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MODERNIDADE: APONTAMENTOS ACERCA DE JARDINÓPOLIS

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Academic year: 2021

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MODERNIDADE: APONTAMENTOS ACERCA DE JARDINÓPOLIS

Priscila Fernanda FERREIRA Centro Universitário Barão de Mauá

APRESENTAÇÃO

Modernidade. Ao utilizar esse conceito, não nos propomos aqui fazer grandes considerações sobre o assunto, mas apenas uma breve análise acerca da chegada desta no município de Jardinópolis, interior de São Paulo. Partindo do princípio que a história se reinventa no tempo e no espaço, pretendemos demonstrar o que significou a entrada da modernidade no munícipio citado, considerando e evidenciando suas particularidades.

Para tal intento, vamos, primeiramente, lembrar o que Baudelaire escreveu sobre o que seria essa “modernidade”.

Tendo vivido no século XIX, permeado de tantas transformações políticas, econômicas, sociais e culturais, Baudelaire descreve modernidade como “transitório, efêmero, o contingente”; aquilo que é volúvel, portanto é o novo, que surge em constante mudança, em face do arcaico, que se torna obsoleto.1

Posteriormente, no século XX, o historiador Marshall Berman amplia o conceito de modernidade e o caracteriza da seguinte forma:

Existe um tipo de experiência vital – experiência de tempo e espaço, de si mesmo e dos outros, das possibilidades e perigos da vida – que é compartilhada por homens e mulheres em todo o mundo, hoje. Designarei esse conjunto de experiências como “modernidade”. Ser moderno é encontrar-se em um ambiente que promete aventura, poder, alegria, crescimento, autotransformação e transformação das coisas em redor – mas ao mesmo tempo ameaça destruir tudo o que temos, tudo o que sabemos, tudo o que somos. A experiência ambiental da modernidade anula todas as fronteiras geográficas e raciais, de classe e nacionalidade, de religião e ideologia: nesse sentido, pode-se dizer que a modernidade une a espécie humana. Porém, é uma unidade paradoxal, uma unidade de desunidade: ela nos despeja a todos num turbilhão de permanente desintegração e mudança, de luta e contradição, de ambiguidade e angústia. Ser moderno é fazer parte de um universo no qual, como disse Marx, “tudo que é sólido desmancha no ar.”2

Ser moderno seria, portanto, viver essas possibilidades e perigos da vida, “é encontrar-se em um ambiente que promete aventura [...], mas ao mesmo tempo ameaça destruir tudo o que temos, tudo o que sabemos, tudo o que somos”, ser moderno é viver em um paradoxo, entre o novo e o arcaico, é a “sensação de viver em

1 BAUDELAIRE, C. Sobre a modernidade: o pintor da vida moderna. Tradução de Teixeira Coelho. Rio

de Janeiro: Paz e Terra, 1996, p.25.

2 BERMAN, M. Modernidade – Ontem, Hoje e Amanhã. In: ___. Tudo que é sólido desmancha no ar: a

aventura da modernidade. Tradução de Carlos Felipe Moisés e Ana Maria Ioriatti. São Paulo: Companhia das Letras, 1986, p.15.

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dois mundos simultaneamente”, é viver a ausência de valores em uma abundância de possibilidades. A modernidade seria a confluência do novo e o arcaico, a ambivalência desses pontos em que se encontra a permanência do arcaico e a chegada do novo.

Valeremo-nos da apresentação de Berman sobre modernidade para analisar o nosso objeto, sendo aplicada aqui em uma concepção urbana, chamada por Sevcenko de “modernização conservadora”3, pois vamos tratar das transformações ocorridas na

cidade de Jardinópolis e das práticas sociais exclusivas que dizem respeito a essas transformações. A exemplo da haussmanização em Paris, do “bota-abaixo” no Rio de Janeiro, e da remodelação urbana na cidade de Ribeirão Preto, guardando as particularidades de cada um, mas que ecoa no tempo, em diferentes espaços.

