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O QUE É SER UM BOM PROFESSOR?

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Academic year: 2021

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O QUE É SER UM BOM PROFESSOR?

Cirlei Teresinha Cadore

Cátia Pereira Gomes Joseleine Barbosa Magda Freire Sandra Mazotti

Resumo

Este artigo contempla parte das reflexões realizadas durante o projeto NEPSO, “O QUE É SER UM BOM PROFESSOR?” desenvolvido junto aos alunos da turma 72 da 7ª série da Escola Municipal de Ensino Fundamental Tiradentes-Imbé/RS, coordenados pelas professoras Magda Freire, Sandra Mazotti, Cirlei Cadore, Iná Helena Cardoso, Sueli Machado, graduandas do curso de História da Facos. A proposta desta pesquisa teve como origem a preocupação da relação professor e aluno no dia-a-dia do convívio escolar, envolvendo a prática docente, a afetividade, a motivação, a amizade, interesse de observação, reflexão crítica e possível reorganização das ações envolvidas. Um outro ponto importante deste projeto diz respeito à necessidade de tornar os educadores conscientes de que suas práticas em sala de aula refletem não apenas no grau de aquisição de conhecimento teórico, mas entre outras coisas, na forma com que os alunos serão marcados nesta vivência escolar, pelos vínculos criados que refletirá diretamente no processo de formação do futuro cidadão. Pudemos constatar estatisticamente que professores e alunos da rede municipal/estadual e magistério do município de Imbé e Tramandaí estão em sintonia quanto as características de um bom professor. É neste momento que percebemos como este trabalho de pesquisa será útil, pois com a divulgação e a exploração dos dados coletados evidencia que está faltando uma parceria no ambiente escolar refletindo no interesse e aprendizagem do aluno. Por isso, cada gesto, cada palavra e todos os momentos de convívio em sala de aula devem ser pensados e revistos, pois tudo isso terá um reflexo positivo ou negativo em seus alunos. Acreditamos que ao desenvolver este projeto estamos de certa forma contribuindo para a reflexão crítica do papel de um bom professor, em superar e compreender as práticas de sua disciplina com grande responsabilidade no processo de formar um cidadão consciente e principalmente humano.

Palavras-Chave: Educação – Professor – Aluno

A Educação visa à formação como um todo, desenvolvendo suas faculdades físicas, intelectuais e sociais. Estamos num contínuo processo de auto-conhecimento e conhecimento do outro, favorecendo assim nosso crescimento pessoal e social. Neste aspecto surge o ensino, não um ensino meramente repetitivo e alienado, mas um ensino eficaz, partindo do interesse da pesquisa e da descoberta.

O mais célebre educador brasileiro, Paulo Freire defendia como objetivo da escola: ensinar o aluno para “ler o mundo” para poder transformá-lo. Para haver esta conscientização do aluno, é necessário estimulá-lo a uma prática reflexiva fazendo-os desenvolver sua criatividade. Ao professor cabe o papel de orientar, para direcionar o trabalho de pesquisa de forma sistematizada, fazendo as necessárias reformulações. Foi através do projeto de pesquisa NEPSO que vimos o professor mais uma vez entrar como orientador, no auxílio de como chegar às pessoas, como interrogá-las, colaborando com as proposta dos alunos. Desenvolvemos estes assuntos com os quais pudemos estabelecer com nossos alunos laços de ternura e em situações diárias em sala de aula,

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como ouvir, ser amigo dos alunos e prestar mais atenção nas discussões uma vez que percebemos o desinteresse dos alunos para com as disciplinas e uma grande motivação para passeios e esporte.

As concepções de saber estavam ligadas ao conteúdo escrito no quadro propriamente dito e não pela possibilidade que poderiam ter a partir de seus próprios interesses e curiosidades. Dentre tantas responsabilidades de mostrar o progresso conteudista, caímos no esquecimento de sermos mais humanos e passamos a ser meros transmissores de saberes, mas considero de enorme importância à atitude do professor estimulador e compreensivo para possibilitar ao aluno que tenha a iniciativa de mudança de atitude, uma mudança baseada no conhecimento, na reflexão na criatividade.

De acordo com Paulo Freire, “Os homens se educam entre si mediados pelo mundo”. Nesta perspectiva, a escola torna-se uma das instituições mais propícias para promover a pesquisa, discussão a troca de saberes entre educadores e educando.

