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DELIBERAÇÃO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA ENTIDADE REGULADORA DA SAÚDE VERSÃO NÃO CONFIDENCIAL

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Mod.016_01 DELIBERAÇÃO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA

ENTIDADE REGULADORA DA SAÚDE

VERSÃO NÃO CONFIDENCIAL

Considerando que a Entidade Reguladora da Saúde nos termos do n.º 1 do artigo 4.º dos Estatutos da ERS, aprovados pelo Decreto-Lei n.º 126/2014, de 22 de agosto exerce funções de regulação, de supervisão e de promoção e defesa da concorrência respeitantes às atividades económicas na área da saúde nos setores privado, público, cooperativo e social;

Considerando as atribuições da Entidade Reguladora da Saúde conferidas pelo artigo 5.º dos Estatutos da ERS, aprovados pelo Decreto-Lei n.º 126/2014, de 22 de agosto;

Considerando os objetivos da atividade reguladora da Entidade Reguladora da Saúde estabelecidos no artigo 10.º dos Estatutos da ERS, aprovados pelo Decreto-Lei n.º 126/2014, de 22 de agosto;

Considerando os poderes de supervisão da Entidade Reguladora da Saúde estabelecidos no artigo 19.º dos Estatutos da ERS, aprovados pelo Decreto-Lei n.º 126/2014, de 22 de agosto;

Visto o processo registado sob o n.º ERS/40/2018;

I. DO PROCESSO

I.1. I.1. Origem do processo

1. A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) tomou conhecimento, em 31 de maio de 2017, da exposição subscrita por R.O., referindo deficiências no atendimento prestado à utente F.O. no âmbito do programa SIGIC no British Hospital Lisbon XXI, S.A., entidade inscrita no SRER da ERS sob o n.º 18744.

2. A reclamação foi inicialmente tratada em sede de processo de reclamação registado sob o n.º REC/30986/2017, tendo sido aberto o processo de avaliação n.º AV/037/2018 em 16 de fevereiro de 2018.

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Mod.016_01 3. Posteriormente, face à necessidade de adoção de uma intervenção regulatória da ERS ao abrigo das suas atribuições e competências, e no sentido de o prestador dever adequar o seu comportamento à garantia dos direitos dos utentes,

4. O Conselho de Administração da ERS deliberou, por despacho de 8 de março de 2018, proceder à abertura do presente processo de inquérito, registado internamente sob o n.º ERS/040/2018.

I.2. Diligências

5. No âmbito da investigação desenvolvida pela ERS, realizaram-se as seguintes diligências instrutórias:

(i) Pesquisa no SRER da ERS relativa à inscrição do British Hospital Lisbon XXI, S.A., entidade inscrita no SRER da ERS sob o n.º 18744;

(ii) Notificação de abertura de processo de inquérito enviada à reclamante em 16 de março de 2018;

(iii) Notificação de abertura de processo de inquérito e pedido de elementos enviado ao British Hospital Lisbon XXI, S.A em 16 de março de 2018, e análise das respostas datadas de 20 de junho de 2018;

(iv) Contacto telefónico com a exponente R.O., em 7 de janeiro de 2019.

II. DOS FACTOS

II.1. Da reclamação

6. Da exposição subscrita em 30 de maio de 2017 consta o seguinte: “[…]

Apos intervenção cirúrgica no dia 26/01/2017 nas instalações do British Hospital em Lisboa, pelo Dr. […], foi submetida a paciente acima referida a uma segunda intervenção, devido a uma bacteria contraída em bloco operatório, que originou infeção e obrigou à toma de antibiótico, o que tem desde essa data tornado o processo de recuperação muito lento.

Ao fim de todo este tempo, não vendo qualquer melhoria, e aconselhada pela fisioterapeuta, foi a paciente obrigada a contatar diretamente o Dr. […], tendo o

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Mod.016_01 mesmo, marcado uma terceira intervenção para dia 30/05, de modo a conseguir que o joelho dobrasse, visto que por indicação dos técnicos que a têm observado a prótese não deve ter ficado bem colocada, visto que passados estes meses e após a fisioterapia tida já deveria de haver locomoção do joelho.

Para espanto da paciente, hoje recebeu contato telefónico, onde foi indicado pela Sra Dª […], que a intervenção não se podia realizar, dado que já não estava ao abrigo do cheque passado pelo SNS, isto é, a resolução dos problemas originados da cirurgia tida no Vosso hospital não poderia ser solucionado porque o pagamento do SNS não abrangia esta intervenção que é imprescindível à recuperação da paciente, que nesta data, volvidos quatro meses não tem qualquer mobilidade no joelho.

Ora não entende a utente tal posição, visto que já foi demasiado lesada com a falta de profissionalismo, e informamos que comunicamos de imediato ao SNS, que encaminhou processo até V.Exas, para agendamento de uma data rapidamente para a intervenção programada, a fim de corrigir eventuais erros clínicos que tenham ocorrido que têm manifesta visibilidade pelo modo como a paciente não recupera a mobilidade após fisioterapia.

A utente está de momento sem tratamentos a aguardar a cirurgia, pelo que todo e qualquer dano, nomeadamente atrasos de retoma ao seu processo de vida normal de trabalhadora ser-vos-á totalmente imputado, tendo em conta que o processo de recuperação deveria ter contornos bem diferentes dos verificados.

Segundo SNS a finalização deste processo é da total responsabilidade do British Hospital.

Aguardamos sem falta contato urgente, preferencialmente até ao dia 31/05, sob pena de levarmos está matéria a processo judicial.

[…]”.

7. Numa primeira resposta à exponente, datada de 7 de junho de 2017, o prestador informou o seguinte:

“[…]

Na sequência da reclamação que nos apresentou por correio electrónico no dia 30 de Maio de 2017 procedemos a uma averiguação interna de forma a clarificar os factos relatados.

Para tal foram consultados todos os registos, assim como o Dr. […], ortopedista interveniente no caso, e o Director Clínico, Dr. […], tendo nós apurado que:

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Mod.016_01 • A Sra. [F.O.] foi submetida a artroplastia total do joelho direito no dia 26/01/2017 ao abrigo do SIGIC;

• Recebeu alta hospitalar a 1/02/2017, sem registo de intercorrências, prosseguindo acompanhamento em regime externo;

• Nas consultas de controlo constatou-se deiscência da cicatriz operatória com desvitalização dos bordos da ferida, tendo sido prontamente submetida a intervenção cirúrgica no dia 15/03/2017 e realizada plastia de deslizamento. Nesta data constatámos a ausência de sinais de infecção;

• A 30/03/2017 foi verificada boa evolução clínica, com favorável cicatrização cutânea, e boa mobilidade articular. Foi atribuída alta hospitalar, com indicação para prosseguir programa de reabilitação e referenciada para Consulta Externa do hospital de origem; • Pela semana de 21 de Maio, a Sra. [F.O.] contactou telefonicamente o Dr. […], referindo dificuldade na mobilização do joelho. Foi confirmada a presença de quadro de rigidez articular com défice de flexão, persistindo a ausência de qualquer sinal de infecção e tendo sido enfatizada então a necessidade de prosseguir o programa de reabilitação proposto na data da alta hospitalar. Foi ainda referida a eventual necessidade de proceder a manipulação articular sob anestesia, que é um método simples que leva com frequência a bons resultados, caso venha a ser considerado adequado perante a persistência de evolução clínica pouco satisfatória.

De acordo com a informação do Dr. […], as situações de artrofibrose têm uma origem multifatorial, sendo a motivação dos doentes, a sua participação ativa no programa de reabilitação e o adequado apoio médico, fatores cruciais para a recuperação dos doentes submetidos a artroplastia.

Face ao exposto não pudemos concluir que a evolução considerada insatisfatória pela Senhora [F.O.] seja consequência da má prática de qualquer um dos vários intervenientes no processo no British Hospital.

