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DINÂMICA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA E IMPLICAÇÕES PARA A PREVIDÊNCIA SOCIAL

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DINÂMICA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA E IMPLICAÇÕES

PARA A PREVIDÊNCIA SOCIAL

Ana Amélia Camarano* Solange Kanso**

1 INTRODUÇÃO

Considera-se que o alongamento da vida ou das vidas é uma das conquistas sociais mais importantes do século XX. Na verdade, atingir idades avançadas não é um fato novo na História. O que existe de novo é o aumento da esperança de vida ao nascer, o que resulta em que mais pessoas atinjam idades avançadas. Por exemplo, em 1980, de 100 crianças brasileiras do sexo feminino, 22 completavam 80 anos. Em 2000, esse número dobrou (CAMARANO, 2004). A grande responsável por isso

foi a queda da mortalidade em todas as idades. É uma conquista que merece ser comemorada. Mas nem todas as visões sobre esse fenômeno são de comemoração.1 Isso se dá em parte pelo fato de que paralelamente à queda da mortalidade assiste-se no Brasil, desde o final dos anos 1960, a uma diminuição acentuada nos níveis de fecundidade. Duas conseqüências desses dois processos já se fazem notar: uma redução nas taxas de crescimento da população como um todo e mudanças expressivas na estrutura etária no sentido do envelhecimento. Isso significa uma alteração na proporção dos diversos grupos etários no total da população. Por exemplo, em 1940, a população idosa2 representava 4,1% da população total bra-sileira e passou a representar 8,6% em 2000. Em números absolutos, esse contin-gente aumentou de 1,7 milhão para 14,5 milhões no mesmo período. Por outro

* Coordenadora de População e Cidadania da Diretoria de Estudos Macroeconômicos do Ipea. ** Pesquisadora da Diretoria de Estudos Macroeconômicos do Ipea.

1. Para uma visão das várias perspectivas sobre a questão do envelhecimento populacional, ver, entre outros, Camarano e Pasinato (2004) e Llyod Sherlock (2004).

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lado, diminuiu a proporção da população jovem. Essa tendência acentuar-se-á nas próximas décadas.

Uma das preocupações apontadas na literatura com relação a esse processo diz respeito ao crescimento acentuado de um segmento populacional considerado inativo ou dependente vis-à-vis a um encolhimento do segmento ativo ou produ-tivo. Preocupação semelhante fez parte da agenda de estudos acadêmicos e formuladores de políticas décadas atrás, quando o foco era a fecundidade elevada e a alta proporção de jovens. O resultado foi a difusão de políticas e práticas antinatalistas em quase todo o mundo. Na verdade, a preocupação de hoje é com essas crianças e jovens, baby boomers, que estão envelhecendo e se tornando os elderly boomers, sendo substituídos por coortes menores.

A alta fecundidade do passado, aliada à redução da mortalidade, resulta num crescimento elevado desse contingente nos próximos 30 anos, ou seja, enquanto durar a “onda idosa”. Além disso, crescerá mais a população muito idosa, isto é, a de 80 anos e mais. Isso coloca várias questões na agenda. Neste capítulo, as per-guntas consideradas são: até quando a população idosa irá crescer a taxas elevadas? Haverá um limite para a redução da mortalidade nas idades avançadas? Como esses processos demográficos afetarão a oferta potencial de contribuintes para o sistema previdenciário e a demanda por benefícios previdenciários e/ou de assis-tência social por idade avançada e de pensões por morte?

O objetivo deste capítulo é analisar a dinâmica demográfica recente da po-pulação brasileira e formular um cenário prospectivo a respeito dos componentes dessa dinâmica. A partir dele, será elaborada uma projeção para a população em idade ativa, potencial contribuinte de um sistema de seguridade social, e para a população idosa, potencial beneficiária, desagregada por sexo e grupos qüinqüenais de idade para o período 2000-2030. As informações utilizadas são provenientes dos Censos Demográficos de 1980, 1991 e 2000, do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM/Datasus) do Ministério da Saúde e do Ministério da Previdência Social (MPAS).

O capítulo está dividido em sete seções, sendo a primeira esta introdução. Na segunda, apresenta-se uma visão geral das tendências de crescimento da população brasileira e dos componentes desse crescimento (fecundidade, mortalidade e mi-grações internacionais). A terceira descreve as características e os movimentos da população em idade ativa em direção ao mercado de trabalho. A quarta destaca a dinâmica de crescimento da população idosa. Nesse caso, considerando-se que os idosos dos próximos 60 anos já nasceram, essa dinâmica vai depender fundamen-talmente da redução da mortalidade, em especial, nas idades avançadas. Levando-se

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isso em conta, a referida seção analisa as perspectivas de continuação da redução da mortalidade nas idades avançadas, através de uma metodologia de causas de morte evitáveis. Nupcialidade é uma variável demográfica importante para o deli-neamento dos beneficiários da seguridade social, no caso, as pensões por morte. Dado isso, a quinta seção analisa as tendências da nupcialidade da população brasileira no período 1980-2000, através da sua composição e seus padrões. As perspectivas de crescimento e a composição por sexo e idade da população em idade ativa e idosa entre 2000 e 2030 encontram-se na sexta seção. E por fim, são tecidos alguns comentários tendo-se em vista as perspectivas de uma política de renda para os novos idosos do futuro.

2 A DINÂMICA DEMOGRÁFICA RECENTE

2.1 O ritmo de crescimento populacional e a estrutura etária

Já foi mostrado em outros trabalhos que a população brasileira atingiu as suas maiores taxas de crescimento no período 1950-1970, em torno de 3,0% ao ano (a.a.).3 A partir daí, essas taxas passaram a experimentar um declínio acentuado, tendo alcançado 1,6% a.a. na década de 1990 (ver tabela 1). Esse declínio foi resultado da redução acentuada da fecundidade, iniciada na segunda metade dos anos 1960, conforme se pode ver no gráfico 1. Em 40 anos, a fecundidade das mulheres brasileiras reduziu-se quase à metade, atingindo o nível de reposição4 no qüinqüênio 2000-2005. Nessas últimas décadas, a taxa de fecundidade passou de aproximadamente 6,0 filhos por mulher para 2,1. As perspectivas apontadas pela

3. Isto é, considerando-se o período em que existem dados, ver, por exemplo, Beltrão, Camarano e Kanso (2004) e Ipea (2006). 4. Uma população atinge o seu nível de reposição quando a fecundidade e a mortalidade alcançam valores que resultarão, no médio prazo, em uma taxa de crescimento igual a 0. Ou seja, a população simplesmente se repõe. Dadas as taxas de mortalidade vigentes na população brasileira, estimou-se que esse nível será alcançado quando a taxa de fecundidade total for igual a 2,14. Apesar de a população ainda estar crescendo, esse ritmo é decrescente. Os reflexos dessas medidas levam o tempo ou a duração de uma geração para que a população apresente uma taxa de crescimento igual a 0.

TABELA 1

Taxas de crescimento observada e intrínseca da população brasileira

(Em %)

Período Intrínseca total Observada população total Observada população idosa

1970-1980 2,05 2,48 4,30

1980-1990 0,98 1,93 3,66

1990-2000 0,70 1,63 3,44

Fonte: IBGE/Censos Demográficos de 1970, 1980, 1991 e 2000. Elaboração: Ipea.

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taxa intrínseca de crescimento,5 na tabela 1, são de que, no médio prazo, a taxa de crescimento populacional tenderá a valores próximos a 0,5% a.a. Ou seja, a ten-dência de redução acelerada do crescimento populacional já está embutida na dinâmica atual da população brasileira.

O resultado final da dinâmica demográfica descrita anteriormente foi um contingente populacional de 170 milhões de brasileiros detectados pelo Censo Demográfico de 2000 e o fato de o Brasil ter deixado de ser um país de jovens (ver gráfico 2). A alta fecundidade observada nos anos de 1950 e 1960, período co-nhecido como baby boom, e a redução da mortalidade em todas as idades em

5. A taxa intrínseca é a taxa de crescimento que será observada caso a taxa de fecundidade total do qüinqüênio 1995-2000 se mantenha constante por aproximadamente 30 anos. Ela sinaliza a direção das taxas de crescimento.

GRÁFICO 1

Brasil: taxa de fecundidade total da população

7 4 2 5 3 1 0

Fontes: IBGE/Censos Demográficos de 1980,1991 e 2000 e Pnad de 2005. Elaboração: Ipea.

1930-1935 1940-1945 1950-1955 1960-1965 1970-1975 1981-1986 1990-1995 1995-2000 2000-2005

6

GRÁFICO 2

Brasil: distribuição etária e por sexo da população

80 e + 65-69 45-49 50-54 55-59 70-74 60-64 40-44 35-39

Fonte: IBGE/Censos Demográficos de 1950 e 2000. Elaboração: Ipea. 0,10 0,08 0,06 0,04 0,02 0,0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 75-79 (Em anos) 30-34 20-24 25-29 15-19 10-14 5-9 0-4

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curso no país desde esse período foram responsáveis pelo ritmo de crescimento relativamente elevado dessa população vis-à-vis ao dos demais grupos etários. Esses processos alteraram a composição etária e contribuíram de forma significativa para o processo de envelhecimento populacional.

