• Nenhum resultado encontrado

Probabilidade 1. José Carlos Fogo

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Probabilidade 1. José Carlos Fogo"

Copied!
86
0
0

Texto

(1)

Probabilidade 1

José Carlos Fogo

(2)

Sumário

1 Conceitos Básicos e Definições 3

1.1 Relações entre conjuntos . . . 3

1.2 Algumas definições em probabilidade: . . . 6

1.3 Medidas de probabilidade. . . 9

1.3.1 Axiomas de Kolmogorov e espaço de probabilidade . . . 9

1.4 Propriedades das probabilidades . . . 11

1.5 Probabilidade condicional e teorema de Bayes . . . 15

1.5.1 Probabilidade condicional . . . 16 1.5.2 Teorema de Bayes . . . 19 1.5.3 Independência de eventos . . . 24 1.6 Contagem . . . 29 1.6.1 Amostras ordenadas . . . 29 1.6.2 Permutações . . . 32 1.6.3 Amostras Desordenadas . . . 33 1.6.4 Partições . . . 36 2 Variáveis Aleatórias 42 2.1 Variáveis Aleatórias Discretas . . . 43

2.2 Principais modelos de discretos . . . 48

2.2.1 Variável Aleatória Constante . . . 48

2.2.2 Distribuição uniforme discreta . . . 49

2.2.3 Distribuição de Bernoulli . . . 51

2.2.4 Distribuição binomial . . . 52

2.2.5 Distribuição geométrica . . . 56

2.2.6 Distribuição binomial negativa . . . 60

2.2.7 Distribuição hipergeométrica. . . 62

2.2.8 Distribuição de Poisson . . . 67

2.2.9 Distribuições discretas no

R

. . . 73

3 Valor esperado e momentos de uma v.a. discreta 76 3.1 Valor esperado de uma v.a. discreta . . . 76

3.2 Propriedades de Esperança . . . 78

3.3 Variância de uma v.a. discreta . . . 82

3.3.1 Propriedades de Variância . . . 83

(3)

1

Conceitos Básicos e Definições

Estudos de fenômenos ou experimentos aleatórios ⇓

Busca-se avaliar a probabilidade de ocorrência desses fenômenos.

APLICAÇÕES:

•teoria dos jogos •evolução de doenças

•controle de defeitos •evolução do crescimento populacional

•teoria da decisão •indústria bélica

1.1

Relações entre conjuntos

i) UNIÃO:NotaçãoA ∪ B,

sejam A e B eventos quaisquer, a união entre A e B é dada pelos elementos que pertencem aAou aB ;

ii) INTERSECCÃO:NotaçãoA ∩ B ouAB,

sejam A e B conjuntos quaisquer, a intersecção entre A e B é dada pelos elementos que pertencem simultaneamente aAe aB ;

iii) COMPLENTAR:NotaçãoAc;

sejam A e B conjuntos tais que A ⊂ B, então, o evento complementarAc de A, em relação àB, é dado pelos elementos deBque não pertencem aA, ou seja,A∪Ac= B;

iv) DIFERENÇA:NotaçãoB − A;

sejamAeB conjuntos quaisquer, então, a diferençaB − Aé dada pelos elementos de

B que não pertencem aA, ou seja,B − A = B ∩ Ac = BAc;

Nota: SeB ⊃ A, então,B − A = Ac;

v) DIFERENÇA SIMÉTRICA:Notação A M B;

é dada pelos elementos que pertencem exclusivamente aAou aB, ou seja,

A M B = (A ∩ Bc) ∪ (Ac∩ B) = (A − B) ∪ (B − A);

(4)

vi) CONJUNTOS DISJUNTOS:dois conjuntosAe B são disjuntos, ou mutuamente exclu-sivos, se a intersecção entre eles é vazia, ou seja,A ∩ B = ∅;

vi) PARTIÇÃO:os conjuntosA1, A2, . . . , Ak⊂ Ωformam um partição deΩse são disjuntos

dois-a-dois e se a união entre eles é igual aΩ, ou seja

– Ai∩ Aj = ∅, ∀ i 6= j; – k [ i=1 Ai = Ω.

vi) LEIS DE MORGAN: considere uma sequência qualquer de eventos A1, A2, . . ., então,

segundo as leis de Morgan, valem as relações

∞ [ i=1 Ai !c = ∞ \ i=1 Aci; ∞ \ i=1 Ai !c = ∞ [ i=1 Aci.

DEMONSTRAÇÃO VISUAL DAS LEIS DE MORGAN:

Ω B A C AUBUC (AUBUC)c

Figura 1.1: Diagrama de Venn para a união( A ∪ B ∪ C )c

Ω Ac A Ω B Bc Ω C Cc

(5)

B A

C

Figura 1.3: Diagrama de Venn para a intersecçãoAc ∩ Bc ∩ Cc

DEMONSTRAÇÃO FORMAL DAS LEIS DE MORGAN:1a parte (Magalhães ou Hoel)

IDEIA:mostrar que

i) ∞ [ i=1 Ai !c ⊂ ∞ \ i=1 Aci ; ii) ∞ [ i=1 Ai !c ⊃ ∞ \ i=1 Aci .

RESULTADO:SejamAeB conjuntos quaisquer, então, seA ⊂ BeA ⊃ B=⇒A = B.

Prova da parte (i):

Sejaw ∈ ( ∞ [ i=1 Ai)c=⇒w /∈ ∞ [ i=1 Ai =⇒w /∈ Ai, ∀ i = 1, 2, . . .

Desta forma,w ∈ Aci, ∀i = 1, 2, . . .=⇒w ∈

\

i=1

Aci,

o que prova a parte (i).

Prova da parte (ii):

Sejaw ∈ ∞ \ i=1 Aci =⇒w ∈ Aci =⇒w /∈ Ai, ∀ i = 1, 2, . . . Desta forma,w /∈ ∞ [ Ai, ∀ i = 1, 2, . . . =⇒w ∈ ( ∞ [ Ai)c,

(6)

o que prova completa a prova.

1.2

Algumas definições em probabilidade:

a) EXPERIMENTO ALEATÓRIO:é um experimento no qual

– todos os resultados possíveis são conhecidos antecipadamente;

– uma realização do experimento resulta num dos possíveis resultados;

– pode ser repetido em condições idênticas.

Exemplo: Considere uma caixa combbolas numeradas de1a b. Uma bola é retirada e seu número é anotado.

b) ESPAÇO AMOSTRAL:é o conjunto dos resultados possíveis para um experimento ale-atório. É denotado porΩ.

Pode ser:

i) Discreto   

Finito: formado por um conjunto finito de pontos; Infinito: conjunto infinito e enumerável de pontos; ii) Contínuo: formado por um conjunto não enumerável de pontos.

Exemplo: No experimento da retirada de uma bola de uma da caixa, Ωé um espaço amostral finito dado pelo conjunto comb pontos, no casoΩ = { 1, 2, . . . , b }.

c) EVENTO: um evento é qualquer subconjunto do espaço amostralΩ, associado a um experimento.

Notas:

1) Os eventos serão identificados por letras de fôrma e maiúsculas do algarismo ará-bico, por exemploA, B, C, . . ..

2) Aos eventos é que serão associadas probabilidades;

Exemplo: Na retirada de uma bola da caixa seja o eventoAdefinido por:

A = {o resultado é um número par}.

(7)

i) Evento Complementar: Seja um evento qualquerA ⊂ Ω, então, seu evento com-plementarAcserá definido pelos elementos deΩque não estão emA.

Um eventoAe seu complementarAcsão tais queA ∪ Ac= Ω.

ii) Eventos Disjuntos: Dois eventos quaisquer A e B são disjuntos, ou mutuamente exclusivos seA ∩ B = ∅.

iii) Eventos Elementares: Seja um espaço amostral finito Ω = {ω1, ω2, . . . , ωN}, em

queωi,i = 1, 2, . . . , N são resultados elementares.

Um evento formado por um resultado elementar é chamado evento elementar. Neste caso,

Ai = {ωi}, i = 1, 2, . . . , N,

são eventos elementares.

Notas:

1) Sejam dois eventos elementaresAi eAj,i 6= j, então,Ai∩ Aj = ∅;

2) Qualquer evento pode ser escrito como uniões de eventos elementares. Particularmente,Ω = A1∪ A2∪ . . . ∪ AN.

Como o espaço amostral é finito, será associada uma probabilidadepi = 1/N para

cadaωi, i = 1, 2, . . . , N.

É intuitivo que0 ≤ pi ≤ 1e quep1 + p2+ . . . + pN = 1.

Se, além disso, o espaço amostral for equiprovável (ou homogêneo), então,

pi =

1

N ∀ ωi ∈ Ω, i = 1, 2, . . . , N.

d) σ-ÁLGEBRA:

Seja uma coleção não vazia A de subconjuntos de Ω aos quais desejamos associar probabilidades. EntãoA deve ser tal que, seAeB ∈ A, faz sentido calcular probabi-lidades de que

i) AouB ocorra, ou seja,(A ∪ B);

ii) AeB ocorram, ou seja,(A ∩ B);

iii) não ocorraA, ou seja,Ac.

(8)

i) Ω ∈A;

ii) seA ∈A =⇒Ac ∈A;

iii) seA ∈A eB ∈A =⇒(A ∪ B) ∈A.

entãoA é dita ser uma álgebra de subconjuntos (eventos) deΩ.

Além disso, deseja-se queA seja fechada também para um número infinito e enumerável de operações (uniões e intersecções).

Definição:A é uma σ-álgebrade subconjuntos (eventos) deΩse, e só se i) Ω ∈A; ii) seA ∈A =⇒Ac∈A; iii) seA1, A2, . . . ∈ A =⇒ ∞ [ i=1 Ai ∈A. Notas:

1) todaσ-álgebra é uma álgebra, porém, nem toda álgebra é uma σ-álgebra;

2) SejaA umaσ-álgebra deΩ, então, seA1, A2, . . . ∈A =⇒ ∞

\

i=1

Ai ∈A.

Exemplo: 1) Considere o lançamento de uma moeda, entãoΩ = { cara, coroa }

• A1 = { ∅, Ω } →menorσ-álgebra;

• A2 = { ∅, {cara}, {coroa}, Ω } →σ-álgebra, classe de todos os subconjuntos deΩ.

Exemplo: 2) Considere o espaço amostralΩ = { 1, 2, 3 }

• A1 = { ∅, Ω, {1}, {2, 3} } →é umaσ-álgebra

(todos os complementares e uniões estão presentes).

• A2 = { ∅, Ω, {1}, {2}, {1, 3}, {2, 3} } →não éσ-álgebra pois: {1} ∪ {2} /∈A2

(9)

1.3

Medidas de probabilidade

a) EM ESPAÇOS FINITOS: número de resultados favoráveis a um evento, dividido pelo número de resultados possíveis, assumindo que todos os resultados seja equiprováveis

P (A) = card(A) card(Ω)

em queΩ é o conjunto de resultados possíveis (espaço amostral).

b) GENERALIZAÇÃO PARA ESPAÇOS INFINITOS: seΩé uma região com uma medida bem definida, então

P (A) = medida deA medida deΩ

Exemplo: Um indivíduo realiza um tiro ao acaso num alvo circular de raioR. Qual a pro-babilidade de que acerte o círculo central de raior (r < R)?