OBJETIVOS

O objetivo desta comunicação é apresentar os resultados de parte de uma pesquisa realizada em 2012 como Trabalho de Conclusão de Curso em História pelo Centro Universitário Barão de Mauá. A pesquisa teve por finalidade analisar os efeitos da modernidade no município de Jardinópolis (SP) no início do século XX, especificamente, nas transformações urbanas acarretadas por sua chegada. Para tal intento, fizemos uso de fontes cartográficas, documentais e iconográficas.

JUSTIFICATIVA

O tema “modernidade” foi alvo de discussão por historiadores se tratando de cidades grandes e médias, principalmente no Estado de São Paulo, tendo em vista as particularidades de cada localidade para compreensão desse fenômeno. Enxergamos nas pesquisas que versam sobre o local uma importância significativa, pois diminui a escala do olhar sobre o objeto e se atenta aos detalhes que uma abordagem em maior escala ou nacional não alcançaria. Considerando os escritos de Janaína Amado4, o crescimento destas análises

locais/regionais na historiografia brasileira produzida nas últimas décadas se deve, principalmente, a multiplicação dos cursos de pós-graduação pelo país. De acordo com a historiadora, tais abordagens permitem ao cientista que estuda os homens no tempo realizar três coisas: a primeira, enriquecer o entendimento da própria história brasileira, a partir de um ponto de vista específico/particular. A segunda, apreender o cotidiano destes agentes históricos que a historiografia tradicional não se preocupou (em especial para o nosso caso – os trabalhadores pobres) e, por último, tornam visível a riqueza envolvendo os processos históricos, chamando atenção para o reexame das teorias globais sob a luz das especificidades constatadas.

Nesse sentido, a ausência de trabalhos a respeito deste tema sobre Jardinópolis nos desperta a possibilidade de tratar do assunto, ressaltando as consequências desse fenômeno para a cidade, principalmente no que versa sobre as transformações urbanas.

DESENVOLVIMENTO

3 Diz-se da maneira como a elite manipula o desenvolvimento urbano e as ações que correspondem à

modernidade para manter-se no poder.

4 AMADO, J. História e região: reconhecendo e construindo espaços. In: SILVA, M. A. República em

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Em 1898, Jardinópolis é emancipada de Batatais e elevada a município. Com a chegada da estrada de ferro da Companhia Mogiana em 1899, fica claro o desejo de modernizar-se, pois a ferrovia contribuía para uma visão progressista. Segundo o historiador Humberto Perinelli Neto5, além de beneficiar o comércio, a ferrovia era

associada à civilização e ao progresso, sendo desejada por todos aqueles que almejavam uma cidade moderna.

Se seguirmos cronologicamente o desenvolvimento de Jardinópolis, veremos que, a partir da ferrovia, os aspectos do moderno na cidade se tornam progressivos. Apontamos esses aspectos como parte de um projeto de modernização, chamado por Nicolau Sevcenko de “modernização conservadora”6. Essa atribuição se justifica pelo

fato das transformações urbanas darem-se aos ensejos da elite jardinopolense, fazendo parte desse projeto a beleza, a higiene, a disciplina, o progresso e a civilização, como veremos a seguir.

Em 1900, é feita a primeira Planta da cidade; construção de duas escolas, do Cemitério e do Matadouro Municipal. No ano seguinte, se inicia a construção de sarjetas e instalações de lampiões pela cidade. Em 1904, começa o cuidado com a praça central.7

Observamos, portanto, os indícios da concepção moderna de cidade, influenciada, principalmente, pela haussmanização8: construção de escolas, onde os

cidadãos abastados obteriam educação institucional aprendendo os valores da civilização, da disciplina e contribuindo para o progresso; a construção do Cemitério municipal e do Matadouro, que diz respeito à preocupação com a higiene, ficando afastados do centro da cidade; a construção de ruas, sarjetas e iluminação, e o cuidado com a praça central, a preocupação com o belo, que era tão importante quanto à educação, pois permitiria constatar que Jardinópolis não era uma cidade “atrasada” e “rural”, mas que já estava inserida em um processo de modernização urbana.