Sob o ponto de vista demográfico, o envelhecimento populacional é o resultado da manutenção, por um período razoavelmente longo, de taxas de crescimento da população idosa superiores às da população mais jovem. Isto implica uma mu-dança nos pesos dos diversos grupos etários no total da população. A proporção da população de 60 anos e mais no total da população brasileira passou de 4,1% em 1940 para 8,6% em 2000. No entanto, o processo do envelhecimento é muito mais amplo do que uma modificação de pesos de uma determinada população, dado que altera a vida dos indivíduos, as estruturas familiares e a demanda por políticas públicas, e afeta a distribuição de recursos na sociedade. No caso deste trabalho, a questão colocada é como a dinâmica demográfica recente pode afetar a oferta de contribuintes e a demanda por benefícios da seguridade social.

O envelhecimento populacional é ocasionado sobretudo pela queda da fecundidade, que leva a uma redução na proporção da população jovem e a um conseqüente aumento na proporção da população idosa. Isso resulta num processo conhecido como envelhecimento pela base. A redução da mortalidade infantil acarreta um rejuvenescimento da população, dada uma sobrevivência maior das crianças. Por outro lado, a diminuição da mortalidade nas idades mais avançadas contribui para que esse segmento populacional, que passou a ser mais representativo no total da população, sobreviva por períodos mais longos, resultando no envelheci-mento pelo topo. Este altera a composição etária dentro do próprio grupo, ou seja, a população idosa também envelheceu (CAMARANO; KANSO; MELLO, 2004a). Em

2000, a proporção da população “mais idosa”, de 80 anos e mais, representava 12,6% do total da população idosa. Observa-se que o envelhecimento pelo topo foi mais expressivo entre as mulheres, dada a maior mortalidade masculina.

Como já se mencionou, o envelhecimento ocorre porque a população idosa apresenta taxas de crescimento mais elevadas, se comparada a outros segmentos populacionais. Registrou a sua maior taxa entre as décadas de 1970 e 1980, em torno de 4,3% a.a., conforme se pode ver na tabela 1. Nos anos seguintes, o seu ritmo foi ligeiramente menor, mas expressivamente maior do que o da população brasileira. A tendência de queda continuou ao longo do período considerado.

As perspectivas que se colocam para o médio prazo são a de continuação do processo de envelhecimento populacional. Os idosos dos próximos 30 anos já nasceram – e nasceram num regime de fecundidade elevada – e se beneficiaram,

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principalmente, da redução da mortalidade infanto-juvenil. As taxas de mortali-dade da população idosa vão desempenhar um papel importante na dinâmica de crescimento desse segmento e sobretudo da população “muito idosa”. Essas são dependentes do avanço da tecnologia médica e do acesso aos serviços de saúde.

2.2 Mortalidade

Uma das maiores conquistas sociais das últimas décadas foi o aumento da espe-rança de vida às várias idades, como resultado da queda acentuada na mortalidade observada em todos os grupos etários; desde o período intra-uterino até as idades mais avançadas. Além da redução nos seus níveis, a mortalidade apresentou mu-danças em seu padrão de causas, em que as doenças crônico-degenerativas, mais freqüentes na população idosa, passaram a ter uma importância maior diante das causas que afetavam a população infantil, tais como as infecto-parasitárias.

Para medir os níveis de mortalidade, costuma-se utilizar a esperança de vida ao nascer. É um indicador sintético e apresenta o número de anos que se espera que um recém-nascido viva segundo as condições vigentes de mortalidade. A tabela 2 apresenta os valores da esperança de vida ao nascer, aos 15 e aos 60 anos por sexo em 1980, 1991, 2000 e 2005. A esperança de vida ao nascer aumentou para ambos os sexos, em maior intensidade entre as mulheres. Estas apresentavam, em 2005, um valor 6,3 anos mais elevado que o observado para a população masculina. Os diferenciais entre os sexos cresceram ao longo do período analisado, devido, principalmente, ao aumento da mortalidade da população adulta jovem masculina por causas violentas. No período considerado, a esperança de vida ao nascer dos homens brasileiros passou de 59,2 anos para 68,3, e a das mulheres aumentou de 65,5 para 74,6 anos.

TABELA 2

Esperança de vida ao nascer, aos 15 anos e aos 60 anos por sexo da população brasileira

E0 E15 E60

Ano

Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres

1980 59,18 65,51 51,27 57,11 15,38 17,80

1991 63,38 71,49 52,59 60,05 16,73 19,81

2000 67,16 74,83 54,48 61,97 17,96 21,32

2005a 68,33 74,59 55,23 61,27 19,33 22,06

Fontes: IBGE/Censo Demográfico de 1980, 1991 e 2000 e Ministério da Saúde/SIM. Elaboração: Ipea.

a

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O aumento da esperança de vida ocorreu para todas as idades. Alguns exemplos podem ser vistos na tabela 2, como a esperança de vida ao nascer, ao início da vida ativa, aos 16 anos e aos 60 anos. Pode-se observar ganhos em todos esses três momentos da vida para ambos os sexos, mas que beneficiaram mais as mulheres. Em 2005, a esperança de vida feminina aos 16 anos foi maior que a masculina em aproximadamente seis anos; e aos 60 anos, em cerca de três anos.

A tabela 3 apresenta os valores das esperanças de vida ao nascer, aos 15 anos e aos 60 anos por sexo para o Brasil e para alguns países. Todos os países conside-rados apresentam esperanças de vida mais altas que o Brasil. Com exceção da Costa Rica, as mulheres desses países experimentam valores superiores a 80 anos. Os maiores valores são encontrados no Japão, na Suécia e na Espanha. A diferença nos valores observados entre o Brasil e o Japão foi de 10,3 anos para os homens e de 11,0 anos para as mulheres. Mesmo na América Latina, as diferenças entre o Brasil e os dois países aqui mostrados são expressivas. Por exemplo, a população masculina da Costa Rica no período 1990-1995 tinha uma esperança de vida 4,6 anos mais elevada que a brasileira. Entre as mulheres, a diferença foi de cerca de três anos. Os diferenciais decrescem com a idade, mas mantêm a mesma direção. Pode-se verificar que aos 60 anos os valores da esperança de vida das mulheres brasileiras e costarriquenhas são muito semelhantes. Por outro lado, é de 5,6 anos o diferencial nesse indicador entre as mulheres japonesas e as brasileiras.

A queda da mortalidade da população brasileira não se deu de forma homo-gênea entre os vários grupos etários e veio acompanhada por mudanças no processo

TABELA 3

Esperança de vida ao nascer, aos 15 anos e aos 60 anos por sexo: vários países

E0 E15 E60

Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres

Brasil (2005) 68,33 74,59 55,23 61,27 19,33 22,06 Japão (2004) 78,60 85,60 64,00 70,90 22,20 27,70 Espanha (2001-2002) 76,30 83,00 61,80 68,50 20,70 25,20 Suécia (2004) 78,40 82,70 63,70 68,00 21,40 24,80 Chile (2001-2002) 74,40 80,40 60,40 66,30 20,10 23,70 Costa Rica (1990-1995) 72,90 77,60 59,80 64,10 18,80 21,90

Fontes: United Nations (2004), IBGE/Censo Demográfico de 1980, 1991 e 2000 e Ministério da Saúde/SIM. Elaboração: Ipea.

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de morbimortalidade. Já foi constatada em outros trabalhos (ver, por exemplo,

BELTRÃO; CAMARANO; KANSO, 2004; IPEA, 2006) uma redução relativa mais expressiva

nas taxas de mortalidade do grupo etário de 1 a 4 anos, seguida da referente à população menor de 1 ano e do grupo de 5 a 9 anos. Os únicos grupos etários que não experimentaram queda foram aqueles compreendidos entre 15 e 24 anos para a população masculina, cujas taxas aumentaram em decorrência do crescimento da mortalidade por causas externas. Doenças como as infecto-parasitárias deixaram de ser predominantes entre as causas de mortalidade, e doenças crônico-degenerativas e violência passaram a ser as principais causas.

Dado o interesse deste trabalho pelos dois grupos populacionais – potenciais contribuintes e potenciais beneficiários –, a análise das causas de morte contem-plará os grupos etários de 15 a 59 anos e 60 anos e mais, desagregados por sexo. As diferenças entre os dois sexos nas taxas de mortalidade são parcialmente explicadas pelas causas de morte. O maior diferencial está no primeiro desses dois grupos e se deve às taxas de mortalidade por causas violentas, seguidas pelas doenças cardiovasculares.

A principal causa de morte da população em idade ativa do sexo masculino foram as doenças cardiovasculares, seguidas pelas causas externas. As doenças do aparelho circulatório compreendem as isquêmicas e cerebrovasculares. Causas externas incluem homicídios, acidentes de trânsito, de trabalho, entre outras. Em 1980, os dois primeiros grupos de causas foram responsáveis por 21,0% e 16,5%, respectivamente, do total de óbitos desse grupo e, em 2000, cada uma delas por aproximadamente 19%. Como já se mencionou, o perfil de causas de morte é bastante afetado pelo perfil etário. As primeiras atingem mais a população em idades avançadas; e as segundas, o grupo mais jovem. Os gráficos 3 e 4 apresentam

GRÁFICO 3

Distribuição proporcional dos óbitos da população masculina de 16 anos e mais por determinadas causas

90 60 40 70 50 30 20

Fonte: Ministério da Saúde/SIM. Elaboração: Ipea.