R

r

A

P (A) = área central(A) área do alvo(Ω) P (A) = πr 2 πR2 = r R 2

1.3.1 Axiomas de Kolmogorov e espaço de probabilidade

A definição a seguir é conhecida como Axiomas de Kolmogorov (Kolmogorov, 1933) e define uma medida de probabilidade.

MEDIDA DE PROBABILIDADE:SejaΩum espaço amostral eA umaσ-álbegra de even-tos deΩ. P (.)é uma medida de probabilidade em(Ω,A )se satisfaz

(10)

iii) seA1, A2, . . . formam uma seqüência disjunta, entãoP ∞ [ i=1 Ai ! = ∞ X i=1 P (Ai).

A trinca formada por(Ω,A , P )é chamada deESPAÇO DE PROBABILIDADE.

Um espaço de probabilidade é formado por um espaço amostral Ω, uma σ-álgebra de eventos deΩe uma medida de probabilidadeP (A) ∀ A ∈A.

Exemplo: 1) Número de ocorrências de um fenômeno.

Espaço amostral:Ω = { 1, 2, 3, . . . };

σ-álbegra:A = classe dos subconjuntos de Ω; Medida de probabilidade: P (k) = 1

2k,k = 1, 2, . . .

Checar os axiomas:

i) P (A)é dada pela soma de probabilidades de eventos elementaresωi ∈ A, i = 1, 2, . . .

=⇒P (A) ≥ 0, ∀ A; ii) ∞ X i=1 P (k) = 1/2 1 − 1/2 = 1 =⇒P (Ω) = 1;

iii) A união de eventos disjuntos, forma um conjunto ao se aplica o resultado (i), que equi-vale à soma das suas probabilidades individuais.

Exemplo: 2) Tempo de vida de pacientes.

Espaço amostral:Ω = { T ∈ R | 0 ≤ T < ∞ }; σ-álbegra:A = σ-álbegra de Borel;

Medida de probabilidade: P (A) = Z

A

e−xdx, em que A ⊆ Ω são intervalos no conjunto dos reais.

(11)

1.4

Propriedades das probabilidades

Considere que os conjuntos abaixo seja, eventos no espaço de probabilidade(Ω,A , P ). Então, tem-se que

a) P (A) = 1 − P (Ac);

Nota: caso especialP (∅) = 1 − P (Ω) = 0.

b) Sejam A e B eventos quaisquer, entãoP (B) = P (B ∩ A) + P (B ∩ Ac).

PROVA:i) para todo conjunto A tem-se queA ∪ Ac= Ω. ii) ComoB = B ∩ Ω = B ∩ (A ∪ Ac) = (B ∩ A) ∪ (B ∩ Ac)

iii) e como(B ∩ A)e(B ∩ Ac)são disjuntos, segue-se que

P (B) = P (B ∩ A) + P (B ∩ Ac).

Nota: SeA ⊂ B, entãoA ∩ B = AeP (B) = P (A) + P (B ∩ Ac).

c) SeA ⊂ B, entãoP (A) ≤ P (B).

PROVA:Sai direto da relação anterior e dos axiomas.

d) Se A e B são eventos quaisquer, entãoP (A ∪ B) = P (A) + P (B) − P (A ∩ B).

Ω A A

Bc B Ac

B A

B

(12)

PROVA:

i) Os conjuntos(A ∩ Bc),(A ∩ B)e(Ac∩ B)são disjuntos, logo. →A ∪ B = (A ∩ Bc) ∪ (A ∩ B) ∪ (Ac∩ B),

→P (A ∪ B) = P (A ∩ Bc) + P (A ∩ B) + P (Ac∩ B). ii) Tem-se, ainda, que

→P (A) = P (A ∩ Bc) + P (A ∩ B)e →P (B) = P (Ac∩ B) + P (A ∩ B).

iii) Somando-se as probabilidades em (ii) obtem-se

P (A) + P (B) = P (A ∩ Bc) + P (Ac∩ B) + P (A ∩ B) + P (A ∩ B), e, de (i) tem-se que

P (A) + P (B) = P (A ∪ B) + P (A ∩ B), de onde se conclui que

=⇒P (A ∪ B) = P (A) + P (B) − P (A ∩ B).

Notas: 1) Da relação (d) segue-se queP (B ∪ A) ≤ P (A) + P (B);

2) SeA e B são disjuntos, entãoP (B ∪ A) = P (A) + P (B).

e) Das propriedades (c) e (d) tem-seP (

n [ i=1 Ai) ≤ n X i=1 P (Ai).

PROVA:Por indução.

g) Das leis de Morgan tem-se que

P n [ i=1 Ai ! = 1 − P n \ i=1 Aci ! . g) PARTE 1: SeA1 ⊂ A2 ⊂ . . .e A = ∞ [ i=1 Ai ou PARTE 2: SeA1 ⊃ A2 ⊃ . . .e A = ∞ \ i=1 Ai,

então segue-se que lim

n→∞P (An) = P (A).

PROVA:(PARTE 1) → sejaB1 = A1;

(13)

→ para n ≥ 2, seja Bno conjunto de pontos que estão emAnmas não estão emAn−1,

ou sejaBn = An∩ Acn−1;

→ os conjuntos Bn,n = 1, 2, . . . são todos mutuamente exclusivos e, ainda

An = n [ i=1 Bi eA = ∞ [ i=1 Bi; → conseqüentemente: a)P (An) = n X i=1 P (Bi) , b)P (A) = ∞ X i=1 P (Bi) .

Desta forma, aplicando-se o limite paran → ∞ em (a), tem-se

lim n→∞P (An) = n→∞lim n X i=1 P (Bi) = ∞ X i=1 P (Bi) de(b) = P (A) ,

o que completa a prova.

PROVA:(PARTE 2) Exercício.

→ observar queA1 ⊃ A2 ⊃ . . .⇒Ac1 ⊂ A c

2 ⊂ . . ..

Exemplo: 1) Um dado equilibrado é lançadok = 2 vezes e os resultados anotados. O espaço amostral para o experimento é:

Ω =ω = (i, j) ∈ R2 | i = 1, . . . 6 e j = 1, . . . , 6

Sejam:

A = classe de todos os subconjuntos de Ω e

P = probabilidade uniforme para todos os pontos de Ω, ou seja, P ({ω}) = 1 card(Ω).

O número de eventos elementaresw’s é dado por card(Ω) = nk, em que

→ n total de resultados possíveis em uma realização do experimento, no caso n = 6, → k é o número de realizações do experimento, no caso k = 2.

Nesse caso, tem-se: card(Ω) = 36 ⇒ P ({ω}) = 1

36, ∀ ω ∈ Ω.

(14)

B = o resaultado do primeiro lançamento é um número ímpar; C = o produto é um número ímpar.

EncontrarP (A ∪ B)eP (A ∪ B ∪ C).

Pontos favoráveis a cada um dos eventos:

A = { (1,2), (1,4), (1,6), (3,2), (3,4), (3,6), (5,2), (5,4), (5,6), (2,1), (4,1), (6,1), (2,3), (4,3), (6,3), (2,5), (4,5), (6,5) }; B = { (1,1), (1,2), (1,3), (1,4), (1,5), (1,6), (3,1), (3,2), (3,3), (3,4), (3,5), (3,6), (5,1), (5,2), (5,3), (5,4), (5,5), (5,6) }; C = { (1,1), (1,3), (1,5), (3,1), (3,3), (3,5), (5,1), (5,3), (5,5) }. Resultados: I card(A) = 18 =⇒ P (A) = 18 36 = 1 2; I card(B) = 18 =⇒ P (B) = 18 36 = 1 2; I card(C) = 9 =⇒ P (C) = 9 36 = 1 4. Intersecções: i) A ∩ B = { (1,2), (1,4), (1,6), (3,2), (3,4), (3,6), (5,2), (5,4), (5,6) } ⇒ P (A ∩ B) = 1 4; ii) A ∩ C = { ∅ } ⇒ P (A ∩ C) = 0;

iii) como C ⊂ B, segue-se que B ∩ C = C, ⇒ P (B ∩ C) = P (C) = 1 4; iv) de (ii), tem-se que A ∩ B ∩ C = { ∅ } ⇒ P (A ∩ B ∩ C) = 0;

Da propriedade (d), tem-se que:

P (A ∪ B) = P (A) + P (B) − P (A ∩ B) = 1 2+ 1 2− 1 4 = 3 4

Para encontrarP (A ∪ B ∪ C) utiliza-se, ainda, a propriedade (d) fazendo:

P (A ∪ B ∪ C) = P [(A ∪ B) ∪ C] = P (A ∪ B) + P (C) − P [(A ∪ B) ∩ C] = P (A) + P (B) − P (A ∩ B) + P (C) − P [(A ∩ B) ∪ (B ∩ C)] = P (A) + P (B) + P (C) − P (A ∩ B) − P (A ∩ C) − P (B ∩ C) + P (A ∩ B ∩ C) = 1 2 + 1 2+ 1 4 − 1 4 − 1 4 = 3 4

(15)

Esse problema pode ser resolvido escolhendo-se um outro espaço amostral.

O lançamento de um dado pode ser representado porp se o resultado for par e por i se o resultado for ímpar. Assim sendo, o novo espaço amostral pode ser escrito por:

Ω1 = { (p, p), (p, i), (i, p), (i, i) }

Como o espaço amostral originalΩ é um espaço equiprovável, é fácil verificar que:

P [(p, p)] = P [(p, i)] = P [(i, p)] = P [(i, i)] = 1 4.

Pontos favoráveis a cada um dos eventos:

A = {(p, i), (i, p)} =⇒ P (A) = 2 4 =

1 2;

B = {(p, i), (i, i)} =⇒ P (B) = 2 4 =

1 2;

C = {(i, i)} =⇒ P (C) = 1 4.

1.5

Probabilidade condicional e teorema de Bayes

Em muitas situações, conhecimentos passados podem influenciar as probabilidades dos eventos.

Por exemplo, a probabilidade de chuva num determinado dia pode ser influenciada se choveu no dia anterior.

SejamA e B eventos quaisquer associados ao espaço de probabilidade (Ω,A , P ), então, para todoω ∈ Ω,

→ seω ∈ B, entãoω ∈ A⇐⇒ω ∈ (A ∩ B).

Em outras palavras, sabendo que o eventoB ocorreu, então, o evento A ocorre se, e só se, ocorre a intersecçãoA ∩ B.

