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MONITORAMENTO DA FAUNA DE VERTEBRADOS TERRESTRES UHE MAUÁ

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(1)

MONITORAMENTO DA FAUNA DE

V

ERTEBRADOS

T

ERRESTRES

UHE MAUÁ

VOLUME II: Monitoramento Pré-impacto

Relatório Parcial 12

(2)

C

OORDENAÇÃO E EXECUÇÃO

Equipe Técnica

_______________________________ Alberto Urben-Filho

Biólogo, CRBio: 25255-07D, CTF: 96670 Coordenação técnica Geral

_______________________________ Marcelo A.Villegas Vallejos Biólogo, CRBio: 50725-07D, CTF: 1039117

Avifauna

_______________________________ Gilberto Alves de Souza Filho Biólogo, CRBio: 30568-07D, CTF: 2825958

Reptiliofauna

_______________________________ Fernando José Venâncio Biólogo, CRBio: 53.827-03/07D, CTF:1821013

Mastozoofauna

_______________________________ Lucas Ribeiro Mariotto Biólogo, CRBio: 63.847-03/07D, CTF:1844434

(3)

REVISÃO E ORGANIZAÇÃO EDITORIAL

Marcelo Alejandro Villegas Vallejos Alberto Urben-Filho

Fernando Costa Straube (Técnico, CTF: 324515)

TÉCNICOS COLABORADORES

Carlos Eduardo Conte Gledson Vigiano Bianconi Leonardo Rafael Deconto

AUXILIARES DE CAMPO

Albert Gallon de Aguiar Alexandre Camargo de Azevedo Beatrice Stein Boraschi dos Santos

Conrado Augusto Vieira Crasso Paulo Bosco Breviglieri

Cristiano de Carvalho Danilo José Vieira Capela Darlene da Silva Gonçalves

Janael Ricetti Marcelo Augusto da Silva Michele Fernandes Gonçalves

Nelson Rodrigues da Silva Tamara Molin

Urubatan Moura Skerrat Suckow

COMPANHA PARANAENSE DE ENERGIA (COPEL)

Júlia Azevedo Santos Representante técnica da Copel

(Cláusula XIII, item 5, Contrato CCC-Copel n° 43311/2009) Bióloga, CRBio 45250/07

Referenciação sugerida:

HORI. 2011. Monitoramento da Fauna de Vertebrados Terrestres na UHE Mauá, Volume II: Monitoramento Pré-Impacto, Relatório Parcial 12 (fevereiro de 2011). Curitiba, Hori Consultoria Ambiental e Copel Geração e Distribuição. Relatório técnico de distribuição restrita. 197 pp.

(4)

S

UMÁRIO

I.EMENTA 8

II.INTRODUÇÃO 9

III.OBJETIVOS 11

IV.MÉTODOS GERAIS 13

IV.1. Cronograma de atividades 13

IV.2. Identificação e seleção de unidades amostrais 14 IV.3. Instalação de armadilhas de uso comum 17 IV.4. Caracterização meteorológica da área de estudo 18

V.ANÁLISES DOS GRUPOS ZOOLÓGICOS 21

V.1. Avifauna 21

V.1.1. Métodos 21

V.1.1.1. Métodos Qualitativos 22

V.1.1.2. Métodos Quantitativos 22

V.1.1.2.1. Diagnóstico Geral da Avifauna 22

V.1.1.2.2. Diagnóstico Quantitativo da Avifauna de Sub-bosque 26

V.1.1.2.3. Diagnóstico Quantitativo de Aves Noturnas 28 V.1.1.3. Avaliação de Suficiência Amostral 31 V.1.2. Resultados: análise da avifauna 32 V.1.2.1. Representatividade das amostras 33

V.1.2.2. Descrição Qualitativa Geral 37

V.1.2.2.1. Espécies Naturalmente Raras 37

V.1.2.2.2. Espécies de Interesse Conservacionista 38

V.1.2.2.3. Espécies de Interesse Ecológico 40

V.1.2.2.4. Ineditismo de Ocorrência 42

V.1.2.3. Descrição Quantitativa das Unidades Amostrais 42

V.1.2.3.1. Unidade Frente/APP 42 V.1.2.3.2. Unidade Linhão 43 V.1.2.3.3. Unidade Controle 44 V.1.2.4. Análise de agrupamentos 45 V.1.2.5. Análises de riqueza 47 V.1.2.6. Análises de abundância 49

V.1.2.7. Riqueza e Abundância de Aves de sub-bosque florestal 51 V.1.2.8. Riqueza e Abundância de aves noturnas 61

V.1.2.9. Síntese dos resultados 63

V.2. Reptiliofauna 65

V.2.1. Métodos 65

V.2.1.1. Métodos de Registro e Marcação 65

V.2.1.2. Métodos Analíticos 67

V.2.2. Resultados: análise da reptiliofauna 68

V.2.2.1. Esforço e eficiência amostral 68

V.2.2.2. Efeitos da sazonalidade 70

V.2.2.3. Análises de riqueza 72

V.2.2.4. Análises de abundância 74

V.2.2.5. Recapturas 77

(5)

V.3. Mastozoofauna 80

V.3.1. Métodos 80

V.3.1.1. Métodos de registro 80

V.3.1.2. Identificação e métodos de marcação 83

V.3.1.3. Métodos analíticos 84

V.3.2. Resultados: análise da mastozoofauna 84 V.3.2.1. Avaliação da representatividade 85 V.3.2.2. Descrição Qualiquantitativa Geral 89

V.3.2.2.1. Pequenos mamíferos terrestres 89

V.3.2.2.2. Mamíferos de médio e grande porte 110

V.3.2.3. Descrição Qualiquantitativa das Unidades Amostrais 115

V.3.2.3.1. Unidade Frente/APP 116 V.3.2.3.2. Unidade Linhão 117 V.3.2.3.3. Unidade Controle 118 V.3.2.4. Considerações Finais 119 V.4. Anfibiofauna 121 V.4.1. Métodos 121 V.4.1.1. Métodos de registro 121 V.4.1.2. Métodos de marcação 122 V.4.1.3. Métodos analíticos 125

V.4.2. Resultados: análise da anfibiofauna 126

V.4.2.1. Resultados Gerais 126

V.4.2.2. Avaliação da suficiência amostral 128

V.4.2.3. Efeitos da sazonalidade 129

V.4.2.4. Análise de agrupamentos 134

V.4.2.5. Diversidade das Unidades Amostrais 136 V.4.2.6. Análises de áreas de vida, densidade e biomassa 138

V.4.2.6.1. Aplastodiscus albosignatus 138

V.4.2.6.2. Scinax aff. catharinae 140

V.4.2.6.3. Crossodactylus sp. 141

VI.SÍNTESE DOS RESULTADOS 143

VII.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E LITERATURA CONSULTADA 145

VIII.APÊNDICES 153

(6)

L

ISTA DE

F

IGURAS MÉTODOS

FIGURA IV.1. Localização dos três unidades amostrais na área de estudo. 15

FIGURA IV.2. Detalhe das unidades amostrais UFA, ULI e UCO. 16

FIGURA IV.3. Precipitação acumulada e umidade relativa do ar nos meses de janeiro a dezembro de 2010 na

área de estudo. 19

FIGURA IV.4. Variações na temperatura ao longo do ano de 2010 na área de estudo. 19 AVIFAUNA

FIGURA V.1.1. Pontos de escuta na Unidade Amostral Frente/APP. 23

FIGURA V.1.2. Pontos de escuta na Unidade Amostral Linhão. 23

FIGURA V.1.3. Pontos de escuta na Unidade Controle 24

FIGURA V.1.4. Localização das duas linhas de redes-de-neblina. 27

FIGURA V.1.5. Pontos de amostragem de aves noturnas alocados na Transecção A (Unidade Frente/APP). 29 FIGURA V.1.6. Pontos de amostragem de aves noturnas alocados na Transecção B. 30