Homicídios (1980) Doenças do aparelho circulatório (1980) Causas externas (1980) 80

10 0

Homicídios (2000) Doenças do aparelho circulatório (2000) Causas externas (2000)

16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 72 76 80 e

+ 70 74 78

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a distribuição proporcional dos óbitos por causas externas e doenças do aparelho circulatório em relação ao total de óbitos por idade individual nos anos de 1980 e 2000 para homens e mulheres, respectivamente. Entre os homens, foram destacadas as proporções de óbitos por homicídios.

Nos dois anos considerados para os homens, as principais causas de morte do grupo populacional com idade entre 16 e 47 anos foram as causas externas, destacando-se os homicídios como a principal desse grupo. A maior proporção de óbitos por homicídios foi registrada entre as idades de 20 e 22 anos nos dois anos considerados. Em 1980, estes foram responsáveis por 21,3% dos óbitos desse grupo de idade, e, em 2000, a referida proporção mais que dobrou – passou para 48,9%. A proporção de mortes por doenças do aparelho circulatório cresceu com a idade e passou a ser a mais importante causa de morte a partir dos 35 anos em 1980 e dos 42 em 2000. Enquanto a proporção de óbitos por homicídios aumentou em todas as idades entre os dois anos considerados, a por doenças cardiovasculares diminuiu. O padrão de mortalidade feminino é bastante diferente do masculino, con-forme mostra o gráfico 4. É menos afetado pelas causas externas, muito embora a proporção de óbitos por essa causa tenha crescido no período, devido ao aumento da proporção de óbitos por homicídios (IPEA, 2006). Elas figuraram entre as cinco

principais causas desse grupo populacional, mas as primeiras foram as doenças do aparelho circulatório. Entre estas, sobressaíram as mortes por doenças cerebrovasculares, diferentemente do verificado para os homens, mas em proporção declinante. A proporção de mortes por essas causas se reduziu de 23,8% para 20,9% entre 1980 e 2000 (IPEA, 2006). Tanto em 1980 quanto em 2000, as causas externas foram as

mais importantes até os 36 anos, entre as duas consideradas.

GRÁFICO 4

Distribuição proporcional dos óbitos da população feminina de 16 anos e mais por determinadas causas 90 60 40 70 50 30 20 80 10 0

Fonte: Ministério da Saúde/SIM. Elaboração: Ipea.

Causas externas (1980) Doenças do aparelho circulatório (1980)

Causas externas (2000) Doenças do aparelho circulatório (2000)

16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 72 76 80 e

+ 70 74 78

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2.3 Migrações internacionais

As migrações internacionais desempenharam um papel importante na dinâmica demográfica brasileira entre 1872 e 1930. A partir daí, os estudos demográficos passaram a considerar a população brasileira como fechada até os anos 1980. Os resultados do Censo Demográfico de 1991 sinalizaram para um saldo líquido migratório negativo ocorrido na década de 1980. Esse movimento perdurou nos anos 1990.

Foi estimado um saldo líquido negativo de aproximadamente 1,9 milhão de pessoas para a década de 1980 e de 700 mil para os anos 1990 (ver IPEA, 2006).

Em termos de impacto no crescimento da população brasileira, o efeito provocado por esse fluxo é muito pequeno: menos de 1% da população em 1990 e menos de 0,5% em 2000. No entanto, as estimativas dizem respeito apenas aos grupos etários de 15 a 34 anos, pois as referentes às demais idades não foram consideradas esta-tisticamente significativas. Nos anos 1980, as mais elevadas taxas foram observadas para o grupo etário de 20 a 24 anos tanto para homens quanto para mulheres. Esse fluxo foi responsável por 5,0% da população masculina desse grupo de idade e 3,5% do feminino. Na década de 1990, observaram-se um decréscimo nas taxas de todas as idades e um deslocamento do ponto de máximo para o grupo de 25 a 29 anos. Nos anos 1980, predominaram os homens e, nos 1990, as mulheres. O aumento da emigração feminina ocorreu, principalmente, nos fluxos dirigidos para a Europa. Apesar das dificuldades nas informações, Azevedo (2004), apud Rios-Neto (2005) mostrou que os principais destinos dos emigrantes brasileiros são Estados Unidos, Paraguai e Japão. Cresceu o fluxo que se dirigia a Portugal, Espanha e Inglaterra.

Embora o volume de emigrantes brasileiros não seja expressivo quando com-parado ao total da população brasileira, esse processo, além de ser seletivo quanto à idade, é também quanto ao nível educacional. Ou seja, pode estar implicando perdas de contingentes de jovens brasileiros qualificados para países desenvolvidos, onde a população economicamente ativa (PEA) vem se reduzindo (RIOS-NETO,

2005). Por outro lado, esses migrantes devem aportar uma contribuição expressiva, inclusive previdenciária, nos países onde estão residindo.

Outra questão a ser considerada diz respeito à geração de renda quando da perda de capacidade laboral desses emigrantes internacionais. As diferenças entre os sistemas previdenciários dos vários países impedem um consenso numa política que garanta proteção social efetiva aos migrantes, independentemente do local de residência. Além de não carregarem sua história previdenciária, as regras são bas-tante dinâmicas e divergentes. Segundo Schwarzer e Passos (2004), os problemas

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são maiores nas regiões de fronteira, dado que os migrantes encontram-se em situações diversas de residência, vínculos empregatícios, relações familiares etc.6

Sumarizando, a questão da imigração internacional é bastante complexa e envolve questões relevantes como sistemas de previdência, direitos humanos, regulação governamental, família etc.

3 O SEGMENTO POPULACIONAL ATIVO

3.1 A população em idade ativa (PIA)

Em trabalho anterior, definiu-se como PIA a de 16 anos e mais (ver IPEA, 2006).

Numa população fechada, o volume de entradas nessa categoria reflete, principal-mente, o número de nascimentos ocorridos 16 anos antes, descontada a mortali-dade nessas imortali-dades. Em geral, essa taxa a partir dos cinco anos de imortali-dade não é expressiva. O número de nascimentos, por sua vez, depende das taxas de fecundidade e do número de mulheres em idade reprodutiva no período corres-pondente. Isso explica por que as taxas de crescimento desse segmento populacional ainda são relativamente altas, apesar da tendência de queda nas duas últimas décadas. Uma variação nessa população no curto prazo é dada pela mortalidade, cujas taxas são geralmente muito baixas nessas idades, sobretudo entre as mulheres. O gráfico 5 mostra que as taxas de mortalidade da população masculina de 16 a 24 anos cresceram entre 1980 e 2000, o que se deve à mortalidade por causas externas. Mostra, também, que a maior redução nas taxas de mortalidade ocorreu entre as mulheres, principalmente no grupo etário de 25 a 38 anos. No caso da população masculina, o maior decréscimo foi verificado entre o grupo maior de 40 anos.

Na tabela 4, encontram-se as taxas anuais de crescimento do segmento populacional em idade ativa desagregada em alguns subgrupos e comparadas às da população idosa, também considerada ativa.7 Nos três períodos considerados, foi a população maior de 60 anos que mostrou a mais elevada taxa de crescimento. A menor de 15 anos apresentou o mais baixo ritmo de crescimento, sendo este,

6. Em relação a essa questão, o MPAS possui acordos internacionais com dez países, a saber: Argentina, Chile, Espanha, Grécia, Itália, Portugal, Cabo Verde, Luxemburgo, Paraguai e Uruguai. Esse tipo de acordo conserva os direitos dos contribuintes, como se a contribuição previdenciária fosse feita no país de origem. Os acordos garantem os direitos de seguridade social previstos nas legislações dos diversos países aos respectivos trabalhadores e seus dependentes legais que estejam residindo ou em trânsito nos países signatários. Os beneficiários que utilizam os acordos internacionais têm aposentadoria paga pelos dois países, proporcionalmente ao tempo contribuído: um período pelo país de origem e o outro pelo país em que a pessoa exerceu alguma atividade profissional. Caso o trabalhador se desloque para outro país a trabalho, por tempo determinado, é concedido o Certificado de Deslocamento Temporário, que permite ao cidadão continuar contribuindo para a previdência do país de origem (MPAS).

7. Isso se deve ao fato de o levantamento de informações oficiais não considerar um limite etário máximo para a participação nas atividades econômicas.

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inclusive, negativo no último período, dada a queda da fecundidade. Esse menor crescimento já está afetando o crescimento dos vários grupos que compõem a PIA. Com exceção dos anos 1970, as taxas de crescimento da população de 40 a 59 anos foram mais elevadas que as do grupo de 15 a 39 anos, tendência que deverá se manter no médio prazo, o que resultará num envelhecimento da popu-lação em idade ativa;8 e no longo prazo, na sua redução.