Relativamente ao pedido do processo clínico, compete-nos informar que, de acordo com o regime legal de proteção de dados atualmente vigente, nos termos do qual o titular dos dados de saúde (ou representante autorizado) só por intermédio de médico poderá aceder a toda a informação de saúde depositada junto das unidades de saúde. Com efeito, quer por referência ao disposto no nº 5º do artigo 11º da Lei 67/98, de 26 de Outubro (Lei de Proteção de Dados Pessoais) e quer por referência aos nºs 2 e 3 do artigo 3º da Lei 12/2005 de 26 de Janeiro (Informação genética pessoal e Informação de Saúde) os titulares dos dados clínicos terão de solicitar o envio e/ou entrega dos

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Mod.016_01 referidos dados a um médico indicado pelo próprio (ou representante autorizado), orientação que nos foi expressamente veiculada pela própria CNPD – Comissão Nacional de Proteção de Dados.

De todo o modo, esclarecemos que todo o processo está depositado no Hospital de Origem (Centro Hospitalar de Lisboa Norte), composto pela informação médica completa da Sra. [F.O.], incluindo a totalidade da informação contida do processo do British Hospital, o qual foi enviado a 18 de Maio de 2017.

[…]”.

8. À qual a exponente respondeu, no mesmo dia, com os seguintes elementos: “[…]

Na sequência da recepção da Vossa resposta, cumpre-nos alertar para os seguintes factos que não são explanados nem estão evidentes na Vossa comunicação e que ocorreram durante o período de tempo em que se realizou a cirurgia e a data da alta hospitalar:

- A Sra. [F.O.], foi de facto submetida a artroplastia total do joelho direito no passado dia 26/01 entre as 23h e as 24h, tendo estado no Vosso hospital até ao dia 31/01, tendo sido informada que sairia no dia anterior;

- Teve no dia 28/01 indicação de que tinha o dreno entupido (colocado por V. Exas. no procedimento decorrente da cirurgia no joelho) após explicar aos enfermeiros que tinha sensação de comichão, ardor e dor na cicatriz e informaram a paciente que era inerente a uma contracção de bactéria no bloco operatório;

- Nas visitas efectuadas à Sra. [F.O.], enquanto hospitalizada após cirurgia nos Vossos serviços foi sempre notório e evidenciado aos familiares receio de incomodar a equipa de enfermagem, visto que sentia dor na cicatriz (tinha o dreno entupido) e queixava-se de não ter qualquer apoio para efectuar o levante, nem indicações de o fazer, mesmo tendo estado no serviço pós operatório 5 dias. Acabou por ficar hospitalizada mais um dia, por complicações inerentes ao dreno entupido. De ressalvar que a Sra. [F.O.], esteve vários dias em casa a curar as feridas decorrentes da imobilização do corpo no vosso hospital (as denominadas "escaras" nas costas, cotovelos e nádegas) o que certamente também não beneficiou o processo de recuperação que era desejável; - A Sra. [F.O.], tomou 4 caixas de antibiótico devido a uma excedência serosa da cicatriz, com pus amarelo, que lhe foi indicado tratar-se de uma infecção tida através de uma bactéria contraída no Vosso bloco operatório;

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Mod.016_01 - Entre a data em que saíu do Vosso hospital, 31/01, após a cirurgia, e a data em que limparam a excedência serosa, após várias queixas e a pedido da paciente, decorreu um período de tempo inaceitável (mês e meio), visto que apenas no dia 15/03 a cicatriz foi limpa e foi a paciente novamente suturada (ora só neste período de tempo decorreram 45 dias);

- Ainda assim, a paciente continuou sempre com a fisioterapeuta;

- A paciente é uma mulher activa, que se pauta por grande dinamismo, não tendo tido qualquer inércia em efectuar todas as diligências solicitadas pelo Dr. […], no que diz respeito à mobilização do joelho, assim como, efectuou 47 sessões de fisioterapia na CCR;

- Em nenhum momento nestas sessões de fisioterapia houve mobilização do joelho, podendo V. Exas. verificar junto dos técnicos responsáveis tal veracidade dos factos; - Após indicação dessa imobilização e da indicação dos fisioterapeutas de que deveria contactar o médico, coisa que a própria fez, foi indicado à Sra. [F.O.], que no dia 30/05 deveria deslocar-se ao Vosso hospital para que fosse sujeita a manipulação da articulação do joelho sob anestesia;

- Na véspera, dia 29/05 contactaram telefonicamente a Sra. [F.O.], a indicar que não poderiam levar a cabo o procedimento acima descrito porque já tinham decorridos 60 dias da cirurgia e que não estavam ao abrigo do SIGIC para o fazer;

Face ao exposto, e considerando que a Sra. [F.O.], se deslocou ao serviço de urgências do Hospital Santa Maria no passado dia 1 de junho e que após vários raio-x o médico ortopedista que a atendeu, lhe indicou que a prótese não estava bem, e que nunca iria ficar bem do joelho. Disse ainda que ia apresentar o processo ao serviço responsável pela análise destas situações e ao Director de Ortopedia;

- No passado dia 5 foi a Sra. [F.O.], falar com o Dr. […] que novamente informou que as fibroses estão a impedir a locomoção do joelho e o procedimento de manipulação não pode ser efectuado pelo tempo decorrido (mais de 60 dias) e que sabe que a recuperação total depende desse procedimento;

Face ao exposto informamos que o tempo expectável e definido por lei, podem efectivamente ser 60 dias, mas sem que ocorra períodos de 45 ou mais dias em que a cicatriz se encontra aberta e que a paciente tem de efectuar fisioterapia com excedências serosas (pus amarelo), o que denota uma grande capacidade de resistência à dor, e vontade de melhorar a sua condição física articular, assim como,

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Mod.016_01 podemos depreender que deixar a paciente com uma costura infectada, durante 45 dias, que não fecha, também não é aceitável.

Assim, este processo não está de todo finalizado e esperamos que V. Exas. empreendam as diligências necessárias junto do Hospital de Santa Maria, para que a paciente possa recuperar a mobilidade do joelho e não tenha de recorrer a serviços extra aos de ortopedia por incapacidade psicológica de lidar com a situação que agora ocorre, que em nada lhe pode ser imputado ou é da sua responsabilidade, e que está a interferir e a impossibilitar de retomar a sua vida pessoal e profissional.

Apresentamos ainda o nosso profundo lamento pelo modo como a medicina e os serviços de articulação entre serviços públicos e privados têm-se evidenciado neste processo, que ao invés de promover a recuperação da doente e em última instância visar uma prestação de serviço de excelência, se rege e pauta por dias estabelecidos por parâmetros ditos normais, sendo que as excepções acontecem e os acompanhamentos no pós-operatório são igualmente diferenciadores e podem ser factores de uma rápida ou lenta recuperação, como aqui neste caso em particular se verifica.

[…]”.

9. Em 16 de março de 2018, o prestador foi notificado da abertura do presente processo de inquérito, acompanhado das seguintes questões:

“[…]

1. Pronunciem-se sobre o conteúdo da referida reclamação e forneçam esclarecimentos adicionais que entendam relevantes sobre a situação em causa; 2. Descrição pormenorizada das etapas percorridas pela utente, com indicação (i) da data das consultas de especialidade realizadas, (ii) da data de decisão clínica de procedimento cirúrgico, (iii) da data de inscrição da utente em LIC, (iv) da data dos procedimentos atinentes ao processo de transferência da utente (v) do Vale Cirurgia emitido, acompanhado dos respetivos elementos documentais de suporte, designadamente, proposta cirúrgica e vale cirurgia emitido;

3. Relativamente à cirurgia efetuada em 26 de janeiro de 2017, envio de cópia de toda a respetiva documentação clínica;

4. Confirmem se a utente efetuou uma segunda cirurgia, conforme alegado pela reclamante, e em que data, mais devendo enviar toda a documentação clínica respetiva;

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Mod.016_01 5. Confirmem se a utente foi agendada para uma terceira cirurgia para dia 30 de maio de 2017, conforme alegado pela reclamante, e pronúncia sobre o facto de ter sido informada de que já não iria fazer tal cirurgia por a mesma não se encontrar ao abrigo do Vale Cirurgia emitido;

6. Enviem cópia de regulamento/protocolo/procedimento vigente em matéria de procedimento cirúrgico, em especial, sobre acompanhamento/seguimento pós-operatório;

7. Indiquem se, no entretanto, a utente foi mais alguma vez atendida nas V/ instalações e ponto de situação do seu estado clínico;

8. Justifiquem o facto de não ter sido livremente disponibilizado o processo clínico à utente, à luz do disposto na Lei n.º 26/2016, de 22 de Agosto;

9. Indiquem quais os procedimentos em vigor no que respeita ao acesso ao processo clínico por parte de utentes, acompanhado de cópia dos mesmos;

10. Envio de quaisquer outros esclarecimentos adicionais tidos por relevantes para completo esclarecimento da situação em apreço.