A FIGURA 1 representa a Rua Silva Jardim, que leva o nome do republicano que teria inspirado a escolha do nome “Jardinópolis”. Sem nenhum acaso ela fica localizada no centro da cidade, passando ao lado da praça central. Início do século XX no Brasil, a rua passa a fazer parte de uma concepção moderna. Representa a racionalidade dos novos tempos. Ela é reta, possui perspectiva, nada em comum com as travessas estreitas que remontavam ao passado colonial. A “nova rua” ornava bem com as concepções modernas que lhe são intrínsecas. Todavia, no centro da rua nota-se a prenota-sença de uma carroça, que reprenota-senta o arcaico, o rural. Temos o novo, o desejo incessante pelo moderno, mas também temos a permanência do arcaico, aquilo que ainda não foi sobrepujado pelo novo: as ambivalências da modernidade.

5 PERINELLI NETO, H. Nos quintais do Brasil: homens, pecuária, complexo cafeeiro e modernidade –

Barretos (1854-1931) Tese de Doutorado em História. FHDSS, UNESP, Franca, 2009, p.168.

6 SEVCENKO, N. A inserção compulsória do Brasil na Belle Époque. In: ___. Literatura como missão:

tensões sociais e criação cultural na Primeira República. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p.35-94.

7 ELIAS, R. Viajando na História: Jardinópolis 100 anos. Jardinópolis: Gráfica Lima Ltda., 1998.

8 Sobre haussmanização e cidades modernas, ver: ROUANET, S. P. A cidade iluminista. Revista Usp,

São Paulo, n.26, junho/agosto, p.154-163, 1995; SALGUEIRO, H. A. Revisando Haussmann. Os limites da comparação. A Cidade, A Arquitetura e os Espaços Verdes (o caso de Belo Horizonte). Revista Usp, São Paulo, n.26, junho/agosto, p.195-205, 1995; BRESCIANI, M. S. Londres e Paris no século XIX: o espetáculo da pobreza. São Paulo: Editora Brasiliense, 1982, entre outros.

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FIGURA 1 – Rua Silva Jardim, Jardinópolis, 1912.

FONTE: SAQUY SOBRINHO, J. Jardinópolis: das origens ao centenário (1859-1998). Ribeirão Preto: São Francisco Gráfica e Editora, 2007, p.54.

A imposição do novo, do moderno, acontecia em todos os âmbitos: econômicos, sociais e culturais; práticas que nos revelam o desejo pelo moderno em Jardinópolis e, em consequência, a modernidade. Enfatizando uma dúbia realidade, exercida pela imposição do novo e resistência do arcaico.

No Almanach Illustrado de Ribeirão Preto de 1913, encontramos quatro páginas dedicadas à Jardinópolis. Podemos observar a imagem que era propagada da cidade naquele período.

A cidade tem 494 predios, dos quais os mais notáveis são: Grupo escolar, construido recentemente pelo empreiteiro Vicente lo Giudice, Posto Policial; Teatro Ápolo, de propriedade da Empresa Alfano & Torraca, inaugurado em novembro do ano passado, Teatro da S. M. Fratellanza Italiana, onde funciona o Cinema Pathé, cujo proprietário é o sr. Manoel Bernardes dos Reis, Sub-estação da Empresa de força e Luz de Ribeirão Preto, Loja maçônica Estrêla do Rio Pardo, e alguns outros particulares.

Tem 26 ruas alinhadas: 11 de Junho, 13 de Maio, S. Sebastião, Liberdade, Silva Jardim, Coronel José Teodoro, Coronel Clementino, 7 de Setembro, Prudente de Moraes, Marechal Deodoro, Afonso Pena, General Osório, Saldanha Marinho, Amador Bueno, Alfredo Élis, Ruí Barboza, Americo Sales, Altino Arantes, 15 de Novembro, Albuquerque Lins, Campos Sales, 24 de Maio, Tabatinguera, Antonio Pereira, Joaquim Araujo.

