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CRISTIANI RAMOS RICCI. Trabalho resenha do Livro: A TERAPIA FAMILIAR MULTIGERACIONAL:

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Academic year: 2021

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CRISTIANI RAMOS RICCI

Trabalho resenha do Livro:

A TERAPIA FAMILIAR MULTIGERACIONAL:

Instrumentos e Recursos do Terapeuta. Maurizio Andolfi. Editora Artesã. 2018.

Requisito parcial para a obtenção do Título de Especialista em Terapia Sistêmica: Individual casal e Família

Profª Maria Eliza Wilke

Porto Alegre 25 de janeiro de 2019.

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“cada um sabe a dor e

a

delícia de ser o que é”.

Caetano Veloso

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RESENHA

DIGA-ME COM QUEM E COMO APRENDE E EU TE DIREI QUE

TERAPEUTA TE TORNARÁ. O CONTÍNUO APRENDIZADO NA

FORMAÇÃO DO TERAPEUTA FAMILIAR

Título do Livro: A terapia Familiar Multigeracional: Instrumentos e Recursos do Terapeuta. Brasil, 2018.

Título Original: La terapia familiare multigenerazionale: Strumenti e Risorse del terapeuta. Italia, 2015.

Introdução

Sinopse

A realização e a publicação do livro “A terapia familiar Multigeracional” tem como objetivo manter em evidência e relevância da abordagem de Mauricio Andolfi no contexto do atendimento a sistemas familiares e conjugais, assim como no contexto individual, proporcionando aos terapeutas sistêmicos e futuros terapeutas uma vasta experiência clinica como também evidências científicas sedimentadas no seu trabalho e pesquisas promovendo uma contínua e qualificada formação.

Este livro representa uma síntese de mais de quatro décadas de prática clinica do autor e percorre simultaneamente varias ideias de muitos autores que antecederam Andolfi na terapia familiar. A obra esta posta em sua carreira como uma ultima compilação de recursos e conceitos fundamentais na teoria sistêmica e esta dividida em nove capítulos. Além dos conceitos teóricos importantes a obra mostra casos atendidos na terapia propiciando materialimportantíssimo à formação teórica e práticas fundamentais na formação dos terapeutas.

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Breve biografia de Andolfi

Maurizio Andolfi nasceu em Roma em 1942. Estudou medicina e neuropsiquiatria infantil na Universidade La Sapienza, em Roma. Ele morou por alguns anos em Nova York, onde estudounos mais prestigiados institutos de terapia familiar da Costa Leste: no Albert Einstein College of Medicine, com Israel Zwerling e Albert Scheflen; no Instituto da Família Nathan Ackerman, com Kitty La Perrière; na Filadélfia Child Guidance Clinic com Salvador Minuchin e Jay Haley; mas quem mais o influenciou foi Carl Whitaker, com quem Maurizio Andolfi estudou e tem sido associado em vários seminários internacionais nos últimos 15 anos.

Nos últimos anos Andolfi funciona, aprofundando o estudo e a prática daterapia familiar no Instituto de Terapia Ackerman em Nova York e na clinica de Orientação da Criança na Filadélfia, sob supervisão de Salvador Minuchin e Jay Haley.

Andolfi entra em contato com Virginia Satir, com quem estabelece umrelacionamento profundo, e cuja memória ele mais tarde dedicará seu livro “O casal em crise”. Em Nova York, Andolfi também frequenta a escola psicanalítica de Karen Horney, onde realiza sua psicanálise pessoal, permanecendo conectado por vários anos.

Em resumo o método multigeracional é baseado na construção clinica e epistemológica, com base na prática clinica e nas inúmeras ferramentasdesenvolvidas pelos autores sistêmicos ao longo do tempo privilegiando o cliente na exploração das relações familiares e dando a máxima importância à ação e representação dos movimentos relacionais.

As trocas verbais e não verbais, as metáforas, o uso do corpo e do silencio, a valorização do sistema de amizade e contexto social, o resgaste do sofrimento e da dor como poderosos fatores desencadeadores de mudanças, assim como, o uso das gerações no manejo psicoterápico das famílias. Neste enfoque é possível predizer que esta obra estimule e enriqueça a contínua

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A publicação deste livro inaugura uma relevância clínica na abordagem de Maurizio Andolfi no Brasil, uma vez que há muitos anos suas obras não são publicadas no país. Outro fator que estimulou a publicação desta obra por Juliana Seger Sanvicente e Mariana Gonçalvez Boeckel, foi que elas conheciam pessoalmente Andolfi e sua maestria em conduzir os processos psicoterapêuticos, em razão da própria formação das referidas terapeutas realizadas em Roma, na reconhecida “Accademia di Psicoterapia dela Famiglia”.