[…]”.

10. Por resposta rececionada em 20 de junho de 2018, o prestador prestou os seguintes esclarecimentos, acompanhados dos respectivos documentos:

“[…]

No caso em apreço e de acordo com o resultado das diligências encetadas foi possível apurar o seguinte: a Sra. D. [F.O.], veio encaminhada do Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE, Hospital de origem, para realizar uma intervenção cirúrgica, no Hospital, no âmbito do SIGIC.

A intervenção cirúrgica ficou agendada e foi realizada no dia 26 de janeiro de 2017, com o Dr. […] - Cirurgião da especialidade de Ortopedia e Traumatologia. A cirurgia consistia numa artroplastia total do joelho direito.

É importante salientar que a utente [F.O.], já apresentava queixas ao nível do joelho direito desde, pelo menos, o ano de 2015 - Doc. 1

O procedimento decorreu sem intercorrências, não existindo registo de complicações no pós-operatório.

A utente recebeu alta hospitalar no dia 1 de fevereiro de 2017, com as devidas indicações médicas, sinais de alerta, medicação para ser administrada em ambulatório e data para ser vista novamente em consulta pelo cirurgião.

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Mod.016_01 Foi ainda facultado à utente o contacto telefónico do médico, para o caso de existir alguma dúvida com as indicações fornecidas, com a medicação prescrita ou no caso de surgir alguma intercorrência. Para além de que, como é sabido, a motivação dos doentes e a sua participação ativa no programa de reabilitação e o adequado apoio médico são fatores cruciais para a recuperação dos doentes submetidos a artroplastia. Numa das consultas posteriores, de acompanhamento pós-operatório, mais precisamente no 13/03/2017, o Dr. […] verificou a existência de deiscência da cicatriz operatória com desvitalização dos bordos da ferida. Propôs plastia cutânea e mobilização do joelho direito.

Perante este quadro clínico, o médico explicou à utente em que consistia a deiscência da cicatriz e identificou a necessidade da sua correção através de uma intervenção cirúrgica. Não foram identificados quaisquer sinais de infeção.

Esta situação tem origem multifactorial mas, o elemento essencial pode estar relacionado com algum défice de realização de fisioterapia de forma adequada.

A intervenção cirúrgica foi realizada no dia 15 de março de 2017 e consistiu numa Plastia de deslizamento.

O procedimento decorreu sem intercorrências ou complicações, verificando-se uma boa evolução clínica, com favorável cicatrização e boa mobilidade articular.

A utente teve alta hospitalar no dia 16 de março de 2017, mais uma vez foram referidos todos os cuidados a ter no pós-operatório, com indicação para prosseguir programa de reabilitação.

Um programa de reabilitação é sempre fomentado após este tipo de intervenção cirúrgica e os seus benefícios verificam-se a curto prazo, com tradução clínica a nível funcionalidade, melhoria da dor e menor tempo de recuperação.

Posteriormente a utente foi encaminhada, para a realização das subsequentes consultas de ortopedia no Hospital de origem.

Na semana de 21 de maio de 2017, a Sra. D. [F.O.], contactou, telefonicamente com o Dr. […], referindo que sentia dificuldade na mobilização do joelho.

Foi a primeira vez, que a cliente contactou o cirurgião referindo alguma queixa.

O médico observou a utente, em 25/05/2017, e confirmou a presença de quadro de rigidez articular com défice de flexão, não apresentando a doente sinais sugestivos de infeção a nível sistémico ou local.

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Mod.016_01 A comunidade, científica aponta como alguns dos principais fatores de risco para o surgimento de quadro de rigidez articular com défice de flexão, pós cirurgia de artroplastia, uma menor amplitude articular pré-operatória, a pouca colaboração do doente num programa de reabilitação ou uso de anticoagulantes.

No caso de rigidez pós-operatória, a opção atual mais eficaz para o ganho de amplitude inclui a manipulação articular sob anestesia.

Foi então, por esse motivo, esclarecida a doente da necessidade de proceder a manipulação articular sob anestesia, método simples e com resultados satisfatórios. A cirurgia contudo não foi realizada, pois nos termos do protocolo celebrado com a ARSLVT, já haviam decorrido 60 dias sobre a realização da primeira cirurgia.

Com efeito, de acordo com os números 2 e 3, da cláusula 2a do protocolo celebrado com a ARSLVT no âmbito do SIGIC, em 15 de julho de 2005, que esclarece questões relacionadas com o âmbito da referida convenção, "Os valores globais compreendem todos os cuidados e serviços prestados desde a fase de preparação para a cirurgia até dois meses após a alta hospitalar sem que sejam identificadas complicações, nos termos do Regulamento do SIGIC e inclui hotelaria, consumíveis, medicamentos, meios complementares de diagnóstico e terapêutica e tudo o mais que for necessário. Caso surjam complicações nos dois meses que decorrem após a alta, os valores globais referidos no número anterior, compreendem também todos os cuidados e serviços necessários à completa resolução da situação decorrente da complicação, independentemente do tempo necessário para a resolução do problema", (o sublinhado é nosso)

No caso concreto, a utente contactou o Dr. […], na semana de 21 de maio de 2017, sendo que a cirurgia (1a) foi realizada no dia 26 de janeiro de 2017. Por esse motivo, e porque o Hospital está sujeito ao estrito cumprimento de regras e orientações no âmbito do referido protocolo, é que a referida cirurgia não foi realizada e desse fato foi dado o necessário e oportuno conhecimento (30 de maio de 2017) à utente [F.O.],. Face a todo o exposto consideramos que o processo clínico da utente [F.O.], foi conduzido com profissionalismo e atenção adequados e que as condutas dos nossos profissionais foram as necessárias, adequadas e proporcionais ao caso concreto. Todos os atos foram praticados de forma diligente e de acordo com as leges artis descritas na literatura, tendo os profissionais atuados em conformidade com as boas práticas.

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Mod.016_01 Desde o primeiro momento, o Dr. […] e todos os outros profissionais do Hospital, explicaram os procedimentos que seriam necessários de forma clara e completa, deram todo o acompanhamento necessário, quer no pré-operatório, período de internamento e pósoperatório, assim como facultaram todos os ensinamentos relevantes e essenciais para uma recuperação dentro do expectável.

Só não foi possível a realização da intervenção cirúrgica de manipulação articular sob anestesia, pelos motivos acima expostos e não negligência, incúria ou falta de zelo e cuidado.