Em suma, a questão que se coloca não é a do crescimento a taxas elevadas de um segmento considerado “dependente”, mas o fato de que este acontece num contexto de crescimento reduzido da PIA. Do ponto de vista de um sistema de seguridade social, mais do que a PIA, o que importa é a população que está realmente

TABELA 4

Taxas de crescimento anuais da população brasileira segundo grupos etários

1970-1980 1980-1991 1991-2000 < 15 1,50 1,04 –0,16 15-39 3,09 2,20 1,91 40-59 2,84 2,59 3,47 60 e + 4,34 3,66 3,44 Total 2,48 1,93 1,63

Fonte: IBGE/Censos Demográficos de 1970, 1980, 1991 e 2000. Elaboração: Ipea.

8. Além da pirâmide etária, outro indicador que ilustra esse processo é a idade média da PIA, que aumentou em 1,9 ano nos últimos 20 anos. Em 1980 foi de 35,2 anos e passou para 37,1 anos em 2000 (ver IPEA, 2006).

GRÁFICO 5

Brasil: taxas específicas de mortalidade da população por sexo

(Escala log)

1,00

0,00 0,01

0,00

Fontes: IBGE/Censo Demográfico de 1980 e 2000 e Ministério da Saúde/SIM. Elaboração: Ipea. 0,10 Homens (2000) Homens (1980) Mulheres (2000) Mulheres (1980) 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 72 76 80 e + 70 74 78

(13)

participando do mercado de trabalho e do mercado formal de trabalho. Esta de-pende da primeira e, também, da dinâmica do mercado de trabalho. Pode-se dizer que no caso brasileiro, ao contrário dos europeus, a informalização do mercado de trabalho tem tido um impacto negativo mais expressivo na equação previdenciária do que a dinâmica demográfica. Além disso, a baixa formalização certamente comprometerá a possibilidade de aposentadoria para os idosos do fu-turo, haja vista as duas últimas reformas previdenciárias.

Entre os homens que tinham de 40 a 60 anos em 2005, 85,5% trabalhavam e 45,5% contribuíam para a seguridade social. As proporções comparáveis para mulheres foram de 59,1% e 28,5%. Não se sabe por quanto tempo essas pessoas estão contribuindo, mas é difícil esperar que consigam contribuir por 30 anos (se mulher) e 35 anos (se homem) para a aposentadoria por tempo de contribuição, ou 15 anos para a aposentadoria por idade, como requer a Emenda Constitucional 20. As perspectivas quanto à possibilidade de uma aposentadoria para os idosos dos próximos 20 anos não são promissoras, e são menores ainda para as gerações que têm hoje de 20 a 40 anos. Em 2005, aproximadamente 10% da população maior de 65 anos recebiam o Beneficio de Prestação Continuada por Idade Avançada ou a antiga Renda Mensal Vitalícia.9 Dado que 63,6% da população de 40 a 59 anos não contribuía para a seguridade social naquele ano, a demanda por esse tipo de beneficio tende a crescer. Dificilmente a assistência social terá capacidade fiscal para garantir renda para esse segmento elevado da população, hoje desempregado e no setor informal, quando perder a sua capacidade laboral.

3.2 A população economicamente ativa e seus movimentos

O total da PEA é função da PIA e das taxas de atividade, ou seja, em quanto e quando (idade) as pessoas efetivamente participam das atividades econômicas. Estas variam por sexo e idade. Em outras palavras, são determinadas pelas taxas de ingresso e de saída do mercado de trabalho. Estas últimas podem ocorrer por mortes e por outras razões, como, por exemplo, a aposentadoria, e, no caso das mulheres, o casamento ou a maternidade. Num contexto de baixo crescimento demográfico, o crescimento da PEA pode ocorrer através do estímulo à entrada mais cedo e/ou à saída mais tarde. No entanto, a tendência observada em quase todo o mundo é contrária a essa (ver DURAND, 1975; OECD, 2006). As mudanças

no mundo do trabalho estão requerendo cada vez mais mão-de-obra com escola-ridade elevada o que explica a entrada mais tarde. Por outro lado, os avanços na tecnologia médica e o maior acesso aos serviços de saúde estão contribuindo para

(14)

um envelhecimento ativo e mais saudável. Ou seja, é difícil pensar numa anteci-pação da idade à entrada, mas é factível pensar no adiamento da idade à saída. Isso significa não apenas alterar a idade mínima à aposentadoria, mas, também, me-lhorar as perspectivas de inserção profissional dos trabalhadores idosos.

O gráfico 6 apresenta as taxas de entrada e retiro por morte e retiro profissional da população masculina brasileira entre 1980 e 2000.10 Observa-se uma redução nas taxas de entrada em todas as idades, com exceção das idades de 17 a 19 anos. Esse decréscimo se intensificou a partir dos 22 anos. Para 1980, assumiu-se que as entradas ocorreriam apenas até os 30 anos e, para 2000, até 31 anos. Além disso, foi visto que a entrada na PEA entre 1980 e 2000 passou a ocorrer mais tarde. A idade média a esse evento aumentou de 16,0 para 16,6 anos (ver IPEA, 2006). Por

outro lado, as taxas de retiro profissional aumentaram entre 1980 e 2000 nas idades de 43 a 64 anos, mas não afetaram, de maneira geral, as idades médias à aposentadoria. Do total de fluxo de aposentados de 1980, aproximadamente 1/3 tinha menos de 60 anos. Em 2000, essa proporção declinou para cerca de 30%, conforme mostra a tabela 5. Verifica-se entre os homens a maior proporção dos aposentados “precocemente”, o que pode estar relacionado ao tipo de aposenta-doria. A tabela 6 mostra que entre as mulheres encontra-se uma proporção mais elevada de aposentadorias por idade, de valor mais baixo, e entre os homens uma proporção mais elevada de beneficiários por tempo de contribuição, que são os de valores mais altos. Ressalta-se que nesse conjunto de benefícios não estão incluídos as aposentadorias do setor público e os benefícios de prestação continuada por idade avançada (assistência social).

10. Essas taxas foram obtidas por meio da metodologia de tabelas de vida ativa apresentadas em Ipea (2006). GRÁFICO 6

Taxas de entrada e saída da população masculina nas atividades econômicas ao longo do ciclo de vida (Em %) 30 15 5 20 10 – Fonte: Ipea (2006, p. 99). 25

Entradas (1980) Mortes (1980) Retiro (1980) Entradas (2000) Mortes (2000) Retiro (2000)

16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 72 76 80 e

+ 70 74 78

(15)

TABELA 5

Distribuição proporcional da população brasileira aposentada por idade segundo o sexo

1980 2000

Idade

Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total

Até 60 35,73 28,64 33,07 30,87 28,25 29,69 60-64 12,47 13,46 12,84 16,91 17,69 17,26 65-69 20,11 18,10 19,36 17,47 17,94 17,68 70-74 15,47 16,61 15,90 15,53 15,34 15,45 75-79 9,98 12,81 11,04 10,10 9,99 10,05 80 e + 6,23 10,38 7,79 9,12 10,78 9,87

Fonte dos dados brutos: IBGE/Censo Demográfico de 1980 e 2000 e Pnads de 1981 e 2001.

Na tabela 6, encontram-se as idades médias quando da concessão dos bene-fícios mantidos em 1993 e 2003. Em geral, nos dois anos considerados, os homens se aposentavam mais cedo que as mulheres. A diferença foi de 2,9 anos em 1993 e se reduziu para 2,3 em 2003. Isso reflete um efeito composição, pois as mulheres

TABELA 6

Distribuição proporcional dos benefícios e idade média à aposentadoriaa da população brasileira por tipo segundo o sexo

1993 2003

Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total

Distribuição proporcional

Tempo de contribuição 44,67 11,48 31,12 45,50 15,03 31,70

Idade 27,88 65,91 43,40 33,76 67,56 49,07

Invalidez 27,46 22,61 25,48 20,74 17,41 19,23

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Idade média à aposentadoria

Tempo de contribuição 52,74 51,33 52,52 51,40 49,95 51,09 Idade 64,97 61,77 62,99 64,11 60,64 61,95 Invalidez 47,67 48,86 48,10 47,39 49,92 48,43 Totalb 54,79 57,68 55,97 54,86 57,17 55,90 Fonte: MPAS. a

Foram contabilizados os benefícios mantidos (estoque) na data de seu início (posição em dezembro de 1993 e 2003).

b

(16)

se aposentavam mais cedo, com exceção da categoria de aposentadoria por invalidez. Com exceção desse tipo de aposentadoria, a idade média à concessão dos demais tipos de benefícios se reduziu para ambos os sexos. A redução foi maior na idade à aposentadoria por tempo de contribuição: em torno de 1,3 ano para ambos os sexos. Embora essa seja uma tendência verificada em quase todos os países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD) –, ela ca-minha em direção contrária ao aumento da esperança de vida às idades avançadas. Um ponto a ser considerado é que ser aposentado no Brasil não significa, necessa-riamente, saída do mercado de trabalho. A legislação brasileira permite que o aposentado retorne a ao mercado sem qualquer restrição.

