RESUMO CRÍTICO RESUMO CRÍTICO
KEOHANE, Robert, NYE, Joseph.
KEOHANE, Robert, NYE, Joseph. La interdependencia en la política mundial.La interdependencia en la política mundial. In:In: TAMAYO, Arturo Borja (compilador) Interdependencia, cooperación y globalismo: TAMAYO, Arturo Borja (compilador) Interdependencia, cooperación y globalismo: ensayos escog
ensayos escogidos de Robert Keohane. México, DF: idos de Robert Keohane. México, DF: CIDE, 2005, p. 91-124.CIDE, 2005, p. 91-124.
Robert Keohane (Cientista político norte-americano; professor na Univerdade de Robert Keohane (Cientista político norte-americano; professor na Univerdade de Princeton; membro da Academia Nacional de Ciência dos EUA)
Princeton; membro da Academia Nacional de Ciência dos EUA) 11, o qual, junto com, o qual, junto com Joseph Nye (Cientista político norte-americano; professor de Harvard; possuidor de Joseph Nye (Cientista político norte-americano; professor de Harvard; possuidor de cadeira no Conselho de Inteligência norte-americano)
cadeira no Conselho de Inteligência norte-americano) 22 fundou a teoria neoliberal dasfundou a teoria neoliberal das relações internacionais. Desenv
relações internacionais. Desenvolvem uma teoria olvem uma teoria coerente para a análise das coerente para a análise das políticas depolíticas de interdependência.
interdependência.
Essa teoria tem como objetivo central responder o questionamento sobre quais Essa teoria tem como objetivo central responder o questionamento sobre quais seriam as características dominantes na políti
seriam as características dominantes na política internacional quando a interdependênciaca internacional quando a interdependência entre os países, particularmente a econômica, é estendida. Conceitua-se a noção de entre os países, particularmente a econômica, é estendida. Conceitua-se a noção de interdependência na política mundial da seguinte forma: são situações caracterizadas interdependência na política mundial da seguinte forma: são situações caracterizadas por
por efeitos efeitos recíprocos recíprocos entre entre países países ou ou entre entre atores atores de de diferentes diferentes países. países. Esses Esses efeitosefeitos resultam essencialmente de intercâmbios internacionais: fluxo de dinheiro, bens, resultam essencialmente de intercâmbios internacionais: fluxo de dinheiro, bens, pessoas e
pessoas e pelo pelo fluxo fluxo de de informações. (KEOHANE, informações. (KEOHANE, NYE, NYE, 2005 2005 p.101). p.101). As As relações derelações de interdependência sempre gerarão custos, dado que essa interação diminui a autonomia, interdependência sempre gerarão custos, dado que essa interação diminui a autonomia, porém
porém é é impossível impossível determinar determinar se se os os benefícios benefícios serão serão maiores maiores que que o o custo custo nessanessa interação. (KEOHANE, NYE, 2005 p.103).
interação. (KEOHANE, NYE, 2005 p.103).
Essa análise da interação remonta à década de 70, na qual se evidenciam alguns Essa análise da interação remonta à década de 70, na qual se evidenciam alguns fenômenos que caracterizaram as relações internacionais
fenômenos que caracterizaram as relações internacionais: Ocorre a : Ocorre a chamada détente, ouchamada détente, ou seja, flexibilização das relações entre EUA e URSS. Ambas as superpotências tentam o seja, flexibilização das relações entre EUA e URSS. Ambas as superpotências tentam o diálogo no sentido de limitar
diálogo no sentido de limitar a corrida aos armamentos, é a a corrida aos armamentos, é a era do desanuviamento.era do desanuviamento.33 Neste contexto
Neste contexto existiam outros existiam outros atores internacionais atores internacionais atuando junto atuando junto aos Estados:aos Estados: corporações multinacionais, organizações internacionais (como a ONU) e movimentos corporações multinacionais, organizações internacionais (como a ONU) e movimentos sociais transnacionais (que pode ser ilustrado pelo movimento hippie).
sociais transnacionais (que pode ser ilustrado pelo movimento hippie).