Refere Andolfi 2018, “este volume é apenas o último testemunho de

um pensamento e de uma convicção sobre os recursos da família que me acompanharam durante uma longa e fascinante viagem profissional”.

DESENVOLVIMENTO

Os capítulos estão denominados a seguir: 1. Araízes da psicologia relacional. 2. O ciclo vital da família e a dimensão multigeracional. 3. Transformações sociais e novas configurações familiares. 4. Modalidades de observação da família. 5. Avaliação do funcionamento familiar. 6. A construção da história terapêutica. 7. A linguagem do encontro terapêutico. 8. A linguagem corporal na terapia familiar. 9. O silêncio e o contato físico: dois modos de encontrar a família.

Capítulo 1. As raízes da psicologia relacional

As bases da psicologia relacional devem fazer parte da formação do terapeuta, em que suas relações e sistemas familiares façam parte ativamente do olhar e da percepção clinica dos movimentos sistêmicos intrínsecos na prática com o cliente.

Em particular na obra a psicologia relacional tem suas raízes nos Estados Unidos nos anos 50, tendo como pensamento central a não validação de fragmentos de estudos e intervenções na prática clinica. A sociologia, a antropologia, a psicologia, o tempo histórico e desenvolvimental são inerentes

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nos ciclos dos indivíduos e suas famílias influenciando, organizando e definindo as demandas familiares.

Neste desenvolvimento teórico e prático nasce a teoria dos sistemas que de forma abrangente significa: “a estrutura que conecta”.

Introduzida pelo biólogo Ludwing Von Bertalanffy em 1968, o interesse passa a ser observar “complexidades organizadas”. Todas as unidades e sistemas interagem e se relacionam entre si, Miller 1978.

Autores como Watzlawick, D. Jackson, Jay Haley e Jonh Weckland de Palo Alto introduzem a perspectiva sistêmica cibernética, segundo as ideias de Baeteson e transformaram conceitos da teoria da comunicação utilizados nos estudos sobre o comportamento animal e nas crenças computacionais: input, output, feedback, etc. Este modelo proposto concentra-se nos aspectos observáveis no aqui e agora.

Nasce em meados da década de 50 a teoria do duplo vínculo que tem como esforço teórico para tratar dos quadros comunicacionais disfuncionais nas patologias psiquiatras. A abordagem mecanicista de causalidade linear crescem os conceitos das diretrizes dos axiomas da comunicação de Watzlawick 1967, no trabalho terapêutico com pacientes.

Neste conceito o foco esta nas relações entre as partes de um sistema maior para o menor e vice-versa. Os diferentes níveis e formas de comunicação se relacionam e formam novos conteúdos comunicacionais.

O sintoma tem um novo significado: não advém de um desconforto individual, mas pode mostrar uma desorganização de todo o sistema.

Murray Bowen 1978 introduz o “mapa trigeracional da família”, um gráfico que representa a família por no mínimo três gerações – o genograma. Técnica utilizada por muitos terapeutas sistêmicos noauxílio a hipóteses relacionais e construção de um projeto terapêutico.

Neste desenvolvimento histórico o que é revelado em síntese é a forma de observar as famílias, seus fenômenos e o papel do terapeuta no processo.

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Em setembro de 1969 Jay Haley destaca divergências: os puristas e os condutores dos sistemas. Os puristas evitam qualquer envolvimento pessoal e ou ressonância emocional e por outro lado os chamados “conductors”, aqueles terapeutas: Ackerman, Satir, Bowen, Framo, Minuchin, Whilaker, Andolfi, que usavam a si mesmos como ferramentas para trabalhar com famílias.

A passagem para a segunda cibernética o surgimento do construtivismo e as técnicas colaborativas promovem uma nova concepção na maneira de olhar a realidade.

O terapeuta/observador torna-se parte integrante do sistema e passa a ter e a ser e a utilizar a dimensão subjetiva nos sistemas.Aqui gostaria de ressaltar uma consideração central e pessoal a respeito da importância da observação que chamarei de auto implicada e que ao final desta resenha apontarei tantas outras considerações importantes que alinhará minha postura como futura terapeuta sistêmica.