Levando em conta a situação atual do ensino, a profissionalização do professor, a vivência do aluno e o compromisso de toda a sociedade na formação do educando, pensamos em ser de suma importância o estudo e a análise do tema “O que é ser um bom professor?” Uma professora da rede municipal refere a um bom professor como:

“Apesar de quinze anos lecionando, continuo com meus sonhos em educação. A diferença é que agora muito mais experiente tranqüila e consciente. Talvez não consiga mudar a “educação” que ainda vemos, mas acredito na educação que se faz onde trabalho e principalmente, naquela que tento construir com meus alunos. Utopia? Talvez. Mas o que seria das nossas crianças se nós, professores não fossemos sonhadores?”

Ribeiro nos diz (2001, pg.12): “desenvolver no educando a iniciativa é de fundamental importância, no mercado de trabalho futuro ... Ele deve tomar a iniciativa e expressar sua opinião. Deve cultivar a imagem de um solucionador de problemas.” Acreditando neste papel do educando, solicitamos a eles um tema gerador para o projeto de pesquisa. A escolha do tema partiu do interesse dos alunos em investigar o porquê das diferenças do fazer pedagógico de cada professor e de como essas diferenças implicam significadamente no ensino-aprendizagem. Para o autor (ibidem, p.), “As escolas devem cultuar a esperança de que o mundo tende melhorar”, e cabe aos educadores proporcionarem subsídios para que este objetivo seja alcançado.

Após a coleta de dados e estudo dos resultados, comparamos as idéias dos alunos com as dos professores, tendo como pano de fundo a proposta do que é ser um bom

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professor. Acreditamos que, que ao desenvolver esta pesquisa, estamos de certa forma contribuindo para a reflexão do estreitamento dos laços afetivos, melhorando a qualidade de ensino e motivando os alunos, não só do nosso município, mas de todo o Brasil.

Uma reflexão implica em analisar criticamente o trabalho que foi realizado sobre as questões aqui levantadas entre os problemas do ponto de vista de professores e alunos, trazendo à tona um desafio para a educação brasileira em superá-las.

Não podemos dizer em um tipo de pesquisa como esta que se chega ao final com respostas prontas, uma receita a ser seguida. É importante salientar que é uma tentativa de encontrarmos um caminho e de sugerirmos novos, para entendermos a realidade da educação brasileira. Os dados concluídos foram surpreendentes, a pesquisa dos alunos mostrou que cerca de 45% dos entrevistados acham que o professor deve ser Amigo, 20% acredita que Responsável, em igual proporção Organizado, enquanto 10% acreditam que os professores devam ser Competente e 5% Simpático. Já na coleta de dados dos professores as pesquisas nos mostraram que os docentes acreditam em 19,o5% na Atualização, 14,29% pensam ser necessário Gostar da profissão, em igual proporção crêem na Troca de Experiência e outros 14,29% acham necessário ser Amigo. Cerca de 9,52% acreditam ser necessário ser Ético, como em igual proporção no ser Dinâmico e no mesmo percentual crêem no Domínio de Conteúdo. Sabe transmitir conteúdo 4,76% e Responsável 4,76%. Podemos constatar que, estatisticamente os professores e alunos da rede municipal e estadual, estão em sintonia quanto às características ideais de um bom professor.

É neste momento que percebemos como este trabalho de pesquisa será útil, pois com a divulgação e a exploração dos dados coletados podemos fazer com que exista uma ligação entre o papel (pensamento) e a realidade (aplicação em sala de aula). Ficou evidente que a falta de afetividade e intimidade no ambiente escolar refletem muito no interesse e aprendizagem do aluno.

Durante o projeto, através dos dados coletados percebemos a importância do vínculo afetivo entre o professor e aluno, favorecendo uma prática dialógica e capacitadora. Em sala de aula, os dois lados aprendem juntos, um com o outro, sendo necessário que às relações sejam afetivas e demonstrativas, garantindo a educadores e educando expressarem suas idéias. Segundo Paulo Freire: “O objetivo maior da educação é conscientizar o aluno”, isto significa propiciar buscar dados, troca de saberes não só no ambiente escolar, mas em outros ambientes.