Os teóricos tradicionalistas encontraram dificuldades durante a década de 70 Os teóricos tradicionalistas encontraram dificuldades durante a década de 70 para
para interpretarem interpretarem a a interdependêncinterdependência ia que que ocorria ocorria em em um um âmbito âmbito multidimensional:multidimensional: econômico, político e sociológico; pois tinham seus argumentos centrados no Estado econômico, político e sociológico; pois tinham seus argumentos centrados no Estado como único ator internacional. Durante a détente, houve a diminuição do sentimento de como único ator internacional. Durante a détente, houve a diminuição do sentimento de
11Disponível em: <http://www.princeton.edu/~rkeohane/cv.pdf>. Acesso em: 8 jun. 2011.Disponível em: <http://www.princeton.edu/~rkeohane/cv.pdf>. Acesso em: 8 jun. 2011.
22Disponível em: <http://www.hks.harvard.edu/about/faculty-staff-directory/joseph-nye>. Acesso em: 8Disponível em: <http://www.hks.harvard.edu/about/faculty-staff-directory/joseph-nye>. Acesso em: 8
jun.2011. jun.2011.
ameaça constante, além das relações econômicas internacionais aumentarem. Habitualmente os estadistas argumentavam que a interdependência era um fator que reduzia os conflitos de interesse e que a cooperação poderia ser a resposta aos problemas mundiais.
Em crítica aos tradicionalistas, os neoliberais dizem que a segurança não é o problema principal enfrentado pelos governos, mas esses problemas são diversos justamente devido à interdependência. Há interesses internos, transnacionais e governamentais nesses. Portanto, compreende-se que as políticas internas e externas começam a se entrelaçar, quebrando a barreira que separava ambas as políticas na teoria realista. É importante ressaltar que os autores não sugerem o desaparecimento dos conflitos internacionais por existir a interdependência, mas acreditam que os conflitos podem ser resolvidos de outras maneiras e não pelo conflito armado.
A interdependência não deve ser trata como mutuamente equilibrada, pois justamente a assimetria proporciona a possibilidade de vínculos e influências entre os atores. Esta pode ser utilizada como fonte de poder, pois se pode pensar no poder como o controle sobre recursos e como o potencial para influenciar no resultado das interações. O conceito de poder é entendido como: “Habilidade de um ator para conseguir que outros façam algo de outra maneira que não fariam. Também pode conceber-se em termos de controle sobre os resultados. ” (KEOHANE, NYE, 2005 p.106).
O papel do poder na interdependência se distingue em duas dimensões – pela sensibilidade (“É o indicador do impacto, medido em termos de custos que uma ocorrência em um país tem sobre a sociedade de outro. Quanto maior a interdependência, maior a sensibilidade” ) 4; e pela vulnerabilidade (“Mede o custo das alternativas disponíveis para fazer frente diante do impacto externo. A vulnerabilidade de um país será alta quanto maior for o custo das iniciativas necessárias para fazer frente ao efeito gerado pela interdependência”)5.
Os neoliberais definem a estrutura internacional como algo distinto de processo, que remete ao comportamento distributivo ou negociado dentro de uma estrutura de poder, já a estrutura se interessa na maneira pela qual ocorre essa distribuição. Ao se entender a maneira pela qual ocorre tal distribuição como as relações entre os atores do sistema, pode-se considerar a possibilidade de competição pela busca do poder e pela garantia dos interesses soberanos de um Estado. Contudo, para os neoliberais, o sistema
4PONTES, João N., MESSARI, Nizar. TEORIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS. Rio de Janeiro:
Editora Elsevier, 2005, p. 83.
5PONTES, João N., MESSARI, Nizar. TEORIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS. Rio de Janeiro:
não remete unicamente a competitividade entre os países, mas há a possibilidade de se encontrar interesses em comum, que trabalhados em conjunto levariam ao melhor resultado para ambos.
