10º FÓRUM DE EXTENSÃO E CULTURA DA UEM
CINEMA COMO UMA ESTRATÉGIA NA DIVULGAÇÃO CIENTIFICA
Suellen Laís Vicentino1 Débora de Mello Gonçales Sant’Ana2 Há uma crescente preocupação com a divulgação da ciência nos dias de hoje. Existem varias formas de popularizar o conhecimento científico, como por meio de jornais, filmes, jogos, músicas, entre outros. Muitos filmes além de biografias ou histórias fictícias trazem em seus contextos informações cientificas, transformando-se em um meio de divulgação do conhecimento e despertando o interestransformando-se pelo saber. No presente trabalho, relatamos a realização de uma mostra de cinema, realizada por uma turma de pós-graduandos da UEM, com a apresentação de filmes com temas de biociências. Neste evento, os assuntos eram debatidos e os termos científicos eram explicados. O evento foi bem aceito pelo público em geral e recebeu avaliação positiva. Apesar do sucesso, considera-se que há dificuldades no dimensionamento dos filmes como formadores do imaginário social sobre a ciência. Neste contexto, a divulgação científica é o instrumento necessário para consolidar a democracia. Existem meios variados da popularização da ciência e o presente trabalho demostrou que filmes são um ótimo meio de divulgação e conhecimento, despertando nas pessoas um olhar mais crítico em busca do saber.
Palavras-chave: Filmes. Popularização da ciência. Divulgação científica. Área temática: Saúde
Coordenadora do projeto: Débora de Mello Gonçales Sant’Ana, dmgsantana@gmail.com, Departamento de Ciências Morfológicas (DCM) da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Introdução
A divulgação científica é uma recriação do conhecimento científico, para torná-lo acessível ao público (CRUZ, 2007) e muitas iniciativas ligadas neste sentido têm despontado no Brasil nas últimas duas décadas (CANDOTTI et al, 2002). Proliferam-se revistas, seções de jornais, programas multimídias, vídeos, filmes, exposições, palestras etc., sempre com o objetivo de saciar os anseios de uma população curiosa e angustiada, diante de transformações espantosamente rápidas em seu modo de vida e que parecem estar buscando no conhecimento dessas transformações, elementos para uma melhor compreensão de sua realidade (SILVA; KAWAMURA, 2001). Historicamente, desde o início da
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Discente do Curso de Mestrado em Biociência Aplicada a Farmácia da UEM – Bolsista da CAPES 2
Professora Adjunta da UEM – Mestrado em Biociência Aplicada a Farmácia; Departamento de Ciências Morfológicas; Museu Dinâmico Interdisciplinar (MUDI)
difusão do ‘cinema como diversão’, filmes foram sendo utilizados também como material didático, particularmente para o ensino de ciências (OLIVEIRA, 2006). O emprego do cinema como auxiliar na pesquisa científica e no ensino encontra seus registros iniciais em 1910, quando foi iniciada, a filmoteca do Museu Nacional, com o objetivo de fazer registros científicos e divulgação da ciência (BERNADET, 1995). Desde 1910 educadores realizavam experiências com o cinema educativo e analisavam as características e os potenciais do cinema como instrumento de difusão de informações (GALVÃO, 2004). Embora os filmes não tenham nenhum compromisso com a educação científica, mas sim com o livre debate imaginativo, este gênero desperta no público em diversas ocasiões o interesse pela ciência, chegando mesmo a estabelecer algum nível de alfabetização científica ou mesmo motivação para carreiras científicas (SUPPIA, 2006). O presente trabalho objetiva apresentar a experiência de uma mostra de cinema, realizada como evento de extensão universitária, integrando estudantes de diferentes níveis de ensino e a comunidade em geral.
Metodologia
O evento de extensão realizado foi um produto da disciplina de Metodologia da Popularização da Ciência em Biociências Aplicadas à Farmácia, desenvolvida neste programa de Pós-graduação em 2012. Foram selecionados nove filmes que abordassem temas relativos a biociências, por meio da indicação dos pós-graduandos (Tabela 1). Foram realizados nove encontros semanais com duração de três horas cada no Museu Dinâmico Interdisciplinar da UEM. Em cada encontro havia uma discussão prévia, a projeção do filme e uma breve apresentação com informações científicas sobre o tema do filme. Foram também disponibilizados textos científicos sobre o tema do filme para que os participantes pudessem aprofundar seus conhecimentos com leituras prévias ou posteriores a projeção do filme e trazer dúvidas e discussões para o grupo. Após o término do evento os participantes fizeram uma avaliação da mostra, apontando pontos positivos e negativos do evento e ainda a sugestão de filmes para mostras futuras.
Filme Tema principais abordados
Gáttaca: Exp.Genética Determinismo genético Uma Mente Brilhante Esquizofrenia
Céu de Outubro Física/Doença de Hodgkins/ Silicose
A Ilha Clonagem/ Bioética
Uma Prova de Amor Leucemia/ Transplante de Medula Óssea/ Bioética.