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Percebemos que o entusiasmo e a dedicação e a dinâmica estiveram sempre presente em cada momento do processo. Os alunos estavam interessados no assunto e animados com a nova missão uma vez que o tema surgiu do interesse do próprio grupo. O tema proposto motivou o ambiente escolar, inicialmente os alunos, depois a escola como um todo, bem como a Secretaria de Educação e Cultura de Imbé. A iniciativa do grupo veio se desenvolvendo a cada dia, pois além da proposta das entrevistas, surgiu também a confecção de camisetas e desenhos para a revista, ocasionando reflexões, estudos, debates sobre as características de um bom professor. Em uma escola a turma entrevistada, mostrou-se tão interessada nos resultados que estão planejando em sala de aula uma pesquisa interna similar. Mas um grande ponto negativo foi em uma escola um professor que não gostou da idéia da pesquisa e pediu para que nós saíssemos para não perturbar a aula. Mas como aborda Ribeiro (2001, pg. 13):

“Um aspecto que vem sendo cada vez mais respeitado e valorizado na pessoa humana, que é a motivação. È preciso ter vontade, um sentimento que incita alguém a atingir um fim proposto por desejo. É preciso escolha, interesse, determinação, garra e prazer”.

O que mais motivou os alunos foi à vontade de investigar, o porquê da reação e pensamento mutua entre professores e alunos. Através desses episódios é que constatamos a importância da pesquisa, do trabalho coletivo, da cooperação para alcançar um objetivo comum. A investigação deve ser voltada para a prática, com o propósito de promover as mudanças necessárias. Segundo Stenhouse “a investigação em sala de aula deve ser voltada para a prática” À expressão pesquisa-ação, criada por ele e divulgada por seus seguidores, quer dizer extremamente isso: pesquisa que se faz do fazer e para melhorar o fazer do professor ou de outros profissionais. Neste sentido, em todos os momentos a prática do professor foi pesquisado, não como finalidade de avaliação, mas com o propósito de colaborar para uma prática docente, um currículo mais coerente e eficaz. O professor se torna um sujeito que pensa e analisa criticamente seu ofício, não favorecendo assim alunos acomodados, próprio de um modelo de escola conservadora. Já dizia Paulo Freire:”Enquanto a escola conservadora procura acomodar os alunos ao mundo existente, a educação que defendia tinha a intenção de inquietá-lo”.

Neste projeto, os alunos e os professores baseados em dados coletados, tiveram a possibilidade de produção de seu conhecimento. Como nos relata a aluna Vanessa:

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“Estou gostando de participar do trabalho de pesquisa, pois isso ajuda muito para nossa experiência pessoal. Penso que com essa pesquisa estamos contribuindo e oportunizando a discussão dos problemas atuais do ensino brasileiro e também estamos tentando através dos resultados das pesquisas, encontrarmos os possíveis soluções para tais problemas”

A professora de uma escola municipal nos argumenta que o “professor deve sempre pensar no que faz realizar tarefas e ensinamentos com amor em sua disciplina, mas como relata outra professora:

“Apesar de 15 anos lecionando, continuo com meus sonhos em educação. A diferença é que agora muito mais experiente tranqüila e consciente. Talvez não consiga mudar a “educação” que ainda vemos, mas acredito na educação que se faz onde trabalho, e principalmente, naquela que tento construir com meus alunos. Utopia? Talvez. Mas o que seria das nossas crianças se nós, professores, não fôssemos sonhadores?”

Os alunos buscaram através dos questionamentos e reflexões sobre as respostas dos colegas, entender a relação entre o professor e o aluno, favorecendo, assim uma educação voltada para a formação integral do educando.

Já no curso de Magistério temos matriculado: ƒ 1º Ano 58 alunos

ƒ 3º Ano 32 alunos

Para este grupo usamos uma amostra de 50%.

E os professores efetivados na Rede Municipal e Estadual de Ensino Fundamental do Município de Imbé/RS são 71 (de 5ª a 8ª séries). Destes, fizemos uma amostragem com 30%, ou seja, 21 professores.

REFERENCIAS:

* MONTENEGRO, Fábio, RIBEIRO, Vera Masagão. Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião: Manual do professor. 2ª ed. São Paulo: Global, 2002.

* FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Editora: Paz e Terra. S/A. São Paulo, 2002.

* RIBEIRO, Marco Aurélio de Patrício. Como Estudar e Aprender: Guia para pais, educadores e estudantes. Editora: Vozes, Petrópolis, Rio de Janeiro, 2001.

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