Nesse caso, tem-se um novo espaço amostral dado pelo evento B, uma nova σ-álgebra ABe uma nova medida de probabilidadePB, aplicada em subconjuntos deAB, satisfazendo

os axiomas de Kolmogorov

PB =

P (A ∩ B) P (B) .

(16)

Esquematicamente:

A A

B B

Figura 1.5: Evento condicional.

1.5.1 Probabilidade condicional

Sejam os eventosA e B tais que P (B) > 0, então, define-se a probabilidade condicional deB dado que ocorreu A por

P (A|B) = P (A ∩ B) P (B) .

Notas: 1) SeP (B) = 0=⇒P (A|B) = P (A)(Magalhães, 2004);

2) Da definição de probabilidade condicional tem-se a relaçãoP (A∩B) = P (A|B)P (B), conhecida como regra do produto das probabilidades.

Exemplo 1)Uma caixa comtémr bolas vermelhas numeradas de 1 a r e b bolas brancas, numeradas de1 a b. Uma bola é extraída, sua cor observada. Sabendo que a bola é vermelha, qual a probabilidade de que seja a de número1?

A caixa contém(r + b)bolas logo, a probabilidade de uma bola qualquer é 1

(r + b).

Censidere os eventos:

A = { a bola extraída é vermelha }, logo,P (A) = r (r + b)

B = { a bola extraída é a de número 1 }, logo,P (B) = 2 (r + b)

(17)

ComoP (B ∩ A) = 1 (r + b), então, P (B|A) = P (B ∩ A) P (A) = 1/(r + b) r/(r + b) = 1 r.

Exemplo 2)Duas moedas idênticas são lançadas. Determine:

a) A probabilidade de se obter 2 caras sabendo que se obteve cara na primeira moeda.

Espaço amostral =⇒ Ω = {(c, c); (c, ¯c); (¯c, c); (¯c, ¯c)}, em quec = cara e ¯c = coroa.

Sejam os eventos: C1 = { cara na1amoeda } =⇒ P (C1) = P [(c, c); (c, ¯c)] = 2 4; C2 = { cara na2amoeda } =⇒ P (C2) = P [(c, c); (¯c, c)] = 2 4. ComoP (C2∩ C1) = P [(c, c)] = 1 4, logo, P (C2|C1) = P (C2∩ C1) P (C1) = P [(c, c)] P [(c, c); (c, ¯c)] = 1/4 2/4 = 1 2.

b) A probabilidade de se obter 2 caras sabendo que se obteve pelo menos uma cara.

Neste caso os eventos são definidos por:

=⇒ {sair duas caras} =C1∩ C2;

=⇒ {sair ao menos um cara} =C1∪ C2;

Desta forma: P (C1∩ C2|C1∪ C2) = P (C1∩ C2) P (C1∪ C2) = P [(c, c)] P [(c, c); (c, ¯c); (¯c, c)] = 1/4 3/4 = 1 3.

Exemplo 3) (Urna de Polya)Uma caixa comtémr bolas vermelhas e b bolas brancas. Uma bola é extraída, sua cor observada e, a seguir, a bola é recolocada na caixa com mais c > 0 bolas da mesma cor. Esse procedimento é repetidom vezes.

(18)

Sejam:

i) Rj: aj-ésima bola retirada é vermelha;

ii) Bj: aj-ésima bola retirada é branca, 1 ≤ j ≤ m.

Então:

⇒ Rj eBj são disjuntos e

⇒ na j-ésima extração tem-se [b + r + (j − 1) c] bolas na urna.

Paraj = 1: i) P (R1) = r b + r, ii) P (B1) = b b + r. Paraj = 2: i) P (R2|R1) = (r + c) (b + r + c); ii) P (R1R2) = P (R1)P (R2|R1); ⇒ P (R1R2) = r (b + r) (r + c) (b + r + c). De maneira análoga, ⇒ P (B1R2) = b (b + r) r (b + r + c).

Logo, a probabilidade de que se extraia uma bola vermelha na segunda retirada é:

P (R2) = P (R1R2) + P (B1R2) =  r b + r   r + c b + r + c  +  b b + r   r b + r + c  =  r b + r   r + c b + r + c+ b b + r + c  =  r b + r   r + c + b b + r + c  =  r b + r  Portanto:

(19)

i) P (R2) = P (R1) = r b + r, ii) P (B2) = P (B1) = b b + r. Paraj = 3:

Qual a probabilidade de vermelha na3aextração?

Possibilidades:

i) R1R2R3 ⇒ P (R1R2R3) = P (R3|R1R2)P (R2|R1)P (R1);

ii) R1B2R3 ⇒ P (R1B2R3) = P (R3|R1B2)P (B2|R1)P (R1);

iii) B1R2R3 ⇒ P (B1R2R3) = P (R3|B1R2)P (R2|B1)P (B1);

iv) B1B2R3 ⇒ P (B1B2R3) = P (R3|B1B2)P (B2|B1)P (B1).

Com um pouco de esforço algébrico obtêm-se:

i) P (R3) = P (R1) = r b + r, ii) P (B3) = P (B1) = b b + r.

Enfim, pode-se provar por indução que,P (Rj) = P (R1) e P (Bj) = P (B1), ∀ 1 ≤ j ≤ m.

1.5.2 Teorema de Bayes

Sejam os eventosE1, E2, . . . , Emem(Ω,A , P ) formando uma partição em Ω tal que todos

têm probabilidades positivas, ou seja, P (Ei) > 0, ∀ i = 1, 2, . . . , m. Considere, ainda, um

eventoA qualquer, P (A) > 0, ocorrendo sobre a partição de Ω.

O objetivo, nesta situação, consiste em determinar a probabilidade de ocorrência de uma das partes deΩ dado que ocorreu o evento A, ou seja, P (Ek|A), k = 1, 2, . . . , m.

Cmo pode-se observar pela Figura (1.6), o eventoA pode ser escrito como união de partes disjuntas, formadas pela intersecção deA com as partes de Ω, ou seja

A = (A ∩ E1) ∪ (A ∩ E2) ∪ (A ∩ E3) ∪ (A ∩ E4) ∪ (A ∩ E5) ∪ (A ∩ E6) = 6

[

i=1

(20)

Figura 1.6: Ocorrência de um evento A sobre uma partição de Ω com m = 6. Para umm qualquer, A = (A ∩ E1) ∪ (A ∩ E2) ∪ . . . ∪ (A ∩ Em) = m [ i=1 (A ∩ Ei),

logo, a probabilidade do eventoA é dada por

P (A) = P " m [ i=1 (A ∩ Ei) # = m X i=1 P (A ∩ Ei).

Pela regra do produto, tem-se que

P (A) = P "m [ i=1 (A ∩ Ei) # = m X i=1 P (A|Ei)P (Ei).

O resultado acima é conhecido como lei da probabilidade total.

Para umEk qualquer, k = 1, 2, . . . , m, pode-se escrever P (A ∩ Ek) = P (A|Ek)P (Ek),

logo, a probabilidade de ocorrência deEkdado que ocorreuA, é dada por:

P (Ek|A) = P (Ek∩ A) P (A) P (Ek|A) = P (A|Ek)P (Ek) m X i=1 P (A|Ei)P (Ei) , k = 1, 2, . . . , m, (1.1)

o resultado em (1.1) é conhecido comoteorema de Bayes. Foi obtido peloReverendo Thomas Bayese publicado em 1763, sendo um dos teoremas mais importantes da teoria estatística.

Exemplo 1) Numa população adulta 40% são homens e 60% mulheres. Sabe-se, ainda, que 50% dos homens e 30% das mulheres são fumantes. Determine:

(21)

a) A probabilidade de que uma pessoa escolhida ao acaso nesta população seja fumante.

Partição do espaço amostral =⇒ sexo = {H, M }.

Sejam os eventos:

H = { a pessoa escolhida é do sexo masculino (homem) } =⇒ P (H) = 0.40;

M = { a pessoa escolhida é do sexo feminino (mulher) } =⇒ P (M ) = 0.60;

F = { a pessoa escolhida é fumante };

Fc= { a pessoa escolhida não é fumante }.

ComoP (F |H) = 0.50eP (F |M ) = 0.30, então, pela regra da probabilidade total:

P (F ) = P (F ∩ H) + P (F ∩ M )

P (F ) = P (F |H)P (H) + P (F |M )P (M ) P (F ) = 0.50 · 0.40 + 0.30 · 0.60

P (F ) = 0.38

b) A probabilidade de que seja um homem sabendo que é um fumante. Pelo teorema deBayes, tem-se a relação:

P (H|F ) = P (H ∩ F ) P (F ) P (H|F ) = P (F |H)P (H) P (F ) P (H|F ) = 0.20 0.38 P (H|F ) = 0.5263,

portanto, a probabilidade de ser um homem dado que é fumante é de0.5263.

Uma forma conveniente para se representar as probabilidades acima é através da ”arvore de probabilidades”, nas quais representamos as probabilidades das partes e probabilidades condicionais em ramos, conforme Figura (1.7). Nesse esquema, as probabilidades conjuntas (das intersecções) são obtidas percorrendo-se os ramos e multiplicando-se as probabilidades.

(22)

Figura 1.7: Diagrama de árvore para o exemplo (1).

Exemplo 2)Sabe-se que numa população 8% das pessoas são infectadas por um vírus causador de uma doença muito grave. Um teste para detecção do vírus é eficiente em 99% dos casos nos quais os indivíduos são infectados, mas resulta em 2% de resultados positivos para os não infectados (falsos positivos).

Se o teste de uma pessoa dessa população der resultado positivo, qual a probabilidade de que ela seja da fato infectada?

Defindo-se: I ⇒ grupo das pessoas infectadas; Ic⇒ grupo dos não infectados; T+⇒ o resultado do teste é positivo; T−⇒ o resultado do teste é negativo;

tem-se as probabilidades: P (I) = 0.08;P (Ic) = 0.92;P (T+|I) = 0.99e P (T+|Ic) = 0.02. Porém, deseja-se calcular a probabilidade: P (I|T+)

que pela regra da probabilidade condicional é dada porP (I|T+) = P (I ∩ T

+)

P (T+) .

As probabilidades podem ser representadas na seguinte tabela:

Tabela 1.1: Probabilidades

Resultado do teste Totais das

Grupo T+ T− linhas

I P (I ∩ T+) P (I ∩ T−) 0.08

Ic P (Ic∩ T+) P (Ic∩ T)

0.92

(23)

Pela regra do produto e pela lei da probabilidade total, encontra-seP (T+) de: P (T+) = P (I ∩ T+) + P (Ic∩ T+) = P (T+|I)P (I) + P (T+|Ic)P (Ic) = 0.99 · 0.08 + 0.02 · 0.92 = 0.0792 + 0.0184 = 0.0976

e, pelo teorema de Bayes, tem-se

P (I|T+) = P (T

+|I)P (I)

P (T+) =

0.0792

0.0976 = 0.8115.

Qual seria a confiança no teste se o resultado fosse negativo, ou seja, qual a probabilidade de o teste sendo negativo a pessoa de fato não seja infectada?

