CURSO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A PESCA PREDATÓRIA COM EXPLOSIVO
NA BAÍA DE TODOS OS SANTOS
Aluna: MARIA CONCEIÇÃO DOS SANTOS LIMA
Salvador – BA.
Agosto-2004
PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A PESCA PREDATÓRIA COM EXPLOSIVO
NA BAÍA DE TODOS OS SANTOS
“
No momento em que tomamos consciência de que somos cidadãos do mundo e de que o sentido da nossa vida está fortemente relacionado ao planeta, é necessário rever o nosso estilo de vida, até então poluidor e consumista. A preservação do meio ambiente depende de uma consciência ecológica e a formação de consciência depende da educação.”PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A PESCA PREDATÓRIA COM EXPLOSIVO
NA BAÍA DE TODOS OS SANTOS
ÍNDICE
Tema
3
Público-alvo 3
Identificação do Problema
3
Histórico 3
Fundamentação Teórica
4
Objetivo Geral
4
Objetivos Específicos
4
Metodologia 5
Elaboração e Desenvolvimento do Projeto
5
Ações Preventivas e Corretivas
7
Avaliação 8
1 - TEMA:
A Pesca Predatória com Explosivo na Baía de Todos os Santos
2 - PÚBLICO-ALVO
O projeto envolverá pescadores, aprendizes de pesca, Trabalhadores Portuários Avulsos (TPA), alunos dos cursos para aquaviários do EPM, do grupo de pesca, corpo discente e docente de escolas públicas e privadas, qualquer elemento enquanto “bombista” e a comunidade em geral.
3 - IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA
A Pesca Predatória com Explosivo na Baía de Todos os Santos (principalmente em
Madre de Deus e Salvador) é fato comprovado através de grande número de denúncias recebidas pela Capitania dos Portos da Bahia e das inúmeras reportagens na imprensa.
4 – HISTÓRICO
Historicamente, a pesca predatória com explosivos, se estabeleceu a partir da Segunda Guerra Mundial com a explosão de artefatos militares o que despertou a atenção dos povos ribeirinhos para a possibilidade prática de utilizar esse mecanismo na captura de peixes. Em 1935, o naturalista Olivério Pinto registrou o uso de bombas de dinamite na região do Suape - Ba.:
“ (...) nos nossos passeios quase diários pelo Suape, era infalível que ouvíssemos,
com o coração compungido e íntima revolta, os estampidos das grandes bombas, lançadas umas após outras pelos pescadores. Assim, era e é provável que assim, continue a ser, até que o empobrecimento definitivo d’aquellas águas, out’ora tão piscosas, vem por um paradeiro natural à inqualificável usança.”
Revista do Museu Paulista.
A consolidação da prática na região ocorreu na década de 50 em decorrência da
prospecção sísmica do petróleo na Baía de Todos os Santos (BTS).
O primeiro acidente com explosivo mutilando pescador, aconteceu em 1953 na Ilha de Maré. A partir da década de 80 a imprensa falada e escrita começa a divulgar acidentes, perigos e prejuízos da pesca com explosivos.
5 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A pesca predatória com explosivos é considerada ato ilícito no âmbito da legislação federal, estadual e municipal. A lei federal 7.653/88 dispõe sobre a proteção à fauna, com pena prevista de até 3 anos de reclusão. A Constituição do Estado da Bahia, no seu Capítulo IV, da política pesqueira, Art. 197, trata de forma genérica a pesca predatória, sem definição de seus tipos ou modalidades. O Código Municipal do Meio Ambiente, Art. 171, prevê ações contra a pesca predatórias e similares.