Até os 48 anos, as saídas da atividade econômica11 se deram principalmente por morte (gráfico 6). A partir daí, as taxas por outros motivos, tais como aposen-tadoria, passaram a ser mais elevadas. Em 2000, essa mudança ocorreu aos 45 anos. Isso pode ser explicado pela redução da mortalidade e pela maior cobertura da seguridade social. A redução das idades médias à aposentadoria por idade e tempo de contribuição corrobora esse resultado.

É fato reconhecido que o padrão de participação das mulheres na atividade econômica é bem diferente do dos homens, bem como o de mortalidade. A sua dinâmica no período também foi diferenciada, como pode ser visto no gráfico 7. Apesar do nível de participação mais baixo, as taxas femininas de ingresso cresceram em todas as idades, e o período de ingresso se prolongou até os 34 anos, limite esse bem mais elevado do que o estimado para 1980: 21 anos. Essas taxas sinalizam para uma continuação da tendência de crescimento da participação feminina.

Em 1980, desde os 21 anos as saídas por motivos outros que não morte foram mais freqüentes. Isso ocorreu mais tarde em 2000, a partir dos 38 anos. Em ambos os anos, aconteceu mais cedo do que para os homens, o que está associado à menor mortalidade feminina, especialmente no que diz respeito às causas externas e às saídas precoces do mercado de trabalho pela nupcialidade e/ou fecundidade. Como foi observado para os homens, as taxas de saída por morte da população feminina diminuíram no período considerado, e as por retiro profissional aumen-taram. O aumento das taxas de saída ocorreu a partir dos 45 anos, o que está associado a uma saída mais tardia, e levou a um aumento do tempo passado pelas mulheres na atividade econômica. As mulheres que estavam no mercado de trabalho em 1980 aí passavam aproximadamente 14,5 anos. Em 2000, esse tempo foi de

(17)

25,3 anos, tempo esse também afetado pelo maior ingresso de mulheres no mer-cado de trabalho, conforme será visto na tabela 7. Essa maior participação feminina implica repensar o sistema de pensões por morte, dado que o sistema vigente assume a mulher como a cuidadora dos membros dependentes da família.

3.3 Aposentadoria por invalidez

Os dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) indicam um crescimento nas concessões dos benefícios por invalidez (acidentárias e previdenciárias) de aproximadamente 40% entre 1993 e 2004 para os trabalhadores da iniciativa privada. Passaram a representar cerca de 20% do total das aposentadorias concedidas em 2004. Entre os servidores públicos da União, também foi observado um au-mento expressivo na proporção desse tipo de benefícios no conjunto de benefícios pagos. Entre 1994 e 2004, essa participação passou de 13,1% para 46,6%, apesar do declínio no número absoluto de 3,485 milhões para 3,401 milhões (TAFNER;

PESSOA; MENDONÇA, 2006). As mulheres receberam 38% dos benefícios concedidos

para os trabalhadores do setor privado e 45% dos concedidos aos do setor público. Esses dados sugerem, entre outros fatores, inadequação das condições de trabalho, bem como envelhecimento funcional precoce, que atinge mais os homens que as mulheres.

Em 2003, as principais doenças geradoras de concessões de benefícios por invalidez no setor privado foram as do aparelho circulatório, segundo o MPAS. Estas foram responsáveis por 34% do total de concessões. A seguir, colocaram-se as doenças do sistema osteomuscular, cuja proporção foi de 31%, e os transtornos mentais, que responderam por 15%. O número de benefícios por invalidez concedidos

GRÁFICO 7

Taxas de entrada e saída da população feminina nas atividades econômicas ao longo do ciclo de vida

(Em %)

Fonte: Ipea (2006, p.102).

Entradas (1980) Mortes (1980) Retiro (1980) Entradas (2000) Mortes (2000) Retiro (2000) 30 15 5 20 10 – 25 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 72 76 80 e + 70 74 78

(18)

devido a problemas relacionados ao sistema osteomuscular aumentou 46% entre 2000 e 2003. Passou de 26.514 casos para 38.723.

Uma medida aproximada do impacto que algumas doenças podem exercer na retirada da força de trabalho foi obtida como uma razão entre o número de pessoas aposentadas com idade compreendida entre 20 e 60 anos que experimen-tavam algumas das morbidades levantadas pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 1998 e 2003 e a PEA não-aposentada (ver IPEA, 2006). Essa

medida pode ser considerada uma proxy da probabilidade de que, dado que o indivíduo contraiu certa doença, ele se retire da força de trabalho, via aposentadoria. Entre os homens, esse indicador passou de 7,0% para 8,1% entre 1998 e 2003 e, entre as mulheres, oscilou entre 8,3% e 8,5%. As principais doenças, entre as pesquisadas, que afetaram tanto homens como mulheres aposentados, foram as do coração, as renais crônicas e as artrites. Com exceção dos problemas de coluna e costas e das doenças renais crônicas reportados pelos homens, as demais proba-bilidades apresentaram redução no período considerado. Isso pode apontar para uma melhora das condições de saúde da população trabalhadora ou, pelo menos, para um melhor convívio e adaptação às limitações impostas pelas doenças crônicas. Outra medida de impacto das aposentadorias precoces na saída da força de trabalho consiste na proporção de aposentados que não trabalhavam e reportaram sofrer de alguma das doenças crônicas em relação à PEA por sexo e idade, sendo apresentada no gráfico 8 (IPEA, 2006).Nos dois anos considerados, como esperado,

a proporção cresceu com a idade. Em 2003, foi 12 vezes maior entre os trabalha-dores do sexo masculino com mais de 55 anos do que entre os de 40 a 44 anos. Foi, também, duas vezes maior entre as mulheres do que entre os homens, princi-palmente a partir dos 45 anos. Entre as mulheres de 45 a 49 anos, a proporção

GRÁFICO 8

Proporção de aposentados de 20 a 60 anos que reportam sofrer de doenças crônicas em relação à PEA

(Em %) Fonte: Ipea (2006, p.101). 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 30 15 5 20 10 0 25 Mulheres (1998) Homens (1998) Mulheres (2003) Homens (2003)

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mencionada foi de 3,4% e passou para 27,4% entre as de 55 a 59 anos. Essas proporções decresceram entre 1998 e 2003, sugerindo melhoria nas condições de saúde.

Sintetizando, embora não se possa identificar uma tendência clara no com-portamento dos afastamentos precoces da PEA, foram observadas indicações de algumas modificações no perfil da morbidade ocupacional. Apesar dos avanços da tecnologia médica e de um maior acesso aos serviços de saúde, transformações no mercado de trabalho, nos processos produtivos e de prestação de serviços, a maior precarização das relações de trabalho, a entrada maciça das mulheres nas atividades econômicas, o envelhecimento populacional e, conseqüentemente, da PEA, podem resultar no envelhecimento precoce dos trabalhadores na ausência de avanços na saúde ocupacional que permitam uma melhor adaptação destes às novas demandas do processo produtivo. Por outro lado, há que se considerar que, independentemente das condições de trabalho, cada categoria ocupacional expe-rimenta o seu timing de envelhecimento funcional, o que deve ser levado em conta quando se classificam as saídas em “precoces” ou não.

3.4 Aposentadoria de “fato” e de “direito” (quem realmente se aposenta e quem continua no mercado de trabalho?)

Uma das tendências recentes em quase todo o mundo é a participação simultânea da população em mais de um evento, como, por exemplo, se aposentar e continuar trabalhando (MARTIN; PEARSON, 2005). Conforme se pode ver pelo gráfico 9, em

1980, a partir dos 53 anos, observou-se que pelo menos 5% dos homens brasileiros participavam do mercado de trabalho e, ao mesmo tempo, eram aposentados, simultaneidade esta que cresceu com a idade até os 67 anos. Vinte anos mais

GRÁFICO 9

Brasil: proporção da população que trabalha e é aposentada por sexo e idade

(Em %)

Fontes: IBGE/Censos Demográficos de 1980 e 2000 e Pnads de 1981 e 2001. Elaboração: Ipea. 35 15 5 20 10 – 25 30 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 72 74 76 80 e + 42

PEA e é aposentado – Mulheres (1980) PEA e é aposentado – Homens (1980)

PEA e é aposentado – Mulheres (2000) PEA e é aposentado – Homens (2000)

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tarde, essa simultaneidade começava aos 49 anos, ou seja, quatro anos mais cedo, dada a redução da idade de entrada na aposentadoria. Além disso, como já se mencionou, a legislação brasileira permite que o aposentado retorne ao mercado de trabalho, a não ser nos casos de aposentadoria por invalidez. O gráfico mostra, também, que em 1980, não havia mulheres brasileiras que combinavam partici-pação no mercado de trabalho e aposentadoria. Já em 2000, essa combinação de participação feminina seguiu o mesmo padrão da masculina de 1980. Iniciou-se aos 54 anos e se manteve acima de 5% até os 74 anos.12

3.5 Tempo passado na atividade econômica e na aposentadoria

O tempo (duração) que uma dada população passa na atividade econômica e na situação de beneficiário da seguridade social pode ser medido pela metodologia de tabela de vida ativa.13 Essa duração é afetada pelas taxas de atividade e de mor-talidade e pela proporção de aposentados. O efeito da mormor-talidade sobre esses tempos pode ser estimado aproximadamente pelo número (bruto ou líquido) de anos de vida ativa. O número bruto de anos só foi calculado para a participação no mercado de trabalho. Indica a permanência da população na atividade econômica na ausência da mortalidade, e o número líquido inclui o efeito dessa variável. A diferença entre esses dois indicadores permite medir o efeito redutor da mortali-dade sobre a duração da vida ativa. A tabela 7 mostra esses indicadores.