FIGURA V.1.7. Riqueza avifaunística cumulativa (curva do coletor), construída com base no inventário

qualitativo, observada e esperada em função do numero cumulativo de amostras (dias) do “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 33 FIGURA V.1.8.Riqueza avifaunística cumulativa (curva do coletor), construída com base nas amostragens

por ponto de escuta, observada e esperada em função do numero cumulativo de amostras (pontos) do “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 34 FIGURA V.1.9.Riqueza avifaunística cumulativa (curva do coletor), construída com base nas amostragens

por ponto de escuta em cada unidade amostral, observada e esperada em função do numero cumulativo de amostras (pontos) do “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados

terrestres – UHE Mauá”. 35

FIGURA V.1.10.Riqueza avifaunística cumulativa (curva do coletor), construída com base nas capturas com redes-de-neblina, observada e esperadas pelos estimadores bootstrap e Chao 2 em função do numero cumulativo de amostras (períodos) do “Programa de monitoramento da fauna de

vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 36

FIGURA V.1.11. Dendrograma confeccionado com os dados de similaridade (índice de Bray-Curtis) entre os

pontos de escuta. 46

FIGURA V.1.12. Riqueza consolidada da avifauna nas três unidades amostrais acumulada ao longo das dez

campanhas. 48

FIGURA V.1.13. Destinação final das aves capturas em redes-de-neblina na Unidade Frente/APP (n = 162) durante o “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 51 FIGURA V.1.14. Número de capturas e recapturas de aves em redes-de-neblina ao longo das campanhas do

“Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 52 FIGURA V.1.15. Frequência de ocorrência de Nyctiphrynus ocellatus e Strix hylophila em cada ponto de

escuta. 62

REPTILIOFAUNA

(7)

total, observada e esperada em função do numero cumulativo de amostras (campanhas) do “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”.

FIGURA V.2.2. Número de espécies e capturas (incluindo recapturas) de répteis obtidas durante as campanhas do “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres - UHE Mauá”. 71 MASTOZOOFAUNA

FIGURA V.3.1. Croqui esquemático de uma das três ‘grades’ de armadilhas (Modelo Sherman), contendo

20 estações de coleta distantes uma da outra em 15 metros, instaladas para o “Monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 81 FIGURA V.3.2. Destinação final dos pequenos mamíferos amostrados nas unidades durante o “Programa de

monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 90 FIGURA V.3.3. Riqueza cumulativa observada de pequenos mamíferos (curva do coletor) em função do

número cumulativo de amostras (campanhas) das dez campanhas do “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 91 FIGURA V.3.4. Riqueza de pequenos mamíferos consolidada e em cada unidade amostral ao longo das dez

campanhas do “Programa de monitoramento de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 93 FIGURA V.3.5. Riqueza cumulativa observada de mamíferos registrados por meio de evidências diretas e

indiretas (curva do coletor) em função do número cumulativo de amostras (campanhas) das dez campanhas do “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE

Mauá”. 110

ANFIBIOFAUNA

FIGURA V.4.1. Imagens de alguns dos locais de amostragem da anurofauna da UHE Mauá 122 FIGURA V.4.2. Representação da marcação por ablação de falange em anuros. Neste exemplo o animal é

número 15. 123

FIGURA V.4.3. Procedimentos laboratoriais para marcação individual um macho de Rhinella abei

capturado na armadilha tipo pitfall. 124

FIGURA V.4.4: Curva acumulada de espécies estimados pelos índices ICE e Jackkife 2 em comparação com a curva acumulada de espécies observada durante as campanhas do “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestre – UHE Mauá”. 129 FIGURA V.4.5: Variação mensal da riqueza e abundância dos anfíbios registrados pelos métodos de Busca

ativa e captura em Pitfall, relativas às variações das médias de temperatura máxima e mínima,

umidade e precipitação durante as campanhas do “Programa de monitoramento da fauna de

vertebrados terrestre – UHE Mauá”. 130

FIGURA V.4.6. Distribuição temporal de anfíbios registrados durante as atividades de Busca ativa, representando o período de reprodução das espécies durante o monitoramento de fauna

terrestre da UHE Mauá. 132

FIGURA V.4.7: Dendrograma de similaridade (índice de Jaccard) entre as unidades amostrais pelo método

de Busca ativa e Pitfalls durante as campanhas do “Programa de monitoramento da fauna de

vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 135

FIGURA V.4.8: Abundância de indivíduos amostrados por espécies registrada pelo método de Busca ativa durante o “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 137 FIGURA V.4.9: Abundância de indivíduos por espécie registrada pelo método de Pitfall durante o “Programa

(8)

FIGURA V.4.10: Abundância consolidada de anfíbios encontrados nas transecções de 120 metros durante o “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 138 FIGURA V.4.11: Densidade e biomassa mensal de A. albosignatus computada durante o “Programa de

monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 139 FIGURA V.4.12: Distribuição espacial de A. albosignatus em cada transecção de 120 metros de cada

unidade amostral do “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE

Mauá”. 139

FIGURA V.4.13: Densidade e biomassa mensal de S. aff. catharinae computada durante o “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 140 FIGURA V.4.14: Distribuição espacial da espécie S. aff. catharinae em cada transecção de 120 metros de

cada unidade amostral do “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres –

UHE Mauá”. 141

FIGURA V.4.15: Densidade e biomassa mensal de Crossodactylus sp. computada durante o “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 142 FIGURA V.4.16: Distribuição espacial da espécie Crossodactylus sp. para cada transecção de 120 metros de

cada unidade amostral do “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres –

UHE Mauá”. 142

L

ISTA DE

T

ABELAS MÉTODOS

TABELA IV.1. Cronograma das campanhas do “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados

terrestres - UHE Mauá”. 13

TABELA IV.2. Informações consolidadas sobre as três unidades amostrais consideradas neste estudo. 16

AVIFAUNA

TABELA V.1.1. Coordenadas dos pontos de escuta para amostragem de aves no “Monitoramento da fauna

de vertebrados terrestres - UHE Mauá”. 22

TABELA V.1.2. Coordenadas dos pontos de amostragem de aves noturnas no "Monitoramento da fauna de

vertebrados terrestres - UHE Mauá". 29

TABELA V.1.3. Lista das espécies endêmicas da Mata Atlântica registradas in situ na macrorregião da UHE

Mauá. 41

TABELA V.1.4. Índices de riqueza avifaunística das três unidades amostrais computados nos esforços

pré-impacto. 49

TABELA V.1.5. Índices de diversidade avifaunística das três unidades amostrais computados nos esforços

pré-impacto. 50

TABELA V.1.6. Síntese da amostragem com redes-de-neblina comparando os resultados obtidos entre as linhas A e B nas campanhas do “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados

terrestres – UHE Mauá”. 53

TABELA V.1.7.Aves capturadas e recapturadas nas amostragens com redes-de-neblina nas duas linhas de redes na Unidade Frente/APP (UFA), com datas e locais dos eventos. 56 TABELA V.1.8.Aves capturadas durante a amostragem com redes-de-neblina nas duas linhas de redes na

(9)

REPTILIOFAUNA

TABELA V.2.1. Esforço amostral no estudo de répteis por método e campanha dispendidos durante o “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 68 TABELA V.2.2. Número de capturas de répteis por método e unidade amostral utilizado durante o

“Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 70 TABELA V.2.3. Répteis registrados nas unidades amostrais e na área de influência indireta da UHE Mauá. 73 TABELA V.2.4. Abundância absoluta das espécies de répteis registradas nas unidades amostrais e na área de

influência indireta da UHE Mauá. 75

TABELA V.2.5. Diversidade e equitabilidade da reptiliofauna nas áreas amostradas durante o “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 76 TABELA V.2.6. Recaptura de répteis durante o “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados

terrestres – UHE Mauá”. 78

MASTOZOOFAUNA

TABELA V.3.1. Coordenadas dos vértices mais externos das três ‘grades’ de armadilhas instaladas nas unidades amostrais UCO, UFA e ULI para o “Programa de monitoramento da fauna de

vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 81

TABELA V.3.2. Coordenadas das estações de instalação de armadilhas fotográficas durante a segunda

campanha de campo do “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres –

UHE Mauá”. 82

TABELA V.3.3. Lista das espécies de mamíferos registradas na Área de Abrangência Regional (AAR) do empreendimento “UHE Mauá”, com destaque para os táxons registrados in loco, o tipo de

registro e o status de conservação. 86

TABELA V.3.4. Número de capturas por espécies de mamíferos incluindo as recapturas (representada entre parênteses), por unidade amostral, nas dez campanhas do “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 92 TABELA V.3.5. Índices de diversidade de pequenos mamíferos não voadores capturados nas três unidades

amostrais ao longo do “Programa de monitoramento de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 94 TABELA V.3.6. Espécimes de pequenos mamíferos colecionados, marcados e liberados ou recapturados ao

longo das dez campanhas do “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”, constando de número de campo, fase, unidade amostral e destino. 95 TABELA V.3.7. Registros de mamíferos obtidos por armadilhas fotográficas durante o “Monitoramento da

fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 111 TABELA V.3.8. Síntese dos resultados pelo método de registros em armadilha fotográfica. A frequência de

catura é ilustrada em registros/dia. 113

ANFIBIOFAUNA

TABELA V.4.1. Localidades selecionadas para amostragem em sítios de reprodução de anuros da UHE

Mauá. 122

TABELA V.4.2 Lista das espécies de anfíbios anuros registrados ao longo das campanhas do “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 127 TABELA V.4.3. Modos reprodutivos das espécies de anuros registrados durante o “Programa de

monitoramento de fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 133 TABELA V.4.4: Índices de diversidade calculados para cada unidade amostral e para toda área de estudo por 136

(10)

ambos os métodos de amostragem no “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”.