Embora os bombistas utilizem como argumentos para a prática de pesca com explosivos, o aumento da produtividade do pescado, o aumento da renda familiar e a ausência de financiamento para atividades pesqueiras, os impactos desta prática têm profundas conseqüências ambientais de natureza biológica e econômica/sociais. Os impactos de natureza biológica são a destruição da fauna e da flora levando à quebra da cadeia alimentar; os danos ao patrimônio natural representado pelo mangue, praia e recifes de coral; a redução da quantidade de peixes (no Brasil, mais de 80% dos estoques pesqueiros estão esgotados ou superexplorados) e os danos à saúde (mutilação, morte, surdez e cegueira) de banhistas, mergulhadores e os próprios bombistas em conseqüência das ondas de choque provenientes da explosão e os de ordem econômico/social são a baixa produtividade; o declínio da pesca; a redução do potencial de trabalho (mutilação) e os danos ao patrimônio público e privado.
A melhoria da qualidade de vida é uma responsabilidade conjunta dos poderes públicos, entidades privadas, do cidadão e da sociedade como um todo. A sustentabilidade das ações e a potencialização das intervenções do poder público pressupõem um comprometimento da comunidade diretamente atingida, único agente capaz de, no seu cotidiano, desenvolver ações que possam multiplicar e potencializar os investimentos realizados.
6 – OBJETIVO GERAL
Implementar uma proposta de ações educativas com vistas a uma mudança na relação do homem com o seu ambiente visando a melhoria da qualidade de vida individual e coletiva, a partir da sensibilização, da conscientização e do desenvolvimento de uma postura crítica que aponte para o exercício da cidadania, somatizando benefícios para as gerações futuras.
7 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Desenvolver atividades educativas sobre temas relacionados à Pesca com Explosivos na Baía de Todos os Santos, estimulando a participação responsável da comunidade no planejamento e execução das ações previstas;
• Identificar na comunidade agentes multiplicadores, capacitando-os para a implantação das ações definidas coletivamente;
• Analisar os impactos ambientais provocados pela prática com explosivos na qualidade de vida da comunidade;
utilização racional dos recursos naturais a serem transformados em oportunidades de emprego e renda;
• Resgatar os princípios e tradições culturais da pesca artesanal valorizando o processo de interação homem/natureza;
• Promover ações de parceria e financiamento que propiciem a articulação dos diversos setores sociais envolvidos com o presente projeto; e
• Promover ações que possibilitem a reintegração sócio-profissional do “bombista”.
8 – MEDOTOLOGIA
O Projeto de Educação Ambiental com vistas ao combate à Pesca Predatória na Baía de Todos os Santos, será desenvolvido no sentido de possibilitar a emergência de novos sujeitos coletivos a partir de uma abordagem que se sedimente na vivência intensa com a comunidade, voltada para a apreensão de referências em torno do meio ambiente e no respeito aos diferentes saberes presentes no ambiente de diversidade cultural, criando condições para que a comunidade participe ativamente da definição do processo educativo.
9 – ELABORAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
A ação educativa será implementada em etapas, interdependentes, desenvolvidas de acordo com o processo de trabalho.
1ª ETAPA – Seleção, Investigação e Sensibilização:
• Visitas de caráter exploratório às comunidades para:
- levantamento das condições para realização do projeto; - registro audiovisual (fotografia e filmagem);
- identificação de locais para as reuniões;
- contatos iniciais com representantes/líderes de grupos formais ou informais da comunidade; e
- seleção e formação de equipe de trabalho e equipe técnico-pedagógica. Período: cinco dias. 15 horas, sendo 3h/dia.
• Encontros (reuniões) com representantes/líderes de Associações de Classe, Colônias de Pesca, Grupos Culturais, Religiosos, ONGs, Órgãos Públicos, etc., para:
- compreensão do processo histórico de suas atividades visando aplicabilidade no projeto e envolvimento da comunidade.
• Apresentação do projeto à comunidade para avaliação e incorporação de sugestões, que serão compatibilizadas num único projeto.
Período: dois dias. 8 horas, sendo 4h/dia.
2ª ETAPA – Planejamento Coletivo :
• Detalhamento das atividades e da avaliação a ser desenvolvida ao longo da execução do projeto, envolvendo a participação de todos os segmentos da comunidade, representados através das equipes de trabalho. Além disso, serão discutidos e definidos os compromissos de cada equipe, bem como os recursos materiais necessários à execução das ações.
Período: dois dias. 8 horas, sendo 4h/dia.