12. Foi considerado um valor mínimo de 5%. 13. Isso foi feito em trabalho anterior. Ver IPEA, 2006.

TABELA 7

Brasil: duração da vida ativa e da aposentadoria segundo o sexo

Duração da vida ativa aos 16 anos

Aos 16 anos Aos 50 anos

Bruto Líquido E16

Bruto-líquido E16-bruto E50 Duração da aposentadoria Proporção da aposen-tadoria na E50 (%) 1980 Homens 46,68 39,51 49,26 7,17 2,58 22,15 17,41 78,62 Mulheres 14,63 13,78 55,92 0,85 41,28 25,62 6,68 26,07 2000 Homens 44,15 38,43 52,45 5,72 8,30 25,07 19,86 79,19 Mulheres 25,61 24,65 60,54 0,96 34,93 29,42 10,66 36,23

Fontes: IBGE/Censos Demográficos de 1980 e 2000 e Ministério da Saúde/SIM. Elaboração: Ipea.

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Em 1980, na ausência da mortalidade, um homem aos 16 anos podia esperar passar 46,7 anos na atividade econômica; e as mulheres, 14,6. Na prática, essa duração é menor pelo efeito redutor da mortalidade precoce, que acontece antes do período estabelecido como o término da atividade econômica, tal como a idade mínima para a aposentadoria. Essa redução foi bem maior para os homens, 7,1 anos, do que para as mulheres, que foi de 0,8 ano. O fato de se ter estimado em 39,5 anos o número líquido de anos que um homem passa na atividade econômica sugere baixa cobertura previdenciária e/ou o retorno do aposentado ao mercado de trabalho, dado que o tempo de trabalho (ou contribuição) exigido para que um homem se aposentasse pela legislação previdenciária naquele ano era de 35 anos. A comparação entre a esperança de vida aos 16 anos e o número líquido de anos de vida ativa (coluna 5) permite inferir o tempo não dedicado à atividade econômica, motivado pelo retiro profissional ou ingresso tardio. As mulheres apresentaram um tempo muito maior da sua vida não dedicado à atividade econômica, 41,3 anos. Por outro lado, esse tempo para os homens foi de 2,6 anos.

O que se observou entre 1980 e 2000 foi uma redução do número bruto e líquido de anos passados na atividade econômica pelos homens brasileiros a des-peito de um aumento de 3,2 anos na esperança de vida aos 16 anos. A redução na mortalidade implicou uma diminuição de 1,4 ano no número de anos perdidos na atividade econômica por morte, mas esse tempo ainda continuava elevado, 5,7 anos (ver tabela 7). Como se verá adiante, a mais alta mortalidade masculina, especialmente por causas externas, explica parte dessa perda. O inverso ocorreu com as mulheres. O seu tempo passado no mercado de trabalho aumentou em 10,9 anos, enquanto a esperança de vida aos 16 anos cresceu em 4,6 anos.

Dada a importância da mortalidade por causas externas no tempo passado pelos homens brasileiros na atividade econômica e o fato de essas causas poderem ser consideradas evitáveis,14 foram realizadas algumas simulações para mensurar o impacto da sua redução nos indicadores estimados (ver IPEA, 2006). Consideraram-se

as causas externas no seu conjunto, mas também foram levados em conta os ho-micídios e os acidentes de transporte, separadamente, pois, entre as causas externas, essas são as principais. O gráfico 10 apresenta os valores da esperança de vida ao nascer e aos 16 anos, e o número líquido de anos passados na atividade econômica observado e simulado para o ano 2000. A eliminação dos óbitos por todas as causas externas resultaria em uma elevação de 3,2 anos na esperança de vida ao nascer masculina e de 1,5 ano no tempo passado na atividade econômica. Excluindo-se os

14. Assume-se que estes são óbitos que, sob regras, estímulos, incentivos e punições diferenciadas, poderiam ser evitados se não na sua totalidade, pelo menos em grande parte.

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óbitos por homicídios do total de óbitos, verifica-se que estes contribuíram para uma perda de 1,4 ano na esperança de vida ao nascer e 0,7 ano no tempo passado na atividade econômica. Já a exclusão dos óbitos por acidentes de trânsito do total de óbitos levou a uma redução de 0,4 ano na esperança de vida ao nascer e no tempo passado na atividade econômica.

Outra medida apresentada na tabela 7 é uma estimativa do tempo que um trabalhador aos 50 anos pode esperar passar na condição de aposentado. Ela é comparada à esperança de vida a essa idade. Pode-se observar que nos dois anos considerados, um homem aos 50 anos esperava passar aproximadamente 80% do tempo que ainda terá por viver na condição de aposentado. Em termos absolutos, significou um acréscimo de 2,4 anos entre 1980 e 2000. Isto se deveu à redução na idade de se aposentar, conforme se viu na tabela 6. Dada a ainda baixa partici-pação feminina no mercado de trabalho, o tempo despendido pelas mulheres, tanto absoluto quanto relativo, nessa condição era bem menor que o dos homens, embora crescente.

Como já se mencionou, o fato de um indivíduo estar aposentado não significa que ele não esteja trabalhando. Como se viu no gráfico 9, mais de 1/4 dos homens de 62 a 72 anos trabalhavam e estavam aposentados em 2000. Por outro lado, 1/3 dos homens de 50 a 64 anos e 2/3 das mulheres não trabalhavam nem procuravam trabalho nesse ano. Sem dúvida, tais valores refletem uma saída precoce do mercado de trabalho, mas são mais baixos que os observados para os países da OCDE (ver OECD, 2006). Isto nos leva a perguntar que fatores determinam essa saída precoce, dado que a esperança de vida nas idades avançadas tem crescido muito e tem sido acompanhada por melhorias nas condições de saúde.

GRÁFICO 10

Brasil: estimativas da esperança de vida simuladas para homens – 2000

70 65 60 45 35 50 40 30 25 20 Fonte: Ipea (2006, p. 105). Aos 16 anos

Ao nascer Ativa aos 16 anos

55

Observada Eliminando as causas externas Eliminando os homicídios Eliminando os acidentes de transporte

(23)

No caso brasileiro, não se têm dúvidas de que a aposentadoria por tempo de serviço/contribuição contribui para isso. Por outro lado, há que se considerar, também, a existência de barreiras e preconceitos em relação ao trabalho do idoso. Segundo a OCDE, as dificuldades em manter o idoso no mercado de trabalho advém tanto do lado do empregador quanto do empregado. No primeiro caso, isso inclui, entre outros fatores, percepções negativas a respeito da capacidade dos trabalhadores idosos de se adaptarem às mudanças tecnológicas e organizacionais e os custos crescentes com a idade, independentemente da produtividade. Do lado dos empregados, estes podem sentir o seu capital humano depreciado, por não receberem ajuda nem incentivo para treinamentos e atualizações. Wajnman, Oliveira e Oliveira (2004) verificaram que as maiores taxas de participação são encontradas entre os idosos de mais baixa escolaridade e os de mais alta.

4 A POPULAÇÃO IDOSA E SEUS MOVIMENTOS

4.1 Dinâmica de crescimento e composição por sexo

Como já se mencionou várias vezes neste livro, a população idosa é a que experi-menta as mais elevadas taxas de crescimento, o que tem gerado visões otimistas e pessimistas a respeito das suas implicações econômicas e, em especial, sobre a previdência social. Isso é verdade quando se compara esse grupo etário aos demais. Mas quando se observa a sua tendência temporal, verifica-se que essas taxas têm decrescido, principalmente entre os idosos mais jovens. Ou seja, dentro da popu-lação idosa, o grupo que mais cresce é o constituído pelas pessoas de 80 anos e mais, conforme se pode ver na tabela 8. Já foi observado, inclusive, um crescimen-to no número de centenários. O Censo Demográfico de 2000 encontrou cerca de 24,5 mil pessoas com mais de 100 anos. Isso se deve principalmente à queda da mortalidade na população idosa.

TABELA 8

Taxas de crescimento da população idosa brasileira

(Em %) Idade 1970-1980 1980-1991 1991-2000 60-64 3,15 3,66 2,65 65-69 5,24 2,88 2,87 70-74 5,03 3,33 4,22 75-79 7,10 4,05 3,64 80 e + 2,02 6,03 5,52

Fonte: IBGE/Censo Demográfico de 1970, 1980, 1991 e 2000. Elaboração: Ipea.