A

PÊNDICES

APÊNDICE 1. Localização dos baldes utilizados para as armadilhas de intercepção e queda (pitfall), com sua

orientação geográfica, inserção nas linhas (drift fences), essas dentro das áreas amostrais de

cada sítio amostral. 153

APÊNDICE 2. Avifauna do médio rio Tibagi, com as espécies registradas nas áreas de influências da UHE

Mauá. 160

APÊNDICE 3. Métodos e procedimentos relacionados ao estudo da avifauna no “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. 173 APÊNDICE 4. Algumas aves registradas na região do empreendimento “UHE Mauá”. 174 APÊNDICE 5. Répteis registrados na região do empreendimento “UHE Mauá”. 175 APÊNDICE 6. Métodos empregados para o registro de mamíferos na região do empreendimento “UHE

Mauá”. 177

APÊNDICE 7. Alguns mamíferos capturados na região do empreendimento “UHE Mauá”. 178

APÊNDICE 8. Alguns mamíferos registrados em armadilhas fotográficas na região do empreendimendo “UHE

Mauá”. 179

APÊNDICE 9. Alguns anfíbios registrados na região do empreendimento “UHE Mauá”. 180

A

NEXOS

ANEXO 1. Certificado de regularidade Urben-Filho & Straube Consultores (pessoa jurídica) junto ao

Cadastro Técnico Federal – IBAMA. 182

ANEXO 2. Autorização para captura, coleta e transporte de material biológico IBAMA n° 004/2010. 183 ANEXO 3. Carta de intenção de recebimento de material biológico proveniente dos estudos de

monitoramento da fauna nas áreas de influências da UHE Mauá emitido pelo Museu de História

Natural Capão da Imbuia. 187

ANEXO 4. Anotações de Responsabilidade Técnica da equipe envolvida. 188

ANEXO 5. Certificados de Regularidade da equipe técnica envolvida (pessoas físicas) junto ao Cadastro

Técnico Federal – IBAMA. 193

TERMINOLOGIA:

1. Todas as coordenadas geográficas UTM apresentadas neste documento referem-se ao South

American Datum 1969 (SAD 69) e, considerando a localização geográfica da área de estudo, ao

Fuso 22 J.

2. A grafia dos horários do dia baseia-se na normatização do ISO-8601, indicando o momento cronológico associado à notação -03 ou -02 se, respectivamente, referente à correção UTC para os horários solar ou brasileiro de verão (BST). A mesma norma ISO é considerada para abreviações de datas.

(11)

I

E

MENTA

O presente documento faz parte de uma série de relatórios técnicos que atendem a requisitos parciais do Contrato CCC-Copel N°43311/2009, celebrado entre a Copel Geração e Transmissão

S.A. e a Urben-Filho e Straube Consultores S/S Ltda (Hori Consultoria Ambiental), o qual define

os termos de serviços especializados para o monitoramento da fauna na região do empreendimento Usina Hidrelétrica (UHE) Mauá, compreendendo os quatro grupos de vertebrados terrestres silvestres (aves, répteis, mamíferos e anfíbios). O relatório encontra-se organizado em três volumes, sendo o primeiro uma síntese consolidada macrorregional da macrofauna terrestre dentro das áreas de influências do empreendimento; o segundo volume trata dos resultados do monitoramento in situ durante os períodos que compreendem o estudo pré-impacto (1ª Fase) supressão da vegetação (2ª Fase), enchimento do reservatório (3ª Fase) e pós-enchimento (4ª ° Fase); e o terceiro, por sua vez, apresenta subsídios aos trabalhos de resgate e realocação de fauna baseando-se, para isso, na organização dirigida de informações coligidas em campo.

(12)

II

I

NTRODUÇÃO

O objetivo de qualquer monitoramento é avaliar fenômenos e eventos de uma variável de interesse, durante um espaço de tempo e em um espaço geográfico determinados. Estas pesquisas têm o objetivo de subsidiar o planejamento de ações sobre essa variável, por meio da coleta sistemática e organizada de dados daquilo que se pretende manejar, de forma a permitir prever possíveis alterações ao longo do tempo ou pelo advento de certos eventos. Pretendem, assim, fornecer respostas concretas, com graus de precisão variados, acerca da variável em estudo dentro do escopo assumido – espacial e temporalmente definidos (Yoccoz

et al., 2001).

Biomonitoramentos têm o principal objetivo de avaliar o andamento, e eventuais alterações, de características ambientais frente a mudanças planejadas ou não de sua qualidade, por meio de variáveis-resposta estreitamente relacionadas (Melo & Hepp, 2008). No caso particular de monitoramentos de fauna, admite-se que a mensuração, caracterização e flutuações desses componentes ecológicos funcionem como indicadores legítimos da qualidade ambiental ao longo de um processo de alteração ambiental. Nesse sentido, e pelas próprias restrições metodológicas relativas ao estudo dos diferentes grupos biológicos, estudam-se componentes definidos (p. ex. comunidades, populações), e variáveis-resposta como a riqueza, diversidade, entre outros (Yoccoz et al., 2001; Magurran, 2004; Buckland et al., 2005; Melo, 2008).

Nos países em desenvolvimento a ligação entre as informações biológicas de monitoramentos e ações efetivas de manejo é quase inexistente, quando muito ligeiramente operacionalizada (Danielsen et al., 2003). Ademais, os próprios programas de monitoramento, não costumam ser concebidos e conduzidos de forma adequada, fragilizando os dados coligidos e, consequentemente, todas as análises realizadas (Yoccoz et al., 2003), dificultando confrontos e aplicações futuras.

Os biomonitoramentos devem idealmente ser eficientes e efetivos: financeira e temporalmente viáveis, tecnicamente competentes e com a preocupação de submeter os resultados ao escrutínio por meio de publicidade, permitindo o uso dessas informações para fins de manejo e planejamento ambiental em diversos outros estudos.

(13)

Embora seja verdadeira a assertiva que esta exigência deve partir das instituições governamentais, do ponto de vista técnico é importante salientar que mesmo nas restrições temporais, financeiras e até científicas (i.e. o arcabouço teórico disponível sobre a temática a nível local), tais programas, no Brasil, podem e devem buscar atingir seus objetivos por uso de métodos simples, eficientes e em um espaço de tempo consideravelmente reduzido (ver Danielsen et al., 2003; Yoccoz et al., 2003).