Participantes: equipe de trabalho e equipe técnico-pedagógica.
3ª ETAPA – Execução Coletiva das Ações : • Palestras de Conscientização
Objetivo: informar, educar e criar novos hábitos em relação à pesca, de forma a sensibilizar e conscientizar o público-alvo dos riscos à sua vida e de terceiros, além dos danos ao meio ambiente.
Temas:
1. Danos ao Meio Ambiente
Palestrante: Representante do IBAMA Representante da Bahia Pesca Período: 3 horas
Participantes: público-alvo. 2. Conseqüências Penais e Civis.
Palestrante: Representante da Polícia Militar, Polícia Civil ou Juiz da Comarca Período: 2 horas e 30 minutos
Participantes: público-alvo. 3. Conheça seus Direitos e seus Deveres
Palestrante: Representante do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) Período: 2 horas e 30 minutos
Participantes: público-alvo
4. Pescador, você merece sua habilitação?
Palestrante: Representante da Marinha do Brasil Período: 2 horas
Participantes: público-alvo
- Duração: 90 minutos
- Atuação: Grupo teatral da comunidade - Participantes: público-alvo
• Seminário de Sensibilização
- Tema: “Pescador: se bombar vai acabar você e o seu lugar”. - Duração: 4 horas
- Participantes: público-alvo
• Realização de mostras locais do resultado dos trabalhos desenvolvidos pelas equipes, através de exposições, concursos de poesia, música e frases para reflexão.
- Tema: “Pesca com bomba”. - Período: dois dias.
- Participantes: público-alvo
RECURSOS:
• Didático:
Quadro branco, durex, pincel atômico, hidrocor, tinta guache, pincéis, cola colorida, giz de cera, fitas de vídeo, transparências, fotografias, papel ofício, bloco de
anotações, lápis, quadro negro, giz colorido, canetas e borrachas, etc. • Equipamento:
Televisor, videocassete, retroprejetor, máquina filmadora, telão, máquina fotográfica, micro computador, impressora laser, datashow, projetor de slide, etc.
10 – AÇÕES PREVENTIVAS E CORRETIVAS
• Utilização dos Grupos Formais e Informais da Comunidade como Agentes Multiplicadores em Educação Ambiental;
• Elaboração de material educativo (cartilha, vídeo-documentário, etc.) sobre a Pesca Predatória com Explosivo para acervo de Escolas, Associações de Classe e ONGs.
• Articulação com agentes financiadores, órgãos públicos e privados para dar suporte à comunidade pesqueira.
• Inclusão nas publicações dos cursos para o grupo de pescadores matéria sobre o tema, enfatizando a problemática da mutilação; e
• Geração de oportunidades de emprego e renda, considerando a utilização racional dos recursos naturais.
11 – AVALIAÇÃO
• Avaliação Participativa da Comunidade - Período: trimestral.
- Participantes: - representantes/líderes de grupos formais e informais da comunidade
- equipe técnica-pedagógica.
• Avaliação Processual do Andamento do Projeto: sistematização de informações e elaboração de relatórios.
- Período: semestral.
- Participantes: equipe técnica-pedagógica.
12 – REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
• Revista Planeta Terra n.º 4 – SET/2002 – O Globo
• SOUZA, João Batista. Afinal, o que é Ambiente. Salvador: sem publicação, 2002 • GRUN, Mauro. Ética e Educação Ambiental. São Paulo: Papirus, 1995
• Pesquisa a Internet
• GIL, A. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3ª ed. São Paulo: Atlas S. A., 1996 • REIGOTA, Marcos. O Que é Educação Ambiental, 2ªed. São Paulo: Brasiliense, 1998 • GADOTTI, Moacir. Ecopedagogia e Educação Sustentável. In: Revista de Educação do
CEAP. Salvador.
“A Educação Ambiental deve ser definitivamente compreendida como uma educação política”, preparando cidadãos capacitados a entender o por quê fazer algo, não se detendo apenas como fazer, ou seja, enfatizando o componente reflexivo, tão importante quanto o ativo .”