Deseja-se: P (Ic|T−) = P (I c∩ T) P (T−) . Como: P (T−) = P (I ∩ T−) + P (Ic∩ T−) = 0.01 · 0.08 + 0.98 · 0.92 = 0.9024, então, P (Ic|T−) = P (T −|Ic)P (Ic) P (T−) = 0.9016 0.9024 = 0.9991,

portanto, se o teste for negativo a pessoa pode se sentir segura.

Na Figura (1.8) é apresentada o diagrama de árvore para o resultado acima.

(24)

1.5.3 Independência de eventos

Sejam o espaço de probabilidade (Ω,A , P ) e sejam os eventos A e B ∈ A, tal que

P (B) > 0. Pela regra da multiplicação pode-se escrever

P (A ∩ B) = P (A|B) P (B).

Em alguns casos, no entanto, informações prévias a respeito do eventoB não afetam a probabilidade de ocorrência de A, isto é, a probabilidade concicional deA dadoB é igual à

P (A), ou seja

P (A|B) = P (A).

Definição: Sejam dois eventos Ae B, com probabilidades maiores do que zero, tais que a ocorrência de um deles não altera a probabilidade de ocorrência do segundo, então, esses eventos são ditosindepententes.

Da regra da multiplicação das probabilidades, portanto, se dois eventosA e B são inde-pendentes então a probabilidade de ocorrência conjunta dos dois é dada pelo produto das probabilidades individuais, ou seja,

P (A ∩ B) = P (A) P (B). (1.2)

SejaA1, A2, . . . , Ak,k eventos independentes, então, de (1.2)

P (A1∩ A2∩ . . . ∩ Ak) = P (A1) · P (A2) · . . . · P (Ak)

Exemplo 1)Duas moedas idênticas são lançadas separadamente.

Ω = {(c, c); (c, ¯c); (¯c, c); (¯c, ¯c)}, em quec = carae ¯c = coroa.

Sejam os eventos:

A = { cara no 2º lançamento } =⇒ P (A) = P [(c, c); (¯c, c)] = 1 2; B = { cara no 1º lançamento } =⇒ P (B) = P [(c, c); (c, ¯c)] = 1 2. DetermineP (A|B). P (A|B) = P (A ∩ B) P (B) = 1/4 1/2 = 1 2 = P (A).

(25)

Portanto, conclui-se que A e B são independentes, ou seja, a ocorrência de cara no primeiro lançamento não altera a probabilidade de que saia cara no segundo lançamento.

Propriedades de independência:

a) Seja um evento Atal que P (A) = 0, entãoA é independente de todo eventoE ∈ A, em queP (E) > 0;

Prova: SeP (A) = 0

=⇒ P (E ∩ A) = P (E|A)P (A) = 0 = P (E) · P (A), ∀ E ∈A 

b) SeA ∈A é um evento qualquer tal queP (A) > 0, entãoAé independente deeΩ; Prova:

i)A prova de queAesão independentes sai direto de (a), já queP (∅) = 0; ii)Para a prova de queAeΩsão independentes, considere queA = A ∩ Ω, logo

=⇒ P (Ω ∩ A) = P (A) = P (A) · (1) = P (A)P (Ω) 

c) Se os eventos deAe B forem independentes, entãoAe Bc;Ace B;Ace Bctambém o são;

Prova: A seguir será apresentada apenas a prova de queAeBctambém são indepen-dentes. As demais ficam como exerício para o leitor.

O eventoApode ser escrito porA = (A ∩ B) ∪ (A ∩ Bc),(A ∩ B)e(A ∩ Bc)disjuntos, logo P (A) = P (A ∩ B) + P (A ∩ Bc) P (A) = P (A)P (B) + P (A ∩ Bc) P (A) − P (A)P (B) = P (A ∩ Bc) P (A)[1 − P (B)] = P (A ∩ Bc) P (A)P (Bc) = P (A ∩ Bc) 

Definição: SejaA1, A2, . . . , Ak,k eventos independentes. Se, para qualquer subconjunto

A1, A2, . . . , Ar, tal quer ≤ k, os eventos forem independentes, ou seja,

P (A1∩ A2∩ . . . ∩ Ar) = P (A1) · P (A2) · . . . · P (Ar),

(26)

Em outras palavras, os eventosA1, A2, . . . , Ak são mutuamente independentesse forem

independentes dois-a-dois, três-a-três, e assim por diante . . .

Exemplo 2)A probabilidade de que um homem esteja vivo daqui a 10 anos é de3/4 e de sua esposa, é de5/6. Qual é a probabilidade de que, daqui a 10 anos:

a) Ambos estejam vivos?

Considere os eventos:

H = { homem vivo daqui a 10 anos } =⇒ P (H) = 3/4 logo P (Hc) = 1/4;

M = { mulher viva daqui a 10 anos } =⇒ P (M ) = 5/6 logo P (Mc) = 1/6.

Espaço amostralΩ = {HM, HMc, HcM, HcMc}

Assumindo independência entre os eventos H e M, a probabilidade de que ambos estejam vivos daqui a 10 anos é dada por

P (HM ) = P (H)P (M ) = 3 4· 5 6 = 5 8

b) Ao menos um esteja vivo?

Ainda assumindo independência entreH eM, a probabilidade de ao menos um esteja vivo daqui a 10 anos é dada por

P (HM, HMc, HcM ) = P (H)P (M ) + P (H)P (Mc) + P (Hc)P (M ) P (HM, HMc, HcM ) = 3 4· 5 6 + 1 4 · 5 6 + 3 4 · 1 6 P (HM, HMc, HcM ) = 15 24+ 5 24+ 3 24 = 23 24

A solução acima é simplificada com a aplicação do evento complementar

P (HM ) = 1 − P (HcMc) = 1 − 1 4 · 1 6 = 23 24

(27)

Um sistema de componentes é determinado por um conjunto de itens associados numa dada configuração. As configrações mais simples são os sistemas em série e em paralelo. A associação de ambas as configurações são chamadas de sistemas série-paralelo.

Neste sentido, a confiabilidade de um sistema num dado instanteté dada pela probabili-dade de que este esteja funcionando normalmente.

Considere um componente tal que a probabilidade de que esteja funcionando num ins-tantet dada por p, 0 ≤ p ≤ 1. Dois destes componentes são colocados em funcionamento segundo as configurações abaixo. Assumindo que os componentes funcionem de maneira independente, determine a confiabilidade do sistema em cada um dos casos.

Sejam os eventos:

S = { o sistema funciona no tempo t } =⇒ confiabilidade do sistema =P (S) Ci = { o componentei funciona no tempo t } =⇒ P (Ci) = p

a) Sistema em série: na configuração em série, o sistema funciona se os dois componen-tes funcionarem simultaneamente, desta forma

P (S) = P (C1∩ C2) = p2

Figura 1.9: Sistema em série

b) Sistema em paralelo: o sistema funciona se pelo menos um dos componentes estiver funcionando, logo

P (S) = P (C1 ∪ C2) = p + p − p2 = 2p − p2

(28)

c) Sistema série-paralelo: o sistema série-paralelo, com a configuração dada pela Figura 1.11, funciona seC1 funcionar e, (C2 ouC3 funcionar).

Obd: Fica para o leitor mostrar que a confiabilidade deste sistema é dada por

P (S) = 2p2− p3

Figura 1.11: Sistema série-paralelo

Exemplo 4)Uma moeda equilibrada é lançada tês vezes. Dê o espaço amostral: i) Ω = {(c, c, c); (c, c, ¯c); (c, ¯c, c); (¯c, c, c); (c, ¯c, ¯c); (¯c, c, ¯c); (¯c, ¯c, c); (¯c, ¯c, ¯c)},

em quec = caraec = coroa¯ .

ii) Verifique se os eventos {ocorrem pelo menos duas caras} e {ocorre coroa no 1º lança-mento} são independentes.

A = { ocorrem pelo menos duas caras } =⇒ A = {(c, c, c); (c, c, ¯c); (c, ¯c, c); (¯c, c, c)}

B = { ocorre coroa no 1º lançamento } =⇒ A = {(¯c, c, c); (¯c, c, ¯c); (¯c, ¯c, c); (¯c, ¯c, ¯c)}

No lançamento de uma moeda P (c) = P (¯c) = 1/2, logo, os eventos elementares de Ω têm todos probabilidade 1/8. Desta forma, verifica-se facilmente que

P (A) = P (B) = 1 2. Ainda,A ∩ B = {(¯c, c, ¯c); (¯c, ¯c, c); (¯c, ¯c, ¯c)} =⇒ P (A ∩ B) = 3 8, portanto, P (A|B) = 3/8 1/2 = 3 4 6= P (A)P (B).

(29)

1.6

Contagem

Considere um espaço amostral finito e equiprovávelΩ, no qual cada evento elementar tem probabilidade

P ({ωi}) =

1

card(Ω), i = 1, 2, . . . , card(Ω).

Considere um eventoApertencente ao espaço de probabilidade(Ω,A , P ), então, a pro-babilidade do eventoAé definida por

P (A) = card(A) card(Ω)

Assim sendo, a determinação deP (A)resume-se num problema de contagem do número de elementos de A e de Ω, o que é um procedimento simples quando tanto Ω tem poucos pontos, mas pode ser, trabalhoso, ou até mesmo impraticável, quando o número de pontos é grande (ou mesmo moderado).

1.6.1 Amostras ordenadas

Considere dois conjuntosS e U , com m e n elementos, respectivamente. Ao serem sele-cionados um elemento de cada conjunto, podem-se formar(m × n) duplas do tipo (xi, yj), i =

1, 2, . . . , m; j = 1, 2, . . . , n, conforme mostra a Figura 1.12.

Figura 1.12: Seleção alatória em dois conjuntos finitos.

Considere, agora,n conjuntos distintos S1, S2, . . . , Sn, de tamanhoss1, s2, . . . , sn,

respec-tivamente. Se selecionarmos um elemento de cada conjunto teremos (s1 × s2 × . . . × sn)

(30)

Se, no entanto, osn conjuntos forem o mesmo conjunto S, com s pontos, então existirão sn n−uplas do tipo (x1, x2, . . . , xn) para as quais xi, i = 1, 2, . . . , n, é um ponto de S.

Esta situação, em que o número de elementos de S permanece constante, caracteriza uma ”amostra aleatória com reposição”. Com a condição inicial de que o espaço amostral é equiprovável, todas as sn n−uplas têm igual probabilidade de serem selecionadas, sendo essa probabilidade igual a

1

sn . (1.3)

Exemplo 1)Uma moeda equilibrada é lançadan vezes. Determine a probabilidade de se obter ao menos uma cara nosn lançamentos.

Nessa situação, o conjuntoS é dado por: S = {c, ¯c}, sendo que P ({c}) = P ({¯c}) = 1/2. Comos = 2, então, o número de n−uplas possíveis é igual a 2n.