A Instrução Normativa nº 146 atribui ao monitoramento o encargo da identificação de impactos ambientais: “Os impactos sobre a fauna silvestre na área de influência do

empreendimento, durante e após sua implantação, serão avaliados mediante realização de monitoramento, tendo como base o Levantamento de Fauna”. No entanto, a realidade no

Brasil não costuma ser essa, onde, parafraseando Danielsen et al. (2003), os estudos de biomonitoramento não passam de exercícios acadêmicos isolados. Ainda existe a concepção que estes trabalhos não constituem uma pesquisa biológica per se, tratando-os meramente como acúmulo de informações para apoiar pesquisas futuras (Almeida & Almeida, 1998). Nessa perspectiva, não se tratam os dados da forma adequada, primeiramente pelo erro básico já na concepção da amostragem, faltando perguntas claramente definidas (“por que monitorar”, “o que deve ser monitorado” e “como monitorar”) e a devida associação com os métodos empregados (Yoccoz et al., 2001). Isso se reflete obviamente nas conclusões resultantes desses esforços: mesmo que trabalhos nesse tema sejam conduzidos desde a década de 70, pouca ou nenhuma informação se tornou disponível para balizar novos estudos. No documento formulado por parte da Eletrobrás por um grupo ad hoc de trabalho específico sobre impactos de hidrelétricas à fauna, são ressaltadas as fragilidades desses estudos (ELETROBRÁS, 1999), cujas deliberações são inconclusivas, invariavelmente subjetivas que, embora naturais durante esses trabalhos (muitos eventos são efetivamente fortuitos), não são apoiadas por discussões mais aprofundadas.

Em vista da crescente demanda pela melhoria na qualidade técnica dos estudos de monitoramento, com o objetivo de levantar informações concretas acerca dos efeitos adversos de empreendimentos sobre comunidades biológicas no Brasil, particularmente ligadas ao setor elétrico, este estudo adquire relevância ímpar no contexto nacional, tratando-se de esforço pioneiro em diversos aspectos do estudo da fauna de vertebrados terrestres.

(14)

III

O

BJETIVOS

O presente estudo visa à avaliação dos potenciais impactos à fauna de vertebrados terrestres nas áreas de influências da UHE Mauá, por meio de um monitoramento tecnicamente adequado e com esforço amostral inédito entre os estudos dessa natureza no Brasil. Com isso pretende-se averiguar os impactos ambientais decorrentes da instalação e operação da Usina Hidrelétrica Mauá aos integrantes da macrofauna terrestre.

As questões que subsidiam o desenvolvimento deste estudo aludem a estimativas qualitativas e quantitativas de indicadores biológicos, associadas temporal e geograficamente aos eventos que gradativamente ocorrerão durante as fases de instalação e operação do empreendimento.

Tal documento, desta forma, considera duas fases principais de monitoramento, sendo uma delas a que incluirá todas as fases do empreendimento, inclusive obtendo-se dados paramétricos que possibilitem aferir posteriormente os danos ocasionados à fauna e, ainda, uma investigação exclusiva ao resgate e salvamento científico da fauna quando da supressão vegetacional. Para tais fases foram elaborados experimentos que objetivam responder a certas questões que serviram como base para o delineamento metodológico aqui proposto:

 Quais espécies, da fauna de vertebrados terrestres, se encontram às proximidades da frente de supressão vegetacional anteriormente ao início dessa atividade?

 Quais as espécies diretamente envolvidas com essa atividade, ao ser iniciada?

 Há ocorrência, ou indícios, de deslocamento de fuga dessas espécies quando iniciado esse processo?

 Há o uso oportunístico da área recém-suprimida para a predação de animais desalojados e/ou fragilizados em decorrência de traumas ou mortos recentes?

 Há diferenças notáveis na riqueza e abundância entre os períodos anterior e posterior à supressão da vegetação, que poderiam ser atribuídos diretamente ao impacto?  Há registros de comportamentos estranhos em espécies tipicamente dependentes do

(15)

 Qual o destino das várias espécies, de acordo com suas exigências ecológicas, afugentadas pelo desmate?

 Ocorre aumento de riqueza e abundância nas áreas-controle ou em locais adjacentes não atingidos pelo evento de supressão?

Considera-se, por motivos conceituais e metodológicos, que todas essas questões poderão ser respondidas, ao menos no âmbito regional e no respectivo detalhamento possível para cada grupo temático, respeitadas as limitações particulares a eles inerentes.

(16)

IV

M

ÉTODOS

G

ERAIS

IV.1. Cronograma de atividades

A primeira fase do trabalho de campo iniciou-se com um reconhecimento da área de estudo, com a finalidade de se definir e conceituar os pontos amostrais, atividade essa que foi levada a efeito entre os dias 18 e 26 de janeiro de 2010. Na ocasião, percorreu-se toda a AID e AII realizando-se uma busca detalhada por locais adequados à pesquisa, de forma a contemplar o cumprimento dos objetivos.

O planejamento inicial do estudo de monitoramento foi construído de forma a permitir a realização de uma pesquisa de longo prazo, englobando todas as estações climáticas e, com isso, favorecendo não somente a obtenção de resultados bastante robustos sobre a composição faunística local, como também um detalhamento que considerasse os desvios decorrentes da sazonalidade.

A proposta inicial seria de um trabalho bianual de periodicidade mensal no primeiro ano e bimestral no segundo, somando – desta forma – 18 amostragens, cada qual com cinco dias de trabalho efetivo em campo. De acordo com a sugestão do IBAMA, no entanto, esse período foi ampliado de forma que as duas primeiras campanhas ficaram previstas com o dobro desse contingente, ou seja, 10 dias de esforço amostral (TABELA IV.1).

TABELA IV.1. Cronograma das campanhas do “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres - UHE Mauá”.

CAMPANHAS PERÍODOS TEMPO EFETIVO DE CAMPO

(dias)

CAMPANHA DE RECONHECIMENTO 18 a 26 de janeiro de 2010 [8]

CAMPANHA 1(Monitoramento) 28 de fevereiro a 10 de março de 2010 10

CAMPANHA 2(Monitoramento) 18 a 28 de março de 2010 10

CAMPANHA 3(Monitoramento) 25 a 30 de abril de 2010 5

CAMPANHA 4(Monitoramento) 8 a 13 de maio de 2010 5

CAMPANHA 5 (Monitoramento) 21 a 26 de junho de 2010 5

CAMPANHA 6(Monitoramento) 25 a 30 de julho de 2010 5

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CAMPANHA 8(Monitoramento) 28 de agosto a 1° de setembro de 2010 5

CAMPANHA 9(Monitoramento) 25 a 29 de outubro de 2010 5

CAMPANHA 10 (Monitoramento) 16 a 20 de novembro de 2010 5

CAMPANHA 11(Monitoramento) 13 a 17 de dezembro de 2010 5

CAMPANHA 12(Monitoramento) 21 a 25 de janeiro de 2011 5

TOTAL 70[+8]

Cabe aqui, então, uma explanação sobre essa pequena alteração metodológica, visando à homogeneização dos resultados e sua aplicabilidade no contexto cronológico. Para as presentes campanhas, adotaram-se os primeiros dias para os respectivos reconhecimentos de área, vegetações e familiarizações do ambiente e das condições logísticas como um todo, assim como para a tarefa de instalação de definição de locais onde foram instaladas as armadilhas de cada grupo temático. Essa utilização do tempo amostral previsto não trouxe nenhum prejuízo aos resultados da campanha, uma vez que permitiu a organização de todos os detalhes e mesmo das nomenclaturas geográficas e ambientais a serem adotadas por todos os especialistas. Adicionalmente, ao tempo em que tais atividades foram realizadas, já se iniciou o trabalho de levantamento propriamente dito, que ocorreu simultaneamente às atividades citadas.

Com isso, na primeira viagem de campo o esforço de amostragem com armadilhamento foi concomitante às estruturações logísticas supracitadas, ao passo que a segunda incursão ficou subdividida em duas fases: a primeira para obtenção dos dados referentes à campanha – contando com os previstos cinco dias de trabalho efetivo de alguns métodos, visando à padronização dos dados com aqueles que serão obtidos em esforços sequenciais; e a segunda para manutenção e reestruturação dos equipamentos de captura.

O tempo de esforço amostral total, discriminado de acordo com atividades e dedicações para cada ambiente e sítio amostral encontra-se devidamente descrito no capítulo metodológico de cada grupo temático.

IV.2. Identificação e seleção de unidades amostrais

A escolha pelos locais para estabelecimento das unidades amostrais se baseou no grau de preservação da vegetação e na disponibilidade de acesso, mas também considerando o plano

(18)

de desmate planejado para o empreendimento, de forma a optar por pontos onde a retirada da vegetação ocorrerá no período mais tardio possível. Junto a essas características, também foram consideradas algumas contingências ligadas à cronologia do empreendimento.

O resultado deste esforço inicial foi a definição de três unidades amostrais, nominadas “FRENTE/APP” (UFA), “LINHÃO” (ULI) e “CONTROLE” (UCO) que formam, grosseiramente, um triângulo isósceles com 15 km de lados (FIGURA IV.1).