A maneira de olhar a realidade na dimensão atual do terapeuta familiar trás a ele uma condição de observador participante de sua família ou individuo. E aqui quero chamar atenção em relação às proposições do antropólogo e estudioso das relações indivíduo - sociedade Roberto da Matta na sua obra “Relativizando”, a observação participante.A observação participante, a empatía, se distanciar de si mesmoenquantoestudamos a construção histórica dos fenômenos de umafamíliacom o universo investigado constituem marca registrada das antropologias, sociologias e áreas afins. Insiste naideia de que para conhecercertas áreas oudimensões de umasociedadeassim como de umafamília é necessárioumcontato, umavivência durante um período de tempo razoavelmente longo e até mesmo este lugar onde o terapeuta esta juntamente com as pessoas do próprioprocessoemrelaçãocontínua, onde os aspectos de uma cultura nãosão explicitados, que nãoaparecem à superfície e que exigemumesforçomaior, maisdetalhado e aprofundado de observação e empatia. No entanto, a ideia de tentar pôr-se no lugar do outro e de captar vivências e experiências particulares exige ummergulhoemprofundidade difícil de ser precisado e delimitado emtermos de tempo. Sobre issoMatta 1981,

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járeferiucompropriedade: “transformar o exótico em familiar e o familiar em exótico”.

O terapeuta é um transformador de realidades e facilitador da dinâmica que favorece o diálogo no processo de investigação e descoberta dos fatos de maior ou menor relevância aplicada aos indivíduos envolvidos, sendo suas decisões de grande responsabilidade para o sucesso da terapia. Tal responsabilidade está ligada ao conhecimento produzido, uma vez que o terapeuta é autor e sujeito da produção do conhecimento/realidade.

Capítulo 2.O ciclo vital da família e a dimensão multigeracional

As famílias apresentam construções próprias e particulares inseridas e veiculadas através de vários fatores. Fatores transgeracionais que perpassam geração e geração, valores, crenças, desenvolvimento histórico, educacional e religioso, fases desenvolvimentais assim como o tempo: passado, presente e futuro.

Além de Andolfi outros autores como Haley, Minuchin entre outros, descreveram o ciclo vital da família como um modelo teórico que contempla a evolução e o contexto histórico como um processo dinâmico que desencadeiam mudanças e reorganizações nos sistemas familiares.

Seis momentos essenciais de transição das famílias:

1. A separação da família de origem e a primeira idade adulta; 2. A formação do novo casal;

3. A família com crianças pequenas; 4. A família com crianças adolescentes;

5. A saída dos filhos de casa e a reorganização do casal parental;

6. A fase do envelhecimento dos pais, a presença dos netos, a morte de um dos dois parceiros.

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O modelo do ciclo vital serve como bússola ao terapeuta sensível a estas mudanças e transformações.Isto ocorre da mesma forma e observação – sistêmico e evolutivo-mesmo que com interpretações distintas a cada família; assim como famílias reconstituídas, monoparentais, famílias migrantes, famílias homoparentais e famílias interculturais, entre outras.

Cada família tem seus enredos, suas lealdades visíveis e ouinvisíveis, seus vínculos, suas tramas, seus mitos, seus repertórios tecendo um roteiro familiar particular de cada sistemae subsistemas. Quando cada casal novo se forma eles criam um ponto comum de interlocução do que foi transmitido pelas suas famílias e o que transmitirá para seus filhos.

O mito por sua vez pode representar uma “matriz de consciência” aos indivíduos da família. Um padrão, um legado que revela uma chave interpretativa que oferece uma sensação de pertencimento e sentido através de vários comportamentos reais e por vezes necessários a cada modelo conjugal e ou parental exigindo de todos que assumam papéis e funções que estejam em consonância coma posição mítica dentro desta constelação particular.

Estes valores míticos muitas vezes são responsáveis pelos processos de individuação bem como o adoecimento dos membros familiares envolvidos.

Compreender melhor os padrões de ansiedade e adoecimentos. Bowen desenvolveu um conceito de “diferenciação do self da família de origem”. Deve haver um “processo de separação”, através de um esforço constante de definição do self e de individuação que levará a nova família uma autenticidade emocional e novas consciências dentro de um sistema relacional novo que conquista padrões de abertura e flexibilidade.