Quase Deuses Cirurgia Cardíaca Pediátrica/Ética Óleo de Lorenzo Adrenoleucodistrofia
Como Estrelas na Terra Dislexia
Mãos Talentosas Neurocirurgia/Plasticidade Neural
Tabela 1- Filmes selecionados para a mostra de cinema e os temas relacionados em ordem apresentados na mostra.
O evento de extensão reuniu 70 inscritos e a média de 60 participantes em cada um dos encontros, incluindo acadêmicos da graduação, pós-graduação e membros da comunidade, como professores da educação básica de diferentes disciplinas (Figura 1).
Figura 1- Distribuição de participantes da mostra de cinema.
A mostra de cinema recebeu avaliações positivas pelos participantes. Permitiu a interação entre o grupo e o aparente olhar crítico para os temas apresentados, desenvolvendo com isso o aprendizado de termos e conceitos. Também propiciou que houvesse uma reflexão sobre o uso do cinema no ensino de ciências, bem como formas de abordar temas por meio de filmes. Ressalta-se ainda que para os pós-graduandos foi uma oportunidade de estudar temas de biociências distintos de suas dissertações e teses, bem como de exercitar habilidades de comunicação, organização e trabalho em grupo.
As avaliações feitas pelos participantes após o término do evento estão demostradas na Tabela 2.
Itens de verificação Conceito
Regular Bom Ótimo
Metodologia utilizada 0% 50% 50%
Duração do evento 3% 32% 65%
Adequação da carga horária 6% 29% 65%
Desempenho dos instrutores 9% 50% 41%
Qualidade do material didático e audiovisual utilizado
1% 43% 56%
Relevância das informações 3% 41% 56%
Conteúdos apresentados 6% 47% 47%
Valor de inscrição 3% 35% 62%
Divulgação do evento 18% 35% 47%
Tabela 2- Avaliação da mostra de cinema pelos participantes.
Dentre os filmes apresentados, houve sugestões de que o filme “Óleo de Lorenzo” fosse retirado, já que é muito conhecido (3% dos participantes). Consideramos como positivas as avalições realizadas pelo grupo, destacando-se a qualidade do material apresentado e a relev ância dos temas. Por outro lado, merece destaque as dificuldades com a divulgação do evento, considerada regular por 18% do grupo. Apesar da divulgação
reduzida, o número de participantes extrapolou as expectativas iniciais, o que demonstra a necessidade de realizar outros eventos desta natureza. Há dificuldades no dimensionamento dos filmes como formadores do imaginário social sobre a ciência (OLIVEIRA, 2006). Camargo et al (2008), que utilizaram vídeos documentários para o conhecimento da AIDS, afirmaram que houve um aumento do conhecimento e aprendizado dos jovens que os assistiram. A divulgação não pode ser entendida como contribuição para reduzir a ignorância do cidadão, mas um caminho para entender o que ele pensa a respeito de ciência e quais dificuldades têm de avaliar os riscos e valores da vida cotidiana (CAMARGO et al, 2008). A difusão e a popularização da ciência, hoje, revestem-se de importância estratégica fundamental (CANDOTTI et al, 2002) e o cinema pode ser um aliado nesta busca.
Conclusão
A divulgação científica é o instrumento necessário para consolidar a democracia. Existem meios variados da popularização da ciência e o presente trabalho demostrou que filmes são um ótimo meio de divulgação e conhecimento, despertando nas pessoas um olhar mais crítico em busca do saber. Também desempenha importante papel na formação de divulgadores da ciência, especialmente entre estudantes de Pós-graduação.
Referências
BERNARDET, J.C. Historiografia Clássica do Cinema Brasileiro: Metodologia e Pedagogia. São Paulos: Anna Blume, 1995, 203p.
CAMARGO, B.V.; BERTOLDO, A. B.; BERTOLDO, R.B. A influência de vídeos documentários na divulgação científica de conhecimento sobre a AIDS. Psicologia; Reflexão e Crítica, Santa Catarina, v.21, n.2, p.179-185, 2008.
CANDOTTI, E. et al. Ciência e Público: Caminhos da divulgação Científica. Casa da
Ciência. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2002, 232p.
CRUZ, J.O. Divulgação Científica e ficção no Cinema, câmbios e permanência na
Representação das Mulheres Cientistas. In: Anais do XXX Congresso Brasileiro de
Ciência da Comunicação, Santos, p.20, 2007.
GALVÃO, E. A Ciência vai ao cinema: Uma análise de filmes educativos e de
divulgação científica do instituto nacional do cinema educativo (INCE). 2004. 277f.
Dissertação (Mestrado em Ciências) – Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2004.
OLIVEIRA, B.J. Cinema e Imaginário Científico. História, Ciências, Saúde, Manguinhos, v.13, p.133-150, 2006.
SUPPIA, A.L.P.O. A divulgação científica contida nos filmes de ficção. Ciência e Cultura, São Paulo, v.58, p.56-58, 2006.
SILVA, J.A.; KAWAMURA, M.R.D. A natureza da luz: Uma atividade com textos de divulgação científica em sala de aula. Caderno Catarinense de Ensino de Física, Santa Catarina, v.18, p-316-339, 2001.