Seja o evento de interesseA = { ao menos uma cara nos n lançamentos }. DefinindoAi = { o evento cara noi−ésimo lançamento }, então,

A =

n

[

i=1

Ai,

cuja probabilidade é dada por:

P (A) = 1 − P (Ac) P (A) = 1 − P " n [ i=1 Ai !c #

Das leis de Morgan, tem-se que

P (A) = 1 − P n \ i=1 Aci ! P (A) = 1 − n Y i=1 P (Aci)

Portanto, a probabilidade desejada é dada por:

P (A) = 1 − 1 2

n .

(31)

Se, por exemplo,n = 10, P (A) = 1 − 1 1024 =

1023 1024.

Considere, agora, o conjunto S, contendo s elementos distintos, sendo que o elemento escolhido não é recolocado no conjunto após a seleção. Neste caso, a amostra alatória é do tipo ”sem reposição”.

Repetindo o procedimenton vezes, o número de n−uplas possíveis, sem que nenhum xi,

i = 1, 2, . . . , n, seja repetido, é dado por:

As,n = s × (s − 1) × . . . × (s − n + 1), (1.4)

sendo que a quantidadeAs,nrepresenta um arranjo des elementos tomados n-a-n.

Exemplo 2) Seja um conjuntoS com s elementos distintos. Considerendo uma amostra-gem aleatória com reposição, qual a probabilidade de que nenhum elemento de S apareça repetido na amostra.

Seja o eventoE = { nenhum elemento repetido na amostra }, então

P (A) = total de amostras para as quais nenhum elemento apareça repetido total de amostras possíveis .

Desta forma, de (1.3) e (1.4), temos que a probabilidade acima é dada por

P (E) = As,n sn = s(s − 1) . . . (s − n + 1) sn P (E) = s s (s − 1) s . . . (s − n + 1) s P (E) =  1 − 1 s   1 −2 s  . . .  1 −n − 1 s  P (E) = n−1 Y k=1  1 − k s  . (1.5)

Como na maioria das situações práticas o número de elementos do conjuntoS (ou ”popu-lação”) é muito grande, calculando o limite em (1.5), tem-se

lim s→∞P (E) = s→∞lim "n−1 Y k=1  1 −k s # = 1,

(32)

reposição se equivalem.

Exemplo 3)Qual a probabilidade de que, num grupo com n pessoas, não existam duas com aniversário na mesma data?

(este problema é muito popular, sendo conhecido como “problema dos aniversários”)

Seja:S = {1, 2, 3, . . . , 365}, então S é definido como sendo os dias do ano e, s = 365.

Considerando que uma data de nascimento é uma seleção aleatória de um elemento de S, então, para E = { nenhuma coincidência de datas de aniversário no grupo }:

P (E) = n−1 Y k=1  1 − k 365  .

Por exemplo, para um grupo den = 4 pessoas

P (E) =  1 − 1 365   1 − 2 365   1 − 3 365  = 0.9836.

Desta forma, a probabilidade de que, num grupo de quatro pessoas, pelo duas delas façam aniversário na mesma data, é de1 − 0.9836 = 0.0164.

1.6.2 Permutações

Consideren caixas e n bolas distintas, numeradas de 1 a n. De quantas meneiras diferen-tes podem-se colocar asn bolas nas n caixas, de modo que cada caixa contenha exatamente 1 bola?

O número de bolas possíveis para se colocar na primeira caixa én, na segunda caixa é (n − 1), na terceira (n − 2), e assim por diante, sendo que, para a n−ésima caixa, só restará uma bola. O número de possibilidade, assim definido, é dado pela permutação dasn bolas

Pn = n (n − 1) (n − 2) . . . 1 = n!

Na permutação, uma número n de objetos ou items são reorganizados em n posições distintas, tal que, cada posição seja ocupada por apenas um item.

Assim sendo, uma compsição específica de bolas nas caixas tem probabilidade de ocor-rência

1 Pn

= 1 n!

(33)

Qual é a probabilidade de que a bolai seja colocada na caixa j, i, j = 1, 2, ...n?

Fixando uma bola e uma caixa restam(n − 1) bolas para serem permutadas nas (n − 1) caixas, logo, o número de possibilidade tal que a bola i esteja na caixa j é dado por Pn−1 =

(n − 1)!. Desta forma, a probabilidade do evento A = { a bola i seja colocada na caixa j } é

P (A) = Pn−1 Pn = (n − 1)! n! = 1 n.

Por sua vez, a probabilidade de que, permutando-sen bolas em n caixas, exatamente k bolas caiam emk caixa específicas é dada por:

Pn−k Pn = (n − k)! n! = 1 An,k .

Exemplo 4)Numa festa de final de ano, n = 8 casais concordam em participar de uma brincadeira na qual, todos os casais participantes são separados e novos pares são formados por sorteio para dançarem pelo menos uma música. Qual é a probabilidade de que exata-mento4 casais sejam mantidos, ou seja, 4 garotas fiquem com seus respectivos namorados?

Defindo o eventoA = { 4 casais sejam mantidos }, então, n = 8 e k = 4, logo

P (A) = (8 − 4)! 8! = 1 A8,4 = 0.000595. 1.6.3 Amostras Desordenadas

Considere o conjunto S, com s elementos, logo existem As,n amostras distintas de

ta-manho n, n < s, extraídas sem reposição. Nesta situação, considera-se a ordem das ob-servações na amostra, ou seja, amostras com os elementos em diferentes ordenações são consideradas distintas.

Em muitas situações, no entanto, o interesse recai nos elementos da amostras, indepen-dente da ordem em que são selecionados. É o caso de amostras desordenadas. Neste sentido, uma amostra sem reposição{x1, x2, . . . , xn} pode ser reordenada de n! maneiras

di-ferentes (todas com os mesmos elementos), fato este, que deve ser considerado no momento da contagem.

Portanto, dividindo o número de amostras sem reposição pelo total de reordenações, obtem-se o número de amostras possíveis, sem reposição e sem considerar a ordem dos

(34)

elementos, ou seja,

As,n

n!

Multiplicando-se o numerador e denominador por(s − n)!, tem-se

As,n n! = s(s − 1) · · · (s − n + 1) (s − n)! n! (s − n)! = s! n! (s − n)!

O termoAs,n/n! é conhecido como coeficiente binomial ou combinação, podendo ser

re-presentado porCs,n ou

s n

!

. Logo, a combinação des elementos, tomados n-a-n é dada

por s n ! = s! n! (s − n)!, n < s.

ExemploConsidere a amostra{3, 1, 7}. como n = 3, o número de reordenações dos seus elementos é3! = 6: {3, 1, 7}, {3, 7, 1}, {1, 3, 7}, {1, 7, 3}, {7, 3, 1} {7, 1, 3} Notas: a) O coeficiente a x !

é bem definido para a ∈ R e x ∈ N, por exemplo, se a = −π e x = 3, então −π 3 ! = −π(−π − 1)(−π − 2) 3! = − π(π − 1)(π − 2) 6 = −11.1497.

b) Por definição,0! = 1 e Aa,0= 1.

c) Paraa inteiro positivo, se x > a ou x < 0 p.def.=⇒ a x

! = 0;

Exemplo 5)Considere S = {1, 2, . . . , s}, um conjunto finito. Qual a probabilidade de se extrairk < s elementos de S tal que os valores estejam em ordem crescente, ou seja, tal que 1 ≤ x1 < x2 < . . . < xk≤ s?

(35)

O número de amostras de tamanhok < n que podem ser retiradas de S tal que não hajam repetições é An,k = n(n − 1) . . . (n − k + 1).

Dessas As,k existem k! reordenações, das quais apenas uma contém os valores em

sequência.

Portanto, a probabilidade desejada é:

P (A) = k! As,k

= 1 Cs,k

Assumindo S = {1, 2, 3, 4, 5}, então s = 5 e k = 3 (amostras de tamamho 3 de um conjunto com 5 elementos).

A seguir são apresentadas todas as amostras possíveis, com destaque em negrito para as amostras nas quais os valores estão em ordem crescente.

1 2 3 1 2 4 1 2 5 1 3 4 1 3 5 1 3 2 1 4 2 1 5 2 1 4 3 1 5 3 2 1 3 2 1 4 2 1 5 3 1 4 3 1 5 2 3 1 2 4 1 2 5 1 3 4 1 3 5 1 3 1 2 4 1 2 5 1 2 4 1 3 5 1 3 3 2 1 4 2 1 5 2 1 4 3 1 5 3 1 1 4 5 2 3 4 2 3 5 2 4 5 3 4 5 1 5 4 2 4 3 2 5 3 2 5 4 3 5 4 4 1 5 3 2 4 3 2 5 4 2 5 4 3 5 4 5 1 3 4 2 3 5 2 4 5 2 4 5 3 5 1 4 4 2 3 5 2 3 5 2 4 5 3 4 5 4 1 4 3 2 5 3 2 5 4 2 5 4 3 . Amostras possíveisA5,3 = 60 . Reordenações3! = 6

. Probabilidade do evento A = { extrair uma amostra de tamanho 3 com os valores em ordem crescente }:

P (A) = 6 60 =

1

10 = 0.10

Exemplo 6)Qual é a probabilidade de se obter um royal straight flush numa mão de pôquer, antes da troca de cartas?

Um royal straight flush é uma sequência com as maiores cartas (A, K, Q, J, 10), sendo todas do mesmo naipe.

(36)

. Antes da troca de cartas tem-seA52,5 mãos possíveis.

. Reordenações: 5! = 120 possibilidades de se obter a mesma mão.

. Probabilidade do evento A = { obter a mão (A, K, Q, J, 10) com todas as cartas do mesmo naipe } P (A) = 4 × 5! A52,5 = 4 C5,5 ∼ = 1.54 × 10−6

Fica como exercício para o leitor calcular as probabilidades de se obter as demais mãos no jogo no pôquer (antes da troca das cartas).

.Straight flush (cinco cartas do mesmo naipe, em sequência); .Quadra (quatro cartas do mesmo valor);

.Full house (uma trinca e um par);

.Flush (as cinco cartas do mesmo naipe);

.Straight (cinco cartas em sequência, sem consideração de naipes); .Trinca (três cartas do mesmo valor);

.Dois pares (pares com cartas de valores distintos); .Par (duas cartas do mesmo valor).

Exemplo 7)No jogo damegasenao que mais vantajoso:

A = { escolherd = 10 dezenas e jogar todas as combinações possiveis de 6 dezenas } ou B = { fazer 210 jogos distintos de 6 dezenas }?

Espaço amostralΩ = {1, 2, 3, . . . , 60}

Total de possibilidades com jogos de 6 dezenas:C60,6=

60! 54! 6!.

Total de jogos possíveis de 6 dezenas dentre asd = 10 escolhidas: C10,6 =

10!

4! 6! = 210.