O corte emocional promove o equilíbrio entre o pertencimento e a separação num processo difícil, porém necessário que acompanha toda a existência de um indivíduo e de uma família.

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Capítulo 3. Transformações sociais e novas configurações familiares

Ao longo da história da humanidade podemos perceber uma vasta e expressiva radiografia de como os indivíduos se organizam quanto à convivência e as formas de constituições de famílias e relações.

Nos últimos 50 anospode-se acompanhar o desenvolvimento demográfico e cultural, papéis individuais, a transformação da sexualidade e gêneros, a transformação da família patriarcal, relações frente ao novo capitalismo, a entrada massiva na população das tecnologias, as pluralidades e complexidades das relações de afeto e a liberdade e, cada vez mais novas formas e concepções amorosas e familiares vão surgindo e, com elas a necessidade de novos olhares para novas interpretações e intervenções de um terapeuta sistêmico.

Apoiar o envolvimento de todas as figuras parentais, preservando vínculos novos e antigos em qualquer tipo de família e relação, assim como, famílias compostas por uma pessoa ou por famílias adotivas e assim por todas as famílias que estas transformações sociais mostram a cada tempo e a cada momento histórico seria a prática fundamental do estudioso destas relações.

Cabe ressaltar a esta seção que é considerado uma relação saudável e uma família possível a liberdade de escolher o parceiro por amor, com a intenção de construir um relacionamento íntimo baseado em afeto e respeito com projetos de futuros que transcende a orientação sexual, crenças religiosas, origens étnicas, cor de pele e fronteiras nacionais e etc.

A liberdade fundamental do indivíduo hoje é a possibilidade de viver qualquer relação de forma que seu objetivo seja o amor saudável e que a compreensão mútua, a confiança, a autenticidade e liberdade de seus membros sejam os seus alicerces.

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Capítulo 4. Modalidades de observação da família

Os estudos das teorias sistêmicas objetivaram a observação da tríade como unidade de medida sobre a realidade e a psicopatologia. O triangulo é um estado natural à forma como as forças emocionais de cada sistema relacional é organizado, a relação dual e, sem duvida uma visão restrita de um sistema relacional mais amplo.

O estudo das estruturas familiares triádicas foi desenvolvido por Minuchin 1974, interessado nos processos de triangulação. Por exemplo: ele parte da hipótese de que as crianças podem ser usadas para ocultar ou desviar um conflito entre os pais favorecendo varias tríades patológicas familiares.

Vários são os exemplos de tríades patológicas como as estudadas pela “alienação parental”, a parentificação, entre outras.

A presença de uma terceira pessoa torna-se um fator importante de crescimento e conhecimento relacional, facilitando a proximidade afetiva, e escuta durante as fases de transição de uma configuração familiar ou conjugal.

As variabilidades de posições e papeis familiares são representadas pelo GENOGRAMA. Forma de representar uma família pelo menos até três gerações com o objetivo de projetar visualmente para todos em uma sessão as experiências e eventos familiares que o sistema vive viveu e viverá através de suas influências geracionais e trangeracionais.

O genograma familiar é utilizado pelo terapeuta sistêmico como uma ferramenta de avaliação, de investigação no campo da terapia, assim como a escultura familiar criada por Virgina Satir em 1967, que consiste em uma representação plástica visual e espacial, não verbal das relações familiares – e de casal. Esta poderosa ferramenta não verbal foi descrita por vários autores em diferentes settings, com diferentes significados e diferenças variações. Na Europa a escultura familiar foi introduzida por Andolfi que aprendeu a técnica com Peggy Papp e Kitty La Perriere no início dos anos 70.

O retorno ao passado o momento presente e esculpir o futuro são algumas das utilidades desta ferramenta.

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Não somente na terapia familiar como também na terapia individual a escultura familiar é utilizada na supervisão e na formação do terapeuta sistêmico.

Capítulo 5. Avaliação do funcionamento familiar

A perspectiva relacional e sistêmica tem como objetivo observar o comportamento individual e a sintomatologia na intersecção das complexas relações humanas compreendendo seus processos a partir de fenômenos como identidade e personalidade individual, desconfortos, traumas, cortes emocionais, crises e eventos importantes bem como traumáticos.