FIGURA IV.1. Localização dos três unidades amostrais na área de estudo.

LEGENDA: UFA, Unidade Frente/APP; ULI, Unidade Linhão; UCO, Unidade Controle.

A Unidade Frente/APP (UFA) está situada a cerca de 8,5 km a sul do futuro eixo da barragem da UHE Mauá e compreende três sítios amostrais (A, B, C) cada um representando estações que serão totalmente submersas pelo empreendimento (Frente) e outras que, futuramente, estarão na área de preservação permanente (APP) do reservatório. Por sua vez, a Unidade Linhão (ULI), também com três sítios amostrais (todos em futuras áreas de APP) está a 5 km a NNW do centro da cidade de Telêmaco Borba. Já a Unidade Controle (UCO) se trata de um fragmento de mata estacional de transição, com 3 km de extensão por 300 metros de largura média, a cerca de 7,5 km a norte da vila de Lagoa; apresenta igualmente três sítios amostrais

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onde, por sua localização, não ocorrerão (ou serão mínimos) os efeitos biológicos por decorrência do empreendimento. Algumas informações consolidadas sobre essas três unidades encontram-se apresentadas na TABELA IV.2, e imagens mais detalhas constam na FIGURA IV.2.

TABELA IV.2. Informações consolidadas sobre as três unidades amostrais consideradas neste estudo.

LEGENDA: Alt., altitude média do ponto central (em metros); Dist.B, distância do eixo da barragem (em quilômetros); Dist.T, distância do Rio Tibagi (em quilômetros).

Abreviatura Denominação Coord. centrais Alt. Dist.B Dist.T UFA Unidade Frente/APP 531439/7330014 680 9 0,7

ULI Unidade Linhão 535998/7313733 680 27 0,1 UCO Unidade Controle 546197/7329174 830 19 15

FIGURA IV.2. Detalhe das unidades amostrais

UFA (acima à esquerda), ULI (acima à direita) e UCO (à esquerda) (escala 1:5000).

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IV.3. Instalação de armadilhas de uso comum

Considerando-se todos os critérios geográficos acima descritos, fez-se necessária a instalação consensual e compartilhada de um tipo especial de armadilhas que possibilita a captura de vários grupos zoológicos. Esses instrumentos são chamados “armadilhas de interceptação e queda” ou, como originalmente descritos, pitfalls with drift fences, consistindo de instrumentos largamente utilizados para a captura de anfíbios, répteis e pequenos mamíferos e consagrados como o método mais recomendado para o inventário de vários grupos de animais em ambientes terrestres (Jones, 1986; Mengak & Guynn-Jr., 1987; Corn & Bury, 1990; Corn, 1994; Dodd & Scott, 1994; Cechin & Martins, 2000).

Consistem de recipientes (no caso, baldes com volume de 60 litros) que são enterrados no solo deixando as bocas expostas (pitfalls), sendo eles interligados por barreiras de plástico flexível (drift fences, ou cercas-guia), obstáculos esses que guiam os animais para o receptáculo, onde caem, ali permanecendo reclusos. No interior desses recipientes, e com a finalidade de salvaguardar os espécimes capturados contra adversidades climáticas, foram colocados abrigos confeccionados com isopor.

Para o presente estudo definiu-se uma configuração que permitisse análises múltiplas de riqueza, frequência e abundância levando-se em consideração a situação futura das áreas amostradas, ou seja: 1. locais que não sofrerão quaisquer influências por ocasião do enchimento do reservatório; 2. locais que passarão a ser área de preservação permanente circundante a ele; 3. locais que serão inundados por esse advento. Uma contagem total do número de áreas amostrais, linhas de drift fence e baldes (pitfalls) considerado no presente trabalho está apresentada no APÊNDICE 1.

Cada unidade amostral é subdividida em três sítios amostrais, exceto UFA, onde se duplicou esse valor. Cabe ressaltar que cada sítio encontra-se distanciada, uma da outra, por pelo menos 500 metros, espaço que foi considerado satisfatório para as análises aqui empreendidas, em especial visando evitar pseudoréplicas. Nos sítios amostrais, estão inseridas três linhas de pitfalls – as estações amostrais –, cada qual com quatro baldes, gerando um valor total de 36 linhas de pitfalls contendo 144 baldes admitidos para o período de trabalho.

(21)

IV.4. Caracterização meteorológica

Com o objetivo de contextualizar algumas de nossas análises com relação a condições meteorológicas, sabendo que a sazonalidade é de grande influência sobre as comunidades biológicas, aqui apresenta-se uma síntese das variações climáticas que ocorreram ao longo do estudo. Para tanto foram utilizados os dados cedidos pela KLABIN, colhidos entre os meses de janeiro a dezembro de 2010 pela estação meteorológica instalada na localidade de Lagoa.

Não é possível, nem é o objetivo deste tópico, avaliar se as variações observadas podem ou não ser consideradas atípicas ao padrão dominante na macrorregião. Os fatores que desencadeiam as variações medidas são desconhecidos, podendo tanto tratar-se da flutuação meteorológica circanual, quanto de influências pontuais oriundas de eventos em maior escala. Sem embargo, estas são as condições que regeram a localidade de estudo durante o monitoramento e, por isso, influenciaram decisivamente na sazonalidade dos grupos faunísticos estudados.

A chuva concentrou-se principalmente nos meses de verão, quando a precipitação acumulada atingiu cerca de 300 mm em janeiro, caindo bruscamente já em abril (outono) e só voltando a subir em outubro (primavera) (FIGURA IV.3). Embora a incidência de chuvas tenha sido bastante baixa durante o outono e inverno a variação da umidade relativa do ar média ao longo dos meses não variou seguindo essa tendência, mantendo-se sempre em valores acima de 70% à exceção do mês mais seco, agosto. (FIGURA IV.3).

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FIGURA IV.3. Precipitação acumulada nos meses de janeiro a dezembro de 2010 na área de estudo (curva contínua escura) no eixo esquerdo (em mm) e umidade relativa do ar média na área de estudo (curva pontilhada) no eixo direito (em porcentagem).

A temperatura média variou sensivelmente ao longo do ano, ficando acima de 15 oC na primavera e durante o verão, e abaixo desse valor em grande parte do outono e inverno (FIGURA IV.4). Variação mais acentuada, no entanto, foi observada nos valores de temperaturas máxima e mínima entre os meses que, embora tratando-se de extremos pontuais, dão uma noção razoável da amplitude térmica que atinge a macorregião ao longo do ano (FIGURA IV.4). Essa amplitude foi notavelmente maior nos meses de outuno e inverno, atenuando-se gradativamente na primavera e mostrando-se menor nos meses de verão (temperatura mais estável).

FIGURA IV.4. Variações na temperatura ao longo do ano de 2010 na área de estudo.

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Em síntese, a área de estudo apresenta duas estações climáticas bem definidas, com base nas características de temperatura e precipitação: uma quente e chuvosa (primavera e verão) e uma fria e seca (outono e inverno). Ao longo do ano, no entanto, a amplitude térmica varia consideravemente, sendo a estação fria também aquela que apresentou extremos de temperatura maiores, decorrente provavelmente da nebulosidade, fator não acompanhado nesta análise. Por outro lado, o clima na região pode ser enquadrado como sempre úmido, como atestado pelas elevadas médias da umidade relativa do ar, nunca abaixo de 60%.

(24)

V

A

NÁLISES DOS GRUPOS ZOOLÓGICOS

V.1. Avifauna

V.1.1. Métodos

Todas as atividades relacionadas aos trabalhos de campo com avifauna eram cotidianamente iniciadas logo às primeiras horas do amanhecer, estendendo-se até as 12:00-03 (ou 13:00-02) e – pela tarde – entre as 15:00-03 (ou 16:00-02) e o crepúsculo, alargando-se por uma ou duas horas durante o período noturno. Esse tempo adicional noturno prestou-se para a detecção de espécies noctívagas, em particular das ordens Strigiformes (corujas) e Caprimulgiformes (curiangos e urutaus). Com isso, o tempo total destinado às pesquisas de campo foi de cerca de 10 horas diárias, e incluindo o esforço das campanhas, foi de aproximadamente 700 horas dedicados à pesquisa qualitativa e reconhecimento comparativo das unidades amostrais.