Portanto, as chances de se ganhar na megasena são iguais para os dois casos visto que:

P (A) = P (B) = 210 C60,6

≈ 4.2 × 10−6

1.6.4 Partições

Seja uma população S, de tamanho s, dividida em k subpopulações S1, S2, . . . , Sk com

s1, s2, . . . , skelementos, respectivamente.

Considerando o caso de amostras desordenadas e sem reposição, a probabilidade de que, numa amostra de tamanho n sejam selecionados exatamente n1, n2, . . . , nk elementos

(37)

deS1, S2, . . . , Sk, tal queni < si, i = 1, 2, . . . , k, é dada por P (n1, n2, . . . , nk) = s1 n1 ! s2 n2 ! · · · sk nk ! s n ! , em que k X i=1 si = s e k X i=1 ni = n.

Exemplo 7)Num grupo de com 12 professores e 5 alunos do curso de Estatística, devem ser escolhidas n = 5 pessoas para formar uma comissão para falar com o Reitor. Quantas comissões podem ser formadas de tal forma que, dos escolhidos, 3 sejam professores e 2 sejam alunos?

O grupo tem um total deN = 12 + 5 = 17, desta forma, o total de comissões é dado por

17 5

!

= 17!

12! 5! = 6188 comissões.

O número de copmissões com exatamente 3 professores e 2 alunos é dado por

12 3 ! 5 2 !

= 2200 comissões com 3 prof. e 2 alunos.

Desta forma:

P (comissão com 3 professores e 2 alunos) = 12 3 ! 5 2 ! 17 5 ! = 2200 6188 = 0.355,

Exemplo 8 - Captura e recaptura)Num lago há uma população de peixes de tamanhoN . Uma rede é lançada, m peixes são capturados e marcados, após o que, são devolvidos à água.

A rede é lançada uma 2ª vez e um total den peixes são capturados. Qual é a probabilidade do evento:

(38)

Após a primeira captura tem-seN peixes no lago, dos quais m são marcados.

Da partição da população desejamos que no segundo lançamento da rede sejam captu-radosx peixes marcados e (n − x) não marcados, logo

P (A) = m x ! N − m n − x ! N n ! (1.6)

Uma situação prática envolvendo o problema da captura e recaptura refere-se à estimação do tamanho da populaçãoN .

Conhecendom da primeira captura e tendo observado n e x do segundo lançamento da rede, como podemos estimar o tamanho da população de peixesN ?

Da inferência estatística tem-se que uma estimativa para o tamanho da população é dada pelo valor deN que maximiza a probabilidade em (1.6).

Assumindo, por exemplo,m = 50 e n = 30, qual é a probabilidade de que exatamente x peixes do segundo lançamento da rede sejam marcados?

P (A) = 50 x ! N − 50 30 − x ! N 30 ! . (1.7)

Portanto, dado o número de peixes marcados na segunda captura, ou seja, dado x, o tamanho da população de peixes no lago é estimado pelo valor deN que maximiza (1.7).

Simplificando ainda mais, considerem = 10 e n = 5. A probabilidade de que x = 1 peixe do segundo lançamento da rede seja marcado é

P (A) = 10 1 ! N − 10 4 ! N 5 ! .

(39)

Com um pouco de álgebra, obtem-se

P (A) = 50(N − 10)(N − 11)(N − 12)(N − 13)

N (N − 1)(N − 2)(N − 3)(N − 4) , N > 13.

A seguir são apresentados a tabela com os cálculos para a obtenção deN e a curva com o valor deP (A) versus N . Pelos valores apresentados, verifica-se que valor de N pode ser estimatido emN = 49 ou N = 50. N P (A) 14 0.0050 20 0.1354 30 0.3400 40 0.4165 48 0.4311 49 0.4313 50 0.4313 51 0.4311 60 0.4217 80 0.3814 100 0.3394 120 0.3029

Exemplo 9 - Jogo da Megasena) Retomando o problema da megasena, considere que o apostador escolha um número d de dezenas e aposte todos os jogos possíveis com 6 dezenas. Se o apostador conseguir acertar as 6 dezenas sorteadas, além de ganhar na sena, de quebra, ele consegue algumas quinas e quadras.

Quantas quinas e quadras o apostador consegue ao acertar as seis dezenas sorteadas? De maneira geral, apostando nosCd,6 jogos possíveis e acertando as 6 dezenas

(40)

. ou seja, são6 dezenas sorteadas, dentre as d escolhidas e (d − 6) não sorteadas; . Q acertos dentre as 6 dezenas sorteadas e (6 − Q) erros, dentre as dezenas não

sorteadas; 6 Q ! d − 6 6 − Q ! (1.8)

. se o apostador acertar as 6 dezenas, entãoQ = 6 e o número de senas é igual a

6 6 ! d − 6 6 − 6 ! = 6 6 ! d − 6 0 ! = 1

Este resultado é óbvio, uma vez que o procedimento de escolha implica a inexistência de repetições, logo, haverá apenas um jogo de seis dezenas coincidindo com as dezenas sorte-adas. Mas, acertando a sena, quantas quinas e quadras são, também, obtidas?

O raciocínio é o mesmo que no caso anterior, isto é, tendo feito a sena, sendoQ acertos dentre as6 dezenas sorteadas e (6 − Q) erros dentre as não sorteadas, então

. fazendoQ = 5, o número de quinas obtidas é dado por

6 5 ! d − 6 6 − 5 ! = 6 5 ! d − 6 1 ! = 6(d − 6), d > 6

. da mesma forma, paraQ = 4, o número de quadras é

6 4 ! d − 6 6 − 4 ! = 6 4 ! d − 6 2 ! = 15 (d − 6)(d − 7) 2 , d > 6.

. Sed = 10, como no exercício anterior, então, além de ganhar na megasena, o apostador conseguirá 6 5 ! 4 1 ! = 24 quinas e 6 4 ! 4 2 ! = 90 quadras

Pode-se generalizar o resultado em (1.8) para os casos em que o apostador acerte 5 dezenas (faz a quina) ou apenas 4 dezenas (faz a quadra). Desta forma, substituindo-se os

(41)

valores 6 na primeira linha de (1.8) por 5 e 4, respectivamente, pode-se calcular o número de quinas e quadras, possíveis, para as duas situações.

i) Se o apostador acertar 5 das dezenas sorteadas:

5 Q ! d − 5 6 − Q !

. comQ = 5, serão (d − 5) quinas, d > 6,

. comQ = 4, o número de quadras é igual a 5(d − 5)(d − 6)

2 ,d > 6.

ii) Acertando-se 4 dezenas:

4 Q ! d − 4 6 − Q ! . comQ = 4, consegue-se (d − 4)(d − 5) 2 , quadrasd > 6.

Na Tabela 1.2 são apresentados os números de senas, quinas e quadras se acertar 6, 5 ou 4 dezenas, dentre asd escolhidas, com todas as Cd,6 apostas possíveis.

Tabela 1.2: Número de senas, quinas e quadras na megasena nos jogos com d dezenas escolhidas e combinadas.

Dezenas Acertos número

apostadas 6 5 4 de

d senas quinas quadras quinas quadras quadras jogos

6 1 0 0 1 0 1 1 7 1 6 0 2 5 3 7 8 1 12 15 3 15 6 28 9 1 18 45 4 30 10 84 10 1 24 90 5 50 15 210 11 1 30 150 6 75 21 462 12 1 36 225 7 105 28 924 13 1 42 315 8 140 36 1716 14 1 48 420 9 180 45 3003 15 1 54 540 10 225 55 5005

(42)

2

Variáveis Aleatórias

Dado um fenômeno aleatório, definido num espaço de probabilidade(Ω,A , P ), tem-se o interesse em conhecer a estrutura probabilística de quantidades associadas a esse fenômeno. Para isso, se faz necessário a introdução do conceito de variável aleatória e a especificação de modelos para tais variáveis.

Definição 2.1. Seja o espaço de probabilidade (Ω,A , P ), então, define-se por variável alea-tória, ou simplesmente v.a., qualquer funçãoX : Ω → Rtal que:

X−1(Ω) = n

ω ∈ Ω : X(ω) ∈ I o

∈A ,

para todo intervalo I ⊂ R.

Uma variável aleatória é uma função que leva os elementos do espaço amostralΩ a um subconjunto dos reais R (Figura 2.1).

Figura 2.1: Variável aleatóriaX : Ω → R.

Exemplo 2.1. As variáveis aleatórias são classificadas em dois tipos:

i) VA discreta: é aquela para a qual o conjunto I é um conjunto finito ou infinito enumerável, por exemplo: a) I = n 1, 2, 3, 4, 5, 6 o ;

(43)

b) I = N = n

0, 1, 2, 3, 4, ... o

.

ii) VA contínua: é aquela para a qual o conjunto I é um conjunto infinito não enumerável, ou seja, é uma v.a. que assume valores em intervalos de números reais, por exemplo:

a) I = R = (−∞, ∞); b) I = [0, 1] ⊂ R.

Notas:

a) Para v.a.’s contínuas, a função que normalmente associa pontos de Ω ao conjunto I ⊆ R, é a função identidade;

b) Para v.a.’s discretas, a função que normalmente associa pontos de Ω ao conjunto I ⊆ R, é uma contagem ou soma.

2.1

Variáveis Aleatórias Discretas

X é uma v.a. discreta, num espaço de probabilidade (Ω,A , P ), é uma função com do-mínio emΩ e cujo contradomínio é um conjunto finito ou infinito enumerável nx1, x2, x3, . . .

o

dos números reais R, tal que, nω ∈ Ω : X(ω) = xi

o

é um evento para todo i e, portanto, pode-se calcular a sua probabilidade de ocorrência

Ph{ω ∈ Ω : X(ω) = xi}

i

, i = 1, 2, 3, . . . .

Notas:

a) Por simplicidade, representamos o eventonω ∈ Ω : X(ω) = xi

o

pornX = xi

o

e as probabilidades são simplificadas por:

Ph{ω ∈ Ω : X(ω) = xi}

i

= P (X = xi)

b) Sex∗ ∈ I/ , entãonω ∈ Ω : X(ω) = x∗o= ∅, que também é um evento. Nesse caso,

(44)

c) Se o conjunto I de possíveis valores de uma v.a. discreta X é formado por valores inteiros, ou inteiros não negativos, então, X é uma v.a. inteira, ou uma v.a. interia não negativa. A maioria das v.a.’s discretas são inteiras não negativas.

Definição 2.2. Função de probabilidade de uma v.a. discreta X é uma função p(x) que atribui probabilidade a cada um dos possíveis valores deX.

SejaX assumindo valoresI =nx1, x2, x3, . . .

o

, então, para todox ∈ I

p(x) = P (X = x).

Propriedades: A funçãop(x)deX em (Ω,A , P ) satisfaz: a) 0 ≤ p(xi) ≤ 1, ∀ xi ∈ I;

b) X

i

p(xi) = 1.