2. Descrição pormenorizada das etapas percorridas pela utente, com indicação (i) da data das consultas de especialidade realizadas, (ii) data da decisão clínica de procedimento cirúrgico, (iii) data da inscrição da utente em LIC, (iv) data dos procedimentos atinentes ao processo de transferência da utente, (v) Vale de Cirurgia emitido, acompanhado dos respetivos elementos documentais de suporte, designadamente, proposta cirúrgica e vale cirurgia emitido;

(i) Datas das consultas de ortopedia realizadas no Hospital: • 2 de janeiro de 2017

• 6 de fevereiro de 2017

• 9 de fevereiro de 2017 • 13 de fevereiro de 2017 • 13 de março de 2017 • 20 de março de 2017 • 23 de março de 2017 • 25 de maio de 2017 Juntamos comprovativo em anexo como Doe. 2 (ii) Data da decisão clínica para realização do procedimento cirúrgico: A decisão clínica para realização do procedimento cirúrgico foi tomada no dia 13 de abril de 2016, no Hospital de origem - Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE. (juntamos comprovativo em anexo como Doe. 3). (iii) Data da inscrição da utente na LIC: A data de inscrição da utente na Lista de Inscritos para Cirurgia, assim como a data dos procedimentos atinentes ao processo de transferência da utente, foi o dia 27 de dezembro de 2016. (juntamos comprovativo como Doc. 4). (iv) Data dos procedimentos atinentes ao processo de transferência da utente: Já respondido no ponto anterior. (v) Vale de Cirurgia: Enviamos em anexo como Doc. 5.

3. Cópia de documentação clínica relativamente à cirurgia efetuada em 26 de janeiro de 2017;

Enviamos em anexo toda a informação clínica relevante, respeitante à cirurgia efetuada no dia 26 de janeiro de 2017, identificado como Doc. 6

4. Confirmação se a doente efetuou uma segunda cirurgia, conforme alegado pela reclamante;

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Mod.016_01 Tal como já referido no ponto 1, numa das consultas posteriores, de acompanhamento pós-operatório, mais precisamente no dia 13/03/2017, o Dr. […] verificou a existência de deiscência da cicatriz operatória com desvitalização dos bordos da ferida. Perante este quadro clínico, o médico explicou à utente em que consistia a deiscência da cicatriz e identificou a necessidade da sua correção através de uma intervenção cirúrgica. Não foram identificados quaisquer sinais de infeção.

A intervenção cirúrgica foi realizada no dia 15 de março de 2017 e consistiu numa Plastia de deslizamento.

O procedimento decorreu sem intercorrências ou complicações, verificando-se uma boa evolução clínica, com favorável cicatrização e boa mobilidade articular.

A utente teve alta hospitalar no dia 16 de março de 2017, mais uma vez foram referidos todos os cuidados a ter no pós-operatório, com indicação para prosseguir programa de reabilitação, (juntamos documentação comprovativa como Doe. 7)

5. Confirmação se a utente foi agendada para uma terceira cirurgia para o dia 30 de maio de 2017;

Tal como já referido no ponto 1, na semana de 21 de maio de 2017, a Sra. D. [F.O.], contactou, telefonicamente com o Dr. […], referindo que sentia dificuldade na mobilização do joelho.

O médico observou a utente e confirmou a presença de quadro de rigidez articular com défice de flexão, não apresentando o joelho qualquer infeção.

A comunidade científica aponta como alguns dos principais fatores de risco para o surgimento de quadro de rigidez articular com défice de flexão, pós cirurgia de artroplastia, uma menor amplitude articular pré-operatória, a pouca colaboração do doente num programa de reabilitação ou uso de anticoagulantes.

No caso de rigidez pós-operatória, a opção atual mais eficaz para o ganho de amplitude inclui a manipulação articular sob anestesia.

Foi então, por esse motivo, esclarecido à doente a necessidade de proceder a manipulação articular sob anestesia, método simples e com resultados satisfatórios. A cirurgia contudo não foi realizada, pois nos termos do protocolo celebrado com a ARSLVT, já haviam decorrido 60 dias sobre a realização da primeira cirurgia. Doc.8 De acordo com o número 2 e 3, da cláusula 2a do protocolo celebrado com a ARSLVT no âmbito do SIGIC, em 15 de julho de 2005, que esclarece questões relacionadas com o âmbito da referida convenção, "Os valores globais compreendem todos os

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Mod.016_01 cuidados e serviços prestados desde a fase de preparação para a cirurgia até dois meses após a alta hospitalar sem que sejam identificadas complicações, nos termos do Regulamento do SIGIC e inclui hotelaria, consumíveis, medicamentos, meios complementares de diagnóstico e terapêutica e tudo o mais que for necessário.

Caso surjam complicações nos dois meses que decorrem após a alta, os valores globais referidos no número anterior, compreendem também todos os cuidados e serviços necessários à completa resolução da situação decorrente da complicação, independentemente do tempo necessário para a resolução do problema".

No caso concreto, a utente contactou o Dr. […], na semana de 21 de maio de 2017, sendo que a cirurgia foi realizada no dia 26 de janeiro de 2017.

Por esse motivo, e porque o Hospital está sujeito ao cumprimento de regras e orientações no âmbito do referido protocolo, teve que ser dado o respetivo conhecimento dessa situação à doente.

Essa questão foi assim devidamente comunicada à própria paciente, no dia 30/05/2017.

6. Cópia de regulamento/protocolo/procedimento vigente em matéria de procedimento cirúrgico, em especial, sobre acompanhamento/seguimento pós-operatório;

Enviamos em anexo, como Doc. 7, cópia do procedimento de acompanhamento de doentes no pós-operatório, em concreto para casos de pós-operatório de cirurgias da especialidade de ortopedia, objeto da presente exposição.

7. Indicação se a utente foi mais alguma vez atendida nas instalações do Hospital e o ponto de situação do seu estado clinico;

Após a última consulta, realizada no dia 25/05/2017, a utente não recorreu mais ao Hospital.

8. Justificação do facto de não ser livremente disponibilizado o processo clínico à utente à luz do disposto na Lei n° 26/2016, de 22 de agosto;

Nunca foi recusado à utente o acesso ao seu processo clínico, foi sim indicado que os elementos clínicos solicitados encontravam-se no Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE, Hospital de origem e que a utente os poderia solicitar àquela unidade hospitalar a qualquer momento.

9. Indicação de quais os procedimentos em vigor no que respeita ao acesso ao processo clínico por parte dos utentes, acompanhado de cópia dos mesmos;

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Mod.016_01 No que se refere ao acesso ao processo clínico por parte dos utentes, o British Hospital está a cumprir os normativos legais em vigor: Lei 12/2005 de 26 de janeiro com as alterações da Lei 26/2016 de 22 de agosto, só que no caso concreto o pedido de acesso à informação de saúde não foi feito diretamente por parte da sua titular (F.O) mas sim através de terceiro (R.O) e por isso foi dada a informação a esta de que o acesso à informação clínica só podia ser feito através de médico designado pela própria doente. Acresce que como supra referido, os elementos clínicos solicitados já se encontravam no Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE, Hospital de origem e foi transmitido à familiar da utente de que esta os poderia solicitar àquela unidade hospitalar a qualquer momento.

10. Envio de esclarecimentos adicionais relevantes;

O Hospital procura, através das práticas, procedimentos e normas instituídas, cumprir as orientações facultadas ao abrigo deste protocolo (celebrado em 15 de julho de 2005 e que se junta em anexo), nomeadamente: - Cumprir o Regulamento e o Manual de Gestão de Inscritos para Cirurgia, assumindo a sua função como hospital de destino; - Prestar todas as informações que lhe forem solicitadas sobre o estado de cada utente no âmbito do SIGIC; - Respeitar a liberdade de escolha dos utentes; - Prestar um atendimento de acordo com as boas práticas, não permitindo qualquer tipo de descriminação; - Reportar às entidades competentes os erros e falhas detetadas no cumprimento da convenção; Como em todos os casos, e este não foi exceção, o Hospital, na pessoa dos seus colaboradores, promove, nos seus diversos serviços, a informação completa, verdadeira, rigorosa e transparente, que procura transmitir aos seus utentes.

No caso em apreço foram seguidas todas as regras estipuladas para este procedimento e as melhores práticas no superior interesse da utente Sra. D. [F.O.]. O processo clínico da utente [F.O.], foi conduzido com profissionalismo e atenção adequados e que as condutas dos nossos profissionais foram as necessárias, adequadas e proporcionais ao caso concreto.