Sendo assim é útil adotarmos lentes multigeracionais para formular uma avaliação relacional.

Utilizamos a metáfora da casa de três andares para entender o olhar multigeracional.

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O casal parental ocupa o andar do meio as crianças o térreo e a família de origem o terceiro andar. As pessoas de cada andar são diferentes em idade, gênero, identidade geracional, linguagem corporal e verbal, assim como as experiências de vida, papéis familiares e sociais, além de variadas formas de enfrentar e lembrardos problemas e viver o presente e planejar o futuro. Andar pelos andares permite que cada um dos membros acesse um modo diferente do seu. O chamado “hiato geracional” indica o sentimento de transformação intergeracional que ocorre na esfera individual, social e familiar ao longo do tempo.

Formular um diagnóstico relacional exige que possamos ampliar o foco da observação dinamizando nossa atenção para cada um dos andares e a todos ao mesmo tempo levando em consideração todas as redes de interações e eventos possíveis. Nos casais, por exemplo, há muitas e diferentes configurações: casal harmônico, o casal em conflito, o casal instável, o casal “sanduíche” – esmagado entre duas gerações.

Assim como na família o diagnóstico social é feito no casal para compreender seu funcionamento. A primeira dimensão a ser avaliada é da amizade: os amigos são compartilhados pelos dois parceiros; eles têm relação e convivência com amigos comuns. A segunda dimensão é quanto ao mundo do trabalho: a experiência do trabalho pode enriquecer a vida de cada um dos parceiros; quanto tempo o casal passa em seu ambiente de trabalho e também aqueles que têm dupla carreira. Uma terceira dimensão seria a transformação do casal quando nascem os filhos: a mudança da dimensão conjugal para a familiar que representa um evento especial e distinto na vida a dois tanto nos aspectos cognitivos, sexuais, afetivos e de intimidade.

A avaliação da relação entre irmãos: o vínculo fraterno acompanha todo o ciclo familiar e exerce importante influência nas relações da família e dos pais. Os diferentes papéis desempenhados pelos irmãos, emprol ou não da família são reflexos como também indicadores do funcionamento de ambos e ou de todos no ambiente familiar, escolar e social e, demais esferas onde tais funcionamentos poderão encontrar ancoragem.

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Capítulo 6. A construção da história terapêutica

Como foi revelado desde o primeiro capitulo desta obra é que a relação terapêutica com cada universo humano tem suas peculiaridades e funcionamento típicos. Na terapia individual o terapeuta fixa-se na díade relacional para estabelecer proximidade e aliança. No casal e família ocorre que a tríade passa a ser a intenção das observações do terapeuta.

Após alguns ensaios e erros da própria atividade clinica os autores sistêmicos como Andolfi, Angelo, Menghi et al 1982, conseguiram criar uma aliança para todos os membros do sistema familiar: uma meta-aliança. Entra-se e saí das alianças terapêuticas tornando-se um elo relacional capaz de ativar as mais diversas configurações ao longo de várias gerações. A relação terapêutica cria um movimento criativo e dinâmico entre as singularidades de cada membro e a família como um todo. O terapeuta pode ser considerado um “malabarista”, que mantém tudo em um equilíbrio dinâmico sem afetar as relações e suas manifestações. Neste sentido é possível construir uma nova história na família. Utilizado por Andolfi e Angelo 1984, uma metáfora visual, a do terceiro planeta, lugar onde família e terapeuta habitam em espaço aberto para descobrir juntos novos sentidos e novas experiências influenciando no crescimento interiorreciproco que propiciará mudança.

A criança como coterapeuta representa um canal preferencial para acessar a família e identificar os fenômenos que muitas vezes encadeiam-se na atmosfera familiar e sintomas. Muitas vezes as crianças conseguem comunicar bem ao terapeuta o seu ponto de vista sobre os eventos familiares, na medida em que são ouvidas e validadas pelos terapeutas.

O mundo interno do terapeuta passa a ser muito valorizado até os tempos atuais. O reconhecimento de algo interno do terapeuta leva a uma autoconsciência e isto certamente terá um impacto verdadeiro e único na terapia que segue. As respostas emocionais do terapeuta são essenciais nos encontros com a família, suas ressonâncias afetivas dão ao processo uma

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Quando se torna um terapeuta é possível considerar a condição de “sentir-se” na sessão e permitir-se a liberdade de se juntar ao fluxo das emoções dos clientes.