Prova:

a) Comop(x) é uma medida de probabilidade, por definição,0 ≤ p(x) ≤ 1;

b) Como, por definição, os eventos

n

w ∈ Ω : X(ω) = xi

o

, i = 1, 2, . . .são disjuntos, então

X i p(xi) = X i P (X = xi) = P " [ i n w ∈ Ω : X(ω) = xi o # = P (Ω) = 1.

Definição 2.3. Função de distribuição, também chamada de função de distribuição acu-mulada (fda) de uma v.a. discreta X é uma função F (x) que retorna a probabilidade de X assumir valores até o pontox.

SejaX assumindo valoresI =nx1, x2, x3, . . .

o

, então, para todox ∈ I

F (x) = P (X ≤ x).

(45)

a) F (x) é uma função do tipo escada, ou seja, para os pontos xi, xi+1 ∈ I e x tal que

xi ≤ x < xi+1,

F (x) = F (xi),

isto é,F (x)é constante no intervalo[xi , xi+1)(ver Figura 2.2).

b) DadaF (x), paraxa exb ∈ I, tal quexa < xb,

P (xa< X ≤ xb) = F (xb) − F (xa).

Desta forma, para um valor qualquerxi ∈ I, tem-se

p(xi) = F (xi) − F (xi−1),

ou seja, a probabilidade num pontoxi é dada pela altura do “degrau” emF (xi).

Exemplo 2.2. Seja a v.a. X discreta, com distribuição de probabilidade dada por: x p(x) F (x) 0 0.15 0.15 1 0.28 0.43 2 0.26 0.69 3 0.18 0.87 4 0.08 0.95 5 0.05 1.00 Assim, temos: a) p(3) = P (X = 3) = 0.18; b) F (2) = P (X ≤ 2) = P (X = 0) + P (X = 1) + P (X = 2) = 0.69; c) P (1 ≤ X < 5) = P (0 < X ≤ 4) = F (4) − F (0) = 0.80, Ainda: P (1 ≤ X < 5) = 4 X x=1 P (X = x) = 0.28 + 0.26 + 0.18 + 0.08 = 0.80; d) P (2 ≤ X ≤ 4) = F (4) − F (1) = 0.52.

Exemplo 2.3. Considere 2 lançamentos independentes de uma moeda equilibrada. Definindo X como sendo o número de caras nos 2 lançamentos, temosΩ = ncc; c¯c; ¯cc; ¯c¯co.

(46)

p(0) = P h { ¯c¯c } X( ¯c¯c ) = 0 i = 1/4 p(1) = P h { c¯c } ∪ { ¯cc } X( c¯c ) = X( ¯cc ) = 1 i = 1/2 p(2) = P h { cc } X( cc ) = 2 i = 1/4

Portanto, a função de probabilidade deX, é dada por:

x 0 1 2

p(x) 1/4 1/2 1/4

A função de distribuição da v.a. X, é dada por:

F (x) =          0, x < 0; 1/4, 0 ≤ x < 1; 3/4, 1 ≤ x < 2; 1, x ≥ 2.

Figura 2.2: Função distribuição acumulada da v.a. X

Exemplo 2.4. Seja uma v.a. X assumindo os valores { 3, 4, 5, 6 }. Obter k ∈ R de modo que

p(x)seja uma função de probabilidade:

(47)

Das propriedades da função de probabilidade,X x p(x) = 1, portanto: k [(3 − 2)2+ (4 − 2)2+ (5 − 2)2+ (6 − 2)2] =1 k [1 + 22+ 32+ 42] =1 30k =1 k = 1 30.

Desta forma, a função de probabilidade deX é dada porp(x) = (x − 2)

2

30 , x ∈ {3, 4, 5, 6}.

Exemplo 2.5. Considere o jogo no qual um alvo circular de raio 1 é dividido em n regiões anelares concêntricas de raio1/n, 2/n, . . . , 1. Lança-se um dardo ao acaso e, se ele atingir a região Ai, delimitada pelos raios (i − 1)/n e i/n, i = 1, 2, . . . , n, ganha-se (n − i) reais (ver

Figura 2.3) R=1 A1 n−1 A2 n2 An−1 1 An 0

Figura 2.3: Regiões anelares identificadas em vermelho e ganho obtido em azul.

Seja a v.a. X = importância ganha em um lançamento, obtenha a função de probabilidade deX.

Aqui, o espaço de probabilidade(Ω,A , P ) é o espaço uniforme sobre o disco de raio 1. X é uma v.a. discreta definida neste espaço, assumindo os valores {0, 1, 2, . . . , n − 1}. Ainda, Ai = {X = n − i} é um evento que ocorre se, e só se, o dardo atinge a região

(48)

A probabilidade para o eventoAi são dadas por: P (X = n − i) = área deAi área total P (X = n − i) = π i n 2 − π i − 1 n 2 π P (X = n − i) =i 2− (i2− 2i + 1) n2 P (X = n − i) =2i − 1 n2 , i = 1, 2, . . . , n.

Comx = n − i, então, a função de probabilidade de X é:

p(x) =        2(n − x) − 1 n2 , x ∈ {0, 1, 2, . . . , (n − 1)} 0, c.c.

Comp(x) assim definida:

i) Certifique-se de que p(x) é de fato uma função de probabilidade;

ii) Calcule a probabilidade de se acertar a região mais central do alvo (mosca).

2.2

Principais modelos de discretos

2.2.1 Variável Aleatória Constante

Seja uma v.a. X que associa um único valor k ∈ R para todo ω ∈ Ω.

Então{ω ∈ Ω | X(ω) = k} é todo o espaço amostralΩ e,X(ω) = k é uma v.a. discreta com função de probabilidade:

p(x) = (

1, x = k 0, x 6= k.

(49)

função de distribuição é dada por

F (x) = (

0, x < k 1, x ≥ k.

Na Figura (2.4) são apresentadas as funções de probabilidadep(x)e de distribuiçãoF (x)

para o modelo degenerado num ponto.

X p(x) k 1 X F(x) k 1 ● ●

Figura 2.4: Funções de probabilidade (esquerda) e de distribuição (direita) do modelo dege-nerado num ponto

2.2.2 Distribuição uniforme discreta

Considere a v.a. X assumindo valores em I = {x1, x2, . . . , xn}. X tem distribuição

uni-forme discreta se cada elemento de I tiver mesma probabilidade, ou seja

p(x) = P (X = x) =        1 n , x ∈ I 0, x /∈ I Notação: X ∼ Ud(I) Notas:

i) O modelo uniforme discreto considera que os elementos x1, x2, . . . , xn de I são

(50)

ii) Normalmente I é um subconjunto dos naturais (I ⊂ N) definido por limites [a, b], em que a < b são os parâmetros do modelo. Neste caso

X ∼ Ud(a, b).

A função de distribuição acumulada da v.a. da uniforme discreta é definida por

F (x) = P

iI[xi|xi≤x]

n x ∈ {x1, x2, . . . , xn},

em queI[xi|xi≤x]= 1, se xi ≤ x e I[xi|xi≤x]= 0, caso contrário.

Exemplo 2.6. Considere o lançamento de um dado equilibrado e seja a v.a. X = valor observado, então, I = {1, 2, 3, 4, 5, 6} e X ∼ Ud(1, 6)

p(x) = 1

6 , x = 1, 2, 3, 4, 5, 6;

F (x) = x

6 x = 1, 2, 3, 4, 5, 6.

Na Figura (2.5) são apresentadas as funções de probabilidade e de distribuição acumulada para o exemplo. X p(x) 1 2 3 4 5 6 1/6 X F(x) 1 2 3 4 5 6 1 ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●

(51)

2.2.3 Distribuição de Bernoulli

Considere, agora, um eventoA ⊂ Ω, tal que, X(ω) = 1, se ω ∈ A e X(ω) = 0, se ω ∈ Ac, então,A ocorre se, e só se, X(ω) = 1.

A v.a. X é uma variável indicadora de A, pois o valor de X indica a ocorrência de A e,

P (A) = P [{ω ∈ Ω | X(ω) = 1}] = P (X = 1)

Normalmente, o evento A é chamado de sucesso e Ac de fracasso e a v.a. assim de-finida, é chamada de v.a. de Bernoulli, em que p = P (A) é a probabilidade de sucesso e (1 − p) = P (Ac) é a probabilidade de fracasso.

Notas:

i) Uma realização da v.a. de Bernoulli recebe o nome de “ensaio de Bernoulli ”.

ii) Ensaio de Bernoullié todo experimento com apenas dois resultados possíveis, denota-dos por sucesso e fracasso. Esses resultadenota-dos são representadenota-dos pelos valores 1 e 0 da v.a. X, com probabilidades de corrência p e (1 − p), respectivamente. Assim,

 

X = 1, representa um sucesso, X = 0, representa um fracasso.

iii) A probabilidade de sucessop é o parâmetro do modelo de Bernoulli.

SejaX uma variável de Bernoulli com probabilidade de sucesso p, então, sua função de probabilidade é definida por

p(x) =      1 − p, x = 0 p, x = 1 0, x 6= 1 e x 6= 0.

Notação: para indicar que uma v.a. tem distribuição de Bernoulli, usamos a seguinte notação:

X ∼ Bernoulli(p).

A função de probabilidade para o modelo de Bernoulli pode ser mais elegantemente re-presentada por:

(52)

A função de distribuição para o modelo de Bernoulli, por sua vez, é dada por F (x) =      0, x < 0 1 − p, 0 ≤ x < 1 1, x ≥ 1.

A Figura (2.6) apresenta as funções de probabilidade e de distribuição acumulada para o modelo de Bernoulli com parâmetro p.

Nota: Como veremos no restante da seção, a v.a. de Bernoulli serve de base para a definição de grande parte dos modelos discretos de probabilidade.

X p(x) 0 1 p 1−p X F(x) 0 1 1−p 1 ● ● ● ●

Figura 2.6: Funções de probabilidade (esquerda) e de distribuição (direita) do modelo Bernoulli (p)

2.2.4 Distribuição binomial

Exemplo 2.7. Considere o experimento no qual uma moeda honesta é lançada três vezes, sendo que a probabilidade de se obter cara em um lançamento é p e de se obter coroa é (1 − p), 0 ≤ p ≤ 1.

Para este experimento, o espaço amostral é dado por

Ω = {(c, c, c), (c, c, ¯c), (c, ¯c, c), (¯c, c, c), (c, ¯c, ¯c), (¯c, c, ¯c), (¯c, ¯c, c), (¯c, ¯c, ¯c)}

em quec = cara e ¯c = coroa.

Definindo a v.a. X = número de caras obtidos nos três lançamentos, determinar a função de probabilidade deX.