Todos os atos foram praticados de forma diligente e de acordo com as leges artis descritas na literatura, tendo os profissionais atuados em conformidade com as boas práticas.

Desde o primeiro momento, o Dr. […] e todos os outros profissionais do Hospital, explicaram os procedimentos que seriam necessários de forma clara e completa, deram todo o acompanhamento necessário, quer no pré-operatório, período de

(15)

15

Mod.016_01 internamento e pós-operatório, assim como facultaram todos os ensinamentos relevantes e essenciais para uma recuperação dentro do expectável.

Só não foi possível a realização da intervenção cirúrgica de manipulação articular sob anestesia, pelos motivos acima expostos e não negligência, incúria ou falta de zelo e cuidado.

Na esperança de termos contribuído para o esclarecimento das questões solicitadas, reiteramos o nosso empenho em assegurar o efetivo respeito pelos interesses dos nossos clientes, sempre na perspetiva de conseguir oferecer a todos quantos o procuram uma prestação de cuidados de saúde de elevada qualidade. Junta: - Doe 1. - Resumo Informação Clinica - Doe. 2 - Listagem das consultas realizadas - Doe. 3 - Data de decisão clinica de procedimento cirúrgico - Doe. 4 - Inscrição da doente em LIC - Doe. 5 - Vale de cirurgia - Doe. 6 - Documentação clinica respeitante a cirurgia de 26.01.2017 - Doe. 7 - Procedimento sobre acompanhamento/seguimento pós operatório - Doc.8 - Protocolo celebrado com a ARSLVT no âmbito do SIGIC.

[…]”.

11. Contactada telefonicamente a exponente R.O. em 7 de janeiro de 2019, a mesma informou que a utente, após ter sido observada no serviço de urgência do Centro Hospitalar Lisboa Norte – Hospital Santa Maria (Hospital de Origem),

12. Foi operada de urgência em Agosto de 2017, cirurgia correspondente àquela que o HD se recusou a efectuar, como acima descrito.

13. Termos em que já beneficiou a utente da cirurgia em causa.

14. Em todo o caso, a exponente informou que, fruto do insucesso parcial da cirurgia, a utente continua a ser acompanhada no HO, inclusivamente durante o ano de 2018, estando neste momento a aguardar a inscrição em LIC para realização de nova cirurgia.

III. DO DIREITO

III.1. Das atribuições e competências da ERS

15. De acordo com o n.º 1 do artigo 5.º dos Estatutos da ERS, esta tem por missão “(…) a regulação da atividade dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde.” 16. Ainda, de acordo com o disposto no n.º 2 do artigo 5.º dos seus Estatutos, as

atribuições da ERS compreendem “(…) a supervisão da atividade e funcionamento dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde no que respeita:

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16

Mod.016_01 […]

b) À garantia dos direitos relativos ao acesso aos cuidados de saúde, à prestação de cuidados de saúde de qualidade, bem como dos demais direitos dos utentes; c) À legalidade e transparência das relações económicas entre os diversos operadores, entidades financiadoras e utentes”.

17. Sendo que estão sujeitos à regulação da ERS, nos termos do n.º 2 do artigo 4.º dos seus Estatutos “(...) todos os estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde, do setor público, privado, cooperativo e social, independentemente da sua natureza jurídica, nomeadamente hospitais, clínicas, centros de saúde, consultórios, laboratórios de análises clinicas, equipamentos ou unidades de telemedicina, unidades móveis de saúde e termas”.

18. Consequentemente, o British Hospital Lisbon XXI, S.A. é uma entidade prestadora de cuidados de saúde registada no SRER da ERS sob o n.º 18744.

19. Acresce que constituem objetivos da ERS, nos termos do disposto nas alíneas b), c) e d) do artigo 10.º do mencionado diploma, assegurar o cumprimento dos critérios de acesso aos cuidados de saúde, garantir os direitos e interesses legítimos dos utentes e zelar pela prestação de cuidados de saúde de qualidade.

20. Pelo que, no que concerne à garantia dos critérios de acesso aos cuidados de saúde, a alínea a) do artigo 12.º do mesmo diploma legislativo estabelece ser incumbência da ERS “

assegurar o direito de acesso universal e equitativo à prestação de cuidados de

saúde nos serviços e estabelecimentos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), nos estabelecimentos publicamente financiados, bem como nos estabelecimentos contratados para a prestação de cuidados no âmbito de sistemas ou subsistemas públicos de saúde ou equiparados, acrescentando a alínea b) do mesmo artigo o dever de “prevenir e punir as práticas de rejeição e discriminação infundadas de utentes nos serviços e estabelecimentos do SNS, nos estabelecimentos publicamente financiados, bem como nos estabelecimentos contratados para a prestação de cuidados no âmbito de sistemas ou subsistemas públicos de saúde ou equiparados”.

21. Pois se é certo que a violação do direito de acesso, como direito complexo em que se constitui, pode surgir sob diferentes formas, ou ser originada por diferentes causas, é igualmente certo que uma das suas violações mais gravosas e últimas se consubstancia na rejeição infundada de pacientes.

22. Sendo, por isso, também competência da ERS,

“prevenir e punir as práticas de

rejeição e discriminação infundadas de utentes nos serviços e estabelecimentos do

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17

Mod.016_01 SNS, nos estabelecimentos publicamente financiados, bem como nos estabelecimentos contratados para a prestação de cuidados no âmbito de sistemas ou subsistemas públicos de saúde ou equiparados”.

23. Por outro lado, no domínio da garantia da prestação de cuidados de saúde de qualidade, incumbe à ERS, entre outras, a garantia do direito dos utentes à prestação de cuidados de saúde qualidade, conforme estatuído na alínea c) do artigo 14.º dos Estatutos da ERS.

24. Podendo a ERS assegurar tais incumbências mediante o exercício dos seus poderes de supervisão, zelando pela aplicação das leis e regulamentos e demais normas aplicáveis às atividades sujeitas à sua regulação, no âmbito das suas atribuições, e mediante a emissão de ordens e instruções, bem como recomendações ou advertências individuais, sempre que tal seja necessário, sobre quaisquer matérias relacionadas com os objetivos da sua atividade reguladora, incluindo a imposição de medidas de conduta e a adoção das providências necessárias à reparação dos direitos e interesses legítimos dos utentes – cfr. alíneas a) e b) do artigo 19.º dos Estatutos da ERS.

25. Tal como configurada, a situação concreta sub judice poderá não só traduzir-se num comportamento atentatório dos legítimos direitos e interesses da utente, mas também na violação de normativos que à ERS cabe acautelar na prossecução da sua missão de regulação da atividade dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde, conforme disposto no n.º 1 do artigo 5.º dos Estatutos da ERS.

26. Ora, perante este enquadramento, resulta a necessidade da análise dos factos, tal como denunciados, sob o prisma de um eventual desrespeito do direito da utente a receber com prontidão, humanamente, com respeito e num período de tempo considerado clinicamente aceitável os cuidados adequados e tecnicamente mais corretos, em especial, no período de acompanhamento e monitorização da situação clínica que se segue à realização de uma cirurgia,

27. Bem como sob o prisma da eventual negação do direito de acesso da utente ao seu processo clínico.

III.2 Do enquadramento legal da prestação de cuidados – dos direitos e interesses legítimos dos utentes

28. A necessidade de garantir requisitos mínimos de qualidade e segurança ao nível da prestação, dos recursos humanos, do equipamento disponível e das instalações está

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18

Mod.016_01 presente no sector da prestação de cuidados de saúde de uma forma mais acentuada do que em qualquer outra área.

29. As relevantes especificidades deste setor agudizam a necessidade de garantir que os serviços sejam prestados em condições que não lesem o interesse nem violem os direitos dos utentes.

30. Efetivamente, a qualidade tem sido considerada como um elemento diferenciador no processo de atendimento das expectativas de clientes e utentes dos serviços de saúde. 31. Particularmente, a assimetria de informação que se verifica entre prestadores e consumidores reduz a capacidade de escolha dos últimos, não lhes sendo fácil avaliar a qualidade e adequação do espaço físico, nem a qualidade dos recursos humanos e da prestação a que se submetem quando procuram cuidados de saúde.