Avenidas: Italia e Visconde do Rio Branco.

Praças: Coronel João Guimarães, Domiciano de Assis, Republica e Tiradentes.

Á praça Domiciano de Assis, a mais central e movimentada da cidade, ergue-se o edifício da matriz, de recente construção, e néla se encontram as três farmacias do lugar [...]

[...] é servida de agua encanada [...], tem iluminação electrica, inaugurada em 1911 [...]

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[...] ve-se que o município tem 453 contribuintes do imposto de Industria e Profissão, 180 de imposto de café; 295 do imposto pastoril e 494 do imposto predial.9

Logo após, o texto apresenta as Maquinas de beneficiar café, Maquinas de beneficiar arroz, Casas bancarias, Commercio, Tipocrafias, Imprensa, Medicos, Cirurgiões Dentistas, Advogado, Prefeitura Municipal, Camara Municipal, Policia, Grupo Escolar, Pessoal Administrativo e Corpo Docente, Automoveis, Hoteis, Bandas de Musica, Juizado de Paz, Cartorio de Paz, Correio, Colectoria Estadoal, Colectoria Federal, E. F. Mogiana, Teatros, Posto Anti-Tracomatoso, Hospital de Caridade, Associações, Rendas Municipais, Fotografias, Directorio Politico, População e Saude Publica.

Percebam que o texto nomeia as instituições existentes na cidade; todas fazem alusão a aspectos modernos da ordeira Jardinópolis: instituições, máquinas, empresas prestadoras de serviço, enfim, o discurso em questão é saturado, para que não haja dúvidas: Jardinópolis é uma cidade em ebulição, progressiva e moderna.

Contudo, fiel a missão de construir tal imagem e duvidando do leitor, trata o autor do texto de finalizar este discurso com mensagem ainda mais clara da relação que se pretende estabelecer entre Jardinópolis e a modernidade:

É uma cidade moderna, saneada, e só lhe falta o calçamento que a Prefeitura espera iniciar em breve. Os bons edifícios vão surgindo com rapidez, e ainda assim a falta de casas é grande, pois a população aumenta extraordinariamente.10

Em 1917, sob a lei nº 51, é publicado o primeiro Código de Posturas de Jardinópolis, sob o mandato do prefeito Américo Salles. Esse documento tinha como característica reger desde a medição correta da calçada até a vestimenta adequada para perambular pela cidade. Em alguns capítulos do Código de Posturas podemos encontrar medidas de punição (prisão, multa) para aqueles que não seguissem de acordo com os artigos publicados.

No Capítulo XVI “Da inspeção sanitária nas vias publicas e das visitas domiciliarias”, e XV “Policia Sanitaria”, há uma preocupação com as epidemias – principalmente a varíola – que o prefeito deveria tomar providências quanto a esta situação, como forma de sanear a cidade. Os infectados pelo vírus deveriam isolar-se no Hospital de Isolamento – Lazareto, e só saírem quando estivessem totalmente curados. Com essa medida, a cidade ficaria saneada, higienizada, escondendo as “imperfeições”, aquilo que não fazia parte das aspirações modernas e civilizadoras. Mais uma ambivalência da modernidade.

No Capítulo VI do mesmo Código de Postura, “Dos costumes publicos e medidas de segurança”, encontramos o seguinte:

9 ALMANACH ILLUSTRADO DE RIBEIRÃO PRETO. Ribeirão Preto: Sá, Manaia & Cia., 1913, p.128.

APHRP.

10 ALMANACH ILLUSTRADO DE RIBEIRÃO PRETO. Ribeirão Preto: Sá, Manaia & Cia., 1913, p.131.

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Art. 103 – É prohibido sob pena de multa de dez mil reis (10.000) e o dobro nas reincidências:

Parágrafo 1º “Andar nas ruas e praças da cidade e povoações, bem assim em outros quaisquer logares publicos, sem estar decentemente vestido.11 (Código de Postura da Prefeitura Municipal de Jardinópolis, 1917, p.54).