(24)

Também já foi comentado que os desafios acarretados pelo envelhecimento populacional não se devem apenas ao crescimento a taxas elevadas da população idosa, mas, também, ao menor crescimento da PIA. Isso implica uma redução na razão entre esses dois grupos populacionais. Por exemplo, em 1980, para cada idoso, havia 9,2 pessoas com idade compreendida entre 15 e 59 anos. Em 2000, essa razão decresceu para 7,2. Ressalta-se que, na verdade, essa relação revela apenas a dinâmica demográfica. Para o caso da previdência social, a relação importante é entre contribuintes e beneficiários, que reflete a dinâmica demográfica e a do mercado de trabalho. A sua queda foi relativamente bem maior: passou de 4,8 para 2,8 contribuintes por beneficiário no período.

4.2 Mortalidade por causas evitáveis15

Considerando-se a população idosa como fechada, ou seja, não afetada pelos movimentos migratórios, a dinâmica de seu crescimento será estabelecida pela mortalidade. Uma questão bastante atual na literatura diz respeito às perspectivas da continuação do aumento da esperança de vida. Vários cenários e projeções a esse respeito já foram desmentidos pela realidade. Encontra-se um consenso sobre a continuação da queda da mortalidade, mas sem especificações de até quando e como ela pode cair. Atualmente, valores de esperança de vida acima de 80 anos são observados no Japão, Austrália, Cingapura, Suíça e Suécia.16 Como já se viu, a esperança de vida ao nascer da população brasileira atingiu 70,9 anos em 2000, tendo aumentado oito anos entre 1980 e 2000. Em 2000, uma pessoa que atingiu os 60 anos poderia ainda esperar viver, em média, 19,7 anos, 1,7 a mais do que em 1980. Objetiva-se nesta subseção avaliar até quanto a mortalidade da população idosa brasileira poderá cair e qual será o seu impacto sobre a esperança de vida ao nascer e aos 60 anos e no ritmo de crescimento da população idosa.

Para responder a essa questão, o trabalho buscou identificar as causas de morte que podem ser evitadas de forma a contribuir para taxas de mortalidade mais baixas e uma esperança de vida mais elevada. A título de exercício, foram realizadas algumas simulações tentando medir os ganhos na esperança de vida ao nascer e aos 60 anos da população brasileira se determinadas causas de morte fossem evitadas. A determinação das causas que poderiam ser evitadas se baseou em uma metodologia apresentada num estudo da Escuela Andaluza de Salud Pública (EASP, s.d.). Com a metodologia mencionada, foi possível calcular o número de anos perdidos na esperança de vida ao nascer e às várias idades devido a causas

15. Esta subseção está fortemente baseada em Camarano, Kanso e Mello (2004b).

(25)

consideradas evitáveis bem como as correspondentes taxas de mortalidade e o volume populacional que poderia sobreviver às idades avançadas.

Pode-se observar no gráfico 11 que a proporção de óbitos brasileiros por causas consideradas evitáveis era bastante elevada. Em 2000, aí se encontravam aproximadamente 75% dos óbitos brasileiros. Era mais elevada entre a população não-idosa do que entre a idosa e mais alta entre os homens do que entre as mulheres devido ao impacto das mortes por causas externas. Quando apenas as mulheres são consideradas, verifica-se entre as idosas uma proporção mais elevada de mortes evitáveis. A elevada proporção de óbitos evitáveis significa a existência de um espaço considerável para a continuação da redução da mortalidade, para o aumento da esperança de vida e para o crescimento da população idosa.

Utilizou-se a definição de causas evitáveis desenvolvida por Charlton.17 Foram identificadas as causas de morte que são influenciadas pela qualidade no atendi-mento dos serviços de saúde e recursos utilizados. Tais causas foram dispostas nos seguintes grupos:

Grupo I: Causas evitáveis por meio da prevenção primária. Incluem as pato-logias que podem ser diagnosticadas primariamente, permitindo uma intervenção na prevenção, reduzindo a incidência da doença.

Grupo II: Causas evitáveis por meio de diagnóstico “precoce” e tratamento oportuno. São causas que requerem prevenção secundária.

Grupo III: Causas evitáveis por meio de melhorias nos tratamentos e cuidados médicos. Consideram as doenças suscetíveis de tratamentos e avanços na medicina.

17. Para mais detalhes, ver Camarano, Kanso e Mello (2004b). GRÁFICO 11

Brasil: proporção de óbitos considerados evitáveis por sexo – 2000

(Em %) 100 60 50 30 80 70 40 20 10

Fontes: IBGE/Censo Demográfico de 2000 e Ministério da Saúde/SIM. Elaboração: Ipea.

População não-idosa População idosa

90

0

(26)

A tabela 9 apresenta as taxas de mortalidade da população idosa brasileira geral e as decorrentes de causas consideradas evitáveis em 2000. Apresenta, também, os valores da esperança de vida ao nascer e aos 60 anos simulados, ou seja, os que poderiam ser obtidos, caso a mortalidade pelas causas consideradas fosse eliminada. Entre essas causas, as maiores taxas de mortalidade para ambos os sexos foram encontradas no grupo III. Aí se encontram as causas que podem ser evitadas por melhorias nos tratamentos e cuidados médicos.18 A importância desse grupo de causa de morte é crescente no tempo e atinge mais as mulheres (ver CAMARANO;

KANSO; MELLO, 2004b).Em 2000, foi responsável por 42% dos óbitos masculinos

do contingente de idosos e 46% dos femininos. Conseqüentemente, a sua elimi-nação é a que provocaria o maior impacto na redução da mortalidade entre as causas consideradas. Significaria um aumento de 7,2 anos na esperança de vida ao nascer da população masculina e 8,4 da feminina e de 8,3 e 8,6 anos, respectiva-mente, na da população maior de 60 anos.

O segundo grupo de causas de morte em importância (grupo I) abrange as doenças de prevenção primária, que poderiam ser evitadas por meio de um acom-panhamento que pudesse resultar em um diagnóstico precoce. Caso fossem essas as causas eliminadas, os homens alcançariam uma esperança de vida de 73,0 anos e as mulheres de 78,3 (ver tabela 9). O impacto da redução dessas taxas seria bem maior na população masculina, que apresentaria ganhos de 5,8 anos, comparados aos 3,5 anos esperados para as mulheres. O menor impacto na esperança de vida

18. Nesse grupo de causas de morte encontram-se: tuberculose, enfermidades hipertensivas, cardiopatias e diabetes mellitus. TABELA 9

Brasil: taxas de mortalidade da população idosa e esperança de vida ao nascer observadas e simuladas segundo causas evitáveis – 2000

(Por mil idosos)

Taxas (por mil)

Esperança de vida ao nascer (anos)

Esperança de vida aos 60 anos (anos)

Grupos de causas de morte

Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres

Eliminando grupo I 9,96 6,06 72,97 78,34 22,31 24,67

Eliminando grupo II 0,10 0,97 67,28 75,89 19,36 22,72

Eliminando grupo III 17,60 14,32 74,40 83,26 26,22 29,89

Eliminando total evitável 27,67 21,35 80,16 86,89 29,23 32,48

Total 41,10 31,47 67,16 74,83 17,96 21,32

Fontes: IBGE/Censos Demográficos de 1991 e 2000 e Ministério da Saúde/SIM. Elaboração: Ipea.

(27)

ao nascer seria observado caso se eliminassem as mortes do grupo II, as redutíveis por meio de diagnóstico “precoce” e tratamento oportuno. Estas são causas de morte que afetam mais a população feminina. A sua esperança de vida poderia aumentar em 1,1 ano no caso da sua eliminação.

Se fossem eliminadas todas as causas evitáveis, o ganho na esperança de vida ao nascer e aos 60 anos seria elevado para ambos os sexos. A esperança de vida masculina passaria de 67,2 anos para 80,2 anos, e a feminina, de 74,8 para 86,9 anos de vida, ou seja, um ganho de aproximadamente 13,0 anos para homens e de 12,1 para as mulheres. Já os ganhos na esperança aos 60 anos seriam de aproxima-damente 11 anos para ambos os sexos (ver tabela 9).19 Além de uma esperança de vida mais elevada, pode-se esperar, também, uma redução de 0,9 ano nos diferenciais por sexo, o que repercutirá na composição por sexo da população brasileira, em particular, a idosa. Deve-se reconhecer que os altos valores obtidos na simulação podem ser, em parte, resultados da interdependência entre as várias causas de morte. O impacto que essa redução da mortalidade pode exercer no crescimento da população idosa pode ser visualizado no gráfico 12 e na tabela 1 do apêndice. Assumiu-se que a redução da mortalidade obtida pela eliminação das causas evitáveis poderia ser alcançada em 30 anos. Se isso se verificar, a população idosa poderá triplicar nesse período. Poderá passar dos 14,5 milhões observados em 2000 para 45,9 em 2030, como resultado, também, da alta fecundidade no passado.

19. Projeções recentes para os países da OCDE apontam para 2050 valores de esperança de vida de 83,3 anos para homens e 89,1 para mulheres. Ver Bongaarts (2006).

GRÁFICO 12

Brasil: população idosa projetada, eliminando as causas de morte consideradas evitáveis por sexo

(Em milhões) 30 10 20 15 5 0

Fontes: IBGE/Censos Demográficos de 1970 a 2000 e Ministério da Saúde/SIM. Elaboração: Ipea.