32. Por outro lado, os níveis de segurança desejáveis na prestação de cuidados de saúde devem ser considerados seja do ponto de vista do risco clínico, seja do risco não clínico.

33. No que ao risco clínico diz respeito, as causas mais frequentes de lesões radicam no uso de medicamentos, nas infeções e nas complicações peri operatórias.

34. Estes eventos adversos, em grande parte evitáveis, são passíveis de provocar danos na pessoa doente, sendo certo que os custos sociais e privados neles implicados são de tal importância, que as principais organizações de saúde, como a OMS, incrementaram planos de ação para a prevenção e um controlo mais eficaz sobre os acontecimentos danosos associados aos cuidados e procedimentos de saúde prestados.

35. O utente dos serviços de saúde tem direito a que os cuidados de saúde sejam prestados com observância e em estrito cumprimento dos parâmetros mínimos de qualidade legalmente previstos, quer no plano das instalações, quer no que diz respeito aos recursos técnicos e humanos utilizados.

36. Os utentes dos serviços de saúde que recorrem à prestação de cuidados de saúde encontram-se, não raras vezes, numa situação de vulnerabilidade que torna ainda mais premente a necessidade de os cuidados de saúde serem prestados pelos meios adequados, com prontidão, humanidade, correção técnica e respeito.

37. Sempre e em qualquer situação, toda a pessoa tem o direito a ser respeitada na sua dignidade, sobretudo quando está inferiorizada, fragilizada ou perturbada pela doença.

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19

Mod.016_01 38. A este respeito, encontra-se reconhecido na LBS, mais concretamente na sua alínea c) da Base XIV, o direito dos utentes a serem “tratados pelos meios adequados, humanamente e com prontidão, correção técnica, privacidade e respeito”.

39. Norma que é melhor desenvolvida e concretizada no artigo 4.º ("Adequação da prestação dos cuidados de saúde”) da Lei n.º 15/2014, de 21 de março, segundo o qual “O utente dos serviços de saúde tem direito a receber, com prontidão ou num período de tempo considerado clinicamente aceitável, consoante os casos, os cuidados de saúde de que necessita” (n.º 1).

40. Tendo o utente, bem assim, “(…) direito à prestação dos cuidados de saúde mais adequados e tecnicamente mais corretos” (n.º 2).

41. Estipulando, ainda, o n.º 3 que “Os cuidados de saúde devem ser prestados humanamente e com respeito pelo utente”.

42. Quanto ao direito do utente ser tratado com prontidão, o mesmo encontra-se diretamente relacionado com o respeito pelo tempo do paciente1, segundo o qual deve ser garantido o direito do utente a receber o tratamento necessário dentro de um rápido e predeterminado período de tempo, em todas as fases do tratamento.

43. Aliás, o Comité Económico e Social Europeu (CESE), no seu Parecer sobre “Os direitos do paciente”, refere que o “reconhecimento do tempo dedicado à consulta, à escuta da pessoa e à explicação do diagnóstico e do tratamento, tanto no quadro da medicina praticada fora como dentro dos hospitais, faz parte do respeito das pessoas [sendo que esse] investimento em tempo permite reforçar a aliança terapêutica e ganhar tempo para outros fins [até porque] prestar cuidados também é dedicar tempo”. 44. Quando o legislador refere que os utentes têm o direito de ser tratados pelos meios

adequados e com correção técnica, está a referir-se à utilização, pelos prestadores de cuidados de saúde, dos tratamentos e tecnologias tecnicamente mais corretas e que melhor se adequam à necessidade concreta de cada utente.

45. Ou seja, deve ser reconhecido ao utente o direito a ser diagnosticado e tratado à luz das técnicas mais atualizadas, e cuja efetividade se encontre cientificamente comprovada, sendo, porém, obvio que tal direito, como os demais consagrados na LBS, terá sempre como limite os recursos humanos, técnicos e financeiros disponíveis – cfr. n.º 2 da Base I da LBS.

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Mod.016_01 46. Por outro lado, quando, na alínea c) da Base XIV da LBS, se afirma que os utentes devem ser tratados humanamente e com respeito, tal imposição decorre diretamente do dever de os estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde atenderem e tratarem os seus utentes em respeito pela dignidade humana, como direito e princípio estruturante da República Portuguesa.

47. De facto, os profissionais de saúde que se encontram ao serviço dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde devem ter redobrado cuidado em respeitar as pessoas particularmente frágeis em razão de doença ou deficiência.

48. Efetivamente, sendo o direito de respeito do utente de cuidados de saúde um direito ínsito à dignidade humana, o mesmo manifesta-se através da imposição de tal dever a todos os profissionais de saúde envolvidos no processo de prestação de cuidados, o qual compreende, ainda, a obrigação de os estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde possuírem instalações e equipamentos que proporcionem o conforto e o bem-estar exigidos pela situação de fragilidade em que o utente se encontra.

49. Quanto ao direito do utente ser tratado com prontidão, o mesmo encontra-se diretamente relacionado com o respeito pelo tempo do paciente, segundo o qual deverá ser garantido o direito do utente a receber o tratamento necessário dentro de um rápido e predeterminado período de tempo em todas as fases do tratamento.

50. Refira-se, ademais, que a relação que se estabelece entre os estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde e os seus utentes deve pautar-se pela verdade, completude e transparência em todos os aspetos da mesma.

51. Sendo que tais características devem revelar-se em todos os momentos da relação. 52. Nesse sentido, o direito à informação – e o concomitante dever de informar – surge

aqui com especial relevância e é dotado de uma importância estrutural e estruturante da própria relação criada entre utente e prestador.

53. Trata-se de um princípio que deve modelar todo o quadro de relações atuais e potenciais entre utentes e prestadores de cuidados de saúde e, para tanto, a informação deve ser verdadeira, completa, transparente e, naturalmente inteligível pelo seu destinatário.

54. Só assim se logrará obter a referida transparência na relação entre prestadores de cuidados de saúde e utentes.

55. A contrario, a veiculação de uma qualquer informação errónea, a falta de informação ou a omissão de um dever de informar por parte do prestador são por si suficientes para comprometer a exigida transparência da relação entre este e o seu utente,

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21

Mod.016_01 56. E nesse sentido, passível de distorcer os legítimos interesses dos utentes.

57. Na verdade, o direito do utente à informação não se limita ao que prevê a alínea e) do n.º 1 da Base XIV da Lei de Bases da Saúde (LBS), aprovada pela Lei n.º 48/90, de 24 de agosto, para efeitos de consentimento informado e esclarecimento quanto a alternativas de tratamento e evolução do estado clínico.

58. Pressupõe, também, entre outros, o dever de informação sobre possíveis quebras ou impedimentos na continuidade da prestação do cuidado de saúde, in casu, o tempo de espera para o atendimento médico.

59. Esta comunicação deve ser realizada em tempo útil, para assegurar que o utente não é prejudicado no percurso para o restabelecimento do seu estado de saúde,

60. Garantindo-se, assim, o cabal direito de o utente ser humanamente tratado mediante os meios adequados, com prontidão e correção técnica, tal como descrito na alínea c) do n.º 1 da Base XIV da Lei n.º 48/90, de 24 de agosto (LBS).

III.3 Do modelo de funcionamento do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia agora integrado no Sistema Integrado de Gestão do Acesso na vertente de cuidados de saúde hospitalares (SIGA CSH)

III.3.1 Nota prévia

61. No seguimento da recente aprovação do Decreto-Lei n.º 44/2017, de 20 de abril, que consubstanciou a primeira alteração à Lei n.º 15/2014, de 21 de março, a Portaria n.º 147/2017, de 27 de abril, veio concretizar o desiderato de regulamentação do Sistema Integrado de Gestão do Acesso (SIGA) previsto no n.º 5 do artigo 27.º-A do Decreto-Lei n.º 44/2017.

