

Endereço: Rua São Pedro, 815, Sala 50, Bairro Cavalhada - Administrador Judicial: Dr. Ricardo Ferreira de

(29)

Andrade - Vara/Comarca: 2a Vara de Cáceres/MT

Recuperações Judiciais Concedidas Empresa: Osni Ferreira de Sousa Me, Nome Fantasia Auto Mecânica Mustang - CNPJ: 01.332.717/0001-01 - Endereço: Rua Arnaldo Estevão de Figueiredo, 2220, Bairro Jardim Guanabara - Vara/Comarca: 4a Vara de Rondonópolis/MT - Observação: Face à homologação do plano pela assembleia geral dos credores.

Recuperações Judiciais Indeferidas Empresa: Danny & Anny Confecções Ltda. Me, Nome Fantasia Flor Dágua -

CNPJ: 08.278.803/0001-14 -

Endereço: Rua Professor Ricardo Buss, 188, Bairro Saguaçu -

Vara/Comarca: 7a Vara de

Joinville/SC - Observação: Face à não instrução do pedido com a documentação exigida.

https://www.valor.com.br/empresas/6397577/movimento-falimentar

Retorne ao índice

(30)

Valor Econômico

Caderno: Finanças, terça-feira, 20 de agosto de 2019.

Falência do Banco Gerador leva

ex-sócios à Justiça

Por Marina Falcão | Do Recife

Paulo Dalla Nora Macêdo, ex-presidente do Gerador: família perdeu R$ 180 milhões

A falência do Banco Gerador, em 2014, transformou seus ex-sócios em inimigos na cena empresarial de Pernambuco. A família Macêdo, que diz ter perdido R$ 180 milhões com o banco, cobra uma suposta dívida de R$ 40 milhões do ex-sócio Antônio Lavareda, conhecido por sua atuação no marketing político. Lavareda, que afirma ter incorrido em um prejuízo de R$ 90 milhões no Gerador, tenta reunir provas para entrar com ação na Justiça acusando os ex-parceiros de gestão fraudulenta.

O episódio mais recente da briga entre os ex-sócios, que foram amigos íntimos por mais de 30 anos, foi um boletim de ocorrência sobre um tiro na janela do escritório do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômica (Ipespe), empresa de Lavareda, no Recife. O marqueteiro

27

afirmou à polícia "ter fortes motivos para supor" que Paulo Dalla Nora Macêdo, ex-presidente do Gerador, Paulo Sérgio Freire Macêdo e Hilson de Brito Macêdo (pai e tio de Dalla Nora, respectivamente) seriam responsáveis por esse "atentado". Todos prestaram depoimento no início do mês.

O disparo foi dado no dia 1º de maio, quando não houve expediente no Ipespe. O exame de balística apontou que o tiro que veio de uma arma 38. Não há conclusão sobre as investigações.

O Gerador começou a operar em 2009, sob comando de Paulo Dalla Nora Macêdo, oferecendo crédito consignado para empresas pequenas e médias na região Nordeste com a marca Banorte. Antes mesmo da crise econômica eclodir, o Gerador faliu, alegando na época forte concorrência com os grandes bancos.

Os sócios decidiram vender a carteira de crédito de R$ 350 milhões para o Fundo Gerador de Crédito (FGC), quitaram os CDBs e, em 2016, venderam o Gerador para a financeira gaúcha Agiplan (atual Agibank), por R$ 1.

No processo de preparação do banco para a venda, os Macêdo teriam assumido as responsabilidades integrais de todos os sócios do Gerador e Rede Banorte "para preservar os nossos CPFs" e garantir que a transferência de controle fosse tranquila, sem risco de intervenção do Banco Central, nem problema com o comprador e nem com os clientes, diz Dalla Nora. Lavareda, que não teria assumido a sua parte, está sendo acionado pelos demais desde 2017.

Referências

Documentos relacionados

horizontais para fechá-las na parte inferior. Nenhum tipo e fio devem ser utilizados para separar as colunas ou as linhas; h) no caso de tabelas grandes e que não caibam em um só

Edital de Leilão Judicial Unificado 5ª Vara do Trabalho de São Paulo/SP Processo nº 1000709-94.2018.5.02.0005 A Juíza do Trabalho do Centro de Apoio aos Leilões Judiciais

Segundo BEZERRA e NASCIMENTO (2005) Este modelo prevê tanto o cálculo do custo total das atividades que se originaram em função das escolhas dos fornecedores pela empresa (Fórmula

A pesquisa desenvolvida até o momento e quase em fase de conclusão versa sobre a relação entre teoria do conhecimento e educação na filosofia de Platão. O texto

udj jeêcg}o ~jpxgmucjpdoexo udj jeêcg}o ~jpxgmucjpdoexo ~pfauehj% Ho ajxf# ejzuocj ~pfauehj% Ho ajxf# ejzuocj po}~f}xj afpjd pomfphjhj} po}~f}xj afpjd pomfphjhj} qophjho} auehjdoexjg}

- 6.000 baino handiagoa da, baina 8.000 baino txikiagoa. - Batekoen zifra milakoen zifra baino unitate bat handiagoa da. Soluzio bat baino gehiago daude.. 50 baino handiagoa al da?

O desenvolvimento de cancro de cólon é mais rápido na síndrome de Lynch, que ocorre em menos de 3 anos comparativamente aos cancros esporádicos, pois a sequência

Em uma primeira etapa, os dados da pesquisa realizada por Tontini e Sant´Ana (2007) foram utilizados para classifi car os atri- butos segundo o Modelo Kano e identifi car