O mundo interno do terapeuta por muito tempo dentro das teorias sistêmicas não ganharam tanta importância como nestes momentos atuais. As ressonâncias do terapeuta passam a ter uma influência fundamental ao processo, libertando o que se refere “a máscara profissional”. Esta libertação oferece ao terapeuta posições únicas de auto referência experiencial e emocional a serviço do seu próprio trabalho.

Andolfi 2010 chama isto de “supervisor interno”, o dar sentido ao papel profissional do terapeuta.

É útil chamar a atenção também sobre escuta e autorreflexividade. E neste ponto chamo atenção do benefício da experiência da psicanálise. Ouvir atentamente, tolerar e compreender os vazios que as palavras podem ter palavras, os silêncios necessários, apreender a valorizar o tempo e o espaço livre de sentidos e significados. Estas condições absolutamente necessárias e fundantes trazem uma ressonância geral para todos os participantes promovendo a família uma sensação fundamentalmente única gerando uma grande sensação de pertencimento.

Joining – descrito por Minuchin 1974, uma força de acolher a família deixando todos a vontade. Não é uma técnica, é um estado de espírito, de respeito, de compromisso, etc.

Juntar-se a eles fazendo uma aliança firme e sólida com o propósito de “lutar pela estrutura”. Assim como o jogo de brincadeira, o humor, os meios mais flexíveis de envolvimento de todos para seu objetivo, brincar com as palavras construindo uma linguagem metafórica compostas de comunicação e imagens representativas, assim como, brincar com objetos para expressar uma ação de sentidos úteis para a terapia: exemplo:(a varinha mágica utilizada pela criança). Rituais de dramatização na terapia familiar são muito úteis também em alguns momentos para a promoção efetiva, lúdica, para ampliar os padrões, e, fazer com que os parceiros saiam de sua complementariedade distorcida e procure formas mais saudáveis de convivência.

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Capítulo 7. A linguagem do encontro terapêutico

O falar. O que significa falar e expressar em terapia. Muitas vezes este exercício pode ser um jogo infernalna e da sua realização através do ato da linguagem algo que às vezes só existe no campo da subjetividade e, o ato de falar faz com que todos os conteúdos encontrem a objetividade cruel e rude quando éexposta a realidade em algum momento.

Para iniciar este breve resumo desta seção gostaria de citar Guimarães Rosa,“devo me prestar contas de cada palavra e considerar cada palavra o

tempo necessário até ser novamente vida”.

A associação livre faz da palavra à ocasião de uma interpretação, já que, desde a invenção do inconsciente, entre a palavra e o sujeito não pode mais haver coincidência e familiaridade, mas estranheza, incômodo, desconhecimento. Pois “às vezes não se encontram as palavras que se está sentindo dentro de si mesmo”. O escritor- poeta ainda refere que “devemos buscar a nós mesmos nos vãos das palavras, então, e reinventá-las um tanto para que nelas possamos surgir relidos, mas sempre fonte de novas palavras e leituras”.

As bases do colóquio terapêutico

Desde a época de Sócrates, o colóquio entre duas pessoas era considerado uma ferramenta poderosa de conhecimento, sobretudo a possibilidade de novos conteúdos surgirem e ganharem importância.

As ferramentas utilizadas na terapia sistêmica desta época é invariavelmente modificadas a qualquer tempo com objetividade naquilo que se precisa alterar ou modificar em um casal,família e ou indivíduo. As informações que precisamos acessar como verdades parciais ou multi-parcialidade para abstrair o necessário a cada momento.

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A coleta de informações a eleição de conteúdos importantes como filtro a tudo o que é dito em uma sessão (chamado pelo autor de “filtro invertido”), são detalhes fundamentais para compreender o enigma terapêutico. O terapeuta tem autoria plena no processo de investigação e reformulação – reframimg - de suas proposições propiciando infinitamente criar “uma ponte que conecte as diferentes partes em uma forma completa”.

Redefinir problema, redefinir contexto utilizando as perguntas especificas para cada momento, através de: perguntas relacionais (explorando novos relacionamentos), perguntas individuais (ver as conexões), perguntas tríadicas, perguntas diretas e indiretas, perguntas comparativas (examinar os saltos temporais, as perguntas metafóricas (construir metáfora auxiliando na aliança terapêutica) e, as perguntas intergeracionais (conhecendo aspectos intergeracionais das relações familiares).