62. Nos termos do n.º 1 do artigo 2.º, a portaria regula o Sistema Integrado de Gestão do Acesso dos utentes ao Serviço Nacional de Saúde (SIGA SNS), que é um sistema de acompanhamento, controlo e disponibilização de informação integrada, destinado a permitir um conhecimento transversal e global sobre o acesso à rede de prestação de cuidados de saúde SNS, e a contribuir para assegurar a continuidade desses cuidados e uma resposta equitativa e atempada aos utentes.

63. Segundo o n.º 1 do artigo 4.º da Portaria, o SIGA SNS possui 5 componentes: cuidados primários (SIGA CSP); primeiras consultas de especialidade hospitalar (SIGA 1.ª Consulta Hospitalar); cuidados de saúde hospitalares (SIGA CSH); para realização de MCDT (SIGA MCDT); e para a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (SIGA RNCCI).

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Mod.016_01 64. De acordo com a alínea c) do n.º 1 do artigo 4.º, o SIGA CSH (cuidados de saúde hospitalares) regula a referenciação e o acesso aos cuidados hospitalares, incluindo, di-lo expressamente a Portaria, o SIGIC.

65. Por seu lado, o artigo 6.º da Portaria, relativo aos princípios específicos do SIGA SNS, estabelece, entre outros, “Integração de cuidados, assegurando a articulação e a coordenação dos meios e recursos das instituições do SNS para uma resposta integrada às necessidades dos utentes” e “Transparência, garantindo que o utente é informado do objetivo prosseguido em cada tipo de prestação de cuidados de saúde realizada nas instituições do SNS, das tramitações necessárias, da prioridade em que é classificado e do tempo de resposta previsível”.

66. O n.º 2 do artigo 9.º estatui que o SIGA CSH é composto por duas vertentes: i) Procedimentos Hospitalares Cirúrgicos, que engloba o SIGIC; e ii) Procedimentos Hospitalares Não Cirúrgicos.

67. A respeito da primeira vertente, o n.º 3 prevê que os utentes a aguardar cuidados de saúde hospitalares programados são inscritos na Lista de Inscritos para Cuidados de Saúde Hospitalares (LICSH) de uma instituição do SNS, mais acrescentando o n.º 4 que o âmbito de aplicação da componente SIGA Procedimentos Hospitalares Cirúrgicos inclui as entidades do setor social e do setor privado com os quais o SNS haja contratado a prestação destes cuidados de saúde aos seus utentes.

68. O artigo 27.º da Portaria n.º 147/2017, de 27 de Abril estatui que é revogada a Portaria n.º 45/2008, de 15 de janeiro, que criou e regula o SIGIC, e a Portaria 179/2014, de 11 de setembro, que alterou a primeira.

69. Todavia, a Portaria 147/2017 prevê um conjunto de regulamentação subsequente a aprovar (artigo 26.º), esclarecendo o n.º 2 do artigo 26.º que, até à entrada em vigor dessa regulamentação, é aplicável, em tudo o que não colida com o disposto na Portaria, a regulamentação em vigor na data da sua publicação.

70. Por sua vez, o n.º 5 do artigo 9.º estipula que os regulamentos específicos do SIGA CSH são aprovados por Despacho do membro do Governo responsável pela área da Saúde, quer para a vertente SIGA Procedimentos Hospitalares Não Cirúrgicos (alínea b) do n.º 5 do artigo 9.º), quer, no que aqui releva, para a vertente SIGA Procedimentos Hospitalares Cirúrgicos (alínea a) do n.º 5 do artigo 9.º), a qual, como já referido, passou a incluir o SIGIC.

71. Ora, a alínea a) do n.º 1 do artigo 26.º (“Regulamentação”) clarifica, então, que o regulamento específico para a vertente SIGA Procedimentos Hospitalares Cirúrgicos

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Mod.016_01 será aprovada nos 90 dias seguintes contados da publicação da Portaria, ou seja, contados a partir de 27 de abril de 2017.

72. Significa isto, portanto, que se deve entender, sob pena da existência de um vazio legal no que respeita à regulamentação do SIGIC, que, até à aprovação desse novo regulamento específico, se encontra plenamente em vigor a Portaria n.º 45/2008, de 15 de janeiro (com as alterações introduzidas pela Portaria n.º 179/2014, de 11 de setembro), em tudo o que não colida com a Portaria n.º 147/2017.

73. Termos em que a subsunção dos factos descritos nos presentes autos ao direito se fará tendo por enquadramento e referente jurídico-normativos a referida Portaria n.º 45/2008, a qual se constitui no regulamento – ainda em vigor – definidor dos princípios e normas vigentes do SIGIC.

III.3.2 Das regras do SIGIC

74. Conforme descrito na Portaria n.º 45/2008, de 15 de janeiro2 que aprovou o Regulamento do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), é este último um sistema de regulação da atividade relativa “[…] a utentes propostos para cirurgia e a utentes operados, assente em princípios de equidade no acesso ao tratamento cirúrgico, transparência dos processos de gestão e responsabilização dos utentes e dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e dos estabelecimentos de saúde que contratam e convencionam com aquele a prestação de cuidados de saúde aos seus beneficiários.”; e

75. São elegíveis para efeitos de inscrição na lista de inscritos para cirurgia (LIC) “[…] todos os utentes dos hospitais do SNS e os utentes beneficiários deste Serviço referenciados para os estabelecimentos de saúde do sector privado e do sector social, ao abrigo dos contratos e convenções celebrados.”.

76. Sendo que toda a programação cirúrgica é registada no SIGLIC e deve obedecer aos critérios:

(i) da prioridade clínica estabelecida pelo médico especialista, em função da doença e problemas associados, patologia de base, gravidade, impacto na esperança de

2

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Mod.016_01 vida, na autonomia e na qualidade de vida do utente, velocidade de progressão da doença e tempo de exposição à doença; bem como

(ii) da antiguidade na LIC, sendo, em caso de igual prioridade clínica, selecionado em primeiro lugar o utente que se encontra inscrito na lista há mais tempo – cfr. § 73. do Regulamento.

77. Cumprindo a este propósito ressaltar que, cronologicamente, a inscrição dos utentes em LIC é precedida da consulta da especialidade e da consequente elaboração de um plano de cuidados, ou seja da elaboração de uma proposta de abordagem de um ou mais problemas de saúde do utente, onde se inscrevem e caracterizam os eventos necessários à sua resolução, ordenados de forma cronológica, não havendo limitação ao registo na proposta quanto ao número de diagnósticos descritos ou procedimentos a realizar, cfr. § 3.2.1.1. e 3.2.1.2.1 do Manual de Gestão de Inscritos para Cirurgia (MGIC).

78. Concretamente, prevê o MGIC de forma taxativa as causas de exclusão de inscrição de atos a realizar, como sendo os atos praticados fora do bloco operatório (BO), por não cirurgiões ou pequenas cirurgias que não necessitem de utilização do BO;

79. Elencando igualmente os elementos de menção obrigatória no preenchimento da proposta de cirurgia, nos quais consta, entre outros a caracterização dos problemas a abordar, incluindo patologias associadas, em termos de descrição, codificação e respetiva lateralidade, e episódio antecedente se aplicável cfr. § 3.2.1.2.1 do MGIC. 80. Igualmente prévia à inscrição do utente em LIC, uma vez concluído o preenchimento

da proposta de cirurgia, é a recolha do consentimento informado do utente, garantindo que o mesmo atesta a concordância com a proposta e respetiva inscrição em LIC. 81. Por outro lado, “[…] todos os atos relacionados com a inscrição do utente em LIC,

desde a efetivação da primeira consulta em serviço hospitalar relacionada com a proposta cirúrgica até à realização da intervenção cirúrgica e respetiva alta, são registados no SIGLIC, de acordo com as regras previstas no MGIC”, devendo qualquer registo na LIC respeitar os procedimentos ali considerados, mormente os constantes dos § 58 a 75.