(53)

Para cada elemento do espaço amostral, a v.a. X assume os valores: ω = (c, c, c) ⇒ X(c, c, c) = 3 ω = (c, c, ¯c) ω = (c, ¯c, c) ω = (¯c, c, c)      ⇒ X(c, c, ¯c) = X(c, ¯c, c) = X(¯c, c, c) = 2 ω = (c, ¯c, ¯c) ω = (¯c, c, ¯c) ω = (¯c, ¯c, c)      ⇒ X(c, ¯c, ¯c) = X(¯c, c, ¯c) = X(¯c, ¯c, c) = 1 ω = (¯c, ¯c, ¯c) ⇒ X(¯c, ¯c, ¯c) = 0

Uma vez que os lançamentos da moeda são independentes, a v.a. X tem a seguinte função de probabilidade: x p(x) 0 (1 − p)3 1 3p(1 − p)2 2 3p2(1 − p) 3 p3

Os três elementos deΩ para os quais X = 2, resultam das possíveis combinações nas quais são obtidas duas cara e uma coroa, implicando que a probabilidade individualp2(1 − p) seja multiplicada por 3. Desta forma, a probabilidadeP (X = 2) pode ser escrita como

p(2) =3 2



p2(1 − p).

O mesmo acontece comX = 1, resultado das possíveis combinações nas quais se obtem uma cara nos três lançamentos da moeda, sendo a probabilidadeP (X = 1) escrita por

p(1) =3 1



p(1 − p)2.

Como podemos observar,p(x) é uma função de probabilidade discreta, pois:

i) p(x) ≥ 0 ∀ x = 0, 1, 2, 3, uma vez que 0 ≤ p ≤ 1;

ii)

3

X

(54)

Considerando que a moeda é honesta, ou sejap = 1/2, temos

x 0 1 2 3

p(x) 1/8 3/8 3/8 1/8

A distribuição de probabilidade acima, como veremos pela definição (2.4), é a distribuição binomial com parâmetrosn = 3 e p = 0.5.

Definição 2.4. Considere n repetições independentes de um ensaio de Bernoulli cuja proba-bilidade de sucesso éP (sucesso) = p e seja a v.a. X que conta o número de sucesso nas n realizações independentes do ensaio, então, X tem distribuição binomial com parâmetros n e p e a sua função de probabilidade é dada pela expressão

p(x) =n x  px(1 − p)n−x, x = 0, 1, . . . , n. Notação: X ∼ binomial(n, p). X p(x) 0 1 2 3 4 0 0.1 0.2 0.3 X F(x) 0 1 2 3 4 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●

Figura 2.7: Funções de probabilidade (esquerda) e de distribuição (direita) do modelo binomial(4, 0.6)

Notas:

i) A distribuição de Bernoulli é um caso especial da binomial para o qual n = 1.

ii) A função de distribuição acumuladaF (x) não tem uma forma explicita, sendo definda por

F (x) = X

x≤x

(55)

iii) Se a v.a. X conta os sucessos em n ensaios independentes de Bernoulli, X ∼ binomial(n, p). Então, se nos mesmosn ensaios, a v.a. Y contar o número de fracassos:

Y ∼ binomial(n, 1 − p).

Exemplo 2.8. Uma indústria que produz placas para componentes eletrônicos, usadas na fa-bricação de celulares, afirma que no processo de produção dessas placas 1% sai com defeito nas furações. Considerando que na inspeção dessas placas, 10 unidades são selecionadas aleatoriamente e avaliadas:

Defina uma v.a. para esse caso e determine a sua função de probabilidade p(x). Uma vez quep(x) seja definida, qual é a probabilidade de que a inspeção encontre:

a) exatamente uma placa com defeito? b) pelo menos uma placa com defeito? c) no máximo três placas com defeito?

A inspeção de cada uma das placas resulta em um, dentre dois resultados possíveis (placa com defeito ou placa boa), o que caracteriza um ensaio de Bernoulli no qual o resultado de interesse (sucesso) é dado pela placa com defeito. Alé disso, como as inspeções são independentes, a probabilidade de uma placa ser defeituosa (dada pelo índice de defeitos da produção, ou seja,p = 0.01) é comum a todos os ítens produzidos.

Portanto, definindo a v.a. X = número de placas com defeito encontradas na inspeção das n = 10 placas selecionadas, X tem distribuição binomial com parâmetros n = 10 e p = 0.01 e sua função de probabilidade é dada por

p(x) = P (X = x) =10 x



(0.01)x(0.99)10−x, x = 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10.

As probabilidades solicitadas nos itens (a), (b) e (c) são, portanto, calculadas por

a) p(1) = P (X = 1) =10 1



(0.01)1(0.99)9 = 0.09135.

b) Pelo evento complementar temos que:

P (X ≥ 1) = 1 − P (X = 0) = 1 − (0.99)10 = 0.09562

c)

F (3) = P (X ≤ 3) = P (X = 0) + P (X = 1) + P (X = 2) + P (X = 3) = 0.90438 + 0.09135 + 0.00415 + 0.00011 = 0.99999

(56)

Exemplo 2.9. Uma indústria vende um produto em embalagens de ½ kg. O processo de empacotamento tem como limite inferior o peso de 495 g, sendo que, os pacotes devem ter peso superior a este limite. Apesar da automação, o processo produz 6% de pacotes abaixo do limite, o que preocupa o dono da indústria numa possível inspeção.

Nas inspeções, os fiscais do órgão competente costumam recolher 20 pacotes do produto das prateleiras dos supermercados e pesar cada um deles. Desta forma, qual é a probabili-dade de que:

a) apenas um pacote esteja abaixo do limite de peso?

b) no máximo dois pacotes estejam abaixo do limite de peso?

Seja a v.a. X = número de pacotes, da amostra, abaixo do limite de peso. Então,X ∼ binomial(20, 0.06). Respostas: a) P (X = 1) = 20 1  (0.06)(0.94)19 = 0.3703; b) F (2) = P (X ≤ 2) = P (X = 0) + P (X = 1) + P (X = 2) = (0.94)20+ 0.3703 +20 2  (0.06)2(0.94)18 = 0.2901 + 0.3703 + 0.2246 = 0.8850. 2.2.5 Distribuição geométrica

Definição 2.5. Considere uma sequência de ensaios independentes de Bernoulli com proba-bilidade de sucesso igual ap e seja a v.a. X que conta o número de fracassos até a ocorrência do primeiro sucesso. Então, X tem distribuição geométrica com parâmetro p e a sua função de probabilidade é dada pela expressão

p(x) = p(1 − p)x, x = 0, 1, 2, . . .

Notação: X ∼ geométrica(p).

Exemplo 2.10. Num jogo de cassino, dois dados são lançados por um jogador que aposta uma certa quantia de dinheiro antes do lançamento. O jogador dobra o valor apostado se obter soma 11 ou 12 nos dados. Para tentar dobrar a posta, porém, o jogador tem até 3 tentativas, após as quais, ele perde o que apostou e precisa apostar novamente para continuar jogando.

(57)

Qual é a probabilidade do jogador dobrar a aposta numa rodada de lançamentos?

Seja a v.a. X = número de lançamentos com somas diferentes de 11 ou 12, até que o jogador ganhe.

Então,X ∼ geométrica(p). Mas, qual deve ser o valor dep?

Para isso precisamos do espaço amostral para os lançamentos dos dados:

Ω = {(i, j) ∈ N2| 1 ≤ i ≤ 6 e 1 ≤ j ≤ 6}, (Ω é equiprovável)

Seja o eventoA = { valores favoráveis ao jogador }, então,A = {(6, 5), (5, 6), (6, 6)}. Logo, a probabilidade de sucessop é igual a P (A), isto é:

p = 3 36 =

1 12.

Assim, o jogador dobra o valor apostado se:

I sair soma 11 ou 12 no primeiro lançamento dos dados;

I sair soma 11 ou 12 no segundo lançamento, não tendo saído no primeiro;

I sair soma 11 ou 12 no terceiro lançamento, não tendo saído no primeiro nem no se-gundo lançamentos.

Desta forma, temos que calcular P (X ≤ 2), uma vez que X conta os fracassos até o primeiro sucesso. Portanto:

F (2) = P (X ≤ 2) = P (X = 0) + P (X = 1) + P (X = 2) = 1 12  11 12 0 + 1 12  11 12 1 + 1 12  11 12 2 = 1 12 " 1 + 11 12+  11 12 2# = 0.2297. Priopriedades:

(58)

do resultado P (X ≥ x) = ∞ X k=x P (X = k) = p(1 − p)x+ p(1 − p)x+1+ p(1 − p)x+2+ . . . = p (1 − p) x 1 − (1 − p) = (1 − p)x.

Desta forma, temos que a função distribuição acumuladaF (x) é dada por

F (x) = P (X ≤ x)

F (x) =1 − P (X ≥ x + 1) F (x) = 1 − (1 − p)x+1.

No exemplo acima,p = 1/12 e, portanto:

F (2) = P (X ≤ 2) = 1 − 11 12

3

= 0.2297.

ii) A v.a. geométrica pode, ainda, ser definida como Y = número de ensaios até o primeiro sucesso. Neste caso, Y assume valores a partir do 1, ou seja, y ∈ {1, 2, 3, . . .} e, em função disto, a sua função de probabilidade passa a ser escrita como

p(y) = P (Y = y) = p(1 − p)y−1, y ∈ N∗,

em que N∗ é o conjunto dos naturais, excluindo-se o zero, ou seja, N∗ = N − {0}.

Nota: Se a v.a. X conta o número de fracassos até o primeiro sucesso e a v.a. Y conta o número de ensaios até o primeiro sucesso, então, a relação1 entre elas é dada por: Y = X + 1 e:                p(y) = P (Y = y) = P (X + 1 = y) = P (X = y − 1) = p(1 − p)y−1; P (Y ≥ y) = (1 − p)y−1; F (y) = P (Y ≤ y) = 1 − P (Y ≥ y + 1) = 1 − (1 − p)y.

Referências

Documentos relacionados

Detectadas as baixas condições socioeconômicas e sanitárias do Município de Cuité, bem como a carência de informação por parte da população de como prevenir

Considera-se que a interdisciplinaridade contribui para uma visão mais ampla do fenômeno a ser pesquisado. Esse diálogo entre diferentes áreas do conhecimento sobre

Este trabalho está voltado, especificamente, para análise de ferramentas de medição de desempenho que possam ser utilizadas por Instituições de Ensino Superior (IES) e nas

Como apontado no Relatório Anual dos Gastos Militares do SIPRI, “é improvável que o aumento das despesas militares na América do Sul resulte em uma guerra entre Estados, mas

A média de idade foi semelhante entre homens (70,3.. anos) e mulheres (70,9 anos), sem diferença estatística, o que sugere que os homens desse estudo não apresentaram menor

A intricada relação de crise que ocorre entre as duas esferas pública e privada expõe questões que de início nos pareceriam no- vas, porém, nas palavras de Arendt, não é

Venho, por meio deste, requer minha inscrição no Processo Seletivo de Estagiários de Direito da Procuradoria Federal na UFERSA, apresentando os seguintes dados:

- Remover as pastilhas usadas e retornar todo o parafuso de regulagem em seguida montar uma pastilha nova do lado da roda, empurrando com a mão a pinça no sentido do cilindro de