Todo o estudo aqui considerado foi realizado com métodos tradicionais em estudos avifaunísticos, ou seja, pelo reconhecimento visual das espécies com auxílio de binóculos, ou pelo reconhecimento in situ de vocalizações (zoofonias), além da captura com redes-de-neblina. Com o objetivo de se obterem registros documentados de algumas espécies e/ou para reconhecimento posterior, mediante comparação com acervos sonoros diversos, daqueles cuja identificação era duvidosa ou desconhecida, foram realizadas gravações sonoras utilizando gravador digital Marantz PMD 660 e microfone unidirecional Sennheiser ME-67. Esse material encontra-se em fase de edição e se prevê sua futura incorporação a acervos digitais especializados. Eventualmente, material fotográfico testemunho também foi obtido, utilizando câmera fotográfica Fuji FinePix S5200. Um breve relatório fotográfico dos trabalhos com a avifauna é apresentado nos APÊNDICES 2 e 3. Alguns espécimes foram também colecionados durante o estudo e encaminhados para incorporação à coleção ornitológica do Museu de História Natural Capão da Imbuia. Estes exemplares constituem material seriado testemunho

(25)

de táxons considerados relevantes à avifauna da região, ou aproveitamento científico de carcaças, no caso de encontros ocasionais.

V.1.1.1. Métodos Qualitativos

O levantamento qualitativo reuniu informações colhidas por meio de amostragens livres de busca direta, durante deslocamentos pelas áreas de influências do empreendimento. Nessas buscas foram discriminados os registros colhidos nas áreas de influência direta e indireta, visando ao reconhecimento, ainda que subjetivo, de eventuais alterações de composição em decorrência do empreendimento. Com essa discriminação pôde-se elaborar um cenário mais detalhado da distribuição de algumas espécies de aves na paisagem atual da região.

V.1.1.2. Métodos Quantitativos

V.1.1.2.1.DIAGNÓSTICO GERAL DE AVIFAUNA

Para o método quantitativo da avifauna florestal foram determinados seis pontos de escuta em cada uma das unidades (UFA, ULI e UCO), totalizando 18 pontos de escuta (TABELA V.1.1, FIGURAS V.1.1 a V.1.3). Todos esses pontos, distantes entre si pelo menos 150 m, foram alocados em vegetação florestal a no mínimo a 50 m das respectivas bordas, sendo que, em cada unidade amostral, três pontos foram posicionados em maior proximidade à borda e os outros três em maior distanciamento.

TABELA V.1.1. Coordenadas dos pontos de escuta para amostragem de aves no “Monitoramento da fauna de vertebrados terrestres - UHE Mauá”.

Unidade Amostral Ponto Latitude Longitude

Frente/APP UFA 1 531542,922 7329518,175 UFA 2 531334,599 7329544,470 UFA 3 531112,981 7329815,874 UFA 4 530777,671 7329865,416 UFA 5 530685,435 7330075,135 UFA 6 530427,582 7329993,818 Linhão ULI 1 536065,172 7313549,384 ULI 2 536208,200 7313530,959 ULI 3 536094,500 7313375,143 ULI 4 535849,246 7313486,203 ULI 5 535829,712 7313764,315 ULI 6 535976,874 7314106,855

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Unidade Amostral Ponto Latitude Longitude Controle UCO 1 546760,216 7328703,641 UCO 2 546591,851 7328779,754 UCO 3 546072,532 7329258,188 UCO 4 546050,516 7329136,222 UCO 5 545488,584 7329483,203 UCO 6 545340,256 7329440,847

FIGURA V.1.1. Pontos de escuta na Unidade Amostral Frente/APP.

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FIGURA V.1.3. Pontos de escuta na Unidade Controle

Nesses pontos, aplicou-se o método de avaliação de pontos com raio fixo de detecção

(fixed-radius point census), com base nos procedimentos propostos pela literatura corrente (Hutto et al., 1986; Bibby et al., 2000; Sutherland, 2000; Sutherland et al., 2004; Volpato et al, 2009).

Este método se presta para investigar variações nos padrões de riqueza e abundância relativa das espécies. O tempo e demais critérios adotados suportou-se primariamente em Anjos et al. (2007), ou seja, em cada um destes pontos dedicou-se 10 minutos de permanência (com intervalos de amostragens entre os pontos de pelo menos 10 minutos), quando eram identificados os indivíduos ali visualizados ou escutados, desde que situados dentro de um raio de 50 metros do pesquisador. Essa técnica é denominada pelos mesmos autores de “amostragem por pontos de raio curto”, originalmente com raio de detecção de 30 m, mas aqui adaptado à realidade das unidades amostrais. Adotaram-se as seguintes premissas: 1. cada indivíduo é um contato, independente de sua presença em um bando; 2. espécies que sobrevoam o local não são contabilizadas; 3. somente espécies de hábitos florestais são consideradas. O esforço dedicado a este método perfaz 1 hora de amostragem em cada unidade amostral e 3 horas por campanha.

Os dados gerados a partir da amostragem quali-quantitativa por pontos de escuta foram submetidos a diferentes análises. Inicialmente análises de similaridade foram conduzidas utilizando o índice de similaridade de Bray-Curtis entre a composição dos pontos de escuta e,

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de posse da matriz de similaridade, agrupamentos foram realizadas com o algoritmo UPGMA (Magurran, 2004). No intuito de se testar a autocorrelação espacial, ou seja se a composição de espécies entre pontos geograficamente próximos é mais semelhante àquela de pontos mais afastados e, portanto, sugerindo a não-independência dos pontos amostrados, realizou-se o teste de Mantel comparando-se a matriz de similaridade (com índices de Bray-Curtis) com outra matriz construída com as distâncias geográficas entre os pontos amostrais, em metros.

Para avaliar a diversidade da avifauna comparativamente entre as unidades amostrais, além de estabelecer índices da comunidade estudada antes dos impactos, utilizaram-se os parâmetros de riqueza e abundância levantados durante o estudo. A partir dos dados de riqueza, além da riqueza total em cada unidade amostral, computaram-se as frações de grandes grupos taxonômicos, conforme Slud (1976):

1. Riqueza de Não-Passeriformes (Rñp): fração entre a riqueza de aves Não-Passeriformes

no total de espécies registradas nas unidades amostrais. Pressupõe que a representatividade de Não-Passeriformes é maior na avifauna total quando a qualidade do ambiente é maior.

2. Riqueza de Tyranni (Rt): relaciona a riqueza de representantes da Subordem Tyranni e

a avifauna total da unidade amostral, pressupondo-se também que essa fração seja maior em ambientes preservados.

3. Relação de riqueza Não-Passeriformes/Passeriformes (Rñp/pa): quociente entre

riquezas dos dois grupos, prevendo ser maior em direta proporção com a melhor qualidade do hábitat.

4. Relação de riqueza Tyranni/Passeres (Rt/p): quociente entre riquezas dos dois grupos,

prevendo ser maior em direta proporção com a melhor qualidade do hábitat.

A abundância é medida com base nos contatos acumulados ao longo do estudo. Os contatos, embora não sejam propriamente a abundância absoluta das espécies estudadas, se prestam como índices de abundância uma vez que nosso protocolo pressupõe que todas as aves em um raio de 50 m são detectadas e recenseadas individualmente durante as amostragens. O total de contatos pode ser relativizado à área amostrada para se obter um índice de densidade. Para o cálculo da área contemplada pondera-se a área avaliada em cada ponto de escuta, ou seja:

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= 7.850 m². Nos 18 pontos de escuta, portanto, a área total de amostragem é de 141.300 m², ou 47.100 m² por unidade amostral, ou ainda, 4,71 ha.

Outros índices de diversidade são também classicamente utilizados em análises ambientais, não obstante haja uma miríade de críticas com relação a estes valores (Magurran, 2004; Buckland et al., 2005; Melo, 2008; Melo & Hepp, 2008) e a apresentação constante de grande número de novos e promissores índices, mais sensíveis a alterações nas comunidades (e.g. Evangelista et al., 2009). Aqui apresentamos e discutimos os resultados obtidos pelo cálculo dos índices de diversidade de Shannon (H’), ilustrado conjuntamente com a equitabilidade de Pielou (e) (Magurran, 2004; Melo, 2008). Todas as análises aqui descritas foram conduzidas no programa Past (Hammer et al., 2001).