Capítulo 8. A linguagem Corporal na Terapia Familiar

A linguagem humana não é apenas explícita como na maioria das vezes quando ocorre uma comunicação, ela também pode ser uma linguagem implícita que é dada pela linguagem corporal: por exemplo, mímicas, postura, expressões faciais, movimentos corporais caracterizados pelos tônus, frequência e ritmo de voz menor ou maior distancia física, usar os olhos, o contato físico como também o silêncio.

Todas estas expressões verbais e analógicas assume valor cognitivo e afetivo significativo sendo um modo frequente e muitas vezes espontâneoe criativo de comunicação.

Estes códigos e sinais são representativos de um referencial familiar e ou individual que permite ao terapeuta conhecer o mundo interno das interações, necessidades das pessoas como também associar os componentes socioculturais dos quais todos são afetados e produzindo formas específicas de representatividade.

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O movimento do espaço terapêutico é complexo e intenso e, a cada variação representa uma intenção e um desejo de sentimentos promovendo cooperação e motivação criando um espírito de time onde todos estão empenhados a encontrar a força para mudar.

Os movimentos na construção da aliança terapêutica

A empatia é fundamental assim como mover o olhar já é um movimento de aproximação do terapeuta.Tudo o que um terapeuta pode fazer em uma sessão: escrever no quadro, mudar a cadeira, deslocar objetos, curvar-se, etc. fazem parte da “ginástica física e mental” do terapeuta relacional. Por exemplo, para engajar uma criança o terapeuta temque entrar no seu espaço pessoal: brincar, jogar, olhar nos olhos, etc.

Além do terapeuta se engajar deve encorajar o movimento dos membros da família. Esta mobilidade nos dirá muito como proporcionaráflexibilidade mútua ativa e a serviço de todos. Sendo assim, este movimento é individual e coletivo e será um incremento qualitativo para conduzir o processo de terapia.

Capítulo 9. O silêncio e o contato físico: dois modos de encontrar a família

Criar silêncios na sessão é uma tentativa de “permanecer nas coisas”. Escutar e falar são os combustíveis de uma sessão. Um ritmo calmo sereno que permite criar vazios de palavras faz com que uma narrativa simbólica ou real tome corpo e dê sentido à interação das pessoas que ali estão presentes. O autor chama que o terapeuta poderia ser “maestro da orquestra”, regendo as vozes na dança do momento. Estas formas de proceder tem o efeito de desacelerar o ritmo do discurso criando pausas necessárias e úteis para deslocar o que se quer deslocar e aproximar o que se quer aproximar.

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Muitas vezes o silencio também pode ser uma escuta e é valioso tendo um caráter de profundo compartilhamento. A sintonia emocional a participação mútua de todos trás a sessão um sentimento verdadeiro de respeito e implicação no aqui e no agora.

Assim o contato físico é tanto quanto autêntico e serve para aproximar na medida certa. Apesar de que ainda é um tema de bastante controvérsia entre alguns autores, no entanto, com o desenvolvimento das teorias Humanistas, da Gestalt e da terapia familiar com orientação experiencial indicam que a ideia de que o contato físico pode ser uma modalidade muito eficaz para construir uma relação genuína de compartilhar e comunicar afeto.

Autores como Satir referem à ideia de “usar seu corpo” como modelling para fazer contato físico promovendo aos pacientes uma contenção emocional que gera integração.

Andolfi refere que na sua experiência “senti bastante natural à integração da linguagem, as perguntas, os olhares, os movimentos do corpo, coerentes com o que é expresso com a voz e o contato físico”.

Ainda salienta o autor que “tudo isso é, sem duvida, um reforço positivo no desenvolvimento da relação terapêutica que tem o poder de transmitir calor, presença, compartilhamento melhor do que qualquer palavra”.

O contato físico para reconstruir vínculos – a recostura

Os estímulos táteis são imprescindíveis no desenvolvimento humano. Afirmado por Bowlby e Robertson e reconfirmado por Montagú 1971, “o contato físico é um dos elementos essenciais no desenvolvimento, uma modalidade comunicativa profunda, um componente crítico na saúde e crescimento da criança e uma poderosa força de cura”.