A preocupação com a aparência, vestimenta, no sentido de polir os hábitos, costumes, deixar mais civilizado, se torna regido por lei! Dessa forma, todos deveriam aderir à imposição ou pagar multa pela negligência.

Em contraposição com os antigos costumes, que não mais ornavam os novos, porém deveria constar na legislação, o que indica a existência e persistência destes:

Parágrafo 9 – Andar a cavalo sobre os passivos, amarrar animaes as portas das cazas, portões, grades, arvores ou postes das ruas e praças. Parágrafo 10 – Passarem pelas ruas e praças da cidade carros de bois cantando ou chiando.12

A elite quer construir/impor uma imagem de cidade moderna, sendo Jardinópolis uma pequena cidade com economia rural e tudo o que isso significa: presença de animais, costumes, pessoas com estilo associado a este universo social, etc.

E assim também legislava contra aqueles que não faziam parte do “mundo civilizado”: mendigos e ciganos. Os últimos por atentarem contra a crença e a moral cristã predominante, e os outros pela indigência, por serem maltrapilhos, não agirem como se deve perante a ordem estabelecida:

Art. 103 – É expressamente prohibido vagarem ou arrancharem bandos de ciganos em qualquer ponto das estradas publicas do municipio. Multa de cincoenta mil reis (50.000) para cada individuo, além da obrigação de se mudarem imeditamente. [...]

Art. 115 – Aquelle que se intitular negromante [necromante], advinhador, feiticeiro ou praticar embuste à titulo de advinhar ou curar, iludindo a credulidade publica, incorrera na multa de cincoenta mil reis (50.000) e oito dias de prisão.

Art. 116 – É prohibido mendigos pelas ruas e praças da cidade, subúrbios, povoações e estradas publicas do municipio, sem estar munido de atestado medico de invalidez e atestado de indigência passado pela autoridade policial e visados pelo Prefeito taes atestados. Os infratores serão detidos e entregues a policia.13

“Em lugar de uma barbárie de face descoberta, as civilizações contemporâneas exercem uma violência dissimulada”.14 Com essa frase ele nos chama atenção para as

“máscaras da civilização”, a corrupção dos “civilizados” tomando atitudes bárbaras para a imposição do progresso. Isso demonstra como grupos de grande poder político e

11 Código de Postura da Prefeitura Municipal de Jardinópolis, 1917, p.54. 12 Idem, p.55.

13 Idem, p.57.

14 STAROBINSKI, J. A palavra “civilização”. In: ___. As máscaras da civilização. Tradução de Maria

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econômico em Jardinópolis vestiram as máscaras da civilização para materializar o progresso que tanto aspiravam, não se importando com o rastro da barbárie que deixavam atrás de si ao promover isso.

CONCLUSÃO

Como podemos notar, durante o início do século XX, Jardinópolis entrou em um processo de modernização que tentava acompanhar os rastros das grandes cidades, que também passavam por ele. Desde a criação do município, passando pela chegada da ferrovia e todas as transformações aqui narradas, Jardinópolis se mostra desejoso pelo moderno, mas não consegue impor essa modernização sem apagar as marcas do passado que lhes são intrínsecas: a ruralidade (presença de animais de tração, chão batido), os hábitos e costumes que até então faziam parte do cotidiano sem experimentar prejuízo legal. É diante dessa ambivalência entre novo e arcaico que justificamos a inserção de Jardinópolis na modernidade.

As fotografias que usamos como fonte, e também as publicações da época, inclusive o Código de Posturas, nos permitiu enxergar indícios para fazer as afirmações que aqui fizemos, e perceber minimamente o que significou a modernidade em Jardinópolis, principalmente no que diz respeito ao urbano.

Fontes

ALMANACH ILLUSTRADO DE RIBEIRÃO PRETO. Ribeirão Preto: Sá, Manaia & Cia., 1913.

APHRP.

Código de Postura da Prefeitura Municipal de Jardinópolis, 1917.

Bibliografia

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