V.1.1.2.2.DIAGNÓSTICO QUANTITATIVO DE AVIFAUNA DE SUB-BOSQUE FLORESTAL

Adicionalmente aos métodos visuais e auditivos, procedeu-se a captura de aves com redes-de-neblina (CEMAVE, 1994) com o objetivo de verificar a composição e alterações na comunidade de aves antes e após a ocorrência do desmate, buscando também averiguar mudanças no deslocamento e uso de hábitat de algumas espécies de sub-bosque florestal.

Selecionou-se o sítio amostral B da Unidade Frente/APP para este estudo uma vez que este setor será aquele que sofrerá diretamente os impactos do desmate e enchimento do reservatório e onde permanecerá intacta uma faixa de mata circunvizinha ao reservatório: a futura APP. Neste local foram determinadas duas linhas para instalação de redes, sendo uma delas alocada acima da cota do reservatório (LINHA A) e outra abaixo desta (LINHA B) (FIGURA V.1.4). Em cada uma destas localidades é instalado número variável de redes-de-neblina, sempre que possível de forma geminada, totalizando extensões também variáveis em cada uma, e malhas de 36 mm e 52 mm para captura tanto de aves de pequeno, quanto de médio porte (Piratelli, 2003). O esforço amostral é mensurado seguindo a proposta de Straube & Bianconi (2002), ou seja, multiplicando-se a área de captura (em m²) pelo tempo total de amostragem em cada linha e em cada campanha (em horas). De modo a permitir comparações acerca dos resultados obtidos pelas capturas em ambas as linhas e, posteriormente, com os resultados após o impacto, avalia-se a frequência de captura, valor obtido dividindo-se o número de capturas em cada linha de redes pelo respectivo esforço amostral (n° de capturas/m².h).

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FIGURA V.1.4. Localização das duas linhas de redes-de-neblina.

Todas as aves capturadas são, quando possível, anilhadas com anéis metálicos fornecidos pelo CEMAVE, têm seus dados bionômicos (ocorrência de mudas, presença da placa de incubação, presença e número de ectoparasitas) e biométricos (peso, comprimento do tarso, comprimento do bico da narina à ponta, cúlmen, largura do bico, total da cabeça, comprimentos total, da asa e da cauda) colhidos e são soltas próximas ao local de captura. As redes são abertas, em cada campanha, durante quatro períodos, sendo dois matutinos e dois vespertinos, iniciando-se logo às primeiras horas da manhã, cerca das 07:00-03 (ou 08:00-02) até aproximadamente as 11:00-03 (ou 12:00-02) e, à tarde, entre as 15:00-03 (ou 16:00-02) e o crepúsculo vespertino (que variou das 18:00-03 (ou 19:00-02) às 19:00-03 (ou 20:00-02)). Com este método espera-se avaliar comparativamente a avifauna de sub-bosque florestal das áreas abaixo e acima da cota do reservatório, assim como estudar possíveis deslocamentos de aves após a ocorrência do desmate, com base na riqueza, composição e taxas de captura e recaptura. Dado que a linha B está posicionada em área a ser diretamente impactada, após o desmate esta poderá ser realocada ou suprimida, conforme se mostre mais adequado para avaliações do presente estudo.

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V.1.1.2.3.DIAGNÓSTICO QUANTITATIVO DE AVES NOTURNAS

As aves noturnas detêm uma importância ecológica desproporcional, uma vez que são poucos organismos que, como características conjuntas, forrageiam à noite e são usualmente predadores de topo de cadeia. Nesse sentido, ocupam um nicho importante e podem ser responsáveis pelo controle comportamental e populacional de uma grande variedade de organismos (Brown & Kotler, 2004; Sekercioglu, 2010). Dadas essas considerações, e enaltecendo o fato de poucas serem as investigações acerca dos processos ecológicos e biológicos de aves noturnas neotropicais (Sberze et al., 2010), nesta investigação pretende-se avaliar de forma quali-quantitativa possíveis impactos da supressão vegetacional em aves noturnas florestais na área de estudo. Este subprojeto, não contemplado no Plano de Trabalho original, foi aqui proposto e levado a efeito com o intuito de enriquecer as informações acerca dos potenciais impactos na avifauna.

Selecionaram-se duas espécies para serem amostradas, e as variações em suas frequências de ocorrência foram tidas como representativas dos potenciais impactos do desmate e enchimento do reservatório sobre os grupos funcionais dos quais fazem parte.

Para monitorar os predadores noturnos selecionou-se a coruja-listrada (Strix hylophila) por ser encontradiça em toda a região, habitar interior e bordas florestais (Sick, 1997) e se tratar de táxon de interesse conservacionista, tanto por ser endêmica da Mata Atlântica (Cracraft, 1985), como por estar alocada na categoria quase ameaçado (NT, Near Threatened) internacionalmente em decorrência da sua suposta baixa densidade populacional e declínio como consequência da supressão e descaracterização do hábitat florestal (IUCN, 2009).

Os insetívoros florestais noturnos serão aqui avaliados pelo acompanhamento da população do bacurau-ocelado (Nyctiphrynus ocellatus), táxon de ampla distribuição que encontra no Paraná seu limite meridional de ocorrência (Sick, 1997), sendo por isso considerado ameaçado nesse âmbito (Straube et al., 2004). É habitante florestal raro, cujas exigências de hábitat até então conhecidas apontam que se limita a ocupar áreas de mata em bom estado de conservação (Straube et al., 2004; ver Wilkinson, 2009).

Nesta investigação foram estabelecidas duas trilhas acompanhando estradas de acesso, cada qual com cerca 1,2 e 1,8 km de extensão, e onde se alocaram seis pontos de escuta em cada uma, distantes entre si pelo menos 200 m e sempre em áreas adjacentes a fragmentos

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florestados, totalizando 12 pontos de amostragem de aves noturnas (TABELA V.1.2,FIGURAS V.1.5eV.1.6).

TABELA V.1.2. Coordenadas dos pontos de amostragem de aves noturnas no "Monitoramento da fauna de

vertebrados terrestres - UHE Mauá".

Transecção Ponto Latitude Longitude

A NA 1 530388,698 7330053,675 NA 2 530589,539 7330132,304 NA 3 530800,849 7330069,198 NA 4 531000,687 7329982,699 NA 5 531189,302 7329828,134 NA 6 531410,802 7329735,819 B NB 1 537800,446 7327089,246 NB 2 537939,094 7326872,283 NB 3 538459,340 7326352,366 NB 4 538645,916 7326221,415 NB 5 538773,760 7326037,214 NB 6 538909,619 7325849,185

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FIGURA V.1.6. Pontos de amostragem de aves noturnas alocados na Transecção B.

Nesses pontos aplicou-se uma adaptação do método de amostragem por pontos com raio fixo de detecção semelhantes aos já mencionados acima. Os indivíduos localizados eram identificados até a distância máxima de 200 m. Nas ocasiões em que se estimava a distância da ave como sendo maior que 200 m, este era anotado como fora da banda de 200 m e não considerada sua presença no ponto amostral. Sempre que um (ou mais) espécime localizado em um dos pontos fosse atribuído ao mesmo indivíduo aferido no ponto seguinte mais próximo, a cerca de 200 m de distância, o registro desse número de animais não era considerado para evitar superestimativas (Borges et al., 2004). Dado que estimar a densidade de aves noturnas com base em distância aferidas pela vocalização é tarefa difícil, optou-se por conduzir análises baseadas na frequência de ocorrência. Adicionalmente à escuta passiva, utilizou-se do método de playback (emissão de vozes gravadas) para maximizar, e padronizar, as chances de detecção das espécies-alvo (Johnson et al., 1981; Boscolo el at., 2006; Lima & Roper, 2009). O uso da emissão de vozes é um dos métodos mais eficientes para elevar a detectabilidade de aves noturnas, e tem sido usado e recomendado para padronização de pesquisas desse grupo de aves (Conway & Simons, 2003; Borges et al., 2004; Braga & Motta-Junior, 2009). Todos os registros foram discriminados se foram vocalizações espontâneas ou em possível resposta ao playback.