Se de alguma forma esta condição não pode ocorrer na infância é possível que na terapia de família através de um ambiente seguro e acolhedor possa fazer a reconstrução de vínculos interrompidos ou cortados – a isto se chama recostura.

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Considerações finais

Parafraseando

“Este volume é o último testemunho de um pensamento e de uma convicção sobre os recursos da família que me acompanharam durante uma longa e fascinante viagem profissional”. Andolfi

“Este volume uma das primeiras leituras que faço na minha caminhada sistêmica e, já com certa convicção que na família temos muitos recursos e que estes podem fazer da minha trajetória profissional ainda mais desafiadora e criativa”. Cristiani Ricci

Como terapeuta de orientação analítica posso sentenciar que uma intervenção não deve ser de maneira alguma “teórica, sugestiva, quer dizer imperativa; ela deve ser equívoca”. “A interpretação psicanalítica”, “não é feita para ser compreendida; ela é feita para produzir ondas”. E inacreditavelmente dou-me conta que a teoria sistêmica fundamentalmente se ocupa de “produzir ondas”, nos indivíduos e nas famílias.

De forma especial e intensa esta leitura proporcionou uma conversa de vizinhos – em mim. Tudo na verdade parece que já se vizinhava; os conceitos, os métodos, as formas, os objetivos, a forma de pensar, a leitura que fazemos diante dos conflitos e suas vicissitudes.

Em algum momento e já faz bastante tempo fui capturada pelo procedimento de Mediação de Conflitos Familiar na minha trajetória profissional. Neste procedimento utilizamos com a família o genograma, que, aliás, ocupa lugar de destaque nas formações de mediadores. Estudando estas linhas teóricas e tantas outras me deparei com similaridades muito expressivas da Teoria Sistêmica. Nesta dimensãopercebo que o conceito assim como o início de um pensamento sistêmico já encontra lugar em mim.

Lendo os casos de terapia familiar explicitados no livro fez-me lembrar de vários momentos que passei com minhas famílias na mediação buscando compreender de onde vinham e para onde iriam os conflitos de uma família ou

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Na leitura desta obra o que mais me visitou foi o pensamento que se estamos frente a um trabalho efetivo e necessário e somos terapeutas apaixonados e implicados em nosso saber/fazer devemos utilizar de todo o conhecimento possível considerando qualquer forma e maneira que isso possa acontecer para que possamos auxiliar nossos pacientes.

Os autores sistêmicos denominam isto de “lutar pelas estruturas”

Resumindo autor deste livro ao longo de sua trajetória profissional ressalva a necessidade da compreensão de vários conceitos vindos da: comunicação, da psicanálise, dos sistemas, da teoria dos jogos, do humanismo, do universo cultural, da biologia, da genética, da antropologia, enfim a chamada necessidade inter-pluri transdisciplinar.

Nenhuma formação é suficiente. Nenhuma formação é mais importante do que outra. O terapeuta eficiente na minha “modesta opinião” é aquele que esta sempre se acomodando e visitando novas formas de pensar e agir dando flexibilidade e plasticidade ao seu trabalho profissional. É necessário termos uma corrente teórica na base de nossos estudos, no entanto deixar o pensamento mais livre me parece ser uma ideia tentadora e flexibilizada na busca do entendimento das relações humanas.

Com o modelo de terapia proposto por Andolfi onde ele faz de um problema encontrado uma porta que se abre para o mundo da família, juntamente com sua criatividade e disposição caminhando do passado, ao presente e para o futuro, faz com que contamine os futuros terapeutas sistêmicos para uma dança nova e propositiva. O terapeuta que se renova, que se desacomoda, que se reinventa na busca de maior e melhor compreensão dos indivíduos, pra mim é o aspecto mais lindo e inovadorque o novo terapeuta deve assumir. A formação deve ser contínua consistente, porém flexível. Nunca rígida.

As técnicas colaborativas e o uso de si mesmo como ferramentas para trabalhar com famílias é a essência do trabalho que sempre foi de certa forma perseguida por mim. A desacomodação para uma nova acomodação e o

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distanciamento de posturas rígidas resume uma das mensagens desta obra do trabalho sistêmico que a todos encanta.

A melhor contribuição para a minha prática pode terminarcom uma metáfora:

“Não busco uma formação rígida e, tenho medo de me tornar um

terapeuta tão bem formado porque pessoas tão bem formadas podem se tornar indeformáveis”.

Referências

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