Considerando o trabalho conjunto como uma maneira de relacionamento entre os Estados no sistema internacional, a teoria neoliberal pontua a necessidade de instituições (regimes) que regulamentem essas interações, a fim de não haver atos egoístas que levem a piores resultados que o esperado pelos atores ou até mesmo ao conflito armado. Tais instituições possuem três funções básicas para garantir a interação mais produtiva entre os atores: aumentar o fluxo de informação, visando à melhor comunicação; controle do cumprimento dos compromissos, para evitar o risco de trapaças; e conscientizar os atores a respeito da validade dos acordos ao longo do tempo. Em alguns casos, esses regimes são formais e amplos, outros informais e parciais. A eficácia deles vária de acordo com a área temática e igualmente, varia em
função do tempo. Essas normas internacionais podem ser incorporadas a tratados interestatais e às normas de organizações internacionais regidas pelo direito internacional.
Verifica-se na teoria neoliberal, a preocupação em analisar aspectos do liberalismo clássico (importância de atores além do Estado, possibilidade de cooperação, relações pautadas pelo viés econômico, etc.); do realismo (Estado como ator egoísta e guiado pelos seus interesses pela busca do poder, preocupação não única, mas com a defesa e segurança estatal, etc.); e também do neorealismo (estrutura anárquica do sistema internacional e distribuição de capacidades entre os Estados). Portanto, a análise construída por Nye e Keohane circunda vários aspectos que influenciam nas relações internacionais contemporâneas. A interdependência é bem explicitada pelos teóricos, que deixam clara a existência dessa em maior ou menor grau (de acordo com a sensibilidade e vulnerabilidade) e a necessidade da regulamentação desses estágios de interação entre os atores, dentro das dimensões político, econômicas e sociais.
Hoje, a maior organização internacional é a ONU (Organização das Nações Unidas) que tem como maior objetivo a manutenção da paz: “A ONU lutará para manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim, tomar coletivamente, medidas efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos de agressão ou outra qualquer ruptura da paz e chegar, por meios pacíficos e de conformidade com os princípios da justiça e do direito internacional, a um ajuste ou solução das controvérsias ou situações
que possam levar a uma perturbação da paz”.6 Todavia, mesmo com a institucionalização dessa organização e por possuir um objetivo de pacificidade para o sistema internacional, encontram-se dilemas sobre suas ações e igualmente sobre sua estrutura.
A começar pelo modelo que prega igualdade de decisão perante todos os signatários da organização e institucionaliza o Conselho de Segurança, no qual apenas cinco países (EUA, França, Reino Unido, China e Rússia) possuem papel decisório e poder de veto sobre qualquer regulamentação proposta pelos outros países. Ademais, missões de intermediação de conflitos e que visam assegurar o não ferimento dos direitos naturais humanos podem infligir em questões relacionadas às soberanias estatais, tradições e culturas de povos.
O neoliberalismo reconhece a interdependência, as interações entre os países e a necessidade da regulamentação dessas relações, porém, o modelo de regulamentação existente hoje através do Direito Internacional e principalmente pela figura da ONU não configuram um modelo que regulamenta de fato a interação entre os países. Dessa forma, verifica-se a necessidade de se reavaliar as estruturas da instituição de maior peso no cenário internacional. Da mesma maneira que as relações internacionais precisam ser compreendidas de maneira ainda mais aprofundada: Os Estados, tidos como egoístas e não altruístas com as comunidades internacionais podem ter seus interesses barrados por outros atores? É desejo comum existir a regulamentação das políticas externas estatais?
Muito ainda há que se discutir e analisar sobre o cenário internacional, o jogo de poder entre os atores continua complexo e contraditório em relação à competição e cooperação. O neoliberalismo traz questões contemporâneas e de várias dimensões de análise. Porém ainda traz o modelo das instituições regulamentadoras inseridas na anarquia do sistema internacional de certa forma, ainda distante da realidade.
6SEITENFUS, Ricardo A. S. Manual das Organizações Internacionais. Porto Alegre: Livraria do