82. Pelo que, “[…] após a emissão de certificado de inscrição, dá-se lugar à ativação da inscrição do utente na LIC do serviço/unidade funcional da instituição hospitalar.” – cfr. § 3.2.1.2. do MGIC.

83. Ademais, aos utentes é reconhecido, nomeadamente, o direito de obter um certificado comprovativo da sua inscrição e de obter informação a todo o tempo junto da Unidade

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Mod.016_01 Hospitalar de Gestão de Inscritos para Cirurgia (UHGIC) do seu hospital e a seu pedido, sobre os dados que lhe respeitem registados na LIC, como seja o nível de prioridade que lhe foi atribuído e o seu posicionamento relativo na prioridade atribuída – cfr. § 44. do Regulamento.

84. Assim, a UHGIC é o principal elo de ligação do utente com o hospital, e todos os contactos com aquele e outros factos são registados no SI, competindo-lhe a informação aos utentes ou seus representantes, sobre o estado da inscrição, o teor dos deveres e direitos e qualquer outra sobre as diferentes fases do processo. – cfr. § 3.3.3. e § 3.3.5. do MGIC que remetem para o Volume II – Área da gestão.

85. Compete ainda aos responsáveis pelas unidades ou serviços dos hospitais envolvidos nos procedimentos cirúrgicos zelar pela atualização permanente da lista de procedimentos cirúrgicos suscetíveis de serem realizados pelos seus serviços, garantindo que a cada um está corretamente associado o código do sistema de codificação em vigor e ainda, garantir a seleção dos utentes inscritos em LIC para efeito de programação cirúrgica de acordo com os critérios de antiguidade e prioridade estabelecidos no MGIC e neste Regulamento – cfr. alíneas b) e c) do § 57 do Regulamento.

86. Pelo que, “[…] sempre que a instituição hospitalar de origem não consegue garantir ou a realização da cirurgia ou o seu agendamento até 100% do TMRG, o serviço/UF tenha perdido ou a capacidade técnica para realizar a cirurgia ou apresente piores tempos de acesso do que outro que se lhe equipare e ainda por conveniência justificada do utente, estão criadas as condições para se dar início à etapa de transferência. Seja qual for o tipo de transferência, esta só pode ocorrer com o acordo expresso do utente […]”. – cfr. § 3.2.1.4. do MGIC.

87. Concretamente, no que à transferência cirúrgica diz respeito, é “[…] operada pela emissão e cativação de NT/VC [nota de transferência/vale cirurgia3], implica apenas a transferência da prestação dos procedimentos cirúrgicos relativos ao(s) problema(s) identificado(s) e às eventuais intercorrências da responsabilidade da instituição hospitalar ou complicações identificadas até sessenta dias após a alta hospitalar […] “- cfr. § 3.2.1.4. do MGIC.

88. Ainda, “[…] a transferência de utentes através da emissão de NT/VC para outras unidades hospitalares integradas no SNS ou unidades convencionadas é obrigatória

3 “[…] Quer a nota de transferência, quer o vale cirurgia, habilitam o utente a marcar a cirurgia

diretamente numa das entidades de destino […] a diferença reside no facto da primeira permitir apenas a sua utilização no âmbito do SNS e a segunda poder ser utilizada quer nos hospitais do SNS, quer nas instituições convencionadas do sector privado e social.” – cfr. § 3.2.1.4.1.7 do MGIC.

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Mod.016_01 sempre que o hospital de origem, com os seus recursos, não possa garantir a realização da cirurgia dentro dos TMRG estabelecidos por prioridade clínica, por patologia ou grupo de patologias, presumindo-se a falta de garantia quando a cirurgia não for agendada até ao limite do prazo estabelecido para cada nível de prioridade, a contar da data de inscrição na LIC. […]”, o que, no caso dos doentes com prioridade de nível 2, equivale ao trigésimo dia do TMRG - cfr. § 3.2.1.4.1.1. do MGIC.

89. Decorridos os prazos para agendamento da cirurgia, tal como previstos nos n.ºs 79 e 80 da Parte V do Regulamento4 sem que o agendamento no Hospital de Origem tenha ocorrido, “[...] e não existindo HD do SNS disponível nos termos do [...] Regulamento, a UCGIC emite de imediato um vale cirurgia a favor do utente.” – cfr. n.º 108 da Parte V do Regulamento;

90. Competindo, com efeito, à Unidade Central de Gestão de Inscritos para Cirurgia (UCGIC), nos termos da alínea l) do.º 49 da Parte IV do Regulamento do SIGIC “[e]mitir e enviar vales cirurgia.”.

91. Efetivando-se essa mesma transferência mediante a emissão pela UCGIC de “[...] nota de transferência a favor do utente, propondo-lhe a selecção de uma das unidades hospitalares constante da listagem anexa de hospitais disponíveis” – cfr. n.º 98 da Parte V do Regulamento .

92. Sendo que a emissão de vale cirurgia pela UCGIC pressupõe a aplicação de um algoritmo automático que procura as instituições hospitalares do SNS com capacidade para realizar o procedimento cirúrgico, indicando em primeiro lugar as instituições do concelho de residência, seguido das instituições dos concelhos limítrofes e por último do distrito.

93. Conforme prevê o n.º 124 do Regulamento, “O hospital de destino, após a realização da intervenção cirúrgica e de todos os procedimentos pós-operatórios, conclui o processo, no prazo máximo de 60 dias […]”;

94. Prevendo o n.º 126 que o Hospital de Destino (HD) é responsável “[…] pelo tratamento da ferida operatória, pela continuação dos tratamentos de todas as intercorrências da sua responsabilidade ocorridas durante o internamento, assim como de quaisquer complicações dos tratamentos instituídos, identificadas no período de dois meses após a alta”.

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Nos termos dos n.ºs 79 e 80 da Parte V do Regulamento do SIGIC, o agendamento das cirurgias deve ocorrer até ao limite de 50 % e 75 % do tempo de espera, respetivamente se os utentes estiverem classificados com nível 2 e nível 1.

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Mod.016_01 95. Refira-se, ainda, que as UHGIC ficam integradas nos hospitais, competindo-lhes:

a) Zelar pelo cumprimento das normas aplicáveis à LIC e respetivo Regulamento;

g) Prever e identificar os casos dos utentes que deverão ser transferidos para outra unidade prestadora de cuidados de saúde […] – cfr. § 54.º e 56.º do Regulamento.

96. As URGIC ficam integradas nas Administrações Regionais de Saúde, competindo-lhes: a) Monitorizar, avaliar e controlar a evolução de inscritos para cirurgia nas

unidades hospitalares, designadamente os tempos de espera;

j) Autorizar a emissão de vales cirurgia para a realização de procedimentos cirúrgicos propostos pelo HD, quando sejam complementares de procedimentos cirúrgicos realizados anteriormente, após auscultação do HO;

m) Decidir nas situações em que se verifiquem conflitos entre HO e HD;

n) Verificar se a facturação emitida pelas entidades convencionadas corresponde à actividade realizada no âmbito dos vales cirurgia […] – cfr. § 50.º e § 52.º do Regulamento.

97. Ainda, a UCGIC fica integrada na ACSS, competindo-lhe:

j) Selecionar os utentes a transferir e garantir o cumprimento e monitorização dos protocolos de transferência definidos por parte dos restantes intervenientes;

l) Emitir e enviar vales cirurgia;

m) Autorizar o […] HD a elaborar propostas cirúrgicas e a realizar os procedimentos que lhes correspondam – cfr. § 47.º e 49.º do Regulamento. […]”.

III.3 O direito de acesso à informação de saúde

98. Como referido, a proteção que o ordenamento jurídico confere à informação de saúde visa assegurar a integridade desta informação, bem como, a reserva da vida privada do utente e o seu direito de impedir a sua difusão e divulgação ou o acesso não autorizado de terceiros.

Referências

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