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Em cada ponto dedicou-se 10 minutos de permanência e o intervalo de tempo entre as amostragens foi tão-somente aquele gasto durante o deslocamento. Durante a escuta, o tempo foi dividido da seguinte forma: 2 minutos de escuta por vocalizações espontâneas, 2 minutos de emissão da voz de Nyctiphrynus ocellatus, 2 minutos de escuta por respostas ao

playback, 2 minutos de emissão da voz de Strix hylophila e mais 2 minutos de escuta por

respostas ao playback.

É sabido que muitos fatores ambientais podem influenciar a detectabilidade de aves noturnas, tais como a luminosidade, fase da lua, hora do dia, sazonalidade, precipitação, entre outros (Conway & Simons, 2003; Braga & Motta-Junior, 2009) e neste estudo, para avaliar se existe a influência de outras variáveis além da oriunda dos potenciais impactos provindos da instalação da UHE Mauá, algumas características ambientais foram também consideradas durante as amostragens. Nesse sentido, em cada ponto anotaram-se o horário, as condições de luminosidade (alta, média ou baixa), fase da lua, trânsito de veículos (número e tipo de veículo, se leve, pesado ou motocicleta) e vento (ausência, fraco ou forte). Adicionalmente, observações oportunas também foram anotadas e podem ser consideradas pertinentes em análises posteriores (p. ex. colheita de árvores exóticas). Outras espécies de aves noturnas registradas durante os trabalhos amostrais foram também anotadas.

As atividades relacionadas aos trabalhos com avifauna noturna se iniciavam logo às primeiras horas do anoitecer, estendendo-se por aproximadamente 90 minutos, sendo 60 minutos dedicados à amostragem e cerca de 30 minutos ao deslocamento entre os pontos. Ao todo, o esforço dedicado a este método foi de 60 minutos em cada transecção, ou 120 minutos por campanha.

V.1.1.3. Avaliação da suficiência amostral

Um dos fundamentos da pesquisa ecológica é a concepção de que é usualmente inviável a observação de todo o universo de dados de qualquer fenômeno natural. Portanto, para descrever eventos ecológicos e elaborar previsões acerca de acontecimentos futuros, é necessário recorrer à amostragem dessa população, sendo consequentemente necessária a avaliação da suficiência amostral, ou seja, a fidedignidade com que os dados amostrados representam os padrões e variações realmente existentes no universo amostral (Pillar, 2004).

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A confecção da chamada “curva do coletor” é comumente utilizada para reconhecer se uma amostragem de avifauna pode ser considerada satisfatória (Magurran, 2004; Straube et al., 2010). Em tese, a suficiência amostral é atingida quando a curva espécie-amostra chega à sua assíntota, ou seja, há clara tendência à estabilização (i.e. a adição de mais amostras não alterará a representação da comunidade amostrada), mas a interpretação visual do gráfico resultante é subjetiva. Para contornar esse problema, visando à objetividade nessa decisão, a determinação da suficiência amostral deve ser amparada por estimativas estatísticas de riqueza, as quais, quando comparadas à riqueza observada, dão uma noção mais precisa da representatividade da amostragem (Straube et al., 2010).

Foram utilizados diversos estimadores de riqueza, quais sejam, ACE (abundance-based

coverage estimator), ICE (incidence-based coverage estimator), Chao 2, Jackknife 1 e Bootstrap

(Magurran, 2004). Considerando a natureza dos dados aqui levantados, reconhecendo-se a heterogeneidade intrínseca das florestas neotropicais, o índice que se mostrou mais adequado às interpretações biológicas foi o bootstrap (Pillar, 2004), uma vez que se pretende, com o estudo proposto, reconhecer padrões das comunidades biológicas e interpretá-las. Estes estimadores foram computados no programa EstimateS (Colwell, 2001).

V.1.2. Resultados: análise da avifauna

Esta seção é dividida em sete tópicos, cada um dos quais versando sobre análises particulares retiradas dos dados das doze campanhas até então levadas a efeito neste estudo. Além da apresentação dos resultados, e cruzando com dados da literatura especializada, apresentam-se previsões hipotéticas dos efeitos adversos sobre as comunidades atingidas no decorrer do estabelecimento do reservatório da UHE Mauá. Ao final desta apreciação confeccionou-se uma síntese conclusiva conjugando os resultados dos diferentes métodos e análises, possibilitando-nos melhorar a direção dos esforços de pesquisa no estudo pós-impacto. Ademais, baseando-se nos impactos a baseando-serem obbaseando-servados, espera-baseando-se também que baseando-seja possível elaborar proposições de medidas de mitigação locais ou extra-locais, sempre visando a salvaguardar parte expressiva da biodiversidade afetada. Adicionalmente, com base nos dados coligidos in

situ, são oferecidas informações úteis aos trabalhos de resgate da fauna nas áreas a serem

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potencialmente ocorrentes, na área de influência direta, tópico abordado no VOLUME 3 deste relatório.

V.1.2.1. Representatividade das amostras

Durante os esforços qualitativos em campo somaram-se 265 espécies registradas, o que corresponde aproximadamente a 63% da avifauna citada em toda macrorregião (APÊNDICE 4). A riqueza estimada pelo método de bootstrap é de 285 espécies, e as observações in situ representam, portanto, cerca de 92,9% desse total. Este resultado indica que a suficiência amostral foi atingida nos esforços qualitativos, sugerindo que o inventário, da forma como tem sido conduzido representa, com fidedignidade satisfatória, a comunidade avifaunística residente nas áreas amostradas.

Conforme indicado pela confecção da curva do coletor, embora ainda seja esperado o incremento de espécies em campanhas subsequentes, a assíntota pode ser considerada atingida (FIGURA V.1.7).

FIGURA V.1.7. Riqueza avifaunística cumulativa (curva do coletor), construída com base no inventário qualitativo, observada e esperada em função do numero cumulativo de amostras (dias) do “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. Em ambas as curvas apresenta-se conjuntamente o desvio padrão (linhas pontilhadas).

Na amostragem por pontos de escuta registraram-se 125 espécies de aves nas três unidades amostrais, número que representa 93,9% da riqueza esperada pelo estimador bootstrap (n = 133). Há que se ter em mente que esta amostragem contempla tão-somente as aves que

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ocupam de fato os estratos florestais, desconsiderando espécies de hábitos campícolas e aquáticos, e aquelas que atravessam os pontos de amostragem em vôo (p. ex. gaviões, psitacídeos, andorinhões). Esse dado representa, tal como nas amostragens qualitativas, que nossa amostragem avifaunística é representativa da comunidade ora residente nas unidades estudadas.

A curva do coletor evidencia a tendência à estabilização (FIGURA V.1.8), embora, tal como na análise anterior e esperado em amostragens biológicas, é esperado que haja incremento no número absoluto de espécies, mas este aumento não alterará de forma significativa a representação que nossos dados têm das unidades amostrais.

FIGURA V.1.8.Riqueza avifaunística cumulativa (curva do coletor), construída com base nas amostragens por ponto de escuta, observada e esperada em função do numero cumulativo de amostras (pontos) do “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. Em ambas as curvas apresenta-se conjuntamente o desvio padrão (linhas pontilhadas).

Da mesma forma, na avaliação individual de cada uma das unidades estudadas (UFA, ULI e UCO) atingiu-se, ou aproxima-se da suficiência amostral: tanto em UFA, quanto em UCO foram registradas 101 espécies, que representam 91,8% da riqueza estimada (n = 110), ao passo que em ULI assinalaram-se 86 espécies, ou 90,5% do esperado (n = 95). Embora nas curvas de cada unidade amostral a tendência ao incremento na riqueza seja mais evidente (FIGURA V.1.9), nossa amostragem contempla satisfatoriamente a riqueza esperada, ilustrando de forma adequada as comunidades avifaunísticas residentes e embasando com propriedade as análises aqui realizadas.

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FIGURA V.1.9.Riqueza avifaunística cumulativa (curva do coletor), construída com base nas amostragens por ponto de escuta em cada unidade amostral, observada e esperada em função do numero cumulativo de amostras (pontos) do “Programa de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres – UHE Mauá”. Acima: Unidade Frente/APP (UFA); no meio: Unidade Linhão (ULI); abaixo: Unidade Controle (UCO). Em todas as curvas apresenta-se conjuntamente o desvio padrão (linhas pontilhadas).

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