2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030

25

(28)

5 NUPCIALIDADE

A nupcialidade não é considerada uma variável estritamente demográfica, mas exerce um papel importante na dinâmica demográfica, pois afeta e é afetada pela reprodução populacional (fecundidade), além de exercer influência na formação e na dissolução dos arranjos familiares. Por outro lado, igualmente importante é o seu impacto no delineamento dos potenciais beneficiários da seguridade social; no caso, as pensões por morte. Essa é a razão da inclusão da referida variável neste capítulo.

As mudanças sociais, econômicas e culturais afetam sobremaneira a nupcialidade. Cita-se, entre muitas, a entrada maciça das mulheres no mercado de trabalho, bem como o envelhecimento populacional. No caso brasileiro, pode-se dizer que essas mudanças se iniciaram nos anos 1970, e seus impactos na formação das uniões conjugais já se fazem sentir. Estar separado, divorciado ou em união consensual ou ainda recasar-se civilmente, o que antes era permitido apenas em caso de viuvez, são sinais de mudanças nos comportamentos preestabelecidos da sociedade tradicional. De que maneira essas mudanças podem afetar a demanda por benefícios previdenciários é uma das perguntas desta seção, que analisa o padrão da nupcialidade da população brasileira e o seu calendário (idade à entrada nos eventos e duração).

5.1 Padrão da nupcialidade

A tabela 10 apresenta a distribuição da população brasileira de 15 anos e mais por estado conjugal e sexo. O estado conjugal predominante da população brasileira é o de casado. Nessa condição, se encontravam em 2000 57% da população brasi-leira, proporção esta que apresentou ligeira redução nos 20 anos analisados, devido, principalmente, à diminuição da proporção de mulheres casadas. Enquanto 58,3%

TABELA 10

Distribuição proporcional da população brasileira de 15 anos e mais por estado conjugal segundo o sexo

1980 1991 2000

Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total

Casadoa 58,83 56,90 57,85 59,94 57,09 58,48 58,28 54,96 56,57 Solteiro 37,89 31,54 34,67 35,77 28,71 32,16 33,71 26,13 29,81 Sep./desq./div. 1,50 3,47 2,50 2,68 6,04 4,40 6,03 10,65 8,41 Viúvo 1,78 8,09 4,98 1,62 8,16 4,97 1,98 8,26 5,21 Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Fonte: IBGE/Censo Demográfico de 1980, 1991 e 2000.

a

(29)

dos homens brasileiros eram casados, a proporção comparável para as mulheres foi de 55,0%. O segundo estado conjugal mais importante foi o de solteiro, neste caso mais expressivo entre os homens. Aí se encontravam, em 2000, 33,7% dos homens brasileiros e 26,1% das mulheres. Essa proporção também decresceu no período considerado e de forma mais expressiva entre as mulheres.

A redução nas proporções mencionadas foi compensada por um aumento na proporção da população que se declarou separada, desquitada ou divorciada. Embora baixa, ela passou de 2,5% para 8,4%, ou seja, cresceu em mais de três vezes no período. O crescimento foi maior entre as mulheres. Enquanto em 1980 3,5% das mulheres estavam nessa condição, em 2000, encontravam-se aproxima-damente 11%. A variação comparável para os homens foi de 1,5% para 6,0%. Essa menor proporção comparada à das mulheres pode ser explicada por uma dificuldade maior experimentada pelas mulheres para o recasamento. A proporção da população brasileira que se declarou viúva não se alterou no período e foi a mais baixa entre os quatros estados conjugais considerados. Foi bem mais alta entre as mulheres comparativamente aos homens: 8,3% e 2,0% (ver tabela 10). A maior mortalidade masculina, conjuntamente com normas e valores culturais que levam ao casamento de homens com mulheres mais novas, dificulta o recasamento das mulheres e explica essas diferenças nas proporções.

Um indicador comumente usado para medir a intensidade da nupcialidade é a proporção de pessoas que chegam aos 50 anos sem nunca terem se casado.20 Essa medida não se alterou no período analisado e foi mais alta entre as mulheres. Entre os homens, foi de 6%; e entre as mulheres, de 9% (ver gráficos 13 e 15). Isso

20. Chamada de índice de celibato. Assume-se que as pessoas que chegaram a essa idade sem se casar não se casarão mais. Solteiro (1980) Separado (1980) Casado/unido (1980) Separado (2000) Solteiro (2000) Casado/unido (2000) Viúvo (1980) Viúvo (2000) GRÁFICO 13

Brasil: proporção de homens por estado conjugal e idade individual

(Em %) 90

60

30

0

Fonte: IBGE/Censos Demográficos de 1980 e 2000. Elaboração: Ipea.

20 22 24 28 30 32 36 38 40 44 46 48 52 54 56 60 62 64 68 70 72 76 78

80 e +

(30)

indica que não houve alterações no quantum da nupcialidade. Ou seja, a população continuou se casando na mesma intensidade, mas os casamentos duraram menos. Como a tabela 10 apresenta informações para a população de 15 anos e mais e o estado conjugal é fortemente afetado pela idade, muitas das transformações na nupcialidade brasileira não ficam aparentes. Dado isso, o gráfico 13 mostra a distribuição proporcional da população masculina por estado conjugal e idade individual em 1980 e 2000. Nos dois anos considerados, até os 25 anos ser solteiro era o estado conjugal predominante dos homens. A partir dessa idade, o casamento foi o status principal. Essa proporção cresceu até os 46 anos e ficou aproximada-mente constante até os 61 anos, atingindo valores em torno de 85% em 2000. Apesar de decrescente com a idade, aos 80 anos aproximadamente 80% dos homens estavam casados. Em relação a 1980, observou-se um decréscimo nos percentuais mencionados até os 72 anos, o que deve ser resultado do aumento do número de

GRÁFICO 14

Brasil: distribuição proporcional da população por estado conjugal segundo sexo e idade

(Em %)

Fontes: IBGE/Censo Demográfico de 2000.

Elaboração: Ipea. Homens casados Homens solteiros Mulheres solteiras Mulheres casadas Homens viúvos Mulheres viúvas Homens separados Mulheres separadas 90 60 30 0 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 72 74 76 78 80 Viúva (1980) Separada (1980) Casada/unida (1980) Viúva (2000) Separada (2000) Solteira (2000) Solteira (1980) Casada/unida (2000) GRÁFICO 15

Brasil: proporção de mulheres por estado conjugal e idade individual

(Em %)

Fonte: IBGE/Censos Demográficos de 1980 e 2000. Elaboração: Ipea. 90 60 30 0 20 22 24 28 30 32 36 38 40 44 46 48 52 54 56 60 62 64 68 70 72 76 78 80 e + 26 34 42 50 58 66 74

(31)

separações. Já a partir dos 72 anos, esse percentual aumentou concomitante à redução na proporção de viúvos. Ou seja, sugere que as separações são um fenô-meno recente e que ainda não atingiu a população muito idosa.

A proporção de viúvos aumentou com a idade, como esperado, e decresceu ligeiramente no período. Em 2000, em torno de 30% dos homens de 80 anos e mais eram viúvos, proporção essa que fora de 35% em 1980. A redução da mor-talidade nas idades adultas e avançadas deve ter contribuído para isso e resultou em um aumento na proporção de casados. Por outro lado, o aumento da proporção de homens separados também leva a uma queda na proporção de viúvos. De que maneira isso impacta a demanda por pensões por morte é algo que depende dos arranjos que foram feitos quando do processo de separação civil (desquite e/ou divórcio) e do fato de a mulher ter trabalhado/contribuído ou não para a seguridade social. Dado que está se falando de homens mais velhos, é possível que a maior parte de suas esposas não tenha trabalhado na vida adulta, o que não deve ter gerado o benefício de pensão por morte para esses homens quando da viuvez. Também, no caso das separações, esses não devem ter sido contemplados com pensões alimentícias.

Segundo dados do MPAS, tanto em 2004 quanto em 2005, aproximadamente 12% das pensões por morte foram pagas a homens. Por outro lado, entre os viúvos na população brasileira em 2000, 18,5% eram homens. O baixo número de homens recebendo pensões por morte não deve, portanto, ser resultado apenas do baixo número de viúvos, mas, também, da sua inelegibilidade.

De maneira geral, o padrão de nupcialidade por idade das mulheres é seme-lhante ao dos homens, como se observa no gráfico 14. A variação está no timing dos eventos, como será visto na subseção seguinte. As mulheres se casam mais cedo, mas descasam mais cedo, seja pelas separações, seja pela viuvez. Entre os homens desde os 25 anos, predominavam os casados. Estar casada foi o status predominante das mulheres entre 23 e 70 anos. A partir dessa idade, predominaram as viúvas. O status de separada ou de viúva é uma característica mais acentuada entre as mulheres e crescente com a idade. Em 2000, a proporção de mulheres com mais de 60 anos nessa condição era aproximadamente quatro vezes maior que a de homens.

A variação observada nos 20 anos considerados foi uma redução na proporção de mulheres casadas entre 20 e 60 anos e um aumento a partir daí (ver gráfico 15). O aumento das separações, observado em todas as idades, explica o decréscimo, e a redução na mortalidade masculina explica o acréscimo. Esses dois fatores também levaram a uma diminuição na proporção de viúvas. Em 2